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4.1 Introdução
(i) A demanda individual pode ser expressa como uma função de preços e o nível
de riqueza do indivíduo. Quando uma demanda agregada pode ser expressa
como uma função de preços e riqueza agregada?
(ii) A demanda individual, derivada das preferências racionais, satisfaz
necessariamente o axioma fraco das preferências reveladas. Quando a
demanda agregada satisfaz o axioma fraco? De forma mais geral, quando
podemos aplicar na agregada a teoria de demanda desenvolvida no Capítulo
2 (especialmente na Sessão 2.F)?
(iii) A demanda individual tem um bem-estar significante. Disso, podemos derivar
medidas de mudança de bem-estar para o consumidor, como discutido na
Sessão 3.1. Quando a demanda agregada tem bem-estar significante? Em
particular, quando as medidas de bem-estar discutidas na Sessão 3.1 tem
significado quando elas são computadas da função de demanda agregada?
A econometria está interessada no grau no qual ela pode impor uma estrutura simples
às funções de demanda agregada em procedimentos de estimativa. Um aspecto
dessas preocupações, para as quais nos voltamos aqui, é a extensão a qual a
demanda agregada pode ser modelada corretamente como uma função de apenas
variáveis agregadas, tais como riqueza do consumidor agregada (ou,
equivalentemente, média). Essa questão é importante porque os dados da econometria
podem estar disponíveis apenas na forma agregada.
A teoria (comportamental) positiva, por outro lado, está interessada no grau pelo qual
restrições positivas da teoria de demanda individual se aplicam na agregada. Isso pode
ser significativo para as estimativas decorrentes de modelos de equilíbrio de mercado,
no qual a demanda agregada tem um papel central.1
1
A econometria pode também estar interessada nessas questões porque restrições prévias as propriedades da
demanda agregada podem ser incorporadas em seus procedimentos de estimativa.
Idealmente, ela gostaria de trata a demanda agregada como se ela fosse gerada por
um “consumidor representativo” e usar as mudanças nesse bem estar do indivíduo
fictício como uma medida de bem estar agregado.
Apesar das condições que identificamos como importantes para cada uma dessas
questões de agregação ser intimamente ligadas, as questões sendo perguntadas nos
três casos são conceitualmente bastante distintas. No geral, devemos ver que, em
todos os três casos, restrições muito fortes precisarão se manter para as propriedades
desejadas de agregação ser obtidos. Discutimos essas três questões, por vez, nas
Sessões 4.B. até a 4.D.
Portanto, a demanda agregada depende não apenas dos preços, mas também dos
níveis de riqueza específicos dos vários consumidores. Nessa sessão, questionamos
quando somos legitimados a escrever demanda agregada na forma mais simples
, onde a demanda agregada depende apenas na riqueza agregada .
para cada
É, de fato, bastante intuitivo que nesse caso, a demanda individual mude ao surgir de
qualquer redistribuição de riqueza que os consumidores cancelarão. Geometricamente,
a condição é equivalente a declaração de que os caminhos de expansão da riqueza do
consumidor são linhas paralelas retas. A Figura 4.B.1 ilustra os caminhos de expansão
de riqueza retas e paralela.
2
Como sempre, estamos negligenciando as restrições limite; consequentemente, falando estritamente, a
validação das afirmações nessa sessão são apenas locais.
3
Note que para todo porque para quaisquer valores de , (4.B.1)
deve se manter para quaisquer distribuições de riqueza e
. Consequentemente, para qualquer
.
Prova: Lhe é pedido para estabelecer suficiência no Exercício 4.B.1 (isso não é difícil,
use a identidade de Roy). Tenha em mente que estamos negligenciando limites
(alternativamente, a significância do resultado tal que esse é apenas local). Você não
deveria tentar provar necessidade. Para uma discussão desse resultado, veja Deaton e
Muellbauer (1980).
Portanto, a demanda agregada pode ser escrita como uma função de riqueza agregada
se, e somente se, todos os consumidores tiverem preferências que admitem funções
utilitárias indiretas da forma Gorman, com coeficientes de riqueza iguais b(p). Por isso
essa é uma condição muito restrita as preferências.4
Dada essa conclusão, podemos perguntar se condições menos restritas podem ser
obtidas se considerarmos funções de demanda agregada que dependem de conjuntos
mais amplos de variáveis agregadas do que só o nível de riqueza total (ou,
equivalentemente, o meio). Por exemplo, a demanda agregada pode depender de
ambos o meio e a variação de distribuição estatística de riqueza, ou mesmo de toda a
distribuição estatística em si. Note que a segunda condição ainda é restritiva. Ela
implica que a demanda agregada depende apenas em quantos ricos e pobres se tem,
não em quem é particularmente rico ou pobre.
Há outra forma na qual talvez sejamos capazes de ter uma resposta mais positiva para
a nossa questão. Até agora, o teste que aplicamos é de se a função de demanda
agregada pode ser escrita como uma função de riqueza agregada para qualquer
distribuição de riqueza entre os consumidores. O requisito de que isso seja verdadeiro
para cada distribuição de riqueza concebível é forte. De fato, em diversas situações,
níveis de riqueza individual podem ser gerados por algum processo sobreposto que
restringe o conjunto de níveis de riqueza individual que podem surgir. Se sim, ainda
pode ser possível escrever demandas agregadas como uma função de preços e
riqueza agregada.
4
Lembre-se, porém, que ele inclui algumas classes interessantes e importantes de preferências. Por exemplo, se as
preferências são quaselineares com relação ao bem , então há uma utilidade indireta da forma
que, considerando n, podemos ver que é do tipo Gorman com um b(p) idêntico.
riqueza real dos indivíduos são determinados como uma função de vetor preço
predominante.
Para ver como isso pode ajudar, considere um caso extremo. Suponha que o nível de
riqueza i individual é gerado por algum processo que pode ser descrito como uma
função de preços p e riqueza agregada . Isso era verdade, por exemplo, no
equilíbrio geral ilustrado acima. Similarmente, o programa governamental pode
fundamentar um imposto individual (e, consequentemente, sua posição de riqueza
final) em sua taxa salarial e na riqueza (real) total da sociedade. Chamamos uma
família de funções com para todo (p, w) uma regra
de distribuição de riqueza. Quando níveis de riqueza individual são gerados pela regra
de distribuição de riqueza, podemos de fato sempre escrever a demanda agregada
como uma função e, dessa forma, a demanda agregada
depende apenas dos preços e riqueza agregada.
Para estudar essa questão, gostaríamos de operar em uma demanda agregada escrita
na forma x(p, w), onde w é a riqueza agregada. Essa é a forma para o qual damos a
definição do axioma fraco no Capítulo 2. Conseguimos isso supondo que há uma regra
de distribuição de riqueza determinando riquezas individuais do
vetor preço e da riqueza total. Nos referimos ao fim da Sessão 4.B para uma discussão
de regras de distribuição de riqueza.5 Com a regra de distribuição de riqueza a nossa
disposição, a demanda agregada pode automaticamente ser escrita como
5
Também há uma vantagem metodológica ao assumir a presença de uma regra de distribuição de riqueza. Isso
evita confusão entre diferentes questões de agregação, porque o problema de agregação estudado na Sessão 4.B
(invariância da demanda para redistribuições) é, então, totalmente assumido.
6
Note que ele atribui pacotes de commodities a combinações preço-riqueza e, dado que todo é contínuo e
homogêneo de grau um, que são contínuos, homogêneo de grau zero e satisfazem a lei de Walras.
Para pontuar um fato e meramente pela concretude, devemos ser ainda mais
específicos e focar em um exemplo particularmente simples de uma regra de
distribuição. A saber, nos restringimos ao caso no qual riquezas relativas do
consumidor se mantém fixadas, no caso, são independentes de preço. Desse modo,
assumimos que nos é dado partes da riqueza para que
para cada nível de riqueza agregada.7 Temos então
7
Observe que essa regra de distribuição resulta em deixar os níveis de riqueza inalterados, e
considerando apenas mudanças no vetor preço p. Isso é graças a homogeneidade do grau zero de
que implica em qualquer mudança proporcional em riqueza pode ser também capturada por uma mudança
proporcional em preços. A descrição por meios de divisões é, no entanto, analiticamente mais conveniente.
que (multiplica ambos os lados por 2) constitui uma violação do axioma fraco nos pares
preço-riqueza considerados.
A razão para a falha ilustrada no Exemplo 4..C.1 pode ser traçada a efeitos riqueza.
Lembre-se do Capítulo 2 (Preposição 2.F.1) que x(p, w) satisfaz o axioma fraco se e
somente se ele satisfaz a lei de demanda para mudanças de preço compensadas.
Precisamente, se e somente se, para qualquer (p,w) e qualquer mudança de preço p’
que é compensada [para que ], temos
Se o preço-riqueza mudar sob consideração, digamos de (p, w) para (p’, w’), sendo
uma mudança de preço compensado para cada consumidor i – no caso, se
para todo i – então porque a demanda individual satisfaz o axioma
fraco, saberíamos (novamente pela Preposição 2.F.1) que para todo i = 1, ..., I:
Dado que não podemos esperar que uma propriedade de demanda individual tão
básica quanto o axioma fraco se mantenha geralmente para uma demanda agregada,
devemos desejar saber se existe qualquer restrição as preferências individuais sob as
quais ela deve ser satisfeita. A discussão precedente sugere que pode valer a pena
explorar as implicações de assumir que a lei de demanda, expressão (4.C.2), se
mantenha em um nível individual para mudanças de preço que são deixadas sem
compensação. Suponha, de fato, que dado uma posição inicial , consideramos
uma mudança de preço p’ que não é compensada, nomeadamente, deixamos .
Se (4.C.2) se mantiver mesmo assim, então por adição, (4.C.1) também se mantém.
Mais formalmente, começamos com uma definição.
8
Note que se e , então devemos ter em concordância com o
axioma fraco.
Definição 4.C.2: A função demanda individual satisfaz a propriedade da lei da
demanda não compensada se:
Tendo em vista nossa discussão sobre o axioma fraco na Sessão 2.F, a versão
diferenciável seguinte da propriedade lei da demanda não compensada não deveria ser
uma surpresa (lhe é pedido para provar isso no Exercício 4.C.1):
A versão diferenciável análoga se mantém para a função demanda agregada x(p, w).
Para verificar o axioma fraco, considere qualquer (p, w), (p’, w’) com e
. 9 Defina . Por homogeneidade do grau zero, temos x(p’’, w) =
9
Estritamente falando, essa prova é requisitada porque, apesar de sabermos que o axioma fraco é equivalente a
lei da demanda para mudanças de preço compensadas, estamos agora lidando com mudanças de preço não
compensadas.
x(p’, w’). De e a lei de Walras, segue-se
que . No caso .
para todo
A prova da Preposição 4.C.3 não será dada. O leitor corajoso pode tentar criá-la no
Exercício 4.C.5.
A condição na Preposição 4.C.3 não é extremamente rigorosa. Em particular, note
como aplicar o caso homotético se encaixa nela (Exercício 4.C.6). Então, para a
pergunta “quão restrita é a propriedade da lei da demanda não compensada como um
axioma de comportamento não individual?”, talvez possamos responder: “restrita, mas
não extremamente”.10
Note, além disso, que para a propriedade da lei da demanda não compensa se mantém
para a demanda agregada, não é necessário que a lei da demanda seja satisfeita em
um nível individual. Ela pode surgir da agregação em si. O exemplo na Preposição
4.C.4, devida a Hildenbrand (1983), não é muito realista, mas ainda assim é bastante
sugestivo.
Além disso
O primeiro termo dessa soma é negativa, a não ser que v seja proporcional a p. Para o
segundo, note que
10
Para não desvirtuar o significado dessa afirmação, devemos enfatizar que a Preposição 4.C.1, que afirma que a
propriedade da lei da demanda não compensada é preservada sob adição, se mantém para as regras de
distribuição preço-independente que estamos considerando nessa sessão. Quando a distribuição de riqueza real
pode depender de preços (como ela tipicamente vai fazer em aplicações de equilíbrio gerais da Parte IV), então a
demanda agregada pode violar o axioma fraco mesmo se da demanda individual satisfizer a propriedade da lei da
demanda não compensada (veja o Exercício 4.C.13). Discutimos mais esse ponto na Sessão 17.F.
Então
Como mencionado na Sessão 2.F, uma função demanda de mercado x(p, w) pode ser
mostrada para satisfazer o axioma fraco se para todo (p, w), a matriz Slutsky S(p, w)
derivada da função x(p,w) satisfaz para cada não proporcional a p.
Agora examinamos quando essa propriedade pode se manter para a função demanda
agregada.
Ou, já que
Note que por causa dos efeitos riqueza, a matriz Slutsky da demanda agregada não é a
soma das matrizes Slutsky individuais. A diferença
11
Nos próximos parágrafos, seguimos Jerison (1982) e Freixas e Mas-Colell (1987).
é uma matriz covariacional entre vetor efeito riqueza e, proporcionalmente,
vetores de consumo ajustados . O primeiro mede como o dólar marginal é
gasto nas commodites; o segundo mede a mesma coisa para o dólar médio [exemplo,
é o consumo por unidade de riqueza do bem pelo consumidor i]. Cada
“observação” recebe o peso . Note também que, como deveria ser, temos
12
Você talvez queira verificar que os caminhos de expansão de riqueza do Exemplo 4.C.1 deve, de fato, parecer
com a Figura 4.C.2(b).
13
A priori, não podemos dizer qual forma é mais possível. Porque a demanda em riqueza zero é zero, é verdade
que para um consumidor, algum dólar deve ser gasto entre os dois bens, de acordo a ações similares as ações do
dólar médio. Mas se os níveis de riqueza não estiverem perto de zero, esse não é o caso para o dólar marginal.
Pode até acontecer de que por causa da sacies incipiente, as ações do dólar marginal mostram propensões de
consumo que são o reverso dos exibidos pelo dólar médio. Veja Hildenbrand (1994) para um relatório de pesquisa
retória sobre o assunto
e (ii) todos são iguais (há consumo proporcional). Em ambos os casos,
temos e então sempre que é não proporcional a p.
Caso (i) tem implicações importantes. Em particular, se cada consumidor tiver funções
utilitárias indiretas da forma Gorman , com o coeficiente b(p)
idêntico entre os consumidores, então (como vimos na Sessão 4.B) os efeitos riqueza
são os mesmos para todos os consumidores e podemos, portanto, concluir que o
axioma fraco é satisfeito. Sabemos, pela Sessão 4.B que um é levado a essa família de
funções utilitárias indiretas pelo requisito de que uma demanda agregada seja
invariável para redistribuição de riqueza. Portanto, a demanda agregada satisfazendo o
axioma fraco para uma distribuição fixa de riqueza é uma propriedade menos exigente
que a invariância a redistribuição de propriedade considerada na Sessão 4.B. Em
particular, se a segunda propriedade se mantiver, então a primeira também se mantém,
mas a demanda agregada (para uma distribuição fixa de riqueza) pode satisfazer o
axioma fraco apesar da demanda agregada poder não ser invariável a redistribuição da
riqueza (por exemplo, as preferências individuais podem ser homotéticas, mas não
idênticas).
Tendo passado todo esse tempo investigando o axioma fraco, você pode perguntar: “E
o axioma forte?”. Ainda não focamos no Axioma Forte por três razões.
Primeiro, o axioma fraco é uma propriedade forte, enquanto o axioma forte (que,
lembre-se, resulta na simetria da matriz Slutsky) não é; a priori, as chances de ele ser
satisfeito pela economia real são essencialmente zero. Por exemplo, se começarmos
com um grupo de consumidores com preferências idênticas e riqueza, então a
demanda agregada obviamente satisfaz o axioma forte. Porém, se não perturbarmos
cada preferência levemente e independentemente entre consumidores, a semi
definição das matrizes Slutsky (e, portanto, do axioma fraco) podem muito bem ser
preservadas, mas a simetria (e, portanto, o axioma forte), certamente não será.
Segundo, muitos dos fortes resultados positivos do equilíbrio geral (a ser revisado na
Parte IV, especialmente os Capítulos 15 e 17) para os quais alguém desejaria aplicar a
teoria agregada discutida nesse capítulo depende do axioma fraco, não do axioma
forte, mantendo a agregada.
Terceiro, enquanto alguém pode inicialmente pensar que a existência de uma relação
preferencial explicando o comportamento agregado (que é o que conseguimos do
axioma forte) seria a condição requerida para o uso de medidas da demanda agregada
(tal qual um excedente do consumidor agregado) como um indicador de bem estar,
veremos na Sessão 4.D que, de fato, mais do que essa condição é requerida mesmo
assim.
É útil comear por uma distinção dos dois sentidos nos quais poderíamos dizer que já
um consumidor representativo. O primeiro é um sentido positivo ou comportamental.
Para essa ser a forma correta de tratar a demanda agregada como fizemos com as
funções demanda individual na Sessão 3.I, deve haver um consumidor representativo
positivo. 14 Porém, apesar dessa ser uma condição necessária para a propriedade da
demanda agregada que buscamos, ela não é suficiente. Também precisamos ser
capazes de atribuir bem estar significante a função demanda desse indivíduo fictício.
Isso vai levar a uma definição de um consumidor representativo normativo. Para fazer
isso, porém, primeiro precisamos ser mais específicos sobre o que queremos dizer com
o termo bem estar social. Conseguimos isso ao introduzir o conceito de uma função de
bem estar social, uma função que fornece um índice utilitário (social) resumido para
qualquer coleção de utilidades individuais.
14
Note que se há um consumidor representativo positivo, então a demanda agregada satisfaz as propriedades
positivas colhidas na Sessão 4.C. De fato, a demanda agregada não apenas satisfaz o axioma fraco, mas vai
satisfazer também o axioma forte. Portanto, a propriedade de agregação que procuramos nessa sessão é mais
forte que a discutida na Sessão 4.C.
A ideia por trás de uma função de bem estar social é que ela expressa
devidamente os julgamentos da sociedade sobre como as utilidades individuais tem
que ser comparadas para produzir uma encomenda de possíveis resultados sociais.
(Não discutimos nessa sessão a questão de onde essa classificação preferencial social
vem. Os Capítulos 21 e 22 cobrem esse ponto em mais detalhes). Também assumimos
que essas funções de bem estar social estão aumentando, são côncavas e sempre que
conveniente, diferenciáveis.
Vamos agora criar uma hipótese de que há um processo, uma autoridade central
benevolente talvez, que a quaisquer preços p dados e nível de riqueza agregada w,
redistribui riqueza para maximizar o bem estar social. No caso, para qualquer (p, w), a
distribuição de riqueza resolve
Preposição 4.D.1: Suponha que para cada nível de preços p e riqueza agregada w, a
distribuição de riqueza resolve o problema (4.D.1). Então a
função valor v(p, w) do problema (4.D.1) é uma função utilitária indireta de um
consumidor representativo positivo para a função de demanda agregada
.
Prova: No Exercício 4.D.2, lhe é pedido para estabelecer que v (p,w) tem, de fato, as
propriedades de uma função utilitária indireta. O argumento para a prova então
consiste em usar a identidade de Roy para derivar a função de demanda Walrasiana de
v (p, w), que denotamos por , e então estabelecendo que ela resulte em x (p, w).
15
Assumimos nessa sessão que nossas funções utilitárias diretas são côncavas. Essa é uma hipótese fraca
(uma vez que a quaseconcavidade foi assumida) que dá certeza de quem em todos os problemas de otimização a
serem considerados, as condições de primeira ordem são suficientes para a determinação de um ideal global. Em
particular, é então uma função côncava de .
16
No Exercício 4.D.1, lhe é pedido para mostrar que se desejado, o problema (4.D.1) pode ser formulado
equivalentemente a um onde utilidade social é maximizada, não pela distribuição de riqueza, mas pela distribuição
de pacotes de bens com valor agregado em todos os preços p não maiores que w. O fato de que em bens
redistribuidores ideais, podemos também nos restringir para redistribuir riqueza é, em essência, uma versão do
segundo teorema fundamental da economia do bem estar, que será discutida extensivamente no Capítulo 16.
ideal, a utilidade social de uma unidade extra de riqueza é a mesma independente de
quem a tem.
onde a segunda igualdade surge porque para todo (p, w) sugere que
. Consequentemente, em uma notação matriz, temos
Exemplo 4.D.2: Suponha que todos as preferências dos consumidores tem utilidades
indiretas da forma Gorman . Note que b(p) não depende de i e
lembre-se que isso inclui como um caso particular a situação na qual as preferências
são quaselineares com relação a um numeráire comum. Pela Sessão 4.B também
sabemos que a demanda agregada x(p, w) é independente da distribuição de riqueza.
17
Considere agora a função de bem estar social utilitária . Então qualquer regra de
distribuição de riqueza resolve o problema de otimização (4.D.1),e
a função utilitária indireta que esse problema gera é simplesmente
. (Lhe é pedido para mostrar esses fatos no Exercício 4.D.7).
Uma conclusão é, portanto, que quando funções utilitárias indiretas tem uma forma
Gorman [com b(p) comum] e a função de bem estar social é utilitária, então a demanda
agregada pode sempre ser vista como sendo gerada por um consumidor representativo
normativo.
Quando consumidores têm funções utilitárias indiretas da forma Gorman [com b(p)
comum], a teoria do consumidor representativo normativo admite um fortalecimento
importante. Em geral, as preferências do consumidor representativo dependem da
forma da função de bem estar social. Mas esse não é o caso. Agora verificamos que se
as funções utilitárias indiretas dos consumidores tem a forma Gorman [com b(p)
comum], então as preferências do consumidor representativo são independentes de
uma função de bem estar social particular usada.18 De fato, mostramos que
é uma função utilitária indireta admissível para o consumidor
representativo normativo relacionada a qualquer função de bem estar social
.
Para verificar essa afirmação, considere uma função de bem estar social particular
e denote a função valor do problema (4.D.1), relacionada a por v*(p, w).
Devemos mostrar que a encomenda induzida por e é a mesma, no caso, que
para qualquer par (p, w) e (p’, w’) com v(p, w) < v(p’, w’), temos v* (p, w) < v*(p’, w’).
Considere os vetores de riquezas individuais e atingidos como
ideais de (4.D.1), relacionados a , para (p, w) e (p’, w’) respectivamente. Denote
, , e . Então
e . também, e similarmente,
. Portanto, v(p, w) < v(p’, w’) implica que . Argumentamos que
17
Como sempre, negligenciamos as restrições não negativas no consumo.
18
Mas, claro, as regras de distribuição ideais vão depender tipicamente da função de bem estar social. Apenas
para a função de bem estar social utilitária não vai fazer diferença como a riqueza é distribuída.
, que, sendo côncavo, implica o resultado desejado, chamado
19
de W(u) <W(u’). Pela expressão (4.D.2), em um ideal temos para
todo i, j. Consequentemente implica em que .
O ponto anterior pode, talvez, ser melhor compreendido se observarmos que quando
as preferências tem a forma Gorman [com b(p) comum], então (p’, w’) é socialmente
melhor que (p, w) para a função de bem estar social utilitário se e somente se,
quando comparado com (p, w), (p’, w’) passar o seguinte teste compensatório
potencial: Para qualquer distribuição de w, há uma distribuição
de w’ tal que para todo i. Verificar isso é simples. Suponha que
Então os níveis de
riqueza implicitamente definidos por
20
será como desejado. Uma vez que sabemos que
(p’, w’) quando comparado com (p, w) passa o teste de compensação potencial, ele
segue apenas a definição do problema de otimização (4.D.1) que (p’, w’) é melhor que
(p, w) para qualquer consumidor normativo, no caso, para qualquer função de bem
estar social que podemos desejar empregar (veja o Exercício 4.D.8).
19
De fato, concavidade de implica em ; veja a Sessão M.C do Apêndice
Matemático.
20
Continuamos a negligencias as restrições de não negatividade na riqueza.
consumidor representativo pelo conhecimento de x(p, w). Agora fixe que qualquer
e considere . Relacionado ao vetor de consumo agregado , podemos definir
um conjunto pelo menos tão bom quanto para o consumidor representativo:
para todo
21
Do original “Scitovsky contour”. N.T.
é que . Um caso que satisfaz essa condição necessária é demonstrado na Figura
4.D.1(a).
Esse apêndice se devota a mostrar um ponto de que, apesar da agregação poder ser
prejudicial a preservação das boas propriedades da demanda individual, ela também
pode ter efeitos regularizadores úteis. Por regularizadores, queremos dizer que a
demanda média (por consumidor) tenderá a ser mais contínua ou fácil, como uma
função de preços, do que os componentes individuais da soma.
Lembre-se que se as preferências são estritamente convexas, as funções de demanda
individual são contínuas. Como notamos, a demanda agregada será então contínua
também. Mas a demanda média pode ser (quase) contínua, mesmo quando as
demanda individuais não são. O requisito chave é um de dispersão das preferências
individuais.
se
se
se
que é ilustrada na Figura 4.AA.1(a). Desse modo, a demanda individual exibe um pulo
repentino e descontínuo na demanda de 0 a 1 enquanto o preço cruza o valor .
Suponha agora que existem muitos consumidores. Poderíamos, então, dizer que
preferências individuais são dispersada se não há grupo concentrado de consumidores
tendo qualquer valor particular de ou, mais precisamente, se a função de distribuição
estatística de é contínua. Então, denotando por a demanda média para
o primeiro bem, temos “massa de consumidores com ”=
Referências
Exercícios
(b) Dê uma condição suficiente para a demanda agregada depender apenas de riqueza
agregada w e (ou, equivalentemente, a riqueza média e uma família de tamanho
médio).
4.C.5 Prove a Preposição 4.C.3. Para esse feito, você pode fixar w = 1. A prova é
melhor feita em termos da função demanda indireta [note que
]. Para um consumidor individual, a lei da demanda não compensada é auto
dual; isso é, é equivalente a para todo . Essa propriedade é
implicada pela certeza de para todo x. Consequentemente, concentre em provar
essa última propriedade. Mais especificamente, considere e denote e
. Você quer provar . [Dica: Você pode primeiro assumir ;
então diferencie e faça uso da igualdade ].
4.C.6 Demonstre que se é homogêneo de grau um, para que seja homotético,
então para todo [ é o cociente definido na Preposição 4.C.3].
4.C.11 Suponha que existem dois consumidores, 1 e 2, com funções utilitárias em dois
bens, 1 e 2, de e . Os dois consumidores
têm níveis de riqueza idênticos .
(d) Para cada um dos dois casos w > 16 e 8 < w < 16, desenhe uma imagem em que o
plano ilustrando cada pacote de consumo do consumido e seu caminho de
expansão de riqueza para os preços . Compare sua imagem com a Figura
4.C.2.
4.C.12 Os resultados apresentados nas Sessões 4.B e 4.C indicam que se para
demanda agregada pode ser escrita como uma função de apenas riqueza
agregada [no caso, como ], então a demanda agregada deve satisfazer o
axioma fraco. A função de distribuição de é definida como
(número de i com ) para qualquer w. Suponha agora que para
qualquer , a demanda agregada pode ser escrita como uma função da
distribuição agregada correspondente de riqueza. Mostre que a demanda agregada
não necessariamente satisfaz o axioma fraco. [Dica: é suficiente dar um exemplo de
duas commodities, dois consumidores, onde as preferências são idênticas, riquezas
são e , e o axioma fraco falha. Tente construir o exemplo graficamente. É
uma questão de certificar que quatro curvas indiferença posicionadas adequadamente
pode ser colocadas juntas sem cruzamento].
4.D.8 Digamos que (p’, w’) passa no teste compensatório potencial em (p, w) se para
qualquer distribuição de w há uma distribuição de w’ tal que
para todo i. Mostre que se (p’w’) para o teste compensatório potencial
em (p, w), qualquer consumidor representativo normativo deve preferir (p’, w’) a (p, w).
4.D.9 Mostre que (notação como na Sessão 4.D) implica em ser uma
semi definida negativa. [Dica: Considere onde é a função
despesas para , e é a função gastos para . Note que
implica em sendo o valor ideal do problema . Considerando isso e ,
você tem para todo p e . Portanto, é semi definido negativo. Mostre
então que ].
4.D.11 Argumente que para L > 2, o caso Hildenbrand da Preposição 4.C.4 não precisa admitir
um consumidor representativo positivo. [Dica: Argumente que a matriz Slutsky pode falhar em
ser simétrica].