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Episódio “Despedidas em Belém” (canto IV)

2. Seguindo o modelo das epopeias clássicas, a


narração não começa no princípio da ação, mas já a
meio (in medias res): “Já no largo Oceano
navegavam” (Canto I, est. 19, v. 1). A narração do
início da viagem aparece já no Canto IV,
correspondendo a uma analepse.

3. As naus partem de Lisboa, da praia de Belém, na


foz do rio Tejo (est. 84, vv. 1-4).

4. Os dois grandes grupos eram constituídos por marinheiros e soldados (“a gente marítima e a de Marte”,
est. 84, v. 7).

5. Antes de partirem, os soldados e os marinheiros reúnem-se em oração na capela de Nossa Senhora de


Belém e rezam, implorando a Deus que os guie e favoreça o início da sua viagem; depois seguiram em
procissão, orando, até às naus.

6.1. Os exemplos que comprovam os sentimentos dos que ficam são “Saudosos na vista e descontentes”
(est. 88, v. 4); “As mulheres cum choro piadoso, / Os homens com suspiros que arrancavam. / Mães,
Esposas, Irmãs, que o temeroso / Amor mais desconfia, acrecentavam / A desesperação e frio medo” (est.
89, vv. 3-7); “Os velhos e os mininos os seguiam” (est. 92, v. 3) e “A branca areia as lágrimas banhavam”
(est. 92, v. 7).
No que diz respeito aos que partem, o narrador refere os seguintes exemplos: “Cum alvoroço
nobre e cum desejo” (est. 84, v. 2); “e não refreia / Temor nenhum juvenil despejo” (est. 84, vv. 5-6); “Nós
outros, sem a vista alevantarmos / [...] Por nos não magoarmos” (est. 93, vv. 1 e 3).”; “Estão pera seguir-me
a toda a parte” (est.84, v. 8) e “Cheio dentro de dívida e de receio” (est.87, v. 7).

6.2. Na estância 92 (vv. 5-8) personificam- se os “montes”, comovidos pela partida dos nautas. Refira-se,
ainda, a comparação entre a quantidade de lágrimas choradas e o número de grãos de areia que
constituem a praia, hiperbolizando o sofrimento que ali se vivia.
7. Em Lisboa, junto à foz do Tejo, ultimam-se os preparativos
para a grande viagem. Prontas as naus, os navegadores rezam,
na ermida de Nossa Senhora de Belém, pedindo a Deus
proteção.
Vasco da Gama e os seus companheiros de viagem vão
em procissão desde a ermida até aos batéis que os hão de
conduzir às naus, passando entre a “gente da cidade” –
homens e mulheres, velhos e crianças, dando-se especial
relevo às mães e às esposas. Tanto os que partem como os
que ficam se entristecem e a despedida assume grande
emotividade.
É o momento do embarque que, por vontade de Vasco
da Gama, se fez sem as habituais despedidas para diminuir o
sofrimento dos que ficam e dos que partem.

Curiosidades

 Vasco da Gama foi acompanhado, na perigosa aventura da viagem, pelo seu irmão Paulo da Gama,
por Nicolau Coelho e por um grupo de “manceba gente(…) em que cresce o desejo de valor”.

 No dia 8 de julho de 1497, partiram as naus rumo à Índia. Uma enorme multidão concentrou-se na
praia de Belém para assistir à partida dos navegadores e despedir-se dos mesmos.

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