Você está na página 1de 32

PSICO PSICOLOGIA AMBIENTAL

A Psicologia Ambiental trata do relacionamento recíproco entre comportamento


e ambiente físico, tanto construído quanto natural. Mantém interface com áreas de
estudo tais como: a sociologia e antropologia urbana, ergonomia, desenho industrial,
paisagismo, engenharia florestal, arquitetura, urbanismo e geografia, entre outras.
Na medida em que essas áreas estudam diferentes aspectos da organização
de espaço/ambiente físico e sua relação recíproca com o ser humano. Encontra-se
frequentemente, na literatura estrangeira, o termo environment-behavior relation, para
caracterizar esse campo de estudo, para o qual se sugere, em português, o termo
relações indivíduo-ambiente. (ARAGONÉS, 1998).
Por sua característica interdisciplinar e por ser um campo que possibilita o
estudo de fenômenosdos mais diversos, a Psicologia Ambiental utiliza uma
abordagem multimetodológica.
O que determina a escolha do método é o problema em estudo em cada
situação. Quase toda pesquisa se orienta para a resolução de um problema prático
e no meio termo procura também avançar no conhecimento teórico da área, sob o
modelo da pesquisa-ação.
PSICOLOGIA ORGANIZACIONAL

A Psicologia Organizacional, inicialmente denominada como Psicologia


Industrial ou Psicologia do Trabalho estuda os fenômenos psicológicos presentes
nas organizações. Mais especificamente, atua sobre os problemas organizacionais
ligados à gestão de recursos humanos (ou gestão de pessoas). A psicologia está
muito ligada a empresas, atualmente, seja ela no bem-estar de cada um dos
colaboradores, até mesmo nas emoções geradas em um ambiente de trabalho.
Tradicionalmente, as principais áreas da Psicologia Organizacional são:
recrutamento, seleção de pessoal, treinamento, diagnóstico organizacional. A
Psicologia do Trabalho ou Organizacional consolida-se em um contexto capitalista,
sob um modelo de desenvolvimento fordista.
Fordismo:
 modo de desenvolvimento dos países capitalistas (hegemônico após a
2ª Guerra Mundial);
 envolve um regime de acumulação intensivo, associado a um modo de
regulação monopolista;
 “produção em massa de produtos indiferenciados” e um consumo em
massa, assegurado por salários elevados praticados pelas empresas e defendidos
pelos sindicatos, e pelo estado que mantém, por meio de políticas de bem-estar
social, desempregados e aposentados no mercado consumidor.
 pacto social:
 papel do trabalhador – obediência às prescrições dos
organizadores;
 consequência – aumento de produtividade;
 recompensa – manutenção de uma norma salarial e
aumentos periódicos atrelados aos ganhos de
produtividade obtidos.
 trabalhador de “chão de fábrica” – pouco especializado mal
escolarizado, muito disciplinado e qualificado a exercer sua função empobrecida.

PSICOLOGIA INDUSTRIAL
Surge a serviço de certa forma de administração.
É marcada por apelo dos controles individuais.
Visa fornecer elementos que permitam a seleção
de trabalhadores, sua capacitação para o desempenho
das funções, a descrição detalhada do que fazem
introdução ao ambiente de trabalho, avaliação
periódica, seu crescimento hierárquico e seu
aconselhamento (principalmente quando compromete
desempenho).
A Psicologia Industrial, influenciada pela escola de relações humanas
da administração, se preocupa:
 como fazer para que os subordinados trabalhem (motivação);
 como fazer para que os chefes e supervisores tornem seus subordinados
mais produtivos (liderança);
 como divulgar as informações e decisões tomadas pela cúpula para
evitarem-se distorções e resistência (comunicação);
 prática de seleção;
 treinamento.

PSICOLOGIA ORGANIZACIONAL

Emergiu como resposta no âmbito da Psicologia do Trabalho à primeira


crise do Fatores que contribuíram para a crise do modelo fordista:
 surgimento da concorrência internacional (reconstrução europeia do
pós-guerra e a emersão do Japão no cenário internacional);
 rigidez do processo em massa tem dificuldade em atender mercado
consumidor diferenciado e mais exigente;
 maior qualificação e instrução dos países do centro levam à resistência
por trabalhos empobrecidos e relações hierárquicas verticais;
 surgimento de processos que permitem produção em massa de
produtos extremamente diferenciados;
 rigidez das relações salariais fordistas;
 crise do petróleo caracteriza um aumento do custo.

Consequência da crise fordista: dissociação geográfica do fordismo –


exportação da montagem desqualificada para países estáveis do terceiro mundo.

Paralelo com a Psicologia


Organizacional:
 modificou-se para dar suporte ao processo de mudança organizacional;
 organizações deveriam atender às novas demandas do mercado onde iriam
se inserir;
 organizações deveriam aprender a lidar com trabalhadores de cultura
diferente.

Função dos psicólogos:


 colaboração no diagnóstico organizacional;
 pesquisas de clima e cultura organizacional;
 levantamento de necessidades de treinamento;
 análise do comportamento dos recursos humanos;
 utilização dos traços de personalidade à seleção profissional.

Psicologia Organizacional X
Ergonomia:
 adaptação do trabalho ao homem;
 envolve aspectos como a fisiologia, antropometria, percepção, acidentes
de trabalho, fadiga, tecnologia, ambiente físico, ambiente psicossocial, organização
do trabalho, postos de trabalho e produtividade.

Psicologia Organizacional X
Qualidade de Vida no Trabalho:
 fruto de uma ampliação de papel do movimento sindical nos países do
centro;
 associada a uma escolarização maciça da classe trabalhadora;
 criam-se:
 programas de estresse laboral – visam reduzir desgaste
físico-psíquico do trabalhador;
 qualidade de vida no trabalho, orientada em direção
à satisfação no trabalho.

Funções de recursos humanos:


 antes universais, passam a ser vistas como políticas e programas de
recursos humanos;
 técnicas e concepções podem ser alteradas e modificadas.

Articulação entre diversos


conhecimentos e a Administração
 psicanalítica, medicina psicossomática e situações de trabalho –
nasce a “Psicopatologia do Trabalho”;
 Psicopatologia do Trabalho – estuda o sofrimento, conceito situado entre
a doença mental propriamente dita e a saúde mental, em contraponto à Organização
do Trabalho;
 transcende-se à noção de estresse organizacional e procura analisar
também neuroses e psicoses em relação ao trabalho e à organização, tendo em
vista sua prevenção.

PSICOLOGIA HOSPITALAR
Definição:
 é um ramo da Psicologia que se diferencia dos demais, por pretender
principalmente humanizar a prática dos profissionais de saúde dentro do contexto
hospitalar (BRANDÃO, 2001);
 a partir da Psicologia Hospitalar, a própria Psicologia redefiniu conceitos
teóricos na tentativa de uma melhor compreensão da somatização, suas
implicações, ocorrências e consequências.

Histórico da Psicologia Hospitalar no


Brasil:
 1054 – Matilde Neder dá inicio à Psicologia Hospitalar no Brasil,
desenvolvendo uma atividade na Clínica de Ortopedia e Traumatologia da Universidade
de São Paulo (USP);
 1974 – Belkis Wilma Romano Lamosa implanta o Serviço de Psicologia no
Instituto do Coração, na Faculdade de Medicina da USP, que só abriria para a
população em 1977;
 1984 – Criado o Departamento de Psicologia da Sociedade de
Cardiologia do Estado de São Paulo sob a coordenação de Belkis W. R. Lamosa. A
partir daí todos os Congressos da Sociedade Brasileira de Cardiologia contavam
com a presença da Psicologia em sua programação Científica;
 1993 – Criado o Departamento de Psicologia Aplicada à Cardiologia da
Sociedade Brasileira de Cardiologia-DF sob a Coordenação de Lúcia Miranda;
 2002 – Primeira Turma da Disciplina Optativa de Psicologia Hospitalar–
UniCEUB...

Psicologia Hospitalar:
 o psicólogo se descobre sendo instrumento de alívio de uma das facetas
mais sofridas da realidade humana, a morte;
 o psicólogo hospitalar descobre de modo concreto um dos preceitos
máximos da Psicologia, que é a cura por meio da palavra, a cura da dor provocada
pelo sofrimento físico e emocional.
PSICOLOGIA ESCOLAR

O interesse pela educação, suas


condições e seus problemas, foi sempre
uma constante entre filósofos, políticos,
educadores e psicólogos.
Com o desenvolvimento da
Psicologia como Ciência e como área de
atuação profissional, no final do século XIX,
várias perspectivas se abriram, fato que
também ocorreu à chamada Psicologia
Educacional (MACHADO, 2004).
Durante as três primeiras décadas do século XX, a Psicologia Aplicada à
Educação teve enorme desenvolvimento. Nos EUA, destacava-se a necessidade de
um novo profissional, capaz de atuar como intermediário entre a psicologia e a
educação.
Três áreas destacaram-se: as pesquisas experimentais da aprendizagem; o
estudo e a medida das diferenças individuais; e a psicologia da criança.
Até a década de 50, a Psicologia da Educação aparece como a ‘rainha’ das
ciências da educação.
Seu conceito: uma área de aplicação da Psicologia na Educação. A Psicologia
Educacional era um ramo especial da Psicologia, preocupado com a natureza, as
condições, os resultados e a avaliação e retenção da aprendizagem escolar. Ela
deveria ser uma disciplina autônoma, com sua própria teoria e metodologia.
Durante a década de 50, o panorama muda. Começa-se a duvidar da
aplicabilidade educativa das grandes teorias da aprendizagem, elaboradas durante
a primeira metade do século XX. Prenuncia-se uma crise.
Surgem outras disciplinas educativas tão importantes à educação quanto a
Psicologia, e esta precisa ceder espaço.
Na década de 70, assume o seu caráter multidisciplinar que conserva até hoje.
Não mais é considerada como a Psicologia Aplicada à Educação. Atualmente,
a Psicologia da Educação é considerada um ramo tanto da Psicologia como da
Educação, e caracteriza-se como uma área de investigação dos problemas e
fenômenos educacionais, a partir de um entendimento psicológico.

Conceito de Psicologia da Educação:


Quando se fala, hoje, em ‘Psicologia da Educação’, vários termos são utilizados
indiscriminadamente como sinônimos, tais como: Psicopedagogia, Psicologia Escolar,
Psicologia da Educação, Psicologia da Criança, etc. A lista poderia ser alongada.
Essa imprecisão na linguagem, e essa confusão entre disciplinas ou
atividades não são exatamente passíveis de sobreposição, pois cada qual tem suas
definições e limitações.
A Psicologia da Educação tem por objeto de estudo todos os aspectos das
situações da educação, sob a ótica psicológica, assim como as relações existentes
entre as situações educacionais e os diferentes fatores que as determinam.
Seu domínio é constituído pela análise psicológica de todas as facetas da
realidade educativa e não apenas a aplicação da Psicologia à Educação. Seu maior
objetivo é constatar ou compreender e explicar o que se passa no seio da
situação de educação. Por isso, tanto psicólogos quanto pedagogos podem possuir
tal especialização profissional.
A Psicologia da Educação faz parte dos componentes específicos das
Ciências da Educação, tal como a Sociologia da Educação ou a Didática. Compõem
um núcleo, cuja finalidade é estudar os processos educativos.
Atualmente, rejeita-se a ideia de que a Psicologia da Educação seja resumida
a um simples campo de trabalho da Psicologia; ela deve, ao contrário, atender
simultaneamente aos processos psicológicos e às características das situações
educativas.
Ela estuda os processos educativos com tripla finalidade:
1) contribuir na elaboração de uma teoria explicativa dos processos
educativos – nível teórico;
2) elaborar modelos e programas de intervenção – nível tecnológico;
3) dar lugar a uma práxis educativa coerente com as propostas teóricas
formuladas –nível prático.

Definição de Psicopedagogia:
Especialização dentro da Pedagogia e/ou Psicologia que trata dos distúrbios
de aprendizagem (crianças que possuem dificuldades para aprender).

Definição de Psicologia da Criança:


Também chamada de Psicologia Evolutiva ou Psicologia do Desenvolvimento
Humano, estuda as leis gerais da evolução da criança, as sucessivas etapas de seu
desenvolvimento nas quatro grandes áreas: cognitiva, afetiva, social e
psicomotora.
Aprendizagem Informal e
Aprendizagem Formal

Conceito geral de aprendizagem:


Aprendizagem é a aquisição de novos comportamentos, que são
incorporados ao repertório individual de cada pessoa, que deverá apresentar,
desse modo, capacidades e habilidades não existentes anteriormente. Além de
adquirir comportamentos novos, por meio da aprendizagem, uma pessoa poderá
também modificar comportamentos anteriormente adquiridos (ROCHA).
Aprendizagem é o resultado da estimulação do ambiente sobre o indivíduo já
maturo, que se expressa, diante de uma situação-problema, sob a forma de uma
mudança de comportamento em função da experiência; envolve os hábitos que
formamos os aspectos de nossa vida afetiva e a assimilação de valores culturais,
além dos fenômenos que ocorrem na escola. (JOSÉ; COELHO)
“A aprendizagem é parte de um processo social de comunicação – a
educação” – e apresenta os seguintes elementos:
 comunicador ou emissor – professor, enquanto transmissor de
informações ou agente do conhecimento. O comunicador tem uma participação
ativa no processo educativo, devendo estar motivado e ter pleno conhecimento da
mensagem que irá transmitir a seus alunos;
 mensagem – conteúdo educativo, conhecimentos e informações a serem
transmitidas. A mensagem deve ser adequada, clara e precisa para ser bem entendida;
 receptor da mensagem – aluno. O receptor não tem um papel passivo;
deve ser um construtor crítico dos conhecimentos e informações que lhe são
transmitidos;
 meio ambiente – meio escolar, familiar e social, onde se efetiva o
processo de ensino-aprendizagem. O meio ambiente deve ser estimulador da
aprendizagem e propício ao bom desenvolvimento do processo educativo (DROUET).

Aprendizagem significativa:
É interessante destacar que não basta apenas ‘ensinar’; é preciso
oportunizar aos nossos educandos uma aprendizagem significativa. Ou seja, para
que a aprendizagem provoque uma efetiva mudança de comportamento e amplie
cada vez mais o potencial do educando, é
necessário que ele perceba a relação entre o que está aprendendo e a sua vida,
sendo capaz de reconhecer as situações em que aplicará o novo conhecimento.
“Uma aprendizagem mecânica, que não vai além da simples retenção, não
tem significado nenhum” (JOSÉ; COELHO).

É possível medir o nível de


aprendizagem?
Como a aprendizagem se concretiza em termos de comportamento, para
avaliar o que alguém aprendeu é preciso observar o seu desempenho.
Essa é a concepção das escolas mais tradicionais, onde a ‘prova’ era a única
capaz de verificar o aprendizado, inferindo sobre sua ocorrência. Mas será essa a
melhor e mais fidedigna maneira de verificar o aprendizado?
Atualmente, têm-se realizado importantes mudanças no modo de pensar em
relação à aprendizagem escolar, tendo como resultados esforços para combinar
várias interpretações. A prova já não parece mais tão fidedigna assim, pois ela pode
representar uma mudança temporária de comportamento e não uma mudança
duradoura.
Curva representativa de
aprendizagem:
Estamos permanentemente em estado de aprendizagem. O declínio da curva
se dá porque começa a haver um enfraquecimento neuro-hormonal no indivíduo.
Devido a esse enfraquecimento alguns envelhecem mais cedo, enquanto outros
permanecem perfeitamente lúcidos até uma idade muito avançada.

Ensino X Instrução:
 ensinar – fazer com que as pessoas aprendam; fazer com que outros
saibam, adquiram conhecimentos ou mudem atitudes. A aprendizagem é seu produto
final;
 instruir – manipular deliberadamente o ambiente de outros, para torná-lo
capaz de aprender, sob condições específicas (aprendizagem escolar). Esse é um
conceito ultrapassado.

Dessa diferença entre ensinar e instruir pode-se dizer que existem dois tipos de
aprendizagem: informal e formal.

A aprendizagem e a Psicologia da
Educação – Aprendizagens Informal e
Formal:
 Aprendizagem Formal – processo que é direcionado, orientado e
previamente planejado e organizado (sala de aula); advém da instrução;
 Aprendizagem Informal – processo que é de natureza incidental, não
dirigido, e carente de controle. Resulta da experiência no ambiente de vida (fora
da escola); advém do ensino. A Psicologia da Educação exerce seu papel mais
relacionado à aprendizagem formal.

Modelos de ensino formal:


Um modelo de ensino formal inclui um conjunto de procedimentos para que o
ensino se realize.
Pode resumir-se em seus componentes fundamentais: professor, aluno e
conteúdo. Existem quatro modelos básicos:
 modelo clássico – ênfase dada no professor, enquanto um transmissor
de conteúdo. A educação consiste em transmissão de ideias selecionadas,
organizadas e não de acordo com o interesse do aluno. O aluno é apenas um
recipiente passivo;
 modelo tecnológico – ênfase na educação como transmissora de
conteúdos; o conteúdo é o centro do processo. O aluno é um recipiente de
informações. A educação se preocupa com aspectos observáveis e mensuráveis e o
professor é o responsável por essa concretização;
 modelo personalizado – ênfase no aluno. O ensino se processa em
função do desenvolvimento e interesse dos alunos. A educação é um processo
progressivo e o professor oferece assistência ao aluno, enquanto um facilitador da
aprendizagem;
 modelo interacional – apresenta um equilíbrio entre os componentes do
modelo. O professor cria um clima de diálogo e troca experiências e valores com
seus alunos. O conteúdo consiste na análise crítica de problemas reais e sociais. O
aluno é ativo em sua aprendizagem.
Domínios da Aprendizagem:
A aprendizagem abrange três domínios fundamentais: intelectual ou cognitivo;
afetivo- social; sensório-psiconeurológico.

Domínio intelectual ou cognitivo (inteligência humana)


A inteligência e a idade mental (e não a cronológica) são domínios decisivos à
aprendizagem humana.
Inteligência: capacidade de interagir com o meio ambiente e adaptar-se a ele;
desenvolve-se por meio de fases, ao longo da vida, que se sucede em uma mesma
ordem, mas devido às diferenças individuais, podem ser alcançadas em idades
diferentes para cada pessoa, dependendo do ritmo de desenvolvimento.

Domínio afetivo-social (emoções, sentimentos e aspectos psicossociais)


As pessoas são todas diferentes e únicas. As diferenças são determinadas
pelas influências genéticas, bioquímicas de seu próprio organismo e por estímulos
do ambiente em que vivem, bem como pela interação de todas as experiências
sociais que tiveram desde o nascimento. A personalidade de cada indivíduo vai se
formando, se desenvolvendo; portanto, o aluno que chega à escola ou universidade
já possui sua personalidade bem definida.
As características psicológicas momentâneas, tais como o humor, as
emoções e os sentimentos, também são domínios fundamentais à aprendizagem
humana. Da mesma forma, certo amadurecimento social (relacionamento
interpessoal e intrapessoal) é elemento igualmente importante nesse processo de
ensino-aprendizagem.
O sensório-psiconeurológico (sensações, desenvolvimento neuropsicológico
e maturação neurológica).
A integração das funções neuropsicológicas é fundamental à aprendizagem.
Para tanto, a estimulação é comprovadamente importante, já que crianças que
viveram seus primeiros anos de vida em ambientes pobres de estímulos sofreram
danos graves de desenvolvimento, principalmente em seus elementos sensoriais
(audição, visão, tato, gustação, olfato), neurológicos (maturação neurológica),
psicomotores (esquema corporal, lateralidade, equilíbrio) e linguísticos (fala).

Princípios da Aprendizagem:
 1º princípio: “universalidade” – a aprendizagem é coextensiva à própria
vida, ocorre durante todo o desenvolvimento do indivíduo. Na vida humana a
aprendizagem se inicia antes do nascimento e se prolonga até a morte;
 2º princípio: a aprendizagem é um processo constante e contínuo;

 3º princípio: “gradatividade” – a aprendizagem é gradual, isto é, aprende-


se pouco a pouco;
 4º princípio: “processo pessoal/individual” – cada indivíduo tem seu ritmo
próprio de aprendizagem (ritmo biológico) que, aliado ao seu esquema próprio de
ação, irá constituir sua individualidade. Por isso, tem fundo genético e também
ambiental, dependendo de vários fatores: dos esquemas de ação inatos do indivíduo;
do estágio de maturação de seu sistema nervoso; de seu tipo psicológico
constitucional (introvertido ou extrovertido); de seu grau de envolvimento; além das
questões ambientais;
 5º princípio: “processo cumulativo” – as novas aprendizagens do indivíduo
dependem de suas experiências anteriores. As primeiras aprendizagens servem de
pré-requisitos para as subsequentes. Cada nova aprendizagem vai se juntar ao
repertório de conhecimentos e de experiências que o indivíduo já possui indo construir
sua bagagem cultural;
 6º princípio: “processo integrativo e dinâmico” – esse processo de
acumulação de conhecimentos não é estático. A cada nova aprendizagem o indivíduo
reorganiza suas ideias, estabelece relações entre as aprendizagens, faz juízos de
valor.
Fatores da aprendizagem:
 saúde física e mental – para que seja capaz de aprender, a pessoa deve
apresentar um bom estado físico geral; deve estar gozando de boa saúde, com seu
sistema nervoso e todos os órgãos dos sentidos. As perturbações na área física, como
na sensorial e na área nervosa poderão constituir-se em distúrbios da aprendizagem.
Febre, dores de cabeça, disritmias (ausências mentais) são exemplos disso;
 motivação – é o fator de querer aprender; o interesse é a mola
propulsora da aprendizagem. O indivíduo pode querer aprender por vários motivos:
para satisfazer a sua necessidade biológica de exercício físico e liberar energia;
por ser estimulada pelos órgãos dos sentidos, por meio de cores alegres; por sentir-
se inteligente e bem consigo mesmo ao resolver uma atividade mental; por sentir
necessidade de conquistar uma boa classificação na escola (status social e pessoal,
admiração);
 prévio domínio – domínio de certos conhecimentos, habilidades e
experiências anteriores, possuindo relativa vantagem em relação aos que não o
possuem;
 maturação – é o processo de diferenciações estruturais e funcionais do
organismo, levando a padrões específicos de comportamento. a maturação
neurológica se dá por etapas sucessivas e na mesma sequência (leis céfalo-caudal
e próximo-distal). A maturação cria condições à aprendizagem, havendo uma
interação entre ambas;
 inteligência – capacidade para assimilar e compreender informações e
conhecimentos; para estabelecer relações entre vários desses conhecimentos; para
criar e inventar coisas novas, com base nas já conhecidas; para raciocinar com lógica
na resolução de problemas;
 concentração e atenção – capacidade de fixar-se em um assunto/tarefa.
Desta capacidade dependerá a facilidade maior ou menor para aprender;
 memória – a retenção da aprendizagem é aspecto essencial à
aprendizagem, pois quando a pessoa precisar de um conhecimento, ela deverá ser
capaz de resgatá-lo da memória, usando os conhecimentos anteriormente
adquiridos. No entanto, quem aprende está sujeito a esquecer o que aprendeu. O
esquecimento se dá por vários motivos: pela fragilidade ou deficiência na
aprendizagem, causada por estudo ineficiente, falta de atenção; pela tentativa de
evocação do fato memorizado por meio de um critério diferente do usado na fixação
da aprendizagem; pelo desuso das informações; por um componente emocional que
não permite a memorização da informação ou a ‘esconde’ no subconsciente.

Fatores que influenciam na


aprendizagem:
A aprendizagem é produto de uma interação complexa e contínua entre
hereditariedade e o meio ambiente. Esse processo pode ser influenciado tanto na vida
pré-natal como na vida pós-natal. As causas podem ser inúmeras: químicas, físicas,
imunológicas, infecciosas, familiar, afetivas e socioeconômicas.

Fatores genéticos ou herança:


Os elementos hereditários que influenciam na aprendizagem são chamados
de fatores genéticos e encontram-se na inscrição do programa biológico da pessoa
– herança. Está presente em toda parte: determina o grau de sensibilidade dos
órgãos efetores aos estímulos indutores; condiciona o aparecimento de doenças
familiares capazes de prejudica r a aprendizagem (insônia, depressão, síndrome
de down, asma) e ainda pode indiretamente intervir nos fatores ambientais,
garantindo maior ou menor resistência do organismo aos agravos do meio.

Fatores neuroendócrinos:
O hipotálamo é destacado como o local controlador do sistema endócrino.
Podemos considerar o hipotálamo como um centro integrador de mensagens,
controlando a função da glândula hipófise na produção e liberação dos hormônios
de todas as glândulas do organismo e possibilitando à criança explorar seu potencial
genético, de desenvolvimento e de aprendizagem. Neuro-Hormônio
Adenocorticotrófico (ACTH): é liberado pelo hipotálamo; sua secreção acompanha
um ritmo circadiano gerado por um ritmo cerebral intrínseco, ligado a alteração de
luz (dia e noite), sono, estresse físico e emocional.

Fatores ambientais
O meio ambiente no qual a pessoa está inserida exerce influências
particularmente poderosas, contribuindo positivamente para a realização do plano
genético; ou negativamente, apresentando obstáculos. O ambiente compreende tanto
condições da vida material, estando em primeiro lugar a alimentação e sua utilização
(nutrição), quanto pelo ambiente físico (socioeconômico, estilo de vida) e o ambiente
familiar e cultural, cujo elemento fundamental é constituído pela relação afetiva
primária e o estímulo materno.
Na interação da hereditariedade e do meio ambiente, quando o meio é
normal e favorável pode-se calcular que 80% a 90 % da variabilidade natural da
espécie humana, nos limites da normalidade, se realizam segundo o programa
genético pré-determinado, entretanto, quando o meio é desfavorável e heterogêneo,
a hereditariedade pode cair a 60%.

Nutrição
Em relação à alimentação, o leite é a nutrição natural inicial para todos, e a
qualidade desse leite tem condições para satisfazer o potencial genético ao
crescimento e à aprendizagem. A alimentação saudável é a balanceada, com
proteína suficiente, além da presença de hidratos de carbono, gorduras, sais minerais
e vitaminas. É preciso ter presente que só o crescimento consome 40% das calorias
fornecidas à criança.
Deve-se fornecer energia à criança para atender às necessidades de
metabolismo basal; ação dinâmico-específica dos alimentos; perda calórica pelos
excretos; atividade muscular; crescimento. Para que a aprendizagem também seja
beneficiada, a nutrição do indivíduo deve ser balanceada e saudável. Essa energia
é, então, transmitida por meio dos macronutrientes: vitaminas; proteínas; hidratos
do carbono; sais minerais; gorduras.

Dois aspectos relacionados à alimentação que exercem influências:


 a superalimentação – aceleração e envelhecimento precoce do
crescimento;
 a subalimentação – quando é global (fornecimento calórico abaixo de
1/3), o crescimento é bloqueado de forma completa. Quando a sobrevida é possível,
se traduz pelo aspecto clínico de marasmo. Quando se refere especificamente sobre
a proteína, continuando o fornecimento calórico global tolerável, o crescimento
estatural é bloqueado – desnutrição proteica.

Variáveis sócio-econômico-culturais
As variáveis socioeconômicas exercem importante influência: renda per capita,
a idade dos pais, o tamanho da família, condições de habitação e saneamento,
escolaridade, higiene; cultura dos pais (influencia na alimentação da criança).
Dada a melhoria nas condições de vida – tais como a urbanização, melhoria
nos cuidados médicos, maior ingestão alimentar de nutrientes, vestuário menos
restritivo, entre outros fatores –, existe uma forte tendência para que as crianças das
gerações que nos sucedem alcancem uma maturação mais cedo. Essa tendência de
aceleração secular pode ser vista nos estudos de Monteiro (1996), que demonstram
que as crianças brasileiras estão maturando cada vez mais cedo, em todas as classes
sociais, onde as regiões Sul e Sudeste do país são as que mais crescem.

Família e os fatores psicossociais:


Outro aspecto importante, diz respeito ao ambiente familiar, que comporta
elementos diversos, de ordem psicológica particular, mas também de ordem cultural
segundo o nível intelectual, os conhecimentos adquiridos por intermédio dos pais, a
herança dos costumes, etc. Acima de tudo, intervém a relação afetiva precoce da
mãe com a criança desde os primeiros instantes da vida.
A qualidade dessa ligação afetiva condiciona em grande parte o
relacionamento da mãe e, consequentemente, a qualidade de sua conduta com a
alimentação, proteção física, estímulo psíquico e cultural da criança. A carência
afetiva consiste na falta de carinho e de solicitação afetiva materna, perturbando
ou mesmo impedindo o vínculo mãe e filho, determinando o aparecimento de uma
síndrome complexa com reflexos no seu desenvolvimento neuropsicomotor, no
crescimento e no estado emocional, e por consequência, na aprendizagem.

O professor e o processo de ensino-


aprendizagem:
Quando inserido no processo de ensino-aprendizagem (sala de aula), o
professor poderá vir a assumir vários papéis sociais.
A Psicologia da Educação, após longos anos de pesquisa a respeito desse
assunto, identificou alguns papéis claros, assumidos por professores em seu trabalho
diário junto a uma classe de alunos.

Grupo de papéis negativos:


 bode expiatório – sente-se alvo de hostilidades, recusado por seus alunos;
perde sua estabilidade emocional. Requer uma grande dose de segurança interior
para aceitar essa situação e ainda permanecer no posto. Esse professor poderá ter
dois tipos de comportamento: a contra-hostilidade e a necessidade de constante
submissão, para com a vontade de seus alunos para ser aceito;
 inspetor e disciplinador – sente-se o distribuidor e o executor da justiça;
valoriza desempenhos, classifica alunos, promove-os e rebaixa-os. É o grande
responsável pela conduta em sala de aula, faz o papel de inspetor. Julga o certo
e o errado, administrando recompensas e punições.

Grupo de papéis autoritários:


 substituto da autoridade paterna – assume o papel de orientador dos
alunos, orientando a todos de igual maneira. Não é nem paternalista demais,
nem rígido demais. Mantém um bom e equilibrado nível de relações afetuosas com
todos;
 fonte de informações – sua função é transferir conhecimentos para os
alunos; é aquele que sabe. Orienta-se em termos acadêmicos em sua abordagem.
Forja uma concepção passiva do aluno quando se vê como o único que sabe tudo;
 líder de grupo – professor que se coloca como líder. Pode assumir a
liderança do grupo de duas formas: autocrática ou democrática, ambas envolvem
o sistema de status no grupo;
 cidadão modelo – sua função vai além de transmitir conhecimentos;
coloca-se como mentor moral, ético, social e político de seus alunos. Dá sempre bom
exemplo de comportamento social, utilizando-o para ensinar. Não separa sua vida
privada da profissional.

Grupo de papéis de proteção:


 terapeuta – é um orientador e higienista mental do grupo; responsável pela
prevenção e ajustamento de problemas, além de promotor de um meio favorável
à aprendizagem; aceita as diferenças e promove aulas com atmosfera de
aceitação emocional. Acredita que a experiência pessoal e todos os aspectos da
vida afetam a aprendizagem;
 amigo e confidente – é amigo e caloroso, convidando a todos a
confidências e a participar das dificuldades do grupo. Leva tudo ao plano da amizade
pessoal. É acessível e compreensivo, deixando o aluno contar suas dificuldades e
problemas em um meio neutro. O excesso ocorre quando o professor usufrui
satisfação primária à resposta afetiva do aluno para com ele. Gera-se um conflito
entre o papel de professor e de amigo.

PSICOLOGIA JURÍDICA

A Psicologia Jurídica, também chamada de Psicologia Criminal ou Psicologia


Judiciária, consiste na aplicação dos conhecimentos psicológicos ao serviço do
Direito. Dedica-se à proteção da sociedade e à defesa dos direitos do cidadão, por
meio da perspectiva psicológica. Juntamente com a Psicologia Forense, constitui o
campo de atuação da Psicologia conjuntamente com o Direito.
Esse ramo da Psicologia dedica-se às situações que se apresentam
sobretudo nos tribunais e que envolvem o contexto das leis. Desse modo, na
Psicologia Jurídica, são tratados todos os casos psicológicos que podem surgir em
contexto de tribunal. Dedica-se ao estudo do comportamento criminoso.
Clinicamente, tenta construir o percurso de vida do indivíduo criminoso e
todos os processos psicológicos que o possam ter conduzido à criminalidade,
tentando descobrir a raiz do problema, uma vez que só assim se pode partir à
descoberta da solução. Descobrindo as causas das desordens, sejam elas mentais
e/ou comportamentais (criminosas, neste caso), também se pode determinar uma
pena justa, tendo em conta que estes casos são muito particulares e assim devem ser
tratados em tribunal.
Essa ciência nasceu da necessidade de legislação apropriada para os
casos dos indivíduos considerados doentes mentais e que tenham cometido atos
criminosos, pequenos ou graves delitos. A doença mental tem que ser encarada a
partir de uma perspectiva clínica, mas também do ponto de vista jurídico.
Um psicólogo formado nessa área tem que dominar os conhecimentos que
dizem respeito à Psicologia em si, mas também tem que dominar os conhecimentos
referentes às leis civis e às leis criminais. Deve ser um bom clínico e possuir um
conhecimento pormenorizado da Psicopatologia. Podem-se encontrar peritos nessa
área em instituições hospitalares, especialmente do tipo psiquiátrico.
A Psicologia Criminal realiza estudos psicológicos de alguns dos tipos mais
comuns de delinquentes e dos criminosos em geral, como, por exemplo, os
psicopatas. De fato, a investigação psicológica dessa área da Psicologia apresenta,
sobretudo, trabalhos sobre homicídios e crimes sexuais, talvez devido à sua índole
grave e fascinante.
Psicologia Jurídica em linhas gerais
Como visto anteriormente, o Positivismo ditava as regras da Ciência do final
do século XIX e início do século XX. Contando com expoentes como Durkheim e
Comte, transferia o método das Ciências naturais para as áreas humanas,
privilegiando os exames criminológicos, laudos e testes, itens indispensáveis ao
psicodiagnóstico.
Se for realizada uma análise pormenorizada da realidade atual, verificar-se-á
que ainda hoje os exames laboratoriais ainda mantêm o status de científico por ter
em seu poder provas ditas ‘materiais’. Em detrimento de outras avaliações mais
subjetivas. Ao psicólogo ainda é cobrado algo mais concreto, mas como tratar os
seres humanos, complexos pela sua própria essência, com as mesmas técnicas
empregadas por aquilo que é exato, quantificável?
Mas era essa a proposta do Positivismo Comteano. A Psicologia Jurídica,
nomeada como Psicologia do Testemunho, era responsável por provar a
fidedignidade do relato, ou testemunho, por intermédio de instrumentos específicos,
o que só estimulou ainda mais o crescimento da Psicologia Experimental. Quem
ainda não ouviu falar sobre a máquina que detecta mentiras?
Era o impulso que faltava para que fossem realizados inúmeros estudos sobre
memória, sensação e percepção, o que aumentou ainda mais a interface entre a
Psicologia e o Direito. Os instrumentos da Psicologia legitimam, de certa forma, as
práticas jurídicas, ratificando, ou não, as suas tomadas de decisão.
Cabe ao psicólogo jurídico, entretanto, não ceder à tentação de atuar como
um Juiz oculto, dono de um saber absoluto e apto a julgar, absolver ou condenar
aqueles que lhes chegarem às mãos. A Psicologia Jurídica acaba por reforçar uma
prática repressora e controladora, característica do Direito, segundo a qual os
conflitos não passariam por uma solução, mas permaneceriam recalcados.
Torna-se, então, fundamental, que a Psicologia aja abrindo uma brecha para
que as práticas jurídicas tenham outro olhar, menos repressivo e mais acolhedor,
vigilante das práticas que privilegiem os direitos humanos.
Cabe ao psicólogo, então, uma atenta observância de que não lhe é dada a
função de julgar, ditar normas e regras, regulando a relação do homem com a
sociedade e favorecendo práticas de controle social, mas sim utilizar laudos
periciais para favorecer a liberdade e a solidariedade humana. Atuando de forma
o mais flexível possível, sempre para o bem do ser humano e não para endossar
práticas repressivas que favoreçam determinadas partes.
O psicólogo jurídico deve priorizar o bem do ser humano, favorecendo a
liberdade e o devido amparo legal e não reforçar a repressão humana agindo
como um ditador que carimba cada decisão tomada. Faz-se necessário refletir
sobre cada ação, redação, documento e cada decisão. Não cabe ao psicólogo
determinar culpados ou inocentes, nem fazer aquilo que cabe ao juiz: tomar a
decisão final em cada processo. Ao psicólogo cabe apenas auxiliar na tomada de
decisão.
É preciso estar atento, pois não existe uma verdade absoluta inteira, mas
sempre parcial e relativa. O psicólogo sempre terá apenas o olhar de um dos prismas
da questão, jamais uma visão total. Cautela é fundamental. O jogo de poder pertence
ao mundo jurídico. Não cabe ao psicólogo assumir posições, seja de defesa ou de
acusação, apenas de análise do discurso e auxílio à reflexão, para a tomada de
decisão.
Em um jogo de guarda dos filhos, por exemplo, cabe ao psicólogo não se
deixar seduzir pela tendência jurídica de ceder à mãe o direito do pátrio poder, mas
discutir, inclusive, que os pais também têm perfeita competência para criar bem os
seus filhos.
Já são muitos os que questionam em processos o atual sistema de visita
domiciliar, pois desejam uma participação mais ativa junto aos seus filhos.
O desejo desses pais tem gerado mudanças em nossa sociedade e na
cultura de gênero (de que mães foram feitas para cuidar dos filhos e da casa e os
pais do trabalho e do dinheiro), provocando inquietação e novas propostas para o
conceito de parentalidade; eles têm se organizado em instituições, associações ou
agremiações para discutir temas pertinentes ao casamento, divórcio, guarda dos
filhos e paternidade.
Grupos de discussão pela internet têm se tornado um veículo de divulgação
muito rápido e eficaz para propagar suas ideias. É nesse sentido que a Psicologia
Jurídica e o Direito devem se manter unidos para analisar a situação e, amparados
em suas teorias e práticas, liberar essa nova geração de pais do antigo enquadre –
onde os filhos são das mães e os pais são apenas os provedores e “visitantes” –,
para estabelecer novos conceitos de família e relacionamento entre pais e filhos.
A urgência para rever os laços de parentalidade tem implicações em um
fenômeno que está surgindo no contexto de divórcio e guarda. Em que registros
de que falsas denúncias intencionais de abuso sexual de pais contra seus próprios
filhos surgem como um método para se impedir a visitação e o pedido de guarda.
As falsas denúncias de abuso sexual como um ato deliberado de acusação,
seja motivado por vingança, interesses financeiros distúrbios de caráter ou outros
motivos, têm, por consequência mais imediata, o afastamento das crianças até que
o genitor acusado prove sua inocência.
Em razão do afastamento da criança com o propósito de salvaguardá-la do
contato com o suposto abusador, o pai falsamente acusado teria seu direito à
convivência familiar, normalmente garantido pela Constituição Federal (Art. 227),
pelo Código Civil (Art. 1.634, II), e pelo Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA,
Art. 3° e 4°), transgredido.
Para esses pais, o Estado Democrático de Direito passaria a não existir,
tendo sua cidadania e sua dignidade vilipendiadas perante todos. O trabalho do
psicólogo, nesses casos, pode auxiliar e nortear a atuação de advogados,
promotores, juízes, por meio da constatação dos indicadores da situação familiar,
reconhecendo a necessidade de uma ação em conjunto com os demais
profissionais na construção de um saber que auxilie a expressão da Justiça.
Permitindo ao juiz aplicar a Lei, dentro dos fins sociais, visando a uma relação
democrática, justa e igualitária (VERANI, op. cit.). Ou prejudicar e alongar o processo
por vários anos, sem diminuir o conflito e a dor dos envolvidos, por meio da restrição
de seu exercício profissional à elaboração de laudos ou pareceres psicológicos, por
vezes conclusivos, fechados e, portanto, iatrogênicos.
PSICOLOGIA CLÍNICA: CONCEITO

<http://www.acervosaber.com.br/imagens/psicologia.jpg>.

A Psicologia Clínica se baseia na observação e análise aprofundada de casos


individuais. Criada por volta do final do século XIX, por alguns médicos psiquiatras
e neurologistas que tratavam pacientes com doenças mentais, foi desenvolvida por
Freud, médico, discípulo de Breuer. Eles utilizavam a hipnose como método de cura
de tais pacientes.
Segundo a teoria de Breuer, que logo foi incorporada e melhor descrita por
Freud, as doenças mentais provinham de conflitos que estavam localizados na mente
da pessoa, e não necessariamente de problemas biológicos. Breuer acreditava que,
por meio da hipnose, a pessoa poderia driblar censuras que a impediriam de lembrar
certos fatos (os traumas), e assim melhorar sua ideia de tais, ou vivenciar
experiências. Freud depois descreveu esse estado como catarse. Freud discordava
quanto à eficiência da hipnose, e em contrapartida desenvolveu a técnica da livre
associação. Foi aí que a Psicologia Clínica nasceu, porque trouxe a cura pela palavra.
A Psicologia Clínica cresceu desde então. O advento da Psicanálise abriu um
abrangente campo para novas teorias, como a Psicologia Analítica, de Gustav Jung,
discípulo de Freud.
Hoje em dia, existem muitas linhas de pensamento em Psicologia: as mais
famosas são a Psicanálise, a Psicologia Analítica, a Análise do Comportamento ou
Behavorismo de Skinner e a Fenomenologia. Esta última nasceu dos pensamentos de
Sartre, Husserl, e tem seus expoentes na Psicologia representados por Rollo May
(existencialista) e Fritz Pearls (Gestalt -terapia).
É frequente o desconhecimento que, por vezes, se verifica relativamente à
pessoa e ao papel do psicólogo clínico e de outros técnicos de saúde mental
denominados, comumente, de “Psis”.
Se depararmos com técnicos de saúde com modelos de intervenção diferentes
e bem delimitados tanto na forma como em conteúdo, torna-se premente distingui-
los, para que a procura por cuidados em saúde mental seja, à partida, informada e
racional.
Sem querer minimizar a importância (bem como o dever ético e deontológico
que lhe está subjacente) da indicação para um técnico de outra especialidade,
quando a situação assim o exige, será benéfico para o funcionamento da saúde
enquanto sistema. No qual a pessoa esteja suficientemente informada quanto ao
tipo de ajuda disponível para que, logo de início, procure o tipo de intervenção
adequada à situação.
Importa, então, clarificar determinados aspectos inerentes à prática do
psicólogo enquanto técnico de saúde, e diferenciá-lo de outros intervenientes neste
âmbito. Não cabe aqui uma descrição pormenorizada da especificidade de outras
áreas de intervenção no campo da saúde mental.
No entanto, importa realçar a sobreposição que, com frequência, se verifica,
quer ao nível de entidades quer de metodologias, com outro técnico de saúde: o
psiquiatra. Esse profissional segue um modelo médico, próprio da formação que
obteve: o indivíduo tem o “mal” para o qual existe o “remédio” que "cura".
Trata-se de um modelo amplamente adotado, difundido e enraizado, quer pela
longa idade da medicina enquanto ciência quer pelos valores sociais e políticos
vigentes, amparados quer por interesses econômicos de algumas indústrias quer
por movimentos científicos mais conservadores que se constituem como grupos de
influência e que possibilitam a manutenção da performance desse tipo de modelo.
Historicamente mais recente, a Psicologia possui o seu quadro de referência,
constituindo-se como ciência autônoma com objeto, metodologia e estatuto
epistemológico próprios. Apesar disso, ainda é confundida com outras ciências com
as quais compartilha alguns aspectos metodológicos ou o mesmo objeto de estudo.
Se assim acontece um pouco em todas as áreas da Psicologia, mais se
verifica essa situação no campo da saúde. O próprio conceito de “Psicologia
Clínica” torna-se por vezes ambíguo. O termo “clínico” é referente ao indivíduo
que está de cama, como referência ao indivíduo que está doente.
No entanto, atitude clínica não é uma atitude médica. A Psicologia Clínica
entende os fenômenos psíquicos não em um antagonismo saúde-doença, mas antes
como sendo a expressão possível (para o indivíduo) de diferentes processos
psicológicos socialmente contextualizados. Ou seja, relativiza a noção de “mal”,
“remédio” e de “cura”. O ato clínico não é necessariamente um ato médico.
Ao abordar o indivíduo que procura ajuda, o psicólogo clínico intervém
contextualizando a problemática em questão. É essa contextualização que confere
significado, originalidade e individualidade ao problema.
Deixamos de estar perante aquele discurso factual, e por vezes redutor, do
“mal”, do “remédio” e da “cura” para passarmos a aceder aos fenômenos por outro
caminho. O real vê agora o seu interesse diminuído em detrimento da verdade
individual.
Movimentam-se as peças de um “jogo de xadrez” assentes em um tabuleiro
que já não é o da realidade direta, mas antes da percepção, do simbolismo e da
representação individual dessa realidade. Entramos no campo da relação, do
imaginário e da comunicação. Assim, tanto aquilo que é verbalizado como aquilo que
é transmitido de um modo não verbal é susceptível de ser entendido e enquadrado
em um contexto específico.
O discurso do indivíduo é o portal de acesso ao seu interior. Esse discurso é
“decifrado” na relação estabelecida entre o psicólogo, o cliente é quem faz o pedido
para a consulta. O pedido de ajuda é, por si só, revelador. A intervenção da Psicologia
Clínica reporta-se, pois, a uma metalinguagem.
Na sua intervenção social, o psicólogo clínico demarca-se significativamente
de outros profissionais de saúde mental, não tanto ao nível da prática (já que o
objeto de estudo, bem como a relação epistemológica em questão coexiste, por
vezes, com outras áreas do saber). Mas antes, ao nível do método e do paradigma
de referência. Como disse, um dia, um determinado psicólogo: “Não será demais
pedir a um psicólogo clínico que use o Rorschach (prova de avaliação psicológica)
com a competência com que um médico usa o estetoscópio”.

Então, o que o psicólogo faz?

Você deve estar se perguntando a razão de estudar os vários campos de


atuação do psicólogo, se o curso é sobre Psicologia Clínica. É que todas essas
demandas aparecem no consultório de Psicologia e é dever do psicólogo conhecer
sobre cada uma delas, encaminhando a outro profissional de Psicologia apenas
quando o caso exigir um conhecimenbto mais aprofundado.
O psicólogo age em diversas áreas e é importante entender primeiramente
onde e como se forma o conhecimento da ciência “Psicologia”: a área científica. O
psicólogo, em sua graduação, aprende a pesquisar novos caminhos a partir de dados
já existentes; forma opiniões convergentes ou divergentes, podendo ser na forma de
crítica ou avanço em uma determinada pesquisa; monta estudos com bases em
experimentos, observação, estudos de casos, análises neurológicas e
farmacológicas, além de estudar em grupos multidisciplinares vários outros conteúdos
(mostrados a seguir).
As áreas mais conhecidas dessa criação científica são, como já vimos, entre
outras, a Psicologia Social, a Psicometria, a Psicologia Experimental (nisto
englobando a linha comportamental), a Psicologia do Desenvolvimento, a Psicologia
Metafísica, a Neuropsicologia, a Psicopatologia. Esses estudos criam teorias que
são utilizadas na Psicologia Aplicada, que como o nome diz, é a aplicação dos
construtos teóricos em áreas específicas.
A Psicologia Social estuda os movimentos sociais. Essa Psicologia Aplicada
está inserida nos mais diversos campos da sociedade, resolvendo problemas
práticos, sendo a área clínica a mais famosa. É importante, também, saber que
essa Psicologia Aplicada pode criar constructos científicos, que é o caso de Sigmund
Freud, Carl R. Rogers, Carl Gustav Jung, na Psicologia Clínica, além de Kurt Lewin
e J. L. Moreno, de outras áreas.
Além da clínica, o psicólogo aplicado trabalha em escolas, empresas
(treinamento, R. H., grupos, terapia individual), nas terapias de grupos, na
criminologia, nas academias de esportes, nos clubes esportivos, nas propagandas
(marketing, venda de produto, com o uso da gestalt), nos hospitais (em terapias
breves, ou psico-oncologia) e no tratamento de adicção (pela entrevista
motivacional).
Essas duas áreas, a de produção científica e a Psicologia Aplicada, são
práticas aceitas pelos Conselhos de Psicologia. Porém, o psicólogo não pode
medicar fármacos para um cliente, nem quebrar o sigilo deste sem seu
consentimento (há casos onde essa quebra de
sigilo é possível, como no caso de alguém que pode pôr em risco a vida de
outra pessoa, ou a sua própria).
O terapeuta não pode utilizar métodos que não estejam em estudo científico,
aprovado pelo Conselho, como utilizar florais de Bach, regressão a vidas passadas,
homeopatia, terapia bioenergética, entre outros. Ao usar esses métodos, o terapeuta
é proibido de utilizar o título de psicólogo.
A acupuntura e a hipnose são as únicas práticas complementares
regulamentadas e aceitas pelo Conselho de Psicologia, mas a utilização dessas
práticas deve atender a normas de conduta ética estipuladas pelo Conselho de
Psicologia.

Você também pode gostar