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COMO CONTAR

UMA HISTÓRIA
Eduardo Marinho – doutorando em
Literatura Brasileira (FFLCH-USP)
Literatura na sala de aula – 17/10 – Aula 6
PREÂMBULOS
Links para vídeos das performances:

Light/Dark:
https://youtu.be/t-j0Ey2O4HU

The Lovers:
https://youtu.be/KtX7yZo_5vg

The artist is present (MoMA)


https://youtu.be/OS0Tg0IjCp4
A sensibilidade à linguagem

O erro mais comum dos estudantes de literatura é ir


diretamente ao que diz o poema ou o romance,
deixando de lado a maneira como se diz. [...]
As obras literárias, além de relatos, são peças retóricas.
Exigem um tipo de leitura especialmente alerta, atenta
ao tom, ao estado de espírito, ao andamento, ao
gênero, à sintaxe, à gramática, à textura, ao ritmo, à
estrutura narrativa, à pontuação, à ambiguidade - de
fato, a tudo o que se encontra na categoria de "forma“.
O que essas estratégias têm em comum é uma
acentuada sensibilidade à linguagem.
A interpretação da obra literária

A melhor maneira de ver uma obra literária não é como um texto


com sentido fixo, mas como matriz capaz de gerar todo um leque de
significados possíveis. Mais do que conter significados, a obra os
produz. [...]
O significado é um assunto público. Não existe um significado que
seja só meu, como um terreno que é propriedade minha. [...]
O significado pertence à linguagem, e a linguagem destila a maneira
como entendemos coletivamente o mundo. Ele está ligado às
maneiras como lidamos com a realidade - a valores, tradições,
pressupostos, instituições e condições materiais de uma sociedade.
[...]
Se o significado é relativamente determinado, é porque não se
resume apenas a uma questão verbal. Ele representa um acordo
entre os seres humanos num tempo e num espaço determinados,
encarnando o que compartilham nos modos de agir, sentir e
perceber.
BREVES CONSIDERAÇÕES SOBRE
O PONTO DE VISTA NA FICÇÃO
Definição de ponto de vista

Segundo o professor Alfredo Leme Coelho de Barros, nos estudos


sobre o foco narrativo, a expressão mais empregada é ponto de
vista (point of view). Outras expressões usadas pelos estudiosos
da literatura são: foco narrativo, foco de narração, focalização,
visão, ângulo visual e prisma.
O ponto de vista serve ao ficcionista para, ao mesmo tempo se
esconder e se revelar. Ele permite estabelecer uma distância
entre o escritor e o narrador, e entre o narrador e a história
narrada. Em uma narrativa de ficção, o manejo do ponto de vista
guia o leitor pelo enredo, aproximando-o ora da ação narrativa,
ora de um ou mais personagens.
Ponto de vista é o recurso técnico que permite ao autor despir-se
de seus próprios preconceitos e se mover pelo mundo criado
(além de poder observar como os personagens se movem nesse
espaço ficcional. (Norman Friedman).
Definição de ponto de vista

Investigar o ponto de vista em um texto ficcional significa tentar responder as


seguintes perguntas:
▪ Quem fala ao leitor, isto é, quem está narrando a história? (narrador em 1ª ou 3ª
pessoa / personagem ou testemunha da ação?)
▪ De que perspectiva a história está sendo narrada? (de cima, da periferia, pela
alternância de pontos de vista, pela rememoração?)
▪ Que canais de informação o narrador usa para transmitir a estória ao leitor?
(palavras, pensamentos, percepções do autor/da personagem)
▪ A que distância o leitor é colocado do material narrativo? (próximo, alternado,
distante?)
A porta do quarto se abriu e eles saíram no corredor. Calçando as luvas
Sousa Costa largou por despedida:

— Está frio.

Ela muito correta e simples:

— Estes fins de inverno são perigosos em São Paulo.

Lembrando mais uma coisa reteve a mão de adeus que o outro lhe estendia

— E, senhor... sua esposa? está avisada?

— Não! A senhorita compreende... ela é mãe. Esta nossa educação


brasileira... Além do mais com três meninas em casa!...

— Peço-lhe que avise sua esposa, senhor. Não posso compreender tantos
mistérios. Se é para bem do rapaz.

— Mas senhorita...

— Desculpe insistir. É preciso avisá-la. Não me agradaria ser tomada por


aventureira, sou séria. E tenho 35 anos, senhor. Certamente não irei se sua esposa
não souber o que vou fazer lá. Tenho a profissão que uma fraqueza me permitiu
exercer, nada mais nada menos. É uma profissão.
- Quem fala ao leitor?,
Falava com a voz mais natural desse mundo, mesmo com certo orgulho que - De qual perspectiva?
Sousa Costa percebeu sem compreender. Olhou pra ela admirado e, jurando não falar - Por meio de quais canais de
nada à mulher, prometeu. (p. 49) informação?
- A que distância o leitor foi colocado?
A porta do quarto se abriu e eles saíram no corredor. Calçando as luvas
Sousa Costa largou por despedida:
As frases grifadas em
— Está frio. amarelo correspondem a
um narrador em terceira
Ela muito correta e simples: pessoa.
— Estes fins de inverno são perigosos em São Paulo.
A voz narrativa é
Lembrando mais uma coisa reteve a mão de adeus que o outro lhe estendia. intercalada pelo discurso
direto dos personagens
— E, senhor... sua esposa? está avisada?
(imitação do outro).
— Não! A senhorita compreende... ela é mãe. Esta nossa educação
brasileira... Além do mais com três meninas em casa!... A perspectiva do narrador
oscila entre Sousa Costa
— Peço-lhe que avise sua esposa, senhor. Não posso compreender tantos
mistérios. Se é para bem do rapaz.
e Fraulein Elza.

— Mas senhorita... A ação é completada pela


descrição de
— Desculpe insistir. É preciso avisá-la. Não me agradaria ser tomada por pensamentos de Elza
aventureira, sou séria. E tenho 35 anos, senhor. Certamente não irei se sua esposa
não souber o que vou fazer lá. Tenho a profissão que uma fraqueza me permitiu (“lembrando mais uma
exercer, nada mais nada menos. É uma profissão. coisa...”) e de Sousa
Costa (“jurando não falar
Falava com a voz mais natural desse mundo, mesmo com certo orgulho que nada...”)
Sousa Costa percebeu sem compreender. Olhou pra ela admirado e, jurando não falar
nada à mulher, prometeu.
Não vejo razão pra me chamarem vaidoso se imagino que o meu
livro tem neste momento cinquenta leitores. Comigo 51. Ninguém
duvide: esse um que lê com mais compreensão e entusiasmo um escrito
é autor dele. Quem cria, vê sempre uma Lindóia na criatura, embora as
índias sejam pançudas e ramelentas.

Volto a afirmar que o meu livro tem 50 leitores. Comigo 51. Não
é muito não. Cinquenta exemplares distribuí com dedicatórias
gentilíssimas. Ora dentre cinquenta presenteados, não tem exagero
algum supor que ao menos 5 hão de ler o livro. Cinco leitores. Tenho,
salvo omissão, 45 inimigos. Esses lerão meu livro, juro. E a lotação do
bonde se completa. Pois toquemos para avenida Higienópolis!

Se este livro conta 51 leitores sucede que neste lugar da leitura


já existem 51 Elzas. É bem desagradável, mas logo depois da primeira
cena cada um tinha a Fräulein dele na imaginação. Contra isso não
posso nada e teria sido indiscreto se antes de qualquer familiaridade
com a moça, a minuciasse em todos os seus pormenores físicos, não
faço isso. Outro mal apareceu: cada um criou Fräulein segundo a
própria fantasia, e temos atualmente 51 heroínas pra um só idílio.

51, com a minha, que também vale. Vale, porém não tenho a
mínima intenção de exigir dos leitores o abandono de suas Elzas e impor
a minha como única de existência real. O leitor continuará com a dele.
Apenas por curiosidade, vamos cotejá-las agora. Pra isso mostro a
minha nos 35 atuais janeiros dela.
Tipologia de C. Brooks e R. P. Warren

NARRATIVAS EM 1ª PESSOA NARRATIVAS EM 3ª PESSOA


▪ Narrador-protagonista: personagem ▪ Autor-observador: limita-se a apresentar
principal que conta a própria história. O os fatos externos e os eventuais
personagem tem voz autônoma. A diálogos, sem penetrar a mente das
distância entre autor e narrador se personagens.
amplia ao máximo.

▪ Narrador observador: que participa mais ▪ Autor-onisciente: penetra na mente das


ou menos da ação narrativa. Se este personagens, desvendando seus
narrador se posiciona fora do núcleo da pensamentos e sentimentos.
ação, ele se aproxima da figura do
autor.
Tipologia de Norman Friedman

AUTOR ONISCIENTE INTRUSO NARRADOR ONISCIENTE NEUTRO

▪ Onisciência significa um ponto de vista ▪ O autor fala de maneira impessoal, objetiva,


na 3ª pessoa, abstendo-se de emitir qualquer
totalmente ilimitado. Os narradores opinião.
oniscientes são vozes sem corpo, e não
personagens específicos. À sua maneira ▪ Isto não significa ausência de julgamento, que
anônima e inidentificável, agem como a pode aparecer por meio de personagens
porta-vozes que funcionam como projeções
mente da própria obra. do autor).
▪ A intrusão é caracterizada pela presença de ▪ O autor se interpõe entre o leitor e a história,
intromissão (espécie de opinião ou dominando a percepção e a consciência de
suas personagens.
comentário) sobre a vida e a moral das
personagens. ▪ Chamaremos onisciência seletiva quando o
leitor fica limitado à mente de apenas
▪ Oferece um maior risco na quebra da ilusão personagem. Já a onisciência seletiva
(pacto narrativo). múltipla mobiliza livremente diversos
personagens, para produzir um efeito de
meio social.
▪ A personalidade do autor desempenha uma
função dentro da obra, podendo ocorrer
uma fusão entre autor e narrador.
Tipologia de Norman Friedman

“EU” COMO TESTEMUNHA NARRADOR PROTAGONISTA


▪ O autor delega a tarefa da narrativa ▪ Constituída em 1ª pessoa cuja visão é
para outra figura (um personagem que central, e não mais periférica.
tem uma visão da periferia dos
acontecimentos – em relação ao ▪ Ponto de vista ideal para narrar o
personagem principal). crescimento de uma personalidade à
medida que ela reage à experiência.
▪ Ele pode conversar com outras
personagens e com o próprio ▪ Devido ao fato de o personagem estar
protagonista; pode também entrar em envolvido na ação, sua mobilidade é
contato com a mente deles por meio do reduzida.
arranjo de cartas, diários e outros
escritos.
Helga, de Lygia Fagundes Telles (abertura e encerramento)
Helga, de Lygia Fagundes Telles (corpo da narrativa)

Forma discursiva ambígua, projetada a partir da mistura de duas perspectivas distintas: a do personagem e a do narrador (que também é personagem).
BREVES CONSIDERAÇÕES SOBRE
A PERSONAGEM DE FICÇÃO
A pessoa e a personagem
Literatura e personagem – Anatol Rosenfeld

“A criação de um vigoroso mundo imaginário, de personagens


“vivas" e situações "verdadeiras", já em si de alto valor estético,
exige em geral a mobilização de todos os recursos da língua,
assim como de muito outros elementos da composição literária,
tanto no plano horizontal da organização das partes sucessivas,
como no vertical das camadas; enfim, de todos os meios que
tendem a constituir a obra de arte literária.”

(In: A personagem de ficção, p. 37)


Character [personagem]

Hoje em dia, a palavra character [traduzida como "personagem"], além de figura literária,
pode significar também uma letra, um símbolo, um caractere ou caráter, em suma.
Vem de um termo grego antigo, significando um sinete ou timbre que imprime uma marca
específica. Daí passou a significar a marca característica de um indivíduo, e não apenas sua
assinatura. [...]
Depois de algum tempo, veio a designar a pessoa como tal, homem ou mulher. O caráter,
como sinal que representava o indivíduo, passou a ser o caráter, como identidade própria
do indivíduo. O que havia de característico na marca se tornou o caráter único daquela
pessoa. [...]
Transição de "caráter" como marca peculiar de um indivíduo para "caráter" como
identidade do próprio indivíduo liga-se ao nascimento e desenvolvimento do individualismo
moderno. Agora os indivíduos são definidos pelo que têm de característico, como a
assinatura ou a personalidade inimitável. [...] Hoje, o termo "caráter" designa as qualidades
morais e mentais de um indivíduo.
Terry Eagleton – Como ler literatura, p. 56-57.
Memórias Póstumas de Brás Cubas, de Machado de Assis

▪ Vamos fazer uma observação sobre o


modo como Machado de Assis criou o
personagem Cotrim.
▪ Cumpre destacar que Cotrim é
apresentado sob a ótica do narrador-
defundo, Brás Cubas.
▪ Observe como há um entrelaçamento
entre o personagem e o seu contexto,
numa rede complexa de mútuas
dependências. Ele é formado por forças
sociais e históricas.
▪ O personagem não se reduz à dicotomia
essência/aparência. O que está em
jogo são as várias máscaras sociais
adotadas pelo Cotrim.
A criação estética da personagem

A personagem não pode ser criada do início ao fim a


partir de elementos puramente estéticos, não se pode
"fazer" a personagem, esta não seria viva, não iríamos
"sentir" a sua significação estética.
O autor não pode inventar uma personagem
desprovida de toda independência em relação ao ato
criador do autor, ato esse que a afirma e enforma [...]
Por trás dos elementos transgredientes da forma
artística e do acabamento devemos sentir vivamente a
consciência humana possível à qual esses elementos
são transgredientes [...] sentir isso significa sentir a
forma, seu poder salvador, seu peso axiológico – a
beleza.
Mikhail Bakhtin.
As personagens dos modernistas – Terry Eagleton

Os modernistas estão à procura de novos modos de caracterização das personagens,


colocando esta instância da narrativa em cheque a partir da ideia de crise do conceito
de identidade. Para os escritores do final do século XIX e principalmente a partir do
modernismo do século XX, o personagem não terá mais toda uma consistência e uma
continuidade e serão construídos de modo compactado, fragmentário, incompleto.
Alguns procedem compactando tanto a complexidade psicológica das figuras literárias
até que o caráter, na acepção clássica, começa a se desintegrar. Depois que se começa a
ver a consciência humana como algo insondavelmente intrincado, é difícil fazê-la caber
dentro de limites claramente definidos.
As obras modernistas empregam ainda outra forma de desmantelar as ideias tradicionais
de personagem: procurando revelar algo sobre as forças que moldam o eu nos níveis
mais profundos. O eu explorado nessas obras está em algum lugar no outro extremo das
ideias, emoções, traços de personalidade, valores morais ou relacionamentos habituais.
Pertence a algum campo obscuro, primordial, profundamente impessoal do ser.
SOU EU!
JOÃO GILBERTO NOLL
Troca de impressões sobre o conto
Sobre as personagens

Personagem 1 Personagem 2
▪ garoto campesino, ▪ garoto das motos/das cidades,
▪ menino caipira dos campos/rural/do ▪ Garoto/animal urbano,
sertão,
▪ garoto dos viadutos e das baladas,
▪ pequeno sertanejo,
▪ Menino das cidades
▪ camarada campesino,
▪ pequeno caipira,
▪ colega de aventuras solares,
▪ rapaz da poeira da estrada,
▪ amigo dos campos em flor,
▪ garoto do rio e das cigarras
Elementos do enredo

▪ Menino da cidade vai passar as férias em Ribeirão do Alto. Ele é descrito como sendo um garoto
“aéreo”, “distante”, dado à introspecção e a se perder em “veredas mentais”. Numa manhã, encontra na
roça um menino campesino e juntos saem para mergulhar no rio. Mergulham no rio e ficam brincando
dentro d’água [p. 13-17]
▪ Menino da cidade está em frente a um espelho se barbeando. A barba é recente, mas parece indicar
deslocamento temporal em relação ao relato anterior. [p. 17-20]
▪ Menino da cidade “retorna” ao rio, em companhia do menino dos campos. Observam que, ao lado do
rio, há um “misterioso bosque escuro”, mas voltam para o rio. Passa do meio-dia. Durante a tarde,
passeiam pela estrada empoeirada – eles desejam chegar no mar. Adentram o bosque, acompanhados
de um cachorro, ao entardecer [p. 20-34]
▪ Menino do campo entra em um barco conduzido por um homem de pé, com um candeeiro na mão e
parte, acompanhado pelo cachorro. O menino das cidades vê sua própria face do outro lado do lago,
que logo se transforma na do caipira. [p. 34-37]
▪ Futuro da narrativa: menino das cidades torna-se escritor e presenteia o menino dos campos com um
livro. Este lê o livro e retorna ao momento em que ambos eram crianças e passaram um dia de verão
juntos. [p. 37]
▪ Retorno ao presente da narração, ao rio – que parece um “gigantesco manto de plástico negro”.
Anoiteceu. Volta para casa desacompanhado, pensando como explicar o sumiço do amigo. Reencontra
o amigo atrás de uma cerca. Volta pra casa e “pensou que enfim estava livre da infância”.
SALTOS NO TEMPO/ESPAÇO

“O menino das cidades era simplesmente assim. Às vezes procurava apoio


em triviais reminiscências para se recuperar do excesso de lazer, como aquele de
Ribeirão do Alto, nas ondas do verão.
Um rapaz de barba recentíssima, que ainda não sabia vislumbrar a cara que
teria no futuro próximo, quando enfrentasse enfim mais o dia como adulto.
Por isso agora ele estava ali, na frente do espelho. Passava o aparelho de
barbear pelos dois lados da face. E se sentia ainda incapaz para o novo rosto que
custaria a brotar.” (p. 17)
“Sim, o garoo das cidades não se movimentava tanto. Parava e contemplava
cada coisa. E depois ficava todo confuso quanto à ordem dos acontecimentos. O
que viera antes? E depois? [p. 21]
“Mas aquele dia não teria fim. Eles jamais precisariam lembrar dessas horas
resplandecentes porque elas jamais se apagariam, com uma força inesgotável. [p.
29]
SALTOS NO TEMPO/ESPAÇO

O pequeno caipira aprenderia enfim a ler e a escrever. Quem sabe se


mudasse então para a cidade grande e ali se transformasse em mais um garoto
urbano?
Quando no futuro o rapaz citadino estivesse publicando seu primeiro livro, ele
viria a Ribeirão do Alto para presentear seu amigo com um exemplar. [p. 37]
Momentos de paradoxo e sobreposição

Parecia uma quebra entre o rapaz da poeira da estrada e o garoto urbano que
sempre se imaginara único. Tinham sido uma pessoa só?
Davam-se conta disso só agora?´ [p. 36]

O rapaz urbano mirou fundo os olhos do amigo e indagou calado se ele era
aquele caipira mesmo ou se esse daqui, do outro lado, esse garoto em temporada de
férias na terra do pai. Poderia tirar a limpo essa questão? [p. 41]
OBRIGADO!

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