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História Medieval, Universidade Federal Fluminense, 2020.

Maria Fernanda Guimarães, 1º período.

Fichamento textual.

Poder politico y aparatos de estado en la castilla bajomedieval. Consideraciones sobre su problemática.


Antón, J. M. M.

 As transformações políticas do final do período medieval são um dos temas que requerem uma
profunda reflexão histórica.
o O fortalecimento da monarquia e dos órgãos centrais, do poder político dos reis, a criação de
estruturas burocráticas e centralizadas  são só algumas das descrições comuns das
estruturas políticas baixo medievais.
 Mais importante: conhecer o significado dessas características.
o Vários problemas históricos e teóricos surgem.
 A natureza do estado, especialmente a natureza da classe; o papel da organização
política nas relações sociais (e vice-versa), a possibilidade de colocar as bases de
conhecimento de um modelo castelhano de articulação de estruturas de classe e
superestruturas; a verificação histórica da operacionalidade dos conceitos teóricos
sobre a problemática do Estado, etc.
 Séculos XIV e XV  período de transição de uma organização política feudal ou feudovassálica X
organização estatal centralizada – própria da Idade Moderna.
 As transformações institucionais, jurídicas e políticas encaminham para um aparato estatal: a
monarquia absolutista, autoritária e preeminente. – vigente durante os séculos XVI – XVII.
o Diversos autores defendem que as lutas entre a nobreza e a monarquia do fim do medievo
ocorreram de modo que a nobreza tenha cedido o poder político em troca de uma garantia de
suas posições socioeconômicas privilegiadas.
 o fenômeno é visto como um processo em que, em algum momento, se separam
Estado e sociedade, que se supõe estarem entrelaçados nas relações feudais anteriores.
o A partir disso, para historiadores materialistas, o feudalismo será uma realidade apenas
econômica e social, a sociedade  senhorial, o estado não será mais feudal.
o Do materialismo histórico, a divisão entre Estado e sociedade é de difícil compreensão
porque se reconhece uma necessidade de aplicação do poder político para obtenção da renda
nas unidades de produção no período feudal. Logo é difícil entender que a classe dominante
desistiu deste poder a um estado que, mesmo que proteja seus interesses, concentra-se em si
mesmo.
 Esta falta de harmonia entre modo de produção e formação social concentrará
problemas.
 Pondera-se aqui que essa é apenas uma das compreensões desse período; há autores que defendem
outras.
o Salustiano de Dios fez uma crítica em um artigo sobre a concepção desse esquema
“ternario” (página 2).
El citado autor critica estas concepciones5 , en base a que, por un lado, la creación del estado
moderno no puede supeditarse a la supervivencia o no del papel de los estamentos6 ; y, por
otro, porque los autores objeto de crítica «dan a entender que la construcción del estado
absoluto depende más que de otros factores de la persona del rey»7 . (Página 3)
o Para o autor, desde o final do século XV podemos falar de estado, e não antes, um tipo de
estado que duraria até o século XVIII e que teria três notas distintivas: seria estatal, absoluta e
imponente.
 Ocorre que essas tendências demoraram a aparecer dada a negativa dos
poderes jurisdicionais de abandonar o seu papel decisório.
 O autor descreve os prós e contras das interpretações ao final do parágrafo.
 O autor destaca outras interpretações também, como a de Fernández Albadalejo na página 4,
ponderando os problemas e as contribuições.
o Alerta que critica, particularmente, as concepções que:
 “niegan la existencia del estado antes de la revolución burguesa; las que parten del
«alumbramiento» del estado en una fase determinada del sistema feudal; las que
identifican estado con monarquía o con estado central estrictamente; aquellas que no
contemplan dentro de la problemática estatal los aparatos descentralizados; las que
disocian la estructura de clases de la estructura y poder del estado” (página 5)
o E afirma seus critérios metodológicos, suas defesas que devem estar pré-estabelecidas para
melhor compreensão de seu texto ao final da página 5 e início da 6.
1. Poder político no feudalismo
 O poder político dentro de suas diversas formas dentro de uma sociedade. Mas, sobretudo, sua
especificidade está na atuação por meio das decisões vinculativas para uma comunidade inteira,
acompanhando ou fundindo-se com outras formas de exercício do poder.
o Essa é uma relação que se manifesta através da materialidade orgânica e da concretização
institucional de algumas estruturas organizacionais que chamamos de estado.
o Quando o poder político interfere na distribuição de bens entre os membros da organização
social  esse poder ou sua concretização estatal tem caráter de classe.
 O papel do estado na sociedade  como materialización de unas relaciones de poder
específicamente político, o estado é o fator de coesão entre os elementos da formação social e de
reprodução de existência de algumas relações sociais.
o A ação estatal é realizada através de seu sistema de aparato.
 Dentro desse modo de produção, o poder político apresenta três características substantivas, que o
autor pretende demonstrar:
1. 1º) el poder político, o estado, en el feudalismo, a diferencia de lo que ocurre en el
capitalismo, se halla implicado directamente en las relaciones de producción;
2. el estado aparece fragmentado en múltiples parcelas de soberanía, tantas como
unidades de apropiación de excedentes, lo que se traduce en un sistema de aparatos de
estado caracterizado por la descentralización política, aunque no sea total;
3. la existencia de la desigualdad jurídica, consustancial al feudalismo, tiene que ser
garantizada y reproducida por el estado.
 Tal formulação responde uma abordagem  o conhecimento do estado feudal, onde está o papel
dominante no modo de produção feudal X outras instâncias na reprodução das relações sociais de
produção não pode, em qualquer caso, iludir o conhecimento destes em sua maior dimensão global,
nem constitui condição suficiente para tal reprodução, pelo simples motivo que, seja qual for o seu
papel estrutural, não pode explicar totalmente as relações sociais e suas configuração e conteúdo
intrínseco, que são condições objetivas de sua própria existência superestrutural.
 Ao estudar um modo de produção deve-se levar em conta as forças produtivas, classes sociais... que
se relacionam com o conceito mais importante: o das relações sociais de produção.
o Sem o conceito marxista de mais-valia não é possível entender as relações de produção.
 Na página 8 o autor explica o conceito.
o As diferentes formas de exploração do trabalho, a obtenção de mais valia historicamente 
condicionam as relações de dominação, a organização social e as formas de dominação
jurídico-políticas.
 Tendo essa metodologia em mente, o autor questiona: como se configura, no feudalismo, a relação
entre os proprietários dos meios de produção e os produtores diretos para resultar uma determinada
organização sociopolítica, da qual seu “segredo mais íntimo” é seu fundamento?
o A dominação jurídico-política no modo e produção feudal responde a uma forma específica
de exploração de trabalho que se caracteriza pela não separação total de produtores diretos
dos meios de produção.
 No capitalismo o a mais-valia não é percebida claramente, no feudalismo o é.
 Feudalismo: processo de produção não tem intervenção direta do senhor feudal  para obrigá-los a
produzir os excedentes: coerção extraeconômica, político-legal. Resultando na obtenção da renta
feudal, chave da exploração do feudalismo.
 Portanto – primeira hipótese – o poder político e o estado funciona como via de apropriação de
excedente. O exercício do poder político está organicamente implicado nas relações de produção.
 Além disso – segunda hipótese – a necessidade da coerção extraeconômica para obter a mais-valia.
Por isso, a reprodução das condições materiais de produção e exploração do trabalho é a própria
reprodução das condições políticas de dominação, em que cada unidade de extração excedente se
funde com um mesma unidade política; a soberania é fragmentada.
 A terceira consequência é que se a coerção extraeconômica ou jurídico-política é instrumento de
exploração do trabalho, a desigualdade entre os indivíduos é, em diferentes níveis, que uns e outros
ocupam posições distintas em torno da renta feudal. O privilégio é efetivamente a expressão mais
definidora da discriminação jurídica entre as pessoas. Nesse sentido, urge entender que o estado tem
que reproduzir tal desigualdade.
 As superestruturas políticas, donde o modo de produção feudal é dominante, tem que refletir estas
três características supramencionadas.
 A harmonia entre o modo de produção e formação e socioeconômica deveria ser clara em qualquer
interpretação, de acordo com o autor.
 Questiona-se: ¿Qué ocurre, sin embargo, cuando las categorías del modo de producción que hemos
propuesto —u otras de formulación análoga— han de encontrarse con la existencia de un estado
centralizado, como el que se perfila desde la Baja Edad Media en toda Europa y se consolida durante los
siglos siguientes? (página 11).
o Materialistas: consideram que o novo estado será um instrumento das classes dominantes,
seja por estar subordinado a elas ou por se defender com independência de posições nobres;
seu nascimento, além disso, está relacionado com os reajustes causados pela crise do século
XIV.
 A concepção instrumental – de caráter incompleto e inexato – aponta deficiência teórica. Radicadas
na consideração de exterioridade do estado a respeito da sociedade.
 O autor problematiza uma tese e argumenta os problemas da concepção dualista apresentada por ele.
 Desde a Baixa Idade Média uma nascente organização estatal se colocando no lugar de um poder
político a uma exploração do trabalho em cada unidade de produção de renta. As classes dominantes
começam a deixar sua forma de dominação direta nas mãos de uma instancia central e a defesa de
seus interesses de classe.
 O autor clareia que um dos objetivos desse trabalho é demonstrar que os traços fundamentais do
poder político no feudalismo se mantém apesar da centralização.
o Há evolução da forma de estado durante o feudalismo – também nas formas de produzir,
consumir, intercambiar... Mas não rupturas.
o Objetiva-se também  demostrar que o estado central não é um sujeito exterior às classes.
 Concluindo a seção com três premissas:
1. O modo de produção é um conceito unitário que abarca instancias econômicas, jurídico-políticas
e ideológicas; não é meramente econômico.
2. O poder político – no modo de produção feudal – intervém diretamente na exploração de
trabalho, aparece fragmentado e produz desigualdade jurídica. Fusão entre unidade econômica e
unidade de coerção.
3. Até o século XVIII se considera o feudalismo como modo de produção dominante na Europa.
 Pode-se considerar que o modo de produção em questão não dura tanto e que a aparição de um
estado centralizado e soberano marca o “princípio do fim do feudalismo”.
 Apesar das diversas outras interpretações, o autor pretende destacar que:
o As classes dominantes não perdem o poder político no processo de centralização – novo
modelo de estado objetiva continuar o exercendo.  As classes dominantes como único
sujeito autêntico desse novo estado.
o Em nenhum momento enquanto existe feudalismo o estado arrebata o poder político às
unidades básicas de extração de renta. No feudalismo o senhorio nunca deixa de ser político
para ser exclusivamente econômico.
 O autor finaliza o tópico um abordando a questão do alcance e das limitações das transformações
políticas e institucionais baixo medievais. Crê que o conceito de centralização deve vincular-se à
estrutura de classes.
2. Desenvolvimentos do regime político castelhano
 Relacionaremos as transformações institucionais e políticas baixo medievais com as funções estatais.
Sendo as funções:
a) Capacidade normativa e de governo.
b) Capacidade extrativa, financeira e distributiva: propriedades e potencialidades fiscais
c) Capacidade de controle social mediante legitimação ideológica
d) Capacidade de uso da força ou violência estatal.
 Tese inicial: nos séculos finais medievais, em Corona de castilla  progresso do autoritarismo real,
da centralização institucional-administrativa e da burocratização. Afinando o estado como peça-
chave do sistema político.
 Criando um escopo histórico.
a) Uma característica do alto período medieval é a atomização sociopolítica de comunidades
hispano-cristãs, o que corresponde à fragmentação acentuada do espaço político.  os monarcas
exerceram tarefas de liderança política e militar, o que os levou a uma posição suprema. No
campo de regulamentos e jurisdição, os monarcas ajudaram a fixar o direito tradicional. A
administração central é simples, articula em torno de uma Curia composta por magnatas leigos e
eclesiásticos, dignidades e vassalos do rei.
 O autor assinala certas diferenças do poder real quanto a suas designações das funções estatais, bem
como limitações de seu poder entre os períodos alto e baixo medievais.
o O rei vai unindo desde o século XIII e durante toda a Baixa Idade Média a condição de
legislador supremo à tradicional de juiz supremo.
o Os progressos realizados na centralização administrativa estão ligados à maior capacidade
dos reis sobre a base da maior uniformidade jurídica dos códigos e de seu poder legislativo.
o Já no século XIII funcionam tribunais de justiça semiprofissionalizados.
o A capacidade legislativa dos monarcas facilita o intervencionismo jurídico-político nas
unidades políticas descentralizadas ao impor a suas próprias disposições as leis, cartas dos
ordenamentos de corte, etc.
 Apesar desses avanços as limitações dessa monarquia são enormes.
o A unificação jurídica longe de se consumar.
o As limitações dos reis pelos poderosos.
 Direito romano  mais liberdade de ação para os reis do século XIII.

 Limitação pelo papel dos notáveis e forças sociais nas cortes e o Conselho real

 As unidades políticas descentralizadas experimentam um processo de consolidação paralelo ao do


estado central.
 Séculos XII e XIII: fortalecimento da monarquia  conselhos elaboram os quadros sociais e
institucionais que garantam sua força.
o Criam-se ofícios próprios e se multiplicam as tarefas administrativas.
o Complexificação do trabalho político local, meios autônomos de financiamento.
 Os senhorios seguem exercendo sobre seus vassalos as funções estatais fundamentais e disfrutam
uma imunidade que dá lugar a afirmar o isolamento políticos dos domínios.
 O autor analisa na página 17 que o desenvolvimento castellano é contraditório porque observa-se o
fortalecimento de ações centralizadoras e descentralizadoras e alguns outros aspectos quanto à figura
do rei e à descontinuidade entre os primeiros séculos do baixo medievo.
 Durante os últimos séculos medievais, os fundamentos jurídicos sobre os quais o autoritarismo real
descansa e a centralização experimenta um progresso considerável.
 Ordenamiento de Alcalá – 1348. O autor sustenta as leis e ordem presentes no ordenamento e
apresenta sua importância.
o A atuação dos juízes se adequa aos códigos – desde o século XIII.
o Declive dos costumes locais (mas não total), adequação dos juízes, avanços baixo medievais
nos poderes legislativo e executivo dos reis.
o As leis de cortes se sustentam em um novo conceito de lei, elaborado desde o século XIV.
o  Mas desde o século XIV que os reis castellanos legislam por meio de “reales
pragmáticas” em virtude de seu “poder real absoluto”.
 O autor, na página 19, explica as diferentes formas que os reis exercem leis
singulares, “cartas”, os choques que podem ocorrer, limitações de seu poder etc.
o O autor relembra que não se pode esquecer que os aparatos descentralizados continuam
exercendo funções estatais.  em posição jurisdicional inferior que a dos reis e analisa essas
questões com maior profundidade no último parágrafo da página 20.
 Mesmo com limitações, o rei é o centro da monarquia no baixo medievo.
 Lembrando que simultaneamente ao crescimento do poder do rei ocorre o processo de centralização
administrativa.
o Os órgãos criados, as delegações de funções a partir do rei...
 As forças sociais estão presente nesses órgãos e legislam, governam em nome do rei.

 O rei não renuncia ao exercício pessoal de poder.

 “Lo cierto es que, desde la óptica del régimen político, el rey interviene personalmente
a través de los órganos centrales de la monarquia” (página 21)

o Com o tempo, A administração Central começa a exercer o ofício de forma mais técnica,
sujeita a regulamentos internos dos órgãos.
 Criação da Audiencia e do Consejo Real, principal órgão de decisões da monarquia durante os
últimos séculos medievais.
b) Capacidade financeira e extrativa estatal, nos séculos XIV e XV, recai de forma organizacional
central, relacionada às mudanças nos sistemas tributários.
o Segunda metade do século XIV  la Hacienda regia contará com um sistema complexo de
tesoureiros, contadores, cobradores, sistema de arrendamento, o que se vincula ao
estabelecimento da alcabala como principal imposto ordinário.
o A importância do aumento da capacidade extrativa do estado também permite sustentar a
centralização estatal em termos de custos burocráticos e drenagem de recursos que necessita a
reprodução social das classes dominantes em período de ajuste estrutural.
b) A monarquia baixo medieval encontra legitimação na sua configuração e dota-se de uma doutrina
e legitimidade que tende a enfatizar o avanço do autoritarismo real e fortalecimentos dos poderes
centrais.
 O autor aborda a questão de os reis serem ou não submetidos às leis e como isso reverbera entre os
indivíduos notáveis.
 O embate teórico nos séculos XIV e XV sobre o caráter contratual ou autoritário da monarquia 
importantes tratadistas participaram, como Sánchez de Arévalo, Alonso de Madrigal, Alvaro
Pelayo...
 Conceito doutrinário de soberania dizia que os reis eram submetidos apenas à lei natural e divina.
 Reinado de Juan II  período de formulação clara do absolutismo real em Castilla.
o É no reinado dos Reis Católicos quando a ideia dos monarcas como superando a suposta
dualidade rei-reino é definitivamente consolidada.
 O autor alerta que não se deve ser esquecido que se trata de concepções doutrinárias que refletem o
incremento do poder dos reis e fortalecimento das monarquias, não correspondem com a realidade
das práticas políticas e, sobretudo, mistificam a figura do rei, abstraindo do sistema social que
sustenta todo a ordem política.
d) Capacidade de uso das forças armadas experimenta uma absorção importante pelo estado central.
o Assumiram também a defesa das fronteiras através da oficialidade militar, pelos vínculos
vassálicos.
o A relação da nobreza com o ofício militar.
 Ao fazer um balanço dos fenômenos que se produzem na esfera político institucional do período do
XIV e XV:
o É inegável o processo de “autoritarismo real, centralização administrativa e burocratização”.
Mesmo com alcance limitado.
o O pluralismo jurídico não foi superado.
o O estado central não impõe suas medidas às unidades políticas descentralizadas.
o Mas houve transformações que já vinham ocorrendo  a superioridade dos reis e seus
poderes. (seus inícios desde os séculos XIII e XIV, Afonso X e XI).
3. El modelo castellano de centralización política
 O autor inicia o tópico abordando a questão já discutida sobre centralização política e fazendo
menção a conceitos marxistas. Interessa-nos pensar, de forma compara historicamente, quais são as
transformações no sistema nos interesses e estratégias das classes no seno das transformações
sociais, para entender que tipo específico de evolução estatal se configura.
o Só assim podemos explicar por que se produzem as transformações da superestrutura e em
que grau e de que modo respondem essas transformações, ou seja, visualizar qual o papel
específico da organização estatal numa transformação social determinada.
 O debate historiográfico em torno da estrutura de classes e desenvolvimento econômico pré-
industrial na Europa  necessidade de compreender os níveis de organização das classes em luta
para entender a articulação de poder na sociedade.
a) Tensão permanente na Europa medieval entre possessão campesina e capacidade dos senhores de
coerção. Nível de coesão intrasenhorial resulta na atuação como classe. O modo e o grau de
aplicação do poder marcam as características das classes dominantes.
a. As saídas das crises muito se relacionam com a coesão senhorial.
b. Quando os senhores conseguiram, no século XIII, o que Brenner chama de acumulação
política foram capaz de conquistar gradualmente os direitos à terra às custas dos
camponeses
c. O autor segue na página 29 apresentando a questão camponesa e senhorial quanto ao
contexto e à terra. Inclusive fazendo análises nos moldes de Brenner.
d. A fraqueza dos direitos dos produtores, as fortes reservas e a servidão camponesa
asseguram aos senhores ingleses uma drenagem densa e fluida de excedentes produtivos.
e. O autor cita diferentes regiões e formas como ocorreram as lutas entre as comunidades
aldeãs, os camponeses, os senhores...
 Assim, como houve disparidade no desenvolvimento das lutas de classes e estruturas agrárias em
distintas formas sociais, as saídas para as crises foram distintas também.
 As reações às crisis de ingresos seguem diferentes modelos e o autor as aborda, sob os conceitos
weberianos na página 29, as saídas para os senhores.
 No Leste da Europa os senhores reforçaram a servidão campesina. Através de coesão senhorial
conseguiram exercer bom controle social e político em nível local e regional.
o Reforço dos poderes senhoriais.
 Na França, o período de queda demográfica e a tendência de diminuição das rentas senhoriais
fortaleceu a possessão campesina.
o A brutalidade fiscal real francesa, o período monárquico e a burocratização de seu estado
central são expressões de necessidades senhoriais e o caso mais tangível de modelo
centralizado, de acordo com o autor.
o Procedimento de redistribuição de excedentes a favor dos senhores.
o O “absolutismo francês” integrou a nobreza à estrutura estatal, o fez para dificultar o uso dos
senhores dos mecanismos descentralizados além dos direitos eminentes, consolidando
legalmente os direitos dos camponeses sobre a terra.
o Na Inglaterra, a crise do século XIV rompe a coesão intrasenhorial e a estabilidade anterior
entre frações da nobreza e da monarquia.
 O autor discorre com mais profundidade sobre essa questão na página 32.
o Antón completa seu argumento do subtópico [a)] descrevendo a organização inglesa e
alegando que a organização e permeabilidade facilitou a superação mais breve das estruturas
feudais durante os séculos da Idade Moderna, os desenvolvimentos revolucionários
específicos, a transição rural e urbana ao capitalismo e a sociedade burguesa mais precoce.
b) Quanto à situação castellana, seguirá um modelo que exigirá uma grande centralização estatal
durante os últimos séculos medievais.
 O autor começa sua argumentação do subtópico [b)] esclarecendo o contexto de Castilla, seu
processo peculiar de conquista e repovoamento que impediu o auge da servidão, freou a expansão
dos domínios territoriais, facilitou o controle efetivo dos meios de produção pelas classes
senhoriais... Necessitou um estado central forte.
 Cabe aqui um trecho do texto:

En amplias zonas geográficas castellanas, con una situación marcada por la frontera, el
fenómeno de la colonización crea unas especiales condiciones que, sin entrar en detalles,
podríamos enumerar: escasa consistencia de la condición servil y exigüidad de las
prestaciones de trabajo en fechas muy tempranas; libertad de movimientos del campesinado,
que incluso se detecta en situaciones de dependencia un tanto especiales como las que se dan
con la behetría; acceso a la tierra y control efectivo de los medios de producción
fundamentales por los campesinos: sujetos a los derechos de la «propiedad feudal»66 , hay
una hegemonía campesina en la producción —generalmente en base a explotaciones
familiares—, una gran disponibilidad de los bienes raíces, que pueden ser objeto de
compraventa, donación, transmisión hereditaria, operaciones de arrendamiento, etc.; debilidad
relativa de los dominios territoriales; creación de precoces cuadros vecinales consolidados
prematuramente e institucionalizados en los concejos... (página 35)
 Outra característica provocada pelo processo de conquista: a emergência da supremacia real cedo.
o As exigências militarem corroboraram com a situação.
 Desta forma, a cavalleria villana, juntamente com o setor de eclesiásticos que também atuam como
rentistas e exploradores na organização do espaço e da produção, será incorporada à classe feudal,
resultando em um bloco social hegemônico original que marcará o desenvolvimento histórico
castelhano.
 Em qualquer caso, seja sem o precedente de uma fase histórica de autonomia concejil e maior
participação popular, como em Andalucia, incorporada ao marco institucional, século XIII. O certo é
que as oligarquias urbanas emergiram com força suficiente para manter fontes importantes de poder
político e econômico.
 Oligarcas e campesinos conseguiram dispor de terra e os primeiros, impedindo a polarização em
torno do controle da terra e reduzindo as potencialidades agrarias da nobreza senhorial, com o que a
coerção extraeconômica, adquire na Castilla um valor importante.  Por gerar e determinar a
constituição de dimensões jurídicas e políticas de uma situação de privilégio efetiva.
o O autor prossegue no último parágrafo da página 37 traços característicos da dimensão
jurídica, política e social no modelo superestrutural castellano.
 No auge do século XIII já se via o panorama de como seria a evolução histórica baixo medieval e a
configuração superestrutural.
 Quanto aos conselhos, quando não se pode mais ampliar, se produz a reconversão aristocratizante da
fração cavalheiresca, assentando as bases para oligarquização como rentistas e monopolizadores dos
aparelhos do conselho.
o Os conselhos têm tudo para instalar-se definitivamente no panorama político como parte dos
sistemas de aparatos de estados descentralizados.
o O senhorio jurisdicional desponta como o único viável para exercer o controle
descentralizado sobre os vassalos.
o O protagonismo sistêmico corresponde à classe senhorial e não ao regime monárquico.
 Desenvolvimento das forças produtivas no campo e o aumento dos excedentes comercializáveis
durante os séculos de expansão  desenvolvimento econômico baseado na agricultura, com
crescimento do artesanato e comércio.
o  Surgimento de estratos sociais não nobres, “burguesia”.
 Essas classes complexificam a composição do bloco social hegemônico e competem
com a nobreza feudal pela apropriação de excedentes.
o Toda essa conjuntura de excedentes, produção manufatureira, etc, algo que continua durante
os séculos XIV e XV favorecem o desenvolvimento da fiscalidade indireta.
o A centralização estatal baixo medieval tem como pano de fundo a criação de sistemas
tributários adequados ao sistema.
 A introdução da economia monetária e a inflação estrutural alteram também a situação agrária.
o Aumento dos preços e dos produtos agrários sustentam as rentas dos excedentes produtivos,
mas diminuem a importância dos tributos fixos.
o A situação se agravará quando emerge a crise e a baixa demográfica do campesinato
tributário.
 Ainda na compreensão do modelo...
 Criação de um formato castellano de reacción senõrial
o Diversos meios de sair das crises para os senhores  “intensificaron las explotaciones agrarias;
innovaron sistemas de arrendamiento, de tierras, dehesas, etc; introdujeron impuestos sobre el tráfico
de mercancías, el consumo o el ganado; intentaron relanzar tributos obsoletos de rancia raigambre
altomedieval —infurción, yantares...—; usurparon bienes o rentas comunales y concejiles; recurrieron
al pillaje y la violencia feudal.” (página 40)
 O autor ao final da página 40 e na 41 discorre sobre as características dos senhorios castellanos, a
relações com o povoado, organizados, seus direitos eminentes pelo solo – base fundamental do
senhoria da Castilla.
o Caráter territorial-tributário do senhorio solariego, na pratica o senhorio castellano baixo
medieval será do tipo denominado “jurisdicional”.
o O autor argumenta que essa sorte de senhorio corresponde a um catalizador para reprodução
social, uma necessidade histórica objetiva para as classes dominantes.
4. Estructura de classe y poder estatal de los aparatos centrales
 Uma das conclusões que o autor já esboça é que as classes dominantes castelhanas foram obrigadas
objetivamente a recorrer à centralização estatal.
 De que modo essas exigências das classes dominantes se manifestam no estado central?
 O estado e sua autonomia relativa tanto entre frações do bloco social como entre aparatos e se
expressa pela especificidade tanto do poder político que se realizada no estado central como do
personal do estado.
 A composição e a política emanada dos aparatos estatais aparecem fracionados internamente.
 Os aparatos desenvolveram capacidade de condensar ou processar politicamente relações
contraditórias.
 O autor finaliza o último parágrafo da página 43 questionando conjunturas referentes às contradições
internas, os conflitos de classe, etc.
o Continua na página seguinte argumentando que é “nessa capacidade de condensação de
contradições que o estado exerce por causa de sua autonomia relativa radica a operatividade
do recuso ao estado por parte das classes dominantes.”
 O estado central mantém uma autonomia relativa a respeito de cada fração de classe, cujas
contradições condensa internamente– questão supramencionada – graças à reprodução de hegemonia
do bloco social hegemônico globalmente. “com respeito ao polo das classes dominadas que não
participam do poder estatal”. (p.44)
 O autor remete à separação entre a estrutura dos aparatos e o poder estatal quando estudado o
caráter central do estado castelhano.
o Ambos os aspectos se referem à determinação estatal pelas relações de classe e a Função do
estado.
o O poder estatal exercido através dos aparatos se expressa no conteúdo de classe da política.
 Antón destaca que a extração nobre não monopoliza a composição dos aparatos.  no período do
baixo medievo.
o No alto medievo é diferente, os cargos altos são ocupados somente por nobres e magnatas,
laicos e eclesiásticos.
 “En síntesis, durante los siglos XIV y XV, la situación es la siguiente: los oficios de cuño
altomedieval, como alférez, mayordomo, canciller, de la corte, así como oficios de alto rango que se
desarrollan durante la Baja Edad Media, como almirante y condestable, se reservan a la alta nobleza.”
(p.45)
 O autor prossegue a frase acima mostrando outras tendências. Inclusive apresentando alguns
reinados.
 Mas questiona: O que ocorre com um dos principais órgãos, o Conselho Real?
o Sua importância fortemente marcada entre 1385 e 1387, de amplas competências...
o A partir de 1387 o estado cidadão será excluído, depois mais raro e marginal sua aparência.
 Os representantes da cidade foram substituídos por letrados, se assentando no
Conselho.
 Dada a exclusão da nobreza da administração judicial e financeira, e a importância do Conselho
Real, vê-se que os nobres estão integrados nos aparatos centrais do estado, mas compartilham com
outros, não nobres, burgueses, etc.  O que isso significa?
o Sintomas evidentes da perda do poder político por parte da nobreza. Se abria a porta para o
estado moderno.
 O autor faz uma ponderação quanto a algumas interpretações citadas nas páginas 46 e 47: “En el
estado feudal, si se parte de la fusión entre economía y política y de una imperfecta separación de poderes y
tareas, debería considerarse que la clase dominante es al mismo tiempo élite dirigente”.
o A nobreza tem um poder político importante para se alocar seus funcionamentos e
orientações nos aparatos e fora deles.
 A conclusão tirada das ponderações da página 47 é que a centralização política baixo medieval não
se produziu na perda do poder político dos nobres, mas no deslocamento do centro de gravidade
estatal e de uma divisão entre classe dominante pessoal do estado e o seno dos aparatos.
 O poder político exercido pelo rei é um produto da condensação de relações que caracterizam o
estado.
o De um lado sua atuação às margens de um determinado sistema social, por outro, seu poder é
superior à de qualquer dos senhores individuais, mas inferior à classe senhorial globalmente
considerada.
 O estado central não é apenas instrumento da nobreza, dada a luta de classes entre forças antagônicas
e entre frações do bloco hegemônico.
 O autor reforça a importância histórica da luta nobreza-monarquia.
o E com isso discorre como os momentos de força e fraqueza interferem no estado.
 De acordo com as demandas de centralização exigidas pela classe dominante, a política estatal é
orientada principalmente para a reprodução da hegemonia senhorial em todas as ordens.
o O estatuto pessoal privilegiado de que goza a classe senhorial.
o A manutenção da desigualdade jurídica.
 Durante o baixo medievo se produz uma profunda señoralización dos reinos castelhanos.
 “Antinobiliares” e “Proseñoriales” (p.52)
o Na mesma página: “Es, además, justamente a comienzos del siglo XVI cuando la normativa sobre
mayorazgos consolide jurídicamente de forma definitiva la propiedad territorial feudal.”
 Los ingresos centralizados constituíram a autêntica tabla de salvación da classe senhorial, em seus
níveis mais altos sobretudo.
 As novas rentas.
 Graças à participação dos senhores na fiscalização real, conseguiram apropriar-se da arrecadação de
excedentes nos solos de seus vassalos.
 A página 53 traz análises sobre o caráter de classe do poder estatal central, a lógica monárquica,
políticas anticoncejiles, etc.
 Seguido disso, algumas conclusões acerca do estado foram postas:
1º) O estado central não é sujeito exterior das relações de classe, mas essas fazem parte da
problemática estatal.
2º) O estado segue se materializando em uma multiplicidade de aparatos que combinam domínio
senhorial e político e realizam as funções estatais descentralizadas.
3º) A especificidade feudal não é a existência dessas unidades como a fragmentação interna e sua
articulação global, fundamentada na ocorrência dos diferentes aparatos e sistemas estatais num
espaço político que se sobrepõe competitivamente.

5. Fragmentación del espacio político y aparatos descentralizados

 As unidades jurídico-políticas continuaram sendo peça chave do sistema político na Baixa Idade
Média.
 Señorio nobilar uma das células básicas.
 Fusão domínio senhorial, territorial e dominação política.
 O autor disserta no último parágrafo da página 55 sobre os domínios senhoriais, as relações com o
território e o sistema.
 Paralelamente ao crescimento dos aparatos centrais no período baixo medieval, os centros políticos
senhoriais projetam poder estatal sobre o território e os habitantes.
 Grande intensidade e generalidades de atribuições senhoriais.
 Competências amplas dos senhoris desde nomeação e controle de oficiais do conselho a
administração de justiça. (p.56) Além das capacidades extrativas, a manutenção da ordem, etc.
 A página 57 apresenta características do equilíbrio entre poderes feudais, os conjuntos estruturais
organizativos, as competências de cada subclasse.
o A superioridade jurisdicional real frente às senhoriais.  pondera que a monarquia não é a
única fonte de poder político nem que o governo senhorial seja exercido por emanação dela.
 Traços dos consejos, protagonismo social das populações urbanas ou urbano-rurais...
 Ordenamiento de Alcalá marca o eclipse das normas forales como fonte de direito.
 O autor argumenta ser errônea a consideração do regimento como instrumento de autoritarismo real.
 Declive de la costumbre y fueros sintoma irreversível da perda da capacidade dos municípios como
criadores de direito e consequência lógica de um processo complexo.
 “Nos inclinamos por esta segunda interpretación y afirmamos que los concejos mantienen su capacidad
política para realizar las funciones estatales en sus ámbitos jurisdiccionales pero lo hacen por medio de otros
cauces normativos que vienen a suceder a los antiguos preceptos forales, ya desfasados: acuerdos municipales,
expedientes de oficiales concejiles sobre temas concretos y ordenanzas”. (p.60/61)
 As forças sociopolíticas que controlam os conselhos determinam a política municipal, condições de
mercado, direito de pastoreio, etc.
 Sobre os aparatos descentralizados, o autor diz comprovar que cumprem os requisitos próprios do
poder político no feudalismo  ligados diretamente às relações de produção, aplicação de coerção
jurídico-política nas unidades de produção, extração de renta... (p.62)
 Os aparatos descentralizados do estado feudal se constituem em unidades normativas de extração de
renta, ideológicas, “autênticos sistemas globais de poder”: estruturas de coerção física, jurídico-
política e ideológica.
 Os aparatos de conselho apresentam uma estrutura mais complexa que as demais. As classes sociais
estão presentes em sua composição, através das expressões medievais de estruturação social, filtros
corporativos estratificados, etc.
o Quando o indivíduo pertence a categorias sociojurídicas, possui um valor posicional
específico no aparato.
o A estrutura de classe se complexifica mais.
 O conselho não é um aparato monolítico, mas algo que compartilha com o estado central a
capacidade de condensação de contradições de classe, de grupo ou frações sociais.
 O autor argumento na página 64 sobre a análise dos aparatos, a forma mais rigorosa que deve ser
feita e apresenta a metodologia por ele entendida como mais adequada.
 A articulação global dos diferentes aparatos e seus sistemas, centrais e descentralizados – integrado
pelo estado e sistema político – é plenamente feudal.
 “Não há pois, uma mera descentralização administrativa que não questione a unidade de soberania
estatal, como se dá no capitalismo” (p.67)
 No feudalismo a concorrência dos distintos aparatos é estrutural, sistemática e política.
 O jogo hierárquico de potencialidades políticas dos aparatos que explica superposições de decisões –
concurrencia política de las diferentes fracciones de classe.
 Nos referimos a estado numa instancia soberana, com instituições estáveis, falando de um território,
comunidade.
o O autor finaliza seu texto argumentando que no modo feudal, isso também é encontrado, mas
com suas especificidades características, de território, de soberania, comunidade e
instituições.

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