Você está na página 1de 16

Técnicas de Natação Operacional e uso de implementos 1

Técnicas de Natação Operacional e


uso de implementos
2007

Cap Inf Antoine de Souza Cruz – Prec 327

Finalidade

A presente nota visa orientar os futuros candidatos aos cursos e estágios


operacionais do Exército Brasileiro que possuem em seu currículo disciplinas que
envolvam conhecimentos de natação operacional e/ou mergulho livre (Pantanal,
Guerra na Selva, Comandos e Precursor). Visa ainda, numa segunda instância,
proporcionar um aumento no cabedal de capacidades do oficial formado na AMAN.
Recomenda-se que todas as técnicas aqui descritas sejam treinadas em
ambiente controlado (piscina) e em duplas, no mínimo, haja vista a segurança do
militar. Nunca treine sozinho, por melhor nadador que você seja.

1. Natação fardado
O nado fardado do combatente com seu equipamento individual e seu fuzil é a
primeira técnica a ser praticada.

a. Uniforme e equipamento: uniforme 4° A1 completo, equipamento individual


NGA (anexo “A”) ajustado ao corpo, fuzil “pau-de-fogo” cruzado nas costas à tiracolo
(coronha para cima) e com a bandoleira estrangulada.

Militar equipado e pronto para o início dos trabalhos.

Precede, Guia e Lidera!


Técnicas de Natação Operacional e uso de implementos 2

b. Condições de execução: o homem desloca-se silenciosamente na superfície,


utilizando a técnica do nado de peito. Entretanto, o militar não mergulha a cabeça, que
permanece fora d´água para orientação durante o deslocamento.
c. Etapas para o treinamento: variam de acordo com o domínio da técnica por
parte de cada militar, respeitando-se as individualidades. É importante salientar que,
ao iniciar o treinamento, o homem só dever passar para a tarefa seguinte quando
estiver dominando a anterior.

Condições de execução
Tarefa
Uniforme Equipamento Armamento Tempo**

Nado de peito Sunga preta - - à critério


Nado fardado 1 Calça e gandola - - à critério
15´
Calça, gandola e 30´
Nado fardado 2 - -
camisa* 45´
60
15´
Calça, gandola, 30´
Nado fardado 3 - -
camisa e coturno* 45´
60
15´
Calça, gandola, 30´
Nado fardado 4 X -
camisa e coturno* 45´
60´
20´
Calça, gandola, 40´
Nado fardado 5 X X
camisa e coturno* 60´
80´
* uso do gorro (modelo aluno) facultativo
** dar voltas na piscina. Não tocar na borda.

2. Nado indiano
O nado indiano é um estilo peculiar executado com o auxílio de apenas um dos
braços. É aplicado quando o combatente necessitar atravessar um curso d´água
livrando seu armamento ou qualquer outro material sensível do contato com a água.

a. Uniforme e equipamento: uniforme 4° A1 completo, equipamento individual


NGA (anexo “A”) ajustado ao corpo, fuzil “pau-de-fogo” empunhado em seu centro de
gravidade com o cano voltado para a frente e com a bandoleira estrangulada.
b. Condições de execução: o homem desloca-se silenciosamente na superfície,
empunhado seu fuzil, utilizando a técnica do nado lateral. O braço livre em
coordenação com as pernas auxilia no deslocamento. Existem dois tipos de pernadas:
a primeira, tipo “polvo” ou “medusa”, nada mais é que a pernada de nado peito
executada lateralmente. A segunda é a pernada de natação de salvamento “Nat Salv”,
executada em dois tempos em forma de tesoura (figura).
c. Etapas para o treinamento: variam de acordo com o domínio da técnica por
parte de cada militar, respeitando-se as individualidades. É importante salientar que,
ao iniciar o treinamento, o homem só dever passar para a tarefa seguinte quando
estiver dominando a anterior.

Precede, Guia e Lidera!


Técnicas de Natação Operacional e uso de implementos 3

Pernada de “Nat Salv” (tesoura), tempos 1 e 2

Deslocamentos em nado indiano (mão direita e mão esquerda)

Condições de execução
Tarefa
Uniforme Equipamento Armamento Distância**

15m (X4)
Nado indiano Sunga preta - -
25m (X6)
Calça, gandola e 15m (X2)
Nado indiano 1 - -
camisa 25m (X4)
Substituir
Calça, gandola e por um 15m (X2)
Nado indiano 2 -
camisa* lastro de 25m (X4)
1 Kg
Calça, gandola, 15m (X2)
Nado indiano 3 - -
camisa e coturno* 25m (X4)
Substituir
Calça, gandola e por um 15m (X2)
Nado indiano 4 -
camisa e coturno* lastro de 25m (X4)
1 Kg
Calça, gandola, 15m (X2)
Nado fardado 5 X -
camisa e coturno* 25m (X4)
Calça, gandola, 15m (X2)
Nado fardado 5 X X
camisa e coturno* 25m (X4)
* uso do gorro (modelo aluno) facultativo
** executar o nado de ida e volta, alternado a mão que empunha o lastro/ fuzil,
nadando de frente para a borda da piscina

Precede, Guia e Lidera!


Técnicas de Natação Operacional e uso de implementos 4

3. Apnéia estática e dinâmica


A apnéia é um estado em que uma pessoa, voluntariamente ou
involuntariamente, cessa a respiração. É um pré-requisito muito importante para o uso
dos implementos, conforme será descrito mais abaixo.
Na apnéia a liberação de CO2 é temporariamente suspensa, resultando no
acúmulo de CO2 nas células, sangue e pulmões. Simultaneamente, o CO2 começa a
irritar o centro respiratório. Num momento particular, a irritação se torna tão
insuportável que a pessoa não é mais capaz de segurar a respiração. Então, ocorre
um desejo irresistível de exalar e liberar a grande quantidade de CO2, que é chamado
de "vontade de respirar", cessando a apnéia. A concentração de CO2 no sangue, que
força a vontade de respirar é chamada de linha crítica. A linha crítica não pode ser
determinada com rigor, pois depende das diferenças individuais. O alto nível da linha
crítica pode ser conseqüência das altas concentrações de O2, melhor treinamento de
apnéia ou simplesmente por segurar a respiração após uma inspiração máxima.
Normalmente, uma pessoa saudável tem a apnéia de 1 minuto. Se ela ignorar a
vontade de respirar, a concentração de CO2 excederá a linha crítica e poderá levar a
um apagamento ou sufocação.
A apnéia estática é aquela realizada sem movimentos, na borda da piscina. É o
primeiro estágio de treinamento da apnéia.
A apnéia dinâmica pressupõe um deslocamento submerso, utilizando a técnica
do nada de superfície descrito no item 01 (nado de peito).
Existem métodos de prolongar a permanência e a distância da vontade de
respirar. Isso é dado pela hiperventilação - a prática de ventilação excessiva. É uma
técnica não recomendável para uso em cursos, normalmente utilizada por atletas
apneístas profissionais e sob orientação médica.
Etapas para o treinamento: variam de acordo com o domínio da técnica por
parte de cada militar, respeitando-se as individualidades. É importante salientar que,
ao iniciar o treinamento, o homem só dever passar para a tarefa seguinte quando
estiver dominando a anterior.

Condições de execução
Tarefa
Uniforme Equipamento Armamento Tempo/Distância

20´´
40´´
Apnéia estática Sunga preta - - 60´´
80´´
Máximo*
20´´
40´´
Apnéia estática 4º A completo - - 60´´
80´´
Máximo
20´´
40´´
Apnéia estática 4º A completo X - 60´´
80´´
Máximo
20´´
40´´
Apnéia estática 4º A completo X X 60´´
80´´
Máximo
Apnéia Sunga preta - - 15m (X2) (X4)

Precede, Guia e Lidera!


Técnicas de Natação Operacional e uso de implementos 5

dinâmica 25m (X2) (X4)


Apnéia 4º A completo s/ 15m (X2) (X4)
- -
dinâmica coturno 25m (X2) (X4)
Apnéia 4º A completo 15m (X2) (X4)
- -
dinâmica c/coturno 25m (X2) (X4)
Apnéia 4º A completo 15m (X2) (X4)
X -
dinâmica c/coturno 25m (X2) (X4) (X6)
Apnéia 4º A completo 15m (X2) (X4)
X X
dinâmica c/coturno 25m (X2) (X4) (X6)
* fazer com muito cuidado – sempre com um canga – não executem os dois ao mesmo
tempo!

Deslocamento submerso - apnéia dinâmica

4. Flutuação fardado
A flutuação do combatente com seu equipamento individual e seu fuzil é a
próxima técnica a ser dominada.

a. Uniforme e equipamento: uniforme 4° A1 completo, equipamento individual


NGA (anexo “A”) ajustado ao corpo, fuzil cruzado nas costas a tiracolo (coronha para
cima), com a bandoleira estrangulada.
b. Condições de execução: o homem flutua na superfície, utilizando a técnica
de flutuação com movimentos coordenados de braços e pernas, essas de forma
contínua (de dentro para fora) ou alternada (estilo pólo aquático). O ritmo desses
movimentos deve ser o mais lento possível, de forma a se economizar energia ao
máximo.
Um item muito importante é a respiração. Ela deve ser executada de tal forma
que o militar deva estar o máximo de tempo na condição de “pulmão cheio”, de
maneira a criar uma “bóia natural” que facilitará a flutuação. O homem não deve
mergulhar a cabeça, que permanece fora d´água.
c. Etapas para o treinamento: variam de acordo com o domínio da técnica por
parte de cada militar, respeitando-se as individualidades. É importante salientar que,
ao iniciar o treinamento, o homem só dever passar para a tarefa seguinte quando
estiver dominando a anterior.

Precede, Guia e Lidera!


Técnicas de Natação Operacional e uso de implementos 6

Condições de execução
Tarefa
Uniforme Equipamento Armamento Tempo

15´
30´
Flutuação Sunga preta - -
45´
60´
15´
30´
Flutuação fardado 1 Calça e gandola - -
45´
60´
15´
Calça, gandola e 30´
Flutuação fardado 2 - -
coturno* 45´
60´
15´
Calça, gandola, 30´
Flutuação fardado 3 - -
camisa e coturno* 45´
60´
15´
Calça, gandola, 30´
Flutuação fardado 4 X -
camisa e coturno* 45´
60´
20´
Calça, gandola, 40´
Flutuação fardado 5 X X
camisa e coturno* 60´
80´
* uso do gorro (modelo aluno) facultativo

Flutuação armado e equipado – pulmão cheio e movimentos lentos e coordenados

Precede, Guia e Lidera!


Técnicas de Natação Operacional e uso de implementos 7

5. Desequipagem fardado
A desequipagem é a próxima tarefa a ser executada. Para tal, é imprescindível
como pré-requisito que o militar esteja flutuando fardado armado e equipado (nível 5)
de maneira satisfatória.
Essa técnica deve ser executada da seguinte forma: nas primeiras sessões de
treinamento, executa-se a desequipagem de imediato, sem período de tempo anterior
de flutuação; após o perfeito domínio da seqüência da desequipagem, fundamental
para a realização dessa tarefa, treina-se a desequipagem precedida de um intervalo
crescente de tempo de flutuação (tabela).
a. Uniforme e equipamento: uniforme 4°A1 completo, equipamento individual
NGA (anexo “A”) ajustado ao corpo, cadarços (coldre e faca) amarrados (“soltura
rápida”), fuzil cruzado nas costas a tiracolo (coronha para cima), com a bandoleira
estrangulada.
1) coturnos e meias – os coturnos devem ser preparados de maneira a
facilitar os trabalhos de desequipagem. Pode-se usar cadarços velame sem miolo
unidos por uma presilha de plástico corrediça. As meias de nylon pretas finas (3º D)
são as mais indicadas, pois saem com mais facilidade.

Presilha de plástico corrediça

2) uniforme – o 4°A1 pode ser previamente preparado em alfaiate,


reforçando-se todas as costuras e colocando-se velcro nos bolsos da gandola e da
calça, nos punhos da gandola e na braguilha da calça em substituição ao zíper.
Próximo ao centro da braguilha, pode-se colocar duas ligas de borracha nos
passadores da calça, uma de cada lado da braguilha, a fim de ancorar o cinto,
evitando que o mesmo corra pelos passadores e caia no fundo da piscina após a
desequipagem da calça.

Liga de borracha (lado esquerdo somente – pode-se usar ambos os lados) e velcro no pulso

Precede, Guia e Lidera!


Técnicas de Natação Operacional e uso de implementos 8

b. Condições de execução: o homem flutua na superfície, utilizando a técnica


de flutuação descrita no item 4. A partir dessa posição inicial (flutuação), o militar inicia
sua desequipagem, liberando as cordinhas do coldre e da faca (soltura rápida). Feito
isso, o homem executa a tarefa de “baixo para cima”, na seguinte seqüência:
1) coturnos e meias – utilizando a técnica da “medusa” (descrita mais
abaixo) o homem empunha e corre a presilha de plástico com uma das mãos até o nó
limitador; com ambas as mãos, afrouxa e retira um dos coturnos e o ancora com um
laço simples no mesmo lado do suspensório, próximo ao cinto NA; em seguida, retira a
meia correspondente, ancorando-a no mesmo lugar com um laço simples. Terminado
um pé, inicia o mesmo procedimento com o outro.

Técnica da “medusa” Retirada de coturnos e meias

Fixação dos coturnos e meias nas alças do suspensório

2) calça – com ambas as mãos, o homem libera a fivela e a seguir, num só


movimento, abaixa a calça até a linha dos joelhos (tempo 1) e libera ambas as pernas
(tempo 2), segurando a calça solta com uma das mãos para não cair no fundo. Caso o
militar não consiga livrar ambas as pernas num só movimento conforme descrito, ele
deve livrar obrigatoriamente uma delas, pois ainda assim terá condições de utilizar as
pernas para flutuar (caso a calça fique presa na linha dos joelhos e não seja livrado
ambas/uma das pernas rapidamente, o homem ficará com muita dificuldade para
flutuar, o que é especialmente perigoso na desequipagem). Uma vez com a calça
solta, o militar deve empunhá-la pelas extremidades das pernas abrindo-a à frente do
corpo. Em seguida, a calça deve ser enrolada e amarrada ao corpo, na linha da
cintura, com o cuidado de ficar amarrada embaixo da gandola e do equipamento
individual.

Precede, Guia e Lidera!


Técnicas de Natação Operacional e uso de implementos 9

Retirada da calça (tempos 1 e 2)

Calça enrolada e pronta para ser ancorada na cintura

3) “pau-de-fogo” – após a desequipagem da parte inferior do corpo, o militar


iniciará os trabalhos da parte superior. Para que isso seja possível, a primeira coisa a
se fazer é retirar o fuzil, até então a tiracolo, empunhando-o com ambas as mãos pela
bandoleira. A seguir, o militar deve abrir o cinto NA e passar a bandoleira pelo mesmo,
com cuidado para não soltar o armamento, fechando a fivela do cinto NA logo em
seguida. A posição final do fuzil é entre as pernas do militar, com o cano voltado para
baixo.

Retirada do fuzil das costas e ancoragem do mesmo no cinto NA (momento crítico)

Precede, Guia e Lidera!


Técnicas de Natação Operacional e uso de implementos 10

4) gandola – para ter acesso a gandola, primeiramente o homem livra


ambas as alças do suspensório, uma a uma, mantendo desta forma o equipamento
individual preso ao corpo pela pressão do cinto NA. Em seguida, abra os punhos e
desabotoe a gandola, num só tempo, ou por duplas/trincas de botões. Feito isso, o
militar deve retirar a gandola do corpo, empunhá-la pelas extremidades das mangas,
enrolá-la (facultativo) e amarrá-la ao redor da cintura, junto a calça.
5) camisa – a retirada da camisa é feita em três tempos sucessivos. No
tempo 1, com ambas as mãos, o militar levanta a camisa até próximo da linha do peito;
de imediato, o homem livra uma das mangas agindo com o braço oposto da manga a
ser retirada (tempo 2). A seguir, repete o procedimento com a outra manga. Dessa
forma, a camisa ficará solta ao redor do pescoço. No último tempo, o militar afunda
rapidamente a cabeça e livra a camisa do corpo, amarrando-a em um dos lados do
suspensório, junto ao cinto NA. (Caso esteja com gorro de aluno, o homem retira o
gorro, livra a camisa do pescoço e recoloca o gorro a seguir).

etirada da camisa (tempo 2) Militar totalmente desequipado

6) “pau-de-fogo” – ao término da desequipagem, o militar poderá recolocar o


fuzil à tiracolo, de maneira inversa ao descrito no item 3. Esse procedimento ganha
importância caso exista ainda previsão de flutuação por mais algum tempo. Se a
desequipagem for a última tarefa a ser executada, saindo da piscina em seguida após
dar o “pronto” para o instrutor, não há a necessidade de recolocar o fuzil à tiracolo
(entretanto, para sair da piscina desequipado, é mais fácil com o fuzil a tiracolo do que
pendurado no cinto NA).
Um item muito importante na desequipagem é a respiração. Ela deve ser
executada de tal forma que o militar deva estar o máximo de tempo na condição de
“pulmão cheio”, de maneira a criar uma “bóia natural” que facilitará a flutuação.
A técnica da “medusa” consiste em afundar a cabeça na água, com o pulmão
cheio, agrupando o corpo a fim de ter acesso aos pés, oferecendo as costas para a
superfície d´água. É muito útil na retirada dos coturnos e meias, ou para qualquer
momento da desequipagem em que o militar deseje ter contato visual com o que ele
esteja executando abaixo da linha d´água.
Caso o militar não consiga realizar alguma etapa, ele deve primeiramente
acalmar-se (se conseguir, não é tão simples, mas é possível), flutuando o mais lento
possível e respirando fundo, a fim de retomar o fôlego. A partir daí, o homem retoma a
desequipagem do ponto onde parou.

c. Etapas para o treinamento: variam de acordo com o domínio da técnica por


parte de cada militar, respeitando-se as individualidades. É importante salientar que,
ao iniciar o treinamento, o homem só dever passar para a tarefa seguinte quando
estiver dominando a anterior.

Precede, Guia e Lidera!


Técnicas de Natação Operacional e uso de implementos 11

Condições de execução
Tarefa
Uniforme Equipamento Armamento Tempo

Calça, gandola e
Desequipagem fardado 1 - -
camisa
Primeira etapa:
Calça, gandola,
sem tempo de
Desequipagem fardado 2 camisa e - -
flutuação
coturno*
Calça, gandola,
Segunda etapa:
Desequipagem fardado 3 camisa e X -
após 15´, 30´, 45´
coturno*
e 60´ de flutuação
Calça, gandola,
Desequipagem fardado 4 camisa e X X
coturno*
* uso do gorro (modelo aluno) facultativo

Militar totalmente desequipado (frente e costas – verificar ancoragens da calça,


gandola, coturnos, meias e camiseta)

6. Uso de implementos
Os implementos, também conhecidos como PPTM (“pé-de-pato, tubinho e
máscara”), são os itens que compõem o equipamento básico de mergulho livre:
máscara, snorkel e nadadeiras. Este material permite ao militar enquadrado em uma
pequena fração deslocar-se pela superfície por distâncias razoáveis, utilizando a
técnica da cordada, visando cumprir uma determinada missão, além da execução de
pequenas “fainas” (tarefas) associadas ao mergulho livre.
Nadadeiras – existem dois tipos: a tradicional, calçada com o pé descalço (ou
protegido por meia); e a com tirante, para ser usada com bota de neoprene ou boot.
Em todo caso elas devem ser pretas e de paletas de flexibilidade medianas (nem

Precede, Guia e Lidera!


Técnicas de Natação Operacional e uso de implementos 12

muito rígidas, nem muito flexíveis). Nadadeiras para caça submarina possuem paletas
demasiadamente longas, e não são utilizadas nos cursos.
Máscara – o modelo a ser escolhido deve se ajustar perfeitamente ao rosto do
militar. Existem máscaras de borracha (mais baratas) e de silicone (mais caras, porém
melhores). Deve ser preta e possuir ainda fácil acesso ao nariz de maneira a permitir
ao militar pinçá-lo (apertá-lo vedando completamente ambas as narinas) a fim de
realizar a manobra de Valsalva (equalização da pressão externa da água com a
pressão dos ouvidos), necessária quando o mergulhador desce para o fundo na
técnica do “canivete” (descrita mais abaixo).
Snorkel – existem dois tipos: sem válvula, mais simples, e com válvula de
purga (facilita o desalagamento). Preto.

a. Equipagem
Inicialmente o snorkel deve ser fixado ao tirante da máscara, à esquerda
(padronização). A máscara, então, previamente preparada (é comum cuspir nos vidros
por dentro da máscara, antes de molhá-la, pois a saliva tem propriedades anti-
embaçantes), deve ser colocada no pescoço (situação que deve permanecer sempre
que não estiver sendo utilizada – não existe “máscara na testa”, facilmente se perde).
Para calçar as nadadeiras, existem dois processos: com ou sem ajuda do seu
canga. Primeiramente, vale ressaltar que as nadadeiras devem ser calçadas o mais
próximo da água/borda da piscina, a fim de se evitar deslocamentos com ela no pé.
Caso haja a presença de um canga, o militar deve apoiar-se em seu ombro e
calçar as nadadeiras. Se o homem estiver sozinho, ele deve pisar sobre a paleta da
nadadeira que deseja calçar (pisa com o pé esquerdo para calçar o pé direito, e vice-
versa); a partir daí, flexiona a perna a fim de vestir o calcanhar.
Feito isso, o militar posiciona-se na borda dapiscina, coloca a máscara no rosto
e o snorkel na boca. A partir daí ele empunha esse conjunto a fim de que o mesmo
não saia da cabeça após a entrada na água.

Militar armado e equipado com implementos pronto para entrada na água (note que o
fuzil deve ser empunhado também para não subir)

Precede, Guia e Lidera!


Técnicas de Natação Operacional e uso de implementos 13

b. Entrada na água – “passo de gigante”


O passo de gigante é a técnica de entrada na água onde o homem, partindo
das condições descritas no item anterior, abre um passo largo no vazio à frente, algo
como se quisesse pisar na água, sem saltar da borda e olhando fixamente para o
horizonte, a fim de não bater com o rosto na água.

“Passo de gigante”

c. Alagar e desalagar máscara e snorkel


Os procedimentos básicos de alagar e desalagar máscara e/ou snorkel são
fundamentais para o domínio das técnicas do uso desse material.
Máscara – o mergulhador deve saber desalagar sua máscara sem vir à tona na
superfície, para o caso da mesma alagar-se contra a sua vontade no fundo. Par tal, ele
deve primeiramente olhar para cima e, simultaneamente, com ambas as mãos,
exercer pressão na parte superior da máscara contra a testa e retirar o contato da
parte inferior da máscara com o rosto (bochechas). De imediato, o militar deve exalar o
ar pelo nariz energicamente, a fim de expulsar a água de dentro da máscara. Ao notar
que a água foi expelida, o homem deve rapidamente vedar a máscara.
Snorkel – para desalagar o snorkel, o militar deve exalar a água energicamente
e de uma só vez, soprando com força, tendo o cuidado de utilizar uma das mãos como
anteparo para que o esguincho d´água não quebre o sigilo.

Desalagamento de máscara e snorkel (note o anteparo do esguincho (mão esquerda) e


o punho direito cerrado. Este procedimento é utilizado para proteger o mergulhador na subida,
no caso da presença de botes, objetos, etc, que possam vir a bater em sua cabeça).

Precede, Guia e Lidera!


Técnicas de Natação Operacional e uso de implementos 14

d. Deslocamento com implemetos


Para deslocar-se pela superfície, o militar deve bater as pernas em movimentos
alternados, tendo o cuidado para não levantar água em demasia. Os braços não
ajudam nesse deslocamento, devendo estar naturalmente ao lado do corpo, ou a
retaguarada do mesmo, como se estivessem na posição de “descansar”.
O ritmo da respiração é normal, valorizando-se um pouco mais o tempo de
expiração.

Deslocamento com implementos (braços paralelos e posição de “descansar”)

e. Descida vertical para o fundo – técnica do “canivete”


Para que o militar desça em direção ao fundo, ele deve partir da posição inicial
de deslocamento na superfície. A partir daí, ele entra com a cabeça na água como se
quisesse tocar a máscara nos pés, ficando assim com o tronco num ângulo de 90º
com as pernas; ato contínuo, o tronco começará a afundar e as pernas deverão ser
jogadas de forma a alinhar todo o corpo, que naturalmente começará a afundar
verticalmente. Uma vez com todo o corpo alinhado dentro da água, o militar inicia as
batidas de pernas num ritmo constante até atingir o fundo ou a cota (profundidade)
desejada.
É fundamental que, a cada metro atingido na descida, o mergulhador realize a
manobra de Valsalva.
Na subida o militar deverá obrigatoriamente exalar o ar dos pulmões, através
das narinas e da boca (“gritar” dentro d´água).
O canivete bem executado é aquele em que o mergulhador consegue atingir
em uma linha reta (e não em uma diagonal) o ponto desejado no fundo da piscina,
com um mínimo de esforço.
Procure ler e aprofundar-se em fisiologia do mergulho livre e barotraumas.

Precede, Guia e Lidera!


Técnicas de Natação Operacional e uso de implementos 15

f. Trabalhos com implementos


Existem diversos trabalhos possíveis de serem realizados com os implementos.
Entretanto, para que sejam executados é necessário o perfeito domínio das técnicas
de desalagar máscara/snorkel e da descida vertical (“canivete”) descritas
anteriormente.
Uma boa apnéia também é fundamental.
1) Largar/apanhar máscara no fundo - partindo da posição de flutuação com
implementos (cujo movimento de pernas difere da flutuação com boot, pois as
nadadeiras devem ser batidas com as pernas paralelas, e não em círculos), o militar
retira a máscara do rosto e a deixa cair no fundo da piscina.
Após um rápido Rec visual de sua posição em relação à máscara no fundo
(mergulhando brevemente o rosto na água), o homem desce verticalmente, apanha a
máscara, coloca-a no rosto, e, já subindo para a superfície, desalaga a máscara e o
snorkel, nesta ordem, dando o OK da tarefa realizada.
2) Desequipar e equipar com máscara e nadadeiras no fundo - partindo da
posição de flutuação com implementos, o militar executa um “canivete” até o fundo da
piscina, onde encontrará um peso (“toco de prova” ou cinto de lastro). Neste local, na
sequência, o homem desequipa totalmente, retirando as nadadeiras e prendendo-as
uma a uma no lastro pelas respectivas paletas, para a seguir retirar a máscara do
rosto, colocá-la sobre as nadadeiras e subir de volta à superfície.
Idem ao item anterior, após um rápido Rec visual da posição do seu material no
fundo, o homem desce verticalmente, equipando-se da seguinte maneira: apanha e
calça as nadadeiras, a fim de dar propulsão na subida; após executado, apanha e
coloca a máscara, já subindo para a superfície, desalagando ambos máscara e
snorkel, dando o OK da tarefa realizada.
3) Deslocamentos orientados - utilizando uma bússola de mergulho, uma
prancheta de navegação ou simplesmente a bússola individual, o militar pode praticar
deslocamentos orientados na superfície, sem retirar a cabeça d´água. Para tal, ele
deverá registrar o azimute inicial a ser percorrido até o próximo ponto que abrirá o
próximo azimute, e assim por diante), valendo-se das dimensões e diagonais da
piscina a fim de montar uma pista de navegação por superfície.
A aferição do “passo duplo” (distância percorrida) na água é feita normalmente
por tempo, tomando-se a distância padrão de 50m como referência (50m percorridos
em tanto tempo, mais curtos que o tradicionais 100m do passo duplo, haja vista a
grande variação provocada pelo ambiente aquático).

Bússola de pulso e cronômetro

Precede, Guia e Lidera!


Técnicas de Natação Operacional e uso de implementos 16

Anexo “A” – Eqp Indv

O Eqp Indv varia de curso para curso. Procure montar o seu, específico de
acordo com a nota de orientação do curso, e passe a treinar com ele. O Eqp aqui
exposto é um “genérico” que cumpre bem a finalidade de treinar e massificar
procedimentos em geral (note o cantil aberto propositalmente para aumentar o peso).

Precede, Guia e Lidera!

Você também pode gostar