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Efeitos materiais da posse

Efeitos materiais da posse

CC, Art. 92. Principal é o bem que existe sobre si, abstrata ou
concretamente; acessório, aquele cuja existência supõe a do
principal.
Efeitos materiais da posse
A percepção dos frutos e suas consequências

CC, Art. 1.214. O possuidor de boa-fé tem direito, enquanto ela


durar, aos frutos percebidos.

Frutos - bens que saem do principal, ou seja, que dele se


destacam, sem diminuir a sua quantidade.
Efeitos materiais da posse
A percepção dos frutos e suas consequências

Classificação dos frutos quanto à origem:


- Frutos naturais – são aqueles decorrentes da essência da coisa
principal como, por exemplo, as frutas produzidas por uma árvore.
- Frutos industriais – são os que se originam de uma atividade
humana, caso de um material produzido por uma fábrica.
- Frutos civis – são os que têm origem em uma relação jurídica ou
econômica, de natureza privada, sendo também denominados
rendimentos. É o caso, por exemplo, dos valores decorrentes do
aluguel de um imóvel, de juros de capital, de dividendos de ações.
Efeitos materiais da posse
A percepção dos frutos e suas consequências

Classificação dos frutos em relação ao estado em que


eventualmente se encontrarem:
- Frutos pendentes – são aqueles que estão ligados à coisa principal,
e que não foram colhidos.
- Frutos percebidos – são os já colhidos do principal e separados.
- Frutos estantes – são os frutos que foram colhidos e encontram-se
armazenados.
Efeitos materiais da posse
A percepção dos frutos e suas consequências

Classificação dos frutos em relação ao estado em que


eventualmente se encontrarem:
- Frutos percipiendos – são os que deveriam ter sido
colhidos, mas não foram.
- Frutos consumidos – são os que foram colhidos e não
existem mais.
Efeitos materiais da posse
A percepção dos frutos e suas consequências

Os frutos caracterizam-se por três elementos:

i) a periodicidade;
ii) a inalterabilidade da substância da coisa principal;
iii) a separabilidade;
Efeitos materiais da posse
A percepção dos frutos e suas consequências

CC, Art. 1.214. O possuidor de boa-fé tem direito, enquanto ela


durar, aos frutos percebidos.
Parágrafo único. Os frutos pendentes ao tempo em que cessar
a boa-fé devem ser restituídos, depois de deduzidas as
despesas da produção e custeio; devem ser também
restituídos os frutos colhidos com antecipação.
Efeitos materiais da posse
A percepção dos frutos e suas consequências

CC, Art. 1.215. Os frutos naturais e industriais reputam-se


colhidos e percebidos, logo que são separados; os civis
reputam-se percebidos dia por dia.
Efeitos materiais da posse
A percepção dos frutos e suas consequências

CC, Art. 95. Apesar de ainda não separados do bem principal,


os frutos e produtos podem ser objeto de negócio jurídico.

Os frutos não se confundem com os produtos, pois enquanto


os frutos não geram a diminuição do principal, isso não ocorre
com os produtos.
Efeitos materiais da posse
Produtos

Produtos são as utilidades que se retiram da coisa, diminuindo-


lhe a quantidade, porque não se reproduzem periodicamente.

O regime da posse relativo aos frutos, também se aplica aos


produtos???
Efeitos materiais da posse
Produtos

Para Orlando Gomes, não!!!


Segundo ele, quanto aos produtos há um dever de restituição
mesmo quanto ao possuidor de boa-fé. Ademais, se a
restituição tornou-se impossível, o possuidor deverá indenizar
a outra parte por perdas e danos e “por motivo de equidade, a
indenização deve corresponder ao proveito real que o
possuidor obteve com a alienação dos produtos da coisa”
Efeitos materiais da posse
Produtos

- os produtos, quando retirados, desfalcam a substância do


principal;
- a aplicação do regime dos frutos para os produtos poderia
gerar uma perda substancial da coisa possuída, o que não pode
ser admitido.
Efeitos materiais da posse
Produtos

CC, Art. 884. Aquele que, sem justa causa, se enriquecer à


custa de outrem, será obrigado a restituir o indevidamente
auferido, feita a atualização dos valores monetários.
Efeitos materiais da posse
Produtos

Art. 1.232. Os frutos e mais produtos da coisa pertencem,


ainda quando separados, ao seu proprietário, salvo se, por
preceito jurídico especial, couberem a outrem.
Efeitos materiais da posse
A indenização e a retenção das benfeitorias

Benfeitorias - bens acessórios introduzidos em um bem móvel


ou imóvel, visando a sua conservação ou melhora da sua
utilidade.

Enquanto os frutos e produtos decorrem do bem principal, as


benfeitorias são nele introduzidas.
Efeitos materiais da posse
A indenização e a retenção das benfeitorias

CC, Art. 96. As benfeitorias podem ser voluptuárias, úteis ou necessárias.

§ 1º São voluptuárias as de mero deleite ou recreio, que não aumentam o uso


habitual do bem, ainda que o tornem mais agradável ou sejam de elevado valor.

§ 2º São úteis as que aumentam ou facilitam o uso do bem.

§ 3º São necessárias as que têm por fim conservar o bem ou evitar que se
deteriore.
Efeitos materiais da posse
A classificação das benfeitorias pode variar conforme a
destinação ou a localização do bem principal.

Uma piscina pode ser classificada como:

- benfeitoria voluptuária
- benfeitoria necessária
Efeitos materiais da posse

Benfeitorias Acessões

CC, Art. 97. Não se consideram benfeitorias os melhoramentos


ou acréscimos sobrevindos ao bem sem a intervenção do
proprietário, possuidor ou detentor.
Efeitos materiais da posse

Benfeitorias Acessões

CC, Art. 97. Não se consideram benfeitorias os melhoramentos ou


acréscimos sobrevindos ao bem sem a intervenção do proprietário,
possuidor ou detentor.

Acessões (CC, art. 1.248):


- Naturais
- Artificiais
Efeitos materiais da posse

Benfeitorias Acessões

As benfeitorias são obras ou despesas realizadas no bem, com o propósito de conservação,


melhoramento ou embelezamento, tendo intrinsecamente caráter de acessoriedade,
incorporando-se ao patrimônio do proprietário.
As acessões artificiais são modos de aquisição originária da propriedade imóvel, consistentes
em obras com a formação de coisas novas que se aderem à propriedade preexistente
(superficies solo cedit), aumentando-a qualitativa ou quantitativamente.
Efeitos materiais da posse

Benfeitorias
Art. 1.219. O possuidor de boa-fé tem direito à indenização
das benfeitorias necessárias e úteis, bem como, quanto às
voluptuárias, se não lhe forem pagas, a levantá-las, quando o
puder sem detrimento da coisa, e poderá exercer o direito de
retenção pelo valor das benfeitorias necessárias e úteis.
Efeitos materiais da posse

Benfeitorias
Art. 1.219. O possuidor de boa-fé tem direito à indenização das
benfeitorias necessárias e úteis, bem como, quanto às
voluptuárias, se não lhe forem pagas, a levantá-las, quando o
puder sem detrimento da coisa, e poderá exercer o direito de
retenção pelo valor das benfeitorias necessárias e úteis.
Efeitos materiais da posse

Benfeitorias
Art. 1.219. O possuidor de boa-fé tem direito à indenização das
benfeitorias necessárias e úteis, bem como, quanto às
voluptuárias, se não lhe forem pagas, a levantá-las, quando o
puder sem detrimento da coisa, e poderá exercer o direito de
retenção pelo valor das benfeitorias necessárias e úteis.
Efeitos materiais da posse
Benfeitorias
“Processual civil e civil. Reintegração de posse. Comodato verbal. Notificação
para desocupação. Descumprimento. Esbulho. Configuração. Procedência do
pedido. Benfeitorias. Indenização devida. Direito de retenção. Sentença mantida.
Recurso conhecido e não provido. É possível a resilição do contrato de comodato,
por tempo indeterminado, em caso de desinteresse do comodante na sua
continuidade, sendo que o descumprimento do prazo indicado na notificação de
desocupação do imóvel consubstancia esbulho possessório, autorizando o
manejo da ação de reintegração de posse. É devida a indenização pelas
benfeitorias úteis e necessárias que edificar o comodatário de boa-fé, podendo
sobre elas exercer o direito de retenção. Recurso conhecido e provido” (TJMG,
Apelação Cível 1.0137.06.000354-8/0031, Carlos Chagas, 17.ª Câmara Cível, Rel.ª
Des.ª Márcia de Paoli Balbino, j. 27.11.2008, DJEMG 09.01.2009).
Efeitos materiais da posse

Benfeitorias
“Comodato. Benfeitorias necessárias. Indenização e direito de
retenção assegurados diante da boa-fé da comodatária.
Aluguéis devidos desde o esbulho aos comodantes. Recurso
parcialmente provido” (TJSP, Apelação 7083646-9, Acórdão
3405745, São Paulo, 15.ª Câmara de Direito Privado, Rel. Des.
Hamid Charaf Bdine Junior, j. 16.12.2008, DJESP 13.01.2009).
Efeitos materiais da posse

Benfeitorias (possuidor de má-fé)


CC, Art. 1.220. Ao possuidor de má-fé serão ressarcidas
somente as benfeitorias necessárias; não lhe assiste o direito
de retenção pela importância destas, nem o de levantar as
voluptuárias.
Efeitos materiais da posse

Benfeitorias (possuidor de má-fé)


CC, Art. 1.222. O reivindicante, obrigado a indenizar as
benfeitorias ao possuidor de má-fé, tem o direito de optar
entre o seu valor atual e o seu custo; ao possuidor de boa-fé
indenizará pelo valor atual.
Efeitos materiais da posse
Art. 1.253. Toda construção ou plantação existente em um terreno presume-se
feita pelo proprietário e à sua custa, até que se prove o contrário.
Art. 1.254. Aquele que semeia, planta ou edifica em terreno próprio com
sementes, plantas ou materiais alheios, adquire a propriedade destes; mas fica
obrigado a pagar-lhes o valor, além de responder por perdas e danos, se agiu de
má-fé.
Art. 1.255. Aquele que semeia, planta ou edifica em terreno alheio perde, em
proveito do proprietário, as sementes, plantas e construções; se procedeu de
boa-fé, terá direito a indenização.
Parágrafo único. Se a construção ou a plantação exceder consideravelmente o
valor do terreno, aquele que, de boa-fé, plantou ou edificou, adquirirá a
propriedade do solo, mediante pagamento da indenização fixada judicialmente,
se não houver acordo.
Efeitos materiais da posse

Benfeitorias (locação de imóvel urbano)

Regras específicas relativas às benfeitorias:

Arts. 35 e 36 da Lei 8.245/1991.


Efeitos materiais da posse

Benfeitorias (locação de imóvel urbano)


Arts. 35 e 36 da Lei 8.245/1991.
Art. 35. Salvo expressa disposição contratual em contrário, as
benfeitorias necessárias introduzidas pelo locatário, ainda que não
autorizadas pelo locador, bem como as úteis, desde que autorizadas,
serão indenizáveis e permitem o exercício do direito de retenção.
Art. 36. As benfeitorias voluptuárias não serão indenizáveis,
podendo ser levantadas pelo locatário, finda a locação, desde que
sua retirada não afete a estrutura e a substância do imóvel.
Efeitos materiais da posse

Benfeitorias (locação de imóvel urbano)


Arts. 35 e 36 da Lei 8.245/1991.
SÚMULA N. 335 do STJ
“Nos contratos de locação, é válida a cláusula de renúncia à
indenização das benfeitorias e ao direito de retenção”.
Efeitos materiais da posse
Benfeitorias (locação de imóvel urbano)
Arts. 35 e 36 da Lei 8.245/1991.
Problemática:
Contrato de locação – contrato de adesão???
CC, Art. 424. Nos contratos de adesão, são nulas as cláusulas que
estipulem a renúncia antecipada do aderente a direito resultante da
natureza do negócio.
CDC, Art. 51. São nulas de pleno direito, entre outras, as cláusulas
contratuais relativas ao fornecimento de produtos e serviços que:
XVI - possibilitem a renúncia do direito de indenização por benfeitorias
necessárias.
Efeitos materiais da posse

Pertenças

CC, Art. 93. São pertenças os bens que, não constituindo partes
integrantes, se destinam, de modo duradouro, ao uso, ao serviço ou ao
aformoseamento de outro.
Efeitos materiais da posse

As responsabilidades do possuidor

Art. 1.217. O possuidor de boa-fé não responde pela perda ou


deterioração da coisa, a que não der causa.

- nesse caso, a responsabilidade do possuidor depende da


comprovação da culpa em sentido amplo (responsabilidade subjetiva)
Efeitos materiais da posse

As responsabilidades do possuidor

Art. 1.218. O possuidor de má-fé responde pela perda, ou deterioração


da coisa, ainda que acidentais, salvo se provar que de igual modo se
teriam dado, estando ela na posse do reivindicante.

- responsabilidade objetiva (independentemente de culpa)


Efeitos materiais da posse

As responsabilidades do possuidor

Art. 1.221. As benfeitorias compensam-se com os danos, e só obrigam


ao ressarcimento se ao tempo da evicção ainda existirem.
Efeitos materiais da posse
O direito à usucapião
- o direito à usucapião é um dos principais efeitos decorrentes da
posse.
Modalidades de usucapião de bem imóvel:
a) usucapião ordinária (art. 1.242 do CC);
b) usucapião extraordinária (art. 1.238 do CC);
c) usucapião especial rural (art. 1.239 do CC);
d) d) usucapião especial urbana (art. 1.240 do CC);
Efeitos materiais da posse
O direito à usucapião
- o direito à usucapião é um dos principais efeitos decorrentes da
posse.
Modalidades de usucapião de bem imóvel:
d) usucapião especial urbana (art. 1.240 do CC);
e) usucapião indígena (Lei 6.001/1973 – Estatuto do Índio);
f) usucapião coletiva (Lei 10.257/2001 – Estatuto da Cidade);
g) usucapião administrativa, sem ação judicial, tratada pelo art. 60 da
Lei Minha Casa, Minha Vida (Lei 11.977/2009)
Efeitos processuais da posse
A faculdade de invocar os interditos possessórios

- Os interditos possessórios são as ações possessórias diretas;

- O possuidor tem a faculdade de propor essas demandas


objetivando manter-se na posse ou que esta lhe seja restituída;
Efeitos processuais da posse
A faculdade de invocar os interditos possessórios

– No caso de ameaça à posse (risco de atentado à posse) = caberá ação


de interdito proibitório.
– No caso de turbação (atentados fracionados à posse) = caberá ação
de manutenção de posse.
– No caso de esbulho (atentado consolidado à posse) = caberá ação de
reintegração de posse.
Efeitos processuais da posse
A faculdade de invocar os interditos possessórios
CPC
Art. 554. A propositura de uma ação possessória em vez de outra não obstará a que o juiz
conheça do pedido e outorgue a proteção legal correspondente àquela cujos pressupostos
estejam provados.
§ 1º No caso de ação possessória em que figure no polo passivo grande número de
pessoas, serão feitas a citação pessoal dos ocupantes que forem encontrados no local e a
citação por edital dos demais, determinando-se, ainda, a intimação do Ministério Público
e, se envolver pessoas em situação de hipossuficiência econômica, da Defensoria Pública.
§ 2º Para fim da citação pessoal prevista no § 1º, o oficial de justiça procurará os ocupantes
no local por uma vez, citando-se por edital os que não forem encontrados.
§ 3º O juiz deverá determinar que se dê ampla publicidade da existência da ação prevista
no § 1º e dos respectivos prazos processuais, podendo, para tanto, valer-se de anúncios
em jornal ou rádio locais, da publicação de cartazes na região do conflito e de outros
meios.
Efeitos processuais da posse
A faculdade de invocar os interditos possessórios
“Essa fungibilidade é justificável, posto que o autor pleiteia, junto ao
órgão jurisdicional, a proteção possessória pertinente e idônea, sendo
irrelevante, portanto, uma vez demonstrada a ofensa à sua posse,
tenha ele originalmente requerido a proteção diversa daquela
adequada à solução da injusta situação criada pelo réu. Aliás, por
diversas vezes o autor promove ação em razão de determinada
conduta do réu e esta vem a ser modificada no curso do processo,
impondo ao juiz, demonstrada tal circunstância, a concessão da
proteção possessória pertinente”. (Antônio Carlos Marcato)
Efeitos processuais da posse
A possibilidade de ingresso de outras ações possessórias

- além das ações possessórias, existem outras ações que também


traduzem efeitos processuais.
Efeitos processuais da posse
A possibilidade de ingresso de outras ações possessórias
- Da ação de nunciação de obra nova ou embargo de obra nova:

* visa impedir:
- a continuação de obras no terreno vizinho que prejudiquem o
possuidor ou o proprietário;
- construção em desacordo com os regulamentos civis ou
administrativo (ex: Plano Diretor e Lei de Parcelamento, Uso e
Ocupação do Solo)
Efeitos processuais da posse
A possibilidade de ingresso de outras ações possessórias
- Da ação de nunciação de obra nova ou embargo de obra nova:

* a ação de nunciação de obra nova passa a seguir o procedimento


comum (CPC/2015), e não mais o rito especial (CPC/1973).
Efeitos processuais da posse
A possibilidade de ingresso de outras ações possessórias
- Da ação de dano infecto

• muito rara atualmente


• medida preventiva, baseada no receio de que o vizinho, em
demolição ou vício de construção, lhe cause prejuízos
• ação, em regra, fundada no domínio, mas igualmente pode o
possuidor obter do vizinho a caução por eventuais futuros danos
Efeitos processuais da posse
A possibilidade de ingresso de outras ações possessórias
- Da ação de dano infecto

• Exemplo: um locatário, possuidor de um imóvel, que ingressa com


ação contra o vizinho, exigindo caução por excesso de ruído, o que
pode prejudicar as suas atividades.
Efeitos processuais da posse
A possibilidade de ingresso de outras ações possessórias
- Da ação de dano infecto

• Jurisprudência:

“Direito de vizinhança. Poluição sonora. Estabelecimento comercial.


Produção excessiva de ruídos sonoros com aparelhos musicais. Local
situado em zona mista, predominantemente residencial. Fixação de limite
para ruído externo em 50 db em função de perícia realizada. Ação relativa a
dano infecto parcialmente procedente. Recurso desprovido” (TJSP, Apelação
801.141-0/0, Jundiaí, 26.ª Câmara de Direito Privado, 08.05.2006, Rel. Des.
Vianna Cotrim, v.u., Voto 11.925).
Efeitos processuais da posse
A possibilidade de ingresso de outras ações possessórias
- Da ação de dano infecto

• Jurisprudência:

“Agravo de instrumento. Ação de dano infecto cumulada com indenização por danos
materiais e pedido de tutela antecipada. Materiais de construção depositados junto
ao muro divisório. Ocorrência de dano. Fixação de caução. Cabimento. Comprovado
nos autos a ameaça de ruína do prédio do autor e a possibilidade de dano iminente
ocasionados pelo depósito de tijolos na divisa dos imóveis, impõe-se o deferimento
da tutela antecipada e a fixação de caução, nos termos do artigo 1.280 do novo
Código Civil. Agravo de instrumento improvido. Unânime” (TJRS, Processo
70013299425, Data: 30.03.2006, Órgão julgador: Décima Sétima Câmara Cível, Juiz
relator: Agathe Elsa Schmidt da Silva, Origem: Comarca de Santa Rosa).
Efeitos processuais da posse
A possibilidade de ingresso de outras ações possessórias
- Da ação de dano infecto

• é rara, pois não é considerada a melhor tática processual;


• normalmente, a opção é pela ação de nunciação de obra ou pela
ação demolitória.
Efeitos processuais da posse
A possibilidade de ingresso de outras ações possessórias
- Dos embargos de terceiro

* remédio processual para a defesa da posse, ou mesmo da


propriedade, por aquele que for turbado ou esbulhado por atos de
apreensão judicial (ex: penhora, arresto, alienação judicial)
Efeitos processuais da posse
A possibilidade de ingresso de outras ações possessórias
- Dos embargos de terceiro

CPC, Art. 674. Quem, não sendo parte no processo, sofrer constrição
ou ameaça de constrição sobre bens que possua ou sobre os quais
tenha direito incompatível com o ato constritivo, poderá requerer seu
desfazimento ou sua inibição por meio de embargos de terceiro.
§ 1º Os embargos podem ser de terceiro proprietário, inclusive
fiduciário, ou possuidor.
Efeitos processuais da posse
A possibilidade de ingresso de outras ações possessórias
- Dos embargos de terceiro

§ 2º Considera-se terceiro, para ajuizamento dos embargos:


I - o cônjuge ou companheiro, quando defende a posse de bens próprios ou de sua
meação, ressalvado o disposto no art. 843 ;
II - o adquirente de bens cuja constrição decorreu de decisão que declara a
ineficácia da alienação realizada em fraude à execução;
III - quem sofre constrição judicial de seus bens por força de desconsideração da
personalidade jurídica, de cujo incidente não fez parte;
IV - o credor com garantia real para obstar expropriação judicial do objeto de direito
real de garantia, caso não tenha sido intimado, nos termos legais dos atos
expropriatórios respectivos.
Efeitos processuais da posse
A possibilidade de ingresso de outras ações possessórias
- Dos embargos de terceiro

Jurisprudência
“Embargos de terceiro. Penhora de automóvel. Inexistência de provas de
que se constitua o bem em instrumento necessário ao exercício de
profissão. Reconhecimento da meação do companheiro. Reserva de 50%
sobre o produto da alienação do bem em hasta pública. Sentença
confirmada por seus próprios fundamentos. Recurso improvido” (TJRS,
Processo 71000888701, Data: 22.06.2006, Órgão julgador: Primeira Turma
Recursal Cível, Juiz relator: Ricardo Torres Hermann, Origem: Comarca de
Passo Fundo).
Efeitos processuais da posse
Ações petitórias

- Ação de imissão de posse (ação petitória)

CC, Art. 1.228. O proprietário tem a faculdade de usar, gozar e dispor


da coisa, e o direito de reavê-la do poder de quem quer que
injustamente a possua ou detenha.
Efeitos processuais da posse
Ações petitórias

- Ação de imissão de posse (ação petitória)

• fundada em título de propriedade, sem que o interessado tenha


tido posse.

Exemplo: ação para proteger o proprietário que arrematou o bem em


leilão e quer adentrar no imóvel.
Efeitos processuais da posse
Ações petitórias

- Ação de imissão de posse (ação petitória)

• fundada em título de propriedade, sem que o interessado tenha


tido posse.
Efeitos processuais da posse
Ações petitórias

- Ação de imissão de posse (ação petitória) - ação reivindicatória

• “Arrematante de imóvel por meio de leilão em execução extraordinária.


Decreto-lei 70/1966. Registro do título o que configura titularidade do
domínio. Imissão na posse deve ser concedida liminarmente, pois
encontram-se presentes os requisitos do artigo 37, §§ 2.º e 3.º, da
referida lei. Agravo provido” (TJSP, Agravo de Instrumento 279.779-4/0,
São Paulo, 4.ª Câmara de Direito Privado, Rel. Natan Zelinschi de Arruda,
06.02.2003, v.u.).
Efeitos processuais da posse
Ações petitórias

- Ação publiciana

Finalidade: “retomar a posse por quem a perdeu, mas com


fundamento no fato de já haver adquirido (de fato – já que não há
título) a propriedade pela usucapião. É a ‘reivindicatória’ do
proprietário de fato” (NERY JR., Nelson; NERY, Rosa Maria de Andrade.
Comentários..., 2015, p. 1.376).
Composse ou Compossessão
CC, Art. 1.199. Se duas ou mais pessoas possuírem coisa indivisa,
poderá cada uma exercer sobre ela atos possessórios, contanto que
não excluam os dos outros compossuidores.

- Situação pela qual duas ou mais pessoas exercem,


simultaneamente, poderes possessórios sobre a mesma coisa.
- Há condomínio de posses.
- Pode ser decorrente de contrato ou de herança, tendo origem inter
vivos ou mortis causa.
Composse ou Compossessão

- Ação de reintegração de posse na composse

“Ação de reintegração de posse. Autorização do cônjuge. 1. Não


desfeita a sociedade conjugal a comunhão dos bens acarreta a
composse, impondo-se a incidência do art. 10, § 2.º, do CPC para o
ajuizamento da ação de reintegração de posse. 2. Recurso especial não
conhecido” (STJ, REsp 222.568/BA, Rel. Min. Carlos Alberto Menezes
Direito, 3.ª Turma, j. 15.05.2000, DJ 26.06.2000, p. 162).
Composse ou Compossessão

Classificação da composse em relação ao seu estado:

- Composse pro indiviso ou indivisível – situação em que os


compossuidores têm fração ideal da posse, pois não é possível
determinar, no plano fático e corpóreo, qual a parte de cada um.
- Composse pro diviso ou divisível – nesta situação, cada
compossuidor sabe qual a sua parte, que é determinável no plano
fático e corpóreo, havendo uma fração real da posse.
Composse ou Compossessão

Jurisprudência:

- “Possessória. Reintegração de posse. Não demonstração da posse dos


autores sobre a totalidade do bem. Comprovação de que ocupavam
apenas a frente do imóvel enquanto que os réus habitavam os fundos
desde 1990. Alegação de composse afastada por exercer cada parte sua
posse de forma autônoma e independente (pro diviso). Existência,
ademais, de muro divisório entre tais áreas. Esbulho não caracterizado.
Ação improcedente. Recurso desprovido” (TJSP, Apelação 1054667-7,
São Paulo, 21.ª Câmara de Direito Privado, 19.10.2005, Rel. Silveira
Paulilo, v.u., Voto 14.410).
PROPRIEDADE
- Conceito:
Doutrina moderna (Orlando Gomes)
A propriedade é um direito complexo, podendo ser
conceituada a partir de três critérios:
- o sintético;
- o analítico;
- o descritivo.
PROPRIEDADE
- Conceito:
Doutrina moderna (Orlando Gomes)
Sinteticamente, a propriedade é a submissão de uma coisa,
em todas as suas relações jurídicas, a uma pessoa.
No sentido analítico, a propriedade está relacionada com os
direitos de usar, fruir, dispor e alienar a coisa.
Descritivamente, a propriedade é um direito complexo,
absoluto, perpétuo e exclusivo, pelo qual uma coisa está
submetida à vontade de uma pessoa, sob os limites da lei.
PROPRIEDADE
- Conceito:
Doutrina contemporânea (Maria Helena Diniz):

“o direito que a pessoa física ou jurídica tem, dentro dos


limites normativos, de usar, gozar, dispor de um bem corpóreo
ou incorpóreo, bem como de reivindicá-lo de quem
injustamente o detenha”
PROPRIEDADE
- Conceito:
Álvaro Villaça Azevedo:

“são os bens corpóreos com valor econômico, (res quae tangi


possunt – coisas que podem ser tocadas com a ponta dos dedos),
sobre as quais pode ser exercido o poder do titular”.
“a propriedade é, assim, o estado da coisa, que pertence, em caráter
próprio e exclusivo, a determinada pessoa, encontrando-se em seu
patrimônio e à sua disposição. (…). O direito de propriedade é a
sujeição do bem à vontade do proprietário, seu titular”.
PROPRIEDADE
- Conceito:
CC, Art. 1.228. O proprietário tem a faculdade de usar, gozar e dispor da coisa, e
o direito de reavê-la do poder de quem quer que injustamente a possua ou
detenha.
- usar: faculdade de servir-se da coisa e de utilizá-la da maneira que entender
mais conveniente - encontra limites (ex: direito de vizinhança).
- gozar (ou fruir a coisa): possibilidade de retirar os frutos da coisa, de locá-lo a
quem bem entender.
- dispor da coisa: inter vivos – vender ou doar a coisa; mortis causa -
testamento. Pode ser onerosa ou gratuita.
- direito de reavê-la: reivindicá-la das mãos de quem injustamente a possua,
através de ação petitória – exemplos: ação reivindicatória, ação de imissão
de posse.
PROPRIEDADE
- Espécies de propriedade
a) plena ou ilimitada: quando as três faculdades do domínio
(uso, fruição e disposição) estão concentradas nas mãos do
proprietário e não existe nenhuma restrição.

CC, Art. 1.231. A propriedade presume-se plena e exclusiva, até


prova em contrário.
PROPRIEDADE
- Espécies de propriedade
b) limitada: subdivide-se em:
1) restrita: quando a propriedade está gravada com um ônus real,
como a hipoteca e o penhor (direitos reais de garantia que
veremos mais adiante), ou quando o proprietário, por exemplo,
cedeu a coisa em usufruto para outrem e ficou apenas com a
disposição e posse indireta do bem;
2) resolúvel: é aquela que pode ser resolvida, ou seja, que pode
ser extinta, e só se tornará plena após certo tempo ou certa
condição. Exemplos: retrovenda (CC, art. 505); na alienação
fiduciária em garantia do (CC, art. 1.361).
PROPRIEDADE
Ação reivindicatória (ação baseada na propriedade)

Três pressupostos de admissibilidade:


1) titularidade do domínio, pelo autor, da área reivindicada;
2) individualização da coisa;
3)posse injusta do réu.
PROPRIEDADE
Ação reivindicatória (ação baseada na propriedade)

Três pressupostos de admissibilidade:


1) titularidade do domínio, pelo autor, da área reivindicada;

- registro imobiliário
PROPRIEDADE
Ação reivindicatória (ação baseada na propriedade)

Três pressupostos de admissibilidade:


2) individualização da coisa;

- descrição atualizada do bem, com os corretos limites e


confrontações, de modo a possibilitar a sua exata localização.
PROPRIEDADE
Ação reivindicatória (ação baseada na propriedade)

Três pressupostos de admissibilidade:


3)posse injusta do réu.

- possuidor ou detentor sem título que justifique a posse


PROPRIEDADE
Ação reivindicatória (ação baseada na propriedade)

Imprescritível – pois versa sobre domínio, que é perpétuo e


somente se extingue nos casos expressos em lei (ex:
usucapião, desapropriação). Não se extingue pelo não uso.

* Sumula 237 do STF - O usucapião pode ser arguido em


defesa.
PROPRIEDADE
Ação reivindicatória (ação baseada na propriedade)

Imprescritível
Ações reais (normalmente prescrição de 10 anos) – exemplo: ações
possessórias.
CC, Art. 205. A prescrição ocorre em dez anos, quando a lei não lhe
haja fixado prazo menor.
Art. 1.238. Aquele que, por quinze anos, sem interrupção, nem
oposição, possuir como seu um imóvel, adquire-lhe a propriedade,
independentemente de título e boa-fé; podendo requerer ao juiz
que assim o declare por sentença, a qual servirá de título para o
registro no Cartório de Registro de Imóveis.
PROPRIEDADE
Ação reivindicatória (ação baseada na propriedade)
Legitimidade ativa e passiva

Legitimidade ativa
- compete ao senhor da coisa, ao titular do domínio.
- indispensável a outorga uxória ou marital:
CPC, Art. 73. O cônjuge necessitará do consentimento do outro para propor ação
que verse sobre direito real imobiliário, salvo quando casados sob o regime de
separação absoluta de bens.
§ 1º Ambos os cônjuges serão necessariamente citados para a ação:
I - que verse sobre direito real imobiliário, salvo quando casados sob o regime de
separação absoluta de bens;
PROPRIEDADE
Ação reivindicatória (ação baseada na propriedade)
Legitimidade ativa e passiva

Legitimidade ativa:

- Não se exige que a propriedade seja plena, ou seja, é


permitida a propositura da ação mesmo nos casos de
propriedade limitada (restrita – hipoteca e penhor; resolúvel –
retrovenda e alienação fiduciária).
PROPRIEDADE
Ação reivindicatória (ação baseada na propriedade)
Legitimidade ativa e passiva

Legitimidade ativa:
- cada condômino pode reivindicar de terceiro, individualmente, a
totalidade do imóvel:
Art. 1.314. Cada condômino pode usar da coisa conforme sua
destinação, sobre ela exercer todos os direitos compatíveis com a
indivisão, reivindicá-la de terceiro, defender a sua posse e alhear a
respectiva parte ideal, ou gravá-la.
PROPRIEDADE
Ação reivindicatória (ação baseada na propriedade)
Legitimidade ativa e passiva

Legitimidade ativa:
- herdeiros podem reivindicar os bens da herança mesmo sem
formal de partilha, pois direito hereditário é modo de aquisição
da propriedade imóvel (indispensável que o imóvel esteja
registrado em nome do de cujus)
CC, Art. 1.784. Aberta a sucessão, a herança transmite-se, desde
logo, aos herdeiros legítimos e testamentários.
PROPRIEDADE
Ação reivindicatória (ação baseada na propriedade)
Legitimidade ativa e passiva

Legitimidade ativa:
- O promitente comprador, titular do direito real, tem a faculdade
de reivindicar de terceiro o imóvel prometido à venda.
Art. 1.417. Mediante promessa de compra e venda, em que se não
pactuou arrependimento, celebrada por instrumento público ou
particular, e registrada no Cartório de Registro de Imóveis, adquire
o promitente comprador direito real à aquisição do imóvel.
PROPRIEDADE
Ação reivindicatória (ação baseada na propriedade)
Legitimidade ativa e passiva

Legitimidade passiva:
- a ação deve ser endereçada contra quem está na posse ou
detém a coisa, sem título.
PROPRIEDADE
Direito de propriedade na atualidade:

Função social

CC, Artigo 1.228


§ 1º O direito de propriedade deve ser exercido em consonância com as
suas finalidades econômicas e sociais e de modo que sejam preservados,
de conformidade com o estabelecido em lei especial, a flora, a fauna, as
belezas naturais, o equilíbrio ecológico e o patrimônio histórico e
artístico, bem como evitada a poluição do ar e das águas.
PROPRIEDADE
CC, Artigo 1.228
§ 2º São defesos os atos que não trazem ao proprietário qualquer comodidade,
ou utilidade, e sejam animados pela intenção de prejudicar outrem.

- animus lesandi
- vedação do exercício irregular do direito de propriedade
- abuso de propriedade ou ato emulativo civil (aemulatio)

Artigo 1.228 § 2º (DOLO) contrário ao Artigo 187 (responsabilidade objetiva,


independe de culpa)
PROPRIEDADE

Rodrigo Reis Mazzei esclarece que


“A melhor solução para o problema é a reforma legislativa, com a
retirada do dispositivo no § 2.º do art. 1.228 do CC, pois se eliminará
a norma conflituosa, sendo o art. 187 do mesmo diploma suficiente
para regular o abuso de direito, em qualquer relação ou figura
privada, abrangendo os atos decorrentes do exercício dos poderes
inerentes à propriedade. Até que se faça a (reclamada) reforma
legislativa, o intérprete e o aplicador do Código Civil devem
implementar interpretação restritiva ao § 2.º do art. 1.228,
afastando do dispositivo a intenção (ou qualquer elemento da culpa)
para a aferição do abuso de direito por aquele que exerce os
poderes inerentes propriedade”.
PROPRIEDADE

CC, Artigo 1.228


§ 3º O proprietário pode ser privado da coisa, nos casos de
desapropriação, por necessidade ou utilidade pública ou
interesse social, bem como no de requisição, em caso de
perigo público iminente.
PROPRIEDADE

CC, Artigo 1.228, § 3º


Desapropriação
Art. 5.º, inc. XXIV, da Constituição Federal
“a lei estabelecerá o procedimento para desapropriação por
necessidade ou utilidade pública, ou por interesse social,
mediante justa e prévia indenização em dinheiro, ressalvados
os casos previstos nesta Constituição”.
PROPRIEDADE

CC, Artigo 1.228, § 3º


Requisição
Art. 5.º, inc. XXV, da Constituição Federal
“no caso de iminente perigo público, a autoridade competente
poderá usar de propriedade particular, assegurada ao
proprietário indenização ulterior, se houver dano”.
PROPRIEDADE

CC, Artigo 1.228


§ 4º O proprietário também pode ser privado da coisa se o imóvel
reivindicado consistir em extensa área, na posse ininterrupta e de
boa-fé, por mais de cinco anos, de considerável número de pessoas,
e estas nela houverem realizado, em conjunto ou separadamente,
obras e serviços considerados pelo juiz de interesse social e
econômico relevante.
§ 5º No caso do parágrafo antecedente, o juiz fixará a justa
indenização devida ao proprietário; pago o preço, valerá a sentença
como título para o registro do imóvel em nome dos possuidores.
PROPRIEDADE

CC, Artigo 1.229. A propriedade do solo abrange a do espaço


aéreo e subsolo correspondentes, em altura e profundidade
úteis ao seu exercício, não podendo o proprietário opor-se a
atividades que sejam realizadas, por terceiros, a uma altura ou
profundidade tais, que não tenha ele interesse legítimo em
impedi-las.
PROPRIEDADE

Superior Tribunal de Justiça (Informativo n. 557)


“no caso em que o subsolo de imóvel tenha sido invadido por
tirantes (pinos de concreto) provenientes de obra de
sustentação do imóvel vizinho, o proprietário do imóvel
invadido não terá legítimo interesse para requerer, com base
no art. 1.229 do CC, a remoção dos tirantes nem indenização
por perdas e danos, desde que fique constatado que a invasão
não acarretou prejuízos comprovados a ele, tampouco
impossibilitou o perfeito uso, gozo e fruição do seu imóvel”.
PROPRIEDADE

CC, Art. 1.230. A propriedade do solo não abrange as jazidas,


minas e demais recursos minerais, os potenciais de energia
hidráulica, os monumentos arqueológicos e outros bens
referidos por leis especiais.
Parágrafo único. O proprietário do solo tem o direito de
explorar os recursos minerais de emprego imediato na
construção civil, desde que não submetidos a transformação
industrial, obedecido o disposto em lei especial.
PROPRIEDADE

Art. 176 da Constituição Federal


“As jazidas, em lavra ou não, e demais recursos minerais e os
potenciais de energia hidráulica constituem propriedade
distinta da do solo, para efeito de exploração ou
aproveitamento, e pertencem à União, garantida ao
concessionário a propriedade do produto da lavra”.
PROPRIEDADE
Descoberta

CC, Art. 1.233. Quem quer que ache coisa alheia perdida há de
restituí-la ao dono ou legítimo possuidor.
Parágrafo único. Não o conhecendo, o descobridor fará por
encontrá-lo, e, se não o encontrar, entregará a coisa achada à
autoridade competente.
PROPRIEDADE
Descoberta

CC, Art. 1.234. Aquele que restituir a coisa achada, nos termos do
artigo antecedente, terá direito a uma recompensa não inferior a
cinco por cento do seu valor, e à indenização pelas despesas que
houver feito com a conservação e transporte da coisa, se o dono não
preferir abandoná-la.

Parágrafo único. Na determinação do montante da recompensa,


considerar-se-á o esforço desenvolvido pelo descobridor para
encontrar o dono, ou o legítimo possuidor, as possibilidades que
teria este de encontrar a coisa e a situação econômica de ambos.
PROPRIEDADE
Descoberta

CC, Art. 1.235. O descobridor responde pelos prejuízos causados ao


proprietário ou possuidor legítimo, quando tiver procedido com
dolo.

CC, Art. 1.236. A autoridade competente dará conhecimento da


descoberta através da imprensa e outros meios de informação,
somente expedindo editais se o seu valor os comportar.
PROPRIEDADE
Descoberta

CC, Art. 1.237. Decorridos sessenta dias da divulgação da notícia pela


imprensa, ou do edital, não se apresentando quem comprove a
propriedade sobre a coisa, será esta vendida em hasta pública e,
deduzidas do preço as despesas, mais a recompensa do descobridor,
pertencerá o remanescente ao Município em cuja circunscrição se
deparou o objeto perdido.

Parágrafo único. Sendo de diminuto valor, poderá o Município


abandonar a coisa em favor de quem a achou.
AQUISIÇÃO DA PROPRIEDADE IMÓVEL
Modos de aquisição

O CC de 1916 enumerava os modos de aquisição da


propriedade imóvel:
- registro do título de transferência no Registro do imóvel;
- acessão;
- usucapião;
- direito hereditário.
AQUISIÇÃO DA PROPRIEDADE IMÓVEL
Modos de aquisição

CC de 2002 disciplinou a usucapião, o registro do título e a


acessão nos artigos 1.238 a 1.259 e o direito hereditário no
artigo 1.784.
AQUISIÇÃO DA PROPRIEDADE IMÓVEL
Modos de aquisição

- originária – quando não há transmissão de um sujeito para


o outro (ex: acessão natural e usucapião).
- derivada – quando resulta de uma relação negocial entre o
anterior proprietário e o adquirente, havendo, pois, uma
transmissão do domínio em razão da manifestação de
vontade.
AQUISIÇÃO DA PROPRIEDADE IMÓVEL
Usucapião

- A usucapião também é chamada de prescrição aquisitiva,


em comparação com a prescrição extintiva.
- Podem ser objeto de usucapião: bens móveis e bens
imóveis.
AQUISIÇÃO DA PROPRIEDADE IMÓVEL
Usucapião

Três espécies de usucapião de bens imóveis:


- extraordinária
- ordinária
- especial (ou constitucional): rural (pro labore) e urbana (pró
moradia ou pro misero e familiar)
* Há ainda a usucapião indígena estabelecida no Estatuto do
Índio (Lei nº 6.001 de 1973)
AQUISIÇÃO DA PROPRIEDADE IMÓVEL
Usucapião extraordinária

CC, Art. 1.238. Aquele que, por quinze anos, sem interrupção, nem
oposição, possuir como seu um imóvel, adquire-lhe a propriedade,
independentemente de título e boa-fé; podendo requerer ao juiz
que assim o declare por sentença, a qual servirá de título para o
registro no Cartório de Registro de Imóveis.
Parágrafo único. O prazo estabelecido neste artigo reduzir-se-á a dez
anos se o possuidor houver estabelecido no imóvel a sua moradia
habitual, ou nele realizado obras ou serviços de caráter produtivo.
AQUISIÇÃO DA PROPRIEDADE IMÓVEL
Usucapião ordinária

CC, Art. 1.242. Adquire também a propriedade do imóvel aquele


que, contínua e incontestadamente, com justo título e boa-fé, o
possuir por dez anos.
Parágrafo único. Será de cinco anos o prazo previsto neste artigo se o
imóvel houver sido adquirido, onerosamente, com base no registro
constante do respectivo cartório, cancelada posteriormente, desde
que os possuidores nele tiverem estabelecido a sua moradia, ou
realizado investimentos de interesse social e econômico.
AQUISIÇÃO DA PROPRIEDADE IMÓVEL
Usucapião especial rural (pro labore)

Constituição Federal
Art. 191. Aquele que, não sendo proprietário de imóvel rural ou
urbano, possua como seu, por cinco anos ininterruptos, sem
oposição, área de terra, em zona rural, não superior a cinqüenta
hectares, tornando-a produtiva por seu trabalho ou de sua família,
tendo nela sua moradia, adquirir-lhe-á a propriedade.

Parágrafo único. Os imóveis públicos não serão adquiridos por


usucapião.
AQUISIÇÃO DA PROPRIEDADE IMÓVEL
Usucapião especial rural (pro labore)

Código civil
Art. 1.239. Aquele que, não sendo proprietário de imóvel rural
ou urbano, possua como sua, por cinco anos ininterruptos,
sem oposição, área de terra em zona rural não superior a
cinqüenta hectares, tornando-a produtiva por seu trabalho ou
de sua família, tendo nela sua moradia, adquirir-lhe-á a
propriedade.
AQUISIÇÃO DA PROPRIEDADE IMÓVEL
Usucapião especial urbana (pró moradia ou pro misero)

Constituição Federal
Art. 183. Aquele que possuir como sua área urbana de até
duzentos e cinqüenta metros quadrados, por cinco anos,
ininterruptamente e sem oposição, utilizando-a para sua
moradia ou de sua família, adquirir-lhe-á o domínio, desde que
não seja proprietário de outro imóvel urbano ou rural.
AQUISIÇÃO DA PROPRIEDADE IMÓVEL
Usucapião especial urbana (pró moradia ou pro misero)

Código civil
Art. 1.240. Aquele que possuir, como sua, área urbana de até
duzentos e cinqüenta metros quadrados, por cinco anos
ininterruptamente e sem oposição, utilizando-a para sua
moradia ou de sua família, adquirir-lhe-á o domínio, desde que
não seja proprietário de outro imóvel urbano ou rural.
AQUISIÇÃO DA PROPRIEDADE IMÓVEL
Usucapião especial urbana (familiar)

Código civil
Art. 1.240-A. Aquele que exercer, por 2 (dois) anos
ininterruptamente e sem oposição, posse direta, com exclusividade,
sobre imóvel urbano de até 250m² (duzentos e cinquenta metros
quadrados) cuja propriedade divida com ex-cônjuge ou ex-
companheiro que abandonou o lar, utilizando-o para sua moradia
ou de sua família, adquirir-lhe-á o domínio integral, desde que não
seja proprietário de outro imóvel urbano ou rural.
AQUISIÇÃO DA PROPRIEDADE IMÓVEL
Usucapião coletiva

Estatuto da Cidade (Lei nº 10.257 de 2001)


Art. 10. Os núcleos urbanos informais existentes sem oposição
há mais de cinco anos e cuja área total dividida pelo número
de possuidores seja inferior a duzentos e cinquenta metros
quadrados por possuidor são suscetíveis de serem usucapidos
coletivamente, desde que os possuidores não sejam
proprietários de outro imóvel urbano ou rural.
AQUISIÇÃO DA PROPRIEDADE IMÓVEL
Usucapião extrajudicial (ou administrativa)

Requerida e processada no Cartório de Registro de Imóveis.

CPC, Art. 1.071. O Capítulo III do Título V da Lei nº 6.015, de 31


de dezembro de 1973 (Lei de Registros Públicos), passa a
vigorar acrescida do seguinte art. 216-A: (Vigência)
AQUISIÇÃO DA PROPRIEDADE IMÓVEL
Usucapião extrajudicial (ou administrativa)

“Art. 216-A. Sem prejuízo da via jurisdicional, é admitido o pedido de


reconhecimento extrajudicial de usucapião, que será processado diretamente
perante o cartório do registro de imóveis da comarca em que estiver situado o
imóvel usucapiendo, a requerimento do interessado, representado por
advogado, instruído com:
I - ata notarial lavrada pelo tabelião, atestando o tempo de posse do requerente
e seus antecessores, conforme o caso e suas circunstâncias;
II - planta e memorial descritivo assinado por profissional legalmente habilitado,
com prova de anotação de responsabilidade técnica no respectivo conselho de
fiscalização profissional, e pelos titulares de direitos reais e de outros direitos
registrados ou averbados na matrícula do imóvel usucapiendo e na matrícula dos
imóveis confinantes;
AQUISIÇÃO DA PROPRIEDADE IMÓVEL
Usucapião extrajudicial (ou administrativa)

III - certidões negativas dos distribuidores da comarca da


situação do imóvel e do domicílio do requerente;
IV - justo título ou quaisquer outros documentos que
demonstrem a origem, a continuidade, a natureza e o tempo
da posse, tais como o pagamento dos impostos e das taxas que
incidirem sobre o imóvel.
AQUISIÇÃO DA PROPRIEDADE IMÓVEL
Usucapião extrajudicial (ou administrativa)

- via extrajudicial é facultativa;


- o interessado pode optar pela propositura da ação judicial
mesmo que não exista litígio;
- extrajudicial é mais célere do que na via judicial;
- não há custas judiciais, ficando ao encargo das partes
apenas os emolumentos de registro.
AQUISIÇÃO DA PROPRIEDADE IMÓVEL
Usucapião extrajudicial (ou administrativa)

- deve ser de forma consensual;


- se houver algum litígio, o Oficial de registro mediará para se
chegar a um acordo;
- não havendo acordo, o processo será devolvido para as
partes, que deverão, então, procurar o Poder Judiciário.
AQUISIÇÃO DA PROPRIEDADE IMÓVEL
Registro do título

- no direito brasileiro não basta o contrato para a transferência ou


aquisição do domínio;

CC, Art. 481. Pelo contrato de compra e venda, um dos contratantes


se obriga a transferir o domínio de certa coisa, e o outro, a pagar-lhe
certo preço em dinheiro.

- efeito inter partes


AQUISIÇÃO DA PROPRIEDADE IMÓVEL
Registro do título

- o domínio só se transfere pelo registro do título translativo;

CC, Art. 1.245. Transfere-se entre vivos a propriedade


mediante o registro do título translativo no Registro de
Imóveis.
§ 1º Enquanto não se registrar o título translativo, o alienante
continua a ser havido como dono do imóvel.
AQUISIÇÃO DA PROPRIEDADE IMÓVEL
Registro do título
Princípios que regem o registro de imóveis
- publicidade – o registro confere publicidade às transações
imobiliárias, valendo contra terceiros;
- força probante (fé pública) ou presunção (juris tantum) – o registro
tem força probante, pois gozam de presunção de veracidade;
CC, Art. 1.247. Se o teor do registro não exprimir a verdade, poderá o
interessado reclamar que se retifique ou anule.
CC, Art. 1.245, § 2º Enquanto não se promover, por meio de ação
própria, a decretação de invalidade do registro, e o respectivo
cancelamento, o adquirente continua a ser havido como dono do imóvel.
AQUISIÇÃO DA PROPRIEDADE IMÓVEL
Registro do título
Princípios que regem o registro de imóveis
- legalidade – incube ao oficial do cartório, por dever de
ofício, examinar a legalidade e validade dos títulos que lhe
são apresentados para registro;
- territorialidade – exige-se o registro na circunscrição
imobiliária da situação do imóvel.
AQUISIÇÃO DA PROPRIEDADE IMÓVEL
Registro do título
Princípios que regem o registro de imóveis
- continuidade – somente se admite o registro de um título
se a pessoa que nele aparece como alienante é a mesma
que figura no registro como o seu proprietário.
AQUISIÇÃO DA PROPRIEDADE IMÓVEL
Registro do título
Princípios que regem o registro de imóveis
- prioridade – protege quem primeiro registra o seu título. A
prenotação assegura a prioridade do registro. Se mais de
um título for apresentado no mesmo dia, será registrado
aquele prenotado em primeiro lugar no protocolo (Lei de
Registro Público, arts. 191 e 192)
AQUISIÇÃO DA PROPRIEDADE IMÓVEL
Registro do título
Princípios que regem o registro de imóveis
- especialidade – exige a minuciosa individualização, no
título, do bem a ser registrado (dados geográficos do
imóvel, metragens e confrontações – cf. artigo 225 da Lei de
Registros Públicos). Objetiva proteger o registro de erros
que possam confundir as propriedades e causar prejuízos
aos seus titulares.
AQUISIÇÃO DA PROPRIEDADE IMÓVEL
Registro do título
Princípios que regem o registro de imóveis
- instância – princípio que não permite que o oficial do
cartório proceda a registro de ofício, mas somente a
requerimento do interessado, ainda que verbal (cf. LRP, art.
13).
AQUISIÇÃO DA PROPRIEDADE IMÓVEL
Registro do título
Etapas
No Cartório de Registro de Imóveis
- retirar certidão do imóvel (registrado)
- requerer certidão negativa de ônus (ex: hipoteca, penhora)
No Cartório de Notas
- requerer a lavratura de uma escritura de compra e venda (ou
permuta ou doação)
No Cartório de Registro de Imóveis
- requere o registro da escritura em nome do comprador
AQUISIÇÃO DA PROPRIEDADE IMÓVEL
Registro do título
Atos do registro
a) matrícula – é feita somente por ocasião do primeiro registro do
título. Destina-se a individualizar os imóveis. O número de matrícula
sempre os acompanhará. As alienações posteriores serão registradas
na mesma matrícula.
b) registro – sucede à matrícula. É o ato que efetivamente acarreta a
transferência da propriedade. O número inicial da matrícula é
mantido, mas os subsequentes registros receberão numerações
diferentes, em ordem cronológica, vinculados ao número da
matrícula base.
c) averbação – é qualquer anotação feita à margem de um registro,
para indicar as alterações ocorridas no imóvel.
AQUISIÇÃO DA PROPRIEDADE MÓVEL
Usucapião

- prazos mais reduzidos que na usucapião de propriedade


móvel;
CC, Art. 1.260. Aquele que possuir coisa móvel como sua,
contínua e incontestadamente durante três anos, com justo
título e boa-fé, adquirir-lhe-á a propriedade.
AQUISIÇÃO DA PROPRIEDADE MÓVEL
Usucapião

Usucapião mais comum sobre coisas móveis – direito de uso


de linha telefônica e veículos.

Súmula 193 do STJ:


“O direito de uso de linha telefônica pode ser adquirido por
usucapião.”
AQUISIÇÃO DA PROPRIEDADE MÓVEL
Usucapião

Usucapião mais comum sobre coisas móveis – direito de uso de linha


telefônica e veículos.
- Terceiro de boa-fé que adquire veículo irregular, ainda que
proveniente de furto;
- Justo título se consubstancia no negócio de aquisição do veículo,
muitas vezes merecedor de registro no departamento de trânsito
(mesmo havendo vício substancial).
AQUISIÇÃO DA PROPRIEDADE MÓVEL
Usucapião

Usucapião mais comum sobre coisas móveis – direito de uso


de linha telefônica e veículos.
Jurisprudência:
Usucapião. Bem móvel (veículo automotor). Justo título e boa-
fé. Posse mansa e pacífica por mais de três anos. Suspeita de
procedência ilícita superada. Procedência do pedido. TJRS, AC
nº 70.005.014.295, 27.06.2003
AQUISIÇÃO DA PROPRIEDADE MÓVEL
Usucapião

CC, Art. 1.261. Se a posse da coisa móvel se prolongar por


cinco anos, produzirá usucapião, independentemente de título
ou boa-fé.
AQUISIÇÃO DA PROPRIEDADE MÓVEL
Usucapião

- CC, Art. 1.262. Aplica-se à usucapião das coisas móveis o disposto nos arts. 1.243 e
1.244 .

CC, Art. 1.243. O possuidor pode, para o fim de contar o tempo exigido pelos artigos
antecedentes, acrescentar à sua posse a dos seus antecessores (art. 1.207), contanto que
todas sejam contínuas, pacíficas e, nos casos do art. 1.242 , com justo título e de boa-fé.
CC, Art. 1.207. O sucessor universal continua de direito a posse do seu antecessor; e ao
sucessor singular é facultado unir sua posse à do antecessor, para os efeitos legais.
CC, Art. 1.244. Estende-se ao possuidor o disposto quanto ao devedor acerca das causas
que obstam, suspendem ou interrompem a prescrição, as quais também se aplicam à
usucapião.
AQUISIÇÃO DA PROPRIEDADE MÓVEL
Ocupação

CC, Art. 1.263. Quem se assenhorear de coisa sem dono para logo lhe adquire a
propriedade, não sendo essa ocupação defesa por lei.
- modo originário de aquisição de bem móvel que consiste na tomada de
posse de coisa com a intenção de se tornar seu proprietário;
Duas formas: coisa que nunca teve dono (res nullius); ou teve dono, mas foi
abandonada (res derelicta).
Para caracterização de abandono – falta de posse do dono, intenção de renunciar
à propriedade da coisa (animus abandonandi) que pode ser caracterizado pelo
comportamento do dono da coisa. Ex: coisas encontradas em lavanderia,
sapataria, transportadora – dever de procurar em determinado caso, sob pena
de serem consideradas abandonadas.
AQUISIÇÃO DA PROPRIEDADE MÓVEL
Ocupação

- somente se aplica a bens móveis, pois os imóveis são públicos ou particulares, não se
cogitando de imóveis sem titularidade dominial;
- a apropriação de coisas imóveis somente gera aquisição da propriedade pela
usucapião.
CC, Art. 1.276. O imóvel urbano que o proprietário abandonar, com a intenção de não mais
o conservar em seu patrimônio, e que se não encontrar na posse de outrem, poderá ser
arrecadado, como bem vago, e passar, três anos depois, à propriedade do Município ou à
do Distrito Federal, se se achar nas respectivas circunscrições.
§ 1º O imóvel situado na zona rural, abandonado nas mesmas circunstâncias, poderá ser
arrecadado, como bem vago, e passar, três anos depois, à propriedade da União, onde
quer que ele se localize.
§ 2º Presumir-se-á de modo absoluto a intenção a que se refere este artigo, quando,
cessados os atos de posse, deixar o proprietário de satisfazer os ônus fiscais.
AQUISIÇÃO DA PROPRIEDADE MÓVEL
Achado do tesouro

CC, Art. 1.264. O depósito antigo de coisas preciosas, oculto e de cujo dono não
haja memória, será dividido por igual entre o proprietário do prédio e o que
achar o tesouro casualmente.

CC, Art. 1.265. O tesouro pertencerá por inteiro ao proprietário do prédio, se for
achado por ele, ou em pesquisa que ordenou, ou por terceiro não autorizado.

CC, Art. 1.266. Achando-se em terreno aforado, o tesouro será dividido por igual
entre o descobridor e o enfiteuta, ou será deste por inteiro quando ele mesmo
seja o descobridor.
AQUISIÇÃO DA PROPRIEDADE MÓVEL
Tradição

Art. 1.267. A propriedade das coisas não se transfere pelos negócios


jurídicos antes da tradição.

Parágrafo único. Subentende-se a tradição quando o transmitente


continua a possuir pelo constituto possessório; quando cede ao
adquirente o direito à restituição da coisa, que se encontra em
poder de terceiro; ou quando o adquirente já está na posse da coisa,
por ocasião do negócio jurídico.
AQUISIÇÃO DA PROPRIEDADE MÓVEL
Tradição

Art. 1.268. Feita por quem não seja proprietário, a tradição não aliena a propriedade,
exceto se a coisa, oferecida ao público, em leilão ou estabelecimento comercial, for
transferida em circunstâncias tais que, ao adquirente de boa-fé, como a qualquer pessoa,
o alienante se afigurar dono.

- Princípio geral de que ninguém pode transferir mais direitos, ou direitos diversos, dos
que tem. Somente tem direito para efetuar a tradição o proprietário da coisa.
- Teoria da aparência e segurança das relações negociais (prestigia a confiança que
determinadas condutas despertam no público em geral – desloca o risco da perda da
coisa, que era do adquirente, para o proprietário, que não mais terá o direito de
reivindicar a coisa, mas apenas reaver o equivalente em dinheiro mais perdas e danos
do alienante).
AQUISIÇÃO DA PROPRIEDADE MÓVEL
Tradição

Art. 1.268.
§ 1º Se o adquirente estiver de boa-fé e o alienante adquirir
depois a propriedade, considera-se realizada a transferência
desde o momento em que ocorreu a tradição.

§ 2º Não transfere a propriedade a tradição, quando tiver por


título um negócio jurídico nulo.
AQUISIÇÃO DA PROPRIEDADE MÓVEL
Especificação

CC, Art. 1.269. Aquele que, trabalhando em matéria-prima em


parte alheia, obtiver espécie nova, desta será proprietário, se
não se puder restituir à forma anterior.
AQUISIÇÃO DA PROPRIEDADE MÓVEL
Especificação

Caio Mário:
Especificação “é a transformação definitiva da matéria-prima
em espécie nova, mediante trabalho ou indústria do
especificador”.
AQUISIÇÃO DA PROPRIEDADE MÓVEL
Especificação

Requisitos:
- Transformação da matéria-prima em coisa nova,
substancialmente distinta da anterior, não bastando singela
modificação;
- Essa transformação seja resultante de trabalho ou indústria
humana do especificador, não podendo resultar de mero
fato acidental.
AQUISIÇÃO DA PROPRIEDADE MÓVEL
Especificação

CC, Art. 1.270. Se toda a matéria for alheia, e não se puder reduzir à
forma precedente, será do especificador de boa-fé a espécie nova.

§ 1º Sendo praticável a redução, ou quando impraticável, se a espécie


nova se obteve de má-fé, pertencerá ao dono da matéria-prima.

§ 2º Em qualquer caso, inclusive o da pintura em relação à tela, da


escultura, escritura e outro qualquer trabalho gráfico em relação à
matéria-prima, a espécie nova será do especificador, se o seu valor
exceder consideravelmente o da matéria-prima.
AQUISIÇÃO DA PROPRIEDADE MÓVEL
Especificação

CC, Art. 1.271. Aos prejudicados, nas hipóteses dos arts. 1.269
e 1.270 , se ressarcirá o dano que sofrerem, menos ao
especificador de má-fé, no caso do § 1º do artigo antecedente,
quando irredutível a especificação.
AQUISIÇÃO DA PROPRIEDADE MÓVEL
Confusão, comistão e adjunção

Confusão – mistura de coisas líquidas.


Comistão – mistura de coisas sólidas ou secas.
Adjunção – justaposição de uma coisa sobre outra.

- Formas derivadas de aquisição da propriedade móvel e estão


presentes quando coisas pertencentes a pessoas diversas se
misturam de tal forma que é impossível separá-las.
AQUISIÇÃO DA PROPRIEDADE MÓVEL
Confusão, comistão e adjunção

Art. 1.272. As coisas pertencentes a diversos donos, confundidas, misturadas ou


adjuntadas sem o consentimento deles, continuam a pertencer-lhes, sendo
possível separá-las sem deterioração.

§ 1º Não sendo possível a separação das coisas, ou exigindo dispêndio excessivo,


subsiste indiviso o todo, cabendo a cada um dos donos quinhão proporcional ao
valor da coisa com que entrou para a mistura ou agregado.

§ 2º Se uma das coisas puder considerar-se principal, o dono sê-lo-á do todo,


indenizando os outros.
AQUISIÇÃO DA PROPRIEDADE MÓVEL
Confusão, comistão e adjunção

Art. 1.273. Se a confusão, comissão ou adjunção se operou de má-fé,


à outra parte caberá escolher entre adquirir a propriedade do todo,
pagando o que não for seu, abatida a indenização que lhe for devida,
ou renunciar ao que lhe pertencer, caso em que será indenizado.

Art. 1.274. Se da união de matérias de natureza diversa se formar


espécie nova, à confusão, comissão ou adjunção aplicam-se as
normas dos arts. 1.272 e 1.273.

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