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ROMANTIZAÇÃO DO RELACIONAMENTO ABUSIVO, UMA

VIOLÊNCIA SILENCIOSA: A INEFICÁCIA DA LEI MARIA DA PENHA


FRANCISCA MOANA A. DE OLIVEIRA1
FRANCISCA JULIANA DE P. ÁVILA2
NÍKOLAS M. CARNEIRO BASTOS 3
VANESSA L. VASCONCELOS4

Resumo: O presente artigo objetiva abordar os perigos da romantização de relações abusivas em artigos de consumo
da cultura pop, alertando para a dificuldade de identificação das violências silenciosas no cotidiano. Assim, utilizando-
se de estudo doutrinário, legislativo, cultural e social, partindo da análise crítica de obras literárias, filmes e músicas que
disfarçam o abuso de romance, tornando-o sexy e desejável, visa dar luz à naturalização da violência doméstica e
familiar e ao alto grau de subnotificação dos casos concretos.

Palavras-chave: Violência contra a mulher. Lei Maria da Penha. Violências Silenciosas. Relacionamento Abusivo. Romantização
do Abuso.

ROMANTICIZING OF ABUSIVE RELACIONSHIP, A SILENT VIO-


LENCE: THE INEFFICIENCY OF MARIA DA PENHA LAW

Abstract: This article aims to show the dangers of romanticizing of abusive relacionships in pop culture merchan-
dise, warning against the difficulty in identifying silent violence in everyday life. Thus using doctrinal, legislative and
social study, based on critical analysis of literature, movies and songs that hide the romance abuse, thereby rendering

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it sexy and desireable, it seeks to give light to the naturalization of family and domestic violence and to the high

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degree of underreporting of real cases.

Palavra-chave: Violence against woman. Maria da Penha Law. Silent Violence. Abusive Relacionships. Romanticizing of Abuse.

1 Graduanda do 6º semestre do curso de Direito na Faculdade Luciano Feijão (FLF).


E-mail: moana.direito@hotmail.com
Sobral-CE, novembro de 2016.

2 Graduanda do 6º semestre do curso de Direito na Faculdade Luciano Feijão (FLF).

E-mail: juliana.paula.direito@hotmail.com
3 Graduando do 6º semestre do curso de Direito na Faculdade Luciano Feijão (FLF).

E-mail: matheus-victoriaa@hotmail.com
4
Mestre em Ciências Jurídicas Internacionais pela Universidade de Lisboa. Professora do Curso de Direito na Faculdade
Luciano Feijão (FLF). E-mail: vanessavasconcelos85@gmail.com
INTRODUÇÃO

As mulheres são as principais vítimas de relacionamentos abusivos no Brasil. Não obstante,


nossa cultura, através de artigos de consumo, costuma naturalizar o abuso de forma poética e
romantizada, negligenciando seu caráter destrutivo e tornando-o sexy e desejável.
Essa romantização do abuso faz com que a grande maioria da sociedade não consiga
identificar de imediato as violências silenciosas presentes na vida de um casal, muitas vezes por
acreditarem que esses episódios sejam apenas fases naturais de todo e qualquer relacionamento
afetivo, enquanto pesquisas mostram que um relacionamento que se constrói com bases abusivas
tende a terminar de maneira cruel para suas vítimas, causando danos, às vezes, irreparáveis.
A criação dessa linha tênue entre uma relação destrutiva e a idealização romântica torna-
se extremamente perigosa, na medida em que a conjunção das consequências psicológicas, moral
e patrimonial das vítimas de violência doméstica e familiar ocasionam resultados tão graves
quando a violência física. E ainda que esses diversos tipos de violência contra a mulher estejam
presentes no texto da Lei Maria da Penha, suas falhas são expostas no momento em que o
acolhimento das denúncias e suas resoluções não são feitas de maneira adequada pelos órgãos
jurídico-policiais.
Portanto, essa romantização e aceitação cultural da violência contra a mulher devem ser
discutidas de modo a gerar uma reavaliação das relações de gênero, especialmente no que diz

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respeito à naturalização das violências que ocorrem dentro de um relacionamento abusivo, que
condiciona a mulher a objeto de controle e domínio do homem. Desta forma, o presente trabalho
busca identificar os incentivos culturais à perpetuação da violência contra a mulher e incentivar
uma reflexão sobre as condições sociojurídicas que regem a violência doméstica e familiar e seu
alto grau de subnotificação.

A ROMANTIZAÇÃO DO RELACIONAMENTO ABUSIVO

Um relacionamento abusivo é caracterizado pelo excesso de poder de uma pessoa sobre


Sobral-CE, novembro de 2016.

a outra dentro de um relacionamento afetivo, no qual um parceiro extremamente ciumento quer


controlar as atitudes e decisões do outro, tentando isolá-lo do restante do mundo (MOREIRA,
2016). É o desejo de controlar o parceiro e de tê-lo para si, como explica a psicóloga Raquel Silva
Barreto, da Universidade Federal Fluminense (UFF). Este movimento de violência é sutil e, muitas
vezes, imperceptível para ambos – agressor e vítima – e, com frequência, a vítima tende a justificar
o padrão de comportamento de seu agressor (SILVA, 2007).
Como algumas características dos relacionamentos abusivos são normalizadas pela nossa
cultura, é difícil para as próprias vítimas entenderem o que se passa com elas (MOREIRA, 2016),
só tomando dimensão da violência quando a agressão além de mental passa a ser física.
A romantização desse tipo de relacionamento é comum e diz respeito à transposição de
uma realidade violenta e problemática para a forma de romance, como uma espécie de
glamourização do abuso, tornando-o poético e desejável. Ao tratar dessa romantização, espera-se
que as pessoas façam a conexão entre uma cultura que sexualiza, perdoa, tolera e glorifica
situações abusivas e a violência da vida real (ROPER, 2017). A transmissão dessa mensagem é
constantemente presente no dia a dia das pessoas, através da música, literatura, cinema, TV, entre
outros meios, e por muitas vezes não é recebida de forma apropriada. Como expressa Hirigoyen
(2006, p.13): o parceiro, sem desferir o menor golpe, consegue destruir o outro.
No cenário musical nacional e internacional, há diversas músicas que abordam sobre
relacionamentos abusivos e violência contra a mulher pelas vozes de cantoras que revelam as
mais variadas formas de manifestação do abuso e os sentimentos que surgem a partir dele
(VALKIRIAS, 2016). Em 2003, a cantora brasileira Kelly Key lançou a música Por Causa de Você5,

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que possui uma letra autoexplicativa sobre todo o controle e submissão que sofria do namorado,
na época. Na música, ela fala sobre ser abandonada por seu parceiro, mudando seu
comportamento em diversas áreas da vida, atingindo, inclusive, seu ciclo social. Músicas como
esta sinalizam para a necessidade de desmitificar o pensamento que coloca o sentimento de ciúme
como prova de amor.

Controle motivado por ciúme não é amor e não é romântico. Precisamos parar de falar
que controlar as roupas da parceira é uma forma de demonstrar afeto ou de se mostrar
preocupado com o relacionamento, por exemplo. Controlar o que a parceira veste, com
quem ela conversa, aonde ela vai, proibir que ela faça algo não é sintoma de paixão, é
sinal de que o relacionamento é abusivo, nada saudável (CAMPOLINA, 2015).
Sobral-CE, novembro de 2016.

5“Por causa de você não uso mais batom, rasguei meu short curto, diminui meu tom. Troquei os meus amigos por alguém que só me
arrasa. Por causa de você não posso mais entrar em casa”.
Já no âmbito literário, um dos clássicos mais pertinentes sobre a romantização do
relacionamento abusivo é o caso de Lolita, livro de Vladimir Nabokov, que trata sobre a relação de
abuso trajado de amor entre padrasto e enteada, durante a infância e adolescência da menina, até
que ela consegue fugir e acaba por se tornar vítima de outro pedófilo.
Como a história é narrada pelo próprio agressor, é ele quem controla os fatos, romanceando
seu relato com doses de lirismo meticulosamente calculadas para encantar o leitor. Fazendo-se
necessário ressaltar que a narrativa coloca o desejo sexual masculino em um patamar de maior
importância que a integridade da vítima, passando a ideia machista de que não se pode negar nada
a um homem que se diz “apaixonado”, mesmo que seu objeto de desejo seja uma criança.
Desde a publicação de “Lolita” em 1955, o apelido da personagem Dolores Haze virou
sinônimo de uma jovem hipersexualizada, sedutora e maliciosamente ingênua. Na
verdade, esse arquétipo da ninfeta consolidado no imaginário popular tem pouco a ver
com a personagem do livro de Vladimir Nabokov.
(...) Existe muita conversa sobre garotas que usam roupas sensuais e se engajam em
atividades sexuais desde muito novas, e o discurso tende a culpar as meninas por tudo
isso. Mas elas simplesmente estão reagindo a um marketing e uma mídia agressivas, que
empurram na direção delas mitos de sexualização motivados, em vez de ajudá-las a
entender os próprios corpos e sexualidade em desenvolvimento de formas apropriadas
(DURHAN, 2016).
Essa idealização da sexualidade feminina e do herói romântico constrói a perigosa ideia
de que tudo que é feito “por amor” é justificável, seja o constrangimento causado pelo excesso
de ciúmes, a obsessão, o abuso sexual, o assassinato ou outros diversos tipos de violências

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erroneamente naturalizadas, que trasvestem o abuso em amor, como ocorre na adaptação
cinematográfica de Lolita (1977), dirigida por Adrian Lyne, que constrói o filme de um ângulo
que praticamente esconde a pedofilia e evidencia o romance proibido e não correspondido.
Ao romantizar o abuso de forma a torná-lo justificável, tem-se como consequência direta
a criação da ideia de que isso basta para dispensar a condição abusiva de um relacionamento e é
nessa linha tênue que as pessoas confundem a relação destrutiva com a idealização romântica.
Nesse caso, também é preciso ressaltar que Lolita não foi o primeiro livro sobre relacionamento
abusivo que o diretor Adrian Lyne adaptou para o cinema erótico.
Em 1986, quase uma década antes, ele fez o mesmo com o clássico Nove Semanas e Meia
Sobral-CE, novembro de 2016.

de Amor, um dos filmes considerados como a versão original do fenômeno contemporâneo


Cinquenta Tons de Cinza, escrito por E. L. James, onde deparamo-nos mais uma vez com a
idealização da inocência e da juventude feminina, dessa vez, representada pela virginal Anastásia
Steele, que se apaixona pelo protagonista "romântico" Christian Grey, um indivíduo
profundamente perturbado, ciumento, controlador e manipulador, com clara propensão à violência
sexual (ROPER, 2017):

Uma análise do primeiro livro revelou que o relacionamento (supostamente) romântico


entre Christian e Ana se caracteriza como violência doméstica. Usando as definições
estabelecidas pelo Centro de Controle e Prevenção de Doenças dos EUA, pesquisadores
descobriram que o abuso emocional e a violência sexual perpassam toda a obra e que o
abuso emocional estava presente em "praticamente todas as interações". Isso pode ser
notado na forma que Christian persegue Ana, acompanhando seus movimentos via
recursos tecnológicos de celulares e computadores, limitando seu envolvimento social, e
na forma que ele a intimida e ameaça. (...) Os pesquisadores identificaram violência sexual
em várias ocasiões, incluindo vezes em que Christian iniciou encontros sexuais enquanto
estava com raiva, ignorando os limites de Ana e fazendo uso de ameaças e de álcool para
comprometer o consentimento dela.
Há quem tente defender os comportamentos abusivos do protagonista, alegando que suas
tendências à perseguição e ao controle eram prova do seu amor, que, portanto, eram perdoáveis,
já que ele mesmo havia sido uma vítima anterior e, agora, estava repetindo um padrão, ou, até
mesmo, há quem tente justificar essas ações alegando que "no fim ele muda", perpetuando o mito
de que a vítima pode e deve curar o abusador se ficar com ele e o amar o suficiente para isso.
Na ficção, essa obsessão de Christian Grey pode até ser maquiada de amor e cuidado,
despertando o desejo dos consumidores por um amante no mesmo estilo, mas, na vida real,
encontrar um Christian Grey poderia ser tão ou mais nefasto que a violência física, podendo

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deixar danos irreparáveis para o resto da vida (MADEIRA, 2013).

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Quando uma série de filmes e livros mundialmente famosos transforma a violência
doméstica e sexual em algo sexy, atraente e desejável, cria-se de forma tácita e veloz a aceitação
em massa de que esse é o tipo de relação afetiva ideal, passando a ideia de que essas constantes
de violência, muitas vezes imperceptíveis para as partes, são a personificação de um
relacionamento perfeito. E com o advento da internet, esses “romances” viralizam e encantam
de forma mais rápida que o combate a essas perigosas idealizações, sendo a velocidade inerente
à modernidade, ela também é própria do amor; não há tempo para a latência ou para adiar a
satisfação de desejos e impulsos sexuais (BENEVIDES, 2016, p. 87).
Sobral-CE, novembro de 2016.

Esse sucesso de 50 Tons de Cinza repercutiu no mundo todo, inspirando outros livros com
a mesma temática, sendo que alguns destes são voltados para o público mais jovem, o que é ainda
mais preocupante, à medida que esses livros influenciam as escolhas e julgamentos de pessoas
que estão encarando os desafios de suas primeiras experiências amorosas e sexuais, a exemplo do
livro Belo Desastre, de Jamie McGuire, que narra a história de um relacionamento construído através
de uma aposta, protagonizado pelo lutador Travis Maddox e a submissa Abby, cujo romance é
marcado por uma sequência de situações machistas e pelo ciúme doentio do garoto.

Apesar de ela afirmar que não quer nada com ele, ele a beija sem permissão, encosta nela
o tempo todo, invade o espaço pessoal. Ele é possessivo, bate nos outros quando está
com ciúmes, vive agarrando Abby com violência. A menina chora o tempo todo. Travis
ora ama, ora odeia, e nisso vem a desculpa do passado problemático.
(...) Ele precisa provar o tempo todo para todo mundo que Abby é dele, sua posse, sua
mulher. O relacionamento deles é só de tensão e medo. Abby sujeitando-se a
comportamentos que não são dela para não irritar Travis. (PESSANHA, 2016).
Estas situações retratam claramente o medo gerado por um relacionamento abusivo, mas a
forma como isto é percebido pelo consumidor visto apenas como uma fase da relação, que é o
grande problema. Frequentemente a “estratégia” utilizada pelo agressor passa pela mobilização
emocional e psicológica da pessoa vitimizada para satisfazer todas as suas necessidades de
atenção, de carinho e de importância. De forma dissimulada o agressor tenta inferiorizar a pessoa,
tornando-a dependente e com sentimentos de culpa (MADEIRA, 2013).
Em todos os exemplos supracitados, é perceptível que a violência é estruturante das
relações que produzem a vulnerabilidade e submissão das mulheres como reflexo do contexto
patriarcal que objetiva a figura feminina à posse da figura masculina. A romantização do abuso

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na literatura, música, cinema, TV e qualquer outro meio capaz de impregnar estereótipos de um
relacionamento ideal reforçam o discurso machista de que só existe um tipo de mulher para se
relacionar, que qualquer atitude fora do recato é inaceitável. Isto oprime a liberdade que mulher
deve ter de si, de seu corpo, suas ideias, sua personalidade e comportamento, tudo em prol de
agradar o homem (PESSANHA, 2016).
Estes mecanismos dão a entender que esse tipo de violência faz parte do destino das
mulheres, sendo esta mais uma maneira de culpar a vítima pela violência sofrida, retirando a
responsabilidade das ações do agressor. É uma situação, além de tudo, irresponsável, porque
incentiva que a vítima continue a se relacionar com o parceiro violento (CAMPOLINA, 2015).
Sobral-CE, novembro de 2016.

Em uma primeira fase, a mulher muitas vezes não tem compreensão da gravidade da
violência por se tratar de algo verbal e, em regra, se culpa pela reação do parceiro. Depois,
começam a surgir as primeiras agressões físicas e, nessa segunda fase, a maioria já consegue se
enxergar dentro de um contexto abusivo e relata a violência em busca de ajuda, entretanto, segundo
Chakian (2015), o problema maior encontra-se na terceira fase, que é a lua de mel, quando o
agressor pede desculpas, muda de comportamento e a mulher se ilude crendo que o parceiro
melhorou e que o abuso não irá se repetir. Contudo, se faz necessário ressaltar que o
relacionamento abusivo é marcado por esse ciclo, e o que antes não saia do campo das palavras
passa a atingir a integridade física também.

TIPOS DE VIOLÊNCIA DOMÉSTICA

A violência contra a mulher é um fenômeno social que ocorre em diversos âmbitos, sendo
o principal deles o doméstico, caracterizado pelo abuso físico ou psicológico de um integrante
do núcleo familiar em relação a outro, com o intuito de manter o poder ou controle. (FARIA,
2017) Essa violação decorre da ideologia imposta pela sociedade patriarcal, na qual a mulher deve
ser totalmente submissa ao poder masculino. Esse tipo de violência, conforme menciona a
antropóloga argentina Rita Laura Segato (apud. MEJIA e ARTHUR, 2005) resulta do mandato
moral e moralizador para reduzir e aprisionar a mulher na sua posição de subordinada, por todos
os meios possíveis, recorrendo à violência sexual, psicológica e física.
Essa visão estereotipada da mulher e de sua função social veio a ser discutida

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freneticamente na década de 1960, com o advento do movimento feminista, que se

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consubstanciou na luta por uma igualdade de direitos entre o homem e a mulher.

Dentre os movimentos sociais de direitos humanos, o feminismo foi positivamente um


dos que conseguiram vencer barreiras culturais significativas para exercer pressões em
âmbito internacional e nacional, objetivando a conquista dos direitos humanos das
mulheres (BENEVIDES, 2016, p. 234).
É cabível afirmar que o movimento feminista trouxe um grande avanço e garantiu vários
direitos às mulheres, porém o movimento até então não conseguiu destruir as raízes da sociedade
patriarcal, ainda hoje diversas mulheres continuam sendo vítimas dos mais diversos tipos de
violências decorrentes do machismo.
Sobral-CE, novembro de 2016.

É evidente que o reconhecimento da violência contra as mulheres na sociedade brasileira


não se resume ao processo estritamente jurídico-normativo, do mesmo modo que as leis não
constituem a condição suficiente, ainda que condição necessária, às transformações sociais
(BENEVIDES, 2016). Durante muito tempo o Brasil não possuiu nenhuma legislação que
buscasse reprimir essas práticas de violência, um quadro que só veio a mudar em 2006, com o inicio
de vigência da Lei Maria da Penha (Lei 11.340/06), à medida que se trata de um regulamento que
busca prevenir e coibir a prática de violência doméstica e familiar contra a mulher, configurada por
qualquer ação ou omissão baseada no gênero que lhe cause morte, lesão, sofrimento físico, sexual ou psicológico e dano
moral ou patrimonial.
Os tipos de violência encontrados no texto da Lei 11.340/06 são facilmente romantizados
no por frases do cotidiano que tentam velar algum tipo de violência, a exemplo de “Ele te bateu
porque gosta de você”, comumente dita para meninas que são machucadas por colegas de escola,
ensinando às crianças que violência faz parte do amor. Outras vezes, essa frase sofre variações
como “meninos são assim mesmo, não sabem demonstrar como sentem e fazem isso” (CAMPOLINA, 2015).
Sendo a violência física a forma mais conhecida, devido o seu aspecto visível, podendo
ser descrita como a agressão realizada pelo parceiro a qual envolva o uso da força corporal, que
se manifesta por meio de socos, tapas, chutes, arranhões, cortes, mutilação, etc. No entanto é
preciso ressaltar que esta não necessariamente ocorre só através da força física, podendo ocorrer
também pelo uso de objetos contra o corpo da vítima.
Já a violência sexual consiste na violação do corpo da vítima, causada por uma ação do
agressor que busca obter, mediante coação ou força física e sem o consentimento da vítima, o

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ato sexual. Por razão social e cultural, a sociedade tende a dizer que a mulher “pede” ou “merece”
ser estuprada por causa de sua conduta ou tamanho da roupa. Essa percepção leva a crer que os
atos sexuais forçados são legitimados e toleráveis, e que a mulher deve sempre admiti-los, já que
a negação transforma-as em culpadas. Conforme elucida Muehlenhard:

A literatura evidencia que, frequentemente, os jovens não percepcionam as agressões


perpetradas no âmbito das suas relações amorosas como abusivas e, mais
especificamente, não reconhecem as relações sexuais forçadas como uma forma de
violação (apud CARIDADE; MACHADO, 2008, p.3).
De acordo com Levine, “a violência sexual pode trazer diversas consequências para as
vítimas por meio de transtornos, mas também nas relações cotidianas. Quando os sintomas se
Sobral-CE, novembro de 2016.

tornam frequentes e permanentes, passam a se expressar de forma patológica, como TEPT,


transtornos alimentares, depressão, tentativa de suicídio, dificuldade nas relações afetivas e
sexuais” (apud. SOUZA et al, 2012). A violência psicológica é a forma de agressão mais comum
sofrida pela vítima, porém é a mais difícil de ser notada.

Esse tipo de violência ocorre primariamente, e perdura durante todo o ciclo de violência;
somando-se a essa, com o passar do tempo outras formas de violência vão sendo
incorporadas. Dessa forma, a violência psicológica ocorre sempre a priori. Observa-se
nas vítimas sofrimento psíquico segundo elas mais intenso do que a violência na forma
de agressão física (FONSECA; RIBEIRO; LEAL, 2012).
A violência psicológica é a principal característica de uma relação afetiva abusiva e pode ser
descrita como qualquer conduta que busque diminuir, manipular, controlar, humilhar, chantagear
ou/e quaisquer outros atos que visem causar danos emocionais a vítima. Por ser uma violência de
difícil constatação, a vítima, por não conseguir compreendê-la, sofre em silêncio, transformando-
o em diversos problemas mais graves, como depressão, fraqueza, baixa autoestima, insegurança
e até mesmo suicídio.

Ainda assim, pode-se considerar a violência doméstica psicológica como uma categoria
de violência que é negligenciada. Esta afirmação tem como base dois pilares. O
primeiro refere-se ao que é denunciado nas manchetes dos jornais, que destacam a
violência doméstica somente quando esta se manifesta de forma aguda, ou seja, quando
ocorrem danos físicos importantes ou, mesmo, quando a vítima vai a óbito. Outro
mito, apresentado reiteradamente pela mídia, é o de que a violência urbana é superior
à violência doméstica, em quantidade e gravidade. Embora seja difícil entender a
ocorrência da violência física sem a presença da violência psicológica, que é tão ou mais
grave que a primeira, muitos artigos nem sequer citam a sua existência. Vale ressaltar
que não está sendo, aqui, descartada a possibilidade da ocorrência da violência física
sem que a violência psicológica a preceda, mesmo se constatando que a maioria dos

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casos demonstre o contrário (SILVA, 2007).
Tem-se, assim, um choque de exposição da violência psicológica entre a falta de referência
ao fato na mídia em contraposição à sua recorrente presença glamourizada em artigos de
comercialização da cultura pop, que a tornam poética o suficiente para se tornar desejada pela
massa, afundando milhares de pessoas para os danos causados por esse tipo de relação. Sendo
preciso ressaltar que “é praticamente impossível estabelecer uma distinção entre violência
psicológica e violência física, pois quando um homem estapeia sua mulher a intenção não é de
deixa-la de olho roxo, e sim de mostrar lhe que é ele quem manda. O ganho visado pela violência
é sempre a dominação”. (HIRIGOYEN 2006, p.13)
Sobral-CE, novembro de 2016.

Entretanto, também é preciso enfatizar que, em alguns casos, quando a vítima finalmente
percebe a condição de dominação e abuso, a ameaça ao rompimento do relacionamento faz
surgir, por parte do abusador, constantes lesões à honra objetiva e/ou subjetiva da mulher,
caracterizando assim mais um tipo de violência, a violência moral, que perpassa pela violência
verbal e se efetiva por meio de três crimes: calúnia, difamação e injúria, quando o agressor busca
de alguma maneira macular a imagem da vítima. Além do medo, da dependência emocional e
financeira, o sentimento de culpa faz com que muitas dessas mulheres permaneçam em silêncio
sobre o que passam ou passaram.

A SUBNOTIFICAÇÃO DAS VIOLÊNCIAS SILENCIOSAS

Apesar de as violências silenciosas, sendo estas identificadas como violência psicológica,


moral e patrimonial, constarem na redação da Lei Maria da Penha, muitas das denúncias não se
tornam reconhecidas pelos meios de Justiça. Isso se reflete em números que constata que três a
cada cinco mulheres são vítimas de relacionamentos abusivos, fazendo com que a naturalização
da violência contra a mulher travista as agressões dentro de um relacionamento em descontrole,
desentendimento, um problema privado e até mesmo como algo motivado pela própria vítima
(CAMPOLINA, 2015).
Além do medo, os outros danos causados são tão sérios, que por muitas vezes a mulher
agredida não denuncia por receio de sofrer uma violência ainda mais grave. À medida que, no
Brasil, existem diferentes tipos de violência que calam e aprisionam milhões de mulheres

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diariamente. Nosso país ocupa o 5º lugar no ranking de feminicídio de acordo com a ONU

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Mulheres. E os índices são alarmantes. Cerca de 41% dos casos de violência acontecem dentro
de casa. Por isso, não é exagero dizer que a história da família, das relações de gênero e gerações,
da sexualidade e do erotismo na sociedade brasileira, é também a história da violência contra a
mulher. (DEL PRIORI, 2010).
De acordo com Benevides (2016, p. 167), até hoje, não falta quem entenda que a Lei
Maria da Penha pouco contribui no sentido da prevenção da violência ou da compreensão do
processo relacional que culmina na violência que busca coibir:

Os crimes contra mulheres não podem ser dissociados do padrão mais geral de
Sobral-CE, novembro de 2016.

criminalidade do País; muitos dos crimes ocorridos antes da vigência das novas leis
sequer chegavam ao conhecimento das autoridades jurídico-policiais; as estatísticas
possuem limitações; os dados produzidos por diversos órgãos nem sempre permitem
uma integração confiável de informações (BENEVIDES, 2016, p. 185).
No que diz respeito à subnotificação desses casos, o medo de denunciar acaba sendo seu
principal fator, visto que a sociedade culpabiliza as vítimas, as desacredita e menospreza a violência,
armas eficientíssimas para perpetuar o silêncio, seguido pela dependência emocional, na busca
constante pela “lua de mel” e, outras tantas vezes, pela dependência financeira.
À tendência do Judiciário à morosidade, à aplicação da lei aos casos concretos, segundo
suas conveniências e valores impregnados por preconceito de gênero, exacerbou a banalização de
casos de violência contra a mulher (BENEVIDES, 2016, p. 235) o que também desestimula o
registro da denúncia por parte das vítimas, assim como a impunidade dos agressores.
Buscar por ajuda externa significa que essas mulheres já estão tentando romper com o
ciclo de violência no qual estão inseridas. Na maioria das vezes, elas só denunciam
quando suas forças e a esperança na mudança do comportamento do marido ou
companheiro já se esgotaram, chegaram ao limite; ou saem de casa ou se sujeitam
completamente a masmorra psíquica e as agressões físicas. Partindo para o tudo ou
nada denunciam os companheiros, saem de casa e procuram abrigos (SILVA, 2008, p.
83).

Passado, entretanto, pouco mais de uma década da entrada em vigor da Lei Maria da
Penha, os índices de violência doméstica e familiar contra a mulher recrudescem de modo a dizer
que a judicialização dessa violência está longe de modificar os comportamentos dos agressores
(BENEVIDES, 2016, p. 237).

A prevenção da violência doméstica e familiar contra a mulher só será efetiva quando


os agressores forem incluídos em programas de educação e reabilitação que tomem

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como ponto de partida a realidade existencial em que se inserem; os significados que
atribuem aos comportamentos violentos, às relações que estabelecem com as vítimas e
com os demais membros da família. Os papeis que são chamados a desempenhar na
família e no mundo do trabalho, incluindo as expectativas de papeis que lhes são
endereçadas e as que dirigem às vítimas; os fatores culturais e os processos de
socialização de gênero etc. (BENEVIDES, 2016, p. 238).
É preciso romper o silêncio e dar luz a esse cenário problemático, de modo que o
enfrentamento das violências geradas pelo relacionamento abusivo resulte na transformação das
relações socioculturais entre homens e mulheres, especialmente no que diz respeito à promoção
de igualdade e construção de uma nova cultura.
Sobral-CE, novembro de 2016.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

De modo que, com base nas considerações feitas neste trabalho, foi possível realizar uma
reflexão sobre a romantização do relacionamento abusivo em artigos de consumo da cultura pop
e a consequente dificuldade de identificação das violências silenciosas. Nota-se que os
relacionamentos abusivos, apesar de serem destrutivos, são facilmente negligenciados e
transformados em algo romântico e desejável.
Tende-se a entender como violência apenas aquelas que podem ser vistas a olho nu: a
violência física e a sexual; contudo as violências silenciosas: psicológica, moral e patrimonial; são
tão graves quanto as outras, deixando marcas, às vezes, irreparáveis para o resto da vida de suas
vítimas. E ainda que tais violências constem na redação da Lei Maria da Penha, sua ineficácia se
reflete no momento em que as denúncias dificilmente são reconhecidas e resolvidas de maneira
adequada pelos órgãos jurídico-policiais, contribuindo menos que o esperado na prevenção e
repressão da violência contra a mulher.
Portanto, este trabalho traz uma maior reflexão a cerca dos perigos da naturalização da
violência doméstica e familiar contra a mulher dentro do consumo cultural, demonstrando a
necessidade de mudanças urgentes e eficazes nas bases ideológicas da nossa sociedade.

REFERÊNCIAS

BENEVIDES, Marinina Gruska. Os direitos humanos das mulheres: transformações intitucionais, jurpidicas
e normativas no Brasil. Fortaleza: EdUECE, 2016.
BRASIL. Presidência da República. Lei n.º 11.340 – Lei Maria da Penha, de 07 de Agosto de 2006. Brasília:

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ISSN 2318.4329
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