Você está na página 1de 30

TESTE DO DESENHO DA FIGURA

HUMANA
1. Introdução
O Teste do Desenho da Figura Humana de Goodenough é um teste de inteligência, ou um
teste cognitivo, onde a criança vai ter de desenhar três figuras humanas. Daí ser possível através do
desenho representado, identificar-se alguma informação emocional. Mas, o intuito deste teste é
achar o valor do coeficiente de inteligência da criança a quem o teste é aplicado, além de servir para
uma avaliação conjunta com a Escala de Aquisição de Competências.

Normas de Aplicação
O TDFH é aplicado a crianças a partir dos 3 anos e 6 meses até aos 13 anos.

Local e Tempo de Aplicação


O local escolhido para aplicação do TDFH deverá ser um espaço bem iluminado, com o
conforto suficiente para que a criança não seja perturbada, isto é, deverá estar isento de fontes de
ruído ou perturbações exteriores. O sujeito deverá estar sentado numa superfície plana, que lhe
permita boas condições na execução dos desenhos.
Esta prova não tem limite de tempo, embora os mais pequenos não demorem mais do que 5
a 10 minutos na sua execução.

O Material
A criança deverá receber um lápis e uma folha de papel A4 para cada desenho. Deve-se
excluir os lápis de cor, excepto se a criança for muito nova e esteja habituada a eles.

1
2. Aplicação
A criança vai ter de executar 3 desenhos, o primeiro onde terá de desenhar um homem, um
segundo onde desenhará uma mulher e um terceiro onde terá de se desenhar a si própria, em folhas
individuais para cada um dos desenhos. Assim, o Psicólogo apresentará a prova do seguinte modo,
num primeiro tempo (entregando a folha na vertical):

“Vou dar-te um lápis e esta folha e gostaria que me desenhasses um homem o mais
perfeito que tu consigas. Faz o desenho com cuidado e podes demorar o tempo que for
preciso”.

Poderá também reforçar:


“ Faz o desenho com gosto e verás como vai sair um desenho bonito”.

Enquanto a criança desenha, o examinador deve evitar prestar demasiada atenção ao


desenho, afim de não intimidar a criança na sua prestação. Nunca se deve exprimir críticas ou
avaliações acerca do que está a ser produzido, e muito menos apontar à criança erros ou omissões
do seu trabalho, por mais grosseiras que sejam.
A todas as perguntas que surjam, o examinador deve-se abster de manifestar qualquer
observação que possa influenciar ou sugestionar a natureza do desenho. Assim, a qualquer questão
que surja, deve-se responder sistematicamente:

“ Faz como te pareça melhor.”

Após a criança ter feito o primeiro desenho, o Psicólogo deverá retomar a folha e dar uma
nova, acompanhada da seguinte instrução:

“Agora gostaria que desenhasses uma mulher o mais perfeito que tu consigas”.

Seguidamente, e após terminar o segundo desenho, o Psicólogo deverá retirar a segunda


folha, entregar a terceira folha acompanhada da seguinte instrução:

“Agora gostaria que tu te desenhasses a ti próprio o melhor ou mais perfeito que tu


consigas”.

2
O examinador deve lembrar-se que para o teste ser válido a criança tem de se empenhar.
Para isso é necessário ter em atenção a concentração da criança, que uma vez encaminhada para a
tarefa, para um desempenho com êxito, é necessário que não perca a sua ideia, dado que poderá
esquecer-se de uma parte essencial do desenho e se interesse pelo detalhe que provocou a
distracção.

3. Os Enganos
A questão do uso da borracha poderá ficar ao critério do examinador, apesar de não se
aconselhar o uso da mesma. Isto porque, crianças mais perfeccionistas poderão, por motivos
variados, fixar-se num dos desenhos que estão a executar. Lembre-se que esta prova não tem limite
de tempo, demonstrado na instrução que é dada à criança, o que poderá tornar o tempo de aplicação
indefinidamente longo.
Sendo assim, quando a criança se enganar, poder-se-à sugerir uma emenda no próprio
desenho. Acontece frequentemente, que o excesso de emendas ou outro acidente estrague o
desenho. Neste caso, é dado à criança uma nova folha, guardando o examinador a folha que retirou,
anotando no verso do desenho a ocorrência. Esta situação é comum em crianças mais pequenas.

No caso das crianças desenharem apenas um busto, e se a sua intenção é evidente, dá-se-lhe
uma nova folha, acompanhada da seguinte instrução:

“Gostaria que me desenhasses agora um homem completo”.

Conservam-se os dois desenhos para poder comparar.

4. Normas de Cotação
Passo 1- Em primeiro lugar vamos ter de avaliar se é possível identificar o tema do desenho. Isto
porque, principalmente com crianças mais pequenas, muitos desenhos consistem unicamente em
rabiscos ao acaso e sem controle. Este tipo de desenhos consistem numa forma tosca de um
quadrado, triângulo ou circulo, executadas de uma forma muito rudimentar.

3
No entanto, por vezes, algumas destas formas constituem desenhos simples. Daí ser
necessário avaliar se o desenho contém muitos detalhes e, se necessário, pedir para a criança
explicá-los.
É preciso ter em atenção que ao interrogar a criança deve-se ter o cuidado para não lhe
sugerirmos a resposta que possamos pretender escutar.
Assim devemos primeiro conquistar a confiança do nosso examinando, evitando perguntas
directas. Podemos elogiar o seu trabalho:

“Fizeste um bonito desenho, mas gostaria agora que me falasses um pouco sobre ele. O
que é isto que tu fizeste aqui?”

No caso do examinando continuar a responder sistematicamente “é um homem”, não


podemos classificar o desenho. Mas, se ele consegue descrever e denominar as diferentes partes de
uma maneira lógica, então podemos aceitar o desenho e avaliá-lo segundo as normas de cotação
presentes no seguinte passo. Caso contrário, não podemos aceitar o desenho para cotação, segundo
as normas para a Classe B, sendo classificado como de Classe A.

A Cotação
Distingue-se numa primeira análise os desenhos de Classe A (onde não é possível identificar
o tema) e os de Classe B (que incluem todos os desenhos que, por mais rudimentar que sejam,
intentam na representação da figura humana).
Na Classe A, a única cotação possível oscila entre 0 (zero) e 1 (um). A nota será de 0 (zero)
se o desenho consistir unicamente em rabiscos ao acaso e sem controle; e de 1 (um) se os traços
acusarem um certo controlo e parecerem ter sido dirigidos de certo modo pela criança.
Na Classe B, pertencem os desenhos executados pelo nosso examinando, vamos cotá-lo por
mais rudimentar que seja a forma de expressão do desenho, mas que de algum modo representa a
figura humana.
Cada detalhe tem um valor positivo, que contribui para o aumento da nota final. Nunca se
atribui meios pontos.
Sendo assim, a presença dos itens aqui descritos serão contabilizados com 1 (um) ponto. A
ausência desses itens será contabilizada com 0 (zero) pontos.

4
Presenças

1- Presença da Cabeça
1 Ponto - Toda a forma que representa claramente a cabeça.
0 Pontos - Se só estão representados elementos faciais, não estando presente o contorno da cabeça.

2- Presença das Pernas


1 Ponto- Qualquer procedimento que indique a presença das duas pernas. O número deve ser
correcto, isto é, se o desenho é apresentado de frente deve ter as duas pernas, se é desenhado de
perfil poderá ter apenas 1 perna.
0 Pontos- Se são desenhadas três ou mais pernas, ou uma só no caso do desenho ser apresentado de
frente sem que consigam explicar esta situação de uma maneira lógica.
Há que ter em conta casos em que o desenho é apresentado de frente, apenas com uma perna, mas
com a inclusão de uma muleta, o que denuncia claramente a intenção do autor. Será ainda mais
original, se estiver representado o coto do membro amputado, o que é pouco provável em crianças
mais pequenas. Neste caso, atribuímos 1 Ponto.

3- Presença de Braços
1 Ponto- Toda a representação que indique claramente os dois braços. Só os dedos não basta, mas
se existir uma linha livre, de qualquer longitude que una a base dos dedos com o tronco, atribui-se 1
ponto. De perfil, só é exigido um braço.
0 Pontos- Ausência dos braços ou uma articulação desajeitada dos braços.

4 a) Presença do Tronco
1 Ponto- Toda a indicação clara do tronco, seja através de uma linha ou de uma figura
bidimensional. Pode acontecer não existir uma diferença clara entre a cabeça e o tronco, apesar
disso atribuímos 1 ponto caso os elementos faciais estejam agrupados na parte superior, ocupando
menos de metade da figura.
0 Pontos- Ausência do tronco. Caso a cabeça seja desenhada logo em cima das pernas. Se existir o
desenho de uma fila de botões delimitados até às pernas (será contabilizado apenas como vestuário).

5
4 b) O Tronco mais Alto que Largo
1 Ponto- Considere esta medida tendo em conta as partes mais distantes tanto em altura como em
largura. Normalmente a desigualdade é evidente e fácil de estabelecer directamente à vista.
0 Pontos- Se as grandezas são iguais ou tão próximas que nem com o auxilio de uma régua
milimétrica se nota a diferença.

4 c) Os Ombros Perfeitamente Indicados


1 Ponto- Se verificarmos uma singela mudança de direcção na linha de contorno do tronco. Este
item deve ser codificado com rigor, ou seja, caso surge uma concavidade em vez de uma
convexidade.
0 Pontos- Se apresenta um brusco alargamento debaixo do pescoço rectilíneo.
Um tronco completamente quadrado ou rectangular não é aceitável, excepto, se os ângulos forem
arredondados, neste caso atribui-se 1 ponto.
A avaliação dos ombros no desenho de perfil não é fácil de identificar pois para ser considerado é
necessário que tanto a cabeça como o tronco estejam nessa posição. Só atribuímos o ponto quando a
partir da base do pescoço as linhas do contorno se bifurcam para representar a expressão do peito.

5 a) Formas Unidas ao Tronco.


1 Ponto- Qualquer união dos membros ao tronco, independentemente da correcção do local.
0 Pontos- Quando os membros e tronco estão desenhados mas não unidos. Ausência de tronco e
presença de membros.

5 b) Braços Unidos ao Tronco e em Posição Correcta


Deve haver uma grande exigência na cotação deste item (sendo que este item e o item 4c) tendem a
aparecer juntos):
- Se 4 c é positivo, a união dos braços com o tronco deverá ser exactamente nos ombros.
- Se 4 c é negativo, a união deve ser à altura em que estão indicados os ombros.
1 Ponto- Quando a união ao tronco é feita correctamente. No perfil a união dos braços terá que
situar-se sob a linha média do lado, pouco abaixo do pescoço.
0 Pontos- Quando a união não é correcta.

6
No caso do desenho de perfil, a união deverá situar-se sob a linha média, a pouca distancia abaixo
do pescoço. Este ponto deve coincidir com o alongamento do tronco que representa o pescoço e os
braços. Se os braços se estenderem a partir das costas, bem como o ponto de união sob a base do
pescoço, ou ainda se estão colocadas na parte debaixo da convexidade do peito, então anula-se o
ponto.

6 a) Presença do Pescoço
1 Ponto- Qualquer indicação clara e bem diferenciada da cabeça face ao tronco, ou seja, contornos
definidos dando a ideia do pescoço entre a cabeça e o tronco.
0 Pontos- A justaposição da cabeça e do tronco.

6 b) Contorno do Pescoço em Prolongamento da Cabeça, do Tronco ou de Ambos.


1 Ponto- O pescoço deve ter os contornos marcados dando a ideia que continua o tronco ou a
cabeça.
0 Pontos- A união não é correcta.

7 a) Presença de Olhos
1 Ponto- Podem estar representados os dois ou um só, frequente nos desenhos de crianças mais
pequenas. É indicado a presença dos dois olhos, mas é necessário ter em atenção o angulo em que o
desenho é efectuado.
0 Pontos- Ausência de olhos.

7 b) Presença do Nariz
1 Ponto- Todo o procedimento que o represente. No perfil, a pontuação é positiva mesmo que haja
dois narizes.
0 Pontos- Ausência de representação do nariz.

7
7 c) Presença da Boca
1 Ponto- Todo o procedimento que a represente.
0 Pontos- Ausência da representação da boca.

7 d) Representação da Boca e do Nariz em Duas Dimensões; Indicação dos Lábios


1 Ponto- Admite-se um triângulo tosco equilátero (para o nariz), na posição normal com a base para
baixo. A boca quando indicada a linha de separação dos lábios, ou no perfil uma simples linha que
mostre como continuação do contorno da cara.
0 Pontos- Uma simples linha, um circulo ou um quadrado e se o triângulo que representa o nariz
estiver invertido, o mesmo se passa com dois pontos que pretendem representar os orifícios do
nariz.

7 e) Representações dos Orifícios do Nariz


1 Ponto- Qualquer indicação clara. No perfil, quando o contorno do nariz, ao nível da base, se
prolonga para o interior da cara por cima do lábio superior.
Se os orifícios constituem o único indicio do nariz, a pontuação é positivo também para 7 b e
negativo para 7 d.
0 Pontos- Ausência da representação do orifício do nariz.

8 a) Representação dos Cabelos


1 Ponto- Qualquer indicação clara da presença do cabelo. Pode haver dificuldades na distinção do
chapéu, no desenho de crianças mais pequenas, mas só é contabilizado com a presença do cabelo,
isto é, se ele for visível (no caso de umas farripas).
0 Pontos- Ausência do cabelo.

8 b)- Presença do Cabelo não Excedendo a Circunferência do Crânio


1 Ponto- É uma técnica superior à garatuja, o cabelo não deve mostrar o contorno do crânio, isto é,
não é visível a circunferência que delimita o crânio (não transparente).
0 pontos- Ausência do mencionado anteriormente.

8
9 a) Presença de Roupa
1 Ponto- Qualquer representação clara de peças de vestuário. A representação mais simples passa
pelo desenho de uma simples fila de botões que desce sob o tronco, pode ser também o chapéu. A
presença de linhas sobre o tronco ou ombros, na representação de peças de vestir às riscas.
0 Pontos- Ausência de vestuário. A presença do umbigo pode assinalar a ausência da roupa.

9 b) Pelo menos Duas Peças de Vestuário não Transparentes, Ocultação das Partes do Corpo
1 Ponto- Um chapéu, o desenho de umas calças, o desenho de uns sapatos.
0 Pontos- Uma única peça de vestuário, e 9a negativo ou simples indicação da fileira de botões.

9 c) Desenho Completo, Livre da Transparência.


1 Ponto- As mangas e as calças devem estar representadas.
0 Pontos- Quando há partes do corpo não vestidos na representação.
Neste item no grupo de crianças precoces com 9 anos, usualmente, só o realizam com êxito 30%,
indicando bom rendimento escolar. No grupo dos medianos no rendimento escolar, só 7% o
conseguem cumprir com êxito.

9 d) Pelo Menos 4 Peças de Vestuário bem Definidas


1 Ponto- Nas peças devem constar, o chapéu, sapatos, casaco, camisa, gravata, cinto ou
suspensórios e calças.
0 Pontos- Representação de 3 peças ou menos.

9 e) Vestimenta Completa sem Incongruências


1 Ponto- Qualquer tipo de vestimenta completa, sem incongruências nos detalhes. Vestuário
identificável e de espécie definida.
Exemplo, o chapéu é peça imprescindível numa farda militar ou outra, mas se for um uniforme de
trabalho o chapéu pode estar ausente. Quando o colarinho e gravata fazem parte da indumentária
têm de estar representados, assim como as mangas e o calçado são imprescindíveis.
0 Pontos- O não cumprimento do descrito para obtenção do ponto.

9
10 a) Presença de Dedos
1 Ponto- Qualquer indicação clara dos dedos, sem olhar à forma adequada na sua representação.
Atribui-se o ponto se houver dedos na única mão visível, se estão desenhadas as duas mãos devem
ver-se em ambas.
0 Pontos- Ausência da representação dos dedos.

10 b) Número Correcto de Dedos


1 Ponto- Se nas mãos visíveis no desenho, estão representados os cinco dedos. Se os dedos estão
ocultos, se por exemplo a figura desenhada se encontra a agarrar alguma coisa, desde que na mão
visível se encontrem os cinco dedos é pontuado.
0 Pontos- Sempre que nas exigências anteriores não estejam cumpridos os requisitos.

10 c) Detalhe Correcto dos Dedos


1 Ponto- Quando nas mãos estão representados os dedos em duas dimensões, mais longos que
largos. Devem formar um ângulo não superior a 180º . No caso da mão estar oculta, a pontuação
faz-se a partir da mão visível. O ponto é atribuído quando estão cumpridos os três últimos
requisitos.
0 Pontos- Quando não estão cumpridos os requisitos anteriores 10a e 10b. Ausência do detalhe
correcto dos dedos.

10 d) Representação do Polegar em Oposição


1 Ponto- Polegar claramente diferenciado dos dedos restantes. Este item é pontuado com o máximo
de rigor. Um dos dedos das mãos, mais especialmente o mindinho, deverá ser significativamente
mais curto que os restantes.
0 Pontos- Contradição da disposição anterior.

10
10 e) Representação da Mão, como algo Diferente dos Dedos ou do Braço
1 Ponto- Só se atribuí quando a parte superior da mão é visível, assim, os itens 10a, 10b, 10c devem
ser positivos. Muitas vezes as crianças fogem ao desenho deste item pela dificuldade que ele
representa. É comum este item ser desenhado aparecendo a mão no bolso.
0 Pontos- A contradição do disposto anteriormente.

11 a) Presença de Articulação nos Braços, Cotovelo, Ombro ou Ambos


1 Ponto- Exige-se que esteja representada uma flexão brusca (uma curva), mais ou menos a meio
do braço (é suficiente num braço). Na articulação do ombro, a curva deve marcar a inserção do
braço no tronco.
0 Pontos- Um braço simplesmente inclinado para baixo não é contabilizado.
Neste item, já devem ter sido contabilizados 4b e o 5b como positivos para pontuar.

11 b) Articulação da Perna, Joelho ou Quadril ou Ambos


1 Ponto- Na articulação do joelho a exigência é baseada como para o cotovelo, isto é deve estar
representado uma flexão angular e para meio da perna. Pode também ser representado por um
adelgaçamento da perna.
No caso dos quadris, bastará que haja uma convergência entre as linhas interiores das pernas na
união com o tronco.
0 Pontos- Quando não estejam cumpridos os requisitos acima indicados. Uma representação das
calças até ao joelho não chega.

12 a) Proporção da Cabeça
1 Ponto- A cabeça deve ser igual, no mínimo, a um décimo do corpo ou, no máximo, a metade do
tronco. É necessário haver tolerância neste cálculo.
0 Pontos- Quando não se cumpre o requisito para atribuição pontual.

11
12 b) Proporção dos Braços
1 Ponto- O comprimento dos braços é igual ou pouco maior que o tronco, mas nunca chegar até aos
joelhos. Quanto à grossura, deverá ser menor que o tronco.
0 Pontos- Quando não se cumpre o requisito para atribuição pontual.

12 c) Proporção das Pernas


1 Ponto- O comprimento das pernas é igual ao tronco, ou mesmo o dobro. A grossura terá de ser
menor que o tronco.
0 Pontos- O não cumprimento do anterior.

12 d) Proporção dos Pés


1 Ponto- Tal como as pernas, os pés têm de estar representados a duas dimensões. O comprimento
do pé deve ser maior que a distância da planta ao peito do pé, não deve exceder um terço das
pernas, nem ser inferior a um décimo das mesmas. Se o desenho é feito de frente, o pé tem de estar
em perspectiva.
0 Pontos- Se por exemplo o pé tem um aspecto de tacos de golf.

12 e) Proporção - Duas Dimensões


1 Ponto- Se os braços e as pernas estão representadas a duas dimensões. É concedido mesmo que as
mãos e os pés estejam representadas por duas linhas.
0 Pontos- O não cumprimento do disposto anterior.

13- Representação dos Tacões


1 Ponto- Qualquer forma que represente os tacões, desenhados de frente ou em perspectiva.
0 Pontos- O não cumprimento do disposto anterior.

12
14 a) A Coordenação Motora- Linhas Firmes sem Cruzes
1 Ponto- Quando todas as linhas estão traçadas com firmeza, isto é, os pontos de união são nítidos
sem haver cruzamentos ou espaços brancos. Atenção que um espaço com traços curtos revelam
desenhos evoluídos.
0 Pontos- O não cumprimento do disposto anterior.

14 b) Coordenação Motora- Linhas Firmes com Uniões Correctas


1 Ponto- Quando claramente a linha é traçada com firmeza e com uma união completamente
correcta.
É necessário ser-se rigoroso nesta pontuação, constituindo este item uma exigência mais severa que
o anterior.
0 pontos- O não cumprimento do requisito anterior.

14 c) Coordenação Motora- Contorno da Cabeça


1 Ponto- Contorno da cabeça sem irregularidades, implicando um controlo do movimento da mão.
Daí ser necessário ser-se rigoroso na atribuição da pontuação neste item. Deverá ser mais elaborado
que a simples elipse ou círculo.
0 Pontos- O não cumprimento do anterior.

14 d) Coordenação Motora- Contorno do Tronco


1 Ponto- Como item anterior, mas com referência ao tronco (não pontuar se presença de circulo ou
elipse).
0 Pontos- O não cumprimento do anterior.

14 e) Coordenação Motora- Braços e Pernas


1 Ponto- Critérios idênticos aos dos anteriores itens, braços e pernas sem irregularidades e sem
estreitamentos. O tronco e ambos os membros devem estar representados a duas dimensões.
0 Pontos- O não cumprimento do anterior.

13
14 f) Coordenação Motora- Feições
1 Ponto- Devem estar indicados as relações de simetria nas feições dos olhos, nariz e boca,
representados a duas dimensões.
Se o desenho está de frente, os olhos devem estar equidistantes do nariz bem como das comissuras
dos lábios.
O nariz de forma simétrica, deve estar situado sobre o ponto médio da boca. A boca deve estar
simetricamente e bilateralmente representada, formando um angulo recto com a linha média vertical
da cabeça.
Se o desenho está de perfil, o olho terá um contorno regular e localizado da seguinte forma: a
distancia do centro do olho ao contorno posterior da cabeça deverá ser pelo menos o dobro do que
vai do centro do olho ao bordo do nariz. O nariz será proporcional ao tamanho da cabeça e aos
outros elementos representados na face. A boca não deverá ter irregularidades no seu contorno,
mantendo as proporções devidas com o resto do rosto (pontuação rigorosa).
0 Pontos- O não cumprimento do disposto anteriormente

15 a) Presença das Orelhas


1 Ponto- Qualquer representação clara da presença das orelhas. Duas orelhas nos desenhos de
frente ou costas e uma no desenho disposto de perfil.
0 Pontos- Ausência da representação das orelhas.

15 b) Orelhas em Posição e Proporção Correcta


1 Ponto- Diâmetro vertical maior que o horizontal. No desenho de perfil, um simples ponto que
represente o canal auditivo, bem situado.
0 Pontos- Quando o pavilhão da orelha está voltado para cara.

16 a) Detalhe do Olho, Sobrancelha, Pestana ou Ambas


1 ponto- Qualquer representação clara da sobrancelha, pestanas ou ambas. Um mero arco traçado
sobre os olhos para as sobrancelhas e umas breves linhas curvas feitas a partir dos bordas dos olhos.
0 Pontos- Ausência dos detalhes acima referidos.

14
16 b) Detalhe do Olho, Pupila
1 Ponto- Indicação clara da representação da pupila. A pupila deve estar representada em ambos os
olhos quando indicados.
0 Pontos- Um ponto desenhado debaixo de um arco, pois o ponto representa a totalidade do olho.

16 c) Detalhe do Olho, Proporção


1 Ponto- Diâmetro horizontal maior que vertical.
Nos desenhos de perfil, o olho aparece em perspectiva, perdendo a sua forma habitual de amêndoa
aparecendo de forma circular.
0 pontos- O não cumprimento do anterior.

16 d) Detalhe do Olho. O Olhar


1 Ponto- Quando a pupila não estiver representada no centro do olho, mas sim deslocada numa
direcção.
No desenho do perfil, quando a pupila está deslocada numa direcção.
0 Pontos- O não cumprimento do disposto anteriormente.
É necessário ser-se rigoroso na avaliação deste item.

17 a) Representação da Fronte e do Queixo


1 Ponto- Na representação de frente, os olhos e a boca devem estar suficientemente separadas do
contorno da cabeça, separando-se, deixando espaços vazios que representam a fronte e o queixo.
De perfil, sempre que o contorno da cara esteja expressamente representado a fronte e o queixo e
mesmo se houver omissão da boca ou olhos.
0 Pontos- Ausência da representação da fronte e do queixo, se no desenho de frente não existir
separação entre o queixo e o pescoço.

15
17 b) Representação da Projecção do Queixo - Queixo Claramente Diferenciado do Lábio
Inferior
1 Ponto- É raro atribuir-se este ponto, excepto nas representações apresentadas em perfil. Quando
aparece uma linha curva debaixo do lábio inferior.
0 Pontos- Ausência do disposto acima.

18 a) Perfil A
1 Ponto- O desenho deve estar de perfil, a cabeça, o tronco, os pés e sem erros. O tronco só se
considera de perfil se houver algo indicado, como bolsos, gravata ou se houver uma deslocação
típica da fila de botões do meio para o lado da figura. Outro indicador será a posição dos braços e
pernas.
No caso deste tipo de perfil, o desenho só poderá conter um dos seguintes erros:
- Uma transferência, por exemplo, ver-se o contorno através da perna.
- Pernas que não respeitem o perfil.
- Braços unidos no bordo do ombro e estendidos para a frente.
0 Pontos- O não cumprimento do disposto anteriormente.

18 b) Perfil B
1 Ponto- O desenho mostra um perfil correcto e sem erros. A única excepção será no caso da
perspectiva do olho.
0 Pontos- O não cumprimento do disposto anteriormente.

16
5. Cálculo da Idade Mental

Aferição de Goodenough

Idade 3A 4A 5A 6A 7A 8 A 9 A 10 A 11 A 12 A 13 A

Meses 0 ___ 4 8 12 16 20 24 28 32 36 40

Meses 3 ___ 5 9 13 17 21 25 29 33 37 41

Meses 6 2 6 10 14 18 22 26 30 34 38 42

Meses 9 3 7 11 15 19 23 27 31 35 39 ___

Para calcular o Q.I. no teste de Desenho da Figura Humana de Goodenough:

Exemplo: Um Rapaz de 8 anos e 6 meses de idade obtém no teste 27 pontos.


Temos de procurar na escala de Goodenough, que 27 pontos corresponde a uma idade
mental de 9 anos e 9 meses, sendo assim;

Q.I. = Idade Mental (meses) x 100 = (9 x 12) + 9 x 100 = 112.5


Idade Cronológica (meses) (8 x 12) + 6

O Q.I. deste rapaz, encontrado no TDFH de Goodenough é de 112.5.

17
6. Análise Qualitativa

O desenvolvimento progressivo do desenho implica mudanças significativas que, no início,


se assemelham a simples rabiscos iniciais de garatuja passando, progressivamente, a uma intenção
clara de construção cada vez mais ordenada, fazendo surgir os primeiros símbolos. Essa passagem é
possível graças à interacção da criança com o acto de desenhar bem como ao movimento simbólico,
que no entretanto se vai construindo dentro dela.
Na garatuja, a criança tem como hipótese que o desenho é simplesmente uma acção sobre
uma superfície, e ela sente prazer ao constatar os efeitos visuais que essa acção produziu. No
decorrer do tempo, garatujas, que reflectem, num primeiro tempo, o prolongamento de movimentos
rítmicos de ir e vir, transformam-se em formas definidas que representam uma maior ordenação
interna e externa. Na evolução da garatuja para um desenho de formas mais estruturadas, a criança
irá desenvolver uma intenção de elaborar imagens projectando no exterior uma realidade que lhe é
familiar, interna. Começando com símbolos muito simples, ela passa a articulá-los no espaço
bidimensional do papel, na areia, na parede ou em qualquer outra superfície. No início, a criança
trabalha sobre a hipótese de que o desenho serve para imprimir tudo o que ela sabe sobre o mundo.
No decorrer da simbolização, a criança apropria-se, progressivamente, de regularidades ou códigos
de representação das imagens à sua volta, passando a considerar a hipótese de que o desenho serve
para exprimir o que se vê. É assim que, por meio do desenho, a criança cria e recria individualmente
formas expressivas, integrando percepção, imaginação, reflexão e sensibilidade, que podem então
ser apropriadas pelas leituras simbólicas de outras crianças e adultos.
Buscando um processo progressivo e evolutivo da elaboração do sistema gráfico pela
criança, alguns estudiosos estabeleceram estágios da evolução do grafismo infantil. Luquet
distingue quatro estágios:

1) Realismo involuntário: começa por volta dos 2 anos e põe fim ao período chamado rabisco. A
criança que começou por traçar signos sem desejo de representação descobre por acaso uma
analogia com um objecto e passa a nomear seu desenho.
2) Realismo frustrado: Geralmente entre 3 e 4 anos, tendo descoberto a identidade forma - objecto,
a criança procura reproduzir esta forma. Esta fase é caracterizada pela imperfeição do desenho da
criança, devido à sua incapacidade de sintetizar, o que a leva a desenhar os elementos sem que os
consiga englobar num todo. Nesta fase, o desenho parece querer aproximar-se do real mas não
consegue.

18
3) Realismo intelectual: estendendo-se dos 4 aos 10-12 anos, caracteriza-se pelo facto que a
criança desenha do objecto não aquilo que vê, mas aquilo que sabe. Nesta fase ela mistura diversos
pontos de vista (perspectivas). Não obstante, existem diferenças significativas entre o realismo do
desenho infantil e do adulto. Para um adulto, um desenho deve ser a reprodução fiel de um objecto,
levando em conta a perspectiva. Na criança, um desenho para ser realista deve conter todos os
elementos do objecto, ainda que não sejam visíveis no objecto real, e os próprios elementos
abstractos que ela imputa a esse objecto. Outro aspecto importante do desenho infantil, nesta fase, é
o uso da legenda, uma vez que, para a criança, o nome do objecto desenhado, constitui-se como
uma característica essencial desse mesmo objecto.
4) Realismo visual: É geralmente por volta dos 12 anos, marcado pela descoberta da perspectiva e
a submissão às suas leis, daí um empobrecimento, um enxugamento progressivo do grafismo que
tende a se juntar as produções adultas. O realismo visual, característico do desenho do adulto, é
alcançado pela criança quando esta começa a fazer a critica nos seus próprios desenhos. Assim, a
criança repara que os desenhos produzidos, com base no realismo intelectual, não estão de acordo
com os objectos reais (por exemplo o desenho de um rosto de perfil com dois olhos). A criança
rejeita, então, a forma do realismo intelectual e assume um realismo visual. Os processos que a
criança utiliza no realismo intelectual são substituídos pelos equivalentes no realismo visual,
nomeadamente, à transparência sucede opacidade, que se faz acompanhar da perspectiva.

A par da análise quantitativa que nos permite situar na banda do Q.I. e analisar a qualidade
da integração do esquema corporal, enquadrando-o dentro dos limites esperados na faixa etária da
criança avaliada (medida de maturidade conceitual, isto é, o conceito que a criança tem do corpo
humano), é possível realizar uma análise qualitativa do desenho, podendo ser elaborada nos
seguintes passos:

• Equiparação aos dados obtidos na WISC.

• Identificação da figura com maior qualidade formal (maior cotação), características de


valorização e identificação.

• Identificação da figura com menor qualidade formal (menor cotação), características de


desvalorização e análise de possíveis problemas relacionais, a confirmar com outras provas.

• Comparação do tamanho das figuras – análise da valorização / desvalorização e egocentrismo.

19
• Tamanho do desenho – análise da flexibilidade.

• Amplitude do desenho – se ampla, aponta para extroversão, se restrita, para introversão.

• Força do traçado – traçado forte denota agressividade, enquanto que se este for fraco poderá
assinalar insegurança e inibição.

• Análise da presença de esteriotipias.

• Qualidade da diferenciação das características sexuais.

• Localização do desenho na folha – se na parte superior indicará uma expressão da fantasia,


enquanto que no terço inferior aponta-nos para ausência de fantasia, de energia, como indicador
de depressão.

• Análise do movimento do desenho e das produções associadas (desenho estático ou dinâmico).

• Da análise do traçado poderemos salientar – traçado sensorial (quando identificamos a presença


de cor e curvas), ou traçado racional (se ausência de cor ou traço quadrado e linhas rectas).

• Na qualidade do traço – se o traço é mal controlado e existe uma falta de proporções, poderá ser
indicador de impulsividade.

• Na elaboração do desenho poderemos ter ainda em atenção aspectos específicos como a


ausência das mãos (dificuldades no contacto), presença de vestuário específico ou de detalhes
acessórios (sinal de elaboração e abstracção).

20
ANEXOS

21
DESENHO DA FIGURA HUMANA – EXEMPLOS COTAÇÃO

(1)
Cabeça

(2)
Pernas

(3)
Braços

(4a)
Tronco

(4b)
Tronco + alto
que largo

22
(4c)
Ombros

(5a)
Braços e
pernas
unidos ao
tronco

(5b)
União
correcta

(6a)
Pescoço

(6b)
Linhas do
pescoço
como
continuação
do tronco ou
da cabeça

(7a)
Olhos

23
(7b)
Nariz

(7c)
Boca

(7d)
Boca e nariz a
duas dimensões

(7e)
Orifícios do
nariz

(8a)
Cabelos

(8b)
Cabelos não
transparentes

24
(9a)
Presença de
vestuário

(9b)
2 peças de
vestuário

(9c)
Desenho
completo sem
transparência

(9d)
4 peças de
vestuário

(9e)
Fato completo

(10a)
Dedos

25
(10b)
N.º exacto de
dedos

(10c)
Detalhe
exacto de
dedos

(10d)
Polegar em
oposição

(10e)
Mão distinta
de braços ou
dedos

(11a)
Articulação do
braço

(11b)
Articulação da
perna

26
(12a)
Proporção da
cabeça

(12b)
Proporção dos
braços

(12c)
Proporção das
pernas

(12d)
Proporção dos
pés

(12e)
Braços e
pernas a 2
dimensões

(13)
Representação
dos tacões

27
(14a)
Coordenação
motora: linhas
firmes sem
cruzes

(14b)
C.M.: linhas
firmes com
uniões certas

(14c)
C.M.: contorno
da cabeça

(14d)
C.M.: contorno
do tronco

(14e)
C.M.: Braços e
pernas

(14f)
C.M.: correcção
feições

28
(15a)
Presença de
orelhas

(15b)
Orelhas em
posição e
proporção
correcta

(16a)
Detalhe do olho:
sobrancelha,
pestanas ou
ambas

(16b)
Detalhe do olho:
pupila

(16c)
Detalhe do olho:
proporção

(16d)
Detalhe do olho:
olhar

29
(17a)
Testa e queixo

(17b)
Projecção do
queixo

(18a)
Perfil

(18b)
Perfil correcto

30

Você também pode gostar