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Manual Completo 2021
Manual Completo 2021
2021
INDICE
INTRODUÇÃO ............................................................................................................................. 5
CAPITULO 1. CONTEXTUALIZAÇÃO DO RECRUTAMENTO E SELECÇÃO ............. 6
1.1. Diferença e relação entre Recrutamento e Selecção .......................................................................... 6
1.2. Evolução do processo de Recrutamento ............................................................................................ 7
1.3. Evolução do processo de selecção ..................................................................................................... 9
CAPITULO II: O RECRUTAMENTO DE PESSOAL .......................................................... 14
2.1. Conceitualização de Recrutamento de pessoal ................................................................................ 14
2.1.1. Os objectivos do Recrutamento ................................................................................................ 16
2.1.2. Relação do Recrutamento com outras actividades de GRH ...................................................... 16
2.1.3. O quadro legislativo .................................................................................................................. 18
2.1.4. A estratégia de Recrutamento ................................................................................................... 19
2.1.5. A decisão de preenchimento do cargo vago .............................................................................. 20
2.1.6. Principais limitações do Recrutamento ..................................................................................... 24
2.1.7. Formas de recrutamento ............................................................................................................ 26
2.2. O Recrutamento Interno ................................................................................................................... 27
2.2.1. Conceito de Recrutamento interno ............................................................................................ 27
2.2.2. Estratégias do recrutamento interno .......................................................................................... 28
2.2.3. Fontes do recrutamento interno................................................................................................. 29
2.2.4. Vantagens do recrutamento interno .......................................................................................... 31
2.2.5. Desvantagens do recrutamento interno ..................................................................................... 33
2.3. O Recrutamento Externo e misto ..................................................................................................... 35
2.3.1. Conceito de Recrutamento Externo .......................................................................................... 35
2.3.2. Estratégia de recrutamento externo ........................................................................................... 36
2.3.3. Estratégias a empreender no mercado ....................................................................................... 36
2.3.4. Fontes do recrutamento externo ................................................................................................ 38
2.3.5. Técnicas de recrutamento externo............................................................................................. 41
2.3.6. Instrumentos de recrutamento externo ...................................................................................... 43
Este manual da disciplina de Recrutamento e Selecção foi elaborado para estudantes do curso de
Gestão dos Recursos Humanos, leccionada na Universidade Pedagógica – Delegação da Beira e
serve para questões meramente académicas.
Com este manual pretende-se que os estudantes no fim da disciplina possam ser capazes de:
a. Compreender o papel do Recrutamento e Selecção no Âmbito específico da Gestão de
Recursos Humanos, bem como a sua importância para o sucesso da empresa;
b. Compreender as questões e éticas e legais envolvidas no Recrutamento e Selecção;
c. Conhecer os diferentes métodos e técnicas utilizadas no Recrutamento e Selecção, bem como a
sua eficácia;
d. Compreender o processo de concepção e de implementação de algumas técnicas específicas de
análise de funções, recrutamento e selecção;
e. Definir e avaliar a qualidade e o valor de um processo de Recrutamento e Selecção
f. Treinar a capacidade de elaboração e análise de documentos de apoio à decisão em contexto de
gestão de pessoas.
Vai-se iniciar o estudo da 1ª unidade, onde irá conhecer todo o processo evolutivo por que
passaram o recrutamento e a selecção, até atingirem os estádios actuais. Verá que as suas origens
são diferentes, mas ao longo dos tempos foram se aproximando até formarem uma união que
hoje é considerada essencial para a busca de homens certos que as empresas necessitam para
suprir cargos vagos existentes nos seus quadros de pessoal.
Os mesmos autores afirmam que a selecção consiste no processo de escolha entre esses finalistas
e na tomada de decisão sobre a qual deve ser feita a oferta do cargo vago.
A partir das diferenças do conceito e de práticas, nota-se claramente que esses processos são
inseparáveis, guardando uma forte relação, pois uma depende da outra. Vejamos de seguida a
relação que existe entre os dois processos:
Porém, a utilização do termo recrutamento generalizou-se tendo sido adoptado por diversas
empresas e organizações da sociedade civil, pois tinham as mesmas necessidades de se
completarem e preencherem vagas que iam ocorrendo. Contudo, sofreu considerável evolução
semântica, adquirindo um significado mais amplo que passou a abranger operações de atracção,
selecção e mesmo de acolhimento dos recrutados. Sublinha-se que na sua concepção original, a
actividade de recrutamento consistia na procura externa das pessoas de que a organização
necessitava para sua manutenção e cumprimento de objectivos.
Por sua vez, SEKIOU, ET ALL (2001) afirmam que ao analisarmos a evolução do recrutamento
ao longo dos séculos, somos levados a restringir o processo de desenvolvimento desta actividade
em três ciclos ou fases, que são: anterior à revolução industrial; com a revolução industrial; e
depois de 1960.
VEGA E GONZÁLEZ (s/d) afirmam que ao se analisar a história da selecção de pessoal, podem-
se distinguir os seguintes principais momentos que contribuíram para o seu surgimento e
desenvolvimento como processo: a pré-historia da selecção de pessoal; a revolução industrial e o
desenvolvimento da Psicologia e da Administração; e a primeira e segunda guerra mundiais, que
a seguir se discriminam:
Segundo SEKIOU, ET ALL (2011), as bases da selecção dos candidatos nessa altura eram
alternada ou simultaneamente as seguintes:
1. Fortes. Ao longo dos séculos, para defender o território de um país, era necessário
escolher pessoas que possuíssem determinadas características específicas como, P.Ex: ser
fisicamente mais forte do que os outros.
2. Idosos. Tendo em conta que, nas sociedades antigas, a esperança de vida era curta, as
pessoas idosas rareavam e, como tinham a reputação de serem distinguidas pelos Deuses
eram respeitadas em todas as selecções. Acontecia assim porque a experiência e a
sabedoria estavam associadas à idade avançada.
3. Bem-nascidas. A fortuna e as relações ao longo dos séculos e ainda mais nos dias de
hoje, foram critérios que ajudaram um candidato a ser escolhido entre os outros.
9 Elaborado por Mateus Sengueranhe
4. Com provas dadas. A quiromancia1, a nefrologia2, a fisionomia3 e a morfologia4 foram
utilizadas, antigamente, nalgumas ocasiões para escolher uma determinada pessoa em
detrimento de outras. Hoje em dia, nos países industrializados, as técnicas mais
conhecidas e mais utilizadas são os testes e as entrevistas.
Durante a idade média, o trabalho e, por conseguinte, a selecção de pessoas se caracterizou por
adquirir um carácter praticamente hereditário; a classe social condicionava a escolha e as
possibilidades de desempenho numa dada actividade. Assim, os ofícios passavam das mãos dos
pais para os seus filhos.
1
Quiromancia refere-se à advinha pelo exame das linhas das palmas da mão. (Dicionário electrónico Aurélio)
2
Nefrologia refere-se à parte da medicina que estuda as doenças renais (Idem)
3
Fisionomia tem a ver com as feiçoes; semblante; cara do indivíduo. (Ibdem)
4
Morfologia diz respeito ao estudo da estrutura e formação de palavras (Ibdem)
10 Elaborado por Mateus Sengueranhe
para efectuar mensurações, tendo criado os testes psicológicos, até aos nossos dias, muito úteis
no processo de selecção de pessoal.
A partir dai, mais estudos no campo da Psicologia foram efectuados, tendo sido descobertas
variadas técnicas que ainda hoje se usam com muito sucesso nos processos selectivos, tais como:
os testes de inteligência, os testes psicotécnicos, os inventários e os testes de capacidade.
Ao finalizar a segunda guerra mundial, cerca de 200 psicólogos, que haviam participado no
conflito bélico e acumulado uma grande experiência, deveriam incorporar-se à actividade
profissional em condições de paz. Terminado o conflito, a American Psychological Association
Os psicólogos engrossaram as fileiras dos Departamentos de pessoal das empresas, entre cujas
funções essenciais se encontrava a selecção de pessoal, que adquiriu um grande relevo nesse
período, assim como a aplicação de técnicas de selecção de natureza psicológica. Isto quer dizer
que a integração dos psicólogos que trabalharam na guerra popularizou a utilização das técnicas
psicológicas nos processos selectivos, acto que acontece até aos nossos dias.
Esta unidade tem como finalidade conhecer os diversos conceitos de recrutamento, os seus
objectivos, as suas formas e as técnicas a utilizar. Iremos perceber que o acto de recrutar
desempenha um papel vital para as organizações, pois tem como objectivo final repor os meios
humanos necessários ao preenchimento das necessidades de pessoal que surgem por diversos
motivos nas organizações.
VEGA E GONZÁLEZ (s/d), citando GIL, (2001), afirmam que o seu significado teve origem
inicialmente nos exércitos, onde captar recrutas para vagas de futuros soldados ou postos de
guerrilha era habitual. Rapidamente o termo, bem como seu objectivo (captação de pessoas)
foram incorporados nos processos de Administração de pessoal, em especial, no subsistema de
Recrutamento e Selecção de Pessoal, como porta de entrada de pessoas nas empresas. Portanto, o
recrutamento constitui o primeiro patamar na relação entre o candidato e a organização, e o
primeiro filtro no processo de selecção.
Dizem ainda os autores que, para que se inicie o processo de recrutamento, é necessário que a
organização se aperceba de que existe uma necessidade de contratar pessoas para desempenhar
funções específicas, determinando, a partida, qual o perfil de competências interessa recrutar,
tendo em conta os seus objectivos estratégicos e operacionais.
Para CUNHA, ET ALL (2012), o recrutamento pode ser considerado o processo através do qual
a organização procura atrair pessoas. Num outro desenvolvimento, os mesmos autores definem o
recrutamento como o conjunto de actividades levadas a cabo por uma organização com o
objectivo fundamental de identificar um grupo considerável de candidatos, atraindo-os para a
empresa.
Em suma, define-se o recrutamento como uma convocatória que é feita pela empresa, visando
atrair pessoas com as qualidades necessárias a uma integração ao quadro de pessoal e ao
desempenho com êxito, de determinadas posições dentro dessa empresa.
Os autores que temos vindo a citar afirmam que as actividades que geralmente antecedem o
recrutamento são as seguintes:
▪ Planeamento de efectivos e análise das funções: em geral, estas duas actividades estão
relacionadas. O planeamento de efectivos permite identificar as funções e determinar as
necessidades da organização de acordo com cada categoria profissional;
▪ A análise de funções: serve para definir cada posto de trabalho e as respectivas tarefas;
▪ Avaliação de funções e renumeração: a avaliação de funções ajuda a definir as
aptidões, os conhecimentos e as capacidades exigidas. Em suma, o conjunto de
competências exigidas e necessárias para cada lugar vago.
▪ Remuneração: Destina-se também em primeiro lugar, a determinar os salários. Uma vez
estabelecidos os requisitos de cada um dos lugares vagos, a organização deve enquadrar o
salário do lugar a preencher no âmbito da sua politica salarial.
Condições prévias
Analisando o conteúdo do artigo 7 a que fizemos referência, somos obrigados a concluir que a lei
moçambicana não alude com exactidão as questões de equidade e discriminação contra minorias
tribais ou raciais, mulheres, portadores de deficiência e de doenças crónicas na lei específica de
trabalho, apesar da Constituição da Republica se referir a essas matérias na generalidade.
Esta posição é corroborada por CAMARA, ET ALL (2010), quando afirmam que um processo
de recrutamento não tem sempre o mesmo figurino e, antes de o iniciar, haverá que definir qual a
estratégia será seguida para o preenchimento da vaga. Essa estratégia deve ser concertada entre o
Departamento de Recursos Humanos, que lidera o processo, e a função cliente5, de forma a haver
convergência de iniciativas e de vontades. Por isso, para esses autores, num primeiro momento,
se deverá definir, se o preenchimento da vaga deve ser feito através de um recrutamento interno
ou externo.
5
Função cliente refere-se a gestão de linha.
19 Elaborado por Mateus Sengueranhe
▪ Tratando-se do recrutamento interno, é utilizada uma de três estratégias possíveis: a
escolha directa, o concurso interno e o recomendar um amigo (refer a friend) (Idem).
Assim, o responsável hierárquico directo elabora uma ficha de pedido, submete-a à sua
hierarquia e transmite-a ao serviço responsável pelo recrutamento.
CAMARA, ET ALL (2010), afirmam que antes do recrutamento tem que haver uma decisão de
gestão sobre o preenchimento do cargo vago. A vacatura pode surgir por um de dois motivos:
a) Tratar-se de um cargo já criado e o anterior titular foi transferido para uma outra função,
ou abandonou a empresa; ou
b) Tratar-se de um cargo novo que nunca antes foi preenchido.
Já MACHADO E PORTUGAL (2013) referem que a vacatura pode resultar das seguintes
causas: reforma dos trabalhadores por limite de idade; promoção e/ou mudança de funções;
morte/incapacidade permanente; demissão ou rescisão do acordo; reconversão e reclassificação;
reafectação a outra função; transferência; e substituição temporária.
Com efeito, segundo CAMARA, ET ALL (2010), antes de ser tomada uma decisão de gestão
sobre o preenchimento da vaga, devem-se encarar outras alternativas, tais como:
▪ A redistribuição das tarefas atribuídas a esse cargo pelos restantes membros da equipa
(ou unidade), tornando desnecessária uma nova admissão;
▪ Uma análise aprofundada do conteúdo dos diferentes cargos da mesma unidade, para
concluir se há tarefas que podem ser eliminadas, ou automatizadas, por exemplo,
evitando ter que recrutar mais pessoal;
▪ A reanálise dos perfis e competências das funções próximas do cargo vago para, através
da sua alteração ou enriquecimento, eliminar a necessidade de recrutamento;
▪ Recurso a outsourcing.
Os mesmos autores nos ensinam que se, após esse exercício, continuar a ser evidente a
necessidade de preenchimento do cargo, deverá ser ponderado o seguinte, antes da decisão:
▪ Qual é o custo adicional que ela vai trazer;
▪ Se esse custo está orçamentado;
▪ Se o colaborador adicional está dentro das previsões de headcount (número de pessoal)
autorizado;
▪ Quando é que o novo colaborador é necessário para iniciar funções.
CHIAVENATO (2009) prefere usar o termo análise de cargos ao invés de definição de perfil.
Diz ele que, a análise de cargos concentra-se em quatro áreas de requisitos, que são:
a) Requisitos mentais - consideram as exigências do cargo no que se refere aos requisitos
mentais que o ocupante deve possuir para poder desempenhar adequadamente o cargo.
Entre os requisitos mentais, estão os seguintes factores de especificações: Instrução
essencial, experiência anterior essencial; adaptabilidade ao cargo; Iniciativa necessária e
aptidões necessárias.
Cargo vago
- Redistrição
Preencher
N S - Outsourcing
- Eliminação
- Custo
- Cabimento
- Headcount
- Data de entrada
Aprovação
S N
Perfil da função
Recrutamento
Recrutamento
Tipo
Interno Externo
Esta unidade tem como finalidade a análise de uma das formas de recrutar, que é o que se realiza
dentro da própria organização, chamada de Recrutamento interno. Iremos discutir as estratégias
que as empresas podem empregar para realiza-lo, as fontes de busca de informação, bem assim
as suas vantagens e desvantagens.
As razões para optar por esta solução prendem-se com um de três factores:
▪ O cumprimento de planos de desenvolvimento de carreira, para o qual o candidato
escolhido está preparado;
▪ A melhor utilização do talento disponível na organização, movimentando as pessoas-
chave em conformidade;
▪ A retenção dentro da empresa de colaboradores considerados imprescindíveis, dando-
lhes oportunidades, quer de alargar os seus horizontes profissionais, quer de progredir
na organização.
28 Elaborado por Mateus Sengueranhe
b) O concurso interno: consiste na afixação do anúncio do lugar vago nos painéis de
informação da empresa (ou na intranet), incluindo o perfil detalhado da função, dando
dele conhecimento generalizado e convidando os interessados a candidatar-se, dentro de
certo prazo.
c) O sistema de recomendar um amigo: surge, normalmente, acoplado ao concurso
interno e consiste em convidar os colaboradores a indicar o nome de um amigo ou
conhecido que, em sua opinião, tenha as condições necessárias para preencher o cargo em
aberto.
Por outro lado, tem custos mais baixos que o recrutamento externo e não é tão moroso como o
recrutamento interno. Na verdade, é um sistema muito vantajoso, caso se consiga, por esse meio,
gerar candidaturas em número aceitável, para além de que permite a identificação de candidatos
de qualidade e culturalmente compatíveis com a empresa.
As empresas, por norma, ajudam a manter vivo o sistema, premiando os colaboradores que, ao
longo do ano, fizeram recomendações que redundaram em recrutamentos de sucesso.
Para que possa funcionar bem, o recrutamento interno exige intensa coordenação do órgão de
RH com os demais órgãos da empresa para que essa informação esteja sempre disponível e
actualizada no banco de talentos.
PERETI (2007), prefere designar a busca de dados e informações fornecidas pelo banco de
talentos, de prospecção interna. Para esse autor, a prospecção interna assenta sobre:
▪ A existência de um sistema de informação sobre os postos de trabalho disponíveis:
anúncios, notas de serviço e jornal da empresa, que são utilizados em conjunto ou
separadamente;
▪ A exploração directa dos ficheiros existentes: triagem, a partir das informações
disponíveis e dos critérios de selecção, das pessoas susceptíveis de ocupar o posto de
trabalho permitindo realizar um pedido de oferta restrito;
▪ A existência de um plano de carreiras: por cada período de férias, o pessoal é
destacado no quadro do plano de carreiras para ocupar o posto de trabalho e fazer a
substituição, solicitando as condições para o fazer.
Globalmente, porém, há que referir que a grande vantagem desta forma de recrutamento é
permitir desenvolver as pessoas que já estão na empresa e dar-lhes perspectivas de carreira.
Fonte: o autor
Estes autores acrescentam que as candidaturas internas são, por vezes, usadas como forma de
assinalar o desejo de mudança do lugar presentemente ocupado, quer por desentendimentos com
a chefia, quer por cansaço ou frustração nessa função. Isso dará ao órgão de Recursos Humanos
Para PERETTI (2007), o recrutamento interno apresenta algumas desvantagens, a que chama de
limites. Adianta que, muitas vezes resulta mais dos resultados obtidos no passado do que das
aptidões para preencher o novo posto. Isto verifica-se quando os bons desempenhos aceleram a
carreira até ao nível da incompetência (cf. Principio de Peter), e quando o desejo de se
desembaraçar de um colaborador medíocre leva o responsável hierárquico a facilitar a sua
promoção.
Esta unidade tem a finalidade de analisar o conjunto de acções que são empreendidas pelas
empresas para atraírem candidatos que não trabalham na organização. É o tal recrutamento
externo, onde a empresa usa uma série de técnicas para visar os potenciais candidatos que estão
aptos a ocupar o cargo e que se encontram no mercado de recursos humanos.
Optando-se pela primeira variável (qual o tipo de função a preencher), a empresa pode optar por:
▪ Recrutar directamente, ou
▪ Utilizar os serviços de empresas especializadas. Essas empresas podem ser: “caçadores
de cabeças” (headhunters); consultores de pesquisa directa (search) e consultores de
recrutamento.
b) Conteúdo dos anúncios de emprego: o anúncio de oferta de emprego deve conter uma
descrição breve do lugar a preencher, da competência exigida (formação académica,
experiência e características esperadas do candidato), da data de entrada ao serviço, do
salário e de outros benefícios. Deve mencionar ainda o nome da organização, o sector de
actividade, a dimensão da organização e o local de trabalho. Quanto à forma do anúncio,
ela diverge consoante a importância da organização, o mérito e o número de
trabalhadores pretendidos. Além disso, o anúncio não deve ser classificado numa rubrica
que distinga o sexo, como “procura-se homens” ou “ procura-se mulheres”. SOUSA, ET
ALL (2006) acrescentam que a redacção de um anúncio deve respeitar algumas regras
para que se atinjam os seus objectivos:
▪ A informação não deve ser tão vaga que atraia candidaturas que não correspondam
com as exigências, nem tão complexa e imprecisa que potenciais candidatos não
respondam por pensar que não lhes diz respeito;
Empresa
Na perspectiva de CAMARA, ET ALL (2010), a decisão de uso de cada uma das fontes deve
primeiro ser feita depois de ponderadas as seguintes situações:
a) A empresa pode considerar vantajoso apresentar-se no mercado de trabalho
identificando-se, se tem reputação de empregadora de qualidade, aproveitando o
anúncio para, simultaneamente com o recrutamento transmitir uma imagem de quais
os seus valores e cultura, para o reforço da sua reputação como organização.
Empresa
Actualmente, o CV deve insistir mais nos objectivos concretizados nos empregos anteriores, ou
seja, os resultados obtidos. Quanto mais elaborado de forma original e pertinente for o CV, mais
hipótese tem de levar o candidato à entrevista, durante a qual este poderá colocar-se
pessoalmente em evidência.
SEKIOU, ET ALL (2011) chama a atenção para que não se faça confusão entre CV, biografia e
portefólio, pois todos eles descrevem os antecedentes de uma pessoa e, de algum modo, os dados
que estes documentos contêm por vezes se confundirem. Na verdade:
▪ a biografia descreve toda a vida de uma pessoa com inúmeros pormenores; e
▪ o portefólio reúne informações num documento que descreve os objectivos pessoais e
educativos da pessoa, incluindo documentos de grande valor como, por exemplo, os
desenhos executados por um artista e cuja avaliação este considera importante para obter
emprego.
Apelido:
Nome próprio:
Morada
Número de telefone:
Endereço electrónico:
Profissão:
Objectivo de carreira:
Competências específicas
Línguas faladas:
a) Carta de apresentação ou de motivação
Conhecimento de informática:
Carta de condução:
Formação académica
Experiência de trabalho
Fevereiro de 2014: ……
Maio de 2012: ……
Outras actividades
Outros empregos: ……
Afirma ainda o autor que temos vindo a citar que a carta de apresentação do CV, por exemplo,
constitui um primeiro contacto com o empregador para atrair a atenção deste, acentuando ao
mesmo tempo o interesse e a motivação do candidato em relação ao lugar oferecido e à
organização.
Para estes autores, há quatro tipos de cartas que podem estabelecer a ligação entre um candidato
e o empregador. Trata-se de cartas de:
Destas cartas, a que acompanha o CV é a que se reveste de maior importância, já que é ela que
retira o CV do anonimato e apresenta a pessoa, gravando o nome do candidato na memória do
técnico de recrutamento. Esta carta suscita a primeira impressão que o empregador reterá do
candidato.
c) O telefone:
Devido ao seu grau de celeridade e eficácia, o telefone passou a ser um instrumento
indispensável para o recrutamento. É útil, principalmente em quatro ocasiões, que são:
1) convocar um candidato escolhido;
2) anunciar ao candidato escolhido a sua nomeação;
3) receber os CV por fax;
4) realizar uma entrevista com os candidatos por teleconferência ou skype.
d) Ficha de controlo:
É um meio de anotar todos os contactos efectuados durante a procura de emprego. Seja a seguir a
uma visita pessoal, ao envio de um CV ou a uma entrevista, importa seguir o andamento da
iniciativa tomada junto das organizações contactadas. Ao preencher uma ficha de controlo, será
mais fácil, no devido tempo, fazer o ponto da situação e evitar erros, nomeadamente enganar-se
em relação ao nome da pessoa contactada ou o nome da organização ou ainda enviar duas vezes
a mesma coisa para a mesma organização.
f) Internet
É uma ferramenta que permite ao empregador colocar informações em sites. As pessoas
interessadas candidatam-se, enviando a sua oferta de serviços por meio electrónico. Este substitui
uma série de meios tradicionais: o correio vulgar, o fax, etc.
Para CAMARA, ET ALL (2010), são seguintes sãs vantagens do recrutamento externo:
▪ A celeridade do processo, uma vez que não há que tomar em conta outras movimentações
encadeadas, nem períodos de passagem de tarefas antes da sua efectivação;
▪ A injecção de sangue novo na empresa, de pessoas que trazem novas formas de pensar e
de encarar os problemas, enriquecendo o leque de competências existentes na
organização;
▪ A identificação de candidatos que, embora não sejam ideais para o preenchimento da
função em aberto, permite a constituição ou enriquecimento de um banco de dados de
candidatos, para futuras oportunidades que surjam;
49 Elaborado por Mateus Sengueranhe
▪ A visibilidade que a empresa obtém no mercado de trabalho e o reforço da sua imagem
como empregadora de qualidade.
Fonte: o autor
Por sua vez, CAMARA, ET ALL (2010) apresentam as seguintes desvantagens do recrutamento
externo:
▪ Ser dispendioso e normalmente, bastante mais caro que o recrutamento interno;
▪ Comportar maiores riscos de incompatibilidade cultural entre o candidato e a empresa,
levando à sua rejeição pelo grupo e, por fim, ao seu fracasso;
▪ Frustrar as expectativas de carreira dos colaboradores da empresa, dando a noção que as
oportunidades que surgem são dadas a pessoas de fora e que não há a preocupação de
desenvolver quem já está na organização.
Segundo o autor que temos vindo a citar, podemos encontrar três alternativas de recrutamento
misto:
• Inicialmente, recrutamento externo, seguido do recrutamento interno: A empresa
está mais interessada na entrada de recursos humanos do que em sua
transformação, ou seja, a empresa necessita de pessoal já qualificado no curto prazo e
precisa importa-lo do ambiente externo. Não encontrando candidatos externos a altura,
lança mão de seu próprio pessoal não considerando de inicio os critérios acerca das
qualificações necessárias.
• Inicialmente recrutamento interno, seguido de recrutamento externo: A empresa dá
prioridade a seus empregados na disputa das oportunidades existentes. Não havendo
candidatos internos a altura, parte para o recrutamento externo.
• Recrutamento externo e recrutamento interno, concomitantemente: e o caso em que
a empresa está mais preocupada com o preenchimento de vaga existente, seja por meio de
input ou mediante transformação de recursos humanos;
Este capítulo tem como finalidade apresentar os diversos conceitos de selecção de pessoal, bem
assim os seus objectivos, os factores que a condicionam, as suas bases e os processos em que se
baseia a comparação e a decisão de seleccionar um candidato a emprego em detrimento do outro.
Para MACHADO, ET ALL (2014) a selecção é o conjunto de operações, através das quais e pela
utilização de métodos e técnicas adequadas se avaliam as capacidades, as características e as
qualificações dos candidatos a determinado lugar, escalonando-os face aos requisitos e
exigências das respectivas funções.
Para SEKIOU, ET ALL (2011), a selecção é processo que, para a organização, consiste em
escolher, entre vários candidatos, a pessoa que melhor satisfaz os requisitos do posto de trabalho
a preencher e as necessidades dos dois parceiros (empregador e candidato), tendo em conta as
condições contextuais.
CHIAVENATO (2004) define a selecção como um processo que busca entre os candidatos
recrutados, aqueles mais adequados aos cargos existentes na empresa, visando manter ou
aumentar a eficiência e o desempenho do pessoal, bem como a eficácia da organização.
Na análise das definições apresentadas pelos vários autores, pode-se verificar a quase total
coincidência de ser a selecção um processo; alguns autores definem a selecção como um
conjunto de técnicas, o que se considera uma “projecção limitada sob o ponto de vista
metodológico” (VEGA E GONZÁLEZ, S/D)
Por sua vez, há também consenso quanto ao facto de esse processo ser uma acção a expressar
uma decisão: escolher, seleccionar e a existência de um padrão comparativo.
Na perspectiva de SEKIOU, ET ALL (2001), a selecção busca dois objectivos, que a seguir se
discriminam:
i) Fornecer à organização os recursos humanos necessários e suficientes para a
eficiência organizacional, bem como a igualdade de oportunidades para cada
candidato;
ii) Colocar cada trabalhador no lugar mais adequado, para o próprio e para a
organização, de modo a que este utilize as suas aptidões, o seu temperamento e as
suas motivações no cumprimento das tarefas. Este segundo objectivo expressa a
situação ideal.
54 Elaborado por Mateus Sengueranhe
CHIAVENATO (2009), mais sintético, não perde a linha de pensamento dos outros autores, e
defende que a selecção visa alcançar dois objectivos básicos:
I. A adequação do homem ao cargo; e
II. A eficiência e eficácia do homem no cargo.
Estes autores referem ainda que convém no entanto, realçar que a selecção não pode e nem deve
ficar apenas pelo mero diagnóstico de um perfil. É indispensável que forneça um prognóstico
acerca da adaptação do homem ao posto de trabalho e do grau de satisfação pessoal que nele
espera encontrar. A validade deste prognóstico, diagnosticado num ser em contínua mudança
baseia-se no facto do ser humano se manter fiel às suas próprias forças orientadoras de evolução,
por outro lado, existe a percepção de que o homem procura sempre fazer o melhor uso das suas
capacidades.
Epecificações do Caracteristicas do
cargo versus candidato
x O que o
O que o cargo
candidate
requer
oferece
➢ Quando a variável x é maior do que a variável y, diz-se que o candidato não atinge as
condições ideais para ocupar determinado cargo e, portanto, é rejeitado para aquele
cargo.
➢ Quando as variáveis x e y são iguais, diz-se que o candidato reúne as condições ideais
para o cargo e, portanto, é aprovado.
➢ Quando a variável x é menor que a variável y, o candidato reúne mais do que as
condições exigidas pelo cargo, e portanto, torna-se um superdotado para o cargo.
MACHADO, ET ALL (2014) corroboram com esta posição, ao afirmarem que a decisão no
âmbito da selecção é da responsabilidade do órgão requisitante e tomada em função dos
objectivos e estratégias da empresa.
É sempre importante que se faça uma boa selecção, pois, assim acontecendo, vantagens múltiplas
serão compartilhadas pela organização e pelo novo colaborador. Esta posição é reforçada por
MACHADO, ET ALL (2014). Segundo esses autores, Uma selecção adequada e integrada no
contexto sócio-laboral da empresa, traz múltiplas vantagens ao empregador e ao recrutado:
Assim, as informações sobre o cargo que se pretende preencher podem ser obtidas através de
cinco maneiras:
a) Descrição e análise de cargos: é o levantamento dos aspectos intrínsecos e extrínsecos
do cargo;
b) Aplicação da técnica dos incidentes críticos: consiste na anotação sistemática e
criteriosa dos chefes directos a respeito dos factos e comportamentos dos ocupantes do
cargo considerado, que produziram melhor ou pior desempenho no trabalho;
59 Elaborado por Mateus Sengueranhe
c) Requisição de empregado: consiste na verificação dos dados na ficha de requisição do
empregado, preenchidos pelo chefe directo, especificando os requisitos e as
características que o candidato ao cargo deve possuir;
d) Análise do cargo no mercado: quando se trata de algum cargo novo, sobre o qual a
empresa não tem nenhuma definição a priori, nem mesmo o chefe directo, existe a
alternativa de verificar em empresas similares cargos comparáveis, seu conteúdo, os
requisitos e as características dos seus ocupantes;
e) Hipótese de trabalho: caso nenhuma das alternativas anteriores possa ser utilizada, resta
o emprego da hipótese de trabalho, ou seja, uma previsão aproximada do conteúdo do
cargo e sua exigibilidade em relação ao ocupante (requisitos e características
necessárias), como simulação inicial.
Ficha de
especificações
CHIAVENATO (2009) avança, afirmando que as informações que o órgão de selecção recebe a
respeito dos cargos e de seus ocupantes são transformadas numa ficha de especificação do cargo
ou ficha profissiográfica que deve conter os atributos psicológicos e físicos necessários ao
desempenho do ocupante no cargo considerado. Com essa ficha, o órgão de selecção pode
estabelecer as técnicas de selecção adequadas ao caso.
A ficha profissiográfica representa uma espécie de codificação das características que o ocupante
deverá possuir. Através dela, o seleccionador poderá saber o que é que deve pesquisar nos
candidatos.
FICHA PROFISSIOGRÁFICA
Cargo: ___________________________________________________
Secção: _________________________________________________
Descrição do cargo: _______________________________________
________________________________________________________
________________________________________________________
Equipamentos de trabalho:
______________________________________________________
Escolaridade:
_______________________________________________________
Experiencia profissional anterior:
_______________________________________________________
Condições de trabalho:
_______________________________________________________
Relacionamento humano:
_______________________________________________________
Tipo de actividade:
_______________________________________________________
Características psicológicas do ocupante:
_______________________________________________________
Características físicas do ocupante:
_______________________________________________________
Testes ou provas a serem aplicados:
_______________________________________________________
Fonte: CHIAVENATO (2004, p.192)
Esta ideia é complementada por MACHADO ET ALL (2014) ao afirmarem que enquanto a
recepção de candidaturas é um acto puramente administrativo, a triagem envolve outros
procedimentos e visa verificar se quem responde está dentro das condições definidas na
divulgação das vagas. Estes autores ainda realçam que esta fase não é de avaliação.
CHIAVENATO (2004) corrobora esta ideia, afirmando que na realidade, a triagem é uma
espécie de pré-selecção e visa reduzir o número daqueles poucos candidatos que realmente
apresentam melhores condições de sucesso. Trata-se, pois, de uma pré-selecção grosseira, mas
que permite afunilar o processo selectivo.
MACHADO, ET ALL (2014) vão mais longe ao afirmarem que o objectivo da triagem é de
reduzir o número de candidatos, eliminando aqueles que, aparentemente, não parecem
corresponder às exigências do posto de trabalho. Aparentemente, porque os métodos utilizados
não permitem uma avaliação profunda e verdadeiramente fiável. É pois, uma avaliação que
Na maioria das vezes, aplica-se o questionário preliminar e, com base nele, faz-se a entrevista de
triagem. Se o candidato possui as qualificações mínimas anunciadas, será encaminhado para o
processo selectivo a seguir. Se não as tem, é rejeitado.
c) Análise curricular: serve de base à eliminação dos candidatos que não satisfazem os
requisitos objectivos exigidos. Este método, não permitindo um conhecimento pessoal do
candidato, não fornece dados sobre os aspectos essenciais ao desempenho de qualquer
função, como a sua personalidade, a sua capacidade de relacionamento, a sua
apresentação e outros aspectos. Para ser válida, isto é, para permitir uma comparação
minimamente objectiva entre os candidatos, exige a elaboração de um formulário
64 Elaborado por Mateus Sengueranhe
padronizado que solicite de todos, dados sobre os mesmos temas. Assim, o formulário vai
permitir a uniformização dos pontos abordados pelos candidatos e facilidade de
tratamento dos mesmos.
d) Provas de conhecimento: é um método bastante utilizado, sobretudo quando o número
de candidatos é bastante elevado, pois permite limitar o número de candidatos.
Evidentemente, essas provas devem estar relacionadas com o teor das exigências da
função.
As técnicas de selecção podem ser classificadas em cinco grupos: Entrevista de selecção, Provas
de conhecimento ou capacidade, Testes psicológicos, Testes de personalidade ou psicotécnicos e
Técnicas de simulação (Idem).
CUNHA, ET ALL (2012) aborda, para além das indicadas por Chiavenato, as biodatas (análise
do CV e cartas de recomendação ou referências), enquanto isso, MACHADO, ET ALL (2014)
acrescenta as técnicas de grupo. Vejamos em detalhe, cada uma destas técnicas.
Em suma, os métodos que se assumem neste manual são os seguintes: biodatas, provas de
conhecimento ou capacidade, testes psicológicos, testes de personalidade ou psicotécnicos,
técnicas de simulação, técnicas de grupo e a entrevista. Por razões que se prendem com a sua
complexidade, a entrevista será tratada numa unidade em separado para s sua melhor
compreensão, dado ser a técnica de selecção que mais se usa.
3.3.2.2.1. As Biodatas
Na óptica de CUNHA, ET ALL (2012), biodata é a derivação do termo inglês “biographical
data”. É usado para denominar a informação biográfica (história da vida e experiência) solicitada
Estes autores, parafraseando SCHULTZ E SCHULTZ (1998) afirmam que muitos dos nossos
comportamentos, valores e atitudes se mantém ao longo da vida, por isso, não é despropositado
considerar que o nosso comportamento no futuro será baseado no nosso comportamento passado.
As avaliações podem incidir em aspectos tão diversos como a data de nascimento, os lugares
ocupados em anteriores funções, os interesses, as aspirações, os hábitos, as preferências, os
objectivos de carreira, os valores, as crenças, as auto-impressões, as relações com os vizinhos, o
status financeiro, as experiências de vida na adolescência, a estabilidade emocional, a orientação
para o trabalho versus para a família, a gestão do dinheiro, o interesse nas reparações domésticas,
etc.
As pesquisas sugerem que as escalas biodata medem uma ampla variedade de características
individuais – incluindo capacidades cognitivas, interesses características de personalidade,
capacidades físicas e, mesmo competências e habilidades. Sugerem também que essa informação
tem validade preditiva para o desempenho, a progressão na carreira, a satisfação e a rotatividade.
MACHADO, ET ALL (2014) tratam a análise do CV por avaliação curricular. Estes autores
defendem que a avaliação curricular será tratado como um método de selecção quando praticado
em discussão ou entrevista para verificação e confirmação dos seus elementos. Fora disso, não
parece legítimo entende-lo como método de selecção. Será antes um método de pré-selecção e
consiste mais numa análise do que numa avaliação curricular.
As cartas de recomendação carecem de alguma validade pelo facto de, tendencialmente, o seu
tom ser positivo (o candidato tende a solicitá-las a pessoas que podem tecer boas
considerações!). Tendem também a ser mais favoráveis quando entregues directamente ao
candidato – e não ao potencial empregador (sem o conhecimento do candidato). Ou seja, as
pessoas que redigem a carta de recomendação tendem a ser mais enfáticas nos méritos
anunciados quando sabem que o candidato a quem se referem lerá o conteúdo da carta. Acresce
i) Os testes de capacidades
No entender de CUNHA, ET ALL (2012), os testes de capacidades (físicas, psicomotoras e
perceptivas) são aqueles que têm maior poder preditivo de desempenho em funções em que tais
capacidades são mais necessárias. Destacam-se neste grupo os testes de capacidades físicas, os
testes de capacidades psicomotoras e os testes de capacidades perceptivas.
▪ Os testes de capacidades físicas: medem características como a força dinâmica, a força
do tronco, a força estática, a força explosiva, a flexibilidade em extensão, e a
flexibilidade dinâmica. O seu uso está limitado a actividades específicas – como policias
e agentes de segurança. Os estudos sugerem que os testes de capacidades físicas predizem
a rotatividade, as promoções e o desempenho. Todavia, esse poder preditivo varia
consoante o grau em que se coadunam com as capacidades necessárias para o exercício
do cargo.
▪ Os testes de capacidade psicomotora: medem aspectos como o tempo de reacção, a
coordenação dos membros e a destreza manual. Os estudos indicam que estas
70 Elaborado por Mateus Sengueranhe
capacidades predizem o desempenho dos indivíduos (por EX: motoristas), embora tal
ocorra mais vincadamente em cargos de menor complexidade.
▪ Os testes de capacidades perceptivas: visam medir aspectos como atenção e acuidade
auditiva, a localização sensorial e a visão periférica e cromática. Diversas investigações
sugerem a sua relevância para efeitos de predição do desempenho dos indivíduos.
Por sua vez, MACHADO, ET ALL (2014), indica que os testes psicológicos consistem na
aplicação de um conjunto de provas (testes psicológicos), visando analisar as aptidões e
características de personalidade tidas como condição essencial para o êxito profissional em
determinada actividade. Ou seja, utilizando métodos de análise psicológica, pretende-se avaliar e
prognosticar a eficiência dos candidatos para uma função em concreto.
MACHADO, ET ALL (2014), afirmam que, como instrumento de medida, o teste psicológico
deve possuir as seguintes qualidades:
▪ Garantia (fidelidade ou fidedignidade) - qualidade que permite verificar a
consistência/constância dos resultados;
Cada uma destas qualidades é avaliada por processos diferentes e variados, o que permite
depositar confiança na sua medida.
6
repositorio.ul.pt/bitstream/10451/5039/1/ulfpie039700_tm.pdf
7
www.scielo.br/pdf/pe/v15n3/v15n3a07.pdf
Para estes autores, dois grandes grupos de medidas podem ser identificadas: as gerais e as
especificas do trabalho.
Exemplos das medidas específicas são: Neo Personality Inventory (NEO-PI), Personality
Research Farms, Californoa Psychological Inventory, Minnesota Multiphasic Personality
Inventory, Sistem Personality Factor Questionaire e o Myers-Briggs Type Indicator.
Exemplos das gerais são: os testes de integridade, os testes de potencial de vendas, os testes de
violência, os testes de tolerância ao stress e os testes de potencial gestionário. Algumas destas
medidas foram construídas para aferir aspectos específicos, embora transversais à generalidade
dos cargos (ex: abuso de drogas, furtos, etc.), enquanto outras se focalizam em ocupações
específicas (ex: gestores, vendedores, etc.).
Ainda na perspectiva de CUNHA ET ALL (2012), são numerosos os estudos que se têm
debruçado sobre o grau em que estas cinco características predizem o desempenho dos
indivíduos, assim como outras variáveis organizacionalmente relevantes. Algumas das principais
conclusões são as que se seguem:
▪ Os indivíduos mais conscienciosos tendem a denotar superior desempenho, mais fracos
níveis de comportamentos disfuncionais e menos problemas disciplinares;
▪ Esta variável de personalidade denota grande transversalidade, pois parece ser relevante
para a generalidade das funções organizacionais;
▪ A extroversão é porventura mais relevante para funções que envolvam relacionamento
interpessoal (Ex: empregados de balcão, director de relações públicas, etc.);
▪ Provável que o mesmo ocorra com a amabilidade. Todavia, a sua ausência pode ser uma
vantagem para o desempenho de certas profissões, como a de guarda prisional, cobrador
de contas, etc.
▪ É presumível que a estabilidade emocional seja relevante para a generalidade das
funções organizacionais, podendo ser especialmente importante em papéis de liderança;
Adiantam ainda os mesmos autores, afirmando que as técnicas de simulação, geralmente são
aplicadas para a selecção de candidatos que concorrem para ocupar cargos de direcção e chefia,
venda e compras, relações públicas, diplomacia, teatro, actores de filmes, lobistas, parlamentares,
pastores, padres ou sacerdotes, etc.
Para CUNHA, ET ALL (2012), as técnicas de simulação também se podem chamar de testes de
amostras de trabalho, e são exercícios ou parcelas de trabalho físico ou psicologicamente
similares às das funções que o candidato virá a realizar se for seleccionado. Podem ser
consideradas simulações de baixa fidelidade e focalizam-se mais no “saber fazer” do que no “
conhecer”. Baseiam-se na premissa segundo a qual, a forma mais apropriada para predizer o
trabalho futuro é observar o comportamento em situações similares. Permitem identificar
competências que, de outro modo, não seriam detectáveis.
Para o efeito, o número de sujeitos que compõe o grupo deve variar entre 6 e 13 indivíduos,
sendo o mais comum e o mais conveniente, 6 a 8. Menos de 6 não permite criar as interacções
necessárias e mais de 8 dificulta a observação pelo número de interacções que se desenvolvem.
Quando se trate de discutir um tema (imposto ou de livre escolha dos membros do grupo), este
deve ser de ordem geral ou de natureza profissional dentro de limites daquilo que se presume ser
do conhecimento dos membros do grupo.
Para SEKIOU, ET ALL (2011), o centro de avaliação consiste num processo que utiliza uma
série de instrumentos (testes, contextualização, etc.) de avaliação dos Recursos Humanos para
fins específicos, tais como a selecção, promoção, evolução da carreira ou qualquer outra decisão
relevante no domínio da Gestão de Recursos Humanos. Este método incide primeiro na
observação de várias dimensões ligadas ao comportamento dos candidatos que exercem, sob
simulação, tarefas relativas ao lugar vago. Em seguida, é feito um prognóstico em relação ao
Enquanto isso, MACHADO, ET ALL (2014), indicam que, como variante das técnicas de grupo,
o assessment centre visa determinar em que medida os indivíduos possuem certas aptidões,
baseando-se na observação dos seus comportamentos, com a particularidade de agregar
diferentes técnicas de avaliação e empregar vários avaliadores para apreciar os candidatos, cujos
juízos são partilhados e confrontados.
Para MACHADO, ET ALL (2014), a entrevista é uma técnica que consiste numa situação de
interacção desenvolvida pela comunicação entre pessoas e com um objectivo determinado. Ela
visa recolher, esclarecer, aprofundar e avaliar informações acerca do passado profissional de
alguém e tomar conhecimento do seu projecto futuro.
CHIAVENATO (2004) afirma que a entrevista é a técnica de selecção mais utilizada nas
grandes, médias e pequenas empresas. Embora careça de base científica e se situe como a técnica
mais subjectiva e imprecisa de selecção é aquela que mais influencia a decisão final a respeito
dos candidatos.
A esse respeito, MACHADO, ET ALL (2014) enfatizam a posição tomada por Chiavenato a
respeito da subjectividade, afirmando que a entrevista é uma técnica de selecção que oferece
pouca garantia de validade porque denota falta de objectividade e uma alta carga de
subjectividade. Para oferecer alguma garantia, os autores consideram que a entrevista terá de se
basear em factos, pois os factos é que poderão reduzir a sua subjectividade. Assim, para oferecer
uma base de objectividade, a entrevista deve ser o mais padronizada possível e as aplicações
psicológicas reduzidas.
CUNHA, ET ALL (2012) apresentam dois conceitos que constituem a súmula dos apresentados
por Chiavenato (2004), Machado, et all (2014) e Sousa, et all (2006). Segundo eles:
1. A entrevista é um procedimento de selecção destinado a predizer o desempenho futuro
nas funções, tendo em consideração as respostas verbais do candidato às perguntas
também verbais;
84 Elaborado por Mateus Sengueranhe
2. A entrevista é uma interacção interpessoal de duração limitada entre um ou mais
entrevistadores e um candidato a emprego, com o propósito de identificar conhecimentos,
competências, aptidões e comportamentos que podem ser preditores do sucesso no cargo
subsequente.
A entrevista, acordo com CHIAVENATO (2004), tem várias aplicações, como na triagem inicial
do recrutamento, na selecção de pessoal, no aconselhamento e orientação profissional, na
avaliação do desempenho, no desligamento, etc. Em todas essas aplicações, a entrevista deve ser
feita com habilidade e tacto, a fim de que possa conduzir aos resultados esperados.
3.4.4.1. Tipos de entrevistas em função do formato das questões e das respostas requeridas
CHIAVENATO (2009) defende que, dependendo das habilidades do entrevistador, pode-se dar-
lhe menor ou maior liberdade na condução da entrevista, isto é, pode-se entrevistar e padronizar
a entrevista, como, pode-se deixa-la inteiramente livre à sua vontade. Assim, as entrevistas
podem ser classificadas em função do formato das questões e das respostas requeridas, em quatro
tipos, a saber: entrevista totalmente padronizada, entrevista padronizada apenas em termos de
perguntas, entrevista directiva e entrevista não directiva.
Em todos os tipos descritos, as questões são formuladas de acordo com o pedido de emprego.
Sempre se recomenda que os novatos comecem com entrevistas totalmente padronizadas e, à
medida que o tempo vai passando, ganham habilidades para os tipos mais complexos.
Esta preparação é vital para que o entrevistador possa com relativa precisão verificar e comparar
a adequação dos requisitos necessários ao cargo e as características pessoais do candidato.
A espera é inevitável. Assim, um número suficiente de cadeiras deve ser providenciado. A sala
de espera deve ser suprida de jornais, revistas e literaturas, principalmente jornais internos ou
informações sobre a organização.
O entrevistador deve considerar os dois aspectos na condução da entrevista para uma adequada
avaliação dos resultados. O candidato provoca uma impressão sobre como se comporta durante a
entrevista, ao mesmo tempo em que oferece as informações solicitadas sobre a sua história
pessoal e carreira profissional.
Para CAMARA, ET ALL (2010), há várias técnicas possíveis de serem usadas na condução da
entrevista, mas a de targeted selection, cujos resultados são apurados através do método STAR é
a mais usada. Na perspectiva do mesmo autor, a técnica de targeted selection (selecção
orientada) baseia-se no princípio de que “o comportamento passado permite prever o
comportamento futuro”.
Esta técnica foi desenvolvida pela DDI (Development Dimensions International) e é considerada
como a mais evoluída e eficaz. No decurso da entrevista, o entrevistador procura medir o
candidato num conjunto de dimensões comportamentais, pré-escolhidas pela sua relevância para
a função. Para efectuar essa medição, o entrevistador pedirá exemplos de situações concretas por
que o candidato tenha passado, levando-o a analisa-las pelo método STAR (estrela), onde cada
inicial corresponde a uma componente de resposta:
Situação Tarefa
Resultado Acção
Onde:
▪ O “S” (Situação) corresponde ao problema ou situação concreta que o candidato
teve de enfrentar;
▪ O “T” (Tarefa) tem a ver com o relacionamento do candidato com a situação
descrita (participante, espectador, chefe, etc.);
▪ O “A” (Acção) descreve qual a actuação concreta que o candidato tomou perante
a situação;
▪ O “R” (Resultado) pretende saber qual foi o resultado concreto obtido como
consequência da acção desenvolvida.
O entrevistador deve procurar 3 stars (estrelas) por cada dimensão comportamental investigada.
Essas “estrelas” serão positivas se o resultado obtido o for, e negativa se a actuação do candidato
originou um resultado negativo. Seguidamente, o entrevistador fará uma “pergunta para ganhar
tempo”, enquanto revê as suas notas e vê se há alguns pontos adicionais a discutir.
Por fim, dá informação completa ao candidato sobre a função, a empresa e responde às perguntas
que o candidato pretende colocar.
CAMARA, ET ALL (2010), afirma que o fecho da entrevista deve indicar quais os passos
seguintes no processo de selecção e que tipo de informação o candidato irá receber sobre o
andamento do processo.
De acordo com CAMARA ET ALL (2010), a avaliação da entrevista é efectuada pelo painel de
entrevistadores, em conjunto. Este autor apresenta uma matriz que normalmente é usada para
95 Elaborado por Mateus Sengueranhe
avaliar o candidato, onde os resultados das entrevistas, dimensão a dimensão, são registados,
usando uma escala de 1 a 5.
Caso os dados recolhidos por um entrevistador sejam insuficientes para documentar uma
dimensão, deverá inscrever a letra “F” (falta). Se a dimensão for desajustada para a função-alvo
deve registar um “D” (Desajustado). A matriz que é reproduzida, a seguir, ilustra como a
integração de resultados é conseguida.
David
Larissy
Sandra
Joaquina
Maria
Uma das estratégias que vem ancorando as decisões sobre contratação é a selecção por
competências.
Segundo Sousa, et all (2006), citando Gilbert e Parlier (1992), competências são um conjunto de
conhecimentos, capacidades de acção e comportamentos, estruturados em função de um
objectivo numa determinada situação. Os mesmos autores terminam concluindo que a forma
simples de situar competências é de considera-las resumida na palavra CHA (conhecimentos,
habilidades e atitudes).
8
Potencial é a capacidade de vir a desempenhar com sucesso determinada complexidade de função num
determinado momento do tempo. Ao avaliar potencial, identifica-se a capacidade potencial actual, que
ajudará a compreender a “curva de amadurecimento” e predizer a tendência da “capacidade potencial
futura”.
Tal implica que as próprias empresas, em especial, no que diz respeito à sua configuração,
recursos (humanos, e tecnologia) e relação com as pessoas, se encontram também em constante
mutação como reflexo do seu esforço de contínua adaptação ao ambiente em que se encontram
inseridas.
O autor que se tem vindo a citar afirma que os aspectos visíveis dessas mutações nas
organizações quanto aos trabalhadores compreendem a maior responsabilização aos
100 Elaborado por Mateus Sengueranhe
trabalhadores em relação ao seu empenho e a sua contribuição para o desempenho da
organização como um todo; maior nível da sua participação nas decisões de gestão, e
desenvolvimento do conhecimento e competências dos recursos humanos e com a promoção da
sua capacidade de aprendizagem como verdadeiras fontes de vantagem competitiva. Em suma,
trata-se de induzir a criatividade e o empreendedorismo das respostas organizacionais e,
promover a participação, envolvimento e motivação de todos na prossecução dos objectivos
gerais da empresa.
Enfim, a consideração do conhecimento como o recurso mais importante que as empresas gerem
e, esse conhecimento reside nas pessoas. Diante isso, a preocupação das empresas passa a ser a
de obtê-lo para gerar vantagem competitiva no mercado através da inovação.
Estes aspectos todos que ocorrem ao nível da gestão das empresas constituem grandes desafios
na gestão dos recursos humanos e, em particular dos processos de recrutamento e selecção.
Diante desses desafios, emergem formas inovadoras de recrutamento e selecção, que Chiavenato
(2004) descreve a seguir:
1) Preferência pelas técnicas comportamentais no processo selectivo: é uma tendência
para aumentar o humanismo no processo, por isso, algumas empresas mais bem
sucedidas preferem aplicar técnicas comportamentais, como entrevistas e simulações em
detrimento das técnicas psicológicas. Isto não quer dizer que os testes de natureza
psicológica perderam a sua importância e significado. Ao contrário, eles servem como
base de apoio para a condução das entrevistas e para a tomada de decisão a respeito dos
candidatos. O que se afigura mais importante para os seleccionadores é olhar nos olhos
do candidato, avaliar o seu comportamento e as suas atitudes.
2) Selecção por competências: O que interessa às organizações bem sucedidas actualmente
são pessoas com talento e competências, com garra e com vontade de lutar, crescer e
vencer na vida.
3) Descentralização do processo selectivo: o órgão de gestão de recursos humanos deixa
de centralizar todas as operações de recrutamento e selecção, ou seja, de executora de
todas as etapas do processo de recrutamento e selecção, passa a consultora interna,
Há cada vez mais pessoas que procuram trabalho através da grande rede mundial, para além dos
jornais que continuam a dominar este sector. Paralelamente, os profissionais de RH (cerca de
77%), nomeadamente nas empresas ou nas consultorias de recrutamento e selecção, utilizam
recursos e funcionalidades de oferta de emprego e pesquisa de candidatos online, mantendo as
tradicionais práticas de publicação de anúncios em jornais.
Duas das principais vantagens para as empresas associadas ao e-recruitment, estão directamente
relacionadas com a possibilidade de estas poderem ter ao seu dispor, um universo de candidatos
102 Elaborado por Mateus Sengueranhe
consideravelmente maior que aquele ao qual poderiam aceder através das metodologias
tradicionais de captação, bem como com a possível celeridade dos processos de recrutamento,
associada à potencial automatização das fases. Desta forma, os custos baixam
consideravelmente, visto que o que actualmente se paga por um anúncio de emprego online é
bastante inferior ao que se paga por um anúncio de emprego publicado na imprensa, ainda que
apenas dure um dia, dependendo do tipo de publicação. Há também a possibilidade de atingir
populações distintas daquelas que atingem através dos meios tradicionais de recrutamento.
Muitos dos serviços existentes para recrutamento através da internet, disponibilizam aos seus
utilizadores bases de dados, quer de oportunidades de emprego, quer de candidatos, que facilitam
grandemente a pesquisa de perfis e empregos.
Muitos dos sites especializados neste domínio atribuem aos seus utilizadores a possibilidade dos
mesmos poderem ser alertados remotamente, via email ou telemóvel, quanto a uma oportunidade
de emprego adequada ao perfil previamente definido e identificado pelo serviço especifico. É
103 Elaborado por Mateus Sengueranhe
também através destes serviços que podem obter informações concretas sobre as empresas que,
utilizando os mesmos serviços, publicitam ofertas de emprego e, de forma atractiva (tanto quanto
possível), tentam aliciar potenciais candidatos.
▪ As organizações deverão passar a utilizar a internet como uma rede privada virtual de
gestão e armazenamento de informações sobre os candidatos.
Como geralmente se aplica mais de uma técnica de selecção, as alternativas disponíveis são
muitas e variam de acordo com o perfil e complexidade do cargo a ser preenchido. Entre as
principais alternativas de processos de selecção, que alguns autores designam de estratégias
sequenciais de selecção, estão:
a) Selecção de estágio único de decisão: é o tipo de abordagem em que as decisões são
baseadas nos resultados de uma única técnica de selecção, que pode ser uma entrevista ou
uma prova de conhecimentos. É o tipo mais simples e imperfeito de selecção de pessoal;
Uma vez decidido qual é o primeiro candidato a quem vai ser proposto o lugar, há uma série de
pontos a clarificar novamente entre o chefe funcional e o DRH, designadamente:
▪ Tipo de contrato de trabalho (permanente ou a termo9);
▪ Data do inicio do contrato;
▪ Qual é o titulo interno da função;
▪ Qual a categoria sindical que vai ser atribuída, que melhor se ajuste as funções a
desempenhar, entre as que estão disponíveis no contrato colectivo de trabalho do sector
(se aplicável);
▪ Qual o nível interno (se o houver) da função;
▪ Local e horário de trabalho;
▪ Período experimental acordado;
▪ Salário inicial e prazo de revisão;
▪ Benefícios a que tem direito;
▪ Outros pontos relevantes, tais como deveres de confidencialidade, ou estipulações de
exclusividade ou de não concorrência.
9
De acordo com a lei de trabalho de Moçambique, no artigo 38, nº 4, as formas de contrato escrito são: contrato-
promessa de trabalho; contrato de trabalho a prazo certo de duração superior a 90 dias; contrato de trabalho com
pluralidade de empregadores; contrato de trabalhadores estrangeiros; contrato de trabalho a tempo parcial; contrato
de cedência ocasional de trabalhadores; contrato de trabalho em comissão de serviço; contrato de trabalho no
domicílio; contrato de trabalho em regime de empreitada (contrato a prazo certo, contrato de trabalho a prazo incerto
e contrato de trabalho a tempo parcial)
106 Elaborado por Mateus Sengueranhe
Só após haver uma decisão definitiva acerca destes aspectos é que se deve contratar o candidato
escolhido, para lhe fazer a proposta de emprego.
Relativamente ao salário e benefícios, a proposta deve ser a final e, portanto, não se deve criar
uma dinâmica negocial acerca dela. No entanto, se no decurso da conversa se se concluir que a
mesma é inadequada, por, por exemplo o candidato entretanto ter sido aumentado na empresa
onde actualmente está, deve existir a flexibilidade suficiente para a repensar, sempre com a
preocupação de preservar a equidade interna.
Deverá reconfirmar-se a motivação do candidato para a função e assegurar que a motivação não
é meramente monetária.
A aceitação da proposta pelo candidato pode ser adiada para lhe dar tempo para reflectir, se ele o
solicitar, mas, normalmente, ocorrerá logo no decurso da reunião. Ai deve fixar-se a data de
inicio de contrato (data de entrada). E o candidato deverá ter um contrato escrito com as
condições acordadas, antes de se despedir do emprego anterior. Esta condição destina-se a dar ao
candidato a certeza da seriedade da proposta e permitir-lhe, sem risco, escrever a carta de
demissão, sabendo que o novo empregador posteriormente não recuará no compromisso
assumido.
Para se saber se o processo foi ou não eficiente e eficaz é necessário medi-lo e avaliar o seu
funcionamento por meio de resultados, ou seja, das suas saídas, que CHIAVENATO (2004)
designa de retroacção. Essa retroacção permite saber se são necessárias intervenções para
corrigir inadequações e ajustar o funcionamento do processo para melhora-lo cada vez mais.
Para medir a eficiência, na perspectiva de CHIAVENATO (2009), deve-se levar em conta uma
estrutura de custos que permita uma análise adequada, a saber:
▪ Custos de pessoal: incluem o pessoal que administra os processos de provisão de pessoas,
seus salários e encargos sociais, bem como o tempo de pessoal de linha (gerentes e suas
equipas) solicitado nas entrevistas com os candidatos;
▪ Custos de operação: incluem telefonemas, telegramas, correspondência, honorários de
profissionais e de serviços envolvidos (agências de recrutamento, consultorias, etc.),
anúncios em jornais e recepcionistas, despesas de viagens de recrutamento, despesas com
exames médicos de admissão, serviços de informação cadastral de candidatos, etc.
▪ Custos adicionais: incluem outros custos, como equipamentos, softwares, mobiliário,
instalações, etc.
108 Elaborado por Mateus Sengueranhe
Para medir a eficácia do processo de recrutamento e selecção é muito útil a utilização do
quociente de selecção, que pode ser calculado por meio da seguinte equação:
Nº de candidatos admitidos
Q.S=-----------------------------------------x 100
Nº de candidatos examinados
As outras medições de rendimento do processo de provisão de pessoal podem ser, ainda na visão
de CHIAVENATO (2004): custo total das operações de recrutamento e selecção; custo por
admissão; custo por admissão por fonte de recrutamento; totais de admissões; totais de
admissões por fonte de recrutamento; qualidade de recrutamento por fonte; benefícios por fonte e
eficiência da fonte; benefícios por fonte e eficiência da fonte; análise dos resultados das provas e
testes dos candidatos admitidos vs rejeitados; análise dos resultados das provas e testes dos
admitidos versus rendimento observado; totais de admissões por anúncio; custos diferenciais por
fonte; e custo total das operações de recrutamento e selecção.
PERETTI (2007) nos fala de custos de adaptação. No seu entender, os custos de adaptação dizem
respeito à análise dos custos de familiarização, formação e adaptação. Qualquer que seja a
empresa ou sector de actividade, a pessoa recrutada para um determinado posto de trabalho passa
sucessivamente por três fases: de informação, de aprendizagem da função e de contribuição
pessoal para a empresa.
▪ A fase de informação começa no momento da entrada e corresponde ao período que o
novo elemento consagra ao conhecimento dos dossiers do seu antecessor ou do serviço,
às apresentações com as pessoas com quem irá trabalhar, assim como às acções de
De acordo ainda com PERETTI (2007), Torna-se também importante juntar aos custos os outros
elementos, como o consumo excessivo de material para o novo operário, os erros que serão
cometidos, e sua correcção, etc.
Apesar do seu elevado custo operacional, a selecção de pessoas traz importantes e enormes
resultados para a organização, a saber:
▪ Adequação das pessoas ao cargo e consequente satisfação do pessoal com o cargo;
▪ Rapidez no ajustamento e integração do novo empregado às novas funções;
▪ Melhoria gradativa do potencial humano mediante escolha sistemática dos melhores
talentos;
▪ Maior estabilidade e permanência das pessoas e decorrente redução da rotatividade;
▪ Maior rendimento e maior produtividade pelo aumento da capacidade do pessoal;
▪ Melhoria do nível das relações humanas pela elevação do moral;
Para que haja melhoria contínua do processo de provisão, é necessário que ele não seja
estritamente condicionado por normas, directrizes, esquemas e rotinas de trabalho que possam
provocar sua rigidez e inflexibilidade. Como todo o sistema, o processo de provisão é vivo,
adaptável e deve ser ágil e flexível. Além disso, para que seja participativo, ele deve ser
descentralizado, envolvendo os gerentes de linha e suas equipas.
Com a socialização, o novo empregado renuncia a uma parte da sua liberdade de acção ao
ingressar na organização: concorda em obedecer a um horário, a desempenhar determinada
actividade, a seguir a orientação do seu superior, a atender determinadas regras e regulamentos
internos, etc. ao mesmo tempo busca influenciar a organização e o seu gerente para criar uma
situação de trabalho que lhe proporcione satisfação e alcance dos seus objectivos pessoais
(Idem).
Continua XAVIER (2006), afirmando que é preciso celebrar a entrada do novo empregado. A
celebração cria um clima favorável, que afectará positivamente tanto o comportamento do novo,
como preparará o espírito dos que já integram o grupo. Dentro das condições da estrutura e da
cultura local, o gestor deve criar cerimónia ou ritual que valorize a entrada do novo colega. Não
precisa ser nada sofisticado ou espectacular – pequenos rituais de admissão serão significativos.
Pode ser, por exemplo, um pequeno brinde de boas vinda ou uma cerimónia discreta.
Em algumas empresas, esse período torna-se ainda mais traumático, pois a pessoa é atirada na
arena do trabalho sem uma preparação maior e acaba enfrentando problemas que para ela são
desconhecidos, situações não experimentadas – e coisas eventualmente simples acabam
ganhando complexidade e ocasionando dificuldade de adaptação.
Em síntese, a pessoa tem de sentir-se bem-vinda, bem informada e bem orientada para as
funções. Nesse trabalho o gestor pode e deve envolver outras pessoas, mas não pode jamais
delegar completamente a função de integrar.
Para MACHADO, ET ALL (2014), o processo de acolhimento deve fazer-se a dois níveis: o da
organização e o do departamento respectivo.
b) Ao nível do departamento:
▪ Uma visita aos locais estratégicos (gabinetes de chefia directa, departamento de pessoal,
vestiário, bar, refeitório, casas de banho, salas de formação, etc.
▪ A informação sobre a sua equipa de trabalho, tanto de natureza forma, como informal,
informações que possibilitem uma fácil e rápida integração na equipa;
▪ Os detalhes sobre a eventual formação a ser ministrada com vista à sua adaptação;
▪ Mapa “humano” da empresa e da área – Quem é quem na organização, além daquilo que
está formalmente definido? Cada gerente tem um estilo, um jeito de ser, preza
determinadas coisas ou não gosta de outras. O novo colaborador ou colaboradora poderá