Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Processo Penal Prof Leticia
Processo Penal Prof Leticia
2
PROCESSO PENAL OAB
Prof. Letícia Sinatora das Neves 2ª Fase
Sumário
CAPÍTULO I – DO PROCEDIMENTO DO TRIBUNAL DO JÚRI .................................................... 06
2) RESPOSTA À ACUSAÇÃO NO PROCEDIMENTO DO TRIBUNAL DO JÚRI ............................................. 23
3) MEMORIAIS DO JÚRI .................................................................................................................... 26
4) APELAÇÃO DAS DECISÕES DO JÚRI ............................................................................................... 34
CAPÍTULO II – COMENTÁRIOS À LEI DE EXECUÇÃO PENAL – Lei n. 7.210/84........................ 42
2) Jurisprudência Selecionada ........................................................................................................... 59
CAPÍTULO III - RECURSOS ....................................................................................................... 67
1) AGRAVO EM EXECUÇÃO .............................................................................................................. 67
2) CONTRARRAZÕES DE AGRAVO EM EXECUÇÃO ............................................................................. 76
3) EMBARGOS INFRINGENTES E DE NULIDADE ................................................................................ 79
4) EMBARGOS DE DECLARAÇÃO ...................................................................................................... 87
CAPÍTULO IV – HABEAS CORPUS E RECURSO ORDINÁRIO CONSTITUCIONAL ........................ 92
1) HABEAS CORPUS (Art. 5º, LXVIII, CF/88) ..................................................................................... 92
2) RECURSO ORDINÁRIO CONSTITUCIONAL .................................................................................... 99
CAPÍTULO V - REVISÃO CRIMINAL ......................................................................................... 105
CAPÍTULO VI –EXERCÍCIOS .................................................................................................... 112
3
PROCESSO PENAL OAB
Prof. Letícia Sinatora das Neves 2ª Fase
4
PROCESSO PENAL OAB
2ª
Prof. Letícia Sinatora das Fase
Neves
5
5
CAPÍTULO I – DO PROCEDIMENTO DO TRIBUNAL DO JÚRI
É o rito procedimento destinado para processar e julgar crimes dolosos contra a vida,
previsto nos artigos 406 a 497 do Código de Processo Penal. A competência constitucional está firmada no artigo
5º, XXXVIII, da Constituição Federal.
O Juiz, ao receber a denúncia, abre prazo para a defesa responder, no prazo de dez
dias. 6
6
A defesa poderá arguir preliminares e alegar tudo que interesse à sua defesa, oferecer
documentos e justificações, especificar as provas pretendidas e arrolar testemunhas, até o máximo de 8 (oito),
qualificando-as e requerendo sua intimação, quando necessário; as exceções são processadas em apartado.
Lembre-se: A base legal da Resposta à Acusação no procedimento do Júri é o artigo 406 do CPP e não o
artigo 396 do CPP.
Não apresentada a resposta no prazo legal, o juiz nomeará defensor para oferecê-la
em até 10 (dez) dias, concedendo-lhe vista dos autos.
1
Nesse sentindo: Nestor Tavora e Rosmar Alencar sustentam: “Entendemos possível a antecipação da absolvição sumária para momento
anterior à audiência de instrução, com esteio no artigo 397 do CPP, aplicado analogicamente com base no artigo 2º do mesmo Código.”
in: Curso de Direito Processual Penal. Editora JusPodivm. 2017. P. 1235.
7
ordinário de forma subsidiária. No caso, há previsão expressa de aplicação do
instituto para evitar o Plenário. 2 Dessa forma, já se manifestou o STJ3.
Nenhum ato será adiado, salvo quando imprescindível à prova faltante, determinando
o juiz a condução coercitiva de quem deva comparecer. A audiência terá a seguinte ordem:
1°) declarações do ofendido, se possível; 2°) declarações de testemunhas; 3°) interrogatório do acusado; 4°)
debates; 5°) decisão.
Para o respectivo Tribunal Superior, não há nulidade na primeira fase do júri, quando
o defensor deixar de apresentar alegações finais, inclusive há tese firmando o posicionamento no seguinte
sentido: A ausência do oferecimento das alegações finais em processos de competência do Tribunal do Júri não
acarreta nulidade, uma vez que a decisão de pronúncia encerra juízo provisório acerca da culpa (Tese n. 69 –
ver Info n. 399).
8
Nesse sentido: Lima, Renato Brasileiro de. Manual de Processo Penal. Volume Único. Editora JusPodivm. 2017. P. 100.
Vejamos a ementa do julgado:
RECURSO ORDINÁRIO EM HABEAS CORPUS. CRIME DE HOMICÍDIO DUPLAMENTE QUALIFICADO. NULIDADES.
PROCEDIMENTO DO TRIBUNAL DO JÚRI. 1. ABSOLVIÇÃO SUMÁRIA APÓS A APRESENTAÇÃO DE
RESPOSTA ESCRITA. INAPLICABILIDADE DA REGRA. 2. CITAÇÃO POR EDITAL. NÃO ESGOTAMENTO
DOS MEIOS PARA CITAR O RECORRENTE. TENTATIVAS INFRUTÍFERAS. PROCESSO E PRAZO PRESCRICIONAL
SUSPENSOS. PREJUÍZO NÃO DEMONSTRADO. 3. PRISÃO PREVENTIVA. FUNDAMENTAÇÃO. RISCO DE
REITERAÇÃO. NECESSIDADE DE GARANTIR A ORDEM PÚBLICA. FUGA. ASSEGURAR A APLICAÇÃO DA LEI
PENAL. AUSÊNCIA DE CONSTRANGIMENTO ILEGAL. 4. RECURSO IMPROVIDO.
1. Caso em que não se aplica a regra do art. 397 do CPP. Nos processos que tramitam pelo rito do
Tribunal do Júri, a avaliação acerca da absolvição é regulada pelo art. 415 do Código de Processo
Penal. Precedentes. 5. Recurso ordinário em habeas corpus a que se nega provimento.
(RHC 68.765/ES, Rel. Ministro REYNALDO SOARES DA FONSECA, QUINTA TURMA, julgado em 17/11/2016, DJe
28/11/2016).
Portanto, pode ser necessário adaptar a peça acusatória ao contexto das provas
produzidas. Evitando-se qualquer surpresa ao réu, segue-se o disposto no art. 384 do CPP.
a) pronunciar o réu
b) impronunciá-lo
c) absolvê-lo sumariamente
9
Observe que a decisão de pronúncia atualmente possui uma função bem determina
em lei, pois o artigo 476 do CPP diz que a acusação está atrelada aos limites da denúncia ou de eventuais
decisões de recursos que a tenham confirmado.
Havendo prova, colhida durante a instrução, de que outras pessoas estão envolvidas
na infração penal pela qual está o juiz pronunciando o acusado, é preciso determinar a remessa dos autos ao
Ministério Público para o necessário aditamento.
O Juiz não está adstrito à classificação feita pelo órgão do Ministério Público e o réu
10
10
não se defende da definição jurídica do fato, mas, sim, dos fatos imputados.
O defensor nomeado (dativo ou defensor público) e o Ministério Público (art. 420, I).
No mais, se o acusado estiver solto e não for localizado para a intimação pessoal, far-
se-á por edital.
11
11
Procedimento da segunda fase/ Fase da Causa (Judicium Causae)
O libelo foi extinto pela nova redação dada pela Lei 11.689/2008.
No entanto, de acordo com este artigo, o legislador os substituiu por duas novas peças
(inominadas). Assim, ao receber os autos, após a preclusão da pronúncia, o presidente do Tribunal do Júri
determinará a intimação do órgão do Ministério Público ou do querelante, no caso de queixa, e do defensor,
para, no prazo de 5 (cinco) dias, apresentarem rol de testemunhas que irão depor em plenário, até o máximo
de 5 (cinco), oportunidade em que poderão juntar documentos e requerer diligência.
a) Conceito
12
12
e) Iniciativa do desaforamento
O acusado pode propor por intermédio de seu defensor, mas também diretamente,
por petição sua, afinal no processo penal, há a autodefesa.
O Juiz que preside a instrução pode representar pelo desaforamento, exceto quando
houver excesso de prazo.
O CPP permite que seja determinada a suspensão do julgamento pelo júri até que o
Tribunal possa apreciar o pedido de desaforamento.
Em primeiro lugar, deve-se frisar que, havendo escusa legítima, adia-se a sessão de
julgamento, sem qualquer outra providência. É preciso que a justificativa seja oferecida ao magistrado até a
abertura da sessão em plenário.
Se não houver motivo razoável, o juiz comunica à OAB, seção local, marcando nova
data para o julgamento. Nesta o réu deverá ser, necessariamente, julgado (§ 1º). Para tanto, pode o réu
apresentar outro defensor constituído, logo após a determinação de adiamento. Não o fazendo, o magistrado
intima a Defensoria Pública para que assuma o patrocínio da defesa, observando o prazo mínimo de 10 dias.
13
Se o acusado preso não for conduzido, o julgamento será adiado para o primeiro dia
desimpedido da mesma reunião, salvo se houver pedido de dispensa de comparecimento subscrito por ele e
seu defensor.
Não o fazendo, deixa de haver a possibilidade de insistência na sua oitiva, caso alguma
delas não compareça à sessão plenária.
É possível que, a despeito da tentativa, falhe a condução coercitiva, razão pela qual
não se pode adiar eternamente a realização do julgamento.
Caso tenha sido arrolada com o caráter de imprescindibildade, se for intimada e não
comparecer, é cabível o adiamento, como regra, para que possa ser conduzida coercitivamente na sessão
seguinte.
14
14
incomunicáveis. Ultrapassada essa fase, poderá voltar-se à formação do Conselho.
A partir da edição da Lei 11.689/2008, somente se faz o sorteio dos suplentes, caso
não se atinja o quorum mínimo (quinze) e não mais o número legal (vinte e cinco).
Significa que os jurados não podem conversar entre si, durantes os trabalhos, nem
nos intervalos, a respeito de qualquer aspecto da causa posta em julgamento, especialmente deixando
transparecer sua opinião.
15
A incomunicabilidade dos jurados existe para resguardar o princípio do sigilo das
votações do júri (art. 5º, XXXVIII, “b”), que constitui garantia das liberdades individuais e, por isso, sua violação
configura nulidade absoluta (art. 564, III, j, c/c o art. 458, § 1º (atual, 466, § 1º).
Ex: na sala especial, quando estiverem reunidos em intervalos, o juiz pode não estar
presente, razão pela qual o oficial incumbe-se de fiscalizar a incomunicabilidade.
16
(arts. 448 e 449, CPP). Logo, não pode ser jurado, por exemplo, aquele que for filho do réu, nem tampouco o
seu inimigo capital.
A nova sistemática, introduzida pela Lei 11689/2008, impõe que, havida a recusa
peremptória por qualquer das partes, o jurado está automaticamente excluído da formação do Conselho de
Sentença. Anteriormente, seria preciso coincidir a recusa da defesa com a da acusação.
Conforme disposto no art. 468, parágrafo único, quando o jurado for recusado
imotivadamente (recusa peremptória) por qualquer das partes será excluída daquela sessão, prosseguindo-se
o sorteio para a formação do Conselho de Sentença.
O juiz verifica qual é o autor do fato. Será ele julgado em primeiro lugar, como
determina o art. 469, § 2º.
17
17
1.28) ARGUIÇÃO DE IMPEDIMENTO, SUSPEIÇÃO OU INCOMPATIBILIDADE – Art. 470
Tão logo sejam instalados os trabalhos, deve a parte interessada em levantar qualquer
causa de impedimento ou suspeição do juiz presidente, do promotor (no caso da defesa arguir) ou de qualquer
funcionário fazê-lo de imediato, apresentando as provas que possuir. Assim, cabe levar testemunhas, se for o
caso, ou documentos para exibição em plenário.
Caso seja arguida contra o jurado, deve ser levantada tão logo seja ele sorteado,
procedendo-se da mesma forma, isto é, com a apresentação imediata das provas.
18
Finda a oitiva da vítima, passa-se à inquirição das testemunhas de acusação.
Primeiramente, o juiz faz as perguntas cabíveis. Em seguida, concede a palavra ao Ministério Público e ao
assistente, se houver. Depois, à defesa.
Nos termos do § 3º, não se permitirá o uso de algemas no acusado durante o período
em que permanecer no plenário do júri, salvo se absolutamente necessário à ordem dos trabalhos, à segurança
das testemunhas ou à garantia da integridade física dos presentes.
Por unanimidade, o STF decidiu que o uso de algemas deve ser adotado em situações
excepcionalíssimas, pois, do contrário, violam-se importantes princípios constitucionais, dentre eles a dignidade
da pessoa humana.
Ocorre na hipótese de ação privada, em conexão com ação pública, mas com
desmembramento.
Ex: dois crimes são cometidos no mesmo cenário, um deles é doloso contra a vida e
o outro, de ação exclusivamente privada, ocorrendo o julgamento isolado do delito cujo titular da ação é o
ofendido.
19
19
o Ministério Público, como custos legis (fiscal da lei).
É vedado às partes:
a) fazer referência à decisão de pronúncia, às decisões posteriores que julgaram
admissível a acusação ou à determinação do uso de algemas como argumento de autoridade que beneficiem
ou prejudiquem o acusado, bem como ao silêncio do acusado ou à ausência de interrogatório por falta
derequerimento, em seu prejuízo (trata-se de dispositivo nitidamente direcionado ao Ministério
Questionário é o conjunto dos quesitos elaborados pelo juiz presidente, que serão
submetidos à votação pelo Conselho de Sentença, para obtenção do veredicto final.
Nos termos do artigo 483 do CPP, os quesitos serão formulados na seguinte ordem:
O juiz indagará aos jurados se o réu de qualquer modo contribuiu para o cometimento
20
20
do delito.
I) Caso não haja tese de desclassificação do delito doloso contra a vida para outro que não seja, o quesito
seguinte que deve ser inserido perguntará se “o jurado absolve o acusado?”
II) Se houver alegação de tese de desclassificação para delito diverso do doloso contra a vida, a questão
desclassificatória será dirigida aos jurados sempre antes do quesito que indaga se “o jurado absolve o acusado?”.
É o que se extrai do artigo 483, § 4º, do CPP, ao destacar que uma vez sustentada a
desclassificação da infração para outra de competência do juiz singular, será formulado quesito a respeito, para
ser respondido após o segundo ou terceiro quesito, conforme o caso.
Da mesma forma, deve ser usado para hipótese de tentativa, nos termos do artigo
483, § 5º, do CPP, que enfatiza que se sustentada a tese de ocorrência do crime na sua forma tentada ou
havendo divergência sobre a tipificação do delito, sendo este da competência do Tribunal do Júri, o juiz
formulará quesito acerca destas questões, para ser respondido após o segundo quesito.
III) O quesito seguinte será em relação à causa de diminuição da pena alegada pela defesa, que somente será
formulado se o acusado, a essa altura, tiver sido condenado pelos jurados.
IV) Por fim, os jurados são inquiridos sobre a existência de circunstâncias qualificadora ou causa de aumento
de pena reconhecidas na pronúncia ou em decisões posteriores que julgaram admissível a acusação.
b) absolvição, caso em que o réu deverá ser posto imediatamente em liberdade, caso esteja preso
c) desclassificação do crime doloso contra a vida para crime não doloso contra a vida, quando o juiz-presidente
terá a competência para julgar os fatos de forma mais ou menos ampla, sendo chamada de desclassificação
própria.
Se, na desclassificação, o Júri indicar o crime que foi cometido, como se dá, por
exemplo, na culpa no homicídio culposo, a desclassificação será imprópria.
21
21
Importante!
Aqui o Recurso cabível é APELAÇÃO, nos termos do artigo 593, III, do CPP.
PEÇA:
RECURSO DE APELAÇÃO Lembrar da Súmula 713 do
STF
PAROU!
22
22
2) RESPOSTA À ACUSAÇÃO NO PROCEDIMENTO DO TRIBUNAL DO JÚRI
2.2) IDENTIFICAÇÃO
2.3) CONTEÚDO
Nos termos do artigo 406, § 3º, do CPP, na resposta, o acusado poderá arguir
preliminares e alegar tudo que interesse a sua defesa, oferecer documentos e justificações, especificar as
provas pretendidas e arrolar testemunhas, até o máximo de 8 (oito), qualificando-as e requerendo sua
intimação, quando necessário.
2.4) PEDIDO
Todavia, sugere-se, para esse caso excepcional, adotar, por analogia, o artigo 397
do CPP. É o entendimento de Gustavo Badaró, segundo o qual “Embora o procedimento especial dos crimes
dolosos contra a vida haja a previsão de uma ‘absolvição sumária’ ao término do juízo da acusação (CPP, art.
415), isso não impede de que seja aplicado o art. 397 do CPP, sendo possível ao juiz, logo após o oferecimento
da resposta, absolver sumariamente o acusado. Aliás, o § 4º do art. 394 prevê que ‘as disposições dos arts.
395 a 398 deste Código aplicam-se a todos os procedimentos penais de primeiro grau, ainda que não regulados
neste Código’. Aplica-se, pois, o art. 397 ao procedimento dos crimes dolosos contra a vida”.2
2
BADARÓ, Gustavo Henrique. Processo Penal. 3ª ed. São Paulo: RT. 2015, p. 656.
23
23
ESTRUTURA DA RESPOSTA À ACUSAÇÃO NO TRIBUNAL DO JÚRI:
05 Processo nº...
06
07 FULANO DE TAL, já qualificado nos autos, por seu procurador infra-assinado, vem
09 Artigo 406 do Código de Processo Penal, pelos fatos e fundamentos jurídicos a seguir expostos:
10
11 I) DOS FATOS4
12 II) DO DIREITO5
13 A) DAS PRELIMINARES6
14 B) DO MÉRITO7
15 III) DO PEDIDO8
16
Ante o exposto, requer o denunciado:
17 a) seja rejeitada a denúncia;
21 testemunhas arroladas.
22
3
Competência da Justiça Federal – Art. 109 CF/88.
4
Narrar o fato, fazendo um breve relato. Não inventar dados nem transcrever o enunciado. Relatar o crime pelo qual o réu foi
denunciado. O oferecimento e recebimento da denúncia. Que o réu foi citado.
5
Com relação aos fundamentos jurídicos, sugere-se dividir a peça em preliminares (questões formais e procedimentais) e mérito
(materiais que levam à absolvição).
6
As preliminares são questões que envolvem vícios formais processuais e procedimentais. São questões que levam à nulidade do ato ou
do próprio processo. Não guardam nenhuma relação com a absolvição (que trata de matéria de mérito).
7
No mérito, deve-se buscar no enunciado causas manifestas de excludentes do crime: ilicitude, culpabilidade, tipicidade.
8
Deve-se elaborar os pedidos de modo articulado, seguindo-se a ordem das teses desenvolvidas, desde as preliminares até o mérito. 24
24
23 ROL DE TESTEMUNHAS9
24 A) FULANO DE TAL...
25 B) FULANO DE TAL...
26
27 Local... e data...10
ADVOGADO...
28 OAB...
9
colocar somente os nomes e dados fornecidos pela banca, não inventar nada.
10
CUIDADO com o prazo. A FGV pode pedir para que seja apontado o último dia do prazo. 25
25
3) MEMORIAIS DO JÚRI OU ALEGAÇÕES FINAIS POR MEMORIAIS
Base legal: art. 403, § 3º, CPP OU art. 404, parágrafo único, CPP.
3.2) IDENTIFICAÇÃO
Os memoriais são oferecidos após a instrução e antes da decisão de pronúncia,
impronúncia, absolvição sumária ou desclassificação.
PAROU!
Assim como nas demais peças, deve-se buscar no enunciado preliminares e mérito.
A) Preliminares:
Como já referido, as questões preliminares são aquelas que não observam aspectos
formais de determinado ato processual, gerando, invariavelmente, nulidade.
26
26
B) Mérito:
Finda a instrução do processo relacionado ao Tribunal do Júri, cuidando de crimes
dolososcontra a vida e infrações conexas, o magistrado poderá proferir decisão de:
a) Pronúncia
b) Impronúncia
c) Absolvição sumária
d) Desclassificação
Conforme abordado, nas peças práticas profissionais deverá ser desenvolvida uma tese
que, ao final, viabilizará o correspondente pedido. Ou seja, somente se aborda na peça aquilo que, ao final, poderá
ser objeto de pedido.
Assim, nos termos do artigo 413, § 1º, do CPP, a decisão de pronúncia deve se
limitar à indicação da materialidade do fato e da existência de indícios suficientes de autoria ou de participação,
devendo o juiz declarar o dispositivo legal em que julgar incurso o acusado e especificar as circunstâncias
qualificadoras e as causas de aumento de pena.
27
II) Impronúncia – Art. 414
Nos termos do artigo 415 do CPP, o juiz absolverá, desde logo (sumariamente,
portanto), o acusado quando:
Provada não ser ele o autor ou • Prova indiscutível de que o réu não cometeu
partícipe do fato ou participou de sua execução
IMPORTANTE!
Não confundir a absolvição sumária prevista
no art. 397 do CPP (que decorre da resposta
à acusação), com a absolvição sumária do
artigo 415 do CPP, adstrita ao procedimento
CUIDADO COM O SOCO do júri.
MISSIONEIRO!
28
28
De acordo com o parágrafo único do artigo 415 do CPP, “não se aplica o
disposto no inciso IV do caput do art. 26 do CP, salvo quando esta for a única tese defensiva”.
Assim, havendo outra tese defensiva e não sendo caso de absolvição sumária por
outro fundamento, o Magistrado deverá pronunciar o réu, para que seja submetido a julgamento pelo plenário
do Júri. Agora, se, por conta dessa outra tese, ficar evidenciada hipótese de absolvição sumária, que não a
inimputabilidade, o juiz deverá absolver o réu sumariamente, sem imposição de medida de segurança
(absolvição própria).
De outro lado, se a inimputabilidade for a única tese da defesa, admite-se a
absolvição sumária imprópria, com a imposição de medida de segurança.
No caso de não haver prova da autoria, ainda que o acusado seja inimputável,
deverá ser impronunciado, pois a medida de segurança só poderá ser imposta se ficar provada a prática de
um fato típico e ilícito.
3.4) PEDIDO
No campo destinado aos pedidos, deve-se formular pedido específico para cada uma das
teses desenvolvidas ao longo da peça.
Ex. Se sustentou alguma preliminar, nulidade, por exemplo, deve-se, ao final, formular
pedido expresso no sentido de que seja declarada a nulidade.
No que tange ao mérito, o pedido deve guardar relação com a(s) tese(s) invocadas:
29
29
a) impronúncia, com base no artigo 414 do Código de Processo Penal; e/ou
b) Absolvição sumária, com base no artigo 415 do Código de Processo Penal; e/ou
A) Endereçamento: Juiz de Direito da Vara do Tribunal do Júri (se crime da competência da Justiça Estadual)
ou Juiz Federal da Vara do Tribunal do Júri da Seção Judiciária (se crime da competência da Justiça Federal)
B) Preâmbulo: nome e qualificação do acusado (não inventar dados), capacidade postulatória (por seu
procurador infra-assinado), fundamento legal (403, § 3º ou 404, parágrafo único), nome da peça (Memoriais
escritos), frase final (pelas fatos e fundamentos jurídicos a seguir expostos);
D) pedidos:
- II) absolvição sumária (art. 415), impronúncia (art. 414) e/ou desclassificação (art. 419) – teses alternativas, em caso
de pronúncia, afastamento de qualificadoras, causas de aumento de pena ...
RESE
Apelação RESE Apelação
art. 581, art. 416, CPP art. 581, II, CPP art. 416, CPP
IV, CPP
30
30
ESTRUTURA MEMORIAIS NO TRIBUNAL DO JÚRI
01 A) EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA ....VARA CRIMINAL DO TRIBUNAL DO JÚRI
03
B) EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ FEDERAL DA ....VARA CRIMINAL DA JUSTIÇA FEDERAL DO
04 TRIBUNAL DO JÚRI DA SEÇÃO JUDICIÁRIA DE.... (se crime da competência da justiça federal)
05 Processo nº ...
06
07 FULANO DE TAL, já qualificado nos autos, por seu procurador infra-assinado, com
09 ESCRITOS, com base 403, §3º (complexidade) ou 404, parágrafo único, do CPP, pelos fatos e
11
I) DOS FATOS11
12 II) DO DIREITO
13 A) DAS PRELIMINARES
14 B) DO MÉRITO
15 impronúncia: ausência de prova da materialidade e não restar provada a autoria (art. 414 CPP)
17 desclassificação: fato imputado não constitui crime doloso contra a vida (Art. 419 CPP)
18
19 C) SUBSIDIARIAMENTE12
20 III) DO PEDIDO13
26 Local...e data...14
27 ADVOGADO...
28 OAB...
11
Narrar o fato, fazendo um breve relato. Não inventar dados nem simplesmente transcrever o enunciado.
12
Afastar qualificadora ou causa de aumento de pena.
13
OBS: CONFORME O ENUNCIADO DA PEÇA OU DA QUESTÃO, OS PEDIDOS PODEM SER CUMULATIVOS
14
A FGV pode pedir para que seja apontado o último dia do prazo.
31
31
QUESTÃO 2 - VI OAB
Hugo é inimigo de longa data de José e há muitos anos deseja matá-lo. Para conseguir seu intento, Hugo induz o
próprio José a matar Luiz, afirmando falsamente que Luiz estava se insinuando para a esposa de José. Ocorre que
Hugo sabia que Luiz é pessoa de pouca paciência e que sempre anda armado. Cego de ódio, José espera Luiz sair
do trabalho e, ao vê-lo, corre em direção dele com um facão em punho, mirando na altura da cabeça. Luiz,
assustado e sem saber o motivo daquela injusta agressão, rapidamente saca sua arma e atira justamente no
coração de José, que morre instantaneamente. Instaurado inquérito policial para apurar as circunstâncias da morte
de José, ao final das investigações, o Ministério Público formou sua opinio no seguinte sentido: Luiz deve responder
pelo excesso doloso em sua conduta, ou seja, deve responder por homicídio doloso; Hugo por sua vez, deve
responder como partícipe de tal homicídio. A denúncia foi oferecida e recebida.
Considerando que você é o advogado de Hugo e Luiz, responda:
a) Qual peça deverá ser oferecida, em que prazo e endereçada a quem? (Valor: 0,3)
b) Qual a tese defensiva aplicável a Luiz? (Valor: 0,5)
c) Qual a tese defensiva aplicável a Hugo? (Valor: 0,45)
c) Caso Caio fosse pronunciado, qual recurso poderia ser interposto e a quem a peça de interposição deveria ser
dirigida? (Valor: 0,3)
32
32
FAÇA VOCÊ MESMO!
33
33
4) APELAÇÃO DAS DECISÕES DO JÚRI
4.1) IDENTIFICAÇÃO
Após a decisão dos jurados no Plenário do Júri, o Juiz Presidente passa a proferir a
sentença, restringindo-se, se for sentença condenatória, a fixar a pena.
Assim, a apelação das decisões do Júri tem cabimento contra a decisão proferida pelo
Juiz após o julgamento no Plenário do Júri.
4.2) BASE LEGAL
34
* e, o mais recorrente: defeitos na formulação dos quesitos.
II) SENTENÇA DO JUIZ PRESIDENTE CONTRÁRIA À LETRA EXPRESSA DA LEI OU À DECISÃO DOS
JURADOS
O juiz está obrigado a cumprir as decisões do Júri, não havendo supremacia do juiz
togado sobre os jurados, mas simples atribuições diversas de funções. Os jurados decidem o fato e o juiz-
presidente aplica a pena, de acordo com esta decisão, não podendo dela desgarrar-se.
Como se vê, há duas hipóteses concentradas nesse inciso: a) decisão contra lei
expressa; b) decisão de forma contrária à decisão dos jurados.
Alguns exemplos de decisão contrária à lei expressa (LOPES JÚNIOR, 2012, p. 1226):
a) a sentença substitui a pena aplicada pelo homicídio doloso por prestação de serviços à
comunidade em desacordo com os limites do art. 44 do CP;
b) fixar o regime fechado para o réu primário condenado a uma pena inferior a 8 anos;
c) decidir sobre o crime conexo sem submetê-lo a julgamento pelo júri.
Alguns exemplos de sentença contrária à decisão dos jurados (LOPES JÚNIOR, 2012,
p. 1227):
a) os jurados absolvem o réu e o juiz profere uma sentença condenatória, fixando a pena, e vice-
versa;
b) o júri condena por homicídio qualificado e o juiz realiza a dosimetria considerando a pena do
homicídio simples;
c) o júri reconhece uma privilegiadora e o juiz não faz a respectiva redução da pena;
d) os jurados acolhem a tese defensiva de desclassificação de homicídio doloso para culposo e o juiz
condena o réu por homicídio doloso;
e) os jurados acolhem a tese de crime tentado, e o juiz profere sentença condenatória por crime
consumado etc.
35
35
III) QUANDO HOUVER ERRO OU INJUSTIÇA NO TOCANTE À APLICAÇÃO DA PENA OU DA MEDIDA
DE SEGURANÇA
É outra hipótese que diz respeito, exclusivamente, à atuação do juiz presidente, não
importando em ofensa à soberania do veredicto popular. Logo, o Tribunal pode corrigir a distorção
diretamente.
Se der provimento à apelação interposta com base na alínea “c”, o Tribunal retificará
a aplicação da pena ou da medida de segurança, sem necessidade de renovação do julgamento pelo Júri.
IV) QUANDO A DECISÃO DOS JURADOS FOR MANIFESTAMENTE CONTRÁRIA À PROVA DOS
AUTOS
Contrária à prova dos autos é a decisão que não encontra respaldo em nenhum
elemento de convicção colhido sob o crivo do contraditório. Não é o caso de condenação que apóia em versão
mais fraca.
Só cabe apelação com base nesse fundamento uma única vez. Não importa qual das
partes tenha apelado, é uma vez para qualquer das duas.
Conforme o art. 593, § 3º, do CPP, se a apelação se fundar no inciso III, “d”, e o
tribunal ad quem se convencer de que a decisão dos jurados é manifestamente contrária à prova dos autos,
dar-lhe-á provimento para sujeitar o réu a novo julgamento; não se admite, porém, pelo mesmo motivo,
segunda apelação.
Ocorrer nulidade posterior à pronúncia
08 FULANO DE TAL (não inventar dados), já qualificado nos autos, por seu procurador
09 infra-assinado, com procuração em anexo, vem, respeitosamente, à presença de Vossa
10 Excelência, inconformado com a decisão de fls., interpor o presente RECURSO DE APELAÇÃO,
11 com base no artigo 593, III (indicar a alínea)16, do Código de Processo Penal.
12 Assim, requer seja recebido e processado o recurso, já com as razões anexas,
13 remetendo-se os autos ao Tribunal de Justiça ou Tribunal Regional Federal.
14
15 Nestes termos,
16 Pede deferimento
17
18 Local..., data...17
19 ADVOGADO...
20 OAB...
15
Competência da Justiça Federal – Art. 109 da CF/88.
16
Cuidado: se for contra decisão do Tribunal do Júri indicar o fundamento (uma das alíneas do inciso III do Art. 593). Súmula 713 STF
17
CUIDADO: O ENUNCIADO PODE PEDIR A INTERPOSIÇÃO NO ÚLTIMO DIA DO PRAZO
37
37
RAZÕES DE RECURSO DE APELAÇÃO: Endereçamento ao Tribunal Competente
05 Processo nº ....
06
RAZÕES DE RECURSO DE APELAÇÃO
07
10
11 I) DOS FATOS18
12 II) DO DIREITO19
13 A) DAS PRELIMINARES
14 B) DO MÉRITO
17 I) seja declarada a nulidade do processo a partir do ato tal e, por consequência, seja o réu
18 submetido a novo júri. (se pela alínea “a” do art. 593, III)
19 II) seja retificada a decisão, a fim de q ue prevaleça a decisão dos jurados, no sentido de que
21 III) seja retificada a pena, a fim de que seja fixada no mínimo legal, fixado regime carcerário
23 IV) seja o réu submetido a novo júri pelo Plenário do Júri, nos termos do artigo 593, § 3º, do
24 Código de Processo Penal. (se pela alínea “d”, do artigo 593, III)
25
26 Local... e data...
27 ADVOGADO...
28 OAB...
18
Fazer breve relato dos fatos ocorridos, conforme os dados do enunciado (não inventar nada nem simplesmente transcrever o
enunciado).
19
Cuidado: Observar as hipóteses das alíneas do artigo 593, III, do CPP.
38
38
QUESTÃO 3 – XVIII EXAME
Fernando foi pronunciado pela prática de um crime de homicídio doloso consumado que teve como vítima
Henrique. Em sessão plenária do Tribunal do Júri, o réu e sua namorada, ouvida na condição de informante,
afirmaram que Henrique iniciou agressões contra Fernando e que este agiu em legítima defesa. Por sua vez,
a namorada da vítima e uma testemunha presencial asseguraram que não houve qualquer agressão pretérita
por parte de Henrique. No momento do julgamento, os jurados reconheceram a autoria e materialidade, mas
optaram por absolver Fernando da imputação delitiva. Inconformado, o Ministério Público apresentou recurso
de apelação com fundamento no Art. 593, inciso III, alínea ‘d’, do CPP, alegando que a decisão foi
manifestamente contrária à prova dos autos. A família de Fernando fica preocupada com o recurso, em especial
porque afirma que todos tinham conhecimento que dois dos jurados que atuaram no julgamento eram irmãos,
mas em momento algum isso foi questionado pelas partes, alegado no recurso ou avaliado pelo Juiz Presidente.
Considerando a situação narrada, esclareça, na condição de advogado(a) de Fernando, os seguintes
questionamentos da família do réu:
A) A decisão dos jurados foi manifestamente contrária à prova dos autos? Justifique. (Valor: 0,60)
B) Poderá o Tribunal, no recurso do Ministério Público, anular o julgamento com fundamento em nulidade na
formação do Conselho de Sentença? Justifique. (Valor: 0,65)
Obs.: o examinando deve fundamentar suas respostas. A mera citação do dispositivo legal não confere
pontuação.
39
39
Questões para exercitar o conteúdo
Questão 01
Cross Fox foi denunciado por homicídio qualificado. Todavia, após a instrução na 1ª fase restou
devidamente comprovada a inexistência da qualificadora, motivo pelo qual o Juiz de Direito afastou a
qualificadora pronunciando o acusado por homicídio simples. Diante da narrativa, é possível que em
Plenário o Ministério Público sustente a incidência da qualificadora, fundamentando na soberania dos
vereditos? Justifique a sua resposta.
Questão 02
(MP-MS-2011) Tício foi denunciado pela prática de homicídio qualificado pelo motivo torpe (art. 121,
§ 2º, inc. I, Código Penal). A denúncia foi recebida e, no decorrer da instrução processual, a defesa
requereu exame de insanidade mental do acusado (art. 149 e seguintes do Código de Processo Penal).
Ao final do referido incidente, restou devidamente comprovado que Tício, ao tempo da ação, em razão
de doença mental, era inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar- se
de acordo com esse entendimento. Nos debates, a defesa apresentou como única tese defensiva a
inimputabilidade de Tício. Lastreado em tal premissa, responda, respectivamente, a seguinte
indagação: Qual decisão deverá ser proferida pelo juiz ao final da primeira fase do procedimento do
júri e qual é o recurso cabível? Justifique
Questão 03
Andriotti, líder local do Movimento dos Sem Terras, foi pronunciado pela prática de homicídio
qualificado tendo como vítima um Fazendeiro chamado João Netto, o qual era muito conhecido na
comunidade por suas benfeitorias à região. O fato ocorreu no município João Gabriel, local conhecido
por constantes conflitos envolvendo terras. Sabe-se que as pessoas da Comarca repercutem o
assunto, sempre se posicionando a respeito do caso, havendo fundadas suspeitas sobre a
imparcialidade do Júri. Desta forma, na condição de advogado de Andriotti, qual seria a medida
adequada para assegurar da melhor maneira os interesses de seu cliente, considerando que o
julgamento foi designado para ocorrer daqui três meses? Justifique a sua resposta.
40
40
Questão 04
Carlitos foi denunciado pela prática de homicídio doloso contra sua esposa, Carmela. Todavia, após a
prova produzida nos autos restou comprovado que a causa mortis foi um ataque cardíaco, ou seja,
uma causa natural, nada tendo haver com Carlitos. Por tal razão, o magistrado da 1ª Vara Criminal
absolveu sumariamente o acusado. A decisão transitou em julgado. Dois meses após, a filha de
Carlitos resolve informar o que ouviu uma conversa de seu pai com um irmão, informando que teria
sido o responsável pela morte de Carmela, tendo ministrado remédio em sua alimentação, gerando a
disfunção que ocasionou a sua morte. Diante dos fatos, é possível reverter essa decisão de absolvição
sumária no júri? Justifique.
Questão 05
Durante os debates orais, o Ministério Público proferiu a leitura de trechos da decisão de pronúncia,
inclusive mencionou que se não estivessem presentes os indícios de autoria e materialidade, os réus
não teriam sido submetidos a julgamento popular por ato do Juiz Presidente. Inobstante, a combativa
defesa ter requerido o encerramento do Júri, o que restou consignado em ata, o magistrado
determinou a continuidade. Ao final, os jurados condenaram o acusado. Diante dos dados trazidos na
questão, o que poderá ser pleiteado na condição de advogado de defesa? Justifique e indique o
recurso e a base legal que respaldam a sua resposta.
41
41
CAPÍTULO II – Comentários à Lei de Execução penal – Lei n. 7.210/84
A Lei n. 7.210 de 1984, também conhecida com a Lei de Execução Penal (LEP),
regula a execução das penas e medidas de segurança no Brasil.
As penas, conforme o artigo 32 do CP, dividem-se em: penas privativas de liberdade,
restritivas de direito e penas de multa. Já as medidas de segurança estão previstas no artigo 96 do CP,
dividindo-se em: medidas de segurança de internação ou de tratamento ambulatorial.
Em regra, quando se fala em execução penal, se pressupõe a existência de uma
sentença penal condenatória transitada em julgado. Assim sendo, a partir do esgotamento da via recursal
tem-se que será determinada a expedição / formação do processo de execução criminal, denominado
na praxe jurídica como P.E.C (processo de execução criminal).
O trâmite do processo de execução se dará em Vara de Execução Criminal, quando
assim houver, conforme determinação das regras de organização judiciária de cada Estado. Nesta fase, o Juiz
responsável por este processo é denominado Juiz da Vara de Execução, cujo rol exemplificativo de sua
competência consta no artigo 66 da Lei n. 7.210/84.
Importante registrar que, excepecionalmente, é possível a formação do Processo
de Execução Provisório, ou seja, quando a pessoa estiver executando uma pena que ainda está sob
discussão perante o Poder Judiciário, ou seja, ainda não transitou em julgado a sentença. Tal entendimento
passou a ser mais presente após o entendimento firmado no julgamento do Habeas Corpus 126.292/SP, no
âmbito do Supremo Tribunal Federal, permitindo em caso de confirmação ou de condenação em segundo
grau, que fosse determinada a execução da pena.
Independentemente, de ser preso em caráter definitivo ou provisório a Lei de
Execução é aplicável no que couber.
Em termos de prova prático-profissional, registra-se que os pedidos ao Juiz da Vara
de Execução devem ser elaborados no formato de Petições, por exemplo, o apenado pretende progressão
de regime, deverá ser postulado através de petição um pedido fundamentado ao Juiz, através de seu defensor
(público ou privado/contratado).
42
42
efetivar as disposições contidas nas decisões penais, objetiva-se proporcionar condições para a harmônica
integração social do condenado ou internado.
Para isso, a LEP busca viabilizar uma série de institutos para assegurar o contato
com o mundo exterior. Aos condenados à pena de privativa por exemplo: saídas temporárias, progressão de
regime, livramento condicional, entre outros.
Vale destacar que todos os direitos não atingidos pela sentença permanecem
inalterados (art. 3º, LEP), inclusive nos artigos 39 e 41 da LEP constam listados alguns deveres e direitos que
devem ser observados durante a execução penal.
OBS.: Vale destacar que o processo de execução criminal (PEC) tramita junto à Vara de Execução Criminal
da Comarca (VEC), cuja jurisdição pertença o estabelecimento prisional em que o apenado cumpre pena.
Nele constará toda e qualquer informação que gere alguma modificação na pena ou na sua forma de
cumprimento.20
OBS.: Súmula 192 do STJ: Compete ao Juízo das Execuções Penais do Estado a execução das penas
impostas a sentenciados pela Justiça Federal, Militar ou Eleitoral, quando recolhidos a estabelecimentos
sujeitos à administração estadual.
1.4) Princípio da Individualização da Pena (art. 5°, XLVI, CF) – fase executória
20
Registra-se a importância da Súmula 192 do STJ para fins de competência, importante verificar a natureza do estabelecimento
prisional.
43
43
individualizador da Pena Privativa de Liberdade (PPL) ao condenado ou preso provisório (arts. 6 e 7, LEP).
Atenção!!!!
A partir da alteração legislativa provocada pela Lei 12.736/12, tem-se que a detração
penal deverá ser observada, desde logo, na sentença condenatória, conforme previsto no artigo 387 do CPP.
Atualmente, a competência do Juiz da VEC é subsidiária, ou seja, quando não for objeto na sentença, deverá
ser observado pelo Juiz da Vara de Execução. Tal entendimento decorre do artigo 111 da LEP e do artigo 66,
III, c, da LEP.21
21
Art. 111 - Quando houver condenação por mais de um crime, no mesmo processo ou em processos distintos, a determinação do
regime de cumprimento será feita pelo resultado da soma ou unificação das penas, observada, quando for o caso a detração ou a
remição.
44
44
corrente do indivíduo com o Estado22. Por exemplo:
b) X não poderá reaver este período, buscando resgatá-lo. Por exemplo: X comete um delito de furto simples,
na expectativa de não ficar preso, pois teria direito à detração daquele 1 ano, dito acima, referente a outro
delito. Caso seja condenado, pela prática deste delito, não terá direito à detração anterior, pois geraria uma
conta corrente.
Por exemplo: Cross Fox possui uma condenação por um delito de roubo praticado
em Porto Alegre/RS, cuja pena aplicada foi de 5 anos, em regime semiaberto; em comarca distinta, Caxias do
Sul/RS, Cross Fox possui outra condenação à pena de 6 anos, em regime semiaberto. Nesta situação quando
Cross Fox começar a cumprir a pena, o Juiz da Vara de Execução ao verificar a existência de duas condenações
a serem cumpridas, determinará a soma das penas, no caso totalizará 11 anos, consequentemente o regime
prisional será o fechado pelo resultado apontado.
22
HABEAS CORPUS. EXECUÇÃO PENAL. DETRAÇÃO. PERÍODO ANTERIOR AO FATO DELITUOSO. IMPOSSIBILIDADE.
1. É assente a jurisprudência do Supremo Tribunal Federal no sentido de que o condenado não faz jus à detração penal quando a conduta
delituosa pela qual houve a condenação tenha sido praticada posteriormente ao crime que acarretou a prisão cautelar. 2. Ordem
denegada. (HC 109599, Relator(a): Min. TEORI ZAVASCKI, Segunda Turma, julgado em 26/02/2013, PROCESSO ELETRÔNICO
DJe-048 DIVULG 12-03- 2013 PUBLIC 13-03-2013)
23
Art. 33, §2º, do CP - As penas privativas de liberdade deverão ser executadas em forma progressiva, segundo o mérito do condenado,
observados os seguintes critérios e ressalvadas as hipóteses de transferência a regime mais rigoroso: a) o condenado a pena superior a 8
(oito) anos deverá começar a cumpri-la em regime fechado; b) o condenado não reincidente, cuja pena seja superior a 4 (quatro) anos e
não exceda a 8 (oito), poderá, desde o princípio, cumpri-la em regime semiaberto; c) o condenado não reincidente, cuja pena seja igual
ou inferior a 4 (quatro) anos, poderá, desde o início, cumpri-la em regime aberto
45
45
Imagine se Cross Fox estivesse executando uma pena de 10 anos de reclusão e no
momento faltasse 2 anos para terminar, caso sobrevenha nova condenação por outro crime a 8 anos de
reclusão, para determinação do novo regime, deverá ser somada a nova condenação (8 anos) + o
restante da pena em execução (2 anos), o total do somatório, no caso 10 anos, determinará o novo regime,
que pela quantidade resultará na imposição de regime fechado. Destaca-se que nessa situação ocorrerá uma
hipótese de regressão de regime (artigo 118, II, LEP), que será estudada nos itens seguintes.
46
46
diversas formas na execução pena, muitas vezes gerando confusão com a hipótese de soma de penas, pois o
artigo 111 da LEP não traz qualquer conceito a respeito de cada expressão, somente refere que o regime
prisional será fixado pelo resultado da soma ou unificação das penas.
1) prática de fato definido como crime doloso quando ocasionar subversão da ordem ou disciplina
internas, praticado por preso provisório ou condenado (art. 52, caput, LEP);
2) quando o preso (provisório ou condenado, nacional ou estrangeiro) apresentar alto risco para a ordem
e a segurança do estabelecimento penal ou da sociedade (art. 52,§1°, LEP);
a) duração máxima de 360 dias, sem prejuízo de repetição da sanção por nova falta grave de mesma
espécie, até o limite de 1/6 da pena aplicada;
Atenção!!
47
47
1.8) Sistema Progressivo – Progressão de Regime
O artigo 112 da LEP é a regra geral, aplicando-se aos delitos não hediondos ou,
excepcionalmente, aos condenados por delitos hediondos ou equiparados praticados antes da alteração
legislativa que sofreu o artigo 2º da Lei 8072/90.
Destaca-se também que a progressão de regime é por etapa, vejamos a Súmula 491
do STJ: "É inadmissível a chamada progressão per saltum de regime prisional."
A progressão de regime para condenados por crimes hediondos é regulada pela lei
11.464/07 que alterou a lei 8.072/90, a qual prevê a possibilidade de progressão de regime para condenados
por delitos hediondos desde que haja o cumprimento de 2/5 da pena, se primário, ou de 3/5 da pena, se
reincidente.
24
Súmula 716 do STF: “Admite-se a progressão de regime de cumprimento da pena ou a aplicação imediata de regime menos severo
nela determinada, antes do trânsito em julgado da sentença condenatória.”
48
48
Quanto à aplicação da Lei 11.464/07, importante destacar que somente é aplicada
esta lei para aqueles apenados que praticarem crimes a partir da sua vigência. Em relação a este ponto,
destaca-se a súmula vinculante n. 2625 do STF e a súmula 471 do STJ26.
Caso o delito tenha sido praticado antes do dia 29/03/2007, o lapso temporal a ser
aplicado deverá ser aquele do artigo 112 da LEP, com base no entendimento firmado no julgamento do HC
82959-7/SP pelo STF.
Condenados por delitos não hediondos Condenados por delitos hediondos e equiparados
Primário ou Reincidente: 1/6 da pena + bom Antes de 29/03/07: Primário ou Reincidente: 1/6 da
comportamento carcerário pena + bom comportamento carcerário – artigo 112
da LEP – Súmula 471, STJ
25
Súmula vinculante 26: “Para efeito de progressão de regime no cumprimento de pena por crime hediondo, ou equiparado, o juízo da
execução observará a inconstitucionalidade do art. 2º da Lei 8.072, de 25 de julho de 1990, sem prejuízo de avaliar se o condenado
preenche, ou não, os requisitos objetivos e subjetivos do benefício, podendo determinar, para tal fim, de modo fundamentado, a
realização de exame criminológico.”
26
Súmula 471 STJ: “Os condenados por crimes hediondos ou assemelhados cometidos antes da vigência da Lei 11.464/2007 sujeitam-se
ao disposto no art. 112 da Lei 7.210/1984 (Lei de Execução Penal) para a progressão de regime prisional.”
49
49
Importante
Em outubro de 2017 foi inserido como delito hediondo, no artigo 1°, parágrafo único,
da Lei 8072/90, o delito de porte e posse ilegal de arma de fogo de uso restrito. A alteração teve vigência
a partir do dia 27 de outubro de 2017.
Dessa forma, a nova lei e o tratamento diferenciado oriundo da condição de delito
hediondo somente poderá incidir em delitos praticados a partir do dia 27 de outubro de 2017, pois trata-se de
lex gravior, logo não poderá retroagir para alcançar fatos cometidos antes de sua promulgação.
Em outros termos, por exemplo, se alguém condenado antes da inclusão deste crime
no rol dos delitos hediondos pretender progredir, deverá ser observado o artigo 112 da LEP, 1/6 e bom
comportamento, como requisitos.
Exame Criminológico
50
50
Falta grave e Progressão de Regime
Súmula 534, STJ: A prática de falta grave interrompe a contagem do prazo para a progressão de regime de
cumprimento de pena, o qual se reinicia a partir do cometimento dessa infração.
1.9) Prisão de Regime Especial para Mulheres – artigo 112, §3º, da Lei 7.210/84
A Lei de Execução Penal foi alterada em dezembro de 2018, inserindo no parágrafo 3º, do seu artigo
112, que no caso de mulher gestante ou que for mãe ou responsável por criança ou pessoas com deficiência,
a progressão de regime, deverá obedecer aos seguintes requisitos cumulativos: 1) não ter cometido
crime com violência ou grave ameaça a pessoa; 2) não ter cometido o crime contra seu filho ou dependente;
3) ter cumprido ao menos 1/8 (um oitavo) da pena no regime anterior; 4) ser primária e ter bom
comportamento carcerário, comprovado pelo diretor do estabelecimento; e, 5) não ter integrado organização
criminosa.
O cometimento de fato definido como crime doloso ou falta grave, conforme dispõe a lei, implica na revogação
da progressão de regime diferenciada.
1) o apenado praticar fato definido como crime doloso ou falta grave (artigo 50 e 51);
Nesse caso, antes da regressão de regime deverá ser ouvido, previamente, o apenado – art. 118, § 2° -
audiência de justificativa.
Súmula 526, STJ: O reconhecimento de falta grave decorrente do cometimento de fato definido como crime
doloso no cumprimento da pena prescinde do trânsito em julgado de sentença penal condenatória no processo
penal instaurado para apuração do fato.
Súmula 533, STJ: Para o reconhecimento da prática de falta disciplinar no âmbito da execução penal, é
imprescindível a instauração de procedimento administrativo pelo diretor do estabelecimento prisional,
assegurado o direito de defesa, a ser realizado por advogado constituído ou defensor público nomeado.
2) quando o apenado sofrer condenação, por crime anterior, cuja soma da pena restante com a nova
condenação torne impossível a manutenção do regime (art. 111).
3) nos casos de violação com os deveres do monitoramento eletrônico, quando o Juiz da Execução
adotar essa opção, artigo 146, C, parágrafo único, da LEP.
51
51
Observações importantes – posicionamento jurisprudencial retirado do site do Superior Tribunal
de Justiça:
1. (STJ - jurisprudência) Diante da inexistência de legislação específica quanto ao prazo prescricional para
apuração de falta grave, deve ser adotado o menor lapso prescricional previsto no art. 109 do CP, ou seja,
o de 3 anos para fatos ocorridos após a alteração dada pela Lei n. 12.234, de 5 de maio de 2010, ou o de 2
anos se a falta tiver ocorrido até essa data. Precedentes: AgRg nos EDcl no REsp 1248357/MS, Rel. Ministra
REGINA HELENA COSTA, QUINTA TURMA, julgado em 19/11/2013, DJe 25/11/2013; AgRg no REsp
1414267/MG, Rel. Ministro SEBASTIÃO REIS JÚNIOR, SEXTA TURMA, julgado em 05/11/2013, DJe
25/11/2013;
OBS.: A jurisprudência tem admitido a chamada regressão cautelar, que dispensa a oitiva prévia do
apenado (artigo 118, §2º, LEP), passando a exigir audiência somente nos casos de regressão definitiva.
Para cumprir a pena em residência particular o preso deverá estar em regime aberto e se enquadrar
em uma das quatro hipóteses do artigo 117 da LEP, quais sejam:
• condenada gestante.
52
de vagas; (iii) o cumprimento de penas restritivas de direito e/ou estudo ao sentenciado que progride ao
regime aberto. Até que sejam estruturadas as medidas alternativas propostas, poderá ser deferida a prisão
domiciliar ao sentenciado." (RE 641320, Relator Ministro Gilmar Mendes, Tribunal Pleno, julgamento em
11.5.2016, DJe de 8.8.2016)
É possível remir tanto pelo trabalho como pelo estudo, inclusive, cumulando as duas
possibilidades.
Todavia, é importante se ater nas regras contidas nos artigos 126 e seguintes da
LEP.
Por exemplo, remição por trabalho, somente nos casos de regime fechado e
semiaberto, a LEP omitiu a possibilidade de remição no caso de regime aberto. Os Tribunais superiores
entendem que como não há previsão legal e o trabalho é requisito para ingressar no regime aberto, não há
direito a remição neste caso.
1.13) Trabalho prisional: espécies de Trabalho Prisional: serviço interno e serviço externo
a) Serviço interno (art. 31) qualquer regime poderá trabalhar internamente e a qualquer momento, desde que
existam vagas.
53
• falecimento ou doença grave CCADI (cônjuge, companheiro, ascendente, descendente ou irmão);
Já a saída temporária, sem vigilância, poderá ser concedida a apenados que cumprem
pena em regime semiaberto.
Em outras palavras, a ausência de vigilância direta não impede que o juiz determine
a monitoração eletrônica. Constitui uma faculdade do Juiz, não uma obrigação legal.
• comportamento adequado;
• cumprimento mínimo de 1/6 para apenado primário e de, no mínimo, ¼ para reincidentes;
O período de deuração conforme a lei não poderá ser superior a 7 dias, podendo ser renovadas por
mais 4 vezes, logo faz jus a 35 dias de saída. Com intervalo de 45 dias entre as saídas. Quando se tratar de
saída para fins de estudo o tempo será o necessário para a realização das atividades discentes.
A Lei n. 12.258/10 também inovou ao estabelecer que o juiz imporá condições ao apenado, para
obtenção das saídas temporárias, permitindo que além das previstas em lei outras poderão ser estabelecidas,
vejamos a nova redação do §1º do artigo 124 da LEP:
“Ao conceder a saída temporária, o juiz imporá ao beneficiário as seguintes condições, entre outras
que entender compatíveis com as circunstâncias do caso e a situação pessoal do condenado:
I - fornecimento do endereço onde reside a família a ser visitada ou onde poderá ser encontrado
durante o gozo do benefício;
54
poderá ser definido pelo juiz nos casos definidos em lei, desde que seja necessário.
A lei admite a monitoração eletrônica em duas situações: prisão domiciliar e saída
temporária no regime semiaberto.
O instituto está previsto a partir do artigo 146- B, LEP.
I) REQUISITOS
A) REQUISITOS OBJETIVOS
Tal como ocorre com a suspensão condicional, somente a pena privativa de liberdade
pode ser objeto do livramento condicional. Esse instituto somente poderá ser concedido à pena privativa de
liberdade igual ou superior a dois anos (art. 83 do CP). A soma das penas é permitida para atingir esse limite
mínimo, mesmo que tenham sido aplicadas em processos distintos.
Nos termos do artigo 83, I e II, do CP, o criminoso primário deve cumprir mais de
1/3 da pena privativa de liberdade.
Assim também o reincidente, desde que não o seja em crime doloso. Para tanto, é
necessário que apresentem bons antecedentes.
55
55
Quando o condenado é reincidente em crime doloso, deve cumprir mais da metade
da pena. Por ausência de previsão legal, o agente primário portador de maus antecedentes deverá
cumprir 1/3 para o livramento condicional, já que o inciso restringe somente à hipótese de reincidente em
crime doloso (não é possível analogia in malam partem).
O art. 84 do CP reza que “as penas que correspondem a infrações diversas devem
somar-se para efeito do livramento”.
Atenção !!! Artigo 44 da Lei n. 11.343/06 – Prazo para Livramento condicional – Associação ao Tráfico não é
delito equiparado a crime hediondo, porém conforme a lei de drogas o prazo para obtenção de livramento
condicional é de mais de 2/3.
56
Os efeitos da revogação dependerá se o motivo ocorreu antes ou durante o período
de provas, ou seja, o perído do livramento condicional, conforme os artigos 88 do CP e artigos 141 e 142 da
LEP.
Em 2018, foi publicada a Súmula 617 do STJ que refere: “A ausência de suspensão
ou revogação do livramento condicional antes do término do período de prova enseja a extinção da
punibilidade pelo integral cumprimento da pena”.
• Conversão da Pena Privativa de Liberdade (PRD) em Pena Restritiva de Direito (PRD) – PPL não
superior a dois anos; condenado em regime aberto; cumprido pelo menos ¼; antecedentes e personalidade
indiquem (artigo 180 da LEP).
• Conversão da PRD em PPL (artigo 181 da LEP) – ocorrerá na forma do artigo 45 do CP.
• Conversão da Pena Privativa de Liberdade em Medida de Segurança (artigo 183 da LEP)
São institutos que extinguem a punibilidade, conforme o artigo 107, II, do CP.
57
condenação definitiva – anistia própria – ou após o trânsito em julgado da condenação – anistia imprópria. Tem
a força de extinguir a ação e a condenação. Primordialmente, destina-se a crimes políticos, embora nada
impeça a sua concessão a crimes comuns.” A anistia somente é concedida através de lei editada pelo
Congresso Nacional.
A graça, por sua vez, é “a clemência destinada a uma pessoa determinada, não
dizendo respeito a fatos criminosos. Trata-se de um perdão concedido pelo Presidente da República, dentro
de sua avaliação discricionária, não sujeita a qualquer recurso, deve ser usada com parcimônia. É uma medida
de caráter excepcional, destinada a premiar atos meritórios extraordinários praticados pelo sentenciado no
cumprimento de sua reprimenda ou ainda atender condições pessoais de natureza especial, bem como a
corrigir equívocos na aplicação da pena ou eventuais erros judiciários.” É concedida mediante análise do caso
individual.
De acordo com o artigo 5°, inc. XLIII, não é permitida nem a graça nem a anistia
para delitos considerados hediondos.
Assim sendo, qualquer preso que preencher as condições passará a ter direito ao
indulto, devendo ser apenas declarado pelo Juiz da Vara de Execuções.
Prazo máximo de cumprimento da Medida de Segurança – Súmula 527 do STJ: “O tempo de duração da medida de
segurança não deve ultrapassar o limite máximo da pena abstratamente cominada ao delito praticado”.
58
58
2) Jurisprudência selecionada
2 Saída Temporária DIREITO PROCESSUAL PENAL. PRAZO MÍNIMO ENTRE SAÍDAS TEMPORÁRIAS.
Informativo 590 - RECURSO REPETITIVO. TEMA 445.
STJ As autorizações de saída temporária para visita à família e para participação em
atividades que concorram para o retorno ao convívio social, se limitadas a cinco
vezes durante o ano, deverão observar o prazo mínimo de 45 dias de intervalo
entre uma e outra. Na hipótese de maior número de saídas temporárias de
curta duração, já intercaladas
durante os doze meses do ano e muitas vezes sem pernoite, não se exige o
intervalo previsto no art. 124, § 3°, da LEP.
59
59
3 Conversão da PENAL E PROCESSUAL PENAL. HABEAS CORPUS. EXECUÇÃO. SUPERVENIÊNCIA
Medida de DE DOENÇA MENTAL. CONVERSÃO DE PENA PRIVATIVA DE LIBERDADE EM
Segurança em MEDIDA DE SEGURANÇA. INTERNAÇÃO. MANUTENÇÃO. TEMPO DE
Pena CUMPRIMENTO DA PENA EXTRAPOLADO. CONSTRANGIMENTO ILEGAL.
ORDEM CONCEDIDA.
1. Em se tratando de medida de segurança aplicada em substituição
à pena corporal, prevista no art. 183 da Lei de Execução Penal, sua
duração está adstrita ao tempo que resta para o cumprimento da pena
privativa de liberdade estabelecida na sentença condenatória.
Precedentes desta Corte.
2. Ordem concedida.
(HC 373.405/SP, Rel. Ministra MARIA THEREZA DE ASSIS MOURA,
SEXTA TURMA, julgado em 06/10/2016, DJe 21/10/2016)
60
60
quantum RECONTAGEM DO LAPSO DE 1/6 PARA A OBTENÇÃO DO BENEFÍCIO.
remanescente PERDA DOS DIAS REMIDOS: ART. 127 DA LEP. Em caso de falta grave, é de ser
reiniciada a contagem do prazo de 1/6, exigido para a obtenção do benefício da
progressão no regime de cumprimento da pena. Adotando-se como paradigma,
então, o quantum remanescente da pena. Em caso de fuga, este prazo apenas
começa a fluir a partir da recaptura do sentenciado (HC 85.141 - Primeira Turma).
A jurisprudência desta colenda Corte firmou a orientação de que "o cometimento
de falta grave implica a perda dos dias remidos, mostrando-se constitucional o
Vale a data da
artigo 127 da Lei nº 7.210/84 - Recurso Extraordinário nº 452.994-7/RS,
decisão que
Plenário, julgamento realizado em 23 de junho de 2005, redator designado
concedeu e não a
ministro Sepúlveda Pertence." Recurso ordinário em habeas corpus
data da efetiva
parcialmente provido.
transferência se
não for culpa do
acusado.
(RHC 89031, Relator(a): Min. MARCO AURÉLIO, Relator(a) p/
Acórdão: Min. CARLOS BRITTO, Primeira Turma, julgado em
28/11/2006, DJe-092 DIVULG 30-08-2007 PUBLIC 31-08-2007 DJ 31-08-
2007 PP-00036 EMENT VOL-02287-03 PP-00595)
6 Associação ao HABEAS CORPUS. EXECUÇÃO PENAL. ASSOCIAÇÃO PARA O TRÁFICO.
tráfico não CRIME NÃO CONSIDERADO HEDIONDO OU EQUIPARADO. BENEFÍCIOS.
hediondo REQUISITO OBJETIVO. PROGRESSÃO DE REGIME E LIVRAMENTO
CONDICIONAL. LAPSOS TEMPORAIS DISTINTOS. CUMPRIMENTO DE
1/6 (UM SEXTO) NO CASO DE PROGRESSÃO E DE 2/3 (DOIS TERÇOS)
PARA O LIVRAMENTO, VEDADA A SUA CONCESSÃO AO REINCIDENTE
ESPECÍFICO. ARTS. 112 DA LEI DE EXECUÇÃO PENAL E 44 DA LEI N.
11.343/2006. CONSTRANGIMENTO ILEGAL EVIDENCIADO. 1. A
jurisprudência pacífica do Superior Tribunal de Justiça
reconhece que o crime de associação para o tráfico de
entorpecentes (art. 35 da Lei n. 11.343/2006) não figura no rol
taxativo de delitos hediondos ou a eles equiparados, tendo em
vista que não se encontra expressamente previsto no rol
taxativo do art. 2º da Lei n. 8.072/1990.
2. Não se tratando de crime hediondo, não se exige, para fins de
concessão de benefício da progressão de regime, o cumprimento de 2/5
da pena, se o apenado for primário, e de 3/5, se reincidente para a
progressão do regime prisional, sujeitando-se ele, apenas ao lapso de
1/6 para preenchimento do requisito objetivo.
3. No entanto, a despeito de não ser considerado hediondo, o
crime de associação para o tráfico, no que se refere à concessão
do livramento condicional, deve, em razão do princípio da
especialidade, observar a regra estabelecida pelo art. 44,
parágrafo único, da Lei n. 11.343/2006, ou seja, exigir que o
cumprimento de 2/3 (dois terços) da pena, vedada a sua
concessão ao reincidente específico.
4. Ordem concedida para afastar a natureza hedionda do crime de
associação para o tráfico e determinar que o Juízo da Vara das Execuções
Criminais da Comarca de São José do Rio Preto/SP proceda a novo
cálculo da pena, considerando, para fins de progressão de regime e de
livramento condicional, respectivamente, as frações de 1/6 (um sexto) e
61
61
2/3 (dois terços).
(HC 394.327/SP, Rel. Ministro ANTONIO SALDANHA PALHEIRO, SEXTA
TURMA, julgado em 13/06/2017, DJe 23/06/2017)
62
62
8 Regressão RECURSO ORDINÁRIO EM HABEAS CORPUS. EXECUÇÃO PENAL. FALTA GRAVE.
cautelar REGRESSÃO CAUTELAR AO REGIME PRISIONAL FECHADO. POSSIBILIDADE.
RECURSO DESPROVIDO.
1. A jurisprudência desta Corte é firme no sentido de ser possível a regressão
cautelar, inclusive ao regime prisional mais gravoso, diante da prática de infração
disciplinar no curso do resgate da reprimenda, sendo desnecessária até mesmo
a realização de audiência de justificação para oitiva do apenado, exigência que
se torna imprescindível somente para a regressão definitiva. Precedentes.
Recurso ordinário em habeas corpus desprovido.
(RHC 81.352/MA, Rel. Ministro JOEL ILAN PACIORNIK, QUINTA TURMA,
julgado em 18/04/2017, DJe 28/04/2017)
9 Monitoramento Informativo nº 0597 Processo HC 351.273-CE, Rel. Min. Nefi Cordeiro, por
Eletrônico unanimidade, julgado em 2/2/2017, DJe 9/2/2017.
Informativo nº 0595
Processo
REsp 1.519.802-SP, Rel. Min. Maria Thereza de Assis Moura, por unanimidade,
julgado em 10/11/2016, DJe 24/11/2016.
Uso de tornozeleira eletrônica. Perímetro estabelecido para monitoramento. Não
observância. Constituição de falta grave. Não ocorrência. Aplicação de sanção
disciplinar.
Destaque
A não observância do perímetro estabelecido para monitoramento de
tornozeleira eletrônica configura mero descumprimento de condição obrigatória
que autoriza a aplicação de sanção disciplinar, mas não configura, mesmo em
tese, a prática de falta grave.
Informações do Inteiro Teor
63
63
Cingiu-se a discussão a verificar se a conduta do apenado, de estar fora da área
de inclusão de rastreamento da tornozeleira eletrônica configura, em tese,
possível falta disciplinar de natureza grave – apta à instauração de sindicância
administrativa. Inicialmente, cabe destacar que resta incontroverso na
doutrina e na jurisprudência que é taxativo o rol do artigo 50 da Lei de
Execuções Penais, que prevê as condutas que configuram falta grave.
No caso em apreço, o apenado foi identificado fora do endereço
declarado no período noturno (área de inclusão), descumprindo assim
uma das condições impostas na decisão que lhe concedera
saída
temporária. Todavia, tal conduta não está prevista no rol
supracitado – o que veda o seu reconhecimento, mesmo em tese,
como falta disciplinar de natureza grave, sob pena de ofensa ao
princípio da legalidade. Trata-se, sim, de descumprimento de condição
obrigatória que autoriza sanção disciplinar diversa, podendo ser
aplicada, a critério do juiz da execução, a regressão do regime, a revogação
da saída temporária, da prisão domiciliar ou a advertência por escrito, nos termos
do artigo 146- C, parágrafo único da Lei de Execuções Penais, incluído pela Lei
n. 12.258, de 2010, bem como a revogação do próprio benefício de
monitoração, por descumprimento do disposto no art. 146-D do referido diploma
legal. Importante ressaltar que esta Corte vem admitindo a ocorrência de falta
grave nas hipóteses em que o condenado rompe a tornozeleira eletrônica ou
mantém a bateria sem carga suficiente para o uso normal. Ocorre, contudo, que
em casos tais, o apenado deixa de manter o aparelho em funcionamento,
restando impossível o seu monitoramento eletrônico, o que até poderia
equivaler, em última análise, à própria fuga, diversamente do que ocorre no
presente caso, em que há mera inobservância do perímetro de inclusão
declarado para o período noturno, que foi detectado pelo próprio
rastreamento do
sistema de GPS, mantendo-se assim o condenado sob normal vigilância.
64
4. Os parâmetros mencionados na citada súmula são: a) a falta de
estabelecimento penal adequado não autoriza a manutenção do condenado em
regime prisional mais gravoso; b) os Juízes da execução penal poderão avaliar
os estabelecimentos destinados aos regimes semiaberto e aberto, para verificar
se são adequados a tais regimes, sendo aceitáveis estabelecimentos que não se
qualifiquem como colônia
agrícola, industrial (regime semiaberto), casa de albergado ou estabelecimento
adequado - regime aberto - (art. 33, § 1º, alíneas "b" e "c"); c) no caso de haver
déficit de vagas, deverão determinar: (i) a saída antecipada de sentenciado no
regime com falta de vagas; (ii) a liberdade eletronicamente monitorada ao preso
que sai antecipadamente ou é posto em prisão domiciliar por falta de vagas;
(iii) o cumprimento de penas restritivas de direito e/ou estudo ao sentenciado
que progride ao regime aberto; e d) até que sejam estruturadas as medidas
alternativas propostas, poderá ser deferida a prisão domiciliar ao sentenciado.
5. "Segundo a jurisprudência desta Corte Superior, se o caótico sistema
prisional estatal não possui meios para manter os detentos em estabelecimento
apropriado, é de se autorizar, excepcionalmente, que a pena seja cumprida em
regime mais benéfico - estabelecimento adequado ao regime aberto ou prisão
domiciliar" (HC 403.312/MG, Rel. Ministro FELIX FISCHER, QUINTA TURMA, DJe
21/8/2017).
6. Agravo regimental desprovido.
(AgRg no HC 420.220/RS, Rel. Ministro RIBEIRO DANTAS, QUINTA
TURMA, julgado em 23/11/2017, DJe 28/11/2017)
65
Turma, DJe 19/2/2013; e AgRg no REsp 1.236.295-RS, Quinta Turma, DJe
2/10/2013. HC 271.907-SP, Rel. Min. Rogerio Schietti Cruz, julgado em
27/3/2014.
66
66
CAPÍTULO III – RECURSOS
1) AGRAVO EM EXECUÇÃO
Que indefere o pedido de unificação das penas, com base, por exemplo, na continuidade
delitiva;
1.3) IDENTIFICAÇÃO
PALAVRA MÁGICA:
PEÇA:
DECISÃO PELO JUÍZO
AGRAVO EM EXECUÇÃO
DA EXECUÇÃO
PAROU!
67
67
1.4) RITO E COMPETÊNCIA PARA O JULGAMENTO
A Lei de Execução Penal não definiu o rito a ser seguido no agravo em execução,
definindo, apenas, no seu art. 197, que “Das decisões proferidas pelo Juiz caberá recurso de agravo, sem
efeito suspensivo”.
1.5) PRAZO
PRAZO
• Interposição: 5 dias
• Razões: 2 dias
1.6) EFEITOS
Assim como no recurso em sentido estrito, o agravo em execução possui efeito
regressivo, uma vez que a interposição do recurso obriga o juiz que prolatou a decisão recorrida a reapreciar
a questão, mantendo-a ou reformando-a, aplicando-se analogicamente o artigo 589, “caput”, do CPP.
Nos termos do artigo 197 da LEP, o agravo em execução, em regra, não tem efeito
suspensivo. Ou seja, as decisões proferidas em sede de execução penal devem ser, via de regra,
imediatamente executadas.
68
68
Agravo em Execução e Medida de Segurança: artigo 179 da LEP – atribui excepcionalmente o
efeito suspensivo nos casos de execução de Medida de Segurança.
A) INTERPOSIÇÃO
a) Endereçamento: Juiz da Vara de Execuções Penais.
b) Preâmbulo: nome, capacidade postulatória (por seu procurador infra-assinado), fundamento legal (art.
197 da Lei nº 7.210/84 – Lei de Execução Penal), nome da peça (Agravo em execução), frase final
(pelas fatos e fundamentos jurídicos a seguir expostos);
c) juízo de retratação, em analogia ao artigo 589 CPP (importante)
d) parte final (Nesses termos, requer o processamento do presente recurso. Pede deferimento, data,
advogado e OAB)
B) RAZÕES
a) Endereçamento:
Tribunal de Justiça
b) identificação: agravante/recorrente, agravado/recorrido, nº processo
c) saudação:
Justiça Estadual: Egrégio Tribunal de Justiça – Colenda Câmara – Eméritos Julgadores – Douta Procuradoria
da Justiça
d) corpo da peça (breve relato, preliminares e mérito)
e) pedido: reforma da decisão + provimento do recurso + pedido específico
f) parte final: termos em que pede deferimento, local, data e OAB
69
69
PEÇA DE INTERPOSIÇÃO: Endereçamento para o juiz de 1º grau
02 COMARCA ........
03 Processo nº.....
04
05 7 a 10 linhas
06
07 FULANO DE TAL (não inventar dados), já qualificado nos autos, por seu procurador
09 inconformado com a decisão da s fls., interpor o presente AGRAVO EM EXECUÇÃO, com base no
11 Nesse sentido, requer seja recebido o recurso e procedido o juízo de retratação, nos
12 termos do artigo 589 do Código de Processo Penal . Se mantida a decisão, requer seja encaminhado
13 o presente recurso, já com as razões inclusas, ao Tribunal de Justiça do Estado, para o devido
processamento.
14
15
16 Nestes termos,
17 Pede Deferimento.
18
Local..., data...
19 ADVOGADO...
20 OAB...
30
70
70
RAZÕES DE AGRAVO EM EXECUÇÃO: Endereçamento ao Tribunal Competente
01
EGRÉGIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO ...... / Tribunal Regional Federal
02
05 Processo nº ....
06
09 Colenda Câmara
10
11 I) DOS FATOS
12 II) DO DIREITO
15 * que indefere o pedido de unificação das penas, com base, por exemplo, na continuidade delitiva;
20
21 III) DO PEDIDO
24
Local..., data...
25 ADVOGADO...
26 OAB...
71
71
PEÇA PRÁTICO-PROFISSIONAL – XXIV EXAME OAB
Lucas, 22 anos, foi denunciado e condenado, definitivamente, pela prática de crime de associação para o
tráfico, previsto no Art. 35 da Lei nº 11.343/06, sendo, em razão das circunstâncias do crime, aplicada a pena
de 06 anos de reclusão em regime inicial semiaberto, entendendo o juiz de conhecimento que o crime não
seria hediondo, não tendo sido reconhecida a presença de qualquer agravante ou atenuante.
No mês seguinte, após o início do cumprimento da pena, Lucas vem a sofrer nova condenação definitiva,
dessa vez pela prática de crime de ameaça anterior ao de associação, sendo-lhe aplicada exclusivamente a
pena de multa, razão pela qual não foi determinada a regressão de regime.
Após cumprir 01 ano da pena aplicada pelo crime de associação, o defensor público que defende os interesses
de Lucas apresenta requerimento de progressão de regime, destacando que o apenado não sofreu qualquer
sanção disciplinar.
O magistrado em atuação perante a Vara de Execução Penal da Comarca de Belo Horizonte/MG, órgão
competente, indefere o pedido de progressão, sob os seguintes fundamentos:
a) o crime de associação para o tráfico, no entender do magistrado, é crime hediondo, tanto que o livramento
condicional somente poderá ser deferido após o cumprimento de 2/3 da pena aplicada;
b) o apenado é reincidente, diante da nova condenação pela prática de crime de ameaça;
c) o requisito objetivo para a progressão de regime seria o cumprimento de 3/5 da pena aplicada e, caso ele
não fosse reincidente, seria de 2/5, períodos esses ainda não ultrapassados;
d) em relação ao requisito subjetivo, é indispensável a realização de exame criminológico, diante da gravidade
dos crimes de associação para o tráfico em geral.
Ao tomar conhecimento, de maneira informal, da decisão do magistrado, a família de Lucas procura você, na
condição de advogado(a), para a adoção das medidas cabíveis. Após constituição nos autos, a defesa técnica
é intimada da decisão de indeferimento do pedido de progressão de regime em 24 de novembro de 2017,
sexta-feira, sendo certo que, de segunda a sexta-feira da semana seguinte, todos os dias são úteis em todo o
território nacional.
Considerando apenas as informações narradas, na condição de advogado(a) de Lucas, redija a peça jurídica
cabível, diferente de habeas corpus e embargos de declaração, apresentando todas as teses jurídicas
pertinentes.
A peça deverá ser datada no último dia do prazo para interposição. (Valor: 5,00)
Obs.: a peça processual deve abranger todos os fundamentos de Direito que possam ser utilizados para dar respaldo à
pretensão. A simples menção ou transcrição do dispositivo legal não confere pontuação.
72
72
QUESTÃO 02 – XXIII EXAME OAB
Gabriel, condenado pela prática do crime de porte de arma de fogo de uso restrito, obteve livramento
condicional quando restava 01 ano e 06 meses de pena privativa de liberdade a ser cumprida. No curso do
livramento condicional, após 06 meses da obtenção do benefício, vem Gabriel a ser novamente condenado,
definitivamente, pela prática de crime de roubo, que havia sido praticado antes mesmo do delito de porte de
arma de fogo, mas cuja instrução foi prolongada.
Diante da nova condenação, o magistrado competente revogou o livramento condicional concedido e
determinou que Gabriel deve cumprir aquele 01 ano e 06 meses de pena restante quando da obtenção do
livramento em relação ao crime de porte, além da nova sanção imposta em razão do roubo.
condenado, definitivamente, pela prática de crime de roubo, que havia sido praticado antes mesmo do delito de
porte de arma de fogo, mas cuja instrução foi prolongada.
Diante da nova condenação, o magistrado competente revogou o livramento condicional concedido e
determinou que Gabriel deve cumprir aquele 01 ano e 06 meses de pena restante quando da obtenção do
livramento em relação ao crime de porte, além da nova sanção imposta em razão do roubo.
Considerando a situação narrada, na condição de advogado(a) de Gabriel, responda aos itens a seguir.
A) Qual o recurso cabível da decisão do magistrado que revogou o benefício do livramento condicional e
determinou o cumprimento da pena restante quando da obtenção do benefício? É cabível juízo de retratação
em tal modalidade recursal? Justifique. (Valor: 0,65)
B) Qual argumento deverá ser apresentado pela defesa de Gabriel para combater a decisão do magistrado?
Justifique. (Valor: 0,60)
Obs.:o(a)examinando(a)devefundamentarsuasrespostas.Ameracitaçãooutranscriçãododispositivolegal não confere pontuação.
73
QUESTÃO 02 - XIV EXAME OAB
Mário foi condenado a 24 (vinte e quatro) anos de reclusão no regime inicialmente fechado, com trânsito em
julgado no dia 20/04/2005, pela prática de latrocínio (artigo 157, § 3º, parte final, do Código Penal). Iniciou a
execução da pena no dia seguinte. No dia 22/04/2009, seu advogado, devidamente constituído nos autos da
execução penal, ingressou com pedido de progressão de regime, com fulcro no artigo 112 da Lei de Execuções
Penais. O juiz indeferiu o pedido com base no artigo 2º, § 2º, da Lei 8.072/90, argumentando que o condenado
não preencheu o requisito objetivo para a progressão de regime.
Como advogado de Mário, responda, de forma fundamentada e de acordo com o entendimento sumulado dos
Tribunais Superiores, aos itens a seguir:
A) Excetuando-se a possibilidade de Habeas Corpus, qual recurso deve ser interposto pelo
advogado de Mário e qual o respectivo fundamento legal? (Valor: 0,40)
B) Qual a principal tese defensiva? (Valor: 0,85)
Obs.: o examinando deve fundamentar corretamente sua resposta. A simples menção ou transcrição do
dispositivo legal não pontua.
74
74
FAÇA VOCÊ MESMO!
75
75
2) CONTRARRAZÕES DE AGRAVO EM EXECUÇÃO
2.1) INTRODUÇÃO
Das decisões proferidas pelo Juízo da Execução Penal cabe agravo em execução.
A Lei de Execução Penal não definiu o rito a ser seguido no agravo em execução,
constando, apenas, no seu art. 197, que “Das decisões proferidas pelo Juiz caberá recurso de agravo, sem
efeito suspensivo”.
Nesse sentido, se não concordar com a decisão proferida, a parte irresignada deverá
apresentar a petição de juntada de agravo em execução no prazo de 05 dias. Após, o juízo a quo fará o primeiro
juízo de admissibilidade, recebendo ou não recurso, intimando-se o recorrente para apresentar, no prazo de 02
dias, as respectivas razões de recurso de agravo em execução, se não apresentadas simultaneamente à
interposição.
2.2) PRAZO
2.3) CONTEÚDO
76
76
ESTRUTURA DAS CONTRARRAZÕES DE AGRAVO EM EXECUÇÃO
02 COMARCA ......
03
04
7 a 10 linhas
05
06
07
08 FULANO DE TAL (não inventar dados), já qualificado nos autos, por seu procurador
11 do Código de Processo Penal, requerendo sejam recebidas, mantendo-se a decisão recorrida em sede
12 de juízo de retratação, com posterior remessa dos autos ao Egrégio Tribunal de Justiça.
13
14 Nestes termos,
15 Pede Deferimento.
16
17
Local..., data...
18 ADVOGADO...
19 OAB...
30
77
77
01 EGRÉGIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO .........
04 Processo nº ....
05
06
09
Colenda Câmara Criminal....
10
11 I) DOS FATOS33
12 II) DO DIREITO
13
* Expor argumentos contrários aos invocados nas razões de Agravo em execução (informados no
14 enunciado da questão), defendo, em síntese, a manutenção da decisão recorrida.
15 III) DO PEDIDO34
16
Ante o exposto, requer seja IMPROVIDO o recurso de agravo em execução,
17 MANTENDO- SE, por conseguinte, a decisão recorrida nos seus exatos termos.
18
19 Local..., data...
20
21 ADVOGADO...
22 OAB...
33
* Fazer breve relato dos fatos ocorridos, conforme os dados do enunciado (não inventar nada), bem como da decisão
recorrida.
34
Requerer o improvimento do recurso de agravo em execução e a manutenção da decisão recorrida. se extrair do enunciado
informações nesse sentido, buscar, ainda, o não conhecimento do recurso (Ex: recurso de agravo em execução interposto
pelo MP de forma intempestiva).
78
78
3) EMBARGOS INFRINGENTE E DE NULIDADE – Art. 609
3.1) CONCEITO
Trata-se de recurso privativo da defesa, voltado a garantir uma segunda análise da
matéria decidida pelo Tribunal de Justiça ou TRF, por ter havido maioria de votos contra o réu, ou seja, decisão
não unânime desfavorável ao réu, ampliando-se o quórum do julgamento.
Assim, o recurso obriga que órgão do Tribunal seja chamado a decidir por completo e
não apenas com os votos dos Desembargadores que participaram do julgamento da apelação, recurso em sentido
estrito e agravo em execução.
Em determinados Tribunais de Justiça, por exemplo, as Câmaras são compostas por cinco
Desembargadores, participando da turma julgadora apenas três deles. Dessa forma, caso a decisão proferida contra
os interesses do réu constituir-se de maioria (dois a um) de votos, cabe a interposição de embargos infringentes,
chamando-se os demais desembargadores a participarem do julgamento da matéria divergente.
3.3) IDENTIFICAÇÃO
PALAVRA MÁGICA!
- DECISÃO NÃO UNÂNIME
DESFAVORÁVEL AO RÉU
79
79
3.4) LEGITIMIDADE PARA INTERPOSIÇÃO DE EMBARGOS INFRINGENTES E DE NULIDADE
Não cabe recurso de embargos infringentes nos julgamentos realizados pelas turmas
recursais, porque não possuem natureza de tribunais.
Também não cabem embargos infringentes contra acórdãos de 1º grau, ou seja, aqueles
proferidos no julgamento de crimes de sua competência originária (nos casos de foro com prerrogativa de função).
Isso porque o próprio art. 609, parágrafo único, do CPP, faz expressa alusão às decisões de segunda instância.
PRAZO
10 DIAS
A contar da
publicação do
acórdão
O prazo para a oposição dos embargos infringentes é de dez dias, a contar da publicação
do acórdão, sendo desnecessária a intimação pessoal do réu e de seu defensor, salvo, no caso deste último, quando
se tratar de defensoria pública. A intimação do MP também é pessoal.
80
80
Por ocasião da interposição, deve o recurso ser devidamente instruído com as razões,
pois não será aberta vista para essa finalidade.
Os embargos infringentes somente poderão ser opostos por petição, sendo inadmissível
por termo nos autos, já que as razões devem acompanhar a peça de interposição no momento do protocolo do
recurso.
81
81
3.8) ESTRUTURA DO RECURSO DE EMBARGOS INFRINGENTES OU DE NULIDADE
b) Preâmbulo: nome (desnecessário qualificar, pois já qualificado nos autos), capacidade postulatória (por
seu procurador infra-assinado), fundamento legal (art. 609, parágrafo único, do Código de Processo
Penal), nome da peça (Recurso de Embargos Infringentes ou de Nulidade), frase final (pelas fatos e
fundamentos jurídicos a seguir expostos);
c) parte final (Nesses termos, requer o processamento do presente recurso. Pede deferimento, data,
advogado e OAB)
B) RAZÕES
a) Endereçamento: para Tribunal, dependendo do Regime Interno será dirigido ao Grupo Criminal
na Justiça Estadual / Seção Criminal na Justiça Federal
c) saudação:
Justiça Estadual: Egrégio Tribunal de Justiça – Colendo Grupo Criminal – Eméritos Julgadores
Justiça Federal: Egrégio Tribunal Regional Federal – Colenda Seção – Eméritos Julgadores
corpo da peça: I. DOS FATOS: breve relato; II. DO DIREITO: Buscar no enunciado informações voltadas a
82
82
QUESTÃO 4 – XVIII EXAME
John, primário e de bons antecedentes, foi denunciado pela prática do crime de tráfico de drogas. Após a
instrução, inclusive com realização do interrogatório, ocasião em que o acusado confessou os fatos, John foi
condenado, na forma do Art. 33, § 4º, da Lei nº 11.343/06, à pena de 1 ano e 08 meses de reclusão, a ser
cumprido em regime inicial aberto. O advogado de John interpôs o recurso cabível da sentença condenatória.
Em julgamento pela Câmara Criminal do Tribunal de Justiça, a sentença foi integralmente mantida por maioria
de votos. O Desembargador revisor, por sua vez, votou no sentido de manter a pena de 01 ano e 08 meses
de reclusão, assim como o regime, mas foi favorável à substituição da pena privativa de liberdade por duas
restritivas de direitos, no que restou vencido. O advogado de John é intimado do acórdão.
Considerando a situação narrada, responda aos itens a seguir.
A) Qual medida processual, diferente de habeas corpus, deverá ser formulada pelo advogado de John para
combater a decisão da Câmara Criminal do Tribunal de Justiça? (Valor: 0,65)
B) Qual fundamento de direito material deverá ser apresentado para fazer prevalecer o voto vencido? (Valor:
0,60)
Obs.: o examinando deve fundamentar suas respostas. A mera citação do dispositivo legal não confere
pontuação.
83
83
PEÇA DE INTERPOSIÇÃO
03 estadual);
06 justiça federal)27
07 Processo nº .....
08
09 FULANO DE TAL (não inventar dados), já qualificado nos autos, por seu procurador
12 com base no artigo 609, parágrafo único, do Código de Processo Penal, requerente seja recebido e
14
15 Nestes termos,
16 Pede Deferimento.
17
18
Local..., data...
19 ADVOGADO...
20 OAB...
27
Competência da Justiça Federal – Art. 109 CF/88 84
84
RAZÕES DE RECURSO DE EMBARGOS INFRINGENTES OU DE NULIDADE
02 EGRÉGIO TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA. ... REGIÃO (se da competência da Justiça Federal).
03 Embargante: Fulano de Tal
05 Processo nº ......
06
08
11
12 I) DOS FATOS28
13 II) DO DIREITO29
17 III) DO PEDIDO30
20
21
Local..., data...
22 ADVOGADO...
23 OAB...
28
* Fazer breve relato dos fatos ocorridos, conforme os dados do enunciado (não inventar nada nem simplesmente transcrever o
enunciado). * Importante: Justificar o cabimento e admissibilidade do recurso de embargos infringentes.
29
O mérito deve guardar relação com o voto vencido (basicamente o que poderia ser alegado em sede de apelação, recurso em sentido
estrito e agravo em execução).
30
Pedido relacionado ao voto vencido. 85
85
FAÇA VOCÊ MESMO!
86
86
4) EMBARGOS DE DECLARAÇÃO – Art. 382 e 619 do CPP e 83 da Lei 9099/95
2.1) CABIMENTO/CONTEÚDO
Ambiguidade: é o estado daquilo que possui duplo sentido, gerando equivocidade e incerteza,
capaz de comprometer a segurança do afirmado. Assim, no julgado, significa a utilização, pelo magistrado, de
termos com duplo sentido, que ora apresentam uma determinada orientação, ora seguem em caminho oposto,
fazendo com o leitor, seja ele leigo ou não, termine não entendendo qual o seu real conteúdo.
Contradição: trata-se de uma incoerência entre uma afirmação anterior e outra posterior, referentes
ao mesmo tema e no mesmo contexto, gerando a impossibilidade de compreensão do julgado.
2.2) IDENTIFICAÇÃO
PALAVRA MÁGICA:
Decisão obscura, PEÇA:
contraditória, omissa ou EMBARGOS DE DECLARAÇÃO
ambígua
PAROU!
87
87
2.3) BASE LEGAL
2.4) PRAZO
Com a nova redação do artigo 83, § 2º, da Lei 9.099/95, dada pelo novo Código de
Processo Civil (Lei nº 13.105/2015), os embargos de declaração no âmbito do Juizado Especial Criminal
passaram também a ter efeito interruptivo.
88
Art. 382 do CPP
Sentença de 1º Grau
1º Grau
2 DIAS
Acórdão
Tribunal
PRAZO
Art. 619 do CPP
5 DIAS JEC
EMBARGOS DE
DECLARAÇÃO
ambiguidade
obscuridade
CABIMENTO
contradição
omissão
I) Endereçamento:
a) Excelentíssimo Senhor Doutor Juiz de Direito da Vara do Tribunal do Júri da Comarca (se crime doloso
contra a vida da competência da Justiça Estadual) ou da Seção Judiciária (se crime doloso contra a vida da
competência da Justiça Federal)
b) Excelentíssimo Senhor Doutor Juiz de Direito da Vara Criminal da Comarca ....... (se crime da competência
da Justiça Estadual)
c) Excelentíssimo Senhor Doutor Juiz Federal da Vara Criminal da Seção Judiciária de ......(se crime da
competência da Justiça Federal)
89
89
Embargos de Declaração contra Acórdão – Art. 619 e 620 CPP
a) Excelentíssimo Senhor Desembargador Relator do Acórdão nº... da Câmara Criminal do Egrégio Tribunal
de Justiça do Estado de ..... (se crime de matéria da Justiça Estadual),
b) Excelentíssimo Senhor Desembargador Federal Relator do Acórdão nº .... da ..... Turma Criminal do Egrégio
Tribunal Regional Federal da .....Região (se crime da competência da Justiça Federal)
II) Preâmbulo: nome (desnecessário qualificar, pois já qualificado nos autos), capacidade postulatória (por
seu procurador infra-assinado), fundamento legal (arts. 382 ou 619 e 620 do Código de Processo Penal),
nome da peça (Recurso de Embargos de Declaração), frase final (pelas fatos e fundamentos jurídicos a seguir
expostos);
c) corpo da peça: I) DOS FATOS: breve relatório; II) DO DIREITO: apontar a contradição, obscuridade,
ambiguidade ou omissão – demonstrar o vício da decisão;
d) pedido: declaração dos embargos, com a correção da contradição, obscuridade, ambiguidade ou omissão.
90
90
ESTRUTURA DOS EMBARGOS DE DECLARAÇÃO
01 A) EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA .....VARA DO TRIBUNAL DO JÚRI DA
02 COMARCA.... (se crime doloso contra a vida da competência da justiça estadual) OU DA SEÇÃO
08
14
15 FULANO DE TAL (não inventar dados), já qualificado nos autos, por seu procurador
17 opor o presente EMBARGOS DE DECLARAÇÃO, com base no artigo 382 ou 619 e 620 do Código
19 I) DOS FATOS
20 II) DO MÉRITO31
21 III) DO PEDIDO
26
Local...e data...
27 ADVOGADO...
28 OAB...
31
Demonstrar a obscuridade, contradição, omissão ou ambiguidade 91
91
CAPÍTULO IV – HABEAS CORPUS E RECURSO ORDINÁRIO
CONSTITUCIONAL
É o remédio judicial que tem por finalidade evitar ou fazer cessar a violência ou a
coação à liberdade de locomoção decorrente de ilegalidade ou abuso de poder.
B) BASE LEGAL
C) ESPÉCIES
b) Habeas corpus preventivo: Se a violência ou coação em sua liberdade de locomoção ainda não ocorreu,
mas há fortes razões para considerar que está na iminência de se configurar, pode-se impetrar habeas corpus
preventivo, buscando o “salvo-conduto”, mediante ordem impeditiva da coação, conforme prevê o artigo 660,
§ 4º, do CPP.
E) LEGITIMIDADE PASSIVA
92
Ex: imagine-se os inúmeros casos de internação irregular em hospitais psiquiátricos
ou mesmo da vedação de saída a determinados pacientes que não liquidam seus débitos no nosocômio.
Falta justa causa para o inquérito policial quando este investiga fato atípico ou
quando já estiver extinta a punibilidade do indiciado.
b) quando alguém estiver preso por mais tempo do que determina a lei – art. 648, II, do CPP
c) quando quem ordenar a coação não tiver competência para fazê-lo – art. 648, III, do CPP
d) quando houver cessado o motivo que autorizou a coação – art. 648, IV, do CPP
e) quando não for alguém admitido a prestar fiança, nos casos em que a lei a autoriza – art. 648,
V, do CPP
93
93
G) COMPETÊNCIA
O juiz não pode conceder a ordem sobre ato de autoridade judiciária do mesmo
grau.
b) Do Tribunal de Justiça
94
H) JULGAMENTO E EFEITOS
a) a concessão de habeas corpus liberatório implica seja o paciente posto em liberdade, salvo se por outro
motivo deva ser mantido na prisão.
b) se a ordem for concedida para anular o processo, este será renovado a partir do momento em que se
verificou o vício
c) quando a ordem for concedida para trancar inquérito policial ou ação penal, esta impedirá seu curso normal,
isto é, haverá o trancamento do inquérito policial ou ação penal.
e) a decisão favorável do habeas corpus pode ser estendida a outros interessados que se encontrem na
situação idêntica à do paciente beneficiado.
B) Preâmbulo: nome e qualificação do impetrante (qualificar, pois se trata de ação - não inventar dados),
fundamento legal (artigo 5º, inciso LXVIII, da CF/88 e art. 648, inciso ...), nome da peça (Habeas
corpus), apontar a autoridade coatora, frase final (pelas fatos e fundamentos jurídicos a seguir expostos);
C) corpo da peça (Dos fatos e do direito). Abordagem voltada ao constrangimento ilegal à liberdade de
locomoção
D) pedidos: conforme o fundamento invocado: (a) trancamento do inquérito policial; (b) trancamento da ação
penal (se ainda não existir sentença); (c) extinção da punibilidade; (d) nulidade; (e) revogação da preventiva;
(f) relaxamento da prisão em flagrante; (g) liberdade provisória (todos com alvará de soltura)
95
95
01 A) EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR DESEMBARGADOR PRESIDENTE DO EGRÉGIO TRIBUNAL DE
02 JUSTIÇA DO ESTADO (se a autoridade coatora for juiz de direito estadual, por exemplo)
04 TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA .......REGIÃO (se a autoridade coatora for juiz federal, por exemplo)
05
7 a 10 linhas
06
08 Brasil sob o nº...., com endereço profissional...., vem, respeitosamente, à presença de Vossa
09 Excelência impetrar HABEAS CORPUS, com base no artigo artigo 5º, inciso LXVIII, da CF/88,
10 combinado com o artigo 647 e 648, inciso...., do Código de Processo Penal, contra ato do
12 estado civil, profissão, RG..., pelos fatos e fundamentos jurídicos a seguir expostos:
13
14 I) DOS FATOS
15 II) DO DIREITO
19 III) DO PEDIDO
20 Ante o exposto, o impetrante requer a concessão da ordem de habeas corpus, para o fim de
22 * extinção da punibilidade
23 * nulidade
27
28 Local..., data...
29 ADVOGADO...
30 OAB...
96
96
PEÇA RESOLVIDA: HABEAS CORPUS – ADAPTADA DA QUESTÃO 3 – XV EXAME
A Receita Federal identificou que Raquel possivelmente sonegou Imposto sobre a Renda, causando prejuízo
ao erário no valor de R$27.000,00 (vinte e sete mil reais). Foi instaurado, então, procedimento administrativo,
não havendo, até o presente momento, lançamento definitivo do crédito tributário. Ao mesmo tempo, a Receita
Federal expediu ofício informando tais fatos ao Ministério Público Federal, que, considerando a autonomia das
instâncias, ofereceu denúncia em face de Raquel pela prática do crime previsto no Art. 1º, inciso I, da Lei nº
8.137/90. Assustada com a ratificação do recebimento da denúncia após a apresentação de resposta à
acusação pela Defensoria Pública, Raquel contrata Wilson para, na condição de advogado, tomar as medidas
cabíveis. Com base somente nas informações de que dispõe e nas que podem ser inferidas pelo caso concreto
acima, redija a peça cabível, sustentando, para tanto, as teses jurídicas pertinentes.
97
97
01
EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR DESEMBARGADOR FEDERAL PRESIDENTE DO EGRÉGIO
02 TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA ......REGIÃO
03
04 WILSON, nacionalidade, estado civil, advogado inscrito na Ordem dos Advogados do Brasil sob
05 o nº...., com endereço profissional ...., vem, respeitosamente, à presença de Vossa Excelência impetrar
06 HABEAS CORPUS, com pedido liminar, com base no artigo 5º, inciso LXVIII, da CF/88, combinado
07 com os artigos 647 e artigo 648, inciso I, do Código de Processo Penal, contra ato do Juiz
08 Federal da Seção Judiciária de...., em favor de RAQUEL, nacionalidade, estado civil, RG..., CPF..., pelos
10
11 I) DOS FATOS
12 O Ministério Público Federal ofereceu denúncia em face de Raquel pela prática do crime previsto no
15 Defensoria Pública.
16 II) DO DIREITO
17 A paciente foi denunciada pela prática do delito previsto no artigo 1º, inciso I, da Lei nº 8.137/90,
18 sendo o recebimento da denúncia ratificado pela autoridade coatora. Todavia, o fato praticado por Raquel
19 é atípico porque não houve o efetivo lançamento definitivo do crédito tributário, nos termos do que dispõe
21
Assim, não há justa causa para ação penal, pois o fato atribuído à paciente é atípico.
22 Logo, verifica-se flagrante constrangimento ilegal a à liberdade de locomoção de Raquel, razão pela
24 III) DO PEDIDO
28 c) a concessão da ordem de habeas corpus, para o fim de que seja trancada a ação penal, nos termos do
30 Local..., data...
31 ADVOGADO... 98
32 OAB... 98
2) RECURSO ORDINÁRIO CONSTITUCIONAL
2.1) CONCEITO
Trata-se de recurso destinado a impugnar decisão denegatória de mandado de
segurança, mandado de injunção, habeas data e habeas corpus, decididos em única ou última instância,
interposto no STJ ou STF, conforme a matéria e o tribunal que profere a decisão recorrida.
2.3) IDENTIFICAÇÃO
PEÇA:
PALAVRA MÁGICA:
RECURSO ORDINÁRIO
DENEGATÓRIA DE HC
CONSTITUCIONAL
PAROU!
99
99
2.4) CABIMENTO EM MATÉRIA PENAL
A competência para julgar o crime político é da Justiça Federal, nos termos do artigo
109, inciso IV, da CF/88.
Considerando a competência firmada no art. 102, II, “b”, da CF, que não se refere
a decisões de única ou última instância, conclui-se que, tratando-se de crime político, o 2º grau será, sempre,
o STF mediante recurso ordinário.
b) Decisões dos Tribunais de Justiça dos Estados e do Distrito Federal ou dos Tribunais Federais,
que, em única, denegarem a ordem o mandado de segurança (art. 105, II, “b”, da CF)
Trata-se da hipótese de um determinado Tribunal Estadual ou Federal julgar
mandado de segurança ajuizado em caso de sua competência originária e, ao final, denegar a segurança
pleiteada. Nesse caso, cabe recurso ordinário constitucional para o STJ.
2.5) PRAZO E PROCESSAMENTO DO RECURSO ORDINÁRIO
PRAZO
• Regra:
• 05 dias
100
100
Nos termos do artigo 30 da Lei 8.038/90, quando for decisão denegatória de habeas
corpus, o prazo será 05 dias para apresentar a petição de interposição do recurso ordinário constitucional, já
acompanhado das razões, conforme Súmula 319 do STF: “O prazo do recurso ordinário para o STF, em habeas
corpus ou mandado de segurança, é de cinco dias.”
Obs: Na hipótese de recurso ordinário constitucional contra decisão denegatória de mandado de segurança,
o prazo será de 15 dias (art. 33 da Lei 8.038/90).
101
101
A) PEÇA DE INTERPOSIÇÃO
08
09 7 a 10 linhas
10
11 FULANO DE TAL, já qualificado nos autos, por seu procurador infra-assinado, com procuração
13 ORDINÁRIO CONSTITUCIONAL, com base no artigo 102, inciso II, alínea “a”, da CF (se for da
14 competência do STF) ou no artigo 105, inciso II, “a” da Constituição Federal (se for da
15 competência do STJ), combinado com os artigos 30 e 32 da Lei nº 8.038/90, requerendo seja o recurso
16 recebido e processado e, ao final, remetido ao Supremo Tribunal Federal (ou Superior Tribunal de Justiça).
17
18 Nestes termos,
19 Pede Deferimento.
20
21 Local..., data...
22 ADVOGADO...
23 OAB...
102
102
B) RAZÕES DE RECURSO ORDINÁRIO CONSTITUCIONAL
02
05
07 Douta Turma
08 Eminentes Ministros
09
10 I) DOS FATOS
11 II) DO DIREITO
12 * Os fundamentos de mérito invariavelmente guardam relação com as hipóteses do artigo 648 do CPP.
13 III) DO PEDIDO
14 Ante o exposto, requer seja conhecido e provido o presente recurso, para o fim de
15 que seja reformado o acórdão, concedendo-se a ordem de habeas corpus, a fim de que (exemplos...)
17 * extinção da punibilidade
18 * nulidade
22
23 Local..., data...
24 ADVOGADO...
25 OAB...
103
103
FAÇA VOCÊ MESMO!
104
104
CAPÍTULO V - REVISÃO CRIMINAL
1) CONCEITO
É uma ação penal de natureza constitutiva e sui generis, de competência
originária dos tribunais, destinada a rever decisão condenatória, com trânsito em julgado, quando
ocorrer uma das hipóteses do artigo 621 do CPP.
Permite-se, portanto, pela revisão criminal, que o condenado possa pedir a qualquer
tempo aos tribunais, nos casos expressos em lei, que reexamine o processo já findo, a fim de ser absolvido
ou beneficiado de alguma forma.
2) IDENTIFICAÇÃO
PALAVRA MÁGICA:
PEÇA:
SENTENÇA TRANSITADA EM JULGADO/
REVISÃO CRIMINAL
PROCESSO FINDO
PAROU!
3) BASE LEGAL
105
Ex: réu condenado por fato que não constitui crime ou condenação a pena
superior ao limite máximo previsto em lei.
Não basta que seja a prova falha, precária ou insuficiente. Não fundamenta a
revisão, por exemplo, simples falta de fundamentação de laudo pericial.
Com o pedido, o requerente deve apresentar a prova que possua para demonstrar
a falsificação, já que não se permite na revisão a reabertura do processo para a produção de novas provas.
Prova nova é aquela produzida sob o crivo do contraditório, não se admitindo, por
exemplo, depoimentos extrajudiciais. É também aquela que já existia à época da sentença, mas cuja
existência não foi cogitada.
106
106
Surgindo novas provas que indiquem que o condenado deveria ser absolvido, ou de
existirem circunstâncias atenuantes ou causas de diminuição de pena não cogitadas, ou não estarem presentes
circunstâncias agravantes, qualificadoras ou causas de aumento de pena indevidamente reconhecidas, deve
ser deferido o pedido revisional.
Se as provas inéditas, surgidas depois da sentença condenatória definitiva ter sido
proferida, inocentarem o acusado, seja porque negam ser ele o autor, seja porque indicam não ter havido fato
criminoso, é de se acolher a revisão criminal.
Dessa forma observa-se o procedimento previsto no artigo 381 do CPC para a produção probatória,
visto que não há previsão no CPP para tal procedimento.
Há, na hipótese, interesse de agir, pois, além do aspecto moral ínsito à revisão de
uma condenação, pode a decisão condenatória causar gravames ao condenado, não só na esfera civil e
administrativa, como também no campo penal (por exemplo, caracterização da reincidência).
Como demonstra este artigo, trata-se de ação privativa do réu condenado, podendo
ele ser substituído por seu representante legal ou seus sucessores, em rol taxativo – cônjuge, ascendente,
descendente ou irmão. Nucci entende que companheiro(a) também pode.
Portanto, a revisão pode ser pedida pelo próprio réu, independentemente de estar
representado por seu procurador.
A revisão pode ser proposta por procurador legalmente habilitado, não se exigindo
107
107
a outorga ao advogado de poderes especiais.
108
108
9) ESTRUTURA DA REVISÃO CRIMINAL
A) Endereçamento: Tribunal competente – Art. 624
B) Preâmbulo: nome e qualificação do requerente (qualificar, pois se trata de ação - não inventar dados),
capacidade postulatória (por seu procurador infra-assinado), fundamento legal (art. 621, inciso ...), nome
da peça (Revisão Criminal), frase final (pelas fatos e fundamentos jurídicos a seguir expostos);
c) corpo da peça (Dos fatos e do direito). Lembrem-se que se trata de uma ação
d) pedidos: (a) alteração da classificação do crime; (b) absolvição; (c) modificação da pena; (d) nulidade do
processo
Obs: pedido conforme o fundamento invocado (VER ARTIGO 626)
e) parte final (local, data, advogado e OAB)
COMO NÃO SE TRATA DE RECURSO, NÃO HÁ PEÇA DE INTERPOSIÇÃO.
109
109
Endereçamento: Presidente do Tribunal de Justiça ou do TRF
01 A) EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR DESEMBARGADOR PRESIDENTE DO EGRÉGIO
05 7 a 10 linhas
06
08 (não inventar dados),por seu procurador infra-assinado,com procuração em anexo, vem, respeitosamente,
09 a presença de Vossa Excelência propor REVISÃO CRIMINAL, com base no artigo 621, inciso ...., pelos
11
12 I) DOS FATOS
13 II) DO DIREITO32
14 III) DO PEDIDO33
15 Ante o exposto, requer seja julgada procedente a presente ação de revisão criminal, a
16
a fim de que seja:
17 a) Alterada a classificação para o crime , com base no artigo 626 do Código de Processo Penal; e/ou
20 d) modificada a pena, a fim de que (Exs: seja afastada a majorante; reconhecida a causa de diminuição
21 da pena);
22 e) reconhecido o direito do revisando à indenização, nos termos do artigo 630 do Código de Processo
23 Penal.
24
25 Local...e data...
26 ADVOGADO...
27 OAB...
32
Os fundamentos de mérito da revisão criminal encontram-se, invariavelmente, no artigo 621 do CPP.
33
Pedidos podem ser extraídos do artigo 626 do CPP: Alteração da classificação do crime, absolvição, modificação da pena ou nulidade
do processo. 110
110
Questão 02 – XXIV EXAME OAB
No dia 10 de setembro de 2014, Maria conversava na rua com amigas da escola, quando passou pelo local
Túlio, jovem de 19 anos, que ficou interessado em conhecer Maria em razão da beleza desta. Um mês após se
conhecerem e iniciarem um relacionamento, Túlio e Maria passaram a ter relações sexuais, apesar de Maria ter
informado ao namorado que nascera em 09 de julho de 2001. Ao tomar conhecimento dos fatos, o Ministério
Público denunciou Túlio pela prática do crime do Art. 217-A do Código Penal.
Após a instrução e juntada da carteira de identidade de Maria, na qual constava seu nascimento em 09 de julho
de 2001, Túlio foi condenado nos termos da denúncia, tendo ocorrido o trânsito em julgado. Dois anos após a
sentença condenatória, os pais de Maria procuram os familiares de Túlio e narram que se sentiam mal pelo
ocorrido, porque sempre consideraram o condenado um bom namorado para a filha. Afirmaram, ainda, que
autorizavam o namoro, porque, na verdade, consideravam sua filha uma jovem, já que ela nasceu em 09 de
julho de 2000, mas somente foi registrada no ano seguinte, pois tinham o sonho de sua filha ser profissional do
esporte e entenderam que o registro tardio a beneficiaria profissionalmente.
Diante de tais informações, em posse de fotografias que comprovam que Maria, de fato, nasceu em 09 de julho
de 2000 e da retificação no registro civil, os familiares de Túlio procuram você na condição de advogado(a).
Na condição de advogado(a) de Túlio, considerando apenas as informações narradas, responda aos itens a
seguir.
A) Diante do trânsito em julgado da sentença condenatória, existe medida judicial a ser apresentada em favor
de Túlio, diferente de habeas corpus, em busca da desconstituição da sentença? Justifique e indique, em caso
positivo. (Valor: 0,65)
B) Qual argumento de direito material deverá ser apresentado pelo(a) patrono(a) de Túlio em busca da
desconstituição da sentença? Justifique. (Valor: 0,60)
Obs.: o(a) examinando(a) deve fundamentar as respostas. A mera citação do dispositivo legal não confere
pontuação.
111
111
EXERCÍCIOS
(Defensor MG/2009 – adaptada - FUMARC) Pajero Full, um jovem advogado, estava exercendo a função de
advogado, perante a 1ª Vara de Família de Canoas, RS, por ocasião da contestação apresentada em processo
de investigação de paternidade, imputou à genitora do investigante a prática de atos sexuais com diversos
homens, afirmando ainda que aquela se dedicava habitualmente à prostituição.
Pajero Full foi informado por seu cliente das atividades exercidas pela genitora do investigante durante as
entrevistas necessárias para elaboração da defesa técnica por ele exercida.
Sentindo-se difamada e injuriada com as alegações de Pajero Full, profundamente indignada a mãe do
investigante ofereceu queixa-crime contra o advogado. A queixa-crime foi distribuída ao juízo da 2ª Vara
Criminal comum daquela cidade, ao entendimento de que aquela causa é de maior complexidade, considerando
o acervo probatório, fugindo, portanto, da competência do juizado especial.
Desta forma, o Juiz da 2ª Vara Criminal de Canoas, RS, após ter restada inexitosa a conciliação, recebeu a
denúncia e determinou a citação do querelado, que sustentou, em sua defesa preliminar, não ser possível a
existência e a continuidade do processo por lhe faltar um dos pressupostos de constituição e desenvolvimento
regular do feito.
O magistrado responsável pelo julgamento indeferiu o pedido formulado na defesa preliminar, dizendo que
deixa para apreciar todas as questões de fato e de direito por ocasião da sentença final.
Elabore a peça processual cabível contra a decisão do magistrado, apontando todos os argumentos jurídicos
para a modificação da decisão hostilizada.
Questões
Questão 01. A Receita Federal identificou que Raquel possivelmente sonegou Imposto sobre a Renda,
causando prejuízo ao erário no valor de R$27.000,00 (vinte e sete mil reais). Foi instaurado, então,
procedimento administrativo, não havendo, até o presente momento, lançamento definitivo do crédito tributário.
Ao mesmo tempo, a Receita Federal expediu ofício informando tais fatos ao Ministério Público Federal, que,
considerando a autonomia das instâncias, ofereceu denúncia em face de Raquel pela prática do crime previsto
no Art. 1º, inciso I, da Lei nº 8.137/90. Assustada com a ratificação do recebimento da denúncia após a
apresentação de resposta à acusação pela Defensoria Pública, Raquel o procura para, na condição de advogado,
tomar as medidas cabíveis. Diante disso, responda aos itens a seguir.
A) Qual a medida jurídica a ser adotada de imediato para impedir o prosseguimento da ação penal? (Valor:
0,60)
B) Qual a principal tese jurídica a ser apresentada? (Valor: 0,65) O examinando deve fundamentar suas
respostas.
112
Questão 02. (Exame XIV) Cristiano foi denunciado pela prática do delito tipificado no Art. 171, do Código
Penal. No curso da instrução criminal, o magistrado que presidia o feito decretou a prisão preventiva do réu,
com o intuito de garantir a ordem pública, “já que o crime causou grave comoção social, além de tratar-se de
um crime grave, que coloca em risco a integridade social, configurando conduta inadequada ao meio social.” O
advogado de Cristiano, inconformado com a fundamentação da medida constritiva de liberdade, impetrou
Habeas Corpus perante o Tribunal de Justiça, no intuito de relaxar tal prisão, já que a considerava ilegal, tendo
em vista que toda decisão judicial deve estar amparada em uma fundamentação idônea. O Tribunal de Justiça,
por unanimidade, não concedeu a ordem, entendendo que a decisão que decretou a prisão preventiva estava
corretamente fundamentada. De acordo com a jurisprudência atualizada dos Tribunais Superiores, responda
aos itens a seguir.
A) Qual o recurso que o advogado de Cristiano deve manejar visando à reforma do acórdão? (Valor: 0,65)
B) Qual o prazo e para qual Tribunal deverá ser dirigido? (Valor: 0,60)
113
113
Questão 3. Fátima foi vítima de acidente fatal no trânsito, na ocasião Fausto dirigia o seu veículo e deu causa
à morte. Inconsolado com a perda, Carmelo, o viúvo, se comprometeu a buscar a responsabilização do autor
do crime. Durante o processo criminal, que tramitou perante a 1ª Vara Criminal de Florianópolis, em que o
motorista Fausto respondeu em liberdade, não foi possível comprovar qualquer modalidade de culpa por parte
de Fausto, logo a absolvição foi a medida imposta. Após o trânsito em julgado da decisão, Carmelo localizou
uma testemunha presencial do delito, de nome Sabrina, que não tinha mais sido localizada, porém estava
presente no momento do fato, tendo sido inclusive ouvida durante a polícia, mas infelizmente na fase judicial
não foi possível, pois estava residindo no exterior. Sabrina informou que Fausto não estava vindo ao lado da via
que indicou em juízo, que o acidente se deu em virtude dele ter feito uma manobra irregular, tendo assim
surpreendido Fátima que estava no local adequado. Sabrina informa ter guardado por cautela uma foto que
tirou logo após o fato que demonstra a parada inicial do veículo na ocasião do acidente. Diante dos fatos
responda:
- Considerando a prova nova, testemunha ocular, é possível oferecer para Carmelo alguma medida ou ação
criminal? Justifique a sua resposta.
Jurisprudência
HABEAS CORPUS. LATROCÍNIO. SENTENÇA CONDENATÓRIA COM TRÂNSITO EM JULGADO. "ERRO MATERIAL"
EM RELAÇÃO AO REGIME PRISIONAL RECONHECIDO PELO JUÍZO DA EXECUÇÃO. IMPOSSIBILIDADE.
REFORMATIO IN PEJUS. INDEVIDA REVISÃO CRIMINAL PRO SOCIETATE. ORDEM CONCEDIDA. 1. Se é certo
que a fixação do regime inicial aberto para uma condenação por latrocínio (art. 157, § 3º, do Código Penal)
com reprimenda de 18 (dezoito) anos de reclusão, caracteriza evidente "erro material", não menos certo que,
no caso concreto, houve o trânsito em julgado da sentença sem que o órgão acusador opusesse embargos de
declaração ou interpusesse recurso de apelação. Dormientibus non succurrit jus.
2. Tratando-se, com se trata, de Direito Penal adjetivo não se pode falar em correção ex officio de "erro
material", máxime contra o réu. Tal instituto é próprio do Direito Processual Civil (art. 463, I, do CPC).
114
114
3. Na esfera penal prevalece o princípio do non reformatio in pejus que impede o agravamento da situação do
réu sem uma manifestação formal e tempestiva da acusação nesse sentido. Inteligência da Súmula 160/STF.
4. "Trata-se da cabal confirmação do entendimento de que, neste, como noutros temas, o processo penal não
é estruturado por princípios comuns ao processo civil, senão por regras próprias, em razão da prevalência dos
interesses públicos que constituem a substância e o objeto permanente do conflito jurídico típico que se presta
a decidir e, sobretudo, por força do valor supremo do jus libertatis, do qual o processo é concebido e disciplinado
como instrumento de tutela".(STF, HC 83.545/SP, Rel. Ministro CESAR PELUSO, Primeira Turma, DJ 3.6.2006)
5. Nesse viés, seja por nulidade absoluta, seja por "erro material", não se pode agravar (quantitativamente ou
qualitativamente) a situação do réu sem recurso próprio do acusador, sob pena de configurar indevida revisão
criminal pro societate. Precedentes do STJ.
6. Ordem concedida para, reconhecendo o trânsito em julgado da condenação, manter o regime inicial aberto,
como fixado na sentença.
(HC 176.320/AL, Rel. Ministro NAPOLEÃO NUNES MAIA FILHO, Rel. p/ Acórdão Ministro JORGE MUSSI, QUINTA
TURMA, julgado em 17/05/2011, DJe 17/09/2012)
115
115
OAB 2ª FASE
PROCESSO PENAL
PADRÃO DE RESPOSTAS
116
116
CAPÍTULO I – DO PROCEDIMENTO DO TRIBUNAL DO JÚRI
Flávio está altamente sensibilizado com o fato de que sua namorada de infância faleceu. Breno, não mais
aguentando ver Flávio sofrer, passa a incentivar o amigo a dar fim à própria vida, pois, assim, nas palavras de
Breno, ele “novamente estaria junto do seu grande amor.” Diante dos incentivos de Breno, Flávio resolve pular
do seu apartamento, no 4º andar do prédio, mas vem a cair em um canteiro de flores, sofrendo apenas
arranhões leves no braço. Descobertos os fatos, Breno é denunciado pela prática do crime previsto no Art. 122
do Código Penal, na forma consumada, já que ele incentivou Flávio a se suicidar. Recebida a denúncia, o juiz,
perante a Vara Única da Comarca onde os fatos ocorreram, determina que seja observado o procedimento
comum ordinário. Durante a instrução, todos os fatos anteriormente narrados são confirmados. Os autos são
encaminhados para as partes para apresentação de alegações finais. A família de Breno procura você para, na
condição de advogado(a), prestar os esclarecimentos a seguir.
A) O procedimento observado durante a ação penal em desfavor de Breno foi o adequado? Justifique. (Valor:
0,60)
B) Qual o argumento a ser apresentado pela defesa técnica para questionar a capitulação delitiva realizada pelo
Ministério Público? Justifique. (Valor: 0,65)
Obs.: o(a) examinando(a) deve fundamentar suas respostas. A mera citação do dispositivo legal não confere
pontuação.
Gabarito Comentado:
A questão narra que Breno foi denunciado pela prática do crime de instigação, induzimento ou auxílio ao suicídio
consumado, crime este previsto no Art. 122 do CP. Inicialmente, o delito está previsto no rol de crimes contra
a vida, de modo que, em sendo doloso, deve ser julgado pelo Tribunal do Júri.
A)O procedimento observado durante a ação penal em desfavor de Breno não foi adequado, tendo em vista
que consta do enunciado que foi observado o procedimento comum ordinário. Ocorre que, conforme já
destacado, o crime previsto no Art. 122 do CP é crime doloso contra a vida, logo de competência do Tribunal
do Júri, devendo ser observado o procedimento especial previsto nos Artigos 406 e seguintes do CPP. Aplica-
se, ao caso, o Art. 394, § 3º, do CPP e não o Art. 394, § 1º, do mesmo diploma legal.
B)Para questionar a capitulação delitiva realizada pelo Ministério Público, a defesa deveria argumentar que a
conduta de Breno não é punível. Isso porque o Art. 122 do CP somente prevê a punição no caso de o resultado
morte se consumar ou se forem causadas lesões graves. Caso sejam causadas apenas lesões de natureza leve,
ainda que tenha havido instigação ao suicídio, a conduta não será punível por opção do legislador, sequer
havendo que se falar em tentativa na hipótese.
Distribuição de pontos:
ITEM PONTUAÇÃO
A. Não, tendo em vista que deveria ser aplicado ao caso o procedimento dos crimes dolosos 0,00/0,50/
contra a vida OU o procedimento previsto para o Tribunal do Júri (0,50), na forma do Art. 0,60
394, §3º do CPP OU Art. 5º, XXXVIII, “d”, da CRFB/88 OU Art. 74, §1º, do CPP (0,10)
B. O argumento é de atipicidade da conduta OU que a conduta não é punível (0,20), tendo 0,00/0,20/
em vista que o Código Penal somente pune a instigação ao suicídio que gere resultado 0,45/0,65
morte ou lesões corporais graves (0,45).
117
117
QUESTÃO 2 - VI OAB
Hugo é inimigo de longa data de José e há muitos anos deseja matá-lo. Para conseguir seu intento, Hugo induz
o próprio José a matar Luiz, afirmando falsamente que Luiz estava se insinuando para a esposa de José. Ocorre
que Hugo sabia que Luiz é pessoa de pouca paciência e que sempre anda armado. Cego de ódio, José espera
Luiz sair do trabalho e, ao vê-lo, corre em direção dele com um facão em punho, mirando na altura da cabeça.
Luiz, assustado e sem saber o motivo daquela injusta agressão, rapidamente saca sua arma e atira justamente
no coração de José, que morre instantaneamente. Instaurado inquérito policial para apurar as circunstâncias da
morte de José, ao final das investigações, o Ministério Público formou sua opinio no seguinte sentido: Luiz deve
responder pelo excesso doloso em sua conduta, ou seja, deve responder por homicídio doloso; Hugo por sua
vez, deve responder como partícipe de tal homicídio. A denúncia foi oferecida e recebida.
Considerando que você é o advogado de Hugo e Luiz, responda:
a) Qual peça deverá ser oferecida, em que prazo e endereçada a quem? (Valor: 0,3)
b) Qual a tese defensiva aplicável a Luiz? (Valor: 0,5)
c) Qual a tese defensiva aplicável a Hugo? (Valor: 0,45)
Gabarito Comentado:
a) Resposta à acusação, no prazo de 10 dias (art. 406 do CPP), endereçada ao juiz presidente do Tribunal do
Júri.
OU
Habeas Corpus para extinção da ação penal; ação penal autônoma de impugnação que não possui prazo
determinado; endereçado ao Tribunal de Justiça Estadual.
b) A tese defensiva aplicada a Luiz é a da legítima defesa real, instituto previsto no art. 25 do CP, cuja natureza
é de causa excludente de ilicitude. Não houve excesso, pois a conduta de José (que mirava com o facão na
cabeça do Luiz) configurava injusta agressão e claramente atentava contra a vida de Luiz.
c) Hugo não praticou fato típico, pois, de acordo com a Teoria da Acessoriedade Limitada, o partícipe somente
poderá ser punido se o agente praticar conduta típica e ilícita, o que não foi o caso, já que Luiz agiu amparado
por uma causa excludente de ilicitude, qual seja, legítima defesa (art. 25 do CP).
OU
Não havia liame subjetivo entre Hugo e Luiz, requisito essencial ao concurso de pessoas, razão pela qual Hugo
não poderia ser considerado partícipe.
118
118
b) Legítima defesa (0,3). Não houve excesso, pois a conduta de 0 / 0,2 / 0,3 / 0,5
José configurava injusta agressão e atentava contra a vida de Luiz
(OU fundamentação jurídica da legítima defesa) (0,2).
Obs.: A mera indicação de artigo não é pontuada.
c) Não praticou crime (0,2), pois, de acordo com a Teoria da 0 / 0,2 / 0,25 / 0,45
Acessoriedade Limitada, o partícipe somente poderá ser punido se
o agente praticar conduta típica e ilícita, o que não foi o caso, já
que Luiz agiu amparado por uma causa excludente de ilicitude
(0,25).
OU
Não havia liame subjetivo entre Hugo e Luiz (0,2), razão pela qual
Hugo não poderia ser considerado partícipe (0,25).
GABARITO COMENTADO
a) Incompetência do juízo, uma vez que Caio praticou homicídio culposo, pois agiu com culpa consciente, na
medida em que, embora tenha previsto o resultado, acreditou que o evento não fosse ocorrer em razão de sua
perícia.
b) Desclassificação da imputação para homicídio culposo e declínio de competência, conforme previsão do artigo
419 do CPP.
119
119
c) Recurso em sentido estrito, conforme previsão do artigo 581, IV, do CPP. A peça de interposição deveria ser
dirigida ao juiz de direito da vara criminal vinculada ao tribunal do júri, prolator da decisão atacada.
Em relação à correção, levou-se em conta o seguinte critério de pontuação:
Item Pontuação
a) Incompetência do juízo, uma vez que Caio praticou homicídio culposo (0,2), pois agiu com 0 / 0,2 / 0,40
culpa consciente, na medida em que, embora tenha previsto o resultado, acreditou que o
evento não fosse ocorrer em razão de sua perícia (0,2)
b) Desclassificação da imputação para homicídio culposo OU declínio de competência (0,15), 0 / 0,15 / 0,30
conforme previsão do artigo 419 do CPP (0,15).
c) Recurso em sentido estrito (0,15), conforme previsão do artigo 581, IV, do CPP. A peça 0/ 0,15 / 0,30
de interposição deveria ser dirigida ao juiz de direito da vara criminal vinculada ao tribunal
do júri (0,15), prolator da decisão atacada.
GABARITO COMENTADO
A) A decisão dos jurados não foi manifestamente contrária à prova dos autos, tendo em vista que o acusado e
120
120
sua namorada alegaram a existência de legítima defesa. De fato, a namorada da vítima e uma testemunha
afirmaram que esta causa excludente da ilicitude não existiu. Contudo, existem duas versões nos autos, com
provas em ambos os sentidos, logo os jurados são livres para optar por uma delas, de acordo com a íntima
convicção. Não houve arbitrariedade ou total dissociação da prova dos autos, mas apenas escolha de uma das
versões. Assim, a soberania dos vereditos deve prevalecer, não cabendo ao Tribunal fazer nova análise do
mérito, se a decisão não foi manifestamente contrária às provas produzidas.
Não poderá o Tribunal anular o julgamento com base na existência de nulidade ocorrida durante a sessão
plenária. De fato, prevê o Art. 448, inciso IV, do CPP, que estão impedidos de servir no mesmo Conselho os
irmãos. Ocorre que o enunciado 713 da Súmula não vinculante do STF afirma categoricamente que “o efeito
devolutivo da apelação contra decisões do júri é adstrito aos fundamentos de sua interposição”. O Ministério
Público apresentou apelação apenas com fundamento na alínea ‘d’ do Art. 593, inciso III, do Código de Processo
Penal. Assim, está limitado o efeito devolutivo, de modo que o Tribunal somente poderá analisar a existência de
decisão manifestamente contrária à prova dos autos. Decisão em contrário prejudicaria a ampla defesa, pois
eventual nulidade não foi combatida pela defesa em sede de contrarrazões. Poderia, ainda, o candidato basear
sua resposta no enunciado 160 da Súmula do STF, que afirma que é nula a decisão que acolhe, contra réu,
nulidade não arguida pela acusação.
B. Não, pois o Tribunal está limitado ao conteúdo da apelação apresentada pelo Ministério Público, OU Não,
pois decisão em contrário prejudicaria a ampla defesa e/ou contraditório, tendo em vista que não foi rebatido
em contrarrazões (0,55), na forma do enunciado 713 da Súmula não vinculante do STF OU do enunciado 160
da Súmula do STF (0,10).
Questão 01
Cross Fox foi denunciado por homicídio qualificado. Todavia, após a instrução na 1ª fase restou devidamente
comprovada a inexistência da qualificadora, motivo pelo qual o Juiz de Direito afastou a qualificadora
pronunciando o acusado por homicídio simples. Diante da narrativa, é possível que em Plenário o Ministério
Público sustente a incidência da qualificadora, fundamentando na soberania dos vereditos? Justifique a sua
resposta.
121
121
Gabarito Comentado
Não poderá o Ministério Público sustentar a incidência da qualificadora em plenário quando ela for afastada na
pronúncia. Importante registrar que de acordo com o artigo 413, parágrafo 1º, do CPP, a pronúncia firma os
limites da acusação, não podendo a acusação extrapolar os limites ali estabelecidos.
Questão 02
(MP-MS-2011) Tício foi denunciado pela prática de homicídio qualificado pelo motivo torpe (art. 121, § 2º, inc.
I, Código Penal). A denúncia foi recebida e, no decorrer da instrução processual, a defesa requereu exame de
insanidade mental do acusado (art. 149 e seguintes do Código de Processo Penal). Ao final do referido incidente,
restou devidamente comprovado que Tício, ao tempo da ação, em razão de doença mental, era inteiramente
incapaz de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar- se de acordo com esse entendimento. Nos
debates, a defesa apresentou como única tese defensiva a inimputabilidade de Tício. Lastreado em tal premissa,
responda, respectivamente, a seguinte indagação: Qual decisão deverá ser proferida pelo juiz ao final da
primeira fase do procedimento do júri e qual é o recurso cabível? Justifique
Gabarito Comentado
O juiz na 1ª fase deverá absolver sumariamente o acusado, considerando que a única tese defensiva é a
inimputabilidade, nos termos do artigo 415, parágrafo único, do CPP. O recurso cabível nesse caso seria o de
apelação, nos moldes do artigo 416 do CPP.
Questão 03
Andriotti, líder local do Movimento dos Sem Terras, foi pronunciado pela prática de homicídio qualificado tendo
como vítima um Fazendeiro chamado João Netto, o qual era muito conhecido na comunidade por suas
benfeitorias à região. O fato ocorreu no município João Gabriel, local conhecido por constantes conflitos
envolvendo terras. Sabe-se que as pessoas da Comarca repercutem o assunto, sempre se posicionando a
respeito do caso, havendo fundadas suspeitas sobre a imparcialidade do Júri. Desta forma, na condição de
advogado de Andriotti, qual seria a medida adequada para assegurar da melhor maneira os interesses de seu
cliente, considerando que o julgamento foi designado para ocorrer daqui três meses? Justifique a sua resposta.
Gabarito Comentado
A defesa poderá requerer ao Tribunal de Justiça o desaforamento, nos termos do artigo 427 do CPP, que se
trata de um deslocamento da competência territorial, para uma das Comarcas mais próximas.
Questão 04
Carlitos foi denunciado pela prática de homicídio doloso contra sua esposa, Carmela. Todavia, após a prova
produzida nos autos restou comprovado que a causa mortis foi um ataque cardíaco, ou seja, uma causa natural,
122
122
nada tendo haver com Carlitos. Por tal razão, o magistrado da 1ª Vara Criminal absolveu sumariamente o
acusado. A decisão transitou em julgado. Dois meses após, a filha de Carlitos resolve informar o que ouviu uma
conversa de seu pai com um irmão, informando que teria sido o responsável pela morte de Carmela, tendo
ministrado remédio em sua alimentação, gerando a disfunção que ocasionou a sua morte. Diante dos fatos, é
possível reverter essa decisão de absolvição sumária no júri? Justifique.
Gabarito Comentado
A decisão que absolve sumariamente o acusado faz coisa julgada material, não podendo ser modificada ainda
que haja notícias de prova nova. Aliás, não cabe revisão criminal em prol da sociedade.
Questão 05
Durante os debates orais, o Ministério Público proferiu a leitura de trechos da decisão de pronúncia, inclusive
mencionou que se não estivessem presentes os indícios de autoria e materialidade, os réus não teriam sido
submetidos a julgamento popular por ato do Juiz Presidente. Inobstante, a combativa defesa ter requerido o
encerramento do Júri, o que restou consignado em ata, o magistrado determinou a continuidade. Ao final, os
jurados condenaram o acusado. Diante dos dados trazidos na questão, o que poderá ser pleiteado na condição
de advogado de defesa? Justifique e indique o recurso e a base legal que respaldam a sua resposta.
Gabarito Comentado
Deverá ser arguida a nulidade do julgamento, em razão da afronta ao artigo 478 do CPP. No caso houve menção
aos termos da pronúncia com argumentos de autoridade, informando por exemplo que o Juiz Presidente
reconheceu os indícios de autoria e a materialidade. Tais argumentos podem ser decisivos para o jurado,
portanto o reconhecimento da nulidade se impõe. O recurso adequado para essa impugnação seria o de
apelação, nos termos do artigo 593, III, alínea a, do CPP.
123
123
CAPÍTULO III – RECURSOS
John, primário e de bons antecedentes, foi denunciado pela prática do crime de tráfico de drogas. Após a
instrução, inclusive com realização do interrogatório, ocasião em que o acusado confessou os fatos, John foi
condenado, na forma do Art. 33, § 4º, da Lei nº 11.343/06, à pena de 1 ano e 08 meses de reclusão, a ser
cumprido em regime inicial aberto. O advogado de John interpôs o recurso cabível da sentença condenatória.
Em julgamento pela Câmara Criminal do Tribunal de Justiça, a sentença foi integralmente mantida por maioria
de votos. O Desembargador revisor, por sua vez, votou no sentido de manter a pena de 01 ano e 08 meses
de reclusão, assim como o regime, mas foi favorável à substituição da pena privativa de liberdade por duas
restritivas de direitos, no que restou vencido. O advogado de John é intimado do acórdão. Considerando a
situação narrada, responda aos itens a seguir. A) Qual medida processual, diferente de habeas corpus, deverá
ser formulada pelo advogado de John para combater a decisão da Câmara Criminal do Tribunal de Justiça?
(Valor: 0,65) B) Qual fundamento de direito material deverá ser apresentado para fazer prevalecer o voto
vencido? (Valor: 0,60) Obs.: o examinando deve fundamentar suas respostas. A mera citação do dispositivo
legal não confere pontuação.
GABARITO COMENTADO
A) A medida processual a ser adotada pelo advogado de John é a interposição de recurso de Embargos
Infringentes, na forma do Art. 609, parágrafo único, do CPP, considerando que a decisão proferida em sede
de Apelação não foi, em relação à substituição da pena, unânime.
B) Para fazer prevalecer o voto vencido, deverá o examinando demonstrar a possibilidade de ser substituída
a pena privativa de liberdade por restritiva de direitos, tendo em vista que foi reconhecido que o acusado é
primário, de bons antecedentes e que não se dedica ao crime e nem integra organização criminosa. Em que
pese o Art. 33, § 4º, da Lei nº 11.343/06, vedar a substituição da pena privativa de liberdade por restritiva de
direitos, o Supremo Tribunal Federal, em sede de controle difuso de inconstitucionalidade, entendeu que tal
vedação viola o princípio da individualização da pena. Ademais, diante dessa decisão o Senado Federal editou
a Resolução nº 05, suspendendo a eficácia da parte da redação do Art. 33, § 4º, da Lei nº 11.343/06, que
veda a substituição.
124
3) AGRAVO EM EXECUÇÃO
Gabarito Comentado
O examinando deve redigir, na condição de advogado, recurso de Agravo em Execução, com fundamento no
Art. 197 da Lei nº 7.210/84 – Lei de Execução Penal (LEP). Isso porque, nos termos do dispositivo mencionado,
das decisões proferidas pelo magistrado em sede de Execução Penal, sempre caberá recurso de agravo, sem 125
125
efeito suspensivo. No caso, claro está que a decisão a ser combatida foi proferida pelo juiz em atuação na
Vara de Execuções Penais de Belo Horizonte/MG, de fato em sede de execução, já que o requerimento
formulado era de progressão de regime. Apesar de o Art. 197 da LEP trazer a previsão de que o recurso cabível
é o de Agravo, não estabelece a Lei nº 7.210/84 qual seria o procedimento a ser seguido, de modo que a
doutrina e a jurisprudência pacificaram o entendimento de que seria o mesmo do Recurso em Sentido Estrito.
Diante disso, primeiramente deveria o examinando apresentar petição de interposição, direcionada ao Juízo
da Vara de Execução Penal da Comarca de Belo Horizonte/MG, com formulação de pedido de retratação por
parte do juízo a quo, na forma do Art. 589 do CPP, por analogia. Em caso de não acolhimento, deve haver
requerimento de encaminhamento do feito para instância superior, com as respectivas razões recursais. Após,
o examinando deveria apresentar Razões do Recurso, direcionadas ao Tribunal de Justiça do Estado de Minas
Gerais, com a fundamentação necessária para rebater a decisão do magistrado de primeira instância. Lucas
foi condenado pela prática de crime de associação para o tráfico, delito este previsto no Art. 35 da Lei nº
11.343/06, a pena de 06 anos de reclusão em regime inicial semiaberto, destacando o magistrado do
conhecimento que o delito não teria natureza hedionda. Após cumprimento de 1/6 da pena, não havendo
notícia de não atendimento aos requisitos subjetivos, já que não sofreu qualquer sanção disciplinar, faria jus
o apenado à progressão para o regime aberto. O advogado de Lucas deveria combater todos os fundamentos
apresentados pelo magistrado para indeferir o requerimento de progressão de regime. A priori deveria ser
destacado que o delito praticado por Lucas não tem natureza de crime hediondo. Em que pese a Constituição
e a Lei nº 8.072/90 (Lei de Crimes Hediondos) tenham equiparado o crime de tráfico, tortura e terrorismo aos
crimes hediondos, o mesmo não o fez em relação ao delito de associação para o tráfico. Da mesma forma, o
rol de delitos de natureza hedionda trazido pelo Art. 1º da Lei 8.072/90 não menciona o crime de associação
para o tráfico. Exatamente em razão disso a jurisprudência, inclusive dos Tribunais Superiores, não considera
o delito previsto no Art. 35 da Lei nº 11.343/06 como de natureza hedionda ou equiparado. Ademais, o próprio
juízo de conhecimento havia decidido que o delito não teria natureza hedionda. Conforme vem sendo
destacado pela jurisprudência, o simples fato de o Art. 44, parágrafo único, da Lei nº 11.343/06 exigir para a
concessão do livramento condicional o cumprimento de mais de 2/3 da pena não tem o condão de transformar
o crime de associação para o tráfico em hediondo, de modo que o livramento exige o cumprimento de 2/3 da
pena, enquanto que para progressão de regime basta o cumprimento de 1/6 da pena aplicada. Além disso,
não há que se falar em reincidência na hipótese, tendo em vista que a condenação pela prática do crime de
ameaça ocorreu após o trânsito em julgado da decisão que condenou Lucas pela prática do crime de associação
para o tráfico. De acordo com o Art. 63 do Código Penal, configura-se a reincidência quando o agente vem a
ser condenado pela prática de crime cometido após condenação anterior, com trânsito em julgado, pela prática
de delito pretérito. Assim, não há que se falar em reincidência na hipótese.
Exatamente em razão da natureza não hedionda do crime e da ausência de reincidência, o requisito objetivo
para Lucas fazer jus à progressão de regime é o cumprimento de 1/6 da pena, período esse já atendido pelo
apenado, que cumpriu em regime semiaberto mais de 01 ano de uma sanção penal de 06 anos. Por fim,
126
deveria o examinando rebater o argumento do magistrado em relação ao requisito subjetivo, que, segundo a
decisão questionada, exigiria a realização de exame criminológico. Desde a Lei nº 10.792/03 que não mais 126
existe obrigatoriedade da realização de exame criminológico para obtenção de progressão de regime, bastando
o atestado de bom comportamento carcerário, comprovado pelo diretor do estabelecimento. Certo é que não
existe vedação à requisição de realização de exame criminológico para análise de eventual progressão de
regime ou livramento condicional. Todavia, a justificativa para tal requerimento deverá ser embasada em
fundamentos sólidos de acordo com o caso concreto, não bastando a mera alegação da gravidade em abstrato
do delito. Assim, a fundamentação utilizada pelo magistrado a quo não foi idônea, nos termos do Enunciado
439 da Súmula de Jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça e do Enunciado 26 da Súmula Vinculante do
Supremo Tribunal Federal (STF). Na conclusão, deveria o examinando apresentar pedido de conhecimento e
provimento do recurso, com requerimento de progressão de regime. Em relação ao prazo, absolutamente
pacificado o entendimento de que seria de 05 dias, na forma do Enunciado 700 da Súmula de Jurisprudência
do STF. Considerando que a intimação ocorreu em 24 de novembro de 2017, sexta-feira, o prazo somente
teve início em 27 de novembro de 2017, findando em 01 de dezembro de 2017. O examinando deveria, ainda,
concluir sua peça com local, data, advogado e número de OAB.
ITEM PONTUAÇÃO
PETIÇÃO DE INTERPOSIÇÃO
1) Endereçamento: Juízo da Vara de Execuções Penais de Belo Horizonte/MG (0,10) 0,00/0,10
2) Fundamento legal: Art. 197 da Lei nº 7.210/84 (0,10) 0,00/0,10
3) Pedido de retratação pelo juízo a quo (0,30) 0,00/0,30
RAZÕES DE RECURSO
4) Endereçamento: Tribunal de Justiça do Estado de Minas Gerais (0,10) 0,00/0,10
5) Possibilidade de concessão de progressão do regime, tendo em vista que a 0,00/0,30
decisão do magistrado foi equivocada (0,30)
6) O crime de associação para o tráfico não pode ser considerado crime hediondo 0,00/0,60
ou equiparado (0,60).
7) O afastamento da hediondez decorre da não previsão do crime de associação no 0,00/0,35
rol trazido pela Lei nº 8.072/90 OU o crime não é hediondo por não se confundir
com crime de tráfico, sendo proibida analogia in malam partem OU em razão de o
próprio magistrado do conhecimento ter afastado a hediondez do delito (0,35)
8) Afastamento do argumento de existência de reincidência (0,60) 0,00/0,60
9) O apenado não é tecnicamente reincidente, tendo em vista que a condenação 0,00/0,25/0,35
pelo crime de ameaça foi posterior à condenação pela prática do crime de
associação OU tendo em vista que a agravante não foi reconhecida na sentença
que transitou em julgado (0,25), em desacordo com o Art. 63 do Código Penal
(0,10)
10) O requisito objetivo para obtenção da progressão de regime é o cumprimento 0,00/0,60
127
de 1/6 da pena, período esse atendido por Lucas (0,60)
127
11) Não existe obrigatoriedade na realização de exame criminológico (0,60). 0,00/0,60
12) A fundamentação apresentada pelo magistrado para exigência do exame 0,00/0,30/0,40
criminológico é insuficiente para a realização do mesmo OU a fundamentação
apresentada pelo magistrado considerou a natureza em abstrato do delito e não
em concreto (0,30), violando os termos da Súmula 439 do STJ OU Súmula
Vinculante 26 do STF (0,10)
13) Pedidos: Conhecimento (0,10) e provimento do recurso OU concessão da 0,00/0,10/0,30/0,40
progressão de regime (0,30)
14) Prazo: 01 de dezembro de 2017 (0,10) 0,00/0,10
15) Fechamento: data, local, assinatura, OAB (0,10) 0,00/0,10
Considerando a situação narrada, na condição de advogado(a) de Gabriel, responda aos itens a seguir.
A) Qual o recurso cabível da decisão do magistrado que revogou o benefício do livramento condicional e
determinou o cumprimento da pena restante quando da obtenção do benefício? É cabível juízo de retratação
em tal modalidade recursal? Justifique. (Valor: 0,65)
B) Qual argumento deverá ser apresentado pela defesa de Gabriel para combater a decisão do magistrado?
Justifique. (Valor: 0,60)
Obs.: o(a) examinando(a) deve fundamentar suas respostas. A mera citação ou transcrição do dispositivo legal
não confere pontuação.
Gabarito comentado
A) Narra o enunciado que Gabriel cumpria pena privativa de liberdade pela prática de crime de porte de arma
de fogo, quando obteve livramento condicional. No curso do livramento condicional, todavia, vem a ser
condenado pela prática de crime de roubo, tendo o magistrado da execução decidido pela revogação do
benefício e também por desconsiderar o período de pena cumprido em livramento. Da decisão proferida pelo
juízo da execução cabe Agravo em Execução, na forma do Art. 197 da Lei de Execuções Penais, com prazo de
interposição de 05 dias. Não há previsão expressa em lei sobre o procedimento a ser adotado no recurso de
agravo, de modo que pacificou a doutrina e a jurisprudência que o processamento a ser adotado é semelhante
ao do recurso em sentido estrito. Diante disso, cabível o juízo de retratação pelo magistrado competente para
execução.
B) O argumento a ser apresentado pela defesa de Gabriel é que não poderiam ter sido desconsiderados os
dias de livramento condicional como pena cumprida. De fato, Gabriel foi condenado, definitivamente, pela
prática de crime no curso do livramento condicional, logo cabível a revogação do benefício. Trata-se, inclusive,
de hipótese de revogação obrigatória. Ocorre que a condenação que justificou a revogação foi em razão da
prática de delito anterior à obtenção do benefício, e não de novo crime praticado no curso do livramento.
Dessa forma, as condições do livramento condicional vinham sendo regularmente cumpridas pelo apenado,
de modo que os dias em que ficou em livramento deverão ser computados como pena cumprida e não
desconsiderados. Assim, errou o magistrado ao afirmar que deveria Gabriel cumprir 01 ano e 06 meses de
pena, desconsiderando os 06 meses cumpridos de livramento. Nos termos do aqui exposto estão as previsões
dos Art. 86 e do Art. 88, ambos do Código Penal, além do Art. 141 da Lei 7.210/84. 128
128
DISTRIBUIÇÃO DOS PONTOS PONTUAÇÃO
A. O recurso cabível da decisão é de Agravo de Execução, (0,40) na 0,00/0,15/0,25/0,40/0,50/0,55/0,65
forma do Art. 197 da LEP (0,10), cabendo ao magistrado exercer juízo
de retratação em razão da aplicação, no recurso de agravo, do rito
previsto para o recurso em sentido estrito (0,15)
129
129
DISTRIBUIÇÃO DOS PONTOS PONTUAÇÃO
A. A medida processual a ser apresentada é o Agravo OU Agravo de 0,00/0,50/0,60
Execução OU Agravo em Execução (0,50), na forma do Art. 197 da Lei
nº 7.210/84 (0,10).
130
130
QUESTÃO 2 - XVI EXAME
No dia 03/05/2008, Luan foi condenado à pena privativa de liberdade de 12 anos de reclusão pela prática dos
crimes previstos nos artigos 213 e 214 do Código Penal, na forma do Art. 69 do mesmo diploma legal, pois, no
dia 11/07/2007, por volta das 19h, constrangeu Carla, mediante grave ameaça, a com ele praticar conjunção
carnal e ato libidinoso diverso. Ainda cumprindo pena em razão dessa sentença condenatória, Luan, conversando
com outro preso, veio a saber que ele havia sido condenado por fatos extremamente semelhantes a uma pena
de 07 anos de reclusão. Luan, então, pergunta o nome do advogado do colega de cela, que lhe fornece a
informação. Luan entra em contato pelo telefone indicado e pergunta se algo pode ser feito para reduzir sua
pena, apesar de sua decisão ter transitado em julgado. Diante dessa situação, responda aos itens a seguir.
A) Qual a tese de direito material que poderia ser suscitada pelo novo advogado em favor de Luan? (Valor:
0,65)
B) A pretensão deverá ser manejada perante qual órgão? (Valor: 0,60)
Sua resposta deve ser fundamentada. A simples citação do dispositivo legal não será pontuada.
GABARITO COMENTADO
A) Luan foi condenado pela prática de crimes de estupro e atentado violento ao pudor em concurso material. O
entendimento que prevalecia antes da edição da Lei nº 12.015 era a da impossibilidade de aplicação da
continuidade delitiva entre essas duas infrações, pois não seriam crimes da mesma espécie. Ocorre que, com a
inovação legislativa ocorrida no ano de 2009, a conduta antes prevista no Art. 214 do Código Penal passou a
ser englobada pela figura típica do Art. 213 do CP. Apesar de não ter havido abolitio criminis, certo é que a lei
é mais benéfica. Sendo assim, poderá retroagir para atingir situações anteriores e caberá a redução de pena de
Luan. A jurisprudência amplamente majoritária entende que, de acordo com a nova redação, o Art. 213 do CP
passou a prever um tipo misto alternativo. Assim, quando praticada conjunção carnal e outro ato libidinoso
diverso em um mesmo contexto e contra a mesma vítima, haveria crime único. Outros, minoritariamente,
entendem que o artigo traz um tipo misto cumulativo, de modo que ainda seria possível punir o agente que
pratica conjunção carnal e outro ato libidinoso diverso por dois crimes. De qualquer forma, mesmo para essa
segunda corrente, caberia a redução de pena de Luan, pois agora seria possível a aplicação da continuidade
delitiva, já que os crimes são de mesma espécie. O examinando poderá adotar qualquer uma das duas correntes,
desde que assegure a aplicação da nova lei mais benéfica para Luan.
B) O órgão competente perante o qual deverá ser formulado o pedido de aplicação da lei mais benigna e,
consequentemente, da redução da pena é o juízo da Vara de Execuções Penais, considerando que já ocorreu o
trânsito em julgado da sentença condenatória, na forma da Súmula 611 do STF ou do Art. 66, inciso I, da LEP.
DISTRIBUIÇÃO DOS PONTOS PONTUAÇÃO
A) A tese adequada é a da aplicação da lei mais 0,00/0,10/0,25/0,30/0,35/0,40/0,55/0,65
benéfica ao condenado, que importará na redução
da sua pena, (0,30) tendo em vista que a alteração
legislativa transformou o tipo penal do estupro em
misto alternativo, portanto crime único OU tendo em
vista que a alteração legislativa transformou o tipo
penal do estupro em misto cumulativo, sujeito à
aplicação da continuidade delitiva (0,25) o que
permite sua aplicação para fatos praticados antes de
sua entrada em vigor, ainda que a decisão seja
definitiva (0,10).
0,00 /0,10/0,50/0,60
B) O pedido deverá ser formulado perante a Vara de
Execuções Penais, pois existe decisão com trânsito
em julgado (0,50), na forma da Súmula 611 do STF
OU do Art. 66, inciso I, da LEP (0,10).
Obs.: a mera citação do dispositivo legal não será
pontuada. 131
131
QUESTÃO 02 - XIV EXAME
Mário foi condenado a 24 (vinte e quatro) anos de reclusão no regime inicialmente fechado, com trânsito em
julgado no dia 20/04/2005, pela prática de latrocínio (artigo 157, § 3º, parte final, do Código Penal). Iniciou a
execução da pena no dia seguinte. No dia 22/04/2009, seu advogado, devidamente constituído nos autos da
execução penal, ingressou com pedido de progressão de regime, com fulcro no artigo 112 da Lei de Execuções
Penais. O juiz indeferiu o pedido com base no artigo 2º, § 2º, da Lei 8.072/90, argumentando que o condenado
não preencheu o requisito objetivo para a progressão de regime.
Como advogado de Mário, responda, de forma fundamentada e de acordo com o entendimento sumulado dos
Tribunais Superiores, aos itens a seguir:
A) Excetuando-se a possibilidade de Habeas Corpus, qual recurso deve ser interposto pelo
advogado de Mário e qual o respectivo fundamento legal? (Valor: 0,40)
B) Qual a principal tese defensiva? (Valor: 0,85)
Obs.: o examinando deve fundamentar corretamente sua resposta. A simples menção ou transcrição do
dispositivo legal não pontua.
GABARITO COMENTADO
A questão objetiva extrair do examinando conhecimento acerca da lei penal no tempo (regramento legal e
entendimento jurisprudencial), bem como da execução penal.
Nesse sentido, relativamente à alternativa “A”, o examinando deve indicar que o recurso a ser interposto é o
agravo, previsto no artigo 197 da LEP.
Tendo em conta a própria natureza do Exame de Ordem, a mera indicação do dispositivo legal não será
pontuada. No que tange ao item “B”, por sua vez, a resposta deve ser lastreada no sentido de que, de acordo
com os verbetes 26 da súmula vinculante do STF e 471 da súmula do STJ, Mário, por ter cometido o crime
hediondo antes da Lei 11.464/2007, não se sujeita ao artigo 2º, § 2º, da Lei 8.072/90, por se tratar de novatio
legis in pejus, devendo ocorrer sua progressão de regime com base no artigo 112 da Lei de Execuções Penais,
observando o quantum de 1/6 de cumprimento de pena.
Cabe destacar que tal entendimento surgiu do combate ao artigo 2º, § 2º, da Lei 8.072/90, que previa o
cumprimento de pena no regime integralmente fechado para os crimes hediondos ou equiparados. Após longo
debate nos Tribunais Superiores, reconheceu-se a inconstitucionalidade da previsão legal, por violação ao
princípio da individualização da pena, culminando na progressão de regime com o quorum até então existente,
qual seja, 1/6 com base no artigo 112 da LEP.
O legislador pátrio, após o panorama jurisprudencial construído, alterou a redação do artigo 2º, § 2º, da Lei
8.072/90, autorizando a progressão de regime de forma mais gravosa para aqueles que cometeram crimes
hediondos, por meio do cumprimento de 2/5 para os réus primários e 3/5 para os reincidentes.
No entanto, a nova redação conferida ao artigo 2º, § 2º, da Lei 8.072/90, por meio da Lei 11.464/2007, externa-
se de forma prejudicial àqueles que cometeram crimes hediondos em data anterior a sua publicação, tendo em
vista que os Tribunais Superiores autorizavam a sua progressão com o cumprimento de 1/6 da pena.
Diante dessa construção jurisprudencial, os Tribunais Superiores pacificaram o entendimento por meio dos
verbetes 26 da súmula vinculante do STF e 471 da súmula do STJ.
132
132
B) Mário não se sujeita ao artigo 2º, § 2º, da Lei 8.072/90 por se 0,00 / 0,10 / 0,35 / 0,40 / 0,45 / 0,50
tratar de novatio legis in pejus OU com base na irretroatividade da / 0,75 / 0,85
lei penal mais gravosa o artigo 2º, § 2º, da Lei 8.072/90 não se
aplica a situação de Mário OU a antiga redação do artigo 2º, da Lei
8.072/90 é inconstitucional (0,35), razão pela qual a progressão
deve ocorrer com base no Art. 112 da LEP, observando o quantum
de 1/6 de cumprimento de pena (0,40). / Tal entendimento é
fundamentado nos verbetes 26 da súmula vinculante do STF ou 471
do STJ (0,10).
Obs.: A justificativa é essencial para atribuição de pontos.
133
QUESTÃO 01 - XI EXAME OAB
O Juiz da Vara de Execuções Penais da Comarca “Y” converteu a medida restritiva de direitos (que fora imposta
em substituição à pena privativa de liberdade) em cumprimento de pena privativa de liberdade imposta no
regime inicial aberto, sem fixar quaisquer outras condições.
O Ministério Público, inconformado, interpôs recurso alegando, em síntese, que a decisão do referido Juiz da
Vara de Execuções Penais acarretava o abrandamento da pena, estimulando o descumprimento das penas
alternativas ao cárcere.
O recurso, devidamente contra-arrazoado, foi submetido a julgamento pela Corte Estadual, a qual, de forma
unânime, resolveu lhe dar provimento. A referida Corte fixou como condição especial ao cumprimento de pena
no regime aberto, com base no Art. 115 da LEP, a prestação de serviços à comunidade, o que deveria perdurar
por todo o tempo da pena a ser cumprida no regime menos gravoso. Atento ao caso narrado e considerando
apenas os dados contidos no enunciado, responda fundamentadamente, aos itens a seguir.
A) Qual foi o recurso interposto pelo Ministério Público contra a decisão do Juiz da Vara de Execuções Penais?
(Valor: 0,50)
B) Está correta a decisão da Corte Estadual, levando-se em conta entendimento jurisprudencial sumulado?
(Valor: 0,75)
A simples menção ou transcrição do dispositivo legal não pontua.
Gabarito comentado
A. Agravo em Execução (Art. 197 da LEP).
B. Não, pois de acordo com o verbete 493 da Súmula do STJ, é inadmissível a fixação de pena substitutiva (Art.
44 do CP) como condição especial ao regime aberto.
Ademais, embora ao Juiz seja lícito estabelecer condições especiais para a concessão do regime aberto, em
complementação daquelas previstas na LEP (Art. 115 da LEP), não poderá adotar a esse título nenhum efeito
já classificado como pena substitutiva (Art. 44 do CPB), porque aí ocorreria o indesejável bis in idem, importando
na aplicação de dúplice sanção.
Ademais, o Art. 44 do Código Penal é claro ao afirmar a natureza autônoma das penas restritivas de direitos
que, por sua vez, visam substituir a sanção corporal imposta àqueles condenados por infrações penais mais
leves. Diante do caráter substitutivo das sanções restritivas, vedada está sua cumulatividade com a pena
privativa de liberdade, salvo expressa previsão legal, o que não é o caso.
Precedente: STJ - Habeas Corpus n. 218.352 - SP (2011/0218345-1)
134
134
CAPÍTULO IV
GABARITO COMENTADO
De acordo com a jurisprudência atualizada, tanto do STJ como do STF, bem como com o mandamento descrito
no Art. 105, II, “a”, da Constituição Federal, em Habeas Corpus caberá Recurso Ordinário. O Art. 30, da Lei nº
8.038/90, determina ser de 05 (cinco) dias o prazo para interposição de recurso ordinário contra decisão
denegatória de Habeas Corpus proferida pelos Tribunais dos Estados. No caso narrado no enunciado, o recurso
deve ser dirigido ao Superior Tribunal de Justiça, conforme informa o Art. 105, II, “a”, da Constituição Federal,
já que se trata de decisão proferida pelo Tribunal de Justiça.
135
135
CAPÍTULO V – REVISÃO CRIMINAL
Na condição de advogado(a) de Túlio, considerando apenas as informações narradas, responda aos itens a
seguir.
A) Diante do trânsito em julgado da sentença condenatória, existe medida judicial a ser apresentada em favor
de Túlio, diferente de habeas corpus, em busca da desconstituição da sentença? Justifique e indique, em caso
positivo. (Valor: 0,65)
B) Qual argumento de direito material deverá ser apresentado pelo(a) patrono(a) de Túlio em busca da
desconstituição da sentença? Justifique. (Valor: 0,60)
Obs.: o(a) examinando(a) deve fundamentar as respostas. A mera citação do dispositivo legal não confere
pontuação.
GABARITO COMENTADO
A) Sim, existe. A medida judicial a ser apresentada em favor de Túlio é a ação de impugnação conhecida como
Revisão Criminal, com fundamento no Art. 621, inciso II ou inciso III, do Código de Processo Penal. Isso porque,
após a sentença condenatória com trânsito em julgado, foi verificado que o documento de identificação de
Maria era ideologicamente falso, já que constava data nascimento diferente da real. A mudança na data de
nascimento de Maria altera o fundamento para condenação, tendo em vista que, na realidade, era maior de 14
anos na data dos fatos. O examinando pode, ainda, defender o cabimento do instituto da revisão criminal com
base no surgimento de provas novas, após a sentença, que comprovem a inocência do acusado, quais sejam
as fotografias e declarações dos pais no sentido de que a certidão de nascimento da filha era falsa e que, na
verdade, Maria era maior de 14 anos na data dos fatos.
B) O argumento a ser apresentado é de atipicidade da conduta praticada por Túlio, tendo em vista que Maria
era maior de 14 anos na data dos fatos. O Art. 217-A do Código Penal prevê o crime de estupro de vulnerável,
sendo uma de suas hipóteses quando o agente pratica conjunção carnal ou ato libidinoso diverso com menor
de 14 anos. Mesmo que Túlio acreditasse que Maria era menor de 14 anos, objetivamente ela não o era, uma
vez que nasceu em 09 de julho de 2000. Provado que seu nascimento ocorreu mais de 14 anos antes dos fatos,
necessária a absolvição de Túlio em razão da atipicidade da conduta. Importante destacar que os atos sexuais
praticados foram consentidos por Maria, logo não há que se falar em crime de estupro do Art. 213 do Código
Penal.
(Defensor MG/2009 – adaptada - FUMARC) Pajero Full, um jovem advogado, estava exercendo a função de
advogado, perante a 1ª Vara de Família de Canoas, RS, por ocasião da contestação apresentada em processo
de investigação de paternidade, imputou à genitora do investigante a prática de atos sexuais com diversos
homens, afirmando ainda que aquela se dedicava habitualmente à prostituição.
Pajero Full foi informado por seu cliente das atividades exercidas pela genitora do investigante durante as
entrevistas necessárias para elaboração da defesa técnica por ele exercida.
Sentindo-se difamada e injuriada com as alegações de Pajero Full, profundamente indignada a mãe do
investigante ofereceu queixa-crime contra o advogado. A queixa-crime foi distribuída ao juízo da 2ª Vara
Criminal comum daquela cidade, ao entendimento de que aquela causa é de maior complexidade, considerando
o acervo probatório, fugindo, portanto, da competência do juizado especial.
Desta forma, o Juiz da 2ª Vara Criminal de Canoas, RS, após ter restada inexitosa a conciliação, recebeu a
denúncia e determinou a citação do querelado, que sustentou, em sua defesa preliminar, não ser possível a
existência e a continuidade do processo por lhe faltar um dos pressupostos de constituição e desenvolvimento
regular do feito.
O magistrado responsável pelo julgamento indeferiu o pedido formulado na defesa preliminar, dizendo que
deixa para apreciar todas as questões de fato e de direito por ocasião da sentença final.
Elabore a peça processual cabível contra a decisão do magistrado, apontando todos os argumentos jurídicos
para a modificação da decisão hostilizada.
Gabarito Comentado
A peça a ser elaborada é um Habeas Corpus, para trancamento da ação penal, com base no artigo 648, inciso
I, do CPP e artigo 5º, inciso LXVIII da Constituição Federal.
Tese da atipicidade da conduta considerando o artigo 142 do Código Penal.
Questão 01. A Receita Federal identificou que Raquel possivelmente sonegou Imposto sobre a Renda,
causando prejuízo ao erário no valor de R$27.000,00 (vinte e sete mil reais). Foi instaurado, então,
procedimento administrativo, não havendo, até o presente momento, lançamento definitivo do crédito tributário.
Ao mesmo tempo, a Receita Federal expediu ofício informando tais fatos ao Ministério Público Federal, que,
considerando a autonomia das instâncias, ofereceu denúncia em face de Raquel pela prática do crime previsto
no Art. 1º, inciso I, da Lei nº 8.137/90. Assustada com a ratificação do recebimento da denúncia após a
apresentação de resposta à acusação pela Defensoria Pública, Raquel o procura para, na condição de advogado,
tomar as medidas cabíveis. Diante disso, responda aos itens a seguir.
A) Qual a medida jurídica a ser adotada de imediato para impedir o prosseguimento da ação penal? (Valor:
0,60)
B) Qual a principal tese jurídica a ser apresentada? (Valor: 0,65) O examinando deve fundamentar suas
respostas.
A mera citação do dispositivo legal não confere pontuação.
Gabarito comentado
A) Deve o advogado de Raquel impetrar de imediato habeas corpus visando ao “trancamento” da ação penal,
pois o fato ainda não é típico. B
B) A situação narrada representa constrangimento ilegal a Raquel, pois, de acordo com a Súmula Vinculante
24, não se tipifica crime material contra a ordem tributária antes do lançamento definitivo do tributo. Dessa
forma, vêm entendendo os Tribunais Superiores que, antes do esgotamento da instância administrativa com
lançamento do tributo, não pode ser oferecida denúncia pela prática do crime (Art. 1º, incisos I ao IV, da Lei
nº 8.137).
Questão 02. (Exame XIV) Cristiano foi denunciado pela prática do delito tipificado no Art. 171, do Código
Penal. No curso da instrução criminal, o magistrado que presidia o feito decretou a prisão preventiva do réu,
com o intuito de garantir a ordem pública, “já que o crime causou grave comoção social, além de tratar-se de
um crime grave, que coloca em risco a integridade social, configurando conduta inadequada ao meio social.” O
advogado de Cristiano, inconformado com a fundamentação da medida constritiva de liberdade, impetrou
Habeas Corpus perante o Tribunal de Justiça, no intuito de relaxar tal prisão, já que a considerava ilegal, tendo
em vista que toda decisão judicial deve estar amparada em uma fundamentação idônea. O Tribunal de Justiça,
por unanimidade, não concedeu a ordem, entendendo que a decisão que decretou a prisão preventiva estava
corretamente fundamentada. De acordo com a jurisprudência atualizada dos Tribunais Superiores, responda
aos itens a seguir.
A) Qual o recurso que o advogado de Cristiano deve manejar visando à reforma do acórdão? (Valor: 0,65)
B) Qual o prazo e para qual Tribunal deverá ser dirigido? (Valor: 0,60)
Gabarito comentado
De acordo com a jurisprudência atualizada, tanto do STJ como do STF, bem como com o mandamento descrito
no Art. 105, II, “a”, da Constituição Federal, em Habeas Corpus caberá Recurso Ordinário. O Art. 30, da Lei nº
8.038/90, determina ser de 05 (cinco) dias o prazo para interposição de recurso ordinário contra decisão
denegatória de Habeas Corpus proferida pelos Tribunais dos Estados. No caso narrado no enunciado, o recurso
deve ser dirigido ao Superior Tribunal de Justiça, conforme informa o Art. 105, II, “a”, da Constituição Federal,
já que se trata de decisão proferida pelo Tribunal de Justiça.
Questão 3. Fátima foi vítima de acidente fatal no trânsito, na ocasião Fausto dirigia o seu veículo e deu causa
à morte. Inconsolado com a perda, Carmelo, o viúvo, se comprometeu a buscar a responsabilização do autor
do crime. Durante o processo criminal, que tramitou perante a 1ª Vara Criminal de Florianópolis, em que o
motorista Fausto respondeu em liberdade, não foi possível comprovar qualquer modalidade de culpa por parte
de Fausto, logo a absolvição foi a medida imposta. Após o trânsito em julgado da decisão, Carmelo localizou
uma testemunha presencial do delito, de nome Sabrina, que não tinha mais sido localizada, porém estava
presente no momento do fato, tendo sido inclusive ouvida durante a polícia, mas infelizmente na fase judicial
não foi possível, pois estava residindo no exterior. Sabrina informou que Fausto não estava vindo ao lado da via
que indicou em juízo, que o acidente se deu em virtude dele ter feito uma manobra irregular, tendo assim
surpreendido Fátima que estava no local adequado. Sabrina informa ter guardado por cautela uma foto que
tirou logo após o fato que demonstra a parada inicial do veículo na ocasião do acidente. Diante dos fatos
responda:
- Considerando a prova nova, testemunha ocular, é possível oferecer para Carmelo alguma medida ou ação
criminal? Justifique a sua resposta.
Gabarito comentado
No âmbito criminal não há medida ou ação a ser oferecida a Carmelo, uma vez que não se pode diante de prova
nova desfavorável ao réu relativizar a coisa julgada. Assim sendo, a Revisão Criminal somente poderá ser feita
dos processos com sentença condenatória transitada em julgado, como regra, conforme o artigo 621 do CPP. A
sugestão seria buscar orientação na esfera civil, para fins de eventual responsabilização.