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Painel Interativo com casos práticos:

O novo Contador como protagonista de


decisões empresariais "Planejamento
Tributário: Planejar, Executar e Analisar"

Elaborado por:
RODRIGO ALEXANDRE LAZARO PINTO
O conteúdo desta apostila é de inteira responsabilidade do
autor(a)
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Painel Interativo com casos práticos: O novo Contador como


protagonista de decisões empresariais "Planejamento Tributário:
Planejar, Executar e Analisar"

1. Introdução

2. Limites de validade

3. Casos práticos

Introdução

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Novo Contador

mgi-jobs-lost-jobs-gained-report-december-6-2017.pdf (mckinsey.com)

Protagonista de Decisões Empresariais:


Ambiente Fiscal

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Progressividade x Regressividade

• Gráficos –IVA X IR Progressivo

Renda
Imposto VAT -
Regressivo
200/ R$ 1.000 = 20%

200/ R$ 10.000 = 2%

Alíquota IR R$ 1.000 R$ 10.000 Renda

IR -
Progressivo
20%

10%

R$ 1.000 R$ 10.000 Renda

INTRODUÇÃO

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OCDE (MÉDIA) - 2017


IRPJ
Outros 9% IRPF
Table of VAT, GST and 1% 24%

sales tax rates Propriedade


Cenário Global 6%

Jurisdiction Standard rate


Contribuições
Argentina 21% Sociais
26% [NOME DA
CATEGORIA]
[PORCENTAGEM]
Brazil IPI: 0%–365%
ICMS: 0%–35%
ISS: 0%–5%
BRASIL - 2015
PIS-PASEP: 0.65%, 1.65%
COFINS: 3%, 7.6% IRPJ
11% IRPF
Outros
7%
1%
Chile 19%
Propriedade
3%
China 17%

Germany 19%

[NOME DA
U.K. 20% Contribuições CATEGORIA]
Sociais [PORCENTAGEM
28% ]

U.S. 0%–7.5%

Fontes: OCDE e Análise da Arrecadação das Receitas Federais

Social Security Tax Rates


Cenário Global

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RESPOSTA?
PLANEJAMENTO TRIBUTÁRIO
Legalidade em matéria tributária

Planejamento tributário: análise de atividades e negócios realizados


pelo contribuinte, quando através deles se encontra uma forma, em
princípio lícita, para pagar menos tributos. (Hugo de Brito Machado) Ex.
“Aquisição” de máquina para o ativo imobilizado.

Planejamento Tributário?! – Empresa com faturamento acima de R$ 78


milhões decide dividir a empresa em duas (cisão) para se enquadrar no
lucro presumido e recolher menos IRPJ, CSLL e PIS/COFINS.

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Planejamento, Execução e Análise

Elisão x Evasão

Elisão: busca evitar a incidência do tributo ANTES


que seja devido. Planejamento tributário lícito.
Amplamente utilizada por grandes corporações
multinacionais.

Evasão: objetivo de evitar o pagamento do tributo


DEPOIS de que já é devido. Também conhecida
como sonegação fiscal.

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Elisão x Evasão

O que temos? Real x Presumido x Simples Nacional

Lucro Real

Base de Cálculo: Lucro Real = Lucro Contábil

Apuração anual (antecipação mensal por estimativa, balanço de suspensão ou redução


e ajuste ao fim do exercício) ou trimestral (recolhimento definitivo).
Aspectos Gerais
Adições ou exclusões

PIS/COFINS não cumulativo – 9,65%


Exemplo

(+) Receita Bruta = 1.000.000


(-) Custo das Mercadorias Vendidas = 600.000
Salários = 100.000
Outros insumos* = 500.000
(-) Contribuição previdenciária (20% sobre a folha de salários) = 20.000
(=) Lucro Contábil/Lucro Real = 380.000

MARGEM – 380.000/1.000.000 = 38%

IRPJ + CSLL = 34% X 380.000 = 129.200


PIS/COFINS = (9,25% X 1.000.000) – (9,25% x 500.000) = 46.250

LUCRO APÓS IMPOSTOS = 204.550

*Creditáveis para fins de PIS/COFINS

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Lucro Presumido

Base de Cálculo: Lucro presumido = presunção de margem de lucro sobre receita bruta, de acordo
com a atividade.

Venda de mercadoria: IRPJ 8% da receita bruta / CSLL 12% da receita bruta


Aspectos Gerais
Prestação de serviços: 32% da receita bruta / CSLL 32% da receita bruta

PIS/COFINS – Cumulativo -3,65%

Exemplo 1 – Venda de Mercadorias

Receita Bruta (Venda de Mercadorias) = 1.000.000


(-) Custo das Mercadorias Vendidas = 600.000
Salários = 100.000
Outros insumos = 500.000
(-) Contribuição previdenciária (20% sobre a folha de salários) = 20.000
(=) Lucro Contábil = 380.000

MARGEM – 380.000/1.000.000 = 38%

IRPJ + CSLL = [25% X (8% X 1.000.000)] + [9% X (12% x 1.000.000)] = 30.800

PIS/COFINS = 3,65% x 1.000.000 = 36.500


LUCRO APÓS IMPOSTOS = 312.700

Lucro Real

Base de Cálculo: Lucro Real = Lucro Contábil

Apuração anual (antecipação mensal por estimativa, balanço de suspensão ou redução e ajuste
ao fim do exercício) ou trimestral (recolhimento definitivo).
Aspectos Gerais
Adições ou exclusões

PIS/COFINS não cumulativo – 9,25%


Exemplo 2 – Prestação de Serviços

Receita Bruta (Prestação de serviços) = 1.000.000


(-) Custo dos Serviços Prestados = 600.000
Salários = 500.000
Outros insumos* = 100.000
(-) Contribuição previdenciária (20% sobre a folha de salários) = 100.000
(=) Lucro Contábil = 300.000

MARGEM – 300.000/1.000.000 = 30%

IRPJ + CSLL = [25% X 300.000)] + [9% X 300.000)] = 102.000

PIS/COFINS = 9,25% x 1.000.000 (-) 9,25% x 100.000 = 83.250

LUCRO APÓS IMPOSTOS = 114.750

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Lucro Presumido

Base de Cálculo: Lucro presumido = presunção de margem de lucro sobre receita bruta, de acordo com a
atividade.

Aspectos Gerais Venda de mercadoria: IRPJ 8% da receita bruta / CSLL 12% da receita bruta
Prestação de serviços: 32% da receita bruta / CSLL 32% da receita bruta

PIS/COFINS – Cumulativo -3,65%


Exemplo 2 – Prestação de Serviços

Receita Bruta (Prestação de serviços) = 1.000.000


(-) Custo dos Serviços Prestados = 600.000
Salários = 500.000
Outros insumos = 100.000
(-) Contribuição previdenciária (20% sobre a folha de salários) = 100.000
(=) Lucro Contábil = 300.000

MARGEM – 300.000/1.000.000 = 30%

IRPJ + CSLL = [25% X (32% X 1.000.000)] + [9% X (32% x 1.000.000)] = 108.800

PIS/COFINS = 3,65% x 1.000.000 = 36.500

LUCRO APÓS IMPOSTOS = 154.700

Lucro Real x Lucro Presumido

Receita bruta = BRL 1.000.000


Comparação Salários = BRL 100.000
Outros Insumos = BRL 500.000

Lucro Real Lucro Presumido

(+) Receita Bruta = 1.000.000 Receita Bruta (Venda de Mercadorias) = 1.000.000


(-) Custo das Mercadorias Vendidas = 600.000 Custo das Mercadorias Vendidas = 600.000
Salários = 100.000 Salários = 100.000
Outros insumos* = 500.000 Outros insumos* = 500.000
(-) Contribuição previdenciária (20% sobre a folha de salários) = 20.000 (-) Contribuição previdenciária (20% sobre a folha de salários) =
(=) Lucro Contábil/Lucro Real = 380.000 20.000
(=) Lucro Contábil = 380.000
MARGEM – 380.000/1.000.000 = 38%
MARGEM – 380.000/1.000.000 = 38%
IRPJ + CSLL = 34% X 380.000 = 129.200
IRPJ + CSLL = [25% X (8% X 1.000.000)] + [9% X (12% x
PIS/COFINS = (9,25% X 1.000.000) – (9,25% x 500.000) = 46.250 1.000.000)] = 30.800

LUCRO APÓS IMPOSTOS = 204.550


PIS/COFINS = 3,65% x 1.000.000 = 36.500

LUCRO APÓS IMPOSTOS = 312.700

*Creditáveis para fins de PIS/COFINS

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Lucro Presumido x SIMPLES


Exemplo 1

Receita bruta (mês) = BRL 100.000


Receita bruta (últimos 12 meses) = BRL 1.000.000
Comparação Salários = 10.000
Outros insumos = BRL 50.000

Lucro Presumido SIMPLES

(+) Receita Bruta (Venda de Mercadorias) = 100.000 (+) Receita Bruta (Venda de Mercadorias) = 100.000
(-) Custo das Mercadorias Vendidas = 60.000 (-) Custo das Mercadorias Vendidas = 60.000
Salários = 10.000 Salários = 10.000
Outros insumos = 50.000 Outros insumos = 50.000
(-) Contribuição previdenciária (20% sobre a folha de salários) = 2.000 (=) Lucro Contábil = 40.000
(=) Lucro Contábil = 38.000

MARGEM – 38.000/100.000 = 38%


MARGEM – 38.000/100.000 = 38%

Receita bruta (últimos 12 meses) = 1.000.000 / Receita bruta


IRPJ + CSLL = [25% X (8% X 100.000)] + [9% X (12% x 100.000)] = 3.080
mês de apuração = 100.000

Alíquota aplicável = (1.000.000 x 10,70%) – 22.500 / 1.000.000


PIS/COFINS = 3,65% x 100.000 = 3.650
= 8,45%
LUCRO APÓS IMPOSTOS = 31.270
Valor a recolher = 100.000 x 8,45% = 8.450
LUCRO APÓS IMPOSTOS = 31.550

Lucro Presumido x SIMPLES


Exemplo 2

Receita bruta (mês) = BRL 100.000


Receita bruta (últimos 12 meses) = BRL 1.000.000
Comparação Salários = 50.000
Outros insumos = BRL 10.000

Lucro Presumido SIMPLES

(+) Receita Bruta (Venda de Mercadorias) = 100.000 (+) Receita Bruta (Venda de Mercadorias) = 100.000
(-) Custo das Mercadorias Vendidas = 60.000 (-) Custo das Mercadorias Vendidas = 60.000
Salários = 50.000 Salários = 50.000
Outros insumos = 10.000 Outros insumos = 10.000
(-) Contribuição previdenciária (20% sobre a folha de salários) = 10.000 (=) Lucro Contábil = 40.000
(=) Lucro Contábil = 30.000

MARGEM – 38.000/100.000 = 38%


MARGEM – 38.000/100.000 = 38%

Receita bruta (últimos 12 meses) = 1.000.000 / Receita bruta mês de


IRPJ + CSLL = [25% X (8% X 100.000)] + [9% X (12% x 100.000)] =
apuração = 100.000
3.080
Alíquota aplicável = (1.000.000 x 10,70%) – 22.500 / 1.000.000 = 8,45%

PIS/COFINS = 3,65% x 100.000 = 3.650


Valor a recolher = 100.000 x 8,45% = 8.450
LUCRO APÓS IMPOSTOS = 23.270 LUCRO APÓS IMPOSTOS = 29.550

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Como combater (I)?

 Estipular em lei que a realização de determinada operação/transação terá efeitos


tributários distintos daqueles decorrentes do ato jurídico formalmente realizado.
 Art. 528 do RIR/18. Presume-se distribuição disfarçada de lucros no
negócio pelo qual a pessoa jurídica:
I – aliena, por valor notoriamente inferior ao de mercado, bem do seu ativo a pessoa
ligada;
II – adquire, por valor notoriamente superior ao de mercado, bem de pessoa ligada;
III – perde, em decorrência do não-exercício de direito à aquisição de bem e em
benefício de pessoa ligada, sinal, depósito em garantia ou importância paga para obter
opção de aquisição;
IV – transfere a pessoa ligada, sem pagamento ou por valor inferior ao de mercado,
direito de preferência à subscrição de valores mobiliários de emissão de companhia;
Origem  Lei - Decreto-Lei nº 1.598, de 1977, art. 60, caput, incisos I ao IV, VI e VII

Como combater (II)?

 Dar poder à autoridade administrativa desconsiderar os atos e negócios jurídicos buscando


combater “...os procedimentos de planejamento tributário praticados com abuso de forma ou de
direito” (norma antielisão).(Art. 116, Parágrafo Único)

 Norma antielisiva – EUA – Section 482 – base legal para a edição das regras de preço de
transferência
 “In any case of two or more organizations, trades, or …..owned or controlled directly or
indirectly by the same interests, the Secretary may distribute, apportion, or allocate
gross income, deductions, credits, or allowances between or among such organizations,
trades, or businesses, if he determines that such distribution, apportionment, or
allocation is necessary in order to prevent evasion of taxes or clearly to reflect the
income of any of such organizations, trades, or businesses”
 Desde The 1921 Tax Revenue Act o Tax Commissioner já tinha o poder de alocar
rendimentos.

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Limite de Validade

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Desqualificação de atos ou negócios


jurídicos – limites
. Simulação absoluta: O agente declara negócio jurídico que não
existiu.
. Dissimulação: O agente declara negócio jurídico que existiu com
a intenção de reduzir o tributo.

A mãe dele
proíbe comer
1)Toque na sala e usar
2) Falta? tablet na
cozinha

Desqualificação de atos ou negócios


jurídicos – limites
• Pró-labore x Dividendos x Juros sobre Capital Próprio
• Absorção de prejuízos à conta de sócio
• Recuperação tributária
• Mudança de produto
• Incentivos fiscais
• Terceirização
• Redução de capital e posterior venda
• ITBI na integralização de capital de imóveis
• Interposição de FIP (postergação de IR)
• “Casa-separa” Obs. É apenas ilustrativo e não representa análise de risco

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Substância no negócio jurídico

Negócio
Pré-fiscalização

Autuação Fiscal
- Contrato social;

Fiscalização
Descrição normativa
- Documentos correta?

- Notas fiscais
Requalificação Qual é a racionalidade
econômica?
(propósito tributário)
Teste de Consistência
(causa real?) É abusivo / ilegal? Propósito negocial

Substância no negócio jurídico


• Ausência de propósito negocial das operações;
• Ausência de fluxo financeiro nas operações de aquisição do investimento;
• Operações de aquisição de investimentos entre partes relacionadas ou
pertencentes a mesmo grupo econômico (“ágio interno”);
• Impossibilidade de Adição, à base de cálculo da CSLL, da despesa com
amortização do ágio (pedido subsidiário).

AMBEV (9101-004.331, 07/08/2019) – CSRF - Edeli Pereira Bessa - Redatora


designada
MULTA QUALIFICADA. ATO SOCIETÁRIO SEM PROPÓSITO NEGOCIAL. ÁGIO
DESPROVIDO DE SUBSTÂNCIA ECONÔMICA. PROCEDÊNCIA. Se os fatos retratados
nos autos deixam fora de dúvida a intenção do contribuinte de, por meio de ato
societário desprovido de propósito negocial, gerar ágio artificial, despido de
substância econômica e, com isso, reduzir a base de incidência de tributos, deve ser
mantida a qualificação da multa aplicada pela Fiscalização.

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CARF

 Falta de uniformidade nas decisões (“aplicação tímida, difusa e


ambígua”):

• Ac. 1302-003.290: "(o) legislador tributário não desconsidera o fato


de o contribuinte buscar uma maneira menos onerosa de
conduzir seus negócios, seja por motivos tributários, societários,
econômicos ou quaisquer outros, desde que o faça licitamente. A
reestruturação societária perpetrada pelo contribuinte, por si só, não
desfigura a operação, notadamente quando a fiscalização não
demonstra a ocorrência dolo, fraude ou simulação".
• Ac. 1302-001.980: “O parágrafo único do art. 116 do CTN é uma
norma de eficácia limitada, pois só adquirirá plena eficácia a partir do
momento em que for publicada a sua lei ordinária integrativa.”

V. Paulo Rosenblatt. Normas Gerais Antielisivas: Um Elemento-Chave de uma Era Pós-BEPS em Risco no Brasil com o Julgamento da ADI n. 2.446/DF pelo STF

Substância no negócio jurídico

• A teoria do propósito negocial não tem amparo no sistema jurídico brasileiro:


Acórdão 1401-002.835, acórdão 1401-002.644 e acórdão: 1301-002.761
PLANEJAMENTO TRIBUTÁRIO. MOTIVO DO NEGÓCIO. CONTEÚDO ECONÔMICO.
PROPÓSITO NEGOCIAL. LICITUDE.
Não existe regra federal ou nacional que considere negócio jurídico inexistente ou sem efeito se o
motivo de sua prática foi apenas economia tributária. Não tem amparo no sistema jurídico a tese
de que negócios motivados por economia fiscal não teriam "conteúdo econômico" ou "propósito
negocial" e poderiam ser desconsiderados pela fiscalização. O lançamento deve ser feito nos
termos da lei.

• Tendência do CARF em aplicar (ainda que não como critério isolado) a


doutrina substantivista - Acórdão 2301 005.933

"Não se faz suficiente a licitude dos atos realizados, tampouco a máxima


argumentativa da liberdade empresarial de auto -organização, para legitimar as
alternativas escolhidas em uma reestruturação societária, pois estas devem estar
providas de causa econômica, de modo que o motivo da reorganização não seja
único ou predominantemente de economizar tributos", afirma, no voto.

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STF: ADIn 2446


ADIn 2446 –
 Autora - CNC
 Relatora – Ministra Carmem Lúcia
 Pedido - “A autora argumenta, basicamente, afrontar essa
norma os princípios constitucionais da legalidade, da estrita
legalidade e da tipicidade no direito tributário, insculpidos
nos arts. 5º, inc. II, 37, e 150, inc. I da Constituição da
República e, ainda, ao princípio da separação dos poderes
previsto em seu art. 2º”
 Princípio da Legalidade x Legalidade Estrita: Para o
contribuinte, tudo que não é proibido é permitido. Já para a
administração pública, tudo que não é permitido é proibido.

STF: ADIn 2446

 Pontos importantes do voto da relatora:


A aplicação do dispositivo depende de lei ordinária (ex. MPs 66/02 e 685/15);
Não afronta os princípios da legalidade, tipicidade e separação dos poderes. Não alterou
os arts. 108 e 110 do CTN;
“A norma não proíbe o contribuinte de buscar, pelas vias legítimas e comportamentos
coerentes com a ordem jurídica, economia fiscal, realizando suas atividades de forma
menos onerosa, e, assim, deixando de pagar tributos quando não configurado fato gerador
cuja ocorrência tenha sido licitamente evitada”.

“De se anotar que elisão fiscal difere da evasão fiscal. Enquanto na primeira há diminuição
lícita dos valores tributários devidos pois o contribuinte evita relação jurídica que faria
nascer obrigação tributária, na segunda, o contribuinte atua de forma a ocultar fato
gerador materializado para omitir-se ao pagamento da obrigação tributária devida. A
despeito dos alegados motivos que resultaram na inclusão do parágrafo único ao art. 116
do CTN, a denominação “norma antielisão” é de ser tida como inapropriada,
cuidando o dispositivo de questão de norma de combate à evasão fiscal”.
32

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STF: ADIn 2446

“Após os votos dos Ministros Cármen Lúcia (Relatora), Marco


Aurélio, Edson Fachin, Alexandre de Moraes e Gilmar Mendes, que
julgavam improcedente o pedido formulado na ação direta, pediu
vista dos autos o Ministro Ricardo Lewandowski. Sessão Virtual de
12.6.2020 a 19.6.2020”.

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Casos Práticos

Substância no negócio jurídico TRF4


APELAÇÃO/REEXAME NECESSÁRIO Nº 5005789-24.2012.4.04.7113/RS

Todeschini
Todeschini

Italinea
Italinea Carraro
Carraro
(adquirida) Criare

Criare

Nicho de mercado similar;


Disputas internas de estratégia de mercado, confusão e desconforto;
processo de cisão parcial mediante versão absorvida por TODESCHINI
Prova pericial 36

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Substância no negócio jurídico

“É interessante ressaltar que o valor do patrimônio líquido deve observar não somente o aspecto contábil, mas também o 'fundamento
econômico', ou seja, o real valor da empresa incorporada perante o mercado, haja vista a possibilidade de a empresa apresentar
patrimônio líquido negativo e mesmo assim possuir valor comercial por razões mercadológicas várias, tais como: perspectiva de
aumento de lucratividade, qualidade dos produtos, aquecimento do mercado de bens onde a empresa atua, etc., fatores estes que foram
analisados pela empresa de auditoria contratada pela autora, no momento em que se interessou pelo negócio, tendo realizado estudo
econômico necessário para pleitear redução do lucro líquido a título de ágio (evento 61 - anexos).
Importa destacar que o disposto no art. 386 do decreto supra aplica-se, inclusive, quando a empresa incorporada, fusionada ou cindida
for aquela que detinha a propriedade da participação societária, para fins de amortização do valor do ágio, ficando claro que a
legislação que autoriza a amortização não distingue o tratamento a ser dado a uma ou outra situação.
Já a prova pericial produzida foi fundamental para a solução do litígio (evento 61). A perita analisou as operações efetuadas pelas
empresas em comento, tendo concluído pela sua regularidade. Senão vejamos.
A perita constatou que a realização do negócio da autora, juntamente com suas empresas controladas, atingiu o mercado consumidor
de todas as classes sociais (evento 61 - laudperi1, fl. 2).
Disse também que a operação está contabilizada e comprovada na contabilidade das empresas, os registros e comprovantes de
pagamentos (evento 61 - laudperi1, fl. 2).
Afirmou que a perícia não verificou irregularidade nos lançamentos contábeis das empresas envolvidas no negócio (evento 61 -
laudperi1, fl. 2).
Em resposta aos quesitos da autora, a perita afirmou que tanto a autora quanto a Italínea e a Carraro possuem contabilidade regular
(evento 61, lauperi2, fl. 01)”

Segregação de atividades

SUBFATURAMENTO NAS OPERAÇÕES COMERCIAIS – INTERDEPENDÊNCIA ENTRE


COMPRADOR E VENDEDOR
Comprovado nos autos, por meio do conjunto probatório trazido pela
fiscalização, que a realidade fática observada é diferente da jurídica, deve-se
concluir que as operações realizadas entre as empresas interdependentes não
tiveram propósito negocial e visaram unicamente uma redução substancial no
pagamento das contribuições sociais incidentes na sistemática monofásica,
Caracterizando-se como um planejamento tributário ilícito. CARF - Acórdão nº
3402004.374 – 4ª Câmara / 2ª Turma Ordinária
A comercial-atacadista exclusiva, interdependente de
uma outra fabricante de produtos sujeitos à incidência
concentrada das Contribuições para o PIS e Cofins, para
que se interponha entre o fabricante-vendedor e o
CNPJ 2
cliente, que se revela desnecessária, prescindível e sem
comprovação de redução de custos e despesas na etapa
de fabricação-venda, com redução artificial da receita
bruta da industrial, mediante a prática de simulação e
subfaturamento, revela planejamento tributário abusivo e CNPJ 1 -
ilícito cuja finalidade é a redução fraudulenta da base de
cálculo dos tributos devidos. Carf 3201-004.699 Fabricante CNPJ 1 – Filial
Comercial
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“Uso de FIP em planejamento fiscal para postergação da tributação de


ganho de capital, analisado no acórdão 2402-006.696 (Mário
Araripe/Salus Fip), identificou-se que a operação de negociação já
havia sido definida pelos titulares das quotas nas empresas alienadas
antes da sua entrega para o FIP, configurando abuso de direito. Na
hipótese o fundamento para a desconsideração foi o art. 116, § único
do CTN e o art. 167 do Código Civil”.
A Ganho tributável na alienação das
sociedades pelo fundo de investimento em
participações (SALUS FIP), posto que este
está sujeito ao diferimento do imposto,
B incidente apenas no momento de
FIP amortização/ liquidação das cotas ou do
CPFL
fundo.
C

Integralização
D

Fonte: Eficiência Probatória e a Atual Jurisprudência do CARF

CSRF (Acórdão 9101-002.953): É legítima a desconsideração de atos ou negócios jurídicos praticados com a
finalidade de dissimular a ocorrência do fato gerador do IRPJ, nos termos do artigo 116, parágrafo único do CTN.
(...) 2 - Em vez de o alienante transferir diretamente o ativo para o adquirente, valeu-se de uma "holding". Ambos,
alienante e adquirente, passam a ser sócios da "holding". O alienante integraliza na "holding" precisamente o ativo
que pretendia alienar. O adquirente integraliza na "holding" precisamente o valor em espécie que iria pagar a
aquisição do ativo. Posteriormente, a alienante retira-se da "holding". Em contrapartida à integralização, é entregue
ao alienante precisamente o valor em espécie que foi integralizado pela adquirente. Enquanto isso, a adquirente
ficou com o ativo que queria comprar. 3 - Afronta à legislação tributária, nos temos dos art. 149, inciso VII do CTN,
art. 44, § 1º da Lei nº 9.430, de 1996 e arts. 71, 72 e 73 da Lei nº 4.502, de 1964. Caracterizada a ocorrência do
dolo (presença dos elementos cognitivo e volitivo) e simulação, ensejando a qualificação da multa de ofício para
150%.
400 Ativos e negócio

200 600 Cisão

A B A B C A C

100 100 100 100 400


B

20
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CARF (1ª Sessão, Acordão 1302-002.853):


Não há vício no procedimento, quando, a despeito
do que preconiza o parágrafo único do artigo 116 do
CTN, o agente autuante desconstitui o planejamento
tributário com base no artigo 149, VII do Código
Tributário Nacional e no artigo 167 do Código Civil. Empreendimento
Locadora Armazém
DESPESAS DE ALUGUEL - CONTRATOS s

RESULTANTES DE OPERAÇÕES DISSIMULADAS. Se o


conjunto de provas reunido pela fiscalização
demonstra que foram simuladas as operações pelos
quais a empresa alienou e subsequentemente
alugou bens que antes integravam o seu ativo Supermercado
permanente, estão sujeitas a glosa fiscal as
importâncias registradas a título de despesas com
aluguel. O mesmo se aplica a novos bens adquiridos
posteriormente e igualmente locados, uma vez
Sócios da família, Local próximo,
comprovado que o real comprador era empresa pessoal compartilhado 41
locatária dos bens. (SN / créditos PIS COFINS)

CARF (2ª Sessão, Acordão 2402-008.110): TERCEIRIZAÇÃO. DISSIMULAÇÃO.


AUSÊNCIA DE PROPÓSITO NEGOCIAL. ABUSO DE FORMAS JURÍDICAS DE
DIREITO PRIVADO. PLANEJAMENTO TRIBUTÁRIO. DESCONSIDERAÇÃO.
Caracterizado o uso abusivo das formas jurídicas de direito privado com o
objetivo de reduzir a incidência de tributos, inclusive de contribuições sociais
previdenciárias, mediante dissimulação com utilização de empresa terceirizada,
optante por regime de tributação favorecido (SIMPLES) e caracterizada a
ausência de propósito negocial, impõe-se a desconsideração do ato ou negócio
jurídico, com espeque no art. 116, parágrafo único, do CTN, c/c o art. 167 da Lei
n. 10.406/2002 (Código Civil).

Fonte: Folha

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CARF (1ª Sessão, Acordão 1302-002.622): Controladora


REDUÇÃO INDEVIDA DE GANHO DE CAPITAL NA
ALIENAÇÃO DE TÍTULOS. CUSTO INFLADO COM
ÁGIO. REAVALIAÇÃO INTERNA DOS ATIVOS.
GLOSA. CABIMENTO As operações societárias
realizada em sequência e em curto espaço de
tempo, entre empresas sob o mesmo controle, Controlada
incluindo a permuta de ativos entre as empresas do
mesmo grupo, com reavaliação dos componentes Ganho de Valor de
patrimoniais de uma delas, entre os quais, os títulos capital Mercado
da Bovespa, seguida de sua imediata absorção pela
empresa reavaliada, mediante a incorporação
reversa da empresa controladora, que recebera os Empresa
ativos reavaliados na permuta revela a intenção de Adquirente
Nacional
manipulação dentro do grupo empresarial
deturpando a real situação econômica e patrimonial
das empresas. O ágio registrado corresponde, de
fato, a mera reavaliação interna de ativos, sendo
correta sua glosa no cálculo do ganho de capital.

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FIM

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