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A IMPORTÃNCIA DO ATENDIMENTO PSICOLÓGICO AOS PROFISSIONAIS DE

ENFERMAGEM NO AMBIENTE HOSPITALAR

Vanessa Moreira de Andrade

Resumo

Este artigo apresenta elementos importantes na área da Psicologia da Saúde e


hospitalar, que podem ser de grande interesse, contribuindo para maior atenção
para estes profissionais que se encontram suscetíveis ao estresse e sobrecarga.
Identificadas as principais causas é possível tentar minimizá-las e procurar
estabelecer um programa voltado para a prevenção destas patologias dentro das
unidades hospitalares, evitando assim o adoecimento destes profissionais, bem
como a compreensão das implicações causadas por este adoecimento, para estes
profissionais e para as instituições.

Palavras chave: psicologia da saúde, psicologia hospitalar, saúde do trabalhador.

Abstract

This article presents important elements in the area of Health and Hospital
Psychology, which can be of great interest, contributing to greater attention for these
professionals who are susceptible to stress and overload. Identified the main causes
it is possible to try to minimize them and to try to establish a program aimed at the
prevention of these pathologies within the hospital units, thus avoiding the sickness
of these professionals, as well as the understanding of the implications caused by
this illness, for these professionals and for the institutions.

Key words: health psychology, hospital psychology, worker health.

Aluna do curso de Psicologia da Universidade Estácio de Sá


INTRODUÇÃO

O trabalho constitui uma das práticas mais importantes da vida do ser


humano, pois, através deste, o homem garante a sua subsistência e a de sua
família. Pelo trabalho, o homem deve garantir também sua satisfação pessoal
advinda da sua realização e pelos resultados que seu esforço permite colher (Mauro
2004).
Ao iniciar a carreira profissional, a maioria dos profissionais de enfermagem não
tem a exatidão dos Riscos Ocupacionais envolvidos no exercício da profissão,
ressalta SILVA (1998). A enfermagem é uma das profissões mais suscetíveis aos
transtornos psíquicos, pelo fato de lidar cotidianamente com a vida, a dor e morte
das pessoas sob seus cuidados e com as cobranças dos seus familiares. Destacam-
se, ainda, outros fatores comumente encontrados, como as condições difíceis de
trabalho e a falta de reconhecimento profissional.
Sabe-se que a depressão é uma das três doenças mais referidas pelos
trabalhadores de enfermagem, para tanto, os responsáveis pelos serviços de saúde
devem identificar este problema precocemente, promover a saúde no trabalho, evitar
desfechos tristes e fatais, bem como a diminuição ou perda da qualidade da
assistência prestada.
Os altos índices de depressão e riscos para o suicídio contrastam com o
trabalho desempenhado pelos profissionais de enfermagem, de quem, geralmente,
espera-se o cuidado, mas que também por outro lado, pode necessitar ser cuidado.
Assim, a questão proposta é melhorar a divulgação do trabalho do psicólogo no
ambiente hospitalar e a melhoria da quebra da resistência de alguns profissionais
que precisam do suporte do psicólogo.
A psicologia sempre esteve presente na enfermagem, pelo fato de ser uma
área que visa essencialmente o cuidado do ser humano nas condições mais frágeis
de sua vida. A execução de suas técnicas como: banho, curativos, alimentação,
administração de medicação entre outras ações não teriam o mesmo resultado se
não houvesse a troca de sentidos, aconselhamentos, orientações e esclarecimentos
quando necessário.
A realidade nos locais de trabalho desses profissionais tem contribuído
grandemente para um grande estresse ocupacional que pode ser definido como um
estado emocional desagradável, com tensão, frustração, aflição, esgotamento

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emocional devido condições do trabalho consideradas ameaçadoras. A falta de
salário, superlotação, redução do quantitativo de profissionais são exemplos de
causas de grande estresse.

A estrutura do hospital e sua forma de organização influenciam muito no


estresse profissional. Os profissionais que ali trabalham percebem que podem
acabar adoecendo pelo estresse constantemente vivenciado, pela insegurança e
insalubridade das atividades desenvolvidas (FERREIRA E MOURA 2012).
A melhor maneira de possibilitar a redução do estresse no trabalho destes
profissionais é tentar estabelecer suas causas e procurar minimizá-las, tornando o
ambiente profissional mais produtivo e menos estressor, possibilitando um ambiente
mais saudável. A base da profissão de um profissional da saúde deve ser a crença
no valor da pessoa através do respeito ao atendimento das necessidades básicas do
paciente e, para tanto, é imprescindível identificar seus problemas tendo amplas e
atualizados conhecimentos fisiopatológicos e psicossociais, sem os quais sua
atuação será desnecessária, e, muitas vezes, prejudicada.
A profissão do psicólogo vem se revelando como uma profissão que amplia
significativamente seu quadro se desenvolvendo de forma crescente no campo da
saúde e procurando ampliar seus limites de atuação nas instituições de saúde. A
Psicologia da Saúde tem se distanciado do modelo tradicional das instituições
médicas, e se aproximado do sujeito como humano e complexo, que necessita ser
olhado e cuidado a partir de diferentes necessidades.
A participação da psicologia como um campo do saber, possibilita a
promoção da interdisciplinaridade no sentido de contribuir para a superação de
diferenças substanciais entre diferentes disciplinas quanto aos critérios de saúde,
ideologia, modelos de ação e objetivos .

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PSICOLOGIA DA SAÚDE
É através do equilíbrio mental e emocional que temos a capacidade de
controlar nossas emoções, tendo como principal objetivo os fatores
comportamentais e sociais de um individuo em seu grupo.
A psicologia da saúde teve início em 1970, de acordo com ALMEIDA E
MALAGRIS (2011), obtendo através de pesquisas uma melhor compreensão da
saúde e doenças, aonde a psicologia da saúde vem crescendo rapidamente.

A Psicologia da Saúde Preocupa-se com questões sobre como levar as


pessoas realizarem comportamentos que promovam a saúde,Estudar de forma
científica as causas e origens de determinadas doenças. Os psicólogos da saúde
estão principalmente interessados nas origens psicológicas, comportamentais e
sociais da doença, assim como, Projetar programas para ajudar essas pessoas a,
administrarem o estresse, e minimizarem essas origens e causas de uma saúde
fraca. Preocupa-se também com aquelas que já estão doentes, em seus esforços
para adaptarem-se a suas doenças ou obedecerem regimes de tratamento difíceis.
as tendências sociais e históricas, criaram a necessidade de um modelo
novo e mais amplo de saúde e de doença, os psicólogos da saúde estando cada vez
mais dispostos a alcançar o êxito diante de tal tendência.

A psicologia da saúde tem como objetivo fazer com que se promovam


novos tipos de projetos de vida para o bem estar do paciente, fazendo parte do
contexto dessa área também analisar e melhorar os sistemas de cuidado,
possibilitando um melhor atendimento, tendo por finalidade a compreensão das
intervenções psicológicas atribuindo na melhoria do tratamento e acompanhamento
da situação do paciente. (ALMEIDA E MALAGRIS, 2011)
A expressão Psicologia da Saúde foi definida por Matarazzo (2010), como a
área disciplinar que diz respeito ao papel da Psicologia como ciência e como
profissão nos domínios da saúde e das medicinas comportamentais.
Segundo Matarazzo (2010), a psicologia da saúde é definida como o
conjunto de contribuições educacionais, científicas e profissionais específicas da
Psicologia, utilizadas para a promoção e manutenção da saúde, prevenção e
tratamento das doenças, identificação da etiologia e diagnósticos relacionados à
saúde, doença e disfunções, para a análise do sistema de atenção à saúde e
formação de políticas de saúde abrangendo diversas áreas como: clínica,

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comunitária e social com a finalidade de contribuir para o bem-estar do indivíduo e
da comunidade.
Diante dessas considerações surge o interesse em desenvolver uma
revisão sobre a produção científica na qual se busca identificar a forma de adoecer
dos profissionais de enfermagem, e também as estratégias utilizadas pelos mesmos
para minimizar o adoecimento no trabalho.
Faz-se necessário conhecer os fatores que influenciam na saúde dos profissionais
de enfermagem no ambiente hospitalar a fim de que não só evite futuros
adoecimentos como também proporcione um melhor atendimento ao paciente.

O estado precário da saúde da população brasileira é um entrave dentro do


saber psicológico, pois exige do profissional uma revisão de seus valores pessoais,
acadêmicos e emocionais. Assim, nessa perspectiva, o contexto hospitalar difere-se
do contexto de aprendizagem e orientação acadêmica, já que se percebe uma
realidade precária nas condições de saúde da população que é alvo constante das
injustiças sociais e aspira por um tratamento hospitalar digno (SALMAN;
PAULASKAS, 2013).

A inserção da Psicologia junto aos hospitais gerais iniciou-se entre os anos


de 1954 e 1957, através da implantação do Serviço de Psicologia no Hospital das
Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (SEBASTIANI,
2000). O trabalho consistia na preparação psicológica de crianças para a realização
de cirurgia do aparelho locomotor, mas constituía-se em uma iniciativa isolada no
cenário nacional. Os movimentos sociais, representados por várias categorias
profissionais e pela comunidade em geral, promoveram uma discussão pública e
democrática nas Conferências Nacionais de Saúde de 1986, 1992 e 1996, bem
como nas Conferências Nacionais de Saúde Mental2 de 1987 e 1992 (CARVALHO
& YAMOTO, 1999), sobre a situação precária da saúde e da rede de assistência no
País. A partir da mobilização política nacional e dessas Conferências, um conjunto
de ações específicas foi implementado pelo governo brasileiro desde a década de
70. Observa-se que a primeira ação referiu-se à discussão sobre a atenção primária
à saúde e à sua implantação no interior do Brasil. A segunda ação foi a criação de
uma rede de assistência interligada, composta por unidades básicas de saúde,

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ambulatórios e hospitais gerais e especializados. A terceira ação consistiu na
criação e implantação de um novo modelo de atenção à saúde, que solidificou
administrativamente e politicamente as ações anteriores e foi denominado de
Sistema Único de Saúde, refletindo a reorganização do sistema de saúde pública
brasileiro (SEIDIL & COSTA, 1999). Essas mudanças no cenário da saúde pública
brasileira culminaram com a ampliação da inserção do psicólogo junto à rede de
assistência básica à saúde e o fortalecimento do trabalho do psicólogo na área da
saúde mental.

"A Psicologia hospitalar é o campo de entendimento e tratamento dos


aspectos psicológicos em torno do adoecimento" – aquele que se "dá quando o
sujeito humano, carregado de subjetividade, esbarra em um "real", de natureza
patológica, denominado "doença"(SIMONETTI, 2004).
Assim, entende-se que a psicologia hospitalar não trata apenas das doenças
com causas psíquicas, mas sim dos aspectos psicológicos de toda e qualquer
doença, uma vez que toda doença encontra-se repleta de subjetividade, e por isso
pode se beneficiar do trabalho da psicologia hospitalar
É certo que a Psicologia, por seu alcance, causa significativo impacto na
vida das pessoas, seja por sua presença ou mesmo por sua ausência.
Notadamente, assim também o é com a área da saúde. E, qualquer abalo na
"normalidade" será significativamente impactante na vida do sujeito e de sua família.
 É fundamental compreender que, para o profissional inserido em contexto
hospitalar, é necessária uma predisposição para a compreensão do homem em sua
totalidade, seu diálogo entre mente e corpo, sua condição biopsicossocial, política, e
espiritual. Assim se implanta a verdadeira abertura ao diálogo interdisciplinar: com a
compreensão das magníficas contribuições dos diversos campos científicos que
objetivam lidar com o ser humano, em seu processo de prevenção e tratemento de
doenças.

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CONTEXTO HISTÓRICO SOBRE DOENÇAS OCUPACIONAIS NA SAÚDE
Desde a antiguidade já se fazia conhecida a relação de exposições
ocupacionais e doenças. As doenças dos trabalhadores foram publicadas pela
primeira vez em 1700 pelo pai da medicina do trabalho, Bernardino Ramazzini, que
descreve, com clareza e perfeição, as doenças relacionadas ao trabalho em sua
obra (Psicologia da Saúde-Uma Abordagem Biopsicossocial). Desde então,
inúmeros estudos foram realizados evidenciando essa relação causal tão expressiva
e ainda hoje pouco valorizada em nosso meio.
Com o aumento do adoecimento dos trabalhadores, em setembro de 1990
criou-se a Lei Federal 8.080, que dispõe sobre as condições de saúde e
funcionamento dos serviços, abordando a Saúde do Trabalhador e suas
competências, destacando as atividades que se destinam, por meio de ações de
vigilância epidemiológica e sanitária, à promoção da saúde dos trabalhadores, bem
como às medidas de recuperação e reabilitação dos indivíduos que estão expostos
as sobrecargas e agravos provenientes das condições de trabalho. Apesar desta lei,
acredita-se que os profissionais de enfermagem que cuidam de outros indivíduos,
que muitas vezes se esquecem de cuidar de si mesmos, têm adoecido pelas
condições e pelos ambientes desfavoráveis para desenvolver as suas atribuições.
De acordo com relatos de profissionais de enfermagem, os riscos
ocupacionais foram classificados em quatro classes por Oliveira (2009): a) risco de
nível laboratorial; b) risco relativo a estresse, depressão e outras doenças
psicológicas; c) riscos químicos e biológicos; riscos relativos a segurança. Observa-
se, assim, nesse sistema de classificação, o nivelamento entre os riscos químicos e
biológicos e a importância do estado psicológico do profissional de saúde.

No contexto geral, as pesquisas desses autores apontam para o descontentamento


dos profissionais de enfermagem, devido às condições insalubres e inseguras do
trabalho no contexto hospitalar e da falta de política de saúde do trabalhador que,
segundo Oliveira (2009), deve fazer parte da política geral de saúde.

Dessa forma, de acordo com a relevância do tema, obrigamo-nos a refletir sobre a


necessidade da obtenção de informações precisas e detalhadas sobre as

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exposições ambientais e ocupacionais dos profissionais de enfermagem, visando um
melhor prognóstico e elaboração de medidas de prevenção.
Se não forem tomadas medidas de intervenção, a tendência é o crescimento
dos riscos ocupacionais no trabalho de enfermagem, afetando suas condições
físicas e emocionais cada vez mais e repercutindo tanto em sua qualidade de vida
quanto na qualidade da assistência prestada

Assim sendo, é fundamental que os profissionais da área de saúde,


incentivem e busquem soluções viáveis para a criação e implantação de ações de
promoção da saúde. Diante dessas considerações surge o interesse em desenvolver
uma revisão sobre a produção científica na qual se busca identificar a forma de
adoecer dos enfermeiros, e também as estratégias utilizadas pelos mesmos para
minimizar o adoecimento no trabalho.
Faz-se necessário conhecer os fatores que influenciam na saúde dos profissionais
de enfermagem no ambiente hospitalar a fim de que não só evite futuros
adoecimentos como também proporcione um melhor atendimento ao paciente.

FATORES DE SOBRECARGA DOS PROFISSIONAIS DE SAÚDE E SUAS


CONSEQÜENCIAS
Os riscos ocupacionais a que se sujeitam uma equipe de enfermagem têm
sido alvo de muitas discussões, tornando-se um tema de suma importância,
considerado como fator garantidor da boa prática profissional e do respeito a vida.
Diversas pesquisas apontam a equipe de enfermagem como uma das principais
vítimas da exposição a riscos químicos, biológicos, ergonômicos e físicos como os
principais riscos ocupacionais.
Este trabalho, torna-se um instrumento informacional, contribuindo para a
atenuação da exposição de profissionais de enfermagem aos inevitáveis riscos a
que a sua própria prática está sujeita.
Os principais métodos de contaminação são: manipulação de objetos,
materiais pérfuro-cortantes, contato com pessoas com doenças transmissíveis,
contato com secreções e fluídos e erros de procedimentos (NUNES, 2009).

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Como também o risco biológico, no contato com sangue e derivados,e o
risco psicológico que está ligado ao desgaste do organismo em consequência das
atividades desenvolvidas.
A profissão de enfermagem está exposto a vários riscos em todos os
momentos. Podemos citar o risco físico através do manuseamento de materiais e
ruídos. A exposição a níveis elevados de ruído por um longo período pode
determinar comprometimentos físicos, mentais e sociais no indivíduo. Entre estas
consequências, a mais definida e quantificada consiste em danos ao sistema
auditivo e insônia (COSTA 1998). Os principais fatores que causam essa
perturbação são as bombas de infusão, ventiladores mecânicos e alarmes.
Devemos considerar os agentes químicos que são largamente utilizados em
hospitais com diversas finalidades, como agentes de limpeza, desinfecção e
esterilização. É empregado também como soluções medicamentosas e ainda ser
utilizados como produtos de manutenção de equipamentos e instalações.

Os riscos ergonômicos e psicossociais também devem ser considerados,


estando relacionada ao esforço físico intenso, levantamento e transporte manual de
peso, exigência de postura inadequada, controle rígido de produtividade, imposição
de ritmos excessivos, trabalho diurno e noturno, jornadas de trabalho prolongadas,
entre outras são causadoras de estresse físicas e psíquicas.

Os sintomas físicos do estresse no trabalho podem aparecer como: enxaquecas,


mialgia, indigestão, insônia, taquicardia, alergias, queda de cabelo, mudanças de
apetite, gastrite,dermatites,esgotamento. Os sintomas psicológicos podem ser
identificados através do isolamento, introspecção, sentimento de perseguição,
desmotivação, perda de memória, apatia, irritabilidade, emotividade, ansiedade,
impotência, além de sintomas importantes como alterações menstruais, baixa
imunidade, paranóia, desconfiança, alienação, uso indevido de medicamentos,
explosão emocional fácil, insegurança inflexibilidade, perda de iniciativa, desatenção
e até mesmo suicídio, de acordo com NASCIMENTO E FERRAZ (2010).
A organização e a estrutura hospitalar são importantes no estresse
profissional, a insegurança e insalubridade das atividades desenvolvidas são fatores
para adoecimento. As exigências para que sejam rápidos e ágeis na tomada de
decisão no atendimento a pacientes graves que não suportam falhas de conduta,

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torna esses momentos de extrema responsabilidade, além de ser necessário lidar
com a dor e sofrimento de familiares de pacientes, causando um grande desgaste
mental.
O fato de ter que conciliar a família e o trabalho é outro fator de causalidade
visto que os profissionais de enfermagem, a maioria mulheres, precisa conciliar suas
vidas como esposas, mães e enfermeiras, e na grande maioria esse gerenciamento
pode não ser benéfico, já que a exigência das escalas inclui feriados, fins de
semana e noite, limitando sua vida social.
Esta imersão do profissional de enfermagem em um ambiente de situações
conflitantes, é a realidade vivida hoje no âmbito hospitalar. As instituições de saúde
devem adotar estratégias de atenção os profissionais e ajudar a combater o estresse
ou preveni-lo, já que conhecem a realidade da vivência profissional do que
realmente são os gatilhos estressores no ambiente de trabalho.
Por isso o trabalho do psicólogo é de extrema importância frente ao
profissional de saúde, estes profissionais precisam estar equilibrados
emocionalmente e psiquicamente para tratar seu paciente, um emocional abalado,
pode conter aspectos para que um procedimento ou atendimento não seja bem
sucedido, por mais que ele esteja preparado para realizá-lo.

A IMPORTÂNCIA DO ATENDIMENTO PSICOLÓGICO AOS


PROFISSIONAIS DE SAÚDE
Torna-se evidente que o aconselhamento psicológico pode trazer muitos
benefícios, especialmente por, promover a saúde mental dos trabalhadores, evitar a
progressão do desequilíbrio psicológico diante da situação de doença, proporcionar
autoconhecimento e melhorar o desempenho profissional e interpessoal.
Segundo Rogers, a compreensão empática, a escuta incondicional positiva e
a congruência, por si só, vão permitir um aumento da auto-estima e da auto-
aceitação, tornando o self, a consciência e pensamentos mais coesos e originando
como consequência uma melhor organização das atividades do ego, o que permite o
funcionário trabalhar, pensar e comportar-se melhor.
A enfermagem é considerada a quarta profissão mais estressante
atualmente. A rotina dos profissionais no hospital é de extrema tensão, muita
correria, horas extensas de trabalho, muitas vezes o profissional passa mais tempo

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no hospital do que com a família ou pessoas queridas, o hospital passa a ser a casa
do profissional.
No entanto a maioria desses profissionais não tem nenhum
acompanhamento terapêutico em seus locais de trabalho. São ofertadas assistência
médica como benefício trabalhista, onde na maioria das vezes o atendimento
psicológico não é incluso ,ou mesmo a falta de tempo disponível para tratamento
são os principais motivos para a ausência de tratamento por parte desses
profissionais.
O atendimento psicológico interno a esses profissionais permite ter o espaço
de serem ouvidas, suas necessidades, medos, tristezas, dificuldades. Permite
descobrir suas limitações, e levantar caminhos para enfrentá-la. Estresse, cargas
horárias excessivas, pressão. O psicólogo pode trabalhar com o alívio dessas
tensões.
Muitos profissionais enfrentam demandas parecidas no contexto hospitalar,
podendo o psicólogo pode propor uma dinâmica de grupo com o objetivo de manter
a equipe mais unida e ajudar nas necessidades juntos. Assim como no suporte a
processos de enfrentamento de outras situações individuais.
Este trabalho, cujo objeto é o profissional de enfermagem, propõe uma
reflexão sobre sua atuação frente aos riscos ocupacionais, sujeitando-se a eles ou
ainda reforçando a sua existência (inevitável, na maioria das vezes) pela prática de
exposição, consciente ou inconsciente, ao próprio risco ocupacional. Como
motivação para a elaboração deste trabalho, pode-se destacar o forte desejo de
elaboração de um instrumento informativo que pudesse atenuar a prática da
exposição aos riscos ocupacionais em enfermagem, proporcionando o retorno de
boa parte da satisfação perdida por estes profissionais.

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ESTRATÉGIAS DE ATENDIMENTO
O Conselho Regional de Enfermagem não possui estratégias de
atendimento psicológico para estes profissionais por estabelecer em seu código de
ética o direito de que a profissão seja exercida livre de qualquer dano físico ou
psicológico, assegurando em seus artigos 1 e 2 o direito de exercer a enfermagem
com liberdade, segurança técnica, científica, ambiental e autonomia, e ser tratado
sem discriminação de qualquer natureza, segundo os princípios e pressupostos
legais, éticos dos direitos humanos.
 Exercer atividades em locais de trabalho livre de riscos e danos e violências
físicas e psicológicas à saúde do trabalhador, em respeito à dignidade humana e à
proteção dos direitos dos profissionais de enfermagem.
De acordo com Nascimento e Ferraz, (2010), existem três tipos de
intervenções no estresse organizacional que podem ser adotados;
A prevenção primária, que promovem ações que reduzem ou eliminam a
fonte de estresse, promovendo um ambiente de trabalho saudável, se fazendo um
levantamento de riscos ocupacionais;
A prevenção secundária que prioriza a conscientização de todos sobre o
estresse proporcionando técnicas para seu controle;
E a prevenção terciária que consiste na reabilitação do profissional
acometido de algum mal devido ao estresse intenso.
Uma das medidas para melhorar as relações interpessoais no ambiente do
trabalho dos enfermeiros é o acesso às tecnologias relacionais. Estas podem ser
promovidas através de diálogo, escuta, vínculo e acolhimento, visto que favorecem a
compreensão do sofrimento, valorização das experiências e atenção às
necessidades das diferentes pessoas envolvidas no processo de trabalho
Com base nessas informações, após a identificação das causas, as
empresas podem adotar uma escuta mais empática, criando medidas que
modifiquem a forma de trabalho dos profissionais para eliminação de tudo o que
pode ser prejudicial.Estratégias podem ser adotadas conforme a necessidade da
demanda, treinamentos e desenvolvimento de competências técnicas, programas de
acompanhamento e orientação, criação de espaços onde os profissionais possam
exteriorizar seus sentimentos pessoais e em equipe em terapia, além de contínua
avaliação de controle de resultados fazendo com que constantemente sejam

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ouvidas e se necessárias readaptadas a alguma nova realidade, mantendo assim a
qualidade de vida no trabalho.

BENEFÍCIOS DO ATENDIMENTO PSICOLÓGICO PARA MELHOR


QUALIDADE DE TRABALHO
É de suma importância aliar a psicologia com a capacitação do profissional
de enfermagem preparando sua estrutura emocional para a vivência de sua
profissão em ambientes de enfermidades, abalo emocional dos pacientes e seus
familiares, sendo necessário um grande equilíbrio para lidar com situações
imprevisíveis no ambiente hospitalar.
O bem-estar psicológico dos funcionários é uma descoberta recente do meio
corporativo. Com este benefício dentro da empresa, o colaborador pode buscar o
atendimento psicológico para falar sobre seus problemas pessoais e de
relacionamento. Além da valorização do bem-estar e da saúde mental, quando se
implementa esse tipo de atendimento clínico na organização, a satisfação dos
funcionários e o clima organizacional só tendem a melhorar.
Ter um espaço para que possam trazer assuntos que os incomoda para
discussão, e dar sugestões para melhora do clima organizacional, permite
identificar de forma mais concreta as prováveis causas de baixa produtividade,
problemas de relacionamento e outros dilemas que podem ter como causa o
próprio ambiente de trabalho, têm como resultado, a valorização profissional, a
redução de conflitos, o aperfeiçoamento da comunicação e aumento da
motivação,da produtividade,qualidade de vida e diminuição de licenças e
afastamentos do trabalho.

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CONCLUSÃO
Fica evidente através do que foi exposto, a necessidade do apoio
psicológico para a prevenção e qualidade de saúde mental na enfermagem.
É necessário considerar a saúde e a qualidade de vida dos profissionais de
enfermagem tendo em vista que a sua prática profissional se dá em realidades
complexas, relações humanas as mais diversas, ter que lidar cotidianamente com
diferentes exigências, defrontando-se com fatores que podem produzir risco para a
depressão e o suicídio, e que contribuem para o adoecimento e comprometem a
realização plena do cuidado. O profissional de enfermagem deve ser compreendido
para além de um trabalhador da saúde, deve ser visto como uma pessoa que
também pode sofrer danos à própria saúde. Desse modo, pretendeu-se chamar a
atenção para a gravidade dos riscos que corre, tanto no seu trabalho quanto na vida
pessoal, em desenvolver transtornos mentais e que, muitas vezes é negligenciado,
inclusive pelos próprios profissionais. Evidências reforçam a necessidade de se
identificar precocemente os fatores de risco para depressão e suicídio nos
trabalhadores desta categoria profissional, além de elementos para que o enfermeiro
possa reconhecê-los e avaliá-los na sua equipe.
Concluímos então que a psicologia é relevante para que possamos ajudar
na resolução dos problemas da nossa equipe, problemas que se possam estar
ocorrendo não só no trabalho, mas também pessoalmente, afinal mesmo que
tenhamos que separar problemas pessoais e do trabalho, na maioria das vezes isso
não é tão simples e acaba afetando muito o processo produtivo. Um enfermeiro que
consegue lidar com estas questões contribui para construção de uma boa equipe de
enfermagem.

Aluna do curso de Psicologia da Universidade Estácio de Sá


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