mantém as plantas forrageiras bem nutridas e aumenta o
MANEJO DE PASTAGENS: retorno econômico é de 150 a 200 kg de N/ha/ano (7,2 a 8
Transformando pasto em Lucro
Manejo de pastagens: Transformando pasto em lucro
Cassiano Eduardo Pinto, Tiago Celso Baldissera, Nilceia
Aparecida R. da Silva, José Luis M. Alves
Estação Experimental de Lages, Telefone: 49 32896400
cassiano@epagri.sc.gov.br,
tiagobaldissera@epagri.sc.gov.br,
nilceiasilva@epagri.sc.gov.br,
josealves@epagri.sc.gov.br
Como o próprio nome sugere, o planejamento
forrageiro é fundamental para que os pecuaristas
obtenham sucesso na produção animal ao longo do ano.
Saber qual a superfície forrageira útil, capacidade de
suporte em função da disponibilidade de pasto levando-se
em conta as exigências nutricionais e o tamanho do
rebanho são fundamentais para a lucratividade da
pecuária de corte e de leite.
Uma pastagem produtiva inicia com um solo
corrigido de forma adequada, desta forma a adubação e a
calagem devem ser conduzidos para elevar os níveis de
fertilidade e propiciar um substrato adequado para
crescimento do pasto. Lembre-se que pastos produtivos
são mais exigentes em fertilidade do solo e condições
ambientais favoráveis.
Como característica, os solos da região são pobres
em nutrientes, ácidos e possuem elementos tóxicos que
atrapalham o desenvolvimento das plantas (Tabela 1). A
médio prazo, a correção do solo deve ser planejada de
maneira a corrigir e manter os níveis de pH (Acidez do solo)
próximos de 5,5 a 6,0, para neutralizar elementos tóxicos
como o alumínio (Al) e o manganês (Mn). Elevar o fósforo
(P) e o potássio (K) para níveis altos.
Este manejo de adubação e calagem ao longo dos
anos deve elevar a soma de bases acima de 65%, para que
o solo fértil possa manter pastos produtivos por mais
tempo nas propriedades.
Adubação nitrogenada (N) aumenta a produção
dos pastos quando os demais elementos estiverem
elevados. O nitrogênio é um elemento fundamental para
as plantas forrageiras atuando no crescimento e
produtividade. Estudos de viabilidade econômica apontam
que a dose de adubo que otimiza o potencial produtivo,
Quando os pastos são rapados ou muito baixos
(Figura A), com uma carga animal excessiva, os animais
sc/ha de uréia). Entretanto se não houver um manejo
adequado do pasto não há retorno econômico em
produção animal. Desta forma, o pecuarista deve ajustar o
manejo ao mesmo tempo que eleva gradualmente a
adubação nitrogenada.
Devemos ter em mente que a folha da planta
forrageira capta a energia do sol para a planta crescer,
manter o pasto produtivo, e ao mesmo tempo esta mesma
folha será consumido pelo animal, fornecendo proteína,
e n e r g i a , v i t a m i n a s e m i n e ra i s , a t e n d e n d o o s
requerimentos nutricionais do rebanho. Desta forma, o
manejo do pasto é fundamental para que os pecuaristas
tenham sucesso na produção animal a base de pasto.
Tabela 1 Evolução da fertilidade de solo com adubação e calagem
orientados de forma adequada durante cinco anos. Estância Schneider,
São José do Cerrito (Agosto/ 2016).
Este aparente dilema deve ser entendido para o
manejo das pastagens de forma a oferecer aos animais
quantidade de forragem adequada que otimize o
desempenho animal conforme o objetivo da propriedade
(exemplo: máximo ganho de peso com acabamento de
carcaça na terminação, natalidades acima de 85% em
rebanhos de cria, desmame de terneiros pesados, entoure
de novilhas aos dois anos, entre outros índices
zootécnicos). Para que ocorra o rebrote de forma
adequada, as plantas necessitam manter um resíduo de
folhas para a fotossíntese, visando suprir energia a planta,
a formação de novas folhas e crescimento vegetal intenso,
visando ao longo do ano mais ciclos de crescimento e
consequentemente mais pastejo.
Pecuaristas devem ter clareza nestes conceitos
para otimizar o potencial produtivo das pastagens, pois o
kg de matéria seca de pasto é a maneira mais barata de
alimentar o rebanho. Uma vez que os custos para a
implantação das pastagens são constantes, a eficiência de
conversão do pasto em produto animal, obtido com o
manejo é a chave da rentabilidade da pecuária de corte.
não são capazes de encher a boca . Nesta situação os
bovinos gastam muito tempo e energia pastejando até
ficarem saciados. Do ponto de vista da planta não há
folhas capazes de captar a luz do sol para o máximo
crescimento vegetal.
Deste modo, o crescimento da pastagem é
limitado, e os animais não tem quantidade de alimento
adequada para os elevados índices produtivos.
Quando os pastos apresentam uma
disponibilidade adequada com ajuste de carga definido
com o proposto abaixo, os animais pastejam de boca cheia
(figura B), otimizando a ingestão de energia, proteína,
minerais, dispendem menos tempo pastejando até encher
o rúmem.
Ao mesmo tempo que as plantas mantém folhas
para o crescimento vegetal intenso, tornando-se mais
produtivas. Os dados de pesquisa de instituições como a
EPAGRI, UFRGS, UFPR e ESALQ mostram que a altura é um
parâmetro de manejo simples e de fácil entendimento
pelos pecuaristas.
Deve ser ofertado aos animais 40% da altura de
entrada do pasto, quando o limite de resíduos de folhas
para a planta é respeitado, há produção maior de pasto,
refletindo em maior desempenho animal como kg de peso
vivo/cabeça, por exemplo. Felizmente estes trabalhos de
pesquisa apontam que quando utilizamos este manejo as
respostas dos animais e das plantas, para maior
produtividade é o mesmo, desde que o manejo adequado
seja respeitado. Isso quer dizer que o nível ideal de manejo
do pasto proporciona melhor desempenho animal, pois há
menor gasto de energia durante o pastejo, que resulta em

*Todas as espécies perenes de verão irão paralisar o crescimento nos períodos frios de outono e inverno, rebrotando na primavera. Leia-se tolerância ao frio
ganho de peso maiores.
Este sistema de manejo privilegia a ótima taxa de
ingestão de forragem pelos animais (removendo 40% da
altura média do piquete Ex. Na pastagem de azevém a altura
de entrada é de 20 cm e a de saída é de 12 cm) como critério
de manejo, ao mesmo tempo que preserva área foliar Governo do Estado de Santa Catarina
residual maior das plantas. Neste manejo rotacionado
Secretaria de Estado da Agricultura e
literalmente o boi é quem manda.
Em sistema contínuo de manejo também é possível Desenvolvimento Rural Empresa de
obter bons resultados, desde que se mantenha altura média Pesquisa Agropecuária e Extensão
dentro de intervalos adequados. No manejo em sistema Rural de Santa Catarina S.A.
contínuo o ideal é retirar ou adicionar animais nas
invernadas a medida que o pasto cresce menos ou mais
intensamente. No sistema contínuo deve se utilizar a altura
média entre a altura de entrada e a altura de saída do
sistema rotatínuo, como exemplo para o azevém, a altura de
utilização é de 14-17 cm (Altura média entre 20 de entrada e
12 de saída).
A Tabela 2 ilustra critérios de entrada e saída dos
piquetes em sistema rotacionado e contínuo para os
principais pastos de nossa região. O entendimento dos

neste caso, como capacidade de perenizar na área e período de produção no ano.

fatores responsáveis pela produção de pasto e desfolha
pelos herbívoros são fundamentais para aumentar a
eficiência dos sistemas produtivos. Custos de implantação
MANEJO DE
do pasto como calcário, adubos, sementes permanecem
constantes, o desafio dos pecuaristas é manejar de forma
PASTAGENS:

++++ Muito Alto, +++ Alto, ++ Médio, + Baixo, NA não se aplica.

adequada para converter pasto em lucro. Diversos
pecuaristas conseguem sucesso quando aplicam estes
Transformando
conceitos, e muitos exemplos de sucesso são de região. Para
saber mais leia O Boi é que manda , especial pastagens.
pasto em Lucro
Revista DBO, novembro de 2013.

Tabela 2- Alturas (cm) de entrada e saída dos animais dos piquetes

para manejo rotacionado e altura de manejo contínuo.

*No manejo contínuo, os animais permanecem na área todo o período, sendo necessário
ajuste de carga para manter as alturas médias conforme descrito na tabela. O ajuste de
carga ocorre com a entrada quando o pasto ultrapassa o a altura máxima e a retirada com
o pasto fica abaixo da altura mínima indicada.