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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS

FACULDADE DE ODONTOLOGIA
DEPARTAMENTO DE ODONTOLOGIA RESTAURADORA

DISCIPLINA DE MATERIAIS DENTÁRIOS II (1° Semestre 2013)

Elastômeros
1 - INTRODUÇÃO

Além dos hidrocolóides em forma de gel, existe um grupo de materiais de moldagem que se assemelham à borracha
conhecidos tecnicamente como elastômeros. Estes materiais são classificados como borrachas sintéticas, e foram
desenvolvidos como cópias das borrachas naturais, quando estas tornaram-se escassas durante a II Guerra Mundial.
Os elastômeros foram desenvolvidos principalmente para aplicações na indústria, mas seu uso na medicina e na
odontologia foi rapidamente realizado e eles agora são largamente usados como materiais de moldagem. Eles
tiveram grande aceitação na odontologia devido ao fato deles oferecerem soluções para os dois problemas
principais associados aos hidrocolóides: pouca resistência e pouca estabilidade dimensional.
Um material elastomérico é um polímero (composto formado por sucessivas aglomerações de grande número de
moléculas fundamentais). Ele deve conter grandes moléculas, com interações fracas entre elas, mas que se
encontram unidas em certos pontos por uma rede tridimensional. A quantidade de ligações determina a rigidez e o
comportamento elástico do material.
Quando distendidas essas cadeias moleculares desenrolam-se. Após a remoção da tensão, elas voltam ao estado
emaranhado anterior.
A especificação atual da ADA considera três tipos de materiais de moldagem elastoméricos. O tipo de classificação
está baseado na relação dos materiais por suas propriedades elásticas e por suas alterações dimensionais, em vez
de sua química. Entretanto, cada tipo está subdividido em quatro classes de viscosidade: (1) material leve; (2)
material médio ou regular; (3) material pesado e (4) massa densa.
Quimicamente, existem quatro tipos de elastômeros usados como materiais de moldagem dentários: os
polissulfetos, as siliconas que polimerizam por condensação, as siliconas que polimerizam por adição, e os
poliéteres.

2 - POLISSULFETO
2.1 - Composição
Esses materiais são geralmente acondicionados em um sistema de duas pastas. Uma delas é a pasta base e a outra é
a pasta catalisadora.
O ingrediente básico da pasta base é o polímero, uma mercaptana ou um polímero de polissulfeto, representada
esquematicamente pela fórmula:

O polímero de polissulfeto tem adicionado à sua composição um agente de carga para propiciar a resistência
necessária, além de um plastificante, que confere uma viscosidade apropriada à pasta. Este conjunto de substâncias
forma a pasta base. A pasta conhecida como catalisadora ou aceleradora contém dióxido de chumbo. Nesta pasta é
usado o mesmo plastificante da pasta base, assim como é usada uma pequena quantidade de carga.
Retardadores são freqüentemente adicionados para controlar a velocidade da reação de endurecimento.
A pasta base geralmente apresenta cor branca, devido à presença de agentes de carga e tem um odor desagradável
causado pela alta concentração de grupamentos mercaptanos, que têm enxofre. A cor da pasta catalisadora é dada
em virtude da natureza dos agentes oxidantes utilizados; materiais que contêm peróxido de chumbo são,
normalmente, marrom escuro. O contraste de cores das duas pastas é um auxiliar no momento da mistura, que
deve ser feita até atingir uma cor homogênea, sem estrias.
Os tubos das pastas apresentam orifícios de diâmetros diferentes. Ao comprimir os tubos e obter comprimentos
iguais das pastas, tem-se uma relação apropriada entre o polímero e o reagente para ligação cruzada.
2.2 - Reação de Presa
A reação de presa inicia-se no começo da mistura e alcança sua velocidade máxima tão logo a espatulação se
complete, neste estágio, uma rede resiliente começa a se formar. Durante a presa final, um material com
elasticidade e resistência adequadas é formado e pode ser removido prontamente de áreas retentivas.
Na mistura das duas pastas, o dióxido de chumbo catalisa a ligação dos grupamentos terminais pendentes com
outros das moléculas vizinhas, do que resulta um aumento no comprimento das cadeias e em ligações cruzadas
entre elas (Figura 1).

Figura 1 - Reação de presa do polissulfeto. O oxigênio do


peróxido de chumbo reage com o hidrogênio do grupamento
SH e forma moléculas de água

2.3 - Manipulação
Comprimentos iguais das duas pastas são espremidos sobre uma placa de manipulação. É importante salientar que,
como a compensação do material no tubo da pasta base está balanceada para aquele encontrado no tubo da pasta
aceleradora, devemos utilizar sempre as pastas originais fornecidas pelo mesmo fabricante.
Após colocar as quantidades necessárias das pastas naquela placa de manipulação, devemos inicialmente, com a
espátula de aço inoxidável, levar toda a pasta catalisadora e distribuí-la sobre a pasta base. Depois disto,
espalhamos a mistura sobre a placa de manipulação. Com a espátula e utilizando movimentos circulares,
continuamos este processo de mistura até que toda a pasta apresente uma cor uniforme, sem estrias provenientes
das cores da pasta base ou da catalisadora (Figura 2). Se a mistura não ficar homogênea, a polimerização não se
dará uniformemente e, como conseqüência, teremos distorções no molde.

Figura 2 - Manipulação do polissulfeto


Algumas pastas de polissulfetos são extremamente viscosas e pegajosas. Conseqüentemente são difíceis de
manipular. Nesses casos, se a força aplicada for suficiente e a espatulação for rápida, o material terá espessura mais
fina e será fácil de manipular. Esse fenômeno é chamado de pseudoplasticidade.

2.4 - Propriedades
2.4.1 - Tempo de presa
O tempo de presa pode ser definido como aquele passado desde o início da manipulação até que a polimerização
tenha atingido um grau suficiente que permita remover o molde da boca com um mínimo de distorção.
Foi verificado que o tempo de presa não corresponde ao tempo de polimerização. Atualmente, sabemos que a
polimerização pode continuar, por um tempo considerável, após a presa.
Uma outra propriedade a ser relatada será o tempo de trabalho. A medida deste tempo também se inicia ao
começar a espatulação e termina imediatamente antes que o material apresente propriedades elásticas. O tempo
de trabalho deve exceder o tempo de espatulação.
Um aumento na temperatura acelera a velocidade de polimerização de todos os elastômeros para moldagem e,
como conseqüência, o tempo de presa e o de trabalho são diminuídos, e vice-versa.
Um método prático de aumentar o tempo de trabalho (e conseqüentemente o tempo de presa) é manter o material
em ambiente refrigerado ou quando a mistura é feita em um bloco de espatulação resfriado e seco Por outro lado,
quando o material de moldagem é levado à boca, o tempo de presa será diminuído por ser a temperatura oral mais
elevada e pela existência de umidade.

2.4.2 - Elasticidade
Como era de esperar, as propriedades elásticas desses materiais para moldagem melhoram com o tempo de
polimerização. Em outras palavras, quanto mais tempo o molde possa permanecer na boca, antes da sua remoção,
mais preciso ele será. O tempo de presa mencionado pelo fabricante nem sempre corresponde àquele em que o
material tenha conseguido uma elasticidade suficiente para impedir uma deformação permanente quando da
remoção do molde, sendo esta afirmação especialmente válida para os polissulfetos e as siliconas de adição.
A recuperação de uma deformação elástica, após um esforço como a remoção de uma moldagem, é mais vagarosa
para os polissulfetos do que para os outros elastômeros. Além disso, os polissulfetos exibem mais deformações
permanentes após forças de compressão, quando comparado com os outros materiais.
Como esses materiais são viscoelásticos, deformações repetidas, como as que ocorrem durante a remoção do
molde da boca, irão aumentar a deformação permanente. Esta deformação é diretamente proporcional à duração e
à quantidade da deformação produzida.

2.5 - Reologia
Os polissulfetos, entre os materiais de moldagem, classificam-se em último lugar em uma escala crescente de
rigidez. Sua flexibilidade permite que o material polimerizado seja removido, mesmo de áreas retentivas, com um
mínimo de esforço. Apesar da falta de rigidez, o material não-polimerizado tem um alto nível de viscosidade. Esta
consistência espessa do material não-polimerizado auxilia no deslocamento de fluidos bucais presentes enquanto a
moldeira está sendo assentada. Também, o excesso de material não escoará facilmente, reduzindo o desconforto ao
paciente durante a compressão exercida na moldeira para o assentamento.

2.6 - Estabilidade dimensional


O molde deve ser vazado imediatamente após a obtenção da moldagem, porque a moldagem é mais precisa tão
logo seja removida da boca, pois o subproduto da reação (água) é perdido, o que causa contração; além disso, há
uma recuperação incompleta da deformação, devido às propriedades viscoelásticas.

2.7 - Aplicações
Os polissulfetos são comumente usados para moldagens de coroas e pontes e raramente para outras aplicações. Na
fabricação de uma restauração que deve ter uma boa adaptação, é importante que a moldagem seja a mais acurada
possível. Isso é geralmente conseguido através do uso de uma moldeira individual confeccionada em resina acrílica.
Para confeccionar uma moldeira individual, é feito um molde prévio de alginato e um modelo de gesso é obtido.
Porções desse modelo são recobertas com uma ou duas lâminas de cera e sobre esta cera é colocada uma folha de
alumínio, para agir como espaçador para o material de moldagem. Resina acrílica é manipulada e colocada sobre a
folha de alumínio para formar a moldeira. Após sua polimerização, a moldeira é separada do modelo, e a cera e o
alumínio, removidos. O material de moldagem é então colocado no espaço previamente ocupado pela cera.
O problema seguinte diz respeito à adesão do material à base de borracha à moldeira individual. Como para os
hidrocolóides, o aprisionamento perfeito do material de moldagem na moldeira é imperativo, para que quando o
molde for removido da boca, ele não venha a sofrer distorção.
A adesão pode ser conseguida pela aplicação de um adesivo sobre a moldeira plástica, previamente à colocação do
material de moldagem. O adesivo forma uma união tenaz entre o material à base de borracha (química) e a resina
da moldeira (mecânica). Uma ligeira rugosidade da superfície da moldeira irá aumentar esta adesão.

3 - SILICONAS POR CONDENSAÇÃO


No grupo das siliconas existem aquelas que se polimerizam por adição e aquelas que se polimerizam por
condensação.
Uma reação de polimerização por adição envolve a ligação de 2 moléculas para formar uma terceira, maior. Essa
ligação é produzida em razão da presença de iniciadores.

Uma reação de polimerização por condensação envolve a reação de 2 moléculas para formar uma terceira maior
com a produção de uma outra substância, que é normalmente uma molécula pequena como a água. Um exemplo
simples de uma reação por condensação é a reação de esterificação no qual um ácido orgânico e um álcool reagem
para formar um éster com a formação de água. Essa reação pode ser ilustrada pela reação entre o ácido acético e o
álcool etílico para formar o acetato etílico:

CH3CO2H + C2H5OH CH3CO2C2H5 + H2O

O material chamado base é apresentado como uma pasta de consistência semelhante à dos elastômeros à base de
polissulfetos. Já o catalisador é fornecido como um líquido de baixa viscosidade ou como uma pasta.
A formação do elastômero ocorre através da ligação cruzada entre os grupamentos terminais do polímero de
silicona e o silicato alquímico, de modo a formar uma rede tridimensional.

3.1 - Composição
As siliconas por condensação são apresentadas como uma pasta base e um líquido ou uma pasta catalisadora. São
adicionadas partículas de carga para a consistência da pasta.
A influência da carga na resistência dos elastômeros à base de silicona é crítica. A ADA define quatro viscosidades
diferentes para as siliconas para a moldagem, dependendo do tipo de consistência desejada. Um desses materiais
tem uma consistência muito espessa e é comumente chamado de silicona em forma de massa. Ela é caracterizada
por apresentar alta concentração de carga e, devido à sua grande viscosidade, é comercializada em potes. Este
material é usado como moldeira e em conjugação com as siliconas de uma baixa viscosidade.
Esses polímeros não têm uma cor característica, como a cor marrom do dióxido de chumbo empregado nos
polissulfetos. A pasta de silicone de condensação e a massa densa podem ser produzidas em uma grande variedade
de cores. Rosa, azuis, verdes e roxos suaves são comuns. Cada fabricante fornece o material em diversas cores,
correspondendo à sua viscosidade. Vários tipos de corantes orgânicos ou pigmentos são utilizados para produzir a
cor. A escolha do material depende do sistema, das propriedades desejadas e do fabricante.

3.2 - Reação de Presa


Da mistura dos dois componentes (pasta/pasta; pasta/líquido), a reação se inicia imediatamente nos grupamentos
terminais hidroxílicos do polímero formando ligações cruzadas. Como é uma reação por condensação, o subproduto
formado é o álcool etílico. As ligações cruzadas produzem um aumento da viscosidade e um rápido
desenvolvimento das propriedades elásticas.

3.3 - Manipulação
Se tanto a pasta base como aceleradora de uma silicona por condensação são comercializados em forma de pasta, o
processo de manipulação será o mesmo descrito para os polissulfetos de borracha. Como já foi dito anteriormente,
esse material pode ter o seu reagente apresentado em forma de um líquido oleoso corado. Assim, a pasta base é
dispensada do tubo sobre a placa de vidro com um comprimento determinado, e gotas de líquido são
proporcionadas ao lado da pasta base, segundo a indicação da fabricante.
As siliconas em forma de massa são acondicionadas em potes e a quantidade necessária para o uso é medida por
volume e através de concha.
O acelerador é proporcionado em forma de gotas, de acordo com o volume da pasta usada.

3.4 - Propriedades
As características da silicona tendem a ser mais favoráveis do que aquelas dos polissulfetos.
3.4.1 - Tempo de presa
A temperatura tem uma influência significante na velocidade de polimerização das siliconas por condensação. O
resfriamento do material ou do bloco de espatulação reduz a velocidade de reação.
3.4.2 - Elasticidade
São materiais mais elásticos que os polissulfetos. Eles exibem uma deformação mínima e recobram-se rapidamente
quando deformados. Como os polissulfetos, são materiais não muito rígidos, o que significa que não é difícil
remove-los de áreas retentivas sem distorção.

3.5 - Reologia
As características viscoelásticas desses materiais sugerem que eles podem responder elasticamente (retornar à
forma original como uma mola) ou como um líquido viscoso que facilmente sustenta uma deformação permanente
(nunca retorna à sua forma original, como uma sanfona). O material parecerá responder mais como um elástico se a
deformação for rápida; por este motivo, o molde deve ser removido rapidamente para que a deformação seja
elástica e recobrável. Caso a deformação seja demorada, aumentam-se as chances de ocorrer uma deformação
permanente.
As consistências mais comuns de siliconas por condensação são a massa densa e o material leve.

3.6 - Estabilidade dimensional


São materiais que apresentam excessiva contração de polimerização. Para produzir moldes precisos, uma
modificação na técnica de moldagem é necessária sendo que a massa densa será aplicada como moldeira. Sobre
esse material, será usado o material leve. Dessa forma, haverá uma redução dessa contração.
A instabilidade dimensional desse material também é devida à perda do produto da reação, o álcool etílico, que é
uma substância muito volátil. Uma vez removido o molde da boca, a evaporação do subproduto ocorre
continuamente. Assim, para que se obtenha um modelo mais preciso é necessário vazar-se o molde com gesso
dentro dos primeiros 30 minutos.
As siliconas são muito hidrofóbicas e são repelidas por água e por saliva. Em razão disto, é necessário secar as áreas
da boca nas quais é necessária uma moldagem acurada. Se o campo de trabalho não está seco, podem ocorrer
bolhas na moldagem e haverá falhas.

3.7 - Aplicações
As siliconas são comumente usadas para moldagens de coroas e pontes e ocasionalmente para moldagens de
próteses parciais. São usadas em moldeira de estoque, oferecendo uma vantagem sobre os polissulfetos, que são
usados quase exclusivamente sobre uma moldeira individual.

4 - SILICONAS POR ADIÇÃO

4.1 - Composição
Esses materiais se apresentam na forma de 2 pastas. Cada pasta contém um polímero na forma de silicona (porém,
diferentes) e agentes de carga; e uma delas contem o catalisador. Elas também são encontradas em 4 viscosidades,
dependendo da quantidade de agentes de carga incorporados pelo fabricante.
As siliconas polimerizadas por adição são materiais hidrofóbicos. Para compensar esse defeito, os fabricantes têm
feito siliconas por adição mais hidrofílicas, incorporando um redutor de tensão superficial. Este redutor permite,
então, ao material de moldagem escoar melhor. Esses materiais requerem, ainda assim, um campo seco, mas eles
reproduzem melhor os tecidos moles.

4.2 - Reação de presa


Os silicones por adição são freqüentemente chamados de polivinilsiloxano. Na mistura das 2 pastas, a reação de
polimerização ocorre causando ligações cruzadas entre os 2 tipos de polímeros. Na reação não há a formação de
subprodutos. As ligações cruzadas produzem um aumento na viscosidade com o desenvolvimento de propriedades
elásticas.
4.3 - Manipulação
O material leve e o regular são fornecidos em forma de duas pastas, e a massa densa é fornecida em dois potes ou
latas (base e catalisador). Como ambos, base e catalisador, contêm materiais similares, apresentam viscosidades
quase equivalentes. Portanto, estes materiais são bem mais fáceis de serem manipulados do que as siliconas por
condensação.
A similaridade na consistência das pastas e no seu comportamento viscoelástico faz com que o material possa ser
dispensado e manipulado por um sistema automático (Figura 3). Este aparelho tem certas vantagens quando
comparado à espatulação manual. Com o sistema automático, há melhor uniformidade na proporção e na mistura,
menor incorporação de ar na mistura, e redução no tempo de manipulação. Há, também, menor possibilidade de
contaminação do material.
O material misturado é injetado diretamente sobre a moldeira, na qual um adesivo apropriado foi aplicado.

Figura 3 - Forma de apresentação da silicona por adição

4.4 - Propriedades
Em muitos aspectos, a silicona por adição tem propriedades similares às da siliconas por condensação.

4.4.1 - Tempo de presa


A velocidade de reação é mais sensível à temperatura ambiente do que os polissulfetos. O tempo de trabalho e o de
presa podem ser expandidos pelo resfriamento da placa de mistura. A silicona por adição pode também ser
resfriada antes do uso. Este resfriamento tem pouco efeito na viscosidade.

4.4.2 - Elasticidade
São os materiais que apresentam a melhor elasticidade. A distorção, após a remoção de áreas retentivas, é
virtualmente inexistente, porque esses materiais exibem os mais baixos coeficientes de deformação permanente. A
excelente propriedade elástica representa um problema nos materiais de massa, uma vez que estes começam a
desenvolver sua elasticidade enquanto estão sendo manipulados. Se o material for comprimido elasticamente
durante o assentamento, poderá haver recuperação elástica do material.

4.5 - Reologia
Como um dos materiais mais pseudoplásticos, o efeito do aumento na velocidade de deformação do material não
polimerizado é bastante pronunciado.

4.6 - Estabilidade dimensional


São os materiais de moldagens mais estáveis. Nenhum subproduto volátil é liberado causando uma contração. Esta
estabilidade significa que o molde não tem de ser vazado em gesso imediatamente. Pesquisas têm mostrado que
modelos vazados entre 24 horas e uma semana forma tão precisos quanto aqueles vazados na primeira hora.

4.7 - Aplicações
São utilizadas primariamente para moldagens de coroas e ocasionalmente para PPR. Elas oferecem significante
vantagem nos casos onde os modelos não podem ser vazados rapidamente, uma vez que apresentam estabilidade
dimensional próxima do ideal.

5 - POLIÉTER
Este material foi introduzido na Alemanha no final dos anos 60. Foi o primeiro elastômero desenvolvido
primariamente com a função de material de moldagem. Todos os outros materiais de moldagem foram adaptados
de outras aplicações industriais.
5.1 - Composição
Esses materiais estão normalmente colocados em 2 pastas. A pasta base, contém o polímero de poliéter, uma sílica
coloidal como agente de carga, e um plastificador. Esta é colocada em um tubo grande. A pasta catalisadora,
contendo um iniciador e os demais veículos, é colocada em um segundo tubo muito menor.

5.2 - Reação de presa


Quando duas pastas são misturadas, uma reação por adição ocorre. Cada estágio da reação envolve a abertura de
um anel e a produção de cátions. Uma vez que cada polímero tem 2 grupos reativos, a reação de propagação pode
produzir uma cadeia simples de ligações cruzadas.
Com o prosseguimento da reação, a viscosidade aumenta e, eventualmente, uma borracha relativamente rígida é
produzida.

5.3 - Manipulação
Originalmente, os poliéteres eram fornecidos em uma única viscosidade. A pseudoplasticidade dos materiais
permitia que uma única mistura fosse utilizada para seringa e como material para moldeira.
A diferença de volume entre as pastas base e aceleradora é evidente. Elas são dispensadas em comprimentos iguais
e manipuladas de forma semelhante ao polissulfeto.

5.4 - Propriedades
5.4.1 - Tempo de presa
A velocidade de polimerização é menos sensível à alteração de temperatura do que os silicones por adição.

5.4.2 - Elasticidade
Os poliéteres sempre foram considerados os materiais de moldagem mais rígidos disponíveis no mercado,
excluindo-se as massas densas das siliconas. Quando aplicados testes de compressão, os poliéteres são ligeiramente
menos elásticos do que as siliconas que polimerizam por adição.

5.4.3 - Estabilidade dimensional


As alterações dimensionais do poliéter são pequenas. Como as siliconas por adição, os poliéteres não apresentam
em sua reação de polimerização a formação de subprodutos.
A rigidez do material significa que um esforço maior deve ser aplicado na remoção do molde de poliéter quando
comparado a outros tipos de materiais de moldagem. Ainda assim, a recuperação elástica é praticamente completa,
devido às excelentes propriedades dos poliéteres. Portanto, o molde com poliéter pode ser vazado imediatamente,
após algumas horas ou após alguns dias, e o modelo resultante terá a mesma precisão. O material é relativamente
hidrofílico e absorve água sob condições de alta umidade. Isso causa a embebição do molde e a distorção. Assim o
armazenamento do molde deve ser feito em ambiente seco e fresco para manter sua precisão.

5.5 - Aplicações
São comumente usados na moldagem de coroas e, ocasionalmente, para outras aplicações. Esses materiais tanto
podem ser usados com moldeiras de estoque como individuais.

6 - CONSIDERAÇÕES GERAIS SOBRE ELASTÔMEROS

Os elastômeros, de uma forma geral, apresentam características positivas e negativas. As positivas são:
. Facilidade de trabalho
. Moldagem fiel
. Alta reprodutibilidade
. Maior resistência
. Estabilidade dimensional

Como características negativas, apresentam:

. Alguma dificuldade quando de dupla consistência


. Tendência a diminuir os cuidados frente ao tipo de material.
7 - Considerações Técnicas
A espessura do material é o oposto daquilo que foi recomendado para os hidrocolóides para moldagem, nos quais
quanto maior fosse sua espessura, melhor a precisão produzida pelo material, em compensação com aquela obtida
se fosse usada uma espessura pequena entre a parte a ser moldada e a moldeira. Nos materiais à base de borracha,
não somente a espessura deve ser menor, como também o material deve ser uniformemente distribuído.
A necessidade de um material de moldagem reproduzir os detalhes mais finos da cavidade oral é naturalmente
evidente. Os elastômeros podem reproduzir os detalhes mais finos. Eles são capazes de reproduzir detalhes com
mais precisão do que aqueles possíveis de serem copiados com o gesso.

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