Você está na página 1de 13

Amélia Abudo Júlio Suarme

Buchir Luís Naquito

Cecília Horácio

Herculano Silvestre José

Luzik Artur Saide Omar

Espumas

(Curso de Licenciatura em Ensino de Química com Habilidades em Gestão de Laboratórios)

Universidade Rovuma

Nampula

2023
2

Amélia Abudo Júlio Suarme

Buchir Luís Naquito

Cecília Horácio

Herculano Silvestre José

Luzik Artur Saide Omar

Espumas

O trabalho de carácter avaliativo da cadeira de Química


coloidal, a ser entregue no departamento de ciências
naturais e matemática, na universidade Rovuma, curso
de Química 4º ano, leccionado por:

Mestre: Languitone Norberto Mafuma

Universidade Rovuma

Nampula

2023
3

Índice
1. Introdução............................................................................................................................ 4

2. Espuma ................................................................................................................................ 5

2.1. Estrutura externa das espumas ..................................................................................... 5

2.2. Estrutura interna de uma espuma ................................................................................. 5

2.3 Estabilidade de espumas ................................................................................................... 6

3. Efeito de elasticidade Gibbs-Marangoni ............................................................................. 6

4. Tensoativos.......................................................................................................................... 8

5. Drenagem de espumas ......................................................................................................... 8

6. Estados físicos das fases de uma espuma ............................................................................ 9

7. Poliuretano ........................................................................................................................ 10

7.1. Classificação de espumas de poliuretano (EPU) ....................................................... 10

7.1.1. Espumas rígidas de poliuretano ...................................................................................... 10

7.1.1.1 Aplicação ...................................................................................................................... 11

7.1.2. Espumas flexíveis de poliuretano ................................................................................... 11

7.1.2.1. Aplicação ..................................................................................................................... 11

8. Conclusão .......................................................................................................................... 12

9. Referências bibliográficas .................................................................................................... 13


4

1. Introdução

A química coloidal é uma área fascinante da química que estuda sistemas nos quais partículas
microscópicas se dispersam em um meio líquido ou gasoso, formando colóides. Entre os
diversos tipos de colóides, as espumas desempenham um papel importante e intrigante. Neste
trabalho, exploraremos as características, propriedades e aplicações das espumas na química
coloidal.

As espumas são sistemas coloidais compostos por uma fase líquida ou sólida dispersa em uma
fase gasosa. Elas estão presentes em uma variedade de contextos, desde a produção de
produtos domésticos, como detergentes e sabonetes, até aplicações industriais avançadas,
como na fabricação de materiais leves e isolantes. As espumas são notáveis por sua estrutura
única, que confere propriedades únicas, como leveza, baixa densidade e alta superfície
específica.

Este trabalho irá abordar a formação de espumas, os factores que influenciam suas
propriedades, como estabilidade e textura, bem como as técnicas e métodos utilizados para
caracterizá-las. Além disso, examinaremos as aplicações das espumas em diversas áreas,
incluindo alimentos, cosméticos, farmacêutica, petróleo e gás, construção civil e muito mais.

Ao longo deste estudo, destacaremos a importância das espumas na química coloidal e como
elas desempenham um papel fundamental em nossa vida quotidiana e na indústria. Esperamos
que este trabalho ofereça uma visão abrangente e informativa sobre esse tema cativante e seu
impacto em diferentes sectores.
5

2. Espuma

Espuma é uma mistura heterogénea feita entre um dispersante sólido ou liquido, e o disperso
no estado gasoso.

Segundo Daltin (2019), a espuma é uma dispersão de ar em um líquido ou sólido, que pode
apresentar estabilidades variadas, dependendo dos componentes da formulação utilizada.

Espumas são constituídas por bolhas de ar separadas por um filme líquido, que é denominado
de Lamella (Filho; 2010)

No idioma português, a palavra “espuma” não informa se o sistema é bifásico (ar/água) ou


trifásico (ar/sólidos/água) ou ainda se é estável ou instável. Todavia, na língua inglesa, o
termo “foam” se refere ao sistema bifásico, enquanto “froth” se refere ao trifásico.

2.1. Estrutura externa das espumas


 Espumas diluídas é constituído por bolhas aproximadamente esféricas separadas por
um filme ( Películas) relativamente espessos de um líquido relativamente viscoso.
 Espumas concentradas é essencialmente uma fase gasosa, e é constituído por celas
gasosas poliédrica e separadas por umas finas películas de líquidos (que pode se
originar de espumas mais diluídas, como consequência da drenagem de líquido; ou,
directamente de um líquido de viscosidade relativamente baixa).

2.2. Estrutura interna de uma espuma


Uma espuma constituída por uma fase gasosa e uma fase líquida, apresenta a seguinte
estrutura interna:

 Filmes e
 Canais de Plateau.

Fig 1: Estrutura interna de espuma


Canal de planteau

Filme liquido

Fase gasosa dispersa


Fonte: Figueiredo (1999).
6

2.3 Estabilidade de espumas


Com líquidos puros só é possível formar espumas transitórias; como no caso de emulsões, é
necessário de um terceiro componente, tensoativo- um agente espumante - para conseguir um
nível razoável de estabilidade.

Segundo Filho, (2010) a água pura nem sequer gera um leito de espuma (“foam”) por não ser
capaz de formar um filme estável ao redor das bolhas de ar. É este filme que se opõe ao
adelgaçamento das lamelas, contribuindo para a formação, mesmo que fugaz, do leito bifásico

Na espuma, a propriedade de solubilidade dos tensoativos na fase continua é muito


importante, como também o estudo da transferência de gás de uma bolha para outra ou para a
atmosfera, pois é o que determina a sua estabilidade (Daltin; 2019),.

Bons agentes emulsificantes são em geral também uns agentes espumantes, já que os factores
que influenciam a estabilidade de emulsões (frente à coalescência das gotículas) e a
estabilidade das espumas (frente a destruição das bolhas) são até certo ponto semelhantes.

A estabilidade de uma espuma depende de dois factores principais:

 A tendência dos filmes líquidos de sofrerem uma drenagem e se tornarem mais finos.
 Sua tendência à ruptura em consequência de perturbações aleatórias.

Por causa de sua elevada área interfacial ( e energia livre superficial), todas as espumas são
instáveis, de acordo com o ponto de vista termodinâmico. É possível, contudo, fazer uma
distinção entre estruturas de uma espumas instáveis e meta-estáveis.

 Espumas instáveis são as que são formadas por soluções aquosas de ácidos ou álcoois
saturados de cadeia curta. A presença dessas substâncias moderadamente tenso-ativas
retarda até certo ponto a drenagem e ruptura do filme, mas não impede a ocorrência
continua desses fenómenos, até a destruição completa da espuma.
 As espumas meta-estáveis- são aquelas formadas por soluções de sabões, detergentes
sintéticos, proteínas, saponinas, etc.

3. Efeito de elasticidade Gibbs-Marangoni

Ribeiro (2021) Segundo Franco et al. (1988), a coalescência envolve a redução do filme entre
as gotas até uma espessura crítica através da drenagem da fase contínua entre elas e seguida
pela remoção de surfactantes. Desse modo, são gerados gradientes de tensão interfacial à
medida que as espécies são removidas da interface. O efeito de Gibbs-Marangoni pode ser
interpretado como mecanismo adicional de estabilização.
7

A estabilidade das espumas é explicada pelo Efeito de elasticidade Gibbs-


Marangoni, que se relacionam com as propriedades dinâmicas das superfícies.
Quando a interface líquido-gás se expande e o equilíbrio da interface é
perturbado, forças de restauração tentam restabelecer esse equilíbrio no
sistema. Essa capacidade de ajustar a superfície é bastante importante para a
estabilidade da espuma. As duas variáveis principais que afectam a
elasticidade são: a espessura do filme e a concentração (Felix; 2020 Apud
Filho; 2010).
Na Fig. 2, temos a representação esquemática do Efeito de elasticidade Gibbs-Marangoni,
onde:

(a) e (c) apresentam baixa e alta concentração de tensoativo, no qual o filme pode romper-se
mais facilmente;

(b) com uma concentração intermediária (crítica) de tensoativo, o efeito Gibbs-Marangoni


restaura a espessura original do filme e estabiliza a espuma.

Figura 2 – Efeito de elasticidade Gibbs-Marangoni

Fonte: (Delicato, 2007).


8

4. Tensoativos

Os tensoativos, surfactantes ou moléculas anfifílicas, assim também denominados, são


estruturas com polaridades diferentes na mesma molécula, ou seja, possuem extremidade
hidrofílica (parte polar) e hidrofóbica (parte apolar). Os tensoativos são utilizados com a
função de reduzir a tensão superficial de líquidos ou interfaces.

A parte apolar do tensoativo geralmente é formada de uma cadeia carbônica linear, ramificada
ou partes cíclicas e a parte polar é formada por átomos que apresentem concentrações de
carga, formando polos negativos ou positivos (Daltin, 2019).

Os tensoativos na sua constituição apresentam um grupo hidrofílico polar e um grupo


hidrofóbico apolar (normalmente cadeias de hidrocarbonetos), que é o que vai permitir esta
solubilização. As matérias-primas usadas para o fabrico do surfactante são produtos da
petroquímica, derivados de alquilbenzeno, dos álcoois gordos e do ácido sulfúrico. (Pinto;
2012)

Fig 3. Estrutura de um tensoativo

Região hidrofóbica (apolar) Região hidrofilica (polar)

Fonte: Autor (2023)

5. Drenagem de espumas

A drenagem do líquido presente nos filmes e nos canais ocorre,


inicialmente, sobretudo pela acção da força gravitacional e por sucção
capilar do líquido intralamelar pelos canais. O canal de Plateau
desempenha um importante papel na drenagem da espuma, pois essa
região, pela curvatura de sua superfície, apresenta grande diferença de
pressão entre as fases líquida e gasosa. O líquido é então succionado
da região lamelar em direcção aos canais, onde há menor pressão
local. Com o escoamento do líquido, os filmes afinam até uma
espessura crítica a partir da qual interacções de van der Waals e
propriedades eléctricas da superfície, entre outros factores, passam a
governar o fenómeno de afinamento do filme (Figueiredo, 1999).
9

A transferência do líquido da parte central da região lamelar para as bordas de plateau é


governada pela diferença de pressão de líquidos nessas duas regiões. Parece que estão
envolvidos pelo menos três factores:

a) Força de atracção, de Van der Waals ⇒ favorecem o adelgaçamento do filme;

b) A superfície de dupla camada eléctricas de cargas do mesmo sinal ⇒ se opõe a


deslocamento do filme e,

c) Pressão capilar ⇒ favorece o adelgaçamento; está se desenvolve porque a pressão da fase


gasosa adjacente é uniforme e portanto a pressão do líquido nas bordas de plateau , onde a
interface é curva, deve ser menor que a pressão na região lamelar do filme.Agentes
espumantes

Figura 3– Possíveis arranjos de moléculas adsorvidas na interface liquido/gás.

a) Baixa concentração do espumante na solução


leva à formação de um filme difuso de
moléculas adsorvidas na interface
líquido/gás (Figura 3-A). Este filme se
comporta como um gás bidimensional;
b) À medida que se aumenta a concentração do
espumante em solução, a adsorção de suas
moléculas na interface líquido/gás também
aumenta. Isto acarreta a formação de filmes
mais adensados adsorvidos na interface
líquido/gás (Figuras 3-B e 3-C) que podem
se comportar até como um sólido
bidimensional.
Fonte: (Filho; 2010)

6. Estados físicos das fases de uma espuma

Como é sabido, qualquer colóide, independentemente da sua tipologia é uma mistura


composta de no mínimo dois componentes/fases (fase dispersa e fase dispersante). Abaixo,
estão tabelados os estados físicos das fases que podem constituir um colóide de espuma e o
tipo de espuma a se formar.
10

Fase Fase dispersa Tipo de espuma Exemplos


dispersante formada
Sólido Gás Espuma sólidas Espuma de Isopor; pedras-
pomes; carvão de lenha;
poliuretano (espumas dos
colchões, sapatos, assentos de
automóveis, etc).
Liquido Gás Espumas liquidas Espuma de sabão; detergentes;
espuma de combate a incêndio
(extintor); a clara batida; etc.

Fonte: Rodrigues, Marciele Gomes, et al (2020)

7. Poliuretano

Os poliuretanos são polímeros versáteis devido a variedade dos grupos constitutivos e da


possibilidade de polimerização controlada, o que permite a adaptação do processo e da
composição para a obtenção de materiais para as mais variadas exigências, desde a sola de
calcados, implantes cirúrgicos, pois um poliuretano pode conter grupos: aromáticos; amidas;
ureia; esteres; éteres; entre outros.

Segundo Ribeiro (2021) Para além dos grupos encontrados no


monómero utilizado, as diferentes características químicas e físicas
dos poliuretanos também são obtidas pela adição de outros compostos
químicos que actuam como catalisadores, agentes de expansão,
agentes de extensão da cadeia, surfatantes e aditivos, permitindo que
o polímero assuma estruturas celulares (espumas flexíveis e rígidas,
elastómeros, micro-celulares e membranas) ou uma forma sólida
(elastómeros, revestimentos, selantes, adesivos, etc).

7.1.Classificação de espumas de poliuretano (EPU)


A classificação dessas espumas depende principalmente da escolha do poliol. As espumas de
poliuretano, podem ser: rígidas e flexíveis.

7.1.1. Espumas rígidas de poliuretano

Espumas rígidas de poliuretano ⇒ é um polímero geralmente utilizado para fazer espumas


estruturais. Essa característica é intrínseca ao próprio material por ele ser resultante da
conduta química de um grupo de átomos em união com gás de expansão. Esse tipo de espuma
prepara-se a partir de poliois de massa molecular entre 250 a 100 e apresenta um alto grau de
funcionalidade.
11

7.1.1.1 Aplicação

Devido a versatilidade do próprio material, a espuma rígida de poliuretano torna-se um


produto cheio de capacidades numa ampla gama de aplicação. Ela geralmente destina-se para
pecas de estruturação e pecas técnicas que necessitam de alta resistência mecânica.

7.1.2. Espumas flexíveis de poliuretano

Espumas flexíveis de poliuretano ⇒ é um produto constituído da Reacção química entre dois


elemento, isocianato e poliol. São preparadas a partir de poliois de massa molecular
moderadamente elevada, variando de 1000 a 6000 e apresenta um baixo grau de
funcionalidade.

7.1.2.1. Aplicação

A espuma flexível de poliuretano (EPU) é um material lado em grande escala pelas indústrias
moveleiras, automotivas, colchões, travesseiros, almofadas, sofás, poltronas, móveis, artigos
de limpeza (bucha de pia), componentes para calcados, etc.
12

8. Conclusão

As espumas desempenham um papel significativo na química coloidal e têm uma ampla gama
de aplicações em diversos sectores, desde alimentos até petróleo e gás. Elas são sistemas
coloidais que consistem em bolhas de gás dispersas em um líquido ou sólido, e sua
estabilidade e características são governadas por uma série de factores, incluindo surfactantes,
concentração, pH e temperatura.

Ao longo deste trabalho, exploramos os princípios fundamentais das espumas na química


coloidal, discutindo os mecanismos de formação, estabilização e colapso. Além disso,
examinamos várias aplicações dessas estruturas complexas, destacando sua importância na
indústria de alimentos, na recuperação de petróleo e na absorção de poluentes ambientais,
entre outras áreas.

A compreensão dos processos que governam as espumas é essencial para melhorar os


produtos e processos em muitos sectores. As pesquisas nessa área continuam a evoluir, à
medida que buscamos soluções mais eficazes e sustentáveis para desafios que envolvem
espumas, como a estabilização de espumas em alimentos, a optimização da recuperação de
petróleo em reservatórios subterrâneos e a remoção de poluentes em águas residuais.
13

9. Referências bibliográficas

Daltin, D. (2019); Tensoativos: química, propriedades e aplicações. 3ª. ed. São Paulo: Editora
Edgard Blücher Ltda,.

Delicato, T. (2007); Drenagem de espumas gás-líquidos e influência da presença de


partículas e anti-espumantes.. Dissertação (Mestrado em Química) – Faculdade de
Filosofia,Ciências e letras de Ribeirão Preto, Universidade de São Paulo, Ribeirão Preto.

Félix, J.R. (2020); Estudo da adsorção de tensoativos não-iônicos na interface líquido-gás e


sua elação com a estabilidade de espumas líquidas;Brasil, s/ed

Figueredo, R.C. R.; et al (1999); Ciência de espumas - Aplicação na extinção de incêndios.


Química Nova, São Paulo, v. 22.

Filho, L. L.S. (2010) Notas de aulas de flotação ‘’ Espumas e agentes espumantes’’; São
Paulo, s/ed

Pinto.L.C.A, et al; (2012) Sabão, Detergentes e Glicerina, s/ed

Rodrigues, M.G, et al (2020); Classificação, composição e superfícies dos colóides no


cotidiano; v.2; Rio Branco; Brasil

Ribeiro, P.P, (2021); Estabilidade de espumas de soluções de tensoativos não iónicos:


abordagem química e modelagem matemática; Brasil, s/ed.

Você também pode gostar