Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Licitações e Contratos Administrativos - Apostila
Licitações e Contratos Administrativos - Apostila
Brasília-DF.
Elaboração
Produção
APRESENTAÇÃO.................................................................................................................................. 4
INTRODUÇÃO.................................................................................................................................... 7
UNIDADE ÚNICA
LICITAÇÕES E CONTRATOS ADMINISTRATIVOS.......................................................................................... 9
CAPÍTULO 1
LICITAÇÕES............................................................................................................................... 9
CAPÍTULO 2
CONTRATOS ADMINISTRATIVOS................................................................................................ 72
CAPÍTULO 3
LICITAÇÕES E MICROEMPRESAS............................................................................................ 107
CAPÍTULO 4
PARCERIAS PÚBLICO-PRIVADAS.............................................................................................. 112
CAPÍTULO 5
REGIME DIFERENCIADO DE CONTRATAÇÕES PÚBLICAS......................................................... 117
CAPÍTULO 6
PREGÃO ELETRÔNICO.......................................................................................................... 123
REFERÊNCIAS................................................................................................................................. 132
Apresentação
Caro aluno,
Conselho Editorial
4
Organização do Caderno de
Estudos e Pesquisa
A seguir, apresentamos uma breve descrição dos ícones utilizados na organização dos
Cadernos de Estudos e Pesquisa.
Provocação
Textos que buscam instigar o aluno a refletir sobre determinado assunto antes
mesmo de iniciar sua leitura ou após algum trecho pertinente para o autor
conteudista.
Para refletir
Questões inseridas no decorrer do estudo a fim de que o aluno faça uma pausa e reflita
sobre o conteúdo estudado ou temas que o ajudem em seu raciocínio. É importante
que ele verifique seus conhecimentos, suas experiências e seus sentimentos. As
reflexões são o ponto de partida para a construção de suas conclusões.
Atenção
5
Saiba mais
Sintetizando
6
Introdução
Neste Caderno, estudaremos um assunto de extrema importância: as licitações e os
contratos administrativos.
Antes de mais nada, é preciso esclarecer que o Estado celebra diversos tipos de
contrato: obras, serviços, compras, concessões e permissões de serviços públicos,
concessões para uso de bens públicos etc.
Não podemos deixar de mencionar, também, a Lei no 11.079/2004, que trata das
Parcerias Público-privadas, as quais constituem, também, concessões de serviços
públicos, mas sob outro enfoque.
O Brasil possui uma das leis mais avançadas do mundo em matéria de licitações e
contratos. A Lei no 8.666/1993, como se verá adiante, proporciona ao gestor público
enorme discricionariedade para tomar decisões que melhor atendam ao interesse
público, quando se pretende contratar obras, serviços e compras.
7
De vital importância, também, o estudo das hipóteses em que a licitação não é
realizada: licitação dispensada, dispensável e inexigível. Todas essas situações
também conduzirão ao contrato administrativo. Essa é uma área muito vulnerável
à corrupção. Estudos do Tribunal de Contas da União – TCU já comprovaram que,
lamentavelmente, a má conduta de certos agentes públicos consegue transformar o
que deveria ser exceção (não licitar) em regra.
Objetivos
»» Compreender o procedimento licitatório em suas múltiplas variedades.
8
LICITAÇÕES E
CONTRATOS UNIDADE ÚNICA
ADMINISTRATIVOS
CAPÍTULO 1
Licitações
9
UNIDADE ÚNICA │ LICITAÇÕES E CONTRATOS ADMINISTRATIVOS
Conforme preleciona Carlos Pinto Coelho Motta (2005:1) vários significados são
contidos na palavra licitação, estando, no entanto, quase todos, ligados à ideia de
oferecer, arrematar, fazer preço sobre a coisa, disputar ou concorrer.
10
LICITAÇÕES E CONTRATOS ADMINISTRATIVOS │ UNIDADE ÚNICA
Recuando ainda mais no tempo, Carlos Pinto Coelho Motta (2005:3) menciona as
Ordenações Filipinas que, em 1592, prescreviam: “em fazendo obra, primeiro andar em
pregão, para se dar à empreitada a quem houve de fazer melhor e por menos preço”.
Registra, ainda, a Lei de 29 de agosto, que, no art. 5o, seguia a mesma linha:
Adilson de Abreu Dallari (2000:3) registra, quanto às licitações, raízes históricas que
remontam ao direito romano; sua utilização estendia-se tanto para a alienação dos
despojos de guerra como para a realização de obras públicas.
11
UNIDADE ÚNICA │ LICITAÇÕES E CONTRATOS ADMINISTRATIVOS
O segundo aspecto levantado por Marçal Justen Filho diz respeito à redução do
aparato estatal, fruto de ideologias contemporâneas. Palavras de ordem, tais
como privatização e terceirização, representam uma forma de gestão que conduz
à redução do tamanho do Estado.
12
LICITAÇÕES E CONTRATOS ADMINISTRATIVOS │ UNIDADE ÚNICA
13
UNIDADE ÚNICA │ LICITAÇÕES E CONTRATOS ADMINISTRATIVOS
14
LICITAÇÕES E CONTRATOS ADMINISTRATIVOS │ UNIDADE ÚNICA
15
UNIDADE ÚNICA │ LICITAÇÕES E CONTRATOS ADMINISTRATIVOS
O Direito Penal está presente, haja vista a existência de uma Seção, na Lei n o
8.666/1993 (arts. 89 a 108), especialmente dedicada aos crimes e às penas
aplicáveis ao procedimento licitatório.
16
LICITAÇÕES E CONTRATOS ADMINISTRATIVOS │ UNIDADE ÚNICA
Conceitos
Antes de apresentarmos os conceitos de outros renomados autores, convém
trazer a lume as observações de Dallari sobre o assunto. Segundo o jurista, parte
da doutrina, integrada por Cretella Jr. e Themístocles Cavalcanti, no Brasil, e
por Alcides Greca e Jèze, no exterior, considera o instituto da licitação como
17
UNIDADE ÚNICA │ LICITAÇÕES E CONTRATOS ADMINISTRATIVOS
Devido à importância dos conceitos para o estudo de qualquer tema, não se pode
deixar de trazer a baila alguns, emitidos por autores renomados.
18
LICITAÇÕES E CONTRATOS ADMINISTRATIVOS │ UNIDADE ÚNICA
Importante frisar que, à exceção de Ivan Barbosa Rigolin e Celso Antônio Bandeira
de Mello, os demais autores deixam de incluir, em seus conceitos, o aspecto
relativo à proposta mais vantajosa. E essa intenção está claramente posta na Lei n o
19
UNIDADE ÚNICA │ LICITAÇÕES E CONTRATOS ADMINISTRATIVOS
8.666/1993 que, ao definir o tipo de licitação de menor preço, em seu art. 45, § 1 o,
I, assim se expressa:
É de solar clareza que qualquer licitação deve buscar a proposta mais vantajosa,
desde que obedeça aos princípios preconizados pelo Estatuto das Licitações,
em seu art. 3 o, caput: legalidade, impessoalidade, moralidade, igualdade,
publicidade, probidade administrativa, vinculação ao instrumento convocatório,
julgamento objetivo e, por extensão, o da competitividade, eis que o § 1 o daquele
artigo veda aos agentes públicos comprometerem, restringirem ou frustrarem o
caráter competitivo das licitações. É inconcebível que um agente público, utilizando
dinheiro que a sociedade entregou, compulsoriamente, ao Estado, por meio de
tributação, para que o mesmo cumpra suas finalidades precípuas, ao contratar com
particulares, não busque obter vantagem na proposta a ser adjudicada, vantagem essa
que se traduzirá tanto em preço como em qualidade.
20
LICITAÇÕES E CONTRATOS ADMINISTRATIVOS │ UNIDADE ÚNICA
À guisa de exemplo e para enfatizarmos que o ato de licitar deve ser regra
e, não, exceção, fazemos, frequentemente, uma comparação das licitações
21
UNIDADE ÚNICA │ LICITAÇÕES E CONTRATOS ADMINISTRATIVOS
Não percamos de vista que cada potencial licitante é, também, um financiador dos
recursos que a Administração irá despender para a contratação da obra, do serviço ou
da compra.
Temos alertado que não vemos mal algum no fato de cidadãos bem-
sucedidos na iniciativa privada ocuparem cargos de chefia na Administração
Pública. O que não se admite é que se queira gerir a coisa pública com os
mesmos princípios da iniciativa privada. Observa-se, muito, no Brasil de
hoje, esse conflito, porque há uma ânsia de se imprimir às atividades
estatais a mesma eficiência atingida pelas empresas. Tudo bem, até porque
a eficiência foi erigida a princípio constitucional. Mas não se pode perder
de vista o Princípio da Legalidade, pois a Lei é a expressão maior do avanço
da humanidade em busca de um harmônico convívio social, e se o próprio
Estado descumprir a lei, como poderá exigi-lo dos cidadãos?
22
LICITAÇÕES E CONTRATOS ADMINISTRATIVOS │ UNIDADE ÚNICA
23
UNIDADE ÚNICA │ LICITAÇÕES E CONTRATOS ADMINISTRATIVOS
A probidade administrativa está prevista no art. 37, parágrafo 4o, da CF, e prevê
sanção para a violação do princípio, conforme a seguir: § 4o – Os atos de improbidade
administrativa importarão a suspensão dos direitos políticos, a perda da função
pública, a indisponibilidade dos bens e o ressarcimento ao erário, na forma e gradação
previstas em lei, sem prejuízo da ação penal cabível.
Este princípio abrange desde o aviso de sua abertura até o conhecimento do edital
e seus anexos, o exame da documentação e das propostas pelos interessados e
o fornecimento de certidões de quaisquer peças, pareceres ou decisões com ela
relacionadas.
Não pode haver licitação sigilosa. Se, por questões de segurança nacional, o objeto
da licitação exigir sigilo, ele será contratado com dispensa de licitação.
24
LICITAÇÕES E CONTRATOS ADMINISTRATIVOS │ UNIDADE ÚNICA
25
UNIDADE ÚNICA │ LICITAÇÕES E CONTRATOS ADMINISTRATIVOS
O planejamento da licitação
O art. 38, caput, da Lei n o 8.666/1993 determina que “o procedimento da
licitação será iniciado com a abertura de processo administrativo, devidamente
autuado, protocolado e numerado, contendo a autorização respectiva, a
indicação sucinta de seu objeto e do recurso próprio para a despesa (...)” O
processo administrativo se prestará, assim, à adoção de providências básicas
e indispensáveis ao regular processamento da licitação. A partir da requisição
ou pedido formulado pela área interessada, deverá ser expedida a competente
autorização para instauração do processo, com a indicação sucinta do objeto a
ser licitado e indicação da existência de recursos orçamentários para a realização
da despesa. Tais peças básicas serão autuadas e devidamente numeradas em
sequência, a partir da capa. O processo será identificado mediante registro
próprio realizado em protocolo geral ou específico.
26
LICITAÇÕES E CONTRATOS ADMINISTRATIVOS │ UNIDADE ÚNICA
Essa delicada tarefa de definir o objeto que se visa a obter consistirá de etapa
específica em que não serão dispensados conhecimentos técnicos e onde não
haverá campo para especulações ou amadorismo. Providências diversas caberão à
Administração adotar consoante se trate de obras, serviços ou compras, como será
examinado nos itens subsequentes.
27
UNIDADE ÚNICA │ LICITAÇÕES E CONTRATOS ADMINISTRATIVOS
Para fins didáticos, podemos dizer que o projeto básico indica o que será feito, e o
executivo como será feito, descendo a detalhes técnicos exaustivos. A Lei permite
que o projeto executivo seja feito concomitantemente com a obra ou serviço (art.
7 o, § 1 o e art. 9 o, § 2 o).
28
LICITAÇÕES E CONTRATOS ADMINISTRATIVOS │ UNIDADE ÚNICA
29
UNIDADE ÚNICA │ LICITAÇÕES E CONTRATOS ADMINISTRATIVOS
Para se evitar esse tipo de fraude tão comum e tão tolerada na Administração
Pública, é preciso dotar cada repartição de pessoas qualificadas, capazes de
verificar, in loco, os preços de mercados e de realizar uma avaliação criteriosa,
fixando-se, a seguir, valores médios baseados em custos reais e confiáveis.
Em relação às compras, a Lei no 8.666/1993, em seu art. 15, II, prevê que, sempre
possível, deverá ser usado o Sistema de Registro de Preços, regulamentado pelo
Decreto Federal n o 3.931/2001. A adoção do SIREP resolveria inúmeros problemas
e, entre eles, a eliminação da grande maioria das Comissões de Licitação, com
evidente economia de tempo, de pessoal e de material, pois, estando já o preço
registrado, bastaria ao órgão interessado entrar em contato com a empresa
vencedora, solicitar o material e emitir a Nota de Empenho correspondente, daí
porque o O SIREP é chamado por alguns de “estoque virtual”. Inicialmente, de
acordo com a Lei no 8.666/1993, art. 15, § 3o, I, o Registro de Preços só era possível
mediante Concorrência. No entanto, a Lei n o 10.520/2002, art. 11, passou a permitir
a utilização da modalidade Pregão para o SIREP. Outro avanço nessa área é que o
Decreto Regulamentar retrocitado permite que outros órgãos possam aderir à ata
de registro de preços, evitando, assim, as despesas decorrentes de nova licitação.
30
LICITAÇÕES E CONTRATOS ADMINISTRATIVOS │ UNIDADE ÚNICA
Estes, portanto, os cuidados básicos que em lei são impostos em relação às compras.
31
UNIDADE ÚNICA │ LICITAÇÕES E CONTRATOS ADMINISTRATIVOS
A análise jurídica acha-se prevista no Parágrafo único do art. 38, da Lei no 8.666/1993,
que determina:
Esse exame jurídico prévio não deve ser visto e tratado como mera formalidade,
cumprida para o efeito de atender-se à determinação legal. É, em realidade, ato
que se inclui na fase interna da licitação e que possui grande importância, até
porque uma análise superficial ou descompromissada poderá ensejar a preservação
de ilegalidades nos instrumentos, comprometendo não só o bom andamento da
licitação, como também a sua finalização. Isto acarretará, para a Administração,
injustificáveis e desnecessários prejuízos, diretamente resultantes da necessidade
de repetir-se procedimentos e do fato de impedir ou retardar o alcance do objetivo
de interesse público fixado.
Ultrapassada essa análise preliminar, deve o setor jurídico, então, ater-se ao exame
dos instrumentos convocatório e do contrato, cotejando o conteúdo apresentado
com as normas estatuídas nos arts. 40 e 55, respectivamente.
32
LICITAÇÕES E CONTRATOS ADMINISTRATIVOS │ UNIDADE ÚNICA
Modalidades de licitação
33
UNIDADE ÚNICA │ LICITAÇÕES E CONTRATOS ADMINISTRATIVOS
No artigo 23, são indicados os critérios de aplicação de uma ou outra entre as três
modalidades: concorrência, tomada de preço e convite.
A publicação deve ser feita com no mínimo 30 dias de antecedência, salvo quando
se tratar de licitação do tipo Melhor Técnica ou Técnica e Preço, ou quando o
contrato a ser celebrado contemplar a modalidade empreitada integral, casos em
que o prazo passa a ser de 45 dias (art. 21).
34
LICITAÇÕES E CONTRATOS ADMINISTRATIVOS │ UNIDADE ÚNICA
O registro cadastral (arts. 34 a 37) deve ser mantido pelos órgãos e entidades que
realizem frequentes licitações, devendo ser atualizados anualmente. A pessoa
cadastrada recebe um certificado do registro cadastral, com validade de um ano
e do qual consta a categoria em que se inclui, tendo em vista sua especialização
e sua qualificação técnica e econômica. A habilitação é prévia porque feita no
momento da inscrição do registro cadastral, perante a comissão permanente
ou especial. O certificado pode ser aceito em qualquer modalidade de licitação,
mesmo na concorrência, desde que observadas as restrições.
Ressalte-se que, nos termos prescritos pelo art. 120 da Lei Geral da Licitações
e Contratos Administrativos, “os valores fixados por esta Lei poderão ser
anualmente revistos pelo Poder Executivo Federal, que os fará publicar no
Diário Oficial da União, observando como limite superior a variação geral dos
35
UNIDADE ÚNICA │ LICITAÇÕES E CONTRATOS ADMINISTRATIVOS
A Lei não exige a publicação do edital, já que a convocação se faz por escrito,
com antecedência de cinco dias úteis, por meio da chamada carta-convite. A
possibilidade de novos participantes torna mais complexo um procedimento que
se caracteriza pela sua simplicidade, decorrente do fato de que essa modalidade é
cabível para os contratos de pequeno valor.
Com a finalidade de evitar que o convite seja sempre dirigido aos mesmos
licitantes, com possibilidade de ocasionar burla aos princípios da licitação, em
especial isonomia, o § 6 o do art. 22 exige que, existindo na praça mais do que três
interessados, a cada novo convite, realizado para objeto idêntico ou assemelhado,
seja a carta-convite dirigida, pelo menos, a mais um interessado, enquanto
existirem cadastrados não convidados nas últimas licitações.
36
LICITAÇÕES E CONTRATOS ADMINISTRATIVOS │ UNIDADE ÚNICA
De acordo com o art. 22, § 7o, o simples fato de se apresentarem menos do que três
interessados não é suficiente, por si só, para determinar a repetição do convite.
Pelo contrário, será possível prosseguir-se na licitação, se ficar demonstrado
manifesto desinteresse dos licitantes convidados ou as limitações do mercado.
Nesse caso, a limitação pode decorrer, por exemplo, da inexistência de outros
possíveis interessados ou de empresas que, por alguma razão, não atendam as
exigências da Administração.
37
UNIDADE ÚNICA │ LICITAÇÕES E CONTRATOS ADMINISTRATIVOS
38
LICITAÇÕES E CONTRATOS ADMINISTRATIVOS │ UNIDADE ÚNICA
Essa modalidade foi instituída pela Lei n o 10.520/2002, e tem dois Decretos
Federais regulamentares: n o 3.555, de 2000, que regula o Pregão presencial, e n o
5.450, de 2005, relativo ao Pregão eletrônico. O fato de termos um Decreto de
2000 regulamentando uma Lei de 2002 justifica-se: a Lei n o 10.520/2002 foi,
anteriormente, em 2000, uma Medida Provisória.
Trata-se de uma grande inovação na área de licitações, pois veio trazer agilidade,
menos burocracia e economicidade à Administração Pública.
39
UNIDADE ÚNICA │ LICITAÇÕES E CONTRATOS ADMINISTRATIVOS
No caso do Pregão eletrônico, não há tal limitação, pois todos os licitantes podem
formular lances.
40
LICITAÇÕES E CONTRATOS ADMINISTRATIVOS │ UNIDADE ÚNICA
A empreitada por preço global – Conforme a definição legal, pressupõe que o futuro
contrato deverá consignar um preço certo e total, embora a forma de pagamento possa
ser parcelada. Assim, por exemplo, é comum que as licitações objetivando a prestação
de serviços contínuos contemplem o regime de empreitada por preço global. Um edital
para a contratação de serviço de vigilância, pelo período de doze meses, determinará
que as licitantes cotem seus preços para todo o período (doze meses). O pagamento far-
se-á mensalmente, à proporção que o serviço for prestado.
41
UNIDADE ÚNICA │ LICITAÇÕES E CONTRATOS ADMINISTRATIVOS
Tipos de licitação
42
LICITAÇÕES E CONTRATOS ADMINISTRATIVOS │ UNIDADE ÚNICA
É comum alegar-se que a Administração Pública, utilizando o tipo Menor Preço, acaba
adquirindo produtos de qualidade inferior. Resumindo o problema, é necessário que
haja uma adequada caracterização do objeto a ser adquirido (que não pode ser tão
exaustiva a ponto de indução a determinada marca) e atenção para o moderno Código
de Defesa do Consumidor (Lei no 8.078, de 11 de setembro de 1990, art. 39):
43
UNIDADE ÚNICA │ LICITAÇÕES E CONTRATOS ADMINISTRATIVOS
Portanto, há que ser feita pesquisa para se verificar quais os produtos a respeito dos
quais já existem normas de qualidade, sendo lícita a exigência, nos instrumentos
convocatórios, de que os produtos ofertados se enquadrem nessas normas.
Inexistindo, ainda, tais normas, será lícito, também, que se estabeleça a exigência de
apresentação de laudos técnicos comprobatórios da adequação do bem à descrição
técnica do objeto. Nesse caso, o bom-senso indica a necessidade de aumento do
prazo para a sessão de recepção dos envelopes contendo documentação e propostas,
que possibilite as empresas obterem tais laudos.
Reconhecemos que não se trata de problema de fácil solução. Além de tudo isso,
devemos ter sempre em mente o prescrito no art. 3o, § 1o, I: “É vedado aos agentes
públicos: I – admitir, prever, incluir ou tolerar, nos atos convocatórios, cláusulas
ou condições que comprometam, restrinjam ou frustrem o seu caráter competitivo e
estabeleçam preferências ou distinções em razão da naturalidade, da sede ou domicílio
dos licitantes ou de qualquer outra circunstância impertinente ou irrelevante para o
específico objeto do contrato”.
Frise-se que expressões adjetivas em editais são inócuas, tais como: “produto de
excelente (ou boa qualidade); produto similar a tal marca etc. Veja-se o exemplo da
aquisição de lápis para a rede escolar. A Administração adquire esse produto em grande
quantidade. O que significaria a expressão “lápis de boa qualidade”, em se tratando de
critério de julgamento nas licitações? Nada. Poderíamos descrever, quanto ao objeto:
a. a cor;
b. as dimensões do lápis;
c. o sistema de acondicionamento;
d. o tipo de grafite.
A doutrina considera lícita a indicação de uma marca apenas como parâmetro, mas,
repetimos, o difícil é a comprovação científica de que o produto ofertado atende ou não
essa exigência.
44
LICITAÇÕES E CONTRATOS ADMINISTRATIVOS │ UNIDADE ÚNICA
Voltando à prioridade que a Lei estabeleceu para o “menor preço”, alertamos que, se
houver uma descrição técnica muito exaustiva do objeto estar-se-á dirigindo o certame
para determinado licitante que fornece aquele produto com as especificações técnicas
pedidas, excluindo-se os demais, o que é ilegal; ou, disfarçadamente, realizando uma
licitação tipo “técnica e preço” ou “melhor técnica” – o que foge, como já dissemos,
ao ditame da Lei. A legislação anterior permitia a adjudicação em favor de produto
melhor, em detrimento do mais barato. Hoje, no entanto, é vedada essa prática, ou
seja, ao teor ao art. 45, § 1o, I, licitação de menor preço é aquela que ocorre “quando o
critério de seleção da proposta mais vantajosa para a Administração determinar que
será vencedor o licitante que apresentar a proposta de acordo com as especificações
do edital ou convite e ofertar o menor preço”.
Outra observação importante: o art. 48, § 1o, estabelece um critério para se saber se
uma proposta de preços, no caso de licitação para obras e serviços de engenharia, é
ou não inexequível. Vejamos um exemplo:
Suponha-se a seguinte hipótese: numa licitação para obra, cujo projeto básico
orçou-a em R$600.000,00, e cujo edital não fixou preço máximo, houve quatro
propostas de preços:
45
UNIDADE ÚNICA │ LICITAÇÕES E CONTRATOS ADMINISTRATIVOS
Esses tipos somente poderão ser utilizados quando se pretende contratar a prestação de
serviços de natureza predominantemente intelectual (art. 46, caput). O rol de serviços
técnicos profissionais especializados apontados no art. 13 servem de exemplo, em que
pese a recomendação contida no § 1o daquele artigo no sentido de adotar-se a modalidade
concurso, o qual não comporta tipo (ver art. 45, § 1o: “Para os efeitos deste artigo,
constituem tipos de licitação, exceto na modalidade concurso”).
b. o tipo Técnica e Preço pressupõe a escolha do vencedor apenas pela maior média
aritmética ponderada, na qual o aspecto técnico recebe fator de ponderação
geralmente mais alto e não admite negociação. Vale dizer: a intenção é contratar- se
o melhor tecnicamente, não importando, decisivamente, o preço (obviamente, esse
preço há que ser coerente com os correntes no mercado). É mais adequado para
equipamentos.
Na licitação do tipo Melhor Técnica, deverá compor o edital uma planilha, a qual
levará em conta os seguintes aspectos: capacitação, experiência, qualidade técnica
da proposta (compreendendo metodologia, organização, tecnologias e recursos
46
LICITAÇÕES E CONTRATOS ADMINISTRATIVOS │ UNIDADE ÚNICA
No tipo Melhor Técnica, a Lei determina que haja uma negociação entre as licitantes
que obtiveram a nota técnica mínima, para verificar quem aceita contratar pelo
menor preço proposto dentre elas.
47
UNIDADE ÚNICA │ LICITAÇÕES E CONTRATOS ADMINISTRATIVOS
Licitantes Notas Técnicas Índice Técnico Preço (R$) Índice de Preços Média Ponderada
A 0,97 1,0 140,00 0,71 0,91
B 0,88 0,90 120,00 0,83 0,87
C 0,70 0,72 100,00 1,0 0,80
Licitante “B”: V.A = (It x 7) + (Ip x 3) / 10 :. V.A = (0,90 x 7) + (0, 83 x 3) / 10 :. V.A = 6,30 + 2,49 / 10 V.A. = 0,87
Licitante “C”: V.A = (It x 7) + (Ip x 3) / 10 :. V.A = (0,72 x 7) + (1,0 x 3) / 10 :. V.A = 5,04 + 3,0 /10 V.A. = 0,80
48
LICITAÇÕES E CONTRATOS ADMINISTRATIVOS │ UNIDADE ÚNICA
Qualquer exigência que extrapole essa relação será ilegal. O Tribunal de Contas da
União tem alertado que até mesmo a exigência de amostra de produto como condição
de habilitação não tem respaldo legal, justamente por não estar contido no elenco
estabelecido pelo art. 27.
49
UNIDADE ÚNICA │ LICITAÇÕES E CONTRATOS ADMINISTRATIVOS
Há doutrinadores que sustentam ser irrelevante o fato de a licitante estar irregular, por
exemplo, com relação a IPTU, se objeto licitado referir-se a prestação de serviços.
A nosso ver, nem mesmo a redação do art. 193 do Código Tributário Nacional-
CTN (“Salvo quando expressamente autorizado por lei, nenhum departamento da
administração pública da União, dos Estados, do Distrito Federa ou dos Municípios,
ou sua autarquia, celebrará contrato ou aceitará proposta em concorrência pública
sem que contratante ou proponente faça prova da quitação de todos os tributos
devidos à Fazenda Pública interessada, relativos à atividade em cujo exercício
contrata ou concorre”) justifica tal liberalidade. Em que pese tratar-se o CTN de
norma com status de Lei Complementar, a Lei no 8.666/1993 é específica, é o estatuto
jurídico das licitações e dos contratos administrativos e prevalece neste mister.
Observe-se, também, que o CTN fala em “quitação”, ao passo que a Lei n o 8.666/1993
evoluiu para “regularidade”. Ou seja, se uma licitante apresentar “Certidão
Positiva” de que trata o art. 206 do CTN, declarando que a empresa encontra-
se com processo de administrativo fiscal em curso, objetivando discutir alguma
exigência de ordem tributária, ao teor do art. 27, III da Lei no 8.666/1993, estará
regular e poderá participar da licitação: ninguém cogita, hoje, exigir quitação dos
tributos mas, tão-somente, regularidade em relação aos mesmos.
Ademais, o próprio CTN determina, em seu art. 199, que “a Fazenda Pública
da União e as dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios prestar-se-ão
mutuamente assistência para a fiscalização dos tributos respectivos e permuta
de informações, na forma estabelecida, em caráter geral ou específico, por lei ou
convênio”.
50
LICITAÇÕES E CONTRATOS ADMINISTRATIVOS │ UNIDADE ÚNICA
Outra interpretação que se deve extrair do art. 30 é que podem ser exigidas
das empresas, ao alvedrio do administrador público, tanto a capacitação
técnico-operacional (art. 30, II), quanto a capacitação técnico-profissional (art.
30, § 1 o, I). A primeira refere-se às instalações, ao aparelhamento e ao pessoal
técnico da empresa. A segunda diz respeito ao profissional de nível superior
que ficará responsável pela execução do objeto contratual. Nada impede,
portanto, que o edital exija uma ou outra capacitação, ou ambas, de acordo com
a complexidade do certame.
Conforme art. 30, §§ 5o e 6o, são vedadas exigências relativas a época e locais, bem como
à de propriedade de bens por parte da licitante, para a execução do futuro contrato.
Longo Prazo
51
UNIDADE ÚNICA │ LICITAÇÕES E CONTRATOS ADMINISTRATIVOS
Conforme prescrevem o art. 33, inciso II e seu § 2o, caso duas ou mais empresas
desejem participar do certame em consórcio (e desde que o edital o permita),
deverão apresentar, na fase habilitatória, compromisso nesse sentido; caso o
consórcio seja vitorioso, surgirá a obrigação de constituição e registro do consórcio.
52
LICITAÇÕES E CONTRATOS ADMINISTRATIVOS │ UNIDADE ÚNICA
a. conforme o art. 33, III, c/c art. 31, §§ 2o e 3o, caso a Administração não
tenha utilizado a faculdade prevista de acrescentar 30% aos valores
exigidos para licitante individual, poderá ser exigido, da empresa “A”,
no máximo, R$90.000,00 e, da empresa “B”, no máximo, R$10.000,00,
ou seja, 10% de R$1.000.000,00 equivalem a R$100.000,00;
53
UNIDADE ÚNICA │ LICITAÇÕES E CONTRATOS ADMINISTRATIVOS
Os efeitos do recurso
54
LICITAÇÕES E CONTRATOS ADMINISTRATIVOS │ UNIDADE ÚNICA
Rescindido o contrato com fulcro no art. 78, I a XII e XVII, assiste à contratada
o direito de recurso contra a decisão, ao teor do art. 109, I, “e”, do Estatuto das
Licitações. Pode parecer exagerada essa proteção à contratada, no sentido de
ter a mesma o direito de defender-se, num primeiro momento, no bojo de um
processo rescisório e, posteriormente, se concretizado o rompimento, instaurar
litígio administrativo por meio de recurso. Todavia, ad argumentandum tantum,
considere-se que, conforme o art. 87 da Lei in comento, a aplicação de sanções
administrativas pressupõe prévia defesa. Ora, com muito mais razão faz-se
necessária essa defesa prévia quando se trata de rescindir- se um contrato, decisão
que, obviamente, trará sérias consequências financeiras para a empresa e afetará
sua idoneidade.
55
UNIDADE ÚNICA │ LICITAÇÕES E CONTRATOS ADMINISTRATIVOS
Não se deve confundir recurso administrativo, previsto no art. 109, que se refere a
atos praticados pela Administração (inabilitação, desclassificação, rescisão etc.), com
impugnação ao edital, prevista no art. 41.
A regra contida no art. 41, § 1o, parece-nos mais adequada, ou seja, qualquer
impugnação que seja apresentada, seja por cidadão ou por licitante, deverá ser
respondida antes que se proceda à abertura de qualquer envelope; postergar para o
futuro a solução da impugnação, no caso de licitante, não nos parece aconselhável,
devido à série de transtornos possíveis no decorrer do procedimento. Suponha-
se que um licitante tenha impugnado a exigência de determinado documento;
obviamente, não o incluirá no envelope, sob a alegação de que impugnou a
exigência; na sessão de abertura dos envelopes contendo os documentos relativos
à habilitação poderá haver licitante adversário que advogue a inabilitação do
impugnante – ou seja, tudo indica que o procedimento já se iniciará com incidente
de percurso.
Importante ressaltar que, embora a Lei estipule prazos para que os cidadãos ou os
licitantes apresentem impugnações ao edital, a qualquer tempo em que a autoridade
administrativa constate qualquer vício de ilegalidade, terá o dever de promover a
anulação do ato, ou seja, o silêncio do particular não convalida o ato nulo.
56
LICITAÇÕES E CONTRATOS ADMINISTRATIVOS │ UNIDADE ÚNICA
É importante ressaltar: o texto legal deixa claro que não se pode instaurar um
processo licitatório irresponsavelmente, sem que haja, por exemplo, recursos
orçamentários previstos; revogar-se uma licitação sem razão de interesse público
plausível, decorrente de fato superveniente, pode ensejar, além do recurso
administrativo por parte dos licitantes (vide art. 109, I, “c”), ação judicial
objetivando reparação de danos, pois, conforme preconiza o art. 49, § 3o, “no
caso de desfazimento do processo licitatório, fica assegurado o contraditório e a
ampla defesa”.
Licitação dispensável
O art. 24, incisos I a XXXV, trata das hipóteses em que a licitação é dispensável. Cabe,
aqui, uma diferenciação, pois a Lei no 8.666/1993 trata de licitações dispensadas,
dispensáveis e inexigíveis.
Já o art. 25 trata das hipóteses em que a licitação é inexigível, haja vista a sua
inviabilidade, eis que só se licitam coisas similares. Se o objeto que se pretende
contratar não possui similares no mercado, não possibilita a comparação com
57
UNIDADE ÚNICA │ LICITAÇÕES E CONTRATOS ADMINISTRATIVOS
58
LICITAÇÕES E CONTRATOS ADMINISTRATIVOS │ UNIDADE ÚNICA
Não remanesce dúvida, portanto, de que não basta que uma aquisição seja estimada
em até R$ 33.000,00 ou R$17.600,00, conforme o caso, para que, automaticamente, se
dispense a licitação.
Exemplos típicos para “grave perturbação da ordem” (art. 24, III) são as situações
que culminam com a decretação dos “Estado de Defesa” e “Estado de Sítio” a que
aludem os arts. 136 e 137 da Constituição Federal. Obviamente, não basta que o País
esteja em guerra ou haja “Estado de Sítio” decretado para que, automaticamente,
seja dispensada a licitação. Cada circunstância deverá ser adequadamente
justificada.
59
UNIDADE ÚNICA │ LICITAÇÕES E CONTRATOS ADMINISTRATIVOS
A duração máxima do contrato emergencial será de cento e oitenta dias, não podendo
ser prorrogado.
Apesar da redação confusa, entendemos que basta um certame “deserto” para que a
Administração possa, justificadamente, partir para a adjudicação direta. Esta é a
interpretação da expressão “licitação anterior”.
60
LICITAÇÕES E CONTRATOS ADMINISTRATIVOS │ UNIDADE ÚNICA
A primeira observação: com a nova redação do art. 48, que passou a ter três
parágrafos, o inciso VII do art. 24 deve ser lido: “(...) casos em que, observado o §
3o do art. 48 desta Lei (...)”.
61
UNIDADE ÚNICA │ LICITAÇÕES E CONTRATOS ADMINISTRATIVOS
Além disso, o art. 25, III, considera inexigível a licitação para contratação de
profissional de qualquer setor artístico, desde que consagrado pela crítica
especializada ou pela opinião pública. Se determinada restauração de obra ou
objeto histórico demandar o trabalho de um artista, estará, também, configurada
a hipótese de inexigibilidade.
62
LICITAÇÕES E CONTRATOS ADMINISTRATIVOS │ UNIDADE ÚNICA
Chamamos a atenção para o final do inciso XV do art. 24: “(...) desde que
compatíveis ou inerentes às finalidades do órgão ou entidade”. Por exemplo, o
Museu Nacional necessita restaurar um obra de arte do seu acervo.
Evidentemente, caso haja apenas uma empresa local que possa fornecer energia
elétrica, a licitação será inexigível, e, não, dispensável, pois seria inviável o certame.
Licitação inexigível
64
LICITAÇÕES E CONTRATOS ADMINISTRATIVOS │ UNIDADE ÚNICA
9. justificativa do preço;
65
UNIDADE ÚNICA │ LICITAÇÕES E CONTRATOS ADMINISTRATIVOS
Licitações internacionais
Para que o assunto não fique sem nenhum comentário, trazemos à baila a grande
dificuldade de se aplicar o art. 42, § 4o, que trata da comparação entre propostas
brasileiras e estrangeiras.
66
LICITAÇÕES E CONTRATOS ADMINISTRATIVOS │ UNIDADE ÚNICA
É cediço que o PIS e a COFINS têm a ver com a receita das empresas, e não com
a operação final de venda. A prevalecer esse raciocínio, incluir-se-iam, também,
nesse rol, o imposto sobre a renda, sobre a propriedade territorial urbana, sobre a
propriedade de veículos automotores, e outros mais. Já foi constatado, em licitações
internacionais, que empresas brasileiras pugnaram pela inclusão do Imposto sobre
a Renda e da Contribuição sobre o Lucro.
Conforme preceitua a Lei Complementar n o 70, de 1991, art. 2o, a base de cálculo
da COFINS é o faturamento mensal, assim considerado a receita bruta das
vendas de mercadorias e de serviços de qualquer natureza, deduzidos os valores
correspondentes às exclusões e isenções.
Por seu turno, com relação ao PIS, sua base de cálculo é o faturamento do mês,
assim entendida a receita bruta da venda de bens nas operações de conta própria,
do preço dos serviços prestados e do resultado auferido nas operações de conta
alheia, deduzidos os valores correspondentes às exclusões e isenções a seguir (Lei
n o 9.715, de 1998, art. 3 o).
67
UNIDADE ÚNICA │ LICITAÇÕES E CONTRATOS ADMINISTRATIVOS
a. nesse país, há tributos análogos aos nossos ICMS, IPI, PIS, COFINS?
Muitos países adotam o IVA(Imposto sobre o Valor Agregado). Seria ele
equiparável ao ICMS, para fins de julgamento das propostas?
Além disso, terá de ser investigada eventual isenção, no Brasil, quanto ao ICMS ou
ao IPI que esteja beneficiando o produto licitado, pois não seria legal, nesse caso,
o acréscimo desses gravames tributários.
69
UNIDADE ÚNICA │ LICITAÇÕES E CONTRATOS ADMINISTRATIVOS
Essa Lei refere-se, tão somente, aos bens dominicais, ou seja, aqueles que não se
enquadram como bens de uso comum do povo ou de uso especial, isto é, estão
desafetados, não vinculados a uma destinação pública.
Relembre-se que, ao teor do art. 17, I, desta Lei, os bens imóveis de uso especial
e de uso comum do povo, de propriedade da administração direta, autárquica e
fundacional de todos os entes federativos continuam dependendo de autorização
legislativa para a sua alienação.
70
LICITAÇÕES E CONTRATOS ADMINISTRATIVOS │ UNIDADE ÚNICA
A licitação “dispensada”
71
CAPÍTULO 2
Contratos administrativos
O contrato não pode conter nenhuma obrigação que não tenha sido
prevista no instrumento convocatório. Hoje, com o uso consagrado do
computador, torna-se mais fácil esse trabalho: após confeccionado o
edital, basta transportar suas normas para a minuta do contrato, com as
necessárias adaptações redacionais (por exemplo, se, no edital, fala-se em
“adjudicatário”, no contrato será “contratado”).
Ao teor do art. 40, § 2 o, III e art. 62, § 1 o, a minuta do futuro contrato (se
a licitação o comportar), obrigatoriamente, será anexada ao instrumento
convocatório, sendo um direito do licitante obtê- la. Em face disso, é lícito que,
para que o edital não fique excessivamente longo, faça menção a determinados
dispositivos que estejam contidos na minuta do contrato. Consequentemente,
a partir do momento em que a minuta do contrato é distribuída, qualquer
modificação que se lhe faça acarreta o cumprimento do disposto no art. 21,
§ 4 o (Qualquer modificação no edital exige divulgação pela mesma forma
que se deu o texto original, reabrindo-se o prazo inicialmente estabelecido,
exceto quando, inquestionavelmente, a alteração não afetar a formulação das
propostas).
Digno de realce o estatuído pelo art. 55, XIII, quanto à obrigação do contratado
de manter, durante a execução do contrato, todas as condições e as qualificações
exigidas na licitação. Com base nesse dispositivo é lícito condicionar-se o
pagamento de qualquer fatura à apresentação de documentação comprobatória
de estar em dia com quaisquer dos aspectos atinentes à habilitação jurídica,
à qualificação técnica ou econômica financeira, à regularidade fiscal e
o cumprimento do disposto no art. 7 o, XXXIII, da Constituição Federal.
72
LICITAÇÕES E CONTRATOS ADMINISTRATIVOS │ UNIDADE ÚNICA
Evidentemente, será preciso que, por ocasião da licitação, tenha sido exigida a
comprovação desses aspectos. Se, por exemplo, não foi exigida a comprovação
de capital mínimo, não se poderá, no decorrer do contrato, estipular essa
condição.
É por isso que temos alertado: a faculdade prevista no art. 32, § 1 o (“A documentação
de que tratam os arts. 28 a 31 desta Lei poderá ser dispensada, no todo ou em
parte, nos casos de convite, concurso, fornecimento de bens para pronta entrega
e leilão”) deve ser vista com cautela, mesmo porque, ao teor do art. 195, § 3 o, da
Constituição Federal, a “pessoa jurídica em débito com o sistema da seguridade
social, como estabelecido em lei, não poderá contratar com o Poder Público nem
dele receber benefícios ou incentivos fiscais ou creditícios”.
Essa preocupação avulta com o fato de, conforme o art. 71, § 2o, o Poder Público
responder solidariamente com o contratado quanto aos encargos previdenciários;
no tocante aos encargos trabalhistas, essa responsabilidade é subsidiária, ao teor da
Súmula 331/TST.
73
UNIDADE ÚNICA │ LICITAÇÕES E CONTRATOS ADMINISTRATIVOS
74
LICITAÇÕES E CONTRATOS ADMINISTRATIVOS │ UNIDADE ÚNICA
ART. 40 ART. 55
XIV – condições de pagamento, prevendo:
a) prazo de pagamento não superior a trinta dias, contado a partir da data
final do período de adimplemento de cada parcela;
b) cronograma de desembolso máximo por período, em conformidade
com a disponibilidade de recursos financeiros; III – o preço e as condições de pagamento, os critérios, data-base e
periodicidade do reajustamento de preços, os critérios de atualização
c) critério de atualização financeira dos valores a serem pagos, desde a monetária entre a data do adimplemento das obrigações e a do efetivo
data final do período de adimplemento de cada parcela até a data do pagamento;
efetivo pagamento;
d) compensações financeiras e penalizações, por eventuais atrasos, e
descontos, por eventuais antecipações de pagamentos;
e) exigência de seguros, quando for o caso;
XV – instruções e normas para os recursos previstos nesta Lei;
XVI – condições de recebimento do objeto da licitação; IV – os prazos de início de etapas de execução, de conclusão, de
entrega, de observação e de recebimento definitivo, conforme o caso;
XVII – outras indicações específicas ou peculiares da licitação.
Suponha-se a seguinte hipótese: numa licitação para obra, cujo projeto básico
orçou-a em R$600.000,00, e cujo edital não fixou preço máximo, houve quatro
propostas de preços:
75
UNIDADE ÚNICA │ LICITAÇÕES E CONTRATOS ADMINISTRATIVOS
Por outro lado, o art. 48, § 2o preconiza que “Dos licitantes classificados na forma
do parágrafo anterior cujo valor global da proposta for inferior a 80% do menor
valor a que se referem as alíneas“a”e“b”, será exigida, para a assinatura do contrato,
prestação de garantia adicional (...) igual à diferença entre o valor resultante do
parágrafo anterior e o valor da correspondente proposta”.
Alguns autores entendem, como Lucas Rocha Furtado, que a garantia extra seria
obtida pela diferença entre o valor da proposta vencedora, R$750.000,00, e o limite
para a prestação dessa garantia extra (R$766.666,66 – resultante da aplicação do
percentual de 80% sobre o menor dos valores obtidos pelas alíneas a e b do § 1o
do art. 48). A garantia extra seria, portanto, de R$16.666,66, e a garantia regular
seria de R$37.500,00. Isso implicaria a exigência de garantia total de R$54.166,66
(2001:188)
A regra geral quanto à duração dos contratos é que eles devem iniciar-se e terminar
dentro do exercício financeiro, ou seja, de janeiro a dezembro. As exceções a essa
regra estão contidas nos incisos I (projetos cujos produtos estejam contemplados
nas metas estabelecidas no Plano Plurianual), II (prestação de serviços a serem
76
LICITAÇÕES E CONTRATOS ADMINISTRATIVOS │ UNIDADE ÚNICA
Prática que deve ser evitada, por ilícita, por entendemos não ter amparo nas normas
constitucionais supramencionadas, é a que consiste na emissão de Nota de Empenho
de Despesas para cobrir despesas de contratos formalizados em final de exercício,
por exemplo, no mês de dezembro, e a seguir, inscrever esse empenho como “restos a
pagar” e efetuar pagamentos de despesas desse contrato ocorridas no exercício seguinte.
Como compatibilizar esse procedimento com o caput do art. 57, o qual determina que a
duração do contrato está adstrita à vigência dos créditos orçamentários? Para maiores
informações a respeito de restos a pagar, ver art. 36, da Lei no 4.320/1964.
77
UNIDADE ÚNICA │ LICITAÇÕES E CONTRATOS ADMINISTRATIVOS
A interpretação do art. 57, IV, devido à redação confusa, deixa margem a dúvidas.
Refere-se aquele dispositivo ao aluguel de quaisquer equipamentos? Entendemos
que o permissivo legal refere-se, unicamente, aos de informática. Relembramos,
a propósito, que locação, ao teor do art. 6 o, II, é um serviço. Portanto, se a
Administração contratante entender que determinada locação (não relativa
à informática) trata-se de serviço contínuo, aplicar-se-ia, ao caso, o art. 57, II,
podendo a duração do contrato estender-se por até sessenta meses. Exemplo:
aluguel de um aparelho de fotocópia. Em princípio, trata-se da contratação de
um serviço que deverá ter a duração adstrita ao exercício. Se, porém, firmar-se o
conceito de que se trata de um serviço a ser prestado de forma contínua, aplicar-
se-ia a regra do art. 57, II, podendo a contratação chegar a sessenta meses.
78
LICITAÇÕES E CONTRATOS ADMINISTRATIVOS │ UNIDADE ÚNICA
79
UNIDADE ÚNICA │ LICITAÇÕES E CONTRATOS ADMINISTRATIVOS
O art. 60, Parágrafo único, considera nulo o contrato verbal com a Administração,
com exceção o de pequenas compras de pronto pagamento, cujo valor não ultrapasse
o correspondente a cinco por cento do valor previsto para a modalidade convite
(art. 23, II, “a”). Atualmente, o valor limite para a celebração de contrato verbal
corresponde a oito mil e oitocentos reais.
80
LICITAÇÕES E CONTRATOS ADMINISTRATIVOS │ UNIDADE ÚNICA
A regra contida no art. 61, Parágrafo único, condiciona a eficácia do contrato à sua
publicação, em atendimento ao Princípio da Publicidade. O prazo para publicação
foi bastante elastizado. Se, por exemplo, um contrato for assinado no dia 1 o de
junho, a administração deverá providenciar a sua publicação até o quinto dia útil
de julho, a qual deverá ocorrer num prazo de vinte dias. É possível, pois, que
transcorram quase dois meses entre o ato da assinatura e a publicação, o que,
naturalmente, deve ser evitado.
81
UNIDADE ÚNICA │ LICITAÇÕES E CONTRATOS ADMINISTRATIVOS
Será muito difícil, por exemplo, que um particular queira alugar um prédio à
Administração Pública e pactuando com base nesta Lei, em que, como já vimos, a
supremacia do Poder Público e o desequilíbrio entre as partes é inconteste. É justo
que o proprietário do imóvel queira um pacto com base na lei específica que rege o
inquilinato.
A mesma dificuldade pode ser constatada com relação ao art. 62, § 3 o, II, que se
refere às situações em que a Administração for parte como usuária de serviço
público. De acordo com a nossa Carta Política, art. 175, caput, a prestação de
serviços públicos pode ser feita sob o regime de concessão e, modernamente, essa
é a tendência predominante. Decorre, daí, a pergunta: o fornecimento de energia
elétrica, por exemplo, por uma empresa privada concessionária, a um município,
constitui contrato administrativo ou privado? Entendemos que se trata de contrato
administrativo, como majoritariamente entende a doutrina, a exemplo de Carlos
Ari Sundfeld (1994: 201): “Quaisquer contratos da Administração estão, em todas
as etapas de sua vida, sujeitos à observância do regime do direito administrativo,
donde a impropriedade (e o perigo) de definir uma parcela deles como privados”.
83
UNIDADE ÚNICA │ LICITAÇÕES E CONTRATOS ADMINISTRATIVOS
84
LICITAÇÕES E CONTRATOS ADMINISTRATIVOS │ UNIDADE ÚNICA
A redação do art. 65, II, “d” e dos seus §§ 5o e 6o reflete uma saudável preocupação
do legislador em proteger o particular que celebra avença com o Poder Público no
tocante à superveniência de fatos imprevisíveis que tornem inviável a execução
do objeto contratual. Qualquer circunstância nova que venha a afetar o natural
equilíbrio financeiro inicial deve ensejar a revisão do contrato. Naturalmente,
cabe ao contratado requerer essa revisão e demonstrar a sua necessidade com
base em planilhas convincentes. De um modo geral, existe uma má-vontade
generalizada para o deferimento desses pleitos e, até certo ponto, é bom que assim o
seja, até porque a revisão contratual para mais afeta o planejamento orçamentário
do Órgão. Entretanto, não procede a posição de que, qualquer que seja a
circunstância desequilibradora, dever-se-á aguardar o interregno mínimo de um
ano para postular-se a revisão. Quem raciocina dessa forma estará confundindo
reajuste com revisão – o primeiro, sim, dependente de aplicação de índice previsto
no instrumento convocatório, com periodicidade pré-definida; a segunda, não,
depende unicamente de ocorrência de “fatos imprevisíveis, ou previsíveis, porém
de consequências incalculáveis, retardadores ou impeditivos da execução do
85
UNIDADE ÚNICA │ LICITAÇÕES E CONTRATOS ADMINISTRATIVOS
ajustado, ou, ainda, em caso de força maior, caso fortuito de fato de príncipe,
configurando álea econômica extraordinária e extracontratual” (art. 65, II, “d”).
O problema dos acréscimos e supressões nos contratos administrativos tem sido alvo
de dúvidas e polêmicas. Algumas considerações são importantes.
Art. 65 Os contratos regidos por esta Lei poderão ser alterados, com as
devidas justificativas, nos seguintes casos:
(...)
(...)
86
LICITAÇÕES E CONTRATOS ADMINISTRATIVOS │ UNIDADE ÚNICA
Raciocínio:
Com relação a obras e serviços, deverá haver uma negociação entre a Administração e
a Empresa contratada, a fim de se definir onde incidirão os acréscimos ou supressões.
87
UNIDADE ÚNICA │ LICITAÇÕES E CONTRATOS ADMINISTRATIVOS
Feitas essas considerações iniciais, passemos, agora, para um aspecto que tem
suscitado muita polêmica. Como é sabido, o art. 23, § 1o, Lei no 8.66/1993,
determina que haja o parcelamento, nas obras, serviços e compras de bens; as
parcelas serão tantas quantas se comprovarem técnica e economicamente viáveis,
a fim de que se aproveitem os recursos disponíveis no mercado e haja a ampliação
da competitividade, sem perda da economia de escala.
Temos, inclusive, ensinado que uma forma prática de conduzir tais procedimentos
é exigir-se um envelope comum a todos, quanto à fase habilitatória, e envelopes
contendo propostas técnicas e de preços separadamente, para cada lote. Isso traz
uma enorme vantagem: se um determinado lote gerar recurso administrativo ou
litígio judicial, ficará com sua tramitação suspensa; os demais lotes em que não
haja nenhum incidente dessa natureza poderão ser adjudicados e contratados
normalmente.
88
LICITAÇÕES E CONTRATOS ADMINISTRATIVOS │ UNIDADE ÚNICA
89
UNIDADE ÚNICA │ LICITAÇÕES E CONTRATOS ADMINISTRATIVOS
a. o percentual permitido pela Lei (art. 65,§ 1o) incidirá sobre o valor
contratual resultante da revisão, vigente à época em que ocorreu esse
acréscimo;
90
LICITAÇÕES E CONTRATOS ADMINISTRATIVOS │ UNIDADE ÚNICA
A compensação financeira está prevista no art. 40, XIV, “d”, da Lei no 8.666/1993,
“por eventuais atrasos, e descontos, por eventuais antecipações de pagamento”.
91
UNIDADE ÚNICA │ LICITAÇÕES E CONTRATOS ADMINISTRATIVOS
92
LICITAÇÕES E CONTRATOS ADMINISTRATIVOS │ UNIDADE ÚNICA
(art. 68). É justamente com esse preposto que o servidor da Administração irá
relacionar-se mais frequentemente no cumprimento de sua tarefa fiscalizatória.
Emerge daí que a fiscalização do contrato não pode deixar de exigir, a cada pagamento
feito à contratada, a comprovação da regularidade quanto a esses encargos, até porque
o art. 55, XIII, prevê que o contratado deverá manter, durante a execução do contrato,
todas as condições de habilitação e qualificação exigidas na licitação. Negligenciada
essa obrigação, se a Administração vier a ser cobrada, futuramente, por tais encargos,
certamente o servidor público responsável pela fiscalização deverá responder
regressivamente por esse ônus, sem prejuízo de outras sanções.
93
UNIDADE ÚNICA │ LICITAÇÕES E CONTRATOS ADMINISTRATIVOS
94
LICITAÇÕES E CONTRATOS ADMINISTRATIVOS │ UNIDADE ÚNICA
execução indireta, mediante contrato, desde que exista, na área, iniciativa privada
suficientemente desenvolvida e capacitada a desempenhar os encargos de execução”)
aponta nesse sentido. Não teria lógica a opção pela execução indireta de obra ou serviço,
por meio de empreitada ou tarefa, se remanescesse a responsabilidade civil resultante
de danos causados pelas empreiteiras.
95
UNIDADE ÚNICA │ LICITAÇÕES E CONTRATOS ADMINISTRATIVOS
A propósito, deve ser registrado uma falha redacional na Lei que tem suscitado
dúvidas a respeito da subcontratação. No art. 72 permite-se que “O contratado,
na execução do contrato, sem prejuízo das responsabilidades contratuais e
legais, poderá subcontratar partes da obra, serviço ou fornecimento, até o
limite admitido, em cada caso, pela Administração”. Mas, no art. 78, ao arrolar
os motivos para rescisão contratual, estatui, no inciso VI: “a subcontratação
total ou parcial do seu objeto, a associação do contratado com outrem, a cessão
ou transferência total ou parcial, bem como a fusão, cisão, incorporação, não
admitidas no edital ou contrato”. Fica, portanto, a impressão de que se poderia
admitir a subcontratação total, o que seria uma interpretação equivocada. Sempre
deve ser esclarecido, no edital, o aspecto da subcontratação, vedando-se, desde
logo, a sua totalidade. Inclusive, é um direito da Administração estabelecer que
as licitantes que pretendam subcontratar informem, na fase licitatória, quais
serão as empresas parceiras. Ademais, não podemos esquecer que a norma do
art. 78, VI, está inserida na Seção V – Da inexecução e da rescisão dos contratos.
Isso não nos permite uma interpretação extensiva do art. 72, que está em outra
seção da Lei, a relativa à execução dos contratos, sobretudo se considerarmos a
natureza intuitu personae do contrato administrativo. Por todo o exposto, vale
dizer, também, que uma eventual previsão editalícia de subcontratação total no
instrumento convocatório seria absolutamente ilegal.
96
LICITAÇÕES E CONTRATOS ADMINISTRATIVOS │ UNIDADE ÚNICA
Ressalte-se, ainda, que, o art. 96 da LLC considera crime punível com detenção de três
meses a seis anos, e multa:
Rescisão contratual
No art. 78 são arroladas dezoito situações que constituem motivo para rescisão,
vale dizer, fica a critério da Administração, constatada a infringência ao contrato,
apenas aplicar sanção ou, além disso, rescindir.
97
UNIDADE ÚNICA │ LICITAÇÕES E CONTRATOS ADMINISTRATIVOS
Nessa mesma linha de raciocínio, ensina Jessé Torres Pereira Júnior (1997:524-5):
Relembre-se que, ao teor do art. 109, I, “e”, a rescisão administrativa (os motivos
estão arrolados nos incisos I a XII, XVII e XVIII do art. 78), possibilita recurso.
Pode parecer exagerada essa proteção ao contratado, no sentido de ter o direito
de defender-se, inicialmente, no bojo de um processo rescisório e, posteriormente,
se concretizado o rompimento, instaurar litígio administrativo por meio de
recurso. Entretanto, considere-se que, conforme o art. 87, a aplicação de sanções
administrativas pressupõe prévia defesa. Ora, com muito mais razão faz-se
necessária essa defesa prévia quando se trata de rescindir-se um contrato, o que
trará sérias consequências financeiras para a empresa e afetará sua idoneidade.
O art. 78, que arrola os motivos rescisórios, pode ser assim resumido:
98
LICITAÇÕES E CONTRATOS ADMINISTRATIVOS │ UNIDADE ÚNICA
c) judicial.
Interessante observar que, com o veto presidencial ao inciso IV do art. 79, mesmo
que ocorram quaisquer das situações arroladas nos incisos XIII a XVI do art. 78
(supressão acima dos limites legais, pela Administração; suspensão de execução
por prazo superior a 120 dias; atraso superior a 90 dias dos pagamentos; e não
liberação, por parte da Administração, de área, local ou objeto), a contratada
não terá o direito à rescisão unilateral do contrato. Terá de requerer a rescisão
amigável e, indeferida essa, poderá recorrer ao Poder Judiciário (ou, se preferir,
tentar imediatamente a rescisão judicial, ao teor do art. 5 o, XXXV, da Carta da
República (“A lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça
a direito”). Isso se coaduna com a supremacia do Poder Público sobre o particular,
embora seja estranhável que, por exemplo, uma empresa que esteja há mais de
noventa dias sem receber pagamento de parcelas contratuais tenha de tentar uma
rescisão amigável, embora a Lei lhe faculte a suspensão da execução do objeto
contratual (art. 78, XV).
99
UNIDADE ÚNICA │ LICITAÇÕES E CONTRATOS ADMINISTRATIVOS
100
LICITAÇÕES E CONTRATOS ADMINISTRATIVOS │ UNIDADE ÚNICA
MORA DO CONTRATADO
Multa diária, por não ter fornecido ou executado tal etapa etc,
relativo ao contrato, dentro do prazo proposto:
V
M = R$0,10* x xd
T
onde:
(*) valor aleatório; quanto maior, mais elevado será o valor da multa
diária
101
UNIDADE ÚNICA │ LICITAÇÕES E CONTRATOS ADMINISTRATIVOS
102
LICITAÇÕES E CONTRATOS ADMINISTRATIVOS │ UNIDADE ÚNICA
103
UNIDADE ÚNICA │ LICITAÇÕES E CONTRATOS ADMINISTRATIVOS
Crimes e penas
Princípio da especialidade
As condutas delituosas previstas na LLC que constam do Código Penal estão, em razão
desse Princípio, revogadas.
Sujeito ativo
quando investida em certa função pública, da qual se prevalece para praticar o ato
ilícito que venha a infringir a lei penal. Nos arts. 90; 92, Parágrafo único; 93; 95; 96;
e 97, Parágrafo único, qualquer pessoa pode ser sujeito ativo desses crimes definidos
nesses artigos.
Sujeito passivo
Na maioria das hipóteses, é o Estado. Eventualmente, pode o particular, impedido de
licitar ou mesmo de participar da licitação, figurar como sujeito passivo também.
Modalidades culposas
Não são admissíveis, pois a Lei só pune as formas dolosas. O dolo consiste no
propósito de praticar o fato descrito na lei. São os crimes intencionais. A culpa
consiste na prática não intencional do delito, faltando, porém, ao agente um dever
de atenção e cuidado. As modalidades de culpa são: a negligência, a imprudência
e a imperícia. Exemplificando. Suponhamos que determinado servidor pratique
a figura delituosa do art. 89, isto é, contrate diretamente um serviço fora das
hipóteses previstas na lei. No decorrer do processo, fica provado que esse servidor
nunca tinha feito um curso de licitação e tinha pouca experiência, pois na data
do fato estava com pouco tempo de serviço público. Em suma, ficou provado que
o servidor agiu com culpa. Como inexiste a forma culposa do crime do art. 89, o
servidor não poderá ser responsabilizado criminalmente. O máximo que poderá
acontecer é responsabilizar-se o referido servidor por uma falta administrativa e
nunca por crime.
Tentativa
É admissível na maioria das hipóteses, haja vista que o tipo objetivo misto alternativo,
isto é, que comporta ações comissivas e omissivas, permite o fracionamento da
conduta delituosa.
Penas
Para todas as hipóteses estão cominadas pena privativa de liberdade (detenção) e
pena pecuniária (multa).
105
UNIDADE ÚNICA │ LICITAÇÕES E CONTRATOS ADMINISTRATIVOS
Recursos administrativos
Como se pode observar esse tema foi tratado juntamente com o art. 43
(procedimento), por motivos didáticos, pois, a cada julgamento, surge o direito a
recurso administrativo.
106
CAPÍTULO 3
Licitações e microempresas
Esse capítulo versa sobre a participação das microempresas nas licitações. E por
que faz-se diferença nesse tópico? Na medida em que a licitação deve atingir o
maior número de pessoas possíveis para participar do certame, buscando assim,
o melhor preço, a melhor qualidade, no menor tempo possível, máxima do
princípio da eficiência, precisamos verificar também a possibilidade ─ ou não —
da participação das microempresas nas licitações.
Assim, por exemplo, pode-se citar o art. 47 da LC 123/2006, com a redação dada pela
LC 147/2014, que tem o seguinte teor:
107
UNIDADE ÚNICA │ LICITAÇÕES E CONTRATOS ADMINISTRATIVOS
E para que o artigo 47 da referida lei complementar pudesse ser efetivado, o art. 48 do
mesmo diploma legal determina que a administração pública:
No Brasil, o valor da reserva vai até oitenta mil reais e obedece a regra
de três, uma vez que o art. 49, II da Lei Geral exige, além de outras
determinações, a presença mínima de três fornecedores competitivos
enquadrados como microempresas ou empresas de pequeno porte.
(2007, p. 307).
108
LICITAÇÕES E CONTRATOS ADMINISTRATIVOS │ UNIDADE ÚNICA
Por sua vez, José Anacleto Abduch Santos, ao analisar o possível confronto ao
princípio da igualdade diante do tratamento diferenciado conferido pela Lei
Complementar às Microempresas e às empresas de pequeno porte, afirma que:
109
UNIDADE ÚNICA │ LICITAÇÕES E CONTRATOS ADMINISTRATIVOS
da ME e EPP que seja apta a assegurar a neutralização das diferenças por elas
apresentadas em face das grandes empresas. (2007, p. 21)
Ainda nessa seara não podemos deixar de mencionar Maria Sylvia Zanella di Pietro
que assim se posiciona:
110
LICITAÇÕES E CONTRATOS ADMINISTRATIVOS │ UNIDADE ÚNICA
http://jus.com.br/artigos/31060/consideracoes-sobre-as-licitacoes-em-
face-das-alteracoes-do-estatuto-nacional-da-microempresa-e-empresa-
de-pequeno-porte-lei-complementar-n-123-2006-provenientes-da-lei-
complementar-n-147- 2014#ixzz3Z7BrD72D.
Com relação a penalidades, como fica tal tema diante da legislação que não
faz nenhuma menção especial às microempresas e das empresas de pequeno
porte? Existe também tratamento diferenciado nessa seara?
http://www.comprasgovernamentais.gov.br/arquivos/estatisticas/02-
apresentacao-siasg-mpe-_2014.pdf.
111
CAPÍTULO 4
Parcerias público-privadas
Figura 1.
PPP
112
LICITAÇÕES E CONTRATOS ADMINISTRATIVOS │ UNIDADE ÚNICA
Augusto Neves Dal Pozzo e Pedro Jatene nos chamam a atenção para essa
denominação de parcerias público-privadas, principalmente em decorrência da
internacionalização que vivenciamos, afirmando que:
Ainda sobre essa distinção, Carlos Ari Sundfeld (2005) aponta o sentido amplo das PPP
como sendo os
Uma das vantagens apontada por Augusto Neves Dal Pozzo e Pedro Jatene
(2015) para a criação de parcerias público-privadas refere-se à alternativa de
financiamento, na medida em que um programa de parceria público-privada
permite que o setor público possa ultrapassar barreiras que lhe são naturalmente
impostas, seja em decorrência de arrecadação insuficiente de recursos ou ainda
de sua capacidade de endividamento, na medida em que precisa respeitar as
diretrizes da Lei de Responsabilidade Fiscal.
113
UNIDADE ÚNICA │ LICITAÇÕES E CONTRATOS ADMINISTRATIVOS
Percebe-se assim, que a doutrina aponta diversos pontos positivos para a criação de
parcerias público-privadas.
Mas, sobre o que exatamente estamos falando? Analisando o art. 2o da Lei das
Parcerias Público- Privadas, verificamos que o legislador cuidou de conceituar o que
se trata a parceria público-privada. Vejamos:
Por isso que, na doutrina, Sundfeld (2005, p.29) conclui que, quando presente a
cobrança de tarifas aos usuários e a contraprestação pecuniária do concedente,
estar-se-á diante de uma concessão patrocinada, ainda que o concessionário
também receba contraprestação não pecuniária da Administração e outras
receitas alternativas.
114
LICITAÇÕES E CONTRATOS ADMINISTRATIVOS │ UNIDADE ÚNICA
E, ainda, para não deixar margem a dúvidas, quanto ao objeto da lei em comento, o
parágrafo 3o de seu artigo 2o afirma que a concessão comum não é objeto da lei das
parcerias público-privadas. Vejamos:
115
UNIDADE ÚNICA │ LICITAÇÕES E CONTRATOS ADMINISTRATIVOS
Resumindo o que foi dito, pode-se assim observar as vedações da lei, sob a forma de
esquema:
Figura 2.
Vedação da
Utilização da PPP Em razão do objeto.
https://www.youtube.com/watch?v=JC6_nPpLd58.
https://www.youtube.com/watch?v=WOrv8IH1ZB0.
Figura 3.
Fonte: http://seumarketingemfoco.blogspot.com.br/2011/05/voce-entende-como-funciona-uma-parceria.html.
116
CAPÍTULO 5
Regime diferenciado de contratações
públicas
Gasparini (2012, p.761), ao analisar o RDC, aponta que este foi concebido com
os objetivos legalmente declarados de ampliar a eficiência nas contratações
públicas e a competitividade entre os licitantes; promover a troca de experiências
e tecnologias em busca da melhor relação entre custos e benefícios para o setor
público e incentivar a inovação tecnológica.
Figura 4.
117
UNIDADE ÚNICA │ LICITAÇÕES E CONTRATOS ADMINISTRATIVOS
Figura 5.
Fonte: http://blogdotarso.com/2013/10/27/criticas-ao-rdc-regime-diferenciado-de-contratacoes/.
118
LICITAÇÕES E CONTRATOS ADMINISTRATIVOS │ UNIDADE ÚNICA
A Lei do RDC não deixou dúvidas em relação aos princípios que regem a contratação
pública diferenciada, e isso podemos constatar no art. 3o da referida lei, vejamos:
119
UNIDADE ÚNICA │ LICITAÇÕES E CONTRATOS ADMINISTRATIVOS
120
LICITAÇÕES E CONTRATOS ADMINISTRATIVOS │ UNIDADE ÚNICA
121
UNIDADE ÚNICA │ LICITAÇÕES E CONTRATOS ADMINISTRATIVOS
Que tal assistir no Saber Direito - TV Justiça no Link abaixo as explicações sobre
o Regime Diferenciado de Contratação ?
https://www.youtube.com/watch?v=YKz3Hppj8uI.
https://www.youtube.com/watch?v=9FB25-CP7AY.
https://www.youtube.com/watch?v=-8NH-yzScio.
https://www.youtube.com/watch?v=SaRTGTtcDFs.
https://www.youtube.com/watch?v=meX33pPVLYE.
https://www.youtube.com/watch?v=oPNSirr71Es.
122
CAPÍTULO 6
Pregão eletrônico
Em 2005, foi editado o Decreto no 5.450, que veio a regulamentar o pregão na forma
eletrônica, para a aquisição de bens e serviços comuns, além de ter adotado outras
providências. O art. 1o do referido decreto tem o seguinte teor:
Para a efetivação do pregão eletrônico é realizada uma sessão pública onde a utilização
da tecnologia é primordial para a integração entre os agentes públicos responsáveis
pela licitação, e nesse caso estamos vendo a pessoa do pregoeiro bem como a equipe
de apoio e ainda os licitantes/fornecedores. Assim, mediante o provedor da Internet,
é possível ampliar o universo de participantes e como consequência permitir que
as licitações ocorram de forma mais transparente e diante dessa maior publicidade
teremos assim, uma maior fiscalização.
123
UNIDADE ÚNICA │ LICITAÇÕES E CONTRATOS ADMINISTRATIVOS
Cumpre ressaltar todavia, que o pregão eletrônico não é uma modalidade distinta
de pregão, mas o meio que é utilizado que é o grande diferenciador. Posição essa
claramente externada por Vera Scarpinella ao afirmar que:
Diante das vantagens advindas dessa forma de licitação, o pregão eletrônico acabou
sendo priorizado em se tratando de aquisições de bens e serviços de natureza comum,
isso pode ser depreendido pela simples leitura do Decreto no 3.555/2000, no art. 3o do
Anexo II, vejamos:
124
LICITAÇÕES E CONTRATOS ADMINISTRATIVOS │ UNIDADE ÚNICA
Figura 6.
Fonte: http://blog.grancursosonline.com.br/pregao-eletronico/.
125
UNIDADE ÚNICA │ LICITAÇÕES E CONTRATOS ADMINISTRATIVOS
Outro ponto que merece destaque no Decreto no 5.450 de 2005 refere-se à questão
da designação do pregoeiro, que pode pertencer a órgão diverso daquele que irá
promover o evento, contanto que esteja inserido no SISG - Sistema Integrado de
Serviços Gerais do Ministério do Planejamento. Isso significa que pode ser qualquer
pregoeiro que opere pregões pelo portal Comprasnet.
Art. 18. Até dois dias úteis antes da data fixada para abertura da
sessão pública, qualquer pessoa poderá impugnar o ato convocatório
do pregão, na forma eletrônica.
126
LICITAÇÕES E CONTRATOS ADMINISTRATIVOS │ UNIDADE ÚNICA
127
UNIDADE ÚNICA │ LICITAÇÕES E CONTRATOS ADMINISTRATIVOS
[...]
128
LICITAÇÕES E CONTRATOS ADMINISTRATIVOS │ UNIDADE ÚNICA
129
UNIDADE ÚNICA │ LICITAÇÕES E CONTRATOS ADMINISTRATIVOS
https://www.youtube.com/watch?v=7ndqgOJ3qDM.
https://www.youtube.com/watch?v=8VSIVzkqXUk.
https://www.youtube.com/watch?v=brBt9pwMyjM.
130
Para (não) Finalizar
O pregão eletrônico tem-se destacado como uma forma de permitir uma maior
eficiência e eficácia por parte da Administração Pública, e bem assim como um
fator facilitador no combate à corrupção que, infelizmente, ainda é bastante alta
em nossa estrutura administrativa.
Por sua vez, o regime diferenciado de contratação vem nos demonstrando que em
determinados casos é possível realizar uma contratação diferenciada e que isso é
primordial para a efetivação e a concretização dos atos administrativos.
Do que foi exposto, importa destacar que o conteúdo apresentado neste caderno
mostra as tentativas de modernização do Direito Administrativo, para fazer pleno
uso, em prol do interesse público, das novas formas de tecnologias e mais eficazes
mecanismos de financiamento e controle.
Para manter acesa a discussão do tema, ensaie propor novas regulamentações ainda
não existentes, que possam constituir mudanças legislativas em prol do interesse
de todos. Lembre-se de comentar e discutir essas sugestões com os seus colegas e
com o seu professor!
131
Referências
132
REFERÊNCIAS
133