Você está na página 1de 16

1

Universidade Federal da Bahia


Programa de Pós-Graduação em Direito
Curso de Doutorado

FELIPE JACQUES SILVA

OS LIMITES DO CONTROLE DE ATOS DO PODER PÚBLICO POR


MEIO DE ARGUIÇÃO DE DESCUMPRIMENTO DE PRECEITO
FUNDAMENTAL

Salvador
2017
FELIPE JACQUES SILVA

OS LIMITES DO CONTROLE DE ATOS DO PODER PÚBLICO POR


MEIO DE ARGUIÇÃO DE DESCUMPRIMENTO DE PRECEITO
FUNDAMENTAL

Anteprojeto de tese apresentado como requisito


parcial para aprovação no processo seletivo do
Curso de Doutorado em Direito Público da
Faculdade de Direito da Universidade Federal da
Bahia.

Salvador
2017
3

SUMÁRIO

1. IDENTIFICAÇÃO DO PROJETO.............................................................................4
2. PROBLEMA..................................................................................................................4
3. HIPÓTESE....................................................................................................................5
4. JUSTIFICATIVA..........................................................................................................5
5. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA...............................................................................7
6. OBJETIVOS................................................................................................................10
6.1 OBJETIVO GERAL.....................................................................................................10
6.1 OBJETIVOS ESPECÍFICOS........................................................................................11
7. QUESTÕES NORTEADORAS...................................................................................11
8. METODOLOGIA.........................................................................................................12
8.1 METODOLOGIA DE ABORDAGEM........................................................................12
8.2 METODOLOGIA DE PROCEDIMENTO..................................................................13
8.3 METODOLOGIA DE PESQUISA...............................................................................13
8.4 ADEQUAÇÃO À LINHA DE PESQUISA..................................................................13
9. CRONOGRAMA 2016/2020........................................................................................14
10. PROJETO DE SUMÁRIO..........................................................................................14
11. REFERÊNCIAS...........................................................................................................15
4

1 IDENTIFICAÇÃO DO PROJETO
a) Título
Os limites do controle de atos do Poder Público por meio de Arguição de
Descumprimento de Preceito Fundamental.

b) Autor
Felipe Jacques Silva

c) Professor Orientador
(a definir)

d) Área de Concentração
Direito Público

e) Linha de Pesquisa
Constituição, Estado e Direitos Fundamentais

f) Duração do projeto: 47 (quarenta e sete) meses.


• Início: novembro de 2016.
• Término: outubro de 2020.

g) Finalidade
Obtenção do grau de Doutor em Direito.

h) Instituição envolvida
Universidade Federal da Bahia

2 PROBLEMA

O presente anteprojeto de doutoramento tem como problema questionar os limites da


atuação do Poder Judiciário no controle de atos do Poder Público por meio de Arguição de
Descumprimento de Preceito Fundamental, analisando se há possibilidade da sindicabilidade
de atos políticos e interna corporis.
5

3 HIPÓTESE

A defesa do controle judicial dos atos políticos e atos interna corporis muito se
assemelha àquela que foi e continua sendo travada na doutrina e nos tribunais para possibilitar
a apreciação judicial dos atos administrativos discricionários. A semelhança dos casos se
estabelece porque todos os referidos atos são espécies do género atos do Poder Público, razão
pela qual, acredita-se ser prudente adotar forma de controle semelhante, circunscrevendo a
atuação do Poder Judiciário à legalidade dos requisitos da prática do ato, quais sejam: forma,
competência, objeto, motivo e finalidade.
A sindicabilidade judicial dos mencionados atos não viola a harmonia e independência
entre os poderes constituídos, pois se insere no sistema de freios e contrapesos e tem como
objetivo central garantir a segurança jurídica e a própria existência do ordenamento jurídico
constitucional por meio da defesa do substrato essencial da Constituição, seus preceitos
fundamentais, tendo como principal instrumento a Arguição de Descumprimento de Preceito
Fundamental.

4 JUSTIFICATIVA

O Estado de Direito exige a subordinação da estrutura de desempenho do poder


político-administrativo às normas constitucionais, sendo o Poder Judiciário o principal
responsável pelo controle da observância da ordem constitucional.
O modelo de Estado subordinado às normas jurídicas, herança do constitucionalismo
moderno, não trouxe respostas claras acerca do limite de controle dos atos do Poder Público
por meio de decisões judiciais.
O advento do neoconstitucionalismo, em resposta aos terrores da segunda guerra
mundial e a consequente aniquilação de direitos fundamentais com o aval do Estado de
Direito Nazista e Fascista, ressaltou a importância de proteção de diretos tidos como essências
e estruturantes da própria sociedade, dentre os quais têm especial destaque os direitos
fundamentais. Esse período tem como consequências, a consolidação da supremacia da
constituição e a concepção da eficácia expansiva dos valores constitucionais, que se irradiam
por todo o sistema jurídico.
6

A partir desse momento, a jurisdição constitucional ganha especial relevância,


passando a ser composta por importantes ações de tutela das normas constitucionais, tratando-
se de verdadeiro sistema de proteção e garantia da supremacia da Constituição.
No Brasil da Constituição Federal de 1988, dentre as ações constitucionais integrantes
do mencionado sistema, destaca-se a Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental -
ADPF, uma vez que tem por finalidade a proteção do que há de mais nobre e importante em
uma Lei Fundamental, aquilo que diz respeito à própria essência, ao espírito da ordem
constitucional, nada mais que os preceitos fundamentais, em face dos atos do Poder Público.
A posição de supremacia assumida pela Constituição traz consigo o questionamento
sobre os limites de proteção das normas constitucionais em face do desempenho das
atribuições pelo Estado. Deveras, em algumas situações, princípios prevalecerão perante
outros também constitucionais, e regras constitucionais deixarão de ser aplicadas em
privilégio de outras de hierarquia semelhante. No entanto, quando o ato do Poder Público
estiver em rota de colisão com as normas mais essências da ordem constitucional, resta o
questionamento de como deve proceder a atuação do Poder Judiciário.
A busca de uma resposta para a mencionada indagação deve perpassar por outros dois
questionamentos, quais sejam, o tipo de ato praticado pelo Estado e se este pode ou não ser
objeto do controle jurisdicional.
Os atos praticados pelo Poder Público decorrem das funções dos Poderes Constituídos,
são estas: função de legislar, função de julgar, função administrativa, função de governo e
função de fiscalização e controle. Embora cada um dos Poderes tenha sua função típica,
também desenvolvem de forma atípica quase todas as demais. Por essa razão, os atos do
Poder Público denominados políticos podem ser identificados na atuação de cada um dos
Poderes Constituídos, mas sobretudo na função de governo. Esses atos são alguns dos quais o
Supremo Tribunal Federal consolidou jurisprudência contrária à sua apreciação pelo Poder
Judiciário.
A análise acerca da possibilidade de superar esse entendimento passa,
indubitavelmente, pelo instrumento da Arguição de Descumprimento de Preceito
Fundamental, sendo importante ação constitucional, cujos recentes julgados da Suprema
Corte têm permitido questionar o seu posicionamento e a possibilidade de mudança de
paradigma para a garantia de uma maior efetividade e segurança jurídica da ordem
constitucional por meio do controle de alguns atos políticos e atos interna corporis do Poder
Público.
7

5 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

Os atos políticos são aqueles de competência da alta cúpula dos poderes constituídos,
que decorrem de diretrizes ideológicas adotadas pelo Estado em um dado momento. Tratam-
se de atribuições expressamente estabelecidas pela Constituição para os agentes estatais e que
não tem aspecto de ato administrativo. São exemplos de atos políticos: a sanção de lei, o veto
jurídico, a iniciativa de lei, a decretação de estado de defesa e de estado de sítio, os atos de
deliberação do Congresso Nacional, dentre outros.
Nesse sentido, Maria Sylvia Zanella Di Pietro pontifica que o ato político
implica uma atividade de ordem superior referida à direção suprema e geral do
Estado em seu conjunto e em sua unidade, dirigida a determinar os fins da ação do
Estado, a assinalar as diretrizes para as outras funções, buscando a unidade da
soberania estatal1.

Ora, os atos políticos tratam-se de atos relacionados à conveniência e à oportunidade


política dos Poderes Executivo, Legislativo ou Judiciário, razão pela qual são atos praticados
pelo Poder Público.
Por sua vez, o objeto da ADPF é evitar ou reparar lesão a preceito fundamental,
resultante de ato do Poder Público, portanto, sendo os atos políticos espécies desses, a ação
constitucional deveria prestar-se a seu controle. No entanto, o Supremo Tribunal Federal
firmou entendimento por afastar esses atos de sua sindicabilidade, por meio de ADPF.
Professor Dirley da Cunha Jr. pondera que a Suprema Corte brasileira perdeu
importante oportunidade de garantir a normatividade plena à Constituição Federal de 1988 e
afastá-la da sina de se tornar uma Constituição nominal ou de “fachada”, conforme a
classificação de Carl Loewenstein2.
A jurisprudência do Supremo restou consolidada logo na ADPF nº. 01-RJ movida pelo
Partido Comunista do Brasil – PcdoB em face do Prefeito do Município do Rio de Janeiro,
uma vez que este não motivara o ato de veto de uma lei que havia elevado o valor do IPTU
para o exercício de 2000. Ocorre que, embora a Constituição estabeleça que o veto político do
chefe do Poder Executivo deva ser motivado (Art. 66, §1º, da CF/88), o STF decidiu por não
conhecer a ADPF, uma vez que se tratava de ato político3.

1
DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella. Direito administrativo. .28ª Ed. São Paulo: Grupo Gen, 2015. p. 178.
2
CUNHA JR, Dirley da. Controle de Constitucionalidade: teoria e prática. 8ª ed. Salvador: JusPodivm, 2016. p. 325.
3
Arguição de descumprimento de preceito fundamental. Lei nº 9882, de 3.12.1999, que dispõe sobre o processo e
julgamento da referida medida constitucional. (...) 6. O objeto da arguição de descumprimento de preceito
fundamental há de ser "ato do Poder Público" federal, estadual, distrital ou municipal, normativo ou não, sendo, também,
cabível a medida judicial "quando for relevante o fundamento da controvérsia sobre lei ou ato normativo federal, estadual ou
municipal, incluídos os anteriores à Constituição". 7. Na espécie, a inicial aponta como descumprido, por ato do Poder
8

Este episódio trata-se de ofensa direta ao Princípio da Inafastabilidade do Controle


pelo Poder Judiciário, direito fundamental constante do art. 5º, inciso XXXV, da CF/88.
Acredita-se que esta jurisprudência deve ser superada tal qual os tribunais e a doutrina já têm
admitido o controle judicial dos atos administrativos discricionários, ou seja, aqueles em que a
Administração Pública atua por razões de conveniência e oportunidade.
A aplicação desse entendimento aos atos administrativos deve ser estendida aos atos
políticos até porque se tratam de espécies de atos do Poder Público. Por esta razão, ambos têm
como requisitos necessários: forma, competência, objeto, motivo e finalidade. O poder
judiciário, quanto aos atos administrativos discricionários, tem admitido a análise da
legalidade desses requisitos, o que se defende, mutatis mutandis, deva também ser aplicado
aos atos políticos.
Assim, episódios como o da ADPF nº. 01-RJ deveriam ser admitidos e a análise
meritória circunscrever-se à análise dos requisitos forma, competência, objeto, motivo e
finalidade. Em especial, na hipótese do referido julgamento, a ação constitucional deveria ter
sido conhecida e julgada procedente, em virtude da ausência do atendimento ao requisito
constitucional motivo.
Situações semelhantes têm chegado à corte Suprema e têm recebido o mesmo
tratamento da ADPF nº. 01-RJ, pode-se mencionar a ADPF nº. 372-DF, de Relatoria da
Ministra Rosa Weber, ajuizada pela Associação dos Membros dos Tribunais de Contas do
Brasil - Atricon contra o veto total da Presidência da República ao Projeto de Lei do Senado
274/2015, que versava sobre a aposentadoria compulsória dos servidores efetivos e vitalícios
aos 75 (setenta e cinco) anos de idade4. Um dos motivos apresentados pela ministra para não

Executivo municipal do Rio de Janeiro, o preceito fundamental da "separação de poderes", previsto no art. 2º da Lei Magna
da República de 1988. O ato do indicado Poder Executivo municipal é veto aposto a dispositivo constante de projeto de lei
aprovado pela Câmara Municipal da Cidade do Rio de Janeiro, relativo ao IPTU. 8. No processo legislativo, o ato de vetar,
por motivo de inconstitucionalidade ou de contrariedade ao interesse público, e a deliberação legislativa de manter ou
recusar o veto, qualquer seja o motivo desse juízo, compõem procedimentos que se hão de reservar à esfera de
independência dos Poderes Políticos em apreço. 9. Não é, assim, enquadrável, em princípio, o veto, devidamente
fundamentado, pendente de deliberação política do Poder Legislativo - que pode, sempre, mantê-lo ou recusá-lo, - no
conceito de "ato do Poder Público", para os fins do art. 1º, da Lei nº 9882/1999. Impossibilidade de intervenção
antecipada do Judiciário, - eis que o projeto de lei, na parte vetada, não é lei, nem ato normativo, - poder que a ordem
jurídica, na espécie, não confere ao Supremo Tribunal Federal, em via de controle concentrado. 10. Arguição de
descumprimento de preceito fundamental não conhecida, porque não admissível, no caso concreto, em face da natureza do
ato do Poder Público impugnado. (ADPF 1-QO/RJ, Relator Ministro Néri da Silveira, Tribunal Pleno, DJ 07.11.2003,
destaquei)
4
1. Trata-se de arguição de descumprimento de preceito fundamental proposta pela ASSOCIAÇÃO DOS MEMBROS DOS
TRIBUNAIS DE CONTAS DO BRASIL - ATRICON em face do veto presidencial oposto à íntegra do Projeto de Lei
Complementar do Senado nº 274/2015, que dispõe sobre a aposentadoria compulsória aos setenta e cinco anos de idade, com
proventos proporcionais ao tempo de contribuição, no âmbito da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios,
consoante veiculado na Mensagem nº 441/2015 da Presidência da República. (...) 11. À luz do exposto, o veto presidencial
fundamentado, pendente de deliberação política do Congresso Nacional, de modo algum se amolda à figura de “ato do Poder
9

conhecer a ADPF foi a inadequação do objeto, uma vez que não se subsome ao requisito legal
do art. 1ª, caput, da Lei nº. 9.882/99, qual seja, “ato do Poder Público”, tratando-se de um ato
político, que, conforme os fundamentos da decisão monocrática, ainda poderia ser objeto de
rejeição do veto pelo Congresso Nacional, o que aliás acabou por se ultimar, dando origem à
Lei Complementar nº. 152/2015.
Episódio semelhante aconteceu na ADPF nº. 73, quando o Ministro Eros Grau não
conheceu da ação, uma vez que impugnava veto parcial do Presidente da República oposto a
Lei nº. 10.934/2004, Lei de Diretrizes Orçamentárias de 20055.
A questão da apreciação de atos políticos e atos interna corporis pelo Poder Judiciário
reside, sobretudo, na proteção aos preceitos fundamentais. Esta possibilidade viria a
sedimentar o entendimento de que a finalidade de evitar ou reparar a lesão a preceitos
fundamentais está acima da grande maioria dos atos que possam ser praticados pelo Poder
Público. Algo que, em cada caso, pode ser verificado por meio da aplicação do sistema de
sopesamento de Robert Alexy entre o princípio da segurança jurídica constitucional e o
princípio da separação dos poderes.
O controle judicial dos atos políticos pode ser dividido em três correntes com
entendimentos diversos, quais sejam: primeiro, o atual entendimento do STF, segundo o qual
os atos de natureza política não podem ser sindicados; segundo, a posição da doutrina que
admite que alguns atos políticos estariam sujeitos ao controle do Poder Judiciário e outros
estariam apenas relacionados à conveniência e oportunidade política do Poder responsável6 e,

Público” para os fins do art. 1º, caput, da Lei nº 9.882/1999. 12. Forte nos arts. 4º, caput, da Lei nº 9.882/1999 e 21, § 1º, do
RISTF, nego seguimento à presente arguição de descumprimento de preceito fundamental, prejudicado o exame do pedido de
liminar. (STF. ADPF 372-DF. Processo n. 0007934-95.2015.1.00.0000. Rel. Min. Rosa Weber. Julgado em 03/11/2015)
5
1. O Partido da Social Democracia Brasileira - PSDB propõe argüição de descumprimento de preceito fundamental, com
pedido de liminar, indicando como ato lesivo o veto parcial do Presidente da República ao Projeto de Lei n. 3, de 2004 – CN,
que resultou na Lei n. 10.934, de 11 de agosto de 2.004. A lei mencionada dispõe sobre diretrizes para a elaboração da lei
orçamentária de 2.005. 2. O argüente sustenta que seria patente o cabimento desta ADPF. Isso porque o ato de que se trata,
veto a lei de diretrizes orçamentárias, não seria impugnável pela via da ação direta. Diz que Supremo Tribunal Federal
entende que as leis de diretrizes orçamentárias consubstanciam atos de efeitos concretos. 3. Alega que o veto ao § 3º da Lei n.
10.934 violaria “os preceitos fundamentais da dignidade da pessoa humana, do direito a vida, do direito a saúde e da garantia
de recursos financeiros mínimos a serem aplicados nas ações e serviços públicos da saúde, constantes, respectivamente, dos
artigos 1º, inciso III, 5º, caput, 6º, caput, 196, todos da Constituição Federal, além do inserto no artigo 77 do Ato das
Disposições Transitórias, com redação dada pela Emenda Constitucional n. 29” (...) 11. O argüente afirma que o veto
presidencial ao § 3º do artigo 59 da Lei 10.934 consubstanciaria lesão a preceito fundamental. Isso porque “o piso de
aplicação em saúde em 2005 deveria estar sob a égide da Lei Complementar prevista na EC nº 29, porém a sua não aprovação
até o momento implica na continuidade das regras estabelecidas para os exercícios de 2001 a 2004, estatuídas no inciso I,
alínea ‘b’, do artigo 771. (...)13. A presente argüição de descumprimento de preceito fundamental carece de condições que
viabilizem o seu prosseguimento. Nego seguimento à argüição nos termos do art. 21, § 1º, do RISTF. (ADPF 73-DF. STF.
Rel. Min. Eros Graus DJ 11/05/2007 PP-00122 RDDP n. 52, 2007, p. 156-158).
6
Nesse sentido, Dirley da Cunha Jr. e Luís Roberto Barroso.
10

em terceiro lugar o posicionamento segundo o qual, todo e qualquer ato político pode ser
sindicado, com o objetivo de evitar ou reparar lesão a preceito fundamental.
Ora, a Constituição é a Lei Fundamental do Estado e os preceitos fundamentais lhe
emprestam o espírito, ou seja, são as normas indispensáveis à conservação jurídica e política
da ordem constitucional, razão pela qual esses preceitos devem prevalecer em face de
qualquer ato do Estado, quando atentem contra os requisitos de formação do ato ou possam
ser adotadas medidas menos gravosas ou mais benéficas para a sociedade.

6 OBJETIVOS

6.1 OBJETIVO GERAL

O objetivo geral da tese a ser desenvolvida é analisar os limites do controle


jurisdicional de atos do Poder Público por meio de Arguição de Descumprimento de Preceito
Fundamental, investigando acerca da existência de circunstâncias e hipóteses em que atos
políticos e atos interna corporis poderão ser objeto da apreciação jurisdicional.

6.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS

Além do objetivo geral, pretende-se alcançar alguns objetivos específicos, como,


por exemplo:
(i) Compreender a extensão do conceito ato do Poder Público enquanto objeto da
Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental;
(ii) Verificar se atos políticos são espécies de atos do Poder Público;
(iii) Conceituar e apresentar as espécies de atos políticos;
(iv) Verificar se atos interna corporis são espécies de atos do Poder Público;
(v) Conceituar e apresentar as espécies de atos interna corporis;
(vi) Investigar qual o entendimento doutrinário e jurisprudencial atual acerca do
controle judicial de atos políticos;
(vii) Investigar qual o entendimento doutrinário e jurisprudencial atual acerca do
controle judicial de atos interna corporis;
(viii) Examinar se a ofensa a preceitos fundamentais por atos políticos ensejaria o
controle por meio de ADPF;
(ix) Examinar se a ofensa a preceitos fundamentais por atos interna corporis ensejaria
o controle por meio de ADPF;
11

(x) Entender a concepção de preceitos fundamentais;


(xi) Estudar em que consiste o descumprimento de preceito fundamental;
(xii) Pesquisar se o controle judicial dos atos administrativos discricionários pode ser
estendido aos atos político e aos atos interna corporis;
(xiii) Demostrar a aplicação da técnica do sopesamento entre o princípio da segurança
jurídica e da separação de poderes nas hipóteses de ofensa a preceitos
fundamentais por atos políticos e atos interna corporis;
(xiv) Tratar sobre a importância de se conferir uma efetividade normativa plena à
Constituição na defesa dos preceitos fundamentais;
(xv) Analisar a possibilidade de a ADPF ser utilizada no controle preventivo de
constitucionalidade.

7 QUESTÕES NORTEADORAS

São questões que norteiam o presente estudo:


1. Qual a extensão do conceito ato do Poder Público enquanto objeto da Arguição de
Descumprimento de Preceito Fundamental?
2. Os atos políticos são espécies de atos do Poder Público?
3. Quais as espécies de atos políticos?
4. Os atos interna corporis são espécies de atos do Poder Público?
5. Quais as espécies de atos interna corporis?
6. Qual o entendimento doutrinário e jurisprudencial atual acerca do controle judicial de
atos políticos?
7. Qual o entendimento doutrinário e jurisprudencial atual acerca do controle judicial de
atos interna corporis?
8. A ofensa a preceitos fundamentais por atos políticos ensejaria o controle por meio de
ADPF?
9. A ofensa a preceitos fundamentais por atos interna corporis ensejaria o controle por
meio de ADPF?
10. Qual o conceito mais adequado para o preceito fundamental?
11. Em que consiste o descumprimento de preceito fundamental?
12. O controle judicial dos atos administrativos discricionários pode ser estendido aos atos
político e aos atos interna corporis?
12

13. É possível a aplicação da técnica do sopesamento entre o princípio da segurança


jurídica e da separação de poderes nas hipóteses de ofensa a preceitos fundamentais
por atos políticos e atos interna corporis?
14. Qual a importância de se conferir uma efetividade normativa plena à Constituição na
defesa dos preceitos fundamentais?
15. Existe a possibilidade de a ADPF ser utilizada no controle preventivo de
constitucionalidade?

8 METODOLOGIA

8.1 MÉTODO DE ABORDAGEM

O método utilizado na presente pesquisa conta com a influência de alguns métodos já


consagrados, que serão delineados para cada fase da pesquisa.
Em primeiro lugar, elege-se o método cartesiano (DESCARTES, 2007), para a análise
e dissecação dos julgados do Supremo Tribunal Federal, sobretudo aqueles referentes às
ADPF’s, bem como sobre a legislação pátria vigente, em especial as Leis 9.882/99 e 9.868/99.
Em seguida, o método utilizado será o lógico-dedutivo (POPPER, 2004), a fim de se
identificar as técnicas de julgamento utilizadas nos acórdãos objetos do estudo, analisando-os
criticamente, de forma que se possa refutar as concepções e teorias até então dominantes.
O julgamento de atos políticos e atos interna corporis por meio de ADPF promove o
contraste entre o princípio da segurança jurídica e o princípio da separação dos poderes, cuja
resolução depende da utilização das técnicas de sopesamento (ALEXY, 2008), analisando
cada uma das máximas parciais da proporcionalidade, galgando-se, nesta etapa, uma resposta
para o problema eleito para esta pesquisa.

8.2 MÉTODO DE PROCEDIMENTO

Monográfico.

8.3 TÉCNICAS DE PESQUISA

Pesquisa bibliográfica (consulta à doutrina, nacional e estrangeira, à literatura


especializada, todas encontradas em acervos públicos e privados), consulta jurisprudencial
(repertórios autorizados e internet), consulta a especialistas que já tenham cuidado do tema ou
13

de correlatos, além de pesquisa documental. Consultar-se-á, do mesmo modo, a legislação,


vigente e revogada, nacional e estrangeira.

8.4 ADEQUAÇÃO À LINHA DE PESQUISA.

A pesquisa insere-se na área de concentração de Direito Público, na linha de


Constituição, Estado e Direitos Fundamentais. Mais especificamente, corresponde a um
estudo sobre os limites da jurisdição Constitucional no controle de atos do Poder Público
por meio de Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental, visando garantir o
direito fundamental à segurança jurídica por meio da defesa do controle de atos políticos e
interna corporis.

9 CRONOGRAMA – 2016/2020

Atividade Início Término


Catalogação e fichamento dezembro de 2016 dezembro de 2018
Redação provisória janeiro de 2019 outubro de 2019
Revisão do texto novembro de 2019 fevereiro de 2019
Redação definitiva março de 2019 julho de 2020
semestralmente, a partir de
Entrega de relatórios -
agosto de 2017
Qualificação agosto de 2020 -
Defesa outubro de 2020 -

10 PROJETO DE SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO
2. OS ATOS DO PODER PÚBLICO E O CONTROLE PELO PODER
JUDICIÁRIO
2.1. Atos do Poder Público: espécie e elementos constitutivos
2.2. Atos políticos como atos do Poder Público
2.3. Atos interna corporis como atos do Poder Público
2.4. O controle judicial dos atos do Poder Público: a mudança de paradigma quanto aos
atos administrativos discricionários
3. A SEPARAÇÃO DOS PODERES E A ATUAÇÃO DO STF COMO GUARDIÃO
DA CONSTITUIÇÃO EM FACE DE ATOS DO PODER PÚBLICO
3.1. O sistema de freios e contrapesos no Brasil e no Direito Comparado
3.2. A resolução do conflito entre os princípios da segurança jurídica e da separação dos
poderes por meio do sistema de ponderação de Robert Alexy
14

3.3. Os preceitos fundamentais como substratos essenciais da Constituição a serem


protegidos pela Suprema Corte
3.4. A jurisprudência do Supremo Tribunal Federal acerca do controle de atos políticos e
atos interna corporis e o paradigma da ADPF
4. OS LIMITES DA ARGUIÇÃO DE DESCUMPRIMENTO DE PRECEITO
FUNDAMENTAL NO CONTROLE DE ATOS DO PODER PÚBLICO: A
PECULIARIDADE DOS ATOS POLÍTICOS E DOS ATOS INTERNA CORPORIS
4.1. As peculiaridades da ADPF na jurisdição constitucional
4.2. As razões para a utilização da ADPF no controle de atos políticos
4.3. As razões para a utilização da ADPF no controle de atos interna corporis
4.4. A ADPF no controle judicial preventivo de constitucionalidade
5. CONCLUSÕES
6. REFERÊNCIAS

11 REFERÊNCIAS

ALEXY, Robert. Teoria dos Direitos Fundamentais. 2ª Ed. Trad. Virgílio Afonso da Silva.
Malheiros: Saraiva, 2008.

ÁVILA, Humberto Bergmann. Teoria dos Princípios: da definição à aplicação dos princípios
jurídicos. 17ª Ed. São Paulo: Malheiros, 2016.

BARROSO, Roberto Luís. Interpretação e Aplicação da Constituição. 6ª. Ed. São Paulo:
Saraiva, 2008.

___________. O Controle de Constitucionalidade no Direito Brasileiro. 7ª ed. São Paulo:


Saraiva, 2016.

CANOTILHO, José Joaquim Gomes. Direito Constitucional e Teoria da Constituição. 7ª


ed. COIMBRA: Almedina, 2003.

CAPPELLETTI, Mauro. O Controle Judicial de Constitucionalidade de Leis no Direito


Comparado. São Paulo: Sérgio Fabris, 2014.

COMPARATO, Fábio Konder. A Afirmação Histórica dos Direitos Humanos. 10ª ed. São
Paulo: Saraiva, 2015.

CUNHA JR, Dirley da. Controle de Constitucionalidade: teoria e prática. 8ª ed. Salvador:
JusPodivm, 2016.

__________________. Arguição de descumprimento de preceito fundamental. In: DIDIER


JUNIOR, Fredie (Org.). Ações constitucionais. 4. ed. Salvador: JusPODIVM, 2009. p. 488-
503.

DECOMAIN, Pedro Roberto. A Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental.


15

Revista Dialética de Direito Processual. São Paulo, n. 92, p. 78-107, nov. 2010.
DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella. Direito Administrativo. .28ª Ed. São Paulo: Grupo Gen,
2015.
DIMOULIS, Dimitri. Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental: problemas de
concretização e limitação. Revista dos Tribunais, v. 832, p. 11-36, fev. 2005.
CRUZ, Gabriel Dias Marques. Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental:
lineamentos básicos e revisão crítica no direito constitucional brasileiro. 1ª ed. São Paulo:
Malheiros,

DWORKIN, Ronald. Levando os Direitos a Sério. 3º Ed. 2ª Tiragem. Trad. Nelson Boeira.
São Paulo: Martins Fontes, 2014.

KELSEN, Hans. Jurisdição Constitucional. Introdução à edição brasileira e revisão técnica


de Sérgio Sélvulo da Cunha. São Paulo: Martins Fontes, 2003.

________. Teoria geral do Direito e do Estado. Tradução de Luis Carlos Borges. São Paulo:
Martins Fontes, 2000.

HÄBERLE, Peter. Hermenêutica Constitucional. A sociedade aberta dos intérpretes da


constituição: contribuição para a interpretação pluralista e “procedimental” da Constituição.
Tradução de Gilmar Ferreira Mendes. Porto Alegre: Sérgio Antônio Fabris, 2002.

HESSE, Konrad. A força normativa da constituição. Porto Alegre: Sérgio Fabris Editora,
1991.

MARMELSTEIN, George. Curso de Direitos Fundamentais. 5ª Ed. São Paulo: Atlas, 2014.

MELLO, Celso A. Bandeira de. Curso de direito administrativo. São Paulo: Malheiros,
2010.

MENDES, Gilmar Ferreira. Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental. 2ª


ed. São Paulo: Saraiva, 2011.

_____________. Direitos Fundamentais e Controle de Constitucionalidade. 4ª Ed. São


Paulo: Saraiva, 2012.

_____________. Arguição de descumprimento de preceito fundamental (I) (§ 1o do Art. 102


da Constituição Federal). Revista Jurídica Virtual, Brasília, v. 1, n. 7, dezembro 1999.
Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/ revista/Rev_07/arguicao.htm>

_____________. Arguição de descumprimento de preceito fundamental: demonstração de


inexistência de outro meio eficaz”. Revista Jurídica Virtual, Brasília, v. 2, n. 3, junho 2000.
Disponível em: < http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/revista/Rev_03/ demonstracao.htm>

RAMOS, Elival da Silva. Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental:


Delineamento do Instituto. In: TAVARES, André Ramos; ROTHENBURG, Walter Claudius
(Orgs.). Arguição de descumprimento de preceito fundamental: análises à luz da L.
9882/99. São Paulo: Atlas, 2002. p. 109-127.
16

_________. Controle de constitucionalidade no Brasil: perspectivas de evolução. São Paulo:


Saraiva, 2010.

SARLET, Ingo Wolfgang. A Eficácia dos Direitos Fundamentais: uma Teoria Geral dos
Direitos Fundamentais na Perspectiva Constitucional. 11. ed. rev. atual. Porto Alegre: Livraria
do Advogado Editora, 2012.

SCHMITT, Carl. Teoría de la constitución. Prólogo de Manuel García-Pelayo. Madrid:


Alianza, 1982.

SILVA, José Afonso da. Aplicabilidade das normas constitucionais. 7. ed. São Paulo:
Malheiros, 2007

TAVARES, André Ramos. Tratado de Arguição de Preceito Fundamental. São Paulo:


Atlas, 2001.

___________. Arguição de Descumprimento de Preceito Constitucional Fundamental:


aspectos essenciais do instituto na Constituição e na Lei. In: TAVARES, André Ramos;
ROTHENBURG, Walter Claudius (Orgs.). Arguição de descumprimento de preceito
fundamental: análises à luz da L. 9882/99. São Paulo: Atlas, 2002
VELOSO, Zeno. Controle jurisdicional de constitucionalidade. Belo Horizonte: DelRey,
2003.

Você também pode gostar