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ANUÁRIO ESTATÍSTICO DO ILAESE 2019

TRABALHO &
EXPLORAÇÃO
O mapa da exploração dos
trabalhadores no Brasil

CONSELHO EDITORIAL
Gustavo Machado: ilaesemg@gmail.com
Ana Paula Santana: anasantanapsico@gmail.com
Nazareno Godeiro: jpotyguar@terra.com.br

AUXÍLIO TÉCNICO
Khayla (Alexandre) Elias dos Santos

REVISÃO
Lucas de Mendonça Morais

DIAGRAMAÇÃO
Romerito Pontes

ILAESE
Instituto Latino-Americano de Estudos Socioeconômicos
O ILAESE – Instituto Latino-americano de Estudos Socioeconômicos – é um instituto de formação política
e teórica a serviço dos movimentos sociais, cujo objetivo é auxiliar a nova geração de ativistas a se formar
no campo do marxismo revolucionário como concepção de luta dos trabalhadores e da juventude. Queremos
contribuir para que os sindicatos e as organizações sociais se convertam em alavancas da transformação social.

Dados internacionais de catalogação:

ANUÁRIO Estatístico do ILAESE: trabalho & exporação. v. 1, nº 02, setembro, 2019


São Paulo: ILAESE, 2019 - _

Anual
ISSN: 2527-1628

1. Trabalho - exploração. 2. Anuário estatístico - trabalho e exploração. 3. Economia - Brasil. I. Título

O ILAESE disponibiliza qualquer parte


deste texto para ser reproduzida,
desde que citada a fonte.

EXPEDIENTE
Trabalho & Exploração é uma publicação anual elaborada pelo ILAESE para os sindicatos, oposições sindicais e movimentos
sociais. Coordenação Nacional do ILAESE: Ana Paula Santana, Érika Andreassy, Gustavo Machado, Guilherme Fonseca,
Nando Poeta e Nazareno Godeiro. Contato: Rua Curitiba, 862, sala 307 - Centro - Belo Horizonte - MG. CEP: 30170-
124. Telefone: (31) 2520-2008 / (31) 9.9223-8876 - ilaese@ilaeses.org.br - www.ilaese.org.br. CNPJ: 05.884.658/0001-01.
Diagramação e projeto gráfico: Romerito Pontes. Editor responsável: Gustavo Machado.
SUMÁRIO
Editorial.................................................................. 5
As encruzilhadas do imperialismo
e a situação da classe trabalhadora.................... 7
Gustavo Machado

EXPLORAÇÃO Exploração no Brasil............................................. 16


As 250 empresas mais
exploradoras do Brasil.......................................... 17
A exploração no trabalho bancário...................... 23
Riqueza produzida no Brasil................................ 24
PRODUTIVIDADE
Quantidade de riqueza
produzida por trabalhador.................................... 25
A remuneração dos
REMUNERAÇÃO trabalhadores no Brasil........................................ 27
As 100 menores remunerações
médias anuais....................................................... 28
Ranking do desemprego....................................... 30
EMPREGO
Investimentos da União por função..................... 33
UNIÃO
34
Investimentos em pessoal...................................
O pagamento da Dívida Pública........................... 34
Gasto médio por Parlamentar ............................. 35
Os menores investimentos em educação........... 36
ESTADOS Os menores investimentos
37
com os professores..............................................
Os menores investimentos em saúde................. 37
Os campeões da terceirização............................. 38
Os estados que menos
investem em pessoal............................................ 38
Os estados que mais gastam
39
com deputados ....................................................

MUNICÍPIOS Os menores investimentos em educação........... 40


MUNICÍPIOS Os menores investimentos
41
com os professores..............................................
Os menores investimentos em saúde................. 41
Os campeões da terceirização............................. 42
Os municípios que menos
investem em pessal............................................. 42
Os municípios que mais
gastam com vereadoes........................................ 43
DADOS SETORIAIS Dados gerais.......................................................... 45
Distribuição geral do valor adicionado ............... 46
Taxa de lucro ........................................................ 47
Média anual de remuneração
por trabalhador...................................................... 48
Riqueza anual produzida por trabalhador........... 49
Percentual de impostos sobre
50
a receita bruta.......................................................
Pódio da exploração por subsetor....................... 51
ARTIGOS As encruzilhadas do imperialismo
e a situação da classe trabalhadora.................... 52
Gustavo Machado

De volta ao passado colonial:


a desindustrialização do Brasil............................ 63
Ana Paula Santana

ENTREVISTA: “Já não tem mais fábricas,


parece mais museu”............................................. 69
ENTREVISTA: “O maior impacto para os
trabalhadores foi o medo do desemprego”......... 72
Dívida pública: parte da engrenagem
que faz o capitalismo funcionar........................... 74
Ana Godoi

O setor de serviços no Brasil............................... 79


Érika Andreassy

O legado do PT no governo (2003-2016):


um balanço em perspectiva histórica................. 82
Nazareno Godeiro
ANUÁRIO ESTATÍSTICO
DO ILAESE 2019 5

EDITORIAL

M
ais uma vez, o Ilaese apresenta seu Anuário Estatístico.
Tal esforço baseia-se na certeza da necessidade de reve-
lar a exploração capitalista para aqueles que a sentem na
pele: os trabalhadores. Na sociedade em que vivemos,
é visível as consequências de tal exploração. Miséria, fome, mortes
são o resultado da sanha por acumulação de riquezas. Acrescenta-
mos ainda a destruição da natureza. A maior floresta tropical do
mundo, a Amazônia, está em chamas. A mineração deixa um rastro
de lama em rios, cidades, ameaçando inclusive o acesso à água de
parte da população, como no caso do crime da Vale em Brumadi-
nho, que além de ter matado mais de 200 pessoas, ameaça impactar
o abastecimento de água de Belo Horizonte.
Mas a mecânica de funcionamento da exploração não é percep-
tível aos nossos sentidos. Em nosso cotidiano só percebemos a suas
consequências e não seus fundamentos. Por isso, acreditamos que
é preciso apresentar seu funcionamento. Nunca antes tantas infor-
mações estão disponíveis, como relatórios de empresas, balanços de
suas atividades econômicas, orçamentos e prestações de contas de
estados e municípios. E se os capitalistas fazem suas comparações,
elegem os melhores dentre as empresas, por seus lucros e sua pro-
dução, os trabalhadores também precisam se apropriar dessas infor-
mações, descobrindo aqueles que mais exploram, os que menos re-
muneram e, também, reconstituir a dinâmica que os impõe tamanha
mazela social.
Sim, assumimos um lado na disputa no interior da sociedade.
Não advogamos uma imparcialidade como pregam institutos ofi-
ciais, mas que na prática estão a serviço do grande capital. Quere-
mos apresentar uma ferramenta para a classe trabalhadora. Que seja
um instrumento para as lutas econômicas e políticas que travam e
que, nesse momento, se avolumam e se aprofundam.
Nesse número, buscamos demonstrar como se estrutura o capital
no Brasil. Assim, apresentamos a articulação entre os diversos capi-
tais, como ele se combinam e interagem entre si. Analisamos o PIB,
desmembrando seus elementos qualitativos para demonstrar qual sua
real composição, para além de números que pouco dizem sobre os ele-
mentos da realidade. Além de apresentar a relação entre o setor públi-
co e o setor privado. Ou seja, com esse número queremos aprofundar,
não nos contornos mais gerais da sociedade, mas em seu conteúdo,
como as peças se encaixam para fazer a máquina funcionar.
Se dissemos em nosso número anterior que o momento histórico
da classe trabalhadora, de retirada de direitos, exigia uma análise mais
profunda da realidade, agora essa necessidade se redobra, pois o apro-
fundamento dos ataques aos trabalhadores e a piora nas condições de
vida é a marca do período em que vivemos.
Os trabalhadores precisam construir uma alternativa própria para
transformar as condições em que vivem. E para isso, nada mais ade-
quado do que conhecer o conteúdo de sua exploração.
ANUÁRIO ESTATÍSTICO
DO ILAESE 2019 7

INTRODUÇÃO
Da população e do PIB às classes
sociais e o capital: os motivos de
uma sociedade doente
GUSTAVO MACHADO

T
odos os dias assistimos nos noticiários de televisão, econômico, eles falam de números abstratos, quando se trata
nas páginas dos jornais e revistas um enorme volu- de medidas concretas, eles falam de relações entre as grandes
me de informações sobre o país: crescimento popu- classes sociais na sociedade.
lacional, pirâmide etária, desempregados, PIB, infla- Pretendemos, neste artigo, entrelaçar uma coisa na outra.
ção e assim por diante. Apesar da quantidade de informações, Não pretendemos ficar nos sintomas de um paciente doen-
pouco ou nada compreendemos sobre elas. O que significa, re- te. É necessário estudar o funcionamento do coração, do pul-
almente, o PIB? Por que o PIB cai se trabalhamos cada vez mais mão, do fígado, das veias, cérebro e artérias e, no final das
e aposentamos mais tarde? Para onde estamos caminhando? contas, ver como tudo isso se articula. Esses órgãos que ca-
O problema é que estes números divulgados de fato não ex- racterizam o grande corpo da sociedade capitalista nos dias
plicam absolutamente nada. No máximo eles podem dar uma de hoje são as classes sociais. Cada classe e seus estratos cum-
ideia de como anda a saúde econômica e social do país, mas prem um papel em particular, influenciando todas as demais.
sem penetrar a fundo em seus motivos. Estas avaliações são Neste artigo, nos limitaremos a indicar o que está acontecen-
como as de um médico que faz o diagnóstico de que a saúde do, em suas linhas mais gerais. Nos demais artigos da revista
do paciente não vai bem, no entanto, sem esclarecer a doença. adentraremos, cada vez mais, no porquê as coisas se passam
Na verdade, a maior parte dos economistas de plantão deste modo e não de outro.
não passa de curandeiros. Para eles, não é possível compre-
ender de fato nossa realidade. Tudo gira em torno de aspectos O Exército Industrial de Reserva: salários
subjetivos: a confiança dos investidores, a maior ou menor comprimidos até a medula
propensão de todos a poupar ou consumir, o humor do mer- O primeiro estrato de fundamental importância para
cado. Enquanto um sábio ainda não inventou um termôme- compreendermos o que se passa no Brasil são as pessoas fora
tro para medir o ânimo do mercado, os institutos oficiais ar- do mercado de trabalho, as pessoas sem emprego. Pode pare-
riscam uma previsão atrás da outra. Nesses tempos de crise, cer, a primeira vista, que alguém sem emprego não pertence
erram todas. São obrigados a rever as previsões a cada mês. a nenhuma classe social, já que não se encontra ocupado em
No entanto, quando se trata de medidas concretas para nenhuma atividade formal produtiva. No entanto, as pessoas
sanar a crise econômica, os remédios propostos pelos políti- sem emprego são apenas o outro lado da moeda daquelas que
cos brasileiros dizem respeito, sempre, a relação entre a classe estão empregadas.
trabalhadora e a classe empresarial. Eis a reforma trabalhista, A grande massa de pessoas que compõem a nossa socie-
afinal, o custo dos trabalhadores no Brasil, eles dizem, é muito dade, os trabalhadores, caracterizam-se exatamente pelo fato
caro. Eis a reforma da previdência, afinal, o custo dos aposen- de não terem garantido sua sobrevivência. Eles têm que ven-
tados no Brasil, eles dizem, é impagável no longo prazo. Eis a der, dia após dia, ano após ano, sua pele no mercado. Caso
reforma tributária, afinal, os impostos são muito elevados e o não consigam vendê-la, são jogados naquilo que chamamos
sistema estatal demasiado burocrático. Como se vê, nenhum exército industrial de reserva. Nesse exército não se encontra
deputado propôs, até hoje, uma lei que proibisse o PIB brasi- unicamente aqueles indivíduos medidos pelo índice oficial de
leiro de cair, a inflação ou o desemprego de crescer e assim desempregados do IBGE, mas todos aqueles que, pelo moti-
por diante. Eles procuram combater a crise alterando a fatia vo que for, não se encontram no mercado formal de trabalho.
de riqueza distribuída entre patrão, empregado e o Estado. No capitalismo não existem excluídos. Todos jogam o mesmo
Fica claro então que, quando se trata apresentar o panorama jogo. Vejamos!
ANUÁRIO ESTATÍSTICO
8 DO ILAESE 2019

A situação daqueles que se encontram fora do mercado for- riam menos que o custo de deixar os filhos em uma creche pri-
mal de trabalho é extremamente variada: os que trabalham na vada. Mas todos eles constituem um exército de reserva na me-
informalidade, os que se desmoralizaram e não mais procuram dida que podem entrar no mercado formal de trabalho caso
emprego, os que vivem de favor ou das migalhas fornecidas existam oportunidades adequadas. Vejamos, então, como se
pelo governo, os que preferem não trabalhar porque ganha- conforma a classe trabalhadora brasileira sob esses critérios:

Distribuição das classes sociais no Brasil - 2018


208,594 milhões de habitantes (em mil pessoas)

Fora da idade
de trabalhar 38.629 18,52%

Aposentados que 27.312,84 13,10%


não trabalham
Sem emprego 45.090,492 21,62%

Subempregados 33.621 16,12%

Trabalho assalariados 46.702,668 22,39%

Autônomos, pequenos e
grandes proprietários 17.229 8,26%

0 10.000 20.000 30.000 40.000

Fonte: SPC Brasil, DATAPREV, CNIS, IBGE, RAIS. Elaboração: ILAESE

2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018


População 100,00% 100,00% 100,00% 100,00% 100,00% 100,00% 100,00%
Autônomos, pequenos e grandes
8,30% 8,22% 8,11% 7,97% 7,62% 8,04% 8,26%
proprietários
Trabalho assalariado 23,89% 24,42% 24,52% 23,57% 22,41% 22,35% 22,39%
Subempregados 17,19% 16,80% 16,15% 15,82% 15,20% 16,64% 16,12%
Sem Emprego 17,98% 18,00% 18,96% 20,74% 22,91% 21,28% 21,62%
Aposentados que não trabalham 11,80% 12,14% 12,40% 12,51% 12,81% 12,99% 13,10%
Fora da idade de trabalhar 20,84% 20,42% 19,86% 19,39% 19,04% 18,70% 18,52%

Os 33 milhões de trabalhadores subempregados e os 45


milhões de trabalhadores sem emprego podem parecer um Empregados, subempregados
exagero, mas é isto mesmo. Consideramos não apenas os e sem empregos - 2018
12,836 milhões de desempregados indicados pelo IBGE, mas (em mil pessoas)
todos aqueles que estão em idade apta ao trabalho e não es-
tão trabalhando nem aposentados, pelo motivo que for.
46.702,7
Além disso, alteramos radicalmente os critérios utili- 45.090,5 37%
zados pelo IBGE também no cálculo dos subempregados. 36%
Se consultarmos os números que este instituto indica, ve-
remos que existem 23,34 milhões de brasileiros que tra-
balham por contra própria. Mas investigando mais a fun-
do, vemos que, desse total, mais de 19 milhões não possui 33.621
CNPJ e a maior parte sequer faz qualquer tipo de contri- 27%

buição previdenciária. Fica óbvio, portanto, que, em sua


maior parte, esses trabalhadores por conta própria não são
pequeno-burgueses que possuem o seu próprio negócio, Trabalho
Subempregados Sem emprego
assalariado
mas subempregados. No gráfico ao lado indicamos os nú-
meros gerais de toda classe trabalhadora brasileira. Fonte: SPC Brasil, DATAPREV, CNIS, IBGE, RAIS. Elaboração: ILAESE
ANUÁRIO ESTATÍSTICO
DO ILAESE 2019 9

Esses dados são fundamentais. Como podemos ver, para cada CAPITAL INDUSTRIAL
brasileiro empregado formalmente temos praticamente dois su-
bempregados ou sem emprego algum. Esses 78,7 milhões de pes- É o capital que produz mercadorias, seja alimentos, roupas,
soas sem emprego ou subempregadas integram o exército indus- veículos, aço ou software. É o pulmão de toda a produção
de riqueza da sociedade. As mercadorias são os valores
trial de reserva. Este exército, na medida que funciona como uma
que circulam e, assim, se redistribuem para todos demais
grande massa passível de integrar o exército formal de trabalho, tipos de capital. É ela o conteúdo dos valores expressos,
pressiona todos os salários para baixo. Mas não somente isso. depois, no dinheiro.
É em função desse cenário que o polo oposto da classe tra-
balhadora brasileira, os empresários e capitalista, sentem-se cô- CAPITAL COMERCIAL
modos o suficiente para propor uma reforma trabalhista e pio- É responsável pelo distribuição das mercadorias produzidas
rar ainda mais as condições de trabalho mínimas exigidas. A pelo capital industrial. Assim, uma parcela do valor
luta contra o desemprego, portanto, é tarefa de toda classe tra- produzido pelo capital industrial é distribuída para o capital
balhadora, empregada ou não no momento. comercial na forma da elevação de seu preço, ou seja, da
Mas esses dados também explicam muito de nossa situação elevação de seu custo. São os custos de circulação.
econômica. Imaginem como estaria o PIB do Brasil caso toda
CAPITAL DE SERVIÇOS
essa massa do exército industrial de reserva estivesse exercen-
do alguma atividade produtiva. Além disso, na medida que a Não produz mercadorias, mas vende diretamente o trabalho
maior parte das pessoas aptas ao trabalho no Brasil encon- ou o serviço. É o caso dos setores como educação, saúde.
tram-se mergulhadas na informalidade, o sistema previdenciá- Nos dois casos anteriores, o serviço ou trabalho é apenas
um meio. Aqui o serviço é o fim. O valor é transferido para o
rio fica comprometido, já que os trabalhadores ativos são quem
setor de serviços na medida que trabalhadores e capitalista
financiam aqueles que estão aposentados. Como se vê, os pro- destinam uma parte de suas rendas(salários e lucro) para
blemas do Brasil são muito mais profundos do que as fórmu- o consumo de serviços. Assim, os serviços não produzem
las fáceis e subjetivas como “vontade política”. Esses problemas um valor novo para a sociedade, mas consome os valores
exigem uma transformação muito mais radical do que a sim- existentes em troca de alguma atividade útil da sociedade.
ples adequação de uma de suas partes.
Agora a pergunta que fica é o porquê de um exército tão CAPITAL PORTADORDE JUROS
grande de trabalhadores no subemprego ou sem emprego al- É onde se encontra os bancos, seguradoras e outras
gum. Para entendermos o que acontece é necessário superar- empresas que comercializam puramente dinheiro. Como
mos dados superficiais como PIB e a população. Ou melhor, é cada empresa funciona de forma isolada e não há ninguém
necessário escavar a população para encontrar nela as classes que controle o sistema em seu conjunto, os bancos são os
sociais, é necessário escavar o PIB para encontrar, em seu inte- agentes que centralizam capitais de um grande número de
empresas de modo a conseguir fornecer créditos elevados
rior, as relações entre as classes sociais na sociedade capitalista. para as empresas e indivíduos isolados. O valor migra para
esse capital por meio dos juros cobrados das empresas
Os múltiplos órgãos do capital e suas relações individuais. Assim, o lucro das demais empresas se divide
Evidentemente que, no interior de cada empresa capitalis- em juros pago aos bancos e o lucro líquido que fica com a
ta, seja ela uma fábrica de automóveis, uma escola privada, um empresa de origem.
hospital ou um circo; os indivíduos dividem-se entre capitalistas
ESTADO
e trabalhadores. De um lado, os proprietários da coisa toda, de
outro, os que trabalham e vivem de um salário. Os trabalhado- Possui várias funções. Economicamente, no entanto, seu
res são todos produtivos no interior de cada empresa porque são papel é assegurar que as regras desse sistema capitalista
eles que produzem o lucro do capitalista, ou usando um termo de mercado funcione. Para tal, precisa oferecer um
mais técnico, a mais-valia. Mas o que interessa realmente com- grau mínimo de educação e saúde de modo a garantir
a reprodução da classe trabalhadora. Mas o principal é
preender são as relações entre os distintos tipos de capitalistas. assegurar condições mínimas que permitam a todas
O fato de todos eles acumularem seus lucros em dinheiro pode empresas concorrer em iguais condições: moeda padrão,
fazer parecer que todos são iguais. Dessa perspectiva é verdade. direitos trabalhistas, etc. O valor migra para o Estado
Mas não é somente isso. Cada um deles cumpre funções diferen- por meio dos impostos, que também eleva o preço dos
tes para a reprodução da sociedade em seu conjunto. produtos e, assim o seu custo. Em alguns países, a maior
Por exemplo, seria absurdo pensarmos em um ramo inde- parte dos impostos originam-se da divisão do lucro. Assim,
o lucro total da empresa se divide entre impostos, juros e
pendente do comércio se não existir, em sua base, a produção
lucro líquido. No Brasil, contudo, predomina amplamente o
de mercadorias que serão depois comercializadas. Em linha ge- imposto sobre o produto, que eleva o seu custo para todos
rais, a sociedade se divide em cinco ramos particulares do capi- os trabalhadores que os consome.
tal, todos eles interdependentes.
ANUÁRIO ESTATÍSTICO
10 DO ILAESE 2019

Propomos abaixo, um esquema simplificado des- constante repetição. E também porque desconsidera-
sas relações. É simplificado, em primeiro lugar, por- mos algumas relações que não são fundamentais para
que, na realidade, esse sistema está em movimento e os nossos propósitos.

CAPITAL INDUSTRIAL
Produção de valor para a sociedade

SALÁRIOS CUSTOS DE PRODUÇÃO (Capital Constante) MAIS-VALIA

CAPITAL
COMERCIAL ESTADO
Apropriação de valor Apropriação de valor
como custo de circulação como custo (Impostos)

SALÁRIOS MAIS-VALIA PESSOAL DÍVIDA PÚBLICA

Juros oriundo
da divisão da
Consumo dos Serviços mais-valia
por trabalhadores em juros e
e capitalistas de lucro líquido
todos os setores

SALÁRIOS MAIS-VALIA SALÁRIOS MAIS-VALIA

SERVIÇOS CAPITAL PORTADOR DE JUROS


Atividade que apenas Apropriação de valor por meio dos
consome valor sem produzi-los juros e redistribuição de mais-valia

A primeira conclusão que emerge de todo esse sistema Desmembrando o PIB


é que existe um papel fundamental conferido ao capital in- É necessário, em primeiro lugar, desmembrar o PIB do
dustrial. É dele que se origina todos os valores que serão Brasil para encontrar sua dinâmica interna e, assim, ex-
posteriormente redistribuídos para os demais ramos parti- trair alguns elementos que explicam a situação atual do
culares do capital. Apesar disto, todas as partes do sistema país. O grande problema do conceito de PIB é que ele tra-
dependem umas das outras. Sem o comércio não é possível ta de forma indiferenciada todos os ramos particulares do
fazer as mercadorias produzidas circularem e, assim, che- capital, como vimos acima. Segundo esta visão, um banco
gar ao consumidor final. Sem o Estado as condições mí- é tão produtivo como uma fábrica de alimentos. Quando
nimas para que o sistema funcione não serão garantidas. uma instituição bancária recebe o juros de seu cliente e fe-
Sem o capital portador de juros as empresas não terão a cha seu balanço financeiro, o país estaria ficando mais rico,
quem recorrer para realizar investimentos. Sem os servi- o que é um absurdo.
ços não será possível, por exemplo, garantir a qualificação Todos aqueles setores que analisamos anteriormente po-
necessária aos trabalhadores de cada setor, assistência mé- dem ser divididos da seguinte maneira:
dica e assim por diante.
Cada uma dessas fatias se apropriam do valor produzi- • CAPITAL PRODUTIVO: Nesse item entra os setores
do pelo capital industrial de um modo diferente. Todo o lu- produtores de mercadorias: o capital industrial. Aí entra a in-
cro gerado é divido em juros, que vai para o capital portador dústria de transformação, extrativa mineração, construção,
de juros, e lucro líquido, que fica com a empresa original. O digital dentre outras. É o setor que produz valor para a socie-
comércio aumenta o preço do produto, elevando o seu cus- dade. Estes valores serão redistribuídos para os demais seto-
to: são os custos de circulação. O Estado se apropria de sua res na forma da ampliação de seus custos (comércio e Estado)
fatia por meio dos impostos que também elevam seu preço. e da divisão do lucro (juros dos bancos).
Os serviços, por sua vez, são trocados diretamente por uma
fatia do valor no mercado. Analisemos, agora, o PIB tendo • CAPITAL IMPRODUTIVO: O termo improdutivo aqui
em vista a fisiologia interna do sistema. não é depreciativo. É improdutivo porque se apropria dos valo-
ANUÁRIO ESTATÍSTICO
DO ILAESE 2019 11

res produzidos pelo capital produtivo, mas realiza funções ne- exceto no caso de estatais produtoras de mercadoria. Aqui con-
cessárias para a sociedade capitalista. Aí entra o capital comér- sideramos apenas os serviços oferecidos pelo Estado.
cial, de serviços portador de juros. Pois bem, tendo em vista esta divisão, vejamos agora
como fica a distribuição do PIB brasileiro nesses três seto-
• RENDA ESTATAL: O Estado também não produz valor, res desde 1995.

1995 2000 2005 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018
CAPITAL PRODUTIVO 36,22% 35,94% 37,44% 36,51% 36,73% 35,40% 34,59% 33,40% 31,93% 31,24% 31,16% 31,08%
CAPITAL
47,10% 48,36% 46,55% 47,21% 47,19% 48,67% 49,02% 50,18% 50,89% 51,31% 51,37% 51,47%
IMPRODUTIVO
RENDA ESTATAL 16,69% 15,69% 16,02% 16,28% 16,07% 15,93% 16,39% 16,43% 17,18% 17,45% 17,48% 17,45%
Fonte: Contas Nacionais Trimestrais do IBGE. Elaboração: ILAESE

Como podemos ver, existe aí algo assombroso. No Brasil tivo é o responsável por alimentar, direta e indiretamente, os
o papel do capital produtivo cai sem parar. Em 1995, a parti- demais capitais particulares, é evidente que esta crise tende
cipação do capital produtivo na economia era de 36,22%, este a se propagar pelos demais setores. A situação é, na verdade,
percentual cai de maneira continuada desde 2012, atingindo a ainda mais grave do que reflete esses dados. Para atingi-la é
casa de 31% desde 2015, justamente quando a crise brasileira necessário desmembrar ainda com mais detalhes os setores
atingiu maior proporção. Ora, como o setor do capital produ- que compõem os diversos tipos de capitais no Brasil.

1995 2000 2005 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018
Extrativa Mineral 0,72% 1,38% 3,15% 3,33% 4,37% 4,55% 4,16% 3,72% 2,15% 1,03% 1,67% 2,99%
Indústria de
16,81% 15,27% 17,36% 14,97% 13,86% 12,55% 12,27% 12,01% 12,24% 12,47% 12,25% 11,31%
transformação
Energia, água e
2,45% 3,14% 3,37% 2,81% 2,67% 2,45% 2,04% 1,89% 2,39% 2,65% 2,63% 2,84%
saneamento
Construção Civil 7,05% 6,96% 4,59% 6,27% 6,28% 6,48% 6,38% 6,17% 5,74% 5,08% 4,77% 4,46%
Agropecuária 5,79% 5,52% 5,48% 4,84% 5,11% 4,90% 5,28% 5,03% 5,02% 5,66% 5,38% 5,10%
Transporte e
3,40% 3,67% 3,49% 4,29% 4,45% 4,47% 4,47% 4,58% 4,39% 4,35% 4,45% 4,39%
Comunicações
Comércio 9,12% 8,11% 10,76% 12,60% 12,85% 13,39% 13,49% 13,61% 13,30% 12,90% 12,69% 13,19%
Serviços 27,43% 33,42% 28,65% 27,81% 27,90% 28,92% 29,55% 30,16% 30,51% 30,55% 31,14% 31,33%
Instituição Financeira 10,54% 6,83% 7,14% 6,80% 6,44% 6,36% 5,99% 6,41% 7,09% 7,85% 7,54% 6,95%
Administração Pública 16,69% 15,69% 16,02% 16,28% 16,07% 15,93% 16,39% 16,43% 17,18% 17,45% 17,48% 17,45%
Fonte: Contas Nacionais Trimestrais do IBGE. Elaboração: ILAESE

Estes números indicam alguns elementos fundamentais: no crescimento do setor do comércio, responsável pela cir-
1. Como podemos ver, nesses novos dados, o problema culação de mercadorias dentro de nossas fronteiras.
estrutural do Brasil é muito anterior a crise econômica re- 4. Ao contrário da lenda muito difundida, o setor de
cente. A indústria de transformação, bem como a constru- serviços, que não possui autonomia conforme argumen-
ção civil, apresenta quedas expressivas em sua participa- tamos, está estagnado. O percentual que ele ocupa no PIB
ção no PIB desde pelo menos 2005. é, em 2018, inferior ao registrado no ano 2000, quase 20
2. A economia brasileira não sucumbiu antes porque o anos antes.
resultado geral foi camuflado pelo crescimento expressivo 5. Vemos ainda que não é o crescimento dos serviços
do setor extrativo mineral. Este setor saiu de 0,7% de par- públicos o grande vilão nacional. Estes serviços estão es-
ticipação no Produto Interno Bruto brasileiro em 1995 e tagnados. O leve crescimento verificado a partir de 2015,
cresceu continuamente até o ano de 2013, quando atingiu quando os serviços públicos ultrapassaram 17% do PIB, é
4,5% do PIB. Sua queda foi fulminante quando da queda no muito mais em função da queda do setor produtivo do que
preço dos minérios e petróleo no ano de 2015, momento uma ampliação nesses serviços propriamente ditos. Mas
mais agudo da crise brasileira. mesmo este dado traz uma lição fundamental. Não é pos-
3. A indústria de transformação atende fundamental- sível resolver o problema dos serviços públicos no Brasil
mente o mercado interno, o que pode ser visto, também, sem resolver, conjuntamente, o problema estrutural que o
ANUÁRIO ESTATÍSTICO
12 DO ILAESE 2019

produz. Os gastos em serviços públicos irão, fatalmente, su- Um dos argumentos comumente utilizados para justifi-
bir para 18%, 19% e 20%, mesmo sem qualquer melhoria, pelo car essa situação são os altos custos da força de trabalho no
mero decaimento do capital produtivo. Por isso o “remédio” Brasil. Os direitos trabalhistas. Vejamos, agora, como esta ri-
atualmente proposto pelo governo de Jair Bolsonaro está lon- queza é distribuída da perspectiva dos trabalhadores de cada
ge de ser a solução do problema estrutural do país, apenas ali- setor. Para tal, consideramos o montante anual de salários e
nhar os gastos públicos à deterioração verificada no sistema benefícios de todos os trabalhadores do setor baseado na base
produtivo do Brasil em seu conjunto. da RAIS-MTE.

2002 2005 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017
Extrativa Mineral 7,71% 6,05% 8,28% 6,79% 7,63% 8,40% 9,17% 15,23% 27,92% 16,02%
Indústria de transformação 27,73% 24,94% 29,79% 32,32% 35,51% 36,20% 35,90% 33,95% 32,16% 32,59%
Serviços industriais de utilidade
14,05% 13,72% 14,48% 15,23% 16,99% 19,87% 21,49% 17,63% 16,14% 15,94%
pública
Construção Civil 10,19% 15,04% 19,04% 20,72% 20,53% 21,08% 20,88% 19,64% 18,28% 17,83%
Agropecuária, extração vegetal,
6,65% 8,59% 9,58% 9,39% 9,98% 9,40% 9,77% 10,36% 9,43% 10,32%
caça e pesca
Transporte e Comunicações 34,96% 36,09% 30,71% 30,99% 31,98% 32,69% 32,06% 33,99% 33,51% 32,80%
Comércio 31,25% 25,37% 25,33% 25,53% 25,86% 25,95% 26,22% 27,34% 28,40% 29,28%
Serviços 16,31% 17,80% 20,77% 21,67% 21,85% 21,79% 22,12% 22,74% 22,87% 23,19%
Instituição Financeira 16,35% 16,66% 15,88% 16,54% 17,18% 17,98% 16,89% 17,05% 14,39% 15,01%
Administração Pública 43,06% 43,29% 44,65% 44,51% 44,74% 44,13% 44,52% 44,17% 42,74% 44,23%
Fonte: Contas Nacionais Trimestrais do IBGE. Elaboração: ILAESE

Nessa tabela, em todo valor adicionado incorporado por Mas para compreendermos este aspecto do problema é
cada um desses setores, consideramos o percentual ocupado necessário sairmos da economia meramente nacional, indica-
pelos salários e benefícios dos trabalhadores. Como podemos da pelo PIB, e avaliarmos o papel do Brasil no interior do atu-
ver, não existe nenhuma variação sensível nesses salários. A al sistema internacional de Estados.
partir de 2013, a tendência geral é de queda no percentual do
valor adicionado destinado ao pagamento dos salários. O Brasil não é uma ilha: para além do PIB
O que se passa no Brasil é outro fenômeno: a taxa mé- Mesmo desmembrando o PIB e procurando as rela-
dia de lucro do capital brasileiro despencou. A taxa mé- ções sociais que este número oculta, a análise é insufi-
dia de lucro mede a quantidade de lucro que uma empre- ciente. O PIB é o Produto INTERNO Bruto, ou seja, con-
sa consegue em cima do capital investido. É este o motor sidera todo o Brasil como se fosse uma única empresa,
principal dos capitalistas individuais. Vejamos a variação uma unidade. Esta unidade, no entanto, é pura ficção. É
da taxa média de lucro no Brasil entre 2000 e 2015. esta ficção que é alimentada por Jair Bolsonaro e seus
Taxa geral Taxa geral apoiadores quando clamam, abstratamente, pelos sím-
de lucro - EUA de lucro - Brasil bolos nacionais: “Brasil acima de todos”. O Brasil, na re-
27%
alidade, está conectado aos demais países do mundo e
TENDÊNCIA 2
cumpre um papel específico em seu interior.
26% TENDÊNCIA 1
Esta diferença pode ser sentida, de início, quando
atentamos ao fato de que os economistas dos Estados
25% Unidos não dão a mínima para o PIB. Eles utilizam ou-
24%
tra variável denominada PNB ou Produto NACIONAL
Bruto. O PNB considera a produção de riqueza não de
23% um país considerado como uma ilha fechada, mas das
empresas nacionais, estejam ela onde estiverem. Assim,
22% os lucros remetidos para os Estados Unidos oriundo de
21% CRISE multinacionais como Ford e General Motors, entram
AMERICANA
no PNB estadunidense. Já os lucros de alguma multina-
20% cional brasileira assentada em terras norte-americanas
(JBS, por exemplo) não entra no cálculo do PNB dos Es-
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Fonte: IBGE, IPEADATA e BEA. Elaboração: MIGUEL BRUNO e ANTONIO CAFFE.


tados Unidos.
ANUÁRIO ESTATÍSTICO
DO ILAESE 2019 13

Não é preciso muita análise para intuir que nos Esta- e dominada do Brasil no mercado mundial. Vejamos a quan-
dos Unidos o PNB é maior que o PIB, enquanto no Brasil tidade de lucros remetidos para dentro e para fora do Brasil
o PIB é maior que o PNB. Isto já mostra a posição subalterna desde 1995:

Lucros remetidos para dentro e fora do Brasil


(em milhões reais)
173.521
159.277 160.462
153.440
160.000
140.000
120.000 97.237
82.256 98.151 98.602
100.000 91.163

80.000 68.750

60.000
40.000 28.680 28.060 31.044
18.161 21.345 19.307
20.000 13.230 11.293

2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018


Rendas de propriedade Rendas de propriedade
enviadas ao resto do mundo recebida do resto do mundo

Fonte: Contas Nacionais Trimestrais do IBGE. Elaboração : ILAESE

Como podemos ver, a diferença entre a quantidade de re- das respectivas empresas que enviam essas remessas também
cursos remetidos para dentro e fora do país ultrapassa os 100 é estrangeira. Eles podem vendê-las, fechá-las ou transferi-las
bilhões de reais por ano. Este montante é ainda maior do que para outro país sem qualquer contrapartida.
parece, já que o número do PIB, como mostramos, é, segundo Mas não para por aí. Os gastos do Estado, financiado pela
os critérios criados pelos economistas, maior que seu valor real, classe trabalhadora que paga os impostos ao consumir os res-
já que contabiliza de forma duplicada a riqueza efetivamente pectivos produtos, não se restringe aos serviços oferecidos.
produzida pelo país, ao considerar como “produção de rique- Existe aí, também, o mecanismo da dívida pública. Os recur-
za” os investimentos estatais em serviços, os serviços mesmos sos da classe trabalhadora escoam para o Estado na forma da
e o capital portador de juros. Mas não é apenas isso. Aí trata-se dívida. A magnitude desses recursos pode ser medido pelo
unicamente do lucro remetido ao exterior, mas a propriedade superavit e deficit primário, que indicamos a seguir:

Superavit Primário (em milhões reais)


128.710
150.000 101.696 104.951
81.286 91.300
100.000
50.000
0
-50.000
-32.536
-100.000
-150.000 -111.249 -110.583 -108.258

-155.791
2005 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018

Fonte: Banco Central. Elaboração: ILAESE


ANUÁRIO ESTATÍSTICO
14 DO ILAESE 2019

Como podemos ver, até 2013, antes da crise econômica, remessa de lucros ou pela dívida pública. No segundo caso, os
cerca de 100 bilhões de reais anuais saiam das finanças da capitalistas e políticos brasileiros são compelidos a resolver
União para o pagamento da dívida. Com o início da crise, a a situação retirando os direitos mínimos e a remuneração da
situação se inverteu. Agora centenas de bilhões de reais de classe trabalhadora, e, assim, preservar as divisas comparti-
capitalistas de todo o mundo tapam o buraco do rombo das lhadas com o capital internacional.
finanças públicas, deterioradas pelo rebaixamento estrutural Como se vê, a resolução da presente situação não se resol-
do sistema capitalista brasileiro. ve com ações simples que envolvam unicamente vontade po-
A lógica do sistema pode ser compreendida facilmente. lítica ou uma mudança de prioridades por parte do Estado. É
Quando a taxa média de lucro nacional está elevada, o Esta- necessário uma transformação estrutural no país. A começar
do compra mais títulos da dívida pública do que vende. As- pelos cerca de 80 milhões de brasileiros sem emprego ou na
sim, os recursos extras não servem para desenvolver o país informalidade. Para absorver todo este exército industrial de
e melhorar as condições da classe trabalhadora brasileira. Ao reserva é necessário não apenas reverter o processo de desin-
contrário, esses recursos são retirados do Brasil pelo mecanis- dustrialização do país, mas também reduzir a jornada de tra-
mo da dívida pública. Os impostos pagos pelos trabalhadores balho. Ou seja, exatamente o contrário das medidas aplicadas
é destinado ao capital financeiro, o portador da maior parte pelos últimos governos, de Lula a Bolsonaro.
desses títulos. É necessário um sistema produtivo que vise atender, em
Quando a taxa média de lucro decai, temos o fechamento primeiro plano, as necessidades da população brasileira. So-
de empresas, demissões em massa e as receitas estatais tam- mente é possível caminhar nessa direção rompendo com o
bém diminuem. Assim, o Estado vende mais títulos do que capital financeiro, nacional e internacional. Este último está
compra, além de refinanciar os títulos já existentes. O país interessado, unicamente, nos superlucros, que no Brasil se de-
se endivida e para evitar o colapso é necessário reduzir para vem, principalmente, ao setor bancário e extrativo mineral
o mínimo possível a remuneração da classe trabalhadora, de voltado para a exportação. Cabe a classe trabalhadora, e so-
modo a recuperar a taxa de lucro anterior. mente a ela, por em marcha um processo que atenda aos seus
Na primeira situação, os trabalhadores perdem, ainda que interesses e as suas necessidades. As demais alternativas, de
mantenham minimamente seus direitos e remuneração. Os Lula a Bolsonaro, é, para os trabalhadores, tão ilusórias como
capitalistas brasileiros ganham uma parcela do capital produ- os números do PIB, o culto abstrato da nação Brasil e o índice
zido e uma fatia significativa vai para o exterior na forma de de crescimento da população.
ANUÁRIO ESTATÍSTICO
DO ILAESE 2019 15

NOTAS METODOLÓGICAS

Destacamos aqui algumas notas metodológicas válidas • Consideramos apenas os trabalhadores diretos, ex-
para os cálculos realizados no curso de toda a Revista. cluindo os terceirizados. O motivo é que os trabalhadores
terceiros fornecem uma fatia de mais-valia para a empre-
• Todos os cálculos de exploração e produtividade fo- sa que o emprega formalmente, sendo, portanto, incorreto
ram realizados considerando apenas o novo valor agre- computar o total dos gastos com terceirização como sendo
gado pelos trabalhadores da empresa em questão. Des- gasto com pessoal da empresa-mãe. As empresas terceiriza-
contamos, assim, sobre a receita bruta de cada empresa das são analisadas em separado.
analisada, todos os custos dos produtos e/ou serviços
vendidos, incluindo aí a depreciação e amortização do • Foram desconsideradas receitas ou deduções de ori-
capital fixo, que corresponde ao desgaste dos meios de gem puramente financeira, quando estas não são a ativida-
produção. Descontamos também os impostos e deduções de-fim da empresa em questão, como é o caso dos bancos.
sobre vendas (como o ICMS), uma vez que o conside-
ramos como um custo improdutivo de produção e não • Por último, não foi possível incorporar, nesta aná-
como mais-valia redistribuída. Somente após realizar- lise, muitas empresas de propriedade estrangeira, parti-
mos todas essas deduções sobre a receita bruta, os cálcu- cularmente do setor automobilístico, informática e ele-
los de exploração e produtividade foram realizados. troeletrônico, por não estarem disponíveis, integral ou
parcialmente, os dados necessários.
• Regra geral, tomamos como base os dados individu-
ais das empresas e não as demonstrações consolidadas, • O critério mais correto para o cálculo da produtivida-
relativas a todo grupo econômico, para não mesclar re- de é a produtividade física, já que a produtividade é uma
ceitas oriundas de distintos setores. Por exemplo, os da- determinação do trabalho concreto e nunca do trabalho
dos da Petrobrás não englobam a TransPetro ou BR Dis- abstrato. No entanto, uma análise em termos de produtivi-
tribuidora, ambas são tratadas separadamente. Exceto no dade física, evidentemente, impossibilitaria a comparação
caso da empresa controladora ter uma atividade essen- entre as empresas dos múltiplos setores, motivo pelo qual
cialmente administrativa, quando levamos em conta os ordenamos o ranking pela quantidade de riqueza anual
dados consolidados produzida por trabalhador.
ANUÁRIO ESTATÍSTICO
16 DO ILAESE 2019

EXPLORAÇÃO

Exploração no Brasil
Indicamos abaixo o percentual ocupado pelos salários dos • Capital produtivo: Setores produtores de mercadorias.
trabalhadores formais em relação ao montante de valor produ-
zido em cada um dos respectivos setores. Tais setores seguem a • Capital improdutivo: Setores não produtores
subdivisão proposta pelo IBGE. No entanto, reorganizamos es- de mercadorias
ses dados seguindo a metodologia proposta pelo ILAESE que di-
vide esses subsetores em três grandes setores tal como exposto • Renda estatal: Gastos públicos em setores não produ-
no artigo introdutório do anuário1: tores de mercadorias

PERCENTUAL DE
2018* 2017 2016 2015 2014 2007 2002
SALÁRIOS
Extrativa Mineral 8,73% 16,02% 27,92% 15,23% 9,17% 9,68% 7,71%
Indústria de transformação 34,08% 32,59% 32,16% 33,95% 35,90% 26,91% 27,73%
CAPITAL SIUP (energia e água) 14,50% 15,94% 16,14% 17,63% 21,49% 14,62% 14,05%
PRODUTIVO Construção Civil 18,50% 17,83% 18,28% 19,64% 20,88% 17,93% 10,19%
Agropecuária 10,46% 10,32% 9,43% 10,36% 9,77% 9,20% 6,65%
Transporte e Comunicações 33,19% 32,80% 33,51% 33,99% 32,06% 33,64% 34,96%
Comércio 27,45% 29,28% 28,40% 27,34% 26,22% 24,46% 31,25%
CAPITAL
Serviços 22,77% 23,19% 22,87% 22,74% 22,12% 17,98% 16,31%
IMPRODUTIVO
Instituição Financeira 15,77% 15,01% 14,39% 17,05% 16,89% 15,42% 16,35%
RENDA ESTATAL Administração Pública 42,77% 44,23% 42,74% 44,17% 44,52% 44,61% 43,06%

PERCENTUAL DE SALÁRIOS 2018* 2017 2016 2015 2014 2013 2007 2002
CAPITAL PRODUTIVO 23,62% 24,21% 24,48% 25,19% 24,88% 24,56% 21,48% 19,25%
CAPITAL IMPRODUTIVO 23,03% 23,49% 22,96% 23,15% 22,56% 22,47% 19,17% 18,77%
RENDA ESTATAL 42,77% 44,23% 42,74% 44,17% 44,52% 44,13% 44,61% 43,06%
* A massa salarial dos trabalhadores de 2018 foi estimada, tendo em vista os salários de admitidos e desligados indicados pelo CAGED, a média dos
reajustes das campanhas salariais.

Os setores extrativo mineral e agropecuário,


únicos voltados no Brasil majoritariamente
para exportação, apresentam os maiores
índices de exploração no Brasil: isto é,
menor percentual destinado aos salários e
benefícios dos trabalhadores em relação ao
montante acumulado pelas empresas.

1. Fonte: Rais e Caged, IBGE.


ANUÁRIO ESTATÍSTICO
DO ILAESE 2019 17

EXPLORAÇÃO

As 250 empresas mais


exploradoras do Brasil
No ranking que se segue, indicamos Para melhor visualização dos resul-
as 250 empresas com a maior taxa de tados, a taxa de exploração é indicada,
exploração do Brasil dentre as cente- também, da forma de trabalho não
nas de empresas pesquisadas pelo ILA- pago em uma jornada de 8 horas. Se
ESE. A taxa de exploração indica a divi- este trabalho não pago é, por exemplo,
são da riqueza produzida pela empresa de 6 horas em uma dada empresa, sig-
entre os proprietários e os trabalhado- nifica que durante uma jornada de 8 ho-
res. Assim, uma taxa de exploração de ras, em média, duas horas de trabalho
100% significa que, do total de valor foram usadas para pagar o salário e be-
agregado as mercadorias ou serviços nefícios dos trabalhadores, enquanto as
vendidos, metade foi apropriada pelos outras 6 horas foram apropriadas pela
trabalhadores e a outra metade apro- empresa sem qualquer contrapartida.
priada gratuitamente pelos proprietá- Este dado é apresentado em série histó-
rios da empresa e/ou Estado. ria, de 2012 a 20182.

A CBMM, empresa que explora o nióbio em Araxá-


MG, possui maior taxa de exploração entre todas
empresas da base de dados do ILAESE. A taxa é de
1346%. Ou seja, o trabalhador paga o seu salário
em 34 minutos de trabalho, o restante da jornada,
7 horas e 26 minutos, são apropriados como
excedente pela empresa.

2. Todos os dados foram retirados dos relatórios fornecidos pelas próprias empresas aos respectivos diários oficiais ou nos relatórios anu-
ais disponíveis no site da empresa. NI significa que o dado em questão, ou algum dado necessário para os cálculos, não foi informado. O
carácter “-” informa que o indicador em questão não se aplica, por exemplo, quando o valor agregado pela empresa foi negativo não é pos-
sível calcular a exploração.
ANUÁRIO ESTATÍSTICO
18 DO ILAESE 2019

Taxa de Trabalho não pago em uma jornada de 8 horas


Empresa Sede Setor
Exploração 2018 2017 2016 2015 2014 2013 2012
1 CBMM 1346,12% 7:26 7:09 7:02 7:11 7:09 7:06 7:20 Araxá - MG Siderurgia e Metalurgia
2 SALOBO 1252,74% 7:24 7:16 6:47 6:50 5:54 2:46 - Rio de Janeiro - RJ Extrativa Mineral
3 SANESALTO 1188,82% 7:22 7:24 7:21 7:03 6:39 6:01 6:46 Imbassaí - SP Infraestrutura
4 INTER. ELET. DO MADEIRA 1169,21% 7:22 7:46 7:51 7:48 7:43 7:45 NI Campinas - SP Serviços Gerais
5 CEMAR 1146,18% 7:21 7:15 7:08 7:03 7:09 7:02 7:12 São Luis - MA Energia
6 COMGÁS 1105,86% 7:20 7:23 7:28 7:20 7:21 7:21 7:14 São Paulo - SP Energia
7 TIM 1101,19% 7:20 7:18 7:14 7:17 7:23 7:26 7:29 Rio de Janeiro - RJ Telecomunicações
8 RODONORTE 1023,83% 7:17 7:23 7:23 7:25 7:20 7:20 7:21 Ponta Grossa - PR Infraestrutura
9 CIELO 1008,88% 7:16 7:21 7:25 7:25 7:27 7:32 7:34 Barueri - SP Serviços Gerais
10 BOTICÁRIO/CALAMO 992,69% 7:16 7:06 6:36 6:56 6:47 6:55 7:14 Pinhais - PR Atacado
11 ECOSUL 982,42% 7:15 7:10 7:10 6:55 7:00 7:09 7:03 Pelotas - RS Indústria de Construção
12 MINERVA 969,99% 7:15 6:56 6:54 6:43 6:16 6:20 6:15 Barretos - SP Consumo Gerais
13 NORTOX 966,33% 7:14 7:12 7:01 7:03 7:01 7:19 7:14 Arapongas - PR Química e Petroquímica
14 CELPA 956,18% 7:14 7:18 7:08 6:45 6:43 5:23 4:28 Belém - PA Energia
15 CEG 950,78% 7:14 7:14 7:15 7:19 7:22 7:02 6:56 Rio de Janeiro Energia
16 SONAE SIERRA 910,75% 7:12 7:04 7:02 7:03 7:05 7:07 7:11 Belo Horizonte - MG Indústria de Construção
17 CTEEP 891% 7:11 7:11 7:45 5:16 5:24 4:44 6:48 Rio de Janeiro - RJ Energia
18 TENDA NEG. IMOB. 876,33% 7:10 6:57 6:03 7:25 7:54 - 7:47 São Paulo - SP Indústria de Construção
19 VALE 846% 7:09 7:08 6:45 6:08 6:47 7:11 7:00 Rio de Janeiro - RJ Extrativa Mineral
20 CENIBRA 819,29% 7:07 6:47 6:23 6:51 5:58 6:39 6:22 Belo Oriente - MG Papel e Celulose
21 ODONTOPREV 791,02% 7:06 7:17 7:03 7:10 7:12 7:17 6:15 São Paulo - SP Serviços de saúde
22 ELDORADO BRASIL 773,91% 7:05 6:39 5:32 5:11 4:20 3:43 0:55 São Paulo - SP Papel e Celulose
23 ARYSTA LIFESCIENCE 750,62% 7:03 6:57 7:06 7:05 NI NI NI Salto de Pirapora - SP Química e Petroquímica
24 MULTIPLUS 728,15% 7:02 7:14 7:16 7:19 7:26 7:20 7:19 São Paulo - SP Varejo
25 IPIRANGA 706,76% 7:00 7:17 7:16 7:13 7:11 7:07 7:06 Rio de Janeiro - RJ Atacado
26 OXITENO NORDESTE 648,99% 6:55 6:59 7:06 7:09 7:04 6:56 6:47 Salvador - BA Química e Petroquímica
27 OXITENO 648,99% 6:55 3:45 4:51 5:08 4:52 4:52 4:59 São Paulo - SP Química e Petroquímica
28 UNIMED RIO 644,34% 6:55 7:00 6:38 6:54 5:22 6:52 6:36 Rio de Janeiro - RJ Serviços de saúde
29 NATURA 642,04% 6:55 6:54 6:59 7:06 7:13 7:15 7:21 São Paulo - SP Consumo Gerais
30 COAMO 638,14% 6:54 6:38 6:40 6:48 6:33 6:40 6:43 Campo Mourão - PR Agropecuário
31 B2W DIGITAL 626,15% 6:53 6:40 6:38 6:22 6:30 6:41 6:44 Rio de Janeiro - RJ Varejo
32 RAIZEN COMBUSTÍVEIS 625,33% 6:53 6:57 6:56 6:56 6:54 6:51 7:00 Rio de Janeiro - RJ Atacado
NOTRE DAME
33 614,80% 6:52 6:39 5:32 5:17 4:38 NI NI São Paulo - SP Serviços de saúde
INTERMÉDICA
34 EDP 601,30% 6:51 6:47 6:46 6:49 6:45 6:46 6:42 Vitória - ES Energia
35 AMBEV 598,29% 6:51 6:45 6:53 6:58 7:00 0:00 NI São Paulo - SP Consumo Gerais
36 JEREISSATI 593,46% 6:50 6:59 6:55 7:10 7:10 5:27 6:55 São Paulo - SP Telecomunicações
37 GRUAIRPORT 584,23% 6:49 6:12 5:33 5:33 5:56 5:53 5:08 Guarulhos - SP Infraestrutura
38 HYPERMARCAS 572% 6:48 6:47 6:40 6:24 6:20 6:45 6:34 São Paulo - SP Farmacêutico
39 LOJAS AMERICANAS 565,32% 6:47 6:51 6:53 6:49 6:49 6:47 6:53 Rio de Janeiro - RJ Varejo
40 BRASKEM 556% 6:46 7:02 7:18 7:17 6:55 6:51 6:36 São Paulo - SP Química e Petroquímica
41 AES TIETÊ 556,26% 6:46 6:49 7:04 7:33 7:21 5:13 5:15 São Paulo - SP Energia
ENERGISA MATO
42 552,62% 6:46 6:09 6:13 6:03 6:02 6:00 6:25 Cuiabá - MT Energia
GROSSO
43 C. VALE 533,13% 6:44 6:08 6:07 6:11 6:10 6:16 6:03 Palotina - PR Agropecuário

44 QUALICORP 527,04% 6:43 6:38 6:25 6:17 6:16 6:32 6:24 São Paulo - SP Serviços de saúde
45 ALBRAS 524,04% 6:43 6:12 5:21 6:16 6:45 5:47 3:14 Barcarena - PA Siderurgia e Metalurgia
46 SUZANO 522% 6:42 6:13 6:15 6:38 5:48 5:40 5:23 Salvador - BA Papel e Celulose
47 AMPLA 516,04% 6:42 6:14 5:46 5:45 6:50 6:56 6:53 Niterói - RJ Energia
48 LIGHT SESA 494,05% 6:39 6:49 5:57 6:31 6:37 6:37 6:37 Rio de Janeiro - RJ Energia
49 SUL AMERICA 483,47% 6:37 7:05 6:56 7:03 6:47 6:47 6:05 Belo Horizonte - MG Serviços de saúde
50 MULTILASER 481,53% 6:37 6:44 6:42 6:34 - - NI São Paulo - SP Eletroeletrônico
ANUÁRIO ESTATÍSTICO
DO ILAESE 2019 19

Taxa de Trabalho não pago em uma jornada de 8 horas


Empresa Sede Setor
Exploração 2018 2017 2016 2015 2014 2013 2012
51 COELBA 477,42% 6:36 6:02 6:24 6:41 6:41 6:47 7:06 Salvador - BA Energia
52 TELEFÔNICA 449% 6:32 6:44 6:39 6:51 6:50 6:44 6:51 São Paulo - SP Telecomunicações
53 CEMIG GT 438,80% 6:30 7:06 6:51 7:16 7:24 7:01 7:07 Belo Horizonte - MG Energia
54 LOJAS RENNER 438,78% 6:30 6:28 6:34 6:34 6:32 6:33 6:34 Porto Alegre - RS Varejo
55 ECORODOVIAS 432,01% 6:29 6:35 6:21 6:06 6:07 6:26 6:38 São Paulo - SP Indústria de Construção
56 DETEN QUÍMICA 428,78% 6:29 6:06 5:55 6:26 6:26 6:17 6:16 Camaçari - BA Química e Petroquímica
57 CYRELA 416,36% 6:27 6:01 6:15 6:40 6:43 6:39 6:40 São Paulo - SP Indústria de Construção
58 CPFL ENERGIA 416,20% 6:27 6:15 6:24 6:30 6:39 6:43 6:46 Campinas - SP Energia
59 BANDEIRANTE 400,50% 6:24 6:19 6:06 6:34 6:36 6:22 5:50 São Paulo - SP Energia
60 NOVARTIS 400,42% 6:24 6:44 6:30 6:15 6:28 6:29 6:29 São Paulo - SP Farmacêutico
61 POSITIVO 390,88% 6:22 6:19 6:17 5:21 5:52 5:47 5:54 Rio de Janeiro - RJ Indústria Digital
62 CELPE 389,81% 6:22 5:49 5:58 6:19 6:24 6:22 6:51 Recife - PE Energia
63 MOVIDA 386,00% 6:21 6:21 5:58 5:43 6:10 6:19 NI São Paulo - SP Transporte
64 PETROBRÁS 375,94% 6:19 6:01 5:40 6:06 5:39 5:33 5:48 Rio de Janeiro - RJ Extrativa Mineral
65 IGUA SANEAMENTO 371,08% 6:18 6:14 5:52 5:55 6:26 6:09 5:30 São Paulo - SP Infraestrutura
66 AREZZO 362,45% 6:16 6:15 6:21 6:32 6:40 6:42 6:42 Belo Horizonte - MG Têxtil
67 CAMIL 362,25% 6:16 6:18 6:23 6:00 5:58 6:09 5:59 São Paulo - SP Consumo Gerais
68 BAHIAGÁS 361,54% 6:16 6:37 6:23 6:34 6:43 6:38 6:44 Salvador - BA Energia
69 CEN. NAC. UNIMED 360,37% 6:15 5:58 5:46 5:52 6:01 5:57 6:03 São Paulo - SP Serviços de saúde
70 CELG 359,97% 6:15 4:55 3:51 1:56 NI 5:13 2:06 Goiânia - GO Energia
71 ATACADÃO 352,42% 6:13 6:10 6:09 6:11 6:10 - NI São Paulo - SP Atacado
72 BR DISTRIBUIDORA 352% 6:13 6:33 6:11 6:40 6:37 6:38 6:46 Rio de Janeiro - RJ Atacado
73 ELETRONORTE 351,66% 6:13 5:34 6:44 5:53 5:25 5:30 5:35 Brasília - DF Energia
74 MINERAÇÃO USIMINAS 347,82% 6:12 5:54 4:26 2:38 5:45 6:36 6:19 Belo Horizonte - MG Extrativa Mineral
75 COELCE 347,70% 6:12 6:27 6:33 6:26 6:36 6:01 6:31 Fortaleza - CE Energia
76 JOSAPAR 336,45% 6:10 6:11 6:33 6:35 6:35 6:38 6:41 Porto Alegre - RS Agropecuário
77 BLAU FARMACÊUTICA 335,22% 6:09 6:08 5:42 6:40 6:42 6:42 - Cotia - SP Farmacêutico
78 CLARO 334,78% 6:09 6:05 6:03 6:09 6:43 6:26 6:22 São Paulo - SP Telecomunicações
79 OI 334,12% 6:09 6:44 6:58 7:04 6:53 6:56 6:47 Rio de Janeiro - RJ Telecomunicações
80 CESP 333,93% 6:09 5:44 6:51 7:12 7:38 7:24 7:14 São Paulo - SP Energia
81 CARAMURU ALIMENTOS 333,26% 6:09 5:28 4:17 6:30 5:37 5:36 6:01 Itumbiara - GO Agropecuário
82 MAGAZINE LUÍZA 332,86% 6:09 6:07 6:01 5:51 5:47 5:39 5:43 Franca - SP Varejo
83 COASUL 327,11% 6:07 5:54 5:46 5:30 6:07 6:04 5:59 São João - PR Agropecuário
ENERGISA SUL
84 323,01% 6:06 5:56 4:25 5:51 5:34 5:25 5:11 São Paulo - SP Energia
SUDESTE
85 AMIL 323,00% 6:06 6:20 6:30 6:49 6:46 6:24 6:33 São Paulo – SP Serviços de saúde
86 ACHÉ 319,11% 6:05 6:03 6:05 6:12 6:10 6:12 6:13 Guarulhos - SP Farmacêutico
87 FURNAS 318,82% 6:05 5:39 7:25 4:58 3:28 0:12 5:02 Rio de Janeiro - RJ Energia
88 CCR 318,81% 6:05 6:22 6:25 6:35 6:41 6:56 7:00 São Paulo - SP Infraestrutura
89 MRN 316,62% 6:04 5:11 6:13 6:42 5:25 5:26 5:31 Oriximiná - PA Extrativa Mineral
90 ELEKTRO 316,22% 6:04 6:01 5:54 6:16 6:22 6:01 6:12 Campinas - SP Energia
91 COPERSUCAR 310,08% 6:02 6:25 6:24 6:40 6:41 6:52 6:31 São Paulo - SP Agropecuário
92 PANATLÃNTICA 308,09% 6:02 5:49 5:37 5:34 5:36 5:41 5:55 Gravataí - RS Siderurgia e Metalurgia
93 COCAMAR 305,44% 6:01 6:14 6:13 6:10 5:57 0:00 NI Maringá - PR Agropecuário
94 TAURUS 303,48% 6:01 3:42 3:11 4:42 3:56 3:24 4:20 São Leopoldo - RS Consumo Gerais
95 ENERGISA MG 303,41% 6:01 5:51 5:45 6:13 6:11 6:32 6:34 Cataguases - MG Energia
96 MARGEM 300,03% 6:00 5:32 4:54 2:30 0:07 1:38 - Adrianópolis - PR Extrativa Mineral
97 CEDAE 296% 5:58 5:40 5:41 5:48 6:05 5:56 6:00 Rio de Janeiro - RJ Infraestrutura
98 KLABIN 293,86% 5:58 5:18 4:53 5:38 5:44 5:37 5:49 São Paulo - SP Papel e Celulose
S. Ber. do Campo
99 BOMBRIL 293,04% 5:57 6:05 5:56 5:35 6:07 6:13 6:10 Consumo Gerais
- SP
100 GRAZZIOTIN 290,07% 5:56 5:57 5:55 5:47 6:00 5:58 5:54 Passo Fundo - RS Varejo
ANUÁRIO ESTATÍSTICO
20 DO ILAESE 2019

Taxa de Trabalho não pago em uma jornada de 8 horas


Empresa Sede Setor
Exploração 2018 2017 2016 2015 2014 2013 2012
101 DUPONT 289,94% 5:56 5:35 6:19 6:35 6:49 7:04 6:49 Barueri - SP Química e Petroquímica
102 ARCELORMITTAL 290% 5:56 4:47 4:42 5:03 5:24 5:14 3:23 Belo Horizonte - MG Siderurgia e Metalurgia
103 SANTHER 289,79% 5:56 5:55 5:45 6:07 6:15 6:08 6:18 São Paulo - SP Papel e Celulose
104 SABESP 287,65% 5:56 5:40 5:45 5:02 5:10 5:45 5:50 São Paulo - SP Infraestrutura
105 J. MACEDO 285,83% 5:55 5:57 6:03 6:04 6:05 6:02 5:58 Fortaleza - CE Consumo Gerais
106 APERAM 282,39% 5:54 5:05 5:15 5:45 5:37 4:40 4:12 Belo Horizonte - MG Siderurgia e Metalurgia
107 RUMO 280,89% 5:53 5:40 4:02 4:41 5:10 6:26 6:23 Curitiba - PR Transporte
108 LOCALIZA 279,19% 5:53 5:44 5:36 5:37 5:43 5:34 5:27 Belo Horizonte - MG Serviços Gerais
109 FIBRIA 279,18% 5:53 4:24 5:35 5:55 3:42 4:45 4:26 São Paulo - SP Papel e Celulose
110 RAIA DROGASIL 278,60% 5:53 5:58 5:55 5:54 5:50 5:43 5:55 São Paulo - SP Varejo
111 EZ TEC EMPREEND. 274,86% 5:51 7:01 6:27 6:45 6:44 7:07 6:58 São Paulo - SP Indústria de Construção
112 SLC 266,79% 5:49 5:46 3:40 4:41 4:03 3:20 3:36 Porto Alegre - RS Agropecuário
113 ALE COMBUSTÍVEIS 266,32% 5:48 6:18 6:34 6:27 6:21 6:23 6:27 Natal - RN Atacado
114 ROCHE 265,49% 5:48 5:51 7:05 7:02 6:56 6:51 6:59 São Paulo - SP Farmacêutico
115 MANGELS 264,45% 5:48 2:39 2:19 1:46 2:24 1:37 2:03 S. Ber. do Campo - SP Siderurgia e Metalurgia
116 HERING 258,60% 5:46 5:43 5:37 5:43 6:03 6:09 6:09 Blumenau - SC Têxtil
117 PROFARMA 257,97% 5:45 5:35 5:54 6:03 6:01 6:09 6:18 Rio de Janeiro - RJ Atacado
118 UNIMED BH 253,83% 5:44 5:50 5:45 5:17 5:37 6:13 5:57 Belo Horizonte - MG Serviços de saúde
119 UNICASA 250,43% 5:43 5:26 5:04 5:33 5:39 5:48 6:08 São Paulo - SP Consumo Gerais
120 UNIAO QUI. FARMAC. 250,41% 5:43 5:40 5:38 NI NI NI NI São Paulo - SP Farmacêutico
121 CARGILL AGRÍCOLA 247,48% 5:41 3:43 5:13 6:16 5:38 5:36 6:24 São Paulo - SP Agropecuário
122 COOPERALFA 247,00% 5:41 5:40 5:50 5:56 5:58 6:03 6:12 Chapecó - SC Agropecuário
123 SANEPAR 245,87% 5:41 5:37 5:29 5:17 5:22 5:32 5:35 Curitiba - PR Infraestrutura
124 USIMINAS 244,33% 5:40 5:13 2:43 0:17 3:17 2:47 - Belo Horizonte - MG Siderurgia e Metalurgia
125 ENERGISA MS 242,07% 5:39 5:45 5:42 5:39 5:42 5:50 6:16 Campo Grande - MS Energia
126 TERRA SANTA 241,20% 5:39 4:15 1:56 0:02 - - 5:36 Porto Alegre - RS Agropecuário
127 VIA VAREJO 236% 5:36 5:48 5:44 5:28 5:45 5:42 5:21 São Caetano do Sul - SP Varejo
128 NORTEC 234,78% 5:36 4:57 5:11 5:50 5:32 6:07 5:50 Duque de Caxias - RJ Química e Petroquímica
129 M. DIAS BRANCO 234% 5:36 5:48 5:45 5:28 5:29 5:34 5:46 Curitiba - SC Consumo Gerais
130 MRV 233,73% 5:36 5:46 5:32 5:17 5:02 5:20 5:51 Belo Horizonte - MG Indústria de Construção
131 SARAIVA LIVROS 232,00% 5:35 5:59 5:58 5:34 5:52 6:01 6:17 São Paulo - SP Varejo
132 LIBRA TERMINAL 230,34% 5:34 5:13 4:21 6:22 6:35 6:50 NI Rio de Janeiro - RJ Infraestrutura
133 UNIMED PORTO ALEGRE 228,55% 5:33 5:34 5:03 5:07 4:38 5:06 NI Porto Alegre - RS Serviços de saúde
134 GPA 227,06% 5:33 5:39 5:34 5:35 5:46 5:50 5:50 São Paulo - SP Varejo
135 CONSTRUTORA TENDA 226,35% 5:32 5:53 4:38 3:41 5:19 2:51 2:33 São Paulo - SP Indústria de Construção
136 COPEL 225,44% 5:32 5:31 5:16 5:36 5:28 5:06 4:45 Curitiba - PR Energia
137 STARA 225,14% 5:32 5:23 4:54 4:27 4:51 5:33 5:42 Nao-me-toque - RS Bens de Capital
138 NEXA 223,77% 5:31 5:22 5:07 5:02 4:34 4:18 3:23 Três Marias - MG Extrativa Mineral
139 MILI 223,71% 5:31 6:01 6:03 5:55 6:22 6:27 - Curitiba - PR Papel e Celulose
140 MRS 223,37% 5:31 5:29 5:21 5:22 5:20 5:26 5:20 Rio de Janeiro - RJ Transporte
141 COPACOL 221,77% 5:30 5:31 5:09 5:30 5:08 5:31 5:27 Cafelândia - PR Agropecuário
142 MARISA 220,03% 5:30 5:39 5:38 5:55 5:59 6:10 6:16 São Paulo - SP Varejo
143 METANOR 219,16% 5:29 5:46 4:16 4:39 4:52 5:53 4:49 Camaçari - BA Química e Petroquímica
144 TPI 217,48% 5:28 6:04 6:15 6:55 6:25 6:23 5:19 São Paulo - SP Transporte
145 ELEKEIROZ 216,77% 5:28 5:19 2:41 3:17 2:54 4:32 4:41 Várzea Paulista - SP Química e Petroquímica
146 CHESF 212,81% 5:26 5:33 7:23 4:54 5:39 3:57 6:21 Recife - PE Energia
147 TEGMA 212,66% 5:26 5:21 4:39 4:33 5:14 5:16 5:01 S. Ber. do Campo - SP Transporte
148 MANGUINHOS 211,14% 5:25 - 8:41 8:49 8:45 0:31 8:56 Rio de Janeiro – RJ Química e Petroquímica
149 ALUBAR 211,11% 5:25 4:23 4:36 4:38 3:40 5:15 4:58 Barcarena - PA Eletroeletrônico
150 BAYER 207,62% 5:23 5:08 5:28 6:08 6:13 6:06 6:02 São Paulo - SP Química e Petroquímica
ANUÁRIO ESTATÍSTICO
DO ILAESE 2019 21

Taxa de Trabalho não pago em uma jornada de 8 horas


Empresa Sede Setor
Exploração 2018 2017 2016 2015 2014 2013 2012
151 ELETRONUCLEAR 207,25% 5:23 5:12 5:12 2:23 1:21 2:39 3:53 Brasília - DF Energia
152 BEIRA RIO 205,82% 5:23 5:27 5:19 5:28 5:25 - - Porto Alegre - RS Têxtil
153 JBS 204,87% 5:22 4:55 5:38 5:26 5:28 5:51 5:57 São Paulo - SP Consumo Gerais
154 MADEM 201,15% 5:20 5:12 - - - - - Garibaldi - RS Consumo Gerais
155 CSN 200,09% 5:20 4:51 4:44 5:07 6:03 6:15 5:53 Rio de Janeiro - RJ Siderurgia e Metalurgia
156 BASF 198,65% 5:19 5:15 5:25 5:47 5:52 6:05 5:47 São Paulo - SP Química e Petroquímica
157 KROTON 197,45% 5:18 5:21 5:04 4:51 5:07 5:02 4:28 Belo Horizonte - SP Educação
158 COMPESA 195,44% 5:17 5:02 5:13 5:12 5:01 5:04 4:37 Recife - PE Infraestrutura
159 GRENDENE 189,18% 5:14 5:22 5:16 5:21 5:14 5:12 5:20 Imbassaí - RS Têxtil
160 GAFISA 185,93% 5:12 - 5:34 5:35 5:28 5:53 5:02 São Paulo - SP Indústria de Construção
161 ARTERIS 185,58% 5:11 6:17 6:21 6:18 6:50 6:17 6:17 São Paulo - SP Transporte
162 EVEN CONSTRUTORA 183,74% 5:10 4:47 5:37 5:58 6:02 6:19 6:30 São Paulo - SP Indústria de Construção
163 ADAMI 182,00% 5:10 4:52 4:28 5:08 5:37 5:19 4:59 São Paulo - SP Indústria de Construção
164 CEMIG 181,66% 5:09 4:35 3:56 5:16 5:04 5:04 4:44 Belo Horizonte - MG Energia
165 CASTROLANDA 180,63% 5:08 5:07 5:13 5:21 5:57 6:20 6:26 Castro - PR Agropecuário
166 TECBAN 180,39% 5:08 5:31 5:05 4:18 5:01 4:53 4:53 Barueri - SP Indústria Digital
167 FRIMESA 179,89% 5:08 5:21 5:19 5:28 5:41 5:56 5:52 Medianeira - PR Agropecuário
168 RENAULT DO BRASIL 179,85% 5:08 5:32 5:09 4:20 4:52 5:42 5:46 Curitiba - PR AutoIndustria
169 ALPARGATAS 176% 5:06 5:03 5:02 5:12 5:18 5:45 5:52 São Paulo - SP Têxtil
ESTACIO
170 175,43% 5:05 4:30 4:16 4:17 4:05 3:54 3:40 Rio de Janeiro - RJ Educação
PARTICIPACOES
171 BAUMER 173,64% 5:04 4:50 5:14 5:25 5:42 5:51 5:49 Mogi-Mirim - SP Bens de Capital
172 EMBASA 172,67% 5:03 4:57 4:52 4:42 5:00 4:55 4:43 Salvador - BA Infraestrutura
DIRECIONAL
173 172,17% 5:03 1:16 2:30 3:37 4:06 4:02 4:15 Belo Horizonte - MG Indústria de Construção
ENGENHARIA
174 CRISTAL PIGMENTOS 172,03% 5:03 4:26 1:36 - - - 2:55 Camaçari - BA Química e Petroquímica
175 AVIBRÁS 167,82% 5:00 6:34 6:20 6:29 5:35 5:08 4:30 Jacareí - SP AutoIndustria
176 TECHNOS 167,32% 5:00 4:59 5:04 5:24 5:37 5:26 5:39 Cruzeiro do Sul - RJ Têxtil
177 SOMOS EDUCAÇÃO 166,82% 5:00 5:43 5:23 5:20 5:45 6:04 6:08 São Paulo - SP Educação
178 IBEMA 165,27% 4:59 5:08 5:12 6:06 6:04 5:57 5:05 Curitiba - PR Papel e Celulose
179 CAMBUCI 165,23% 4:59 4:38 4:32 4:44 5:00 5:05 5:29 São Paulo - SP Têxtil
180 COPASA 165,19% 4:58 5:04 4:55 3:59 4:49 4:54 5:04 Belo Horizonte - MG Infraestrutura
Marechal Cândido
181 COPAGRIL 164,69% 4:58 4:52 4:45 5:02 5:24 5:27 - Agropecuário
- PR
182 EUCATEX 164,44% 4:58 4:56 4:41 4:48 4:56 5:13 5:02 São Paulo - SP Indústria de Construção
183 J. L. ALIPERTI 164,04% 4:58 4:44 4:27 5:19 5:35 5:38 5:47 São Paulo - SP Siderurgia e Metalurgia
184 LINX 160,30% 4:55 4:46 4:47 4:50 4:55 4:55 4:44 São Paulo - SP Indústria Digital
185 FERBASA 155,26% 4:51 4:48 3:26 4:47 3:35 3:38 3:53 Pojuca - BA Siderurgia e Metalurgia
186 CELULOSE IRANI 152,83% 4:50 4:41 4:20 4:49 4:38 4:34 5:02 Porto Alegre - RS Papel e Celulose
187 LORENZETTI 151,79% 4:49 4:48 4:43 4:50 4:52 4:53 4:55 São Paulo - SP Eletroeletrônico
188 ULTRAFÉRTIL 151,42% 4:49 3:47 5:54 5:35 5:02 6:30 4:39 Santos - SP Química e Petroquímica
189 TOTVS 146,19% 4:45 4:44 4:55 5:04 5:14 5:32 5:25 São Paulo - SP Indústria Digital
190 RANDON 145,27% 4:44 4:38 4:03 4:03 4:39 4:47 4:23 Caxias do Sul - RS AutoIndustria
ANGLO GOLD
191 145,00% 4:44 5:00 5:17 5:13 5:03 5:04 5:52 Santa Bárbara - MG Extrativa Mineral
ASHANTI
192 ULTRAGAZ 144,91% 4:44 4:46 4:40 4:23 4:18 4:19 4:25 São Paulo - SP Atacado
193 DASA 144,27% 4:43 5:03 4:49 4:18 4:25 4:25 4:21 Barueri - SP Serviços de saúde
194 LOG-IN LOGISTICA 143,25% 4:42 3:26 0:43 3:34 3:04 3:41 2:40 Rio de Janeiro - RJ Transporte
195 CBA 142,84% 4:42 3:42 3:28 4:47 4:20 3:05 0:48 São Paulo - SP Siderurgia e Metalurgia
196 PARAGOMINAS 142,58% 4:42 5:09 5:17 5:09 0:09 NI NI Adrianópolis - PR Extrativa Mineral
197 TEUTO 139,91% 4:39 4:41 4:13 4:41 5:56 6:08 5:53 Anápolis - GO Farmacêutico
198 REF. RIOGRANDENSE 139,89% 4:39 7:00 6:56 6:17 4:42 4:57 6:07 Rio Grande - RS Química e Petroquímica
199 MARFRIG 136,87% 4:37 5:07 5:17 5:34 5:21 5:48 6:17 São Paulo - SP Agropecuário
200 SANTANENSE 136,82% 4:37 4:30 3:25 2:47 3:47 4:39 5:01 Montes Claros - MG Têxtil
ANUÁRIO ESTATÍSTICO
22 DO ILAESE 2019

Taxa de Trabalho não pago em uma jornada de 8 horas


Empresa Sede Setor
Exploração 2018 2017 2016 2015 2014 2013 2012
201 KARSTEN 136,39% 4:36 4:24 4:05 4:16 4:23 4:24 4:49 Blumenau - SC Têxtil
202 TVV 135,44% 4:36 3:58 0:36 4:03 4:32 4:43 5:35 Vila Velha - Es Infraestrutura
203 ALGAR TELECOM 134,95% 4:35 4:21 4:08 4:14 4:08 4:30 4:31 Uberlândia - MG Telemarketing
204 CONLURB 134,08% 4:34 5:01 4:50 4:47 4:48 4:22 NI Rio de Janeiro - RJ Infraestrutura
205 METRÔRIO 133,80% 4:34 4:43 5:10 5:23 5:16 4:35 4:50 Rio de Janeiro - RJ Transporte
206 SPRINGS 132,48% 4:33 4:33 4:36 4:37 4:31 4:23 4:11 Montes Claros - MG Têxtil
207 DURATEX 130,66% 4:31 4:22 4:16 4:39 4:33 5:20 5:19 São Paulo - SP Indústria de Construção
208 FLEURY 128,12% 4:29 4:28 4:03 3:45 3:37 3:27 3:53 São Paulo - SP Serviços de saúde
209 GOL 127,49% 4:29 5:08 4:43 3:59 4:47 4:18 1:04 São Paulo - SP Transporte
210 REDECARD 125,15% 4:26 6:56 7:16 7:16 7:16 7:13 7:00 Barueri - SP Serviços Gerais
211 CELESC DISTRIBUIÇÃO 124,52% 4:26 4:21 3:37 4:34 5:19 4:59 2:32 Florianópolis - SC Energia
212 MAHLE METAL LEVE 122,05% 4:23 4:24 4:05 4:46 4:46 4:55 4:40 Mogi Guaçu - SP AutoIndustria
213 GERDAU 121,92% 4:23 3:24 3:01 3:17 3:50 3:55 3:57 Porto Alegre - RS Siderurgia e Metalurgia
214 WEG LINHARES 120,81% 4:22 4:29 4:04 3:31 3:28 3:49 2:41 Linhares - ES Bens de Capital
215 WEG EQUIPAMENTOS 118,79% 4:20 4:11 3:50 4:25 4:42 4:47 4:45 Jaraguá do Sul - SC Bens de Capital
216 JSL 116,96% 4:18 4:07 3:53 4:11 3:55 3:35 3:48 São Paulo - SP Transporte
217 AZUL 112,98% 4:14 4:38 4:13 2:59 4:08 4:32 3:48 Barueri - SP Transporte
218 FRAS-LE 112,22% 4:13 3:59 4:16 4:24 4:07 4:13 4:10 Caxias do Sul - RS Siderurgia e Metalurgia
219 RAIZEN ENERGIA 111,34% 4:12 4:48 5:03 5:05 3:57 4:11 3:53 Barra Bonita - SP Energia
220 IGUAÇU CELULOSE 110,87% 4:12 2:43 3:17 4:10 4:17 3:37 4:56 Piraí do Sul - PR Papel e Celulose
221 METALFRIO SOLUTIONS 108,06% 4:09 4:10 3:24 3:14 2:42 2:40 3:17 São Paulo - SP Bens de Capital
222 METISA 106,42% 4:07 3:49 3:43 4:09 4:31 4:42 4:47 Timbó - SC Siderurgia e Metalurgia
223 PORTOCEL 106,33% 4:07 3:54 4:04 5:10 3:43 4:29 4:14 Aracruz - ES Infraestrutura
224 INDÚSTRIAS ROMI 105,48% 4:06 4:00 2:51 3:11 3:37 4:04 3:16 Santa Barb. D'oeste - SP Bens de Capital
225 COTEMINAS 103,45% 4:04 3:59 4:10 4:04 4:18 3:54 3:44 Montes Claros - MG Têxtil
226 VULCABRAS/AZALEIA 103,19% 4:03 4:14 3:57 3:25 3:30 2:59 2:54 Horizonte - CE Têxtil
227 PARANAPANEMA 103,15% 4:03 4:00 4:45 5:12 5:02 5:04 3:53 Salvador - BA Siderurgia e Metalurgia
228 ALUNORTE 102,73% 4:03 5:34 6:45 7:12 4:25 - - Barcarena - PA Química e Petroquímica
229 HELIBRÁS 99,67% 3:59 2:46 4:01 2:56 3:13 2:00 1:37 Itajubá - MG AutoIndustria
230 CASAN 99,44% 3:59 4:18 5:13 5:05 5:09 5:11 5:09 Florianópolis - SC Infraestrutura
231 DOHLER 99,37% 3:59 3:59 3:36 3:53 4:20 4:28 4:01 Joinville - SC Têxtil
232 HERINGER 96,15% 3:55 5:35 6:11 5:56 6:20 6:17 6:19 Paulínia - SP Química e Petroquímica
233 TAM 96% 3:54 4:32 4:18 3:47 4:36 4:15 - São Paulo - SP Transporte
234 REDE D'OR SÃO LUIZ 95,07% 3:53 3:50 3:39 3:48 3:17 3:06 2:54 São Paulo - SP Serviços de saúde
235 KEPLER WEBER 94,84% 3:53 2:41 2:10 3:27 4:59 5:07 4:42 Panambi - RS Bens de Capital
236 TRANSPETRO 94,73% 3:53 3:51 4:10 4:43 4:38 4:35 4:33 Rio de Janeiro - RJ Transporte
S. José dos Campos
237 EMBRAER 86,92% 3:43 3:56 4:30 4:23 4:17 4:32 4:42 AutoIndustria
- SP
238 RENAUXVIEW 86,33% 3:42 3:49 3:50 1:32 2:36 3:38 2:03 Blumenau - SC Têxtil
239 WEG-CESTARI 86,24% 3:42 3:37 3:11 3:19 3:56 4:51 3:01 Monte Alto - SP Siderurgia e Metalurgia
240 MARCOPOLO 83,29% 3:38 2:56 2:28 3:27 3:32 3:45 3:59 Caxias do Sul - RS AutoIndustria
241 CEDRO 82,90% 3:37 3:48 1:37 1:38 3:36 3:11 2:54 Belo Horizonte - MG Têxtil
242 PAMPLONA ALIMENTOS 82,72% 3:37 5:18 4:34 5:15 6:01 5:24 5:54 Rio do Sul - SC Consumo Gerais
243 TUPY 81,14% 3:35 2:54 2:21 3:02 3:15 3:24 3:13 Joinville - SC Siderurgia e Metalurgia
244 GESTAMP 80,18% 3:33 3:13 3:18 4:38 4:44 4:46 NI S. José dos Pinhais - PR Siderurgia e Metalurgia
245 BRF 77,86% 3:30 4:18 4:51 5:01 5:14 4:59 4:12 Itajaí - SC Consumo Gerais
246 WHIRLPOOL 77,03% 3:28 4:01 3:39 3:41 4:17 4:28 4:28 São Paulo - SP Eletroeletrônico
247 MUNDIAL 76,79% 3:28 3:15 2:31 2:49 3:33 4:18 3:56 Porto Alegre - RS Têxtil
248 AEROPORTO DE CONFINS 76,37% 3:27 3:18 2:39 3:27 - NI NI Confins - MG Infraestrutura
249 ANIMA HOLDING 74,10% 3:24 3:34 3:26 3:46 4:09 3:48 3:55 São Paulo - SP Educação
250 CODESA 73,34% 3:23 3:18 3:15 3:35 3:47 3:39 - Vitória - ES Infraestrutura
ANUÁRIO ESTATÍSTICO
DO ILAESE 2019 23

EXPLORAÇÃO

A exploração no
trabalho bancário
Como não há uma correlação direta entre o excedente produzido pelos bancos e o tempo de trabalho, já que nesse
caso o excedente é medido pelo juros, apresentamos o trabalho excedente dos trabalhadores bancários separadamente.

Taxa de Trabalho não pago em uma jornada de 8 horas


Empresa Sede
Exploração 2018 2017 2016 2015 2014 2013 2012
1 PARANA BANCO 929,93% 7:13 7:13 6:57 6:58 7:15 7:19 7:22 Curitiba - PR

2 MERCANTIL DO BRASIL 360,02% 6:15 6:16 6:12 6:12 5:24 5:30 5:56 Belo Horizonte - MG

3 BANCO INTER 308,06% 6:02 5:53 5:45 5:42 5:34 6:30 7:09 Belo Horizonte - MG

4 BANPARA 302,65% 6:00 6:13 6:04 6:09 6:08 6:13 6:15 Belém - PA

5 ITAÚ UNIBANCO 268,59% 5:49 6:05 6:19 5:57 6:13 6:06 6:24 São Paulo - SP

6 SANTANDER 250,79% 5:43 5:56 6:07 2:40 5:33 5:24 5:48 São Paulo - SP

7 SAFRA 231,87% 5:35 5:36 6:06 5:55 6:06 5:43 6:04 São Paulo - SP

8 BANRISUL 230,60% 5:34 5:23 5:23 5:09 5:26 5:38 5:44 Porto Alegre - RS

9 BANESTES 214,38% 5:27 5:19 5:12 5:13 5:18 5:19 5:23 Vitória - ES

10 BANESE 204,61% 5:22 5:28 4:56 5:03 4:42 5:17 5:41 Aracaju - SE

CAIXA ECONÔMICA
11 176,06% 5:06 4:45 5:55 4:17 4:31 4:30 4:34 Brasília - DF
FEDERAL

12 ABC BRASIL 164,16% 4:58 5:33 6:21 1:43 5:24 5:23 5:39 São Paulo - SP

13 BRADESCO 145,22% 4:44 4:53 6:13 14:16 3:55 3:39 5:13 Osasco - SP

14 BANCO DO BRASIL 142% 4:41 4:52 4:53 3:32 4:46 4:49 5:05 Brasília - DF

15 BNDES 120,71% 4:22 6:15 7:18 7:25 7:21 7:15 7:31 Rio de Janeiro - RJ
ANUÁRIO ESTATÍSTICO
24 DO ILAESE 2019

PRODUTIVIDADE
Riqueza produzida no Brasil
Indicamos abaixo a riqueza produzida pelos trabalhadores brasileiros por setor, em conformidade com
os dados disponibilizados pelo IBGE com o detalhamento do PIB3.

PIB POR
SETOR 2018 2017 2016 2015 2014 2013 2007 2002 1995
(EM MILHÕES R$)
Extrativa Mineral 174.156 94.397 55.559 110.773 184.797 189.434 68.587 25.740 4.411
Indústria de
659.664 690.732 675.816 630.812 597.376 558.734 385.033 183.969 102.667
transformação
CAPITAL SIUP (energia e água) 165.436 148.519 143.698 123.184 93.975 92.818 69.580 43.219 14.939
PRODUTIVO Construção Civil 259.944 269.193 275.134 296.018 306.947 290.641 105.870 81.979 43.054
Agropecuária 297.770 303.752 306.655 258.966 249.975 240.291 120.152 81.515 35.382
Transporte e
256.085 250.823 235.852 226.501 227.757 203.421 85.891 46.682 20.764
Comunicações
Comércio 769.365 715.714 699.150 685.708 676.562 614.088 270.799 98.241 55.714
CAPITAL Serviços 1.827.337 1.756.638 1.655.239 1.572.776 1.499.857 1.345.578 666.330 398.906 167.552
IMPRODUTIVO
Instituição Financeira 405.417 425.238 425.477 365.276 318.680 272.571 170.175 100.575 64.392
RENDA Administração Pública
1.017.943 985.873 945.121 885.587 816.809 746.186 377.110 209.389 101.910
ESTATAL
Total 5.833.117 5.640.879 5.417.701 5.155.601 4.972.735 4.553.762 2.319.527 1.270.215 610.785

PIB POR
SETOR 2018 2017 2016 2015 2014 2013 2007 2002 1995
(EM %)
Extrativa Mineral 2,99% 1,67% 1,03% 2,15% 3,72% 4,16% 2,96% 2,03% 0,72%
Indústria de
11,31% 12,25% 12,47% 12,24% 12,01% 12,27% 16,60% 14,48% 16,81%
transformação
CAPITAL SIUP (energia e água) 2,84% 2,63% 2,65% 2,39% 1,89% 2,04% 3,00% 3,40% 2,45%
PRODUTIVO Construção Civil 4,46% 4,77% 5,08% 5,74% 6,17% 6,38% 4,56% 6,45% 7,05%
Agropecuária 5,10% 5,38% 5,66% 5,02% 5,03% 5,28% 5,18% 6,42% 5,79%
Transporte e
4,39% 4,45% 4,35% 4,39% 4,58% 4,47% 3,70% 3,68% 3,40%
Comunicações
Comércio 13,19% 12,69% 12,90% 13,30% 13,61% 13,49% 11,67% 7,73% 9,12%
CAPITAL Serviços 31,33% 31,14% 30,55% 30,51% 30,16% 29,55% 28,73% 31,40% 27,43%
IMPRODUTIVO
Instituição Financeira 6,95% 7,54% 7,85% 7,09% 6,41% 5,99% 7,34% 7,92% 10,54%
RENDA Administração Pública
17,45% 17,48% 17,45% 17,18% 16,43% 16,39% 16,26% 16,48% 16,69%
ESTATAL
Total 5.833.117 5.640.879 5.417.701 5.155.601 4.972.735 4.553.762 2.319.527 1.270.215 610.785

Podemos ver a redução do papel da Industria de transformação no


PIB, que passou de 16,6% em 2007 para 11,31% em 2018. Ao mesmo
tempo, os únicos setores produtivos que não sofreram redução são
os setores Extrativo Mineral e Agropecuário, fortemente impactados
pelos preços ditados pelo mercado internacional.

3. Relatórios trimestrais do IBGE.


ANUÁRIO ESTATÍSTICO
DO ILAESE 2019 25

PRODUTIVIDADE
Quantidade de riqueza
produzida por trabalhador
Seguindo os mesmos critérios do item anterior, indicamos abaixo o ranking das empresas com maior quantidade de trabalho
incorporado por trabalhador. Trata-se, assim, em certo sentido, das empresas com mais elevada produtividade4.

A Petrobrás é a segunda empresa mais produtiva do país,


produzindo uma média de 2 milhões 668 mil reais de valor
agregado por trabalhador. Verificamos ainda uma grande
quantidade de empresas do setor de energia entre as mais
produtivas, a maior parte delas privatizadas nas últimas décadas
ou ameaçadas de privatização total na atualidade.

Riqueza média produzida por trabalhador em R$


Empresa
2018 2017 2016 2015 2014 2013 2012
1 CEG 2.743.677,18 2.388.670,89 2.226.154,19 2.193.378,79 2.263.626,70 1.447.550,35 1.239.530,89
2 PETROBRÁS 2.668.706,37 2.028.736,24 1.909.686,86 1.756.936,39 1.481.046,78 1.154.469,47 1.100.148,68
3 SONAE SIERRA 2.524.376,92 2.362.600,00 2.007.383,56 2.195.848,48 1.890.937,93 1.571.225,81 1.640.758,62
4 BR DISTRIBUIDORA 2.368.219,53 2.372.222,22 2.234.248,79 2.148.458,69 2.138.235,29 1.855.280,90 1.728.062,36
5 COMGÁS 2.103.055,72 2.398.559,65 2.877.575,76 2.245.216,55 1.714.510,00 1.814.629,80 1.482.348,70
6 CTEEP 1.668.444,00 1.466.253,33 4.884.338,67 575.126,00 477.890,00 391.453,57 1.036.876,00
7 ELETRONORTE 1.588.216,11 1.455.007,72 2.153.774,81 1.069.989,24 811.990,76 963.698,59 807.112,59
8 AES TIETÊ 1.572.919,04 1.539.112,15 2.011.704,42 3.688.451,43 NI NI NI
9 FURNAS 1.513.253,54 1.662.422,21 4.320.105,89 857.647,41 550.816,89 353.346,77 694.562,29
10 COPERSUCAR 1.501.436,82 1.479.619,20 NI NI NI NI NI
11 CIELO 1.469.448,81 2.492.827,12 2.656.953,13 3.980.733,44 3.702.166,27 4.122.760,74 4.171.284,75
12 CEMIG GT 1.417.262,81 1.791.412,51 1.802.744,63 2.339.116,09 2.842.189,30 1.846.932,13 1.750.881,67
13 ELETRONUCLEAR 1.159.006,86 935.751,69 716.810,49 551.223,70 399.582,85 343.201,02 406.526,60
14 CEMAR 1.157.893,14 1.038.975,95 971.532,69 777.606,11 787.933,45 703.328,19 723.890,02
15 AMPLA 1.140.918,64 827.425,77 699.752,24 575.261,62 994.596,05 1.032.061,62 1.000.963,97
16 CELPA 1.108.491,59 1.092.497,88 831.577,58 630.880,00 567.735,31 240.019,92 172.615,64
17 TIM 1.047.782,84 946.840,00 887.296,77 741.522,74 792.910,89 804.244,10 814.205,58
18 TRISUL 1.023.374,33 895.411,76 674.566,43 NI 550.280,90 490.854,94 422.939,73
19 VALE 1.022.977,80 740.090,03 442.489,52 428.618,26 666.499,57 899.833,28 722.770,58
20 IPIRANGA 1.020.029,84 1.690.602,32 1.664.189,31 1.892.764,66 1.608.111,50 1.511.224,87 1.337.113,86
21 CESP 980.235,07 786.862,67 1.803.853,87 2.117.856,61 4.051.355,75 2.657.579,00 1.539.862,82
22 EDP 952.463,42 861.274,65 805.896,38 888.135,45 692.790,91 791.563,13 569.515,43
23 QUALICORP 918.598,02 819.698,45 641.853,72 572.371,60 534.164,60 634.308,58 577.979,44
24 BRASKEM 897.928,70 1.111.209,91 1.167.806,43 1.473.783,77 645.343,47 728.478,38 589.621,55
25 CHESF 866.912,78 959.523,18 2.477.198,74 432.100,91 544.047,07 632.982,83 627.744,27
26 BAYER 851.845,60 735.598,10 993.953,36 1.146.335,73 900.461,04 904.182,18 851.786,10
27 SUZANO 851.039,85 618.697,06 564.998,33 722.055,48 425.177,69 336.598,21 310.951,22
28 CEDAE 837.220,77 720.902,73 594.018,54 541.120,61 555.950,93 461.640,65 439.055,08
29 COELCE 754.037,07 794.385,21 813.842,11 718.324,62 649.935,70 488.333,87 679.349,68
30 CEMIG 753.658,85 457.680,25 478.033,56 554.119,31 518.119,22 492.037,99 399.525,95
31 CELG 690.891,62 901.395,26 357.962,73 203.519,33 NI 414.270,24 206.250,98
32 TELEFÔNICA 680.543,81 713.581,94 716.466,65 583.157,53 1.068.435,80 697.164,50 1.097.132,33
33 NATURA 667.245,37 649.476,95 613.913,55 530.689,48 671.048,79 817.454,77 620.032,77
34 COPEL 651.158,19 590.699,33 510.340,99 519.703,52 447.710,66 388.535,91 346.382,76
35 ÁGUAS GUARIROBA 615.904,11 686.170,82 630.148,75 427.800,62 291.461,54 NI NI

4. Todos os dados foram retirados dos relatórios fornecidos pelas próprias empresas aos respectivos diários oficiais. Complementarmente utilizamos
os relatórios anuais e de sustentabilidade disponibilizados nos sites das respectivas empresas. Apenas no caso do número de trabalhadores foi utiliza-
do, em alguns casos, os dados fornecidos pelo Anuário Maiores & Melhores da EXAME. NI significa que o dado em questão não foi informado.
ANUÁRIO ESTATÍSTICO
26 DO ILAESE 2019

Riqueza média produzida por trabalhador em R$


Empresa
2018 2017 2016 2015 2014 2013 2012
36 RODONORTE 608.981,32 731.629,76 671.296,36 624.255,81 308.974,20 NI NI
37 CENT. NAC. UNIMED 578.042,38 474.986,00 364.995,72 350.177,59 351.327,72 332.763,99 331.043,58
38 COELBA 559.466,61 551.732,83 603.372,28 665.152,12 703.519,27 643.265,57 743.529,81
39 ODONTOPREV 554.850,41 693.819,49 481.702,61 453.139,73 428.010,29 401.582,79 153.804,66
40 ENERGISA MS 553.885,31 438.874,74 380.674,59 407.259,85 453.879,18 368.181,10 419.532,48
41 ACHÉ 553.504,37 453.340,08 405.431,65 372.793,28 362.047,26 NI NI
42 CPFL ENERGIA 553.357,35 491.627,15 417.667,37 505.313,75 549.828,02 561.111,79 542.386,69
43 HELIBRÁS 521.801,84 416.419,35 571.282,17 453.337,25 141.417,31 299.172,36 257.755,66
44 MINERAÇÃO USIMINAS 506.363,21 289.281,72 NI 249.606,11 415.853,94 620.923,20 604.628,87
45 MRN 504.033,55 279.888,51 460.563,96 631.035,87 264.493,16 257.188,75 258.914,97
46 SANEPAR 497.254,77 459.226,52 403.744,14 329.390,07 300.579,20 283.900,32 267.869,15
47 CELPE 487.072,04 422.535,00 427.528,76 560.251,32 539.613,36 450.245,64 487.568,48
48 NEXA 484.912,13 386.111,50 315.967,27 275.643,44 225.019,81 166.853,61 134.833,04
49 SABESP 484.368,33 426.365,56 359.700,64 242.621,53 242.500,98 299.653,95 285.483,72
50 ENERGISA MT 466.249,49 269.120,10 R$ 313.619,03 218.434,49 312.522,29 290.725,79 303.139,98
51 ECORODOVIAS 457.197,22 449.469,65 356.856,70 292.626,87 264.880,83 NI NI
52 GERDAU 456.084,83 295.237,00 304.711,43 296.185,37 267.585,31 251.423,84 229.519,29
53 LIGHT SESA 449.717,11 574.945,13 348.773,56 440.424,91 444.849,51 443.778,08 404.172,95
54 COAMO 443.456,11 362.451,45 366.649,40 383.339,55 293.572,92 285.826,10 267.373,18
55 AMBEV 425.766,31 391.961,21 334.214,03 363.514,61 353.525,95 36,68 -
56 CYRELA 425.239,84 366.771,46 329.367,25 310.426,41 288.645,65 206.364,21 NI
57 CRISTAL PIGMENTOS 399.648,35 270.722,43 NI -40.539,03 -74.807,83 -45.613,02 70.477,27
58 ARCELORMITTAL 397.216,14 251.074,01 248.443,40 242.918,92 280.562,07 324.811,26 192.445,60
59 HYPERMARCAS 393.726,90 435.378,93 295.714,12 217.401,38 184.986,78 240.862,68 239.170,55
60 OXITENO 389.825,04 139.648,41 232.050,57 315.694,70 202.617,82 213.136,94 NI
61 CELESC DISTRIBUIÇÃO 389.333,03 429.981,50 299.715,65 321.351,16 414.646,18 401.728,05 368.169,08
62 CARGILL AGRÍCOLA 378.658,14 189.383,94 285.097,19 368.789,59 293.250,23 271.645,54 375.588,08
63 KLABIN 371.693,34 271.155,19 225.681,80 239.978,61 252.495,76 224.384,91 239.747,87
64 TRANSPETRO 363.396,86 411.455,85 621.235,28 625.339,47 645.171,00 622.766,44 422.264,39
65 CARAMURU ALIMENTOS 359.285,11 244.673,18 166.138,73 340.132,03 210.308,94 NI NI
66 AVIBRÁS 347.903,72 720.352,24 574.229,63 562.548,08 306.160,20 211.320,16 156.410,80
67 ULTRAGAZ 342.536,60 331.342,97 305.200,28 263.107,69 220.563,81 208.714,09 NI
68 ENERGISA SUL SUDESTE 341.126,80 226.603,59 170.546,48 236.498,69 224.629,82 215.715,01 166.610,00
69 EMAE 336.343,51 235.063,13 225.314,94 210.712,09 153.658,78 214.956,11 125.223,33
70 POSITIVO 332.983,21 299.063,58 260.865,88 191.571,25 196.205,17 168.234,18 145.137,52
71 SLC 328.947,17 311.174,74 119.121,20 102.585,21 94.347,85 87.234,93 81.931,30
72 ELEKTRO 327.670,72 341.229,06 269.847,09 312.799,08 301.174,25 234.118,54 254.041,41
73 EMBASA 324.450,68 316.778,46 280.941,58 241.684,09 231.498,31 230.096,28 178.679,66
74 RUMO 314.007,65 260.672,09 114.178,67 115.357,09 130.501,13 194.441,94 209.635,60
75 UNIMED PORTO ALEGRE 310.361,58 287.961,01 212.346,66 222.810,36 167.921,07 163.494,35 NI
76 CBA 304.827,64 223.188,81 198.998,46 307.967,37 260.896,95 153.736,86 88.972,82
77 MRS 303.870,86 287.024,10 262.648,58 267.604,97 242.764,23 250.137,60 222.880,41
78 CSN 303.846,98 220.395,98 216.852,99 286.745,52 312.660,88 233.740,27 166.156,37
79 DATAPREV 302.302,94 310.921,47 286.179,82 283.266,82 244.330,27 229.501,29 218.901,03
80 CCR 302.270,10 382.892,51 345.317,69 285.115,67 261.116,46 267.748,17 262.350,21
81 TECHNOS 292.158,35 263.424,18 245.055,86 302.672,92 302.907,24 268.638,02 204.047,58
82 CAMIL 291.992,58 256.118,56 294.565,98 217.604,01 182.814,95 172.333,27 137.675,68
83 USIMINAS 290.713,87 234.132,42 108.308,85 84.692,77 129.275,95 130.269,67 56.066,74
84 EUROFARMA 283.560,04 325.521,74 494.060,70 422.864,39 401.100,21 349.171,27 295.869,52
85 MOVIDA 281.800,50 274.608,53 228.510,76 190.463,04 24.103,55 NI NI
86 EZ TEC EMPREEND. 272.105,49 721.775,18 376.681,66 NI NI NI NI
87 JBS 271.764,81 NI NI NI NI NI NI
88 LOG-IN LOGISTICA 268.070,75 232.791,91 118.763,43 169.607,23 169.424,14 170.368,93 144.762,94
89 BOMBRIL 267.016,81 279.290,70 265.228,63 197.515,97 225.678,79 225.685,53 195.990,20
90 GOL 265.548,84 309.644,65 250.218,20 184.393,52 189.859,50 168.511,67 85.120,79
91 ESTACIO PART. 263.180,83 218.726,16 168.598,52 153.371,83 138.023,32 115.569,73 96.473,60
92 COPASA 258.029,70 257.279,17 221.842,12 189.985,15 185.772,57 190.957,18 183.349,67
93 AZUL 255.015,50 290.926,80 223.622,25 157.332,29 194.630,80 NI NI
94 METRÔ 254.006,46 241.347,65 231.025,29 174.600,04 183.177,69 146.298,51 135.450,20
95 LOCALIZA 244.789,76 214.103,08 185.013,44 174.006,31 179.448,92 161.225,04 122.160,76
96 IBEMA 243.336,38 234.465,92 210.297,03 176.023,00 174.238,16 150.728,99 129.743,83
97 INFRAERO 241.893,30 273.783,02 218.594,62 185.439,36 207.586,53 201.696,56 235.114,65
98 EMBRAER 240.559,54 321.489,66 380.805,83 319.545,54 250.925,94 250.398,80 259.195,28
99 REDE D'OR SÃO LUIZ 238.303,70 106.234,11 89.918,26 82.309,53 104.112,73 86.871,18 66.554,74
100 LOJAS RENNER 238.276,99 232.268,90 225.809,23 232.987,76 201.229,93 174.504,31 66.554,74
ANUÁRIO ESTATÍSTICO
DO ILAESE 2019 27

REMUNERAÇÃO
A remuneração dos
trabalhadores no Brasil
Indicamos abaixo a remuneração média por setor, conforme indicado pela RAIS-CAGED. Que considera unicamente os
trabalhadores formais. Em seguida, apresentamos a inflação medida pelo INPC e as perdas salariais acumuladas no período5.

2018/
IBGE Setor 2018* 2017 2016 2015 2014 2013 INPC PERDAS
2012
Extrativa mineral R$ 5.967,32 R$ 5.935,28 R$ 5.840,41 R$ 5.845,27 R$ 5.480,58 R$ 5.074,67 17,59% -26,89%
Indústria de
R$ 2.636,76 R$ 2.640,37 R$ 2.534,07 R$ 2.358,54 R$ 2.187,28 R$ 2.032,31 29,74% -14,74%
transformação
SIUP (Energia e Água) R$ 4.699,39 R$ 4.636,17 R$ 4.501,15 R$ 4.044,56 R$ 3.738,94 R$ 3.456,77 35,95% -8,53%
Construção Civil R$ 2.179,46 R$ 2.175,46 R$ 2.110,72 R$ 1.999,79 R$ 1.897,25 R$ 1.764,87 23,49% -20,99%
Comércio R$ 1.906,93 R$ 1.891,79 R$ 1.785,94 R$ 1.638,72 R$ 1.519,87 R$ 1.396,42 36,56% 44,48% -7,92%
Serviços R$ 2.594,53 R$ 2.539,29 R$ 2.377,55 R$ 2.195,60 R$ 2.022,30 R$ 1.858,07 39,64% -4,84%
Administração Pública R$ 3.945,42 R$ 3.951,91 R$ 3.813,86 R$ 3.543,77 R$ 3.238,72 R$ 2.938,21 34,28% -10,20%
Agropecuária R$ 1.729,52 R$ 1.739,46 R$ 1.632,75 R$ 1.490,43 R$ 1.375,97 R$ 1.272,46 35,92% -8,56%
Transportes R$ 2.763,70 R$ 2.674,70 R$ 2.545,82 R$ 2.370,50 R$ 2.189,78 R$ 2.034,19 35,86% -8,62%
Atividades Financeiras R$ 6.315,07 R$ 6.303,49 R$ 5.978,65 R$ 5.972,91 R$ 5.180,94 R$ 4.803,62 31,46% -13,02%
* A massa salarial dos trabalhadores de 2018 foi estimada, tendo em vista os salários de admitidos e desligados indicados pelo CAGED, a média
dos reajustes das campanhas salariais.

Indicamos abaixo a média salarial, mensal, que engloba também os trabalhadores informais, tal como medida pela PNAD Contínua
do IBGE. Importante destacar que, nesse caso, trata-se de uma estimativa feita pelo IBGE, enquanto os dados da RAIS-CAGEG
são reais. Apesar disso, como a RAIS considera unicamente os trabalhadores formais, os dados da PNAD estão mais próximos da
realidade do trabalhador brasileiro.
2018* 2017 2016 2015 2014 2013 2018/ 2012 INPC PERDAS
Agricultura R$ 1.284 R$ 1.274 R$ 1.117 R$ 1.155 R$ 1.172 R$ 1.137 12,93% -31,55%
Indústria Geral R$ 2.227 R$ 2.237 R$ 2.030 R$ 2.106 R$ 2.078 R$ 2.040 9,17% -35,31%
Construção R$ 1.708 R$ 1.762 R$ 1.675 R$ 1.673 R$ 1.728 R$ 1.768 -3,39% -47,87%
Comércio R$ 1.788 R$ 1.811 R$ 1.680 R$ 1.721 R$ 1.750 R$ 1.771 0,96% -43,52%
Transporte R$ 2.178 R$ 2.564 R$ 2.053 R$ 2.124 R$ 2.185 R$ 2.147 1,44% -43,04%
Alojamento e alimentação R$ 1.462 R$ 1.409 R$ 1.403 R$ 1.469 R$ 1.532 R$ 1.519 -3,75% 44,48% -48,23%
Informação, comunicação e
R$ 3.277 R$ 3.247 R$ 2.958 R$ 2.948 R$ 2.971 R$ 2.948 11,16% -33,32%
atividades financeiras
Administração Pública R$ 3.353 R$ 3.211 R$ 2.944 R$ 2.960 R$ 2.905 R$ 2.887 16,14% -28,34%
Outros serviços R$ 1.668 R$ 1.667 R$ 1.526 R$ 1.620 R$ 1.646 R$ 1.641 1,65% -42,83%
Serviços Domésticos R$ 879 R$ 887 R$ 822 R$ 821 R$ 822 R$ 783 12,26% -32,22%

Todos os setores da classe trabalhadora, sem exceção, possuem


perdas salariais acumuladas entre 2013 e 2018. As perdas são
bem mais elevadas quando se considera o trabalho informal.

5. Fonte: Rais e CAGED.


ANUÁRIO ESTATÍSTICO
28 DO ILAESE 2019

REMUNERAÇÃO
As 100 menores remunerações
médias anuais
Segue abaixo o ranking das empresas que pagam os menores rendimentos médios do Brasil, dentre todas aquelas analisadas
pelo ILAESE. Vale ressaltar que se trata de um rendimento médio, motivo pelo qual o valor absoluto é, certamente,
engrossado pelos funcionários de mais alta remuneração. Este valor é anual e engloba ainda todos os benefícios gastos com
os trabalhadores, incluindo a PLR, se existir6.

Entre as menores remunerações médias predomina empresas do


setores do comércio, agropecuário e, sobretudo, têxtil: como a
Cedro, Guararapes e Coteminas. O setor têxtil é o único subsetor
da indústria de transformação com maioria de mulheres.

Rendimento médio ANUAL por trabalhador em R$


Empresa
2018 2017 2016 2015 2014 2013 2012
1 CEDRO 19.813,55 18.772,68 18.665,69 20.323,06 17.541,86 14.928,85 13.099,58
2 PROFARMA 20.417,89 18.108,81 16.633,98 19.662,84 27.777,75 23.799,27 29.258,04
3 NOTRE DAME INTERMÉDICA 21.708,55 25.364,13 52.682,39 NI NI NI NI
4 AMIL 22.798,86 20.315,90 16.445,80 94.796,61 83.216,67 77.100,00 72.087,72
5 AEC CONTACT CENTER 23.360,14 23.547,06 20.417,46 20.357,08 15.339,88 16.413,09 12.851,38
6 GUARARAPES CONFECÇÕES 24.709,66 22.962,60 22.024,42 19.239,88 16.971,44 16.650,48 13.589,21
7 COTEMINAS 25.118,46 25.682,50 23.962,67 22.769,48 19.458,92 17.019,27 17.633,15
8 TAURUS 25.258,83 27.913,48 24.036,25 29.405,25 NI NI NI
9 TERRA SANTA 25.537,11 24.209,39 22.358,78 32.662,06 10.457,97 NI NI
10 OI 25.680,33 28.355,37 27.097,22 26.262,12 31.984,42 28.990,08 41.622,47
11 MUNDIAL 25.931,93 24.749,33 24.776,92 22.871,22 23.628,39 21.689,29 19.315,67
12 C. VALE 27.835,13 41.630,80 46.348,18 42.130,72 38.850,75 33.361,63 30.973,78
13 GRENDENE 28.247,04 26.209,91 24.597,72 21.208,84 19.225,78 18.073,24 16.996,80
14 ATENTO 28.498,52 25.775,01 25.878,53 23.789,94 20.494,29 19.294,06 18.881,60
15 UNIMED RIO 28.680,61 27.747,77 36.224,68 34.638,28 38.835,16 36.017,75 49.989,04
16 CONTAX-LIQ 28.970,33 30.079,47 26.069,03 27.970,72 23.465,42 22.984,11 22.652,65
17 VULCABRAS/AZALEIA 29.642,23 28.491,10 27.457,45 25.622,72 25.201,97 22.086,82 25.305,18
18 B2W DIGITAL 30.021,65 36.503,11 30.671,24 27.155,14 30.302,60 24.937,21 20.321,69
19 LOJAS AMERICANAS 31.156,18 29.371,16 28.147,41 27.699,16 24.100,57 24.177,36 20.969,15
20 FRIMESA 32.222,14 35.208,98 33.972,46 31.131,13 27.131,42 24.365,63 24.350,71
21 COPACOL 32.340,17 32.394,19 32.025,44 30.744,04 30.646,23 24.551,73 21.759,37
22 GRAZZIOTIN 33.012,52 32.171,78 31.852,92 31.250,39 26.606,42 25.446,02 23.324,07
23 PAMPLONA ALIMENTOS 34.137,32 33.643,23 29.155,95 33.610,27 35.133,30 28.043,30 25.548,11
24 SPRINGS 34.188,03 34.662,59 45.252,72 42.770,55 35.168,42 30.869,83 31.249,17
25 MRV 34.207,57 42.973,86 42.859,16 49.643,18 32.843,91 40.886,57 36.472,36
26 CAMBUCI 34.261,33 28.333,96 23.878,98 27.640,66 26.587,03 25.398,94 19.198,64
27 VALID SOLUÇÕES 34.331,29 32.942,81 35.237,36 40.810,59 39.360,96 40.665,37 36.521,62
28 COASUL 35.169,82 33.551,52 33.739,77 32.179,79 26.548,81 22.526,95 19.819,17
29 ÁGUAS GUARIROBA 35.212,33 42.727,76 51.781,36 36.207,11 37.796,53 NI NI
30 FRAS-LE 35.591,68 47.156,05 64.455,02 62.454,24 60.608,48 50.634,16 43.492,19
31 DASA 35.736,85 30.802,08 34.091,77 33.748,15 27.460,66 22.924,45 20.789,11
32 CSU CARDSYST 36.047,13 34.633,52 32.491,92 28.223,61 24.446,21 24.366,39 23.789,62
33 ALPARGATAS 36.554,94 36.184,94 34.433,60 35.106,58 35.933,72 29.991,06 28.786,95
34 COPAGRIL 37.023,20 35.675,56 33.603,72 32.127,89 30.934,19 26.741,60 23.741,53
35 MARISA 37.350,53 32.694,28 29.993,51 27.637,50 25.598,91 24.067,07 20.952,21

6. Todos os dados foram retirados dos relatórios fornecidos pelas próprias empresas aos respectivos diários oficiais. Complementarmente
utilizamos os relatórios anuais, de sustentabilidade e formulários de referência disponibilizados nos sites das respectivas empresas. NI sig-
nifica que o dado em questão não foi informado.
ANUÁRIO ESTATÍSTICO
DO ILAESE 2019 29

Rendimento médio ANUAL por trabalhador em R$


Empresa
2018 2017 2016 2015 2014 2013 2012
36 TEKA 39.796,64 45.490,84 39.456,88 37.233,75 35.131,88 33.335,27 35.094,04
37 HERING 40.004,91 38.727,83 33.818,76 32.831,08 30.008,50 24.213,44 22.846,92
38 SANTANENSE 41.105,88 39.614,79 42.605,31 42.642,22 31.316,15 27.673,75 26.328,92
39 MARFRIG 41.109,72 36.465,01 37.626,88 39.763,47 37.023,61 37.575,39 32.073,98
40 TPI 41.544,44 33.596,74 26.251,82 21.911,13 23.684,55 24.275,29 31.564,29
41 GAFISA 41.653,59 26.331,85 26.077,76 20.854,64 14.913,29 10.159,78 6.042,77
42 IGUAÇU CELULOSE 42.958,71 47.701,82 37.668,63 46.188,62 47.769,11 36.941,52 34.719,83
43 RAIA DROGASIL 43.034,70 41.487,68 41.894,52 36.002,00 33.339,94 31.688,95 14.654,15
44 TECBAN 43.924,13 56.397,13 70.948,99 91.722,65 83.407,47 74.388,14 71.273,26
45 M. DIAS BRANCO 44.057,18 50.851,85 48.783,66 44.821,29 41.511,65 30.425,50 NI
46 LOJAS RENNER 44.225,21 44.264,10 40.120,75 41.439,29 36.486,78 31.578,48 30.687,25
47 BRF 45.493,18 NI 48.210,14 45.492,25 36.761,54 34.061,24 35.561,75
48 ETERNIT 46.172,22 57.569,38 51.357,50 42.208,61 NI 37.501,60 35.140,00
49 MAGAZINE LUÍZA 48.413,26 46.832,12 44.522,94 39.710,67 41.915,92 38.141,79 30.055,87
50 IGUA SANEAMENTO 49.719,95 56.069,07 46.149,48 48.242,73 38.587,35 NI 43.742,53
51 GPA 49.768,39 48.346,06 40.709,32 33.676,61 29.135,65 32.678,16 20.027,67
52 COOPERALFA 49.786,07 47.724,57 45.485,97 41.275,84 37.365,07 32.793,65 29.178,41
53 AREZZO 49.851,87 45.376,72 39.590,69 34.621,56 30.699,19 30.397,23 25.744,41
54 KARSTEN 50.813,16 45.709,51 46.079,70 45.159,52 36.877,48 29.984,09 32.884,52
55 DOHLER 51.348,08 50.286,97 46.807,74 43.872,07 37.764,21 33.590,47 31.948,82
56 CATAGUASES 51.561,16 54.166,52 38.998,53 41.833,74 34.619,60 29.466,17 31.595,11
57 DURATEX 52.222,67 48.780,00 48.003,17 47.690,46 53.729,43 49.272,39 47.607,11
58 RAIZEN ENERGIA 52.261,34 51.135,36 54.990,21 54.438,00 57.586,85 52.998,60 33.565,29
59 STARA 52.769,23 50.663,88 46.626,05 40.779,27 40.825,74 NI NI
60 MAHLE METAL LEVE 53.097,76 50.092,57 47.454,31 42.415,22 35.498,63 33.920,01 30.524,71
61 UNICASA 53.351,62 57.935,84 62.162,91 48.274,15 41.471,97 NI NI
62 ALGAR TELECOM 53.709,85 57.095,81 55.109,22 49.477,36 45.533,26 44.052,34 39.911,57
63 TEGMA 54.797,36 48.048,76 49.510,25 51.964,11 46.181,85 30.337,39 23.485,01
64 ENERGISA MINAS GERAIS 54.958,08 57.652,61 65.265,91 58.532,88 57.679,93 49.735,29 44.067,59
65 MOVIDA 57.983,63 56.230,61 57.770,95 54.264,37 5.485,21 NI NI
66 HYPERMARCAS 58.558,89 65.627,21 48.751,56 43.440,48 38.261,00 37.488,42 42.774,82
67 RODONORTE 59.480,48 60.884,08 55.651,65 48.426,36 27.542,61 NI NI
68 OXITENO 60.066,61 157.252,66 150.292,01 175.077,38 129.389,03 136.140,54 NI
69 COAMO 60.077,32 61.381,42 61.082,30 57.324,52 53.099,60 47.273,40 42.375,55
70 TAM 60.722,20 55.876,60 51.397,70 48.994,15 55.321,75 54.366,90 NI
71 AMBEV 60.972,89 60.472,61 46.349,29 46.917,49 43.535,82 36,68 0,00
72 UNIMED BH 61.605,58 57.825,73 62.465,72 65.557,57 44.034,47 36.023,00 38.893,22
73 ALUNORTE 61.717,40 104.343,57 95.286,29 NI 98.568,24 84.344,42 NI
74 ALTONA 61.758,51 63.016,67 80.098,07 69.879,09 58.841,66 NI NI
75 ODONTOPREV 62.271,16 60.854,15 56.390,11 47.075,34 42.605,79 35.962,84 33.354,76
76 KROTON 62.573,07 64.014,52 68.101,30 45.938,19 26.585,83 28.271,42 30.239,91
77 MILI 62.605,36 59.348,16 58.755,52 NI NI NI NI
78 METISA 62.657,92 62.143,35 57.252,11 53.065,46 47.544,14 47.414,00 41.784,80
79 JSL 62.721,16 63.760,85 59.181,35 42.880,63 44.092,94 41.029,55 36.207,27
80 CAMIL 63.167,71 54.296,91 59.462,76 54.281,74 46.132,33 39.634,11 34.660,23
81 SARAIVA LIVROS 63.747,58 60.744,51 52.464,51 53.925,84 47.960,99 64.683,71 55.858,12
82 LOCALIZA 64.556,50 60.319,20 55.233,24 51.734,03 51.017,93 48.911,54 38.767,81
83 FLEURY 64.576,27 66.330,27 69.483,87 66.869,36 55.306,63 55.813,31 43.151,34
84 RANDON 65.054,97 64.569,75 68.418,03 72.835,87 63.152,44 57.526,21 53.960,59
85 MARCOPOLO 65.147,64 72.756,20 73.128,33 72.968,41 65.411,65 67.423,76 57.570,70
86 VIA VAREJO 65.554,98 58.781,35 55.204,33 58.465,39 50.270,59 39.868,09 39.543,98
87 SANSUY 66.765,72 66.840,51 63.845,87 65.080,93 57.692,01 54.535,29 NI
88 POSITIVO 67.833,59 62.665,87 55.889,38 63.282,07 52.160,06 46.552,58 37.866,31
89 BOMBRIL 67.936,85 66.771,32 68.274,95 59.337,12 53.122,71 50.110,41 44.651,96
90 CASTROLANDA 69.327,11 65.446,56 57.073,44 49.347,22 52.141,24 51.239,33 47.786,57
91 SANTOS BRASIL 69.479,84 72.900,23 66.161,69 59.958,51 52.524,03 54.098,53 51.015,71
92 CELULOSE IRANI 69.524,38 63.904,50 59.825,24 57.987,51 47.407,23 44.716,83 48.093,43
93 TUPY 70.294,37 66.474,68 64.281,46 70.528,86 60.224,52 54.545,92 52.697,35
94 TRISUL 70.550,80 71.065,36 68.937,06 NI 75.029,96 57.574,07 55.683,04
95 ENERGISA MATO GROSSO 71.443,07 61.681,39 69.465,68 53.105,24 76.754,06 72.491,34 59.887,91
96 PARAGOMINAS 72.003,53 121.635,17 123.213,16 115.042,24 114.574,37 NI NI
97 EZ TEC EMPREENDIMENTOS 72.589,31 87.258,39 72.853,77 NI NI NI NI
98 PROSEGUR 73.539,90 52.546,80 50.587,89 45.803,67 41.678,78 38.559,14 25.822,59
99 WEG EQUIPAMENTOS 73.691,61 68.630,34 63.267,77 62.067,39 58.422,92 49.398,16 44.651,89
100 ITAUTEC 74.277,78 81.783,78 140.632,65 145.500,00 184.456,31 66.218,89 65.729,77
ANUÁRIO ESTATÍSTICO
30 DO ILAESE 2019

EMPREGO

Ranking do desemprego
Abaixo indicamos a variação do emprego nos principais setores da economia brasileira,
seguindo a classificação de setores do IBGE7.

TRABALHADORES FORMAIS 2018 2017 2016 2015 2014 2013 2007 2002 2018/2013

Extrativa Mineral 213.697 212.337 221.331 240.488 257.606 261.383 185.444 122.801 -47.686
Indústria de
7.102.607 7.105.206 7.148.013 7.566.900 8.171.022 8.292.739 7.082.167 5.209.774 -1.190.132
transformação
CAPITAL SIUP (energia e água) 431.660 425.427 429.435 447.385 450.098 444.674 364.667 310.366 -13.014
PRODUTIVO Construção Civil 1.844.181 1.838.958 1.985.404 2.422.664 2.815.686 2.892.557 1.617.989 1.106.350 -1.048.376
Agropecuária 1.493.968 1.501.052 1.476.219 1.500.561 1.479.663 1.479.564 1.382.070 1.138.235 14.404
Transporte e
872.707 843.758 853.575 869.165 865.950 850.020 704.678 572.239 22.687
Comunicações
Comércio 9.313.933 9.230.750 9.264.904 9.532.622 9.728.107 9.511.094 6.840.915 4.826.533 -197.161
CAPITAL
Serviços 13.670.342 13.365.888 13.268.322 13.575.325 13.668.387 13.151.851 9.345.426 7.131.473 518.491
IMPRODUTIVO
Instituição Financeira 2.570.279 2.562.999 2.586.955 2.706.822 2.779.158 2.724.142 1.885.678 1.478.840 -153.863
RENDA
Administração Pública 9.189.294 9.195.215 8.826.040 9.198.875 9.355.833 9.340.409 8.198.396 6.787.302 -151.115
ESTATAL
Total 46.702.668 46.281.590 46.060.198 48.060.807 49.571.510 48.948.433 37.607.430 28.683.913 -2.245.765

TRABALHADORES
2018 2017 2016 2015 2014 2013 2007 2002 2018/2013
FORMAIS
CAPITAL PRODUTIVO 11.958.820 11.926.738 12.113.977 13.047.163 14.040.025 14.220.937 11.337.015 8.459.765 -2.262.117
CAPITAL IMPRODUTIVO 25.554.554 25.159.637 25.120.181 25.814.769 26.175.652 25.387.087 18.072.019 13.436.846 167.467
RENDA ESTATAL 9.189.294 9.195.215 8.826.040 9.198.875 9.355.833 9.340.409 8.198.396 6.787.302 -151.115
TOTAL 46.702.668 46.281.590 46.060.198 48.060.807 49.571.510 48.948.433 37.607.430 28.683.913 -2.245.765

TOTAL DE TRABALHADORES 2018 2017 2016 2015 2014 2013 2007 2002
CAPITAL PRODUTIVO 25,61% 25,77% 26,30% 27,15% 28,32% 29,05% 30,15% 29,49%
CAPITAL IMPRODUTIVO 54,72% 54,36% 54,54% 53,71% 52,80% 51,86% 48,05% 46,84%
RENDA ESTATAL 19,68% 19,87% 19,16% 19,14% 18,87% 19,08% 21,80% 23,66%

Os números abaixo indicam a distribuição dos trabalhadores considerando tanto os


trabalhadores formais quanto informais, segundo a PNAD contínua do IBGE8:

Total de trabalhadores (em mil trabalhadores) 2018 2017 2016 2015 2014 2013 2012 2018/2012
Empregado no setor privado com carteira assinada 32.929 33.340 34.293 35.699 36.610 35.353 34.308 -1.379
Empregado no setor privado sem carteira assinada 11.189 10.707 10.147 10.081 10.378 10.835 11.084 105
Trabalhador doméstico 6.257 6.217 6.236 6.110 5.976 5.986 6.136 121
Trabalhador doméstico com carteira assinada 1.781 1.876 - - - - - 1.781
Empregado no setor público 11.533 11.283 11.214 11.418 11.438 11.174 11.173 360
Empregador 4.423 4.243 3.915 4.022 3.787 3.730 3.556 867
Conta própria 23.340 22.683 22.523 22.246 21.305 20.897 20.449 2.891
Trabalhador familiar auxiliar 2.190 2.214 2.122 2.600 2.623 2.789 2.791 -601
Ocupado 91.861 92.563 90.450 92.176 92.117 90.764 89.497 2.364
Desocupadas 12.836 13.234 11.760 8.585 6.743 6.969 7.100 5.736
Contribuem para previdência 58.240 58.114 59.210 59.921 59.464 57.089 55.338 2.902

7. Fonte: RAIS-MTE
8. IBGE, PNAD Contínua
ANUÁRIO ESTATÍSTICO
DO ILAESE 2019 31

EMPREGO

Ranking do desemprego
Abaixo indicamos o ranking do desemprego O número em destaque diz respeito a variação
por empresa, ou seja, as empresas que mais do emprego entre 2016 e 2012 em todos os
reduziram empregos em termos absolutos no anos cujas informações foram fornecidas em
país daquelas que compõem a base do ILAESE. algumas das fontes indicadas9.

Variação no Empregos Variação no


Empresa emprego emprego
(2018/2017) 2018 2017 2016 2015 2014 2013 2012 (2018/2012)
1 PROSEGUR -26.592 14.399 40.991 43.602 46.591 48.307 48.301 47.365 -32.966
2 REDE D’OR SÃO LUIZ -19.874 19.322 39.196 38.478 34.426 21.875 21.635 21.556 -2.234
3 CONTAX-LIQ -9.633 36.131 45.764 57.370 87.624 104.431 108.195 107.244 -71.113
4 GERDAU -4.070 24.542 28.612 30.014 35.145 40.061 41.615 41.869 -17.327
5 ATENTO -3.466 73.822 77.288 75.401 86.176 89.791 88.000 84.070 -10.248
6 GPA -3.008 64.981 67.989 74.381 78.363 82.339 66.191 91.855 -26.874
CAIXA ECONÔMICA
7 -2.702 84.952 87.654 94.978 97.458 100.677 98.198 92.926 -7.974
FEDERAL
8 CORREIOS -2.640 105.349 107.989 115.469 118.220 120.461 125.420 117.900 -12.551
9 BANCO DO BRASIL -2.272 96.889 99.161 100.622 109.191 111.628 112.216 114.182 -17.293
10 TAM -1.925 41.170 43.095 45.916 50.413 53.072 52.000 NI -10.830
11 MARISA -1.672 12.344 14.016 15.090 14.585 16.121 14.238 14.856 -2.512
12 GAFISA -1.616 1.530 3.146 4.141 5.655 10.252 16.892 28.690 -27.160
13 PROFARMA -1.577 6.327 7.904 7.904 5.570 3.766 4.389 2.860 3.467
14 CSN -1.543 12.253 13.796 12.802 14.060 16.935 22.000 21.232 -8.979
15 VIA VAREJO -1.521 44.497 46.018 46.029 48.781 56.912 67.590 73.584 -29.087
16 AMBEV -1.398 29.513 30.911 32.552 33.719 32.817 31.025 31.511 -1.998
AEC CONTACT
17 -1.356 21.000 22.356 26.000 25.893 28.351 22.300 21.700 -700
CENTER
ESTACIO
18 -1.153 11.851 13.004 15.296 15.475 14.192 12.283 11.440 411
PARTICIPACOES
19 TELEFÔNICA -984 32.638 33.622 33.331 33.847 18.288 18.274 5.494 27.144
20 HERINGER -973 1.962 2.935 3.041 3.199 3.501 3.530 3.752 -1.790
21 HERING -695 6.319 7.014 7.195 7.548 7.768 9.342 8.858 -2.539
22 MINERVA -660 13.630 14.289 12.825 12.993 14.210 9.935 9.930 3.700
23 COOPAVEL -659 5.233 5.892 5.426 5.254 4.897 4.686 4.607 626
24 COPEL -634 7.611 8.245 8.531 8.628 8.592 8.647 9.468 -1.857
25 INFRAERO -550 9.428 9.978 12.603 12.211 12.603 13.080 14.121 -4.693
26 CSU CARDSYST -532 5.411 5.943 6.129 6.869 6.934 6.605 6.764 -1.353
27 CAMBUCI -500 1.611 2.111 2.388 1.948 2.097 2.078 2.210 -599
28 VALE -497 46.000 46.497 44.844 45.754 49.871 50.985 52.379 -6.379
29 NEXA -488 3.198 3.686 3.605 3.200 3.129 2.992 2.863 335
30 CAMIL -475 3.506 3.981 3.827 4.490 4.534 4.996 4.144 -638

9. Todos os dados foram retirados dos relatórios fornecidos pelas próprias empresas aos respectivos diários oficiais. Complementarmen-
te utilizamos os relatórios anuais e de sustentabilidade disponibilizados nos sites das respectivas empresas. Apenas no caso do número de
trabalhadores foi utilizado, em alguns casos, os dados fornecidos pelo Anuário Maiores & Melhores da EXAME. NI significa que o dado
em questão não foi informado.
ANUÁRIO ESTATÍSTICO
32 DO ILAESE 2019

Variação no Empregos Variação no


Empresa emprego emprego
(2018/2017) 2018 2017 2016 2015 2014 2013 2012 (2018/2012)
31 ELETRONUCLEAR -468 1.312 1.780 1.963 1.949 2.263 2.542 2.594 -1.282
32 ECORODOVIAS -459 3.742 4.201 4.529 5.612 6.000 NI NI -
33 SPRINGS -414 9.387 9.801 10.094 10.377 11.994 12.799 11.707 -2.320
34 SARAIVA LIVROS -401 2.785 3.186 3.860 4.531 4.870 4.556 4.102 -1.317
35 TPI -397 3.960 4.357 5.627 5.491 4.400 3.400 3.500 460
36 RAIZEN ENERGIA -395 29.119 29.514 29.627 29.895 29.725 32.923 35.426 -6.307

37 VULCABRAS/AZALEIA -384 14.666 15.050 14.605 15.002 17.493 20.985 23.501 -8.835

38 TUPY -374 8.316 8.690 8.598 8.161 9.242 9.637 9.222 -906
39 COTEMINAS -349 10.451 10.800 10.902 11.344 13.547 14.217 12.880 -2.429
40 METRÔ -336 8.817 9.153 9.254 9.436 9.612 9.477 9.378 -561
41 CBA -331 4.833 5.164 5.203 4.811 5.337 5.537 5.518 -685
42 CHESF -322 3.841 4.163 4.614 4.598 4.589 4.427 5.631 -1.790
43 HOSPITAL ALBERT EINSTEIN -300 12.900 13.200 12.929 12.755 11.572 10.631 10.195 2.705
44 QUALICORP -293 2.025 2.318 2.837 2.831 2.655 1.724 1.459 566
45 VALID SOLUÇÕES -292 7.000 7.292 6.884 5.686 5.394 4.901 4.973 2.027
46 BRADESCO -286 85.815 86.101 94.941 80.726 82.011 83.900 85.777 38
47 KARSTEN -255 1.900 2.155 2.271 1.912 2.718 2.891 2.520 -620
48 BARDELLA -252 362 614 916 NI 1.220 1.169 1.237 -875
49 UNIMED RIO -235 3.682 3.917 3.890 3.992 3.925 3.663 2.921 761
50 KEPLER WEBER -228 1.158 1.386 1.380 1.450 2.413 1.975 1.419 -261
51 CYRELA -221 2.435 2.656 4.128 5.809 7.707 10.255 NI -7.820
52 USIMINAS -220 8.283 8.503 8.522 11.197 12.176 12.545 13.814 -5.531
53 MAHLE METAL LEVE -217 7.539 7.756 7.814 8.239 9.456 10.001 11.229 -3.690
54 GUARARAPES CONFECÇÕES -217 12.830 13.047 12.859 13.494 15.964 16.185 17.778 -4.948
55 RUMO -189 9.152 9.341 9.375 10.188 8.854 8.594 8.304 848
56 ELETRONORTE -181 2.929 3.110 3.335 3.345 3.355 3.394 3.757 -828
57 DURATEX -177 11.223 11.400 11.055 12.186 11.742 11.733 10.601 622
58 CARAMURU ALIMENTOS -159 2.350 2.509 2.768 2.916 2.829 NI NI -479
59 FURNAS -151 3.037 3.188 3.834 3.548 3.517 3.547 4.567 -1.530
60 SANEPAR -143 7.022 7.165 7.344 7.473 7.431 7.273 6.962 60
61 TECHNOS -141 802 943 1.092 1.012 1.078 1.373 1.303 -501
62 POSITIVO -127 1.965 2.092 2.468 2.393 3.480 4.108 4.443 -2.478
63 ULTRAGAZ -122 3.511 3.633 3.610 3.603 3.636 3.704 NI -193
64 BOMBRIL -121 2.201 2.322 2.375 2.818 2.942 2.862 2.856 -655
65 AES ELETROPAULO -116 7.239 7.355 7.280 7.165 6.152 6.208 5.872 1.367
66 BANESTES -111 2.311 2.422 2.545 2.478 2.579 2.537 NI -226
67 CEEE-D -108 2.291 2.399 2.513 2.697 2.784 2.784 2.938 -647
68 EVEN CONSTRUTORA -106 1.453 1.559 2.336 NI NI NI NI -106
69 BR DISTRIBUIDORA -106 3.134 3.240 3.714 4.055 4.080 4.450 4.490 -1.356
70 CEDAE -100 5.431 5.531 5.825 6.293 6.480 6.598 6.754 -1.323
71 ENERGISA MS -95 1.334 1.429 1.389 1.320 1.076 1.143 1.093 241
72 TEGMA -93 2.122 2.215 2.097 2.424 2.942 4.935 5.672 -3.550
73 CELULOSE IRANI -93 2.420 2.513 2.472 2.562 2.490 2.359 1.766 654
74 MRN -91 1.371 1.462 1.454 1.394 1.389 1.404 1.329 42
75 CRM -88 319 407 429 468 480 393 429 -110
ANUÁRIO ESTATÍSTICO
DO ILAESE 2019 33

UNIÃO1

Investimentos da
União por função
Se considerarmos os gastos do governo em relação mento – o percentual investido em cada setor é mui-
as despesas totais liquidadas – incluindo os gastos to inferior ao que comumente é noticiado. Vejamos
com a dívida pública, sua amortização e refinancia- abaixo a evolução das despesas da União por função:

Função 2018 2017 2016 2015 2014 2013 2018


Legislativa 0,24% 0,25% 0,24% 0,27% 0,27% 0,32% R$ 6.373.809.191
Judiciária 1,18% 1,19% 1,09% 1,15% 1,15% 1,25% R$ 31.068.724.690
Essencial à Justiça 0,23% 0,24% 0,21% 0,22% 0,21% 0,22% R$ 6.040.086.452
Administração 0,98% 0,92% 0,80% 0,82% 0,86% 1,03% R$ 25.988.285.094
Defesa Nacional 2,69% 2,56% 2,25% 1,48% 1,69% 1,85% R$ 71.058.688.769
Segurança Pública 0,31% 0,33% 0,30% 0,31% 0,32% 0,38% R$ 8.216.445.605
Relações Exteriores 0,11% 0,11% 0,10% 0,13% 0,11% 0,12% R$ 3.002.067.227
Assistência Social 3,33% 3,41% 3,07% 3,12% 3,35% 3,69% R$ 87.977.145.705
Previdência Social 25,83% 26,58% 22,89% 23,15% 24,17% 26,29% R$ 681.663.707.486
Saúde 4,08% 4,12% 3,89% 4,15% 4,17% 4,49% R$ 107.759.496.526
Trabalho 2,69% 2,84% 2,77% 2,93% 3,40% 3,81% R$ 70.861.224.352
Educação 3,45% 3,60% 3,35% 3,53% 3,58% 3,72% R$ 90.927.793.134
Cultura 0,04% 0,04% 0,03% 0,04% 0,04% 0,05% R$ 960.169.632
Direitos da Cidadania 0,04% 0,05% 0,07% 0,03% 0,03% 0,04% R$ 929.735.749
Urbanismo 0,06% 0,07% 0,06% 0,05% 0,07% 0,06% R$ 1.648.091.343
Habitação 0,000% 0,000% 0,000% 0,000% 0,000% 0,001% R$ 5.675.724
Saneamento 0,02% 0,03% 0,02% 0,01% 0,02% 0,04% R$ 558.626.264
Gestão Ambiental 0,13% 0,12% 0,13% 0,13% 0,18% 0,20% R$ 3.470.994.317
Ciência e Tecnologia 0,23% 0,24% 0,23% 0,26% 0,30% 0,49% R$ 6.194.519.006
Agricultura 0,57% 0,59% 0,74% 0,77% 0,48% 0,58% R$ 15.151.600.469
Organização Agrária 0,06% 0,07% 0,09% 0,07% 0,12% 0,16% R$ 1.571.394.663
Indústria 0,07% 0,08% 0,07% 0,08% 0,10% 0,11% R$ 1.917.492.646
Comércio e Serviços 0,10% 0,08% 0,09% 0,05% 0,07% 0,08% R$ 2.645.477.596
Comunicações 0,04% 0,04% 0,05% 0,05% 0,06% 0,06% R$ 1.089.032.376
Energia 0,07% 0,07% 0,06% 0,07% 0,04% 0,04% R$ 1.753.068.766
Transporte 0,43% 0,43% 0,39% 0,43% 0,68% 0,64% R$ 11.352.883.066
Desporto e Lazer 0,01% 0,01% 0,02% 0,03% 0,04% 0,02% R$ 286.861.651
Total 47,01% 48,10% 43,01% 43,34% 45,53% 49,75% R$ 1.240.473.097.499
Encargos Especiais² 35,93% 33,11% 31,13% 30,89% 30,10% 28,59% R$ 948.277.224.852
Refinanciamento 17,06% 18,79% 25,85% 25,77% 24,36% 21,66% R$ 450.198.329.589
Total 52,99% 51,90% 56,99% 56,66% 54,47% 50,25% R$ 1.398.475.554.441

O percentual gasto O percentual investido pela Os gastos com


com a Previdência, pela União em serviços essenciais habitação terminaram
União, é em 2018 inferior como Saúde, Educação, 2018 com irrisórios
ao percentual verificado Habitação possuem clara 0,0002% do
em 2013. tendência de queda desde 2013. orçamento.

1. Todos os dados da seção da União foram retirados das seguintes fontes: séries históricas do Tesouro Nacional, do Ministério do Planeja-
mento e do Banco Central.
ANUÁRIO ESTATÍSTICO
34 DO ILAESE 2019

UNIÃO

Investimentos em pessoal
Ganha cada vez mais eco na sociedade a ideia de que o Estado está “inchado”, com excesso de funcionários públicos.
Vejamos como fica o total de gastos com pessoal da União.

Gasto com pessoas em relação às Receitas


48,10%
50%
42,65%
39,86%
37,16% 35,96% 36,48%
40% 33,83% 33,78% 34,32%
31,07%
31,05% 30,60%
26,08%
30% 23,91% 23,06% 21,86% 21,22%
19,84% 18,32% 18,97% 18,76%
17,63% 16,63% 17,71%
20%

10% 13,69%
9,43% 10,39% 10,95% 11,49% 10,05% 9,11% 10,87%
8,95% 9,60% 9,06% 9,77%
0%
1995

1996

1997

1998

1999

2000

2001

2002

2003

2004

2005

2006

2007

2008

2009

2010

2011

2012

2013

2014

2015

2016

2017

2018
Limite de Porcentual em relação Porcentual em relação Porcentual em relação
Responsabilidade Fiscal à receita corrente líquida às receitas correntes à receita total

A tendência histórica dos gastos com pessoal na União é de notória


Considerando a Receita Total,
queda, qualquer que seja a receita considerada. O crescimento
que inclui a receita financeira,
aparente dos gastos com pessoal nos anos de 2014 e 2017 são
se gastou apenas 10,87% com
em função da queda nas receitas e não um crescimento real nos
pessoal em 2018.
investimentos nos servidores públicos.

O pagamento da Dívida Pública


Indicamos baixo o percentual de despesas liquidadas com relação a dívida pública entre os anos de 2014 e 2018. O valor pago de
modo a garantir a rolagem da dívida está subdividida em juros, amortização e refinanciamento.
Dívida Pública 2014 2015 2016 2017 2018
Juros e Encargos da Divida 170.350.506.798 208.360.341.749 204.890.863.485 203.109.395.198 293.817.548.978
Amortização da Dívida 190.752.271.769 181.951.875.346 271.360.032.140 320.376.374.352 336.160.953.192
Refinanciamento da Divida Pública 616.818.085.584 571.631.738.549 653.898.772.356 462.632.657.650 450.198.329.589
Despesas TOTAIS com o
977.920.864.151 961.943.955.645 1.130.149.667.981 986.118.427.200 1.080.176.831.758
pagamento da dívida pública
Demais despesas 1.062.058.451.969 1.256.204.650.949 1.398.798.074.811 1.476.569.461.320 1.558.771.820.181
% Despesas da dívida pública 47,94% 43,37% 44,69% 40,04% 40,93%
% Demais despesas 52,06% 56,63% 55,31% 59,96% 59,07%
ANUÁRIO ESTATÍSTICO
DO ILAESE 2019 35

Os dados indicados acima podem fa- mo em que a população e os trabalhado-


Os gastos gerais com a zer parecer que o montante de recursos res brasileiros tem duas opções: perder
dívida pública ocuparam mobilizados pelo governo federal para ou perder.
sempre cerca de 41% das o pagamento da dívida pública caiu. No Para que fique claro esse meca-
despesas totais da União entanto, esta visão é parcial. Na verda- nismo indicamos abaixo a relação en-
em 2018. Em 2016 esse de, como a União apresenta desde 2014 tre receitas e despesas primárias da
deficit em sua execução orçamentária, União, isto é, as receitas e despesas
percentual foi de 44,69%
é a política de endividamento que cobre não financeiras. Receitas de impostos,
ou 1,13 bilhões de reais.
o rombo no orçamento. Isto fez a dívi- taxas, etc. e as despesas com serviços
da pública disparar. Este é um mecanis- oferecidos pelo Estado.

Receitas e Despesas Primárias da União (em reais)

Resultado primário Receitas primárias Despesas primárias


1997

1998

1999

2000

2001

2002

2003

2004

2005

2006

2007

2008

2009

2010

2011

2012

2013

2014

2015

2016

2017

2018
Como se vê, desde 2014, a União tem
deficit primário. Isto é, gasta mais do Quando a União tem saldo no orçamento, este é destinado ao
que arrecada, produto do desmonte es- pagamento da dívida pública e ao enriquecimento do capital
trutural do país, da desindustrialização, financeiro. Quando tem deficit, o capital financeiro pressiona
das taxas crescentes de desemprego e reformas como a trabalhista e da previdência para “sanear” as
subemprego e da baixa remuneração da finanças públicas.
classe trabalhadora. Este deficit foi de
124 bilhões de reais em 2018.

Gasto médio por Parlamentar 2


GASTO MÉDIO POR DEPUTADO EM 2018
Um deputado federal
Gasto médio anual Gasto médio mensal custa, em média, aos
UNIÃO R$ 5.498.882,75 R$ 458.240,23 cofres públicos cerca
de 5,5 milhões de reais
GASTO MÉDIO POR SENADOR EM 2016
anuais e um senador
Gasto médio anual Gasto médio mensal cerca de 20 milhões
UNIÃO R$ 19.712.722,46 R$ 1.642.726,87 de reais.

2. Fonte: Siconf. Consideramos apenas o gasto com o pessoal ativo.


ANUÁRIO ESTATÍSTICO
36 DO ILAESE 2019

ESTADOS1

Os menores investimentos
em educação
Para os rankings apresentados nessa seção foram considerados todos os Estados do Brasil, mais o Distrito Federal.

Indicamos os Estados que menos investem em educação. do mesmo critério utilizado no cálculo do piso constitucional
Consideramos, nesse caso, o percentual gasto em Educação bá- de 25%. Os índices destacados em vermelho indicam que o Es-
sica em relação à receita por impostos e transferência, seguin- tado em questão sequer atingiu o referido piso constitucional.

EDUCAÇÃO
Valor total gasto em Gasto em relação ao mínimo constitucional de 25%
ESTADO
2018 2018 2017 2016 2015 2014 2013
1º ESPÍRITO SANTO R$2.185.424.176,44 21,18% 27,96% 27,09% 27,84% 29,76% 28,52%
2º MINAS GERAIS R$11.015.792.068,56 21,99% 25,11% 25,05% 25,00% 24,86% 31,77%
3º RORAIMA R$ 680.059.235,73 24,25% 26,44% 26,10% 26,21% 26,49% 26,63%
4º ACRE R$ 1.120.147.948,99 24,77% 29,11% 25,38% 25,03% 26,90% 26,52%
5º RIO DE JANEIRO R$ 10.444.731.432,00 24,92% 24,41% 25,13% 26,00% 25,60% 25,49%
6º AMAZONAS R$ 2.628.039.381,63 25,03% 25,03% 26,79% 28,46% 28,07% 25,04%
7º PARAÍBA R$ 2.295.856.306,64 25,03% 25,07% 26,15% 26,44% 25,73% 23,86%
8º SÃO PAULO R$ 31.502.970.021,32 25,07% 31,46% 31,40% 31,56% 30,22% 29,52%
9º RONDÔNIA R$ 1.484.821.785,26 25,15% 26,02% 25,33% 25,81% 25,36% 25,71%
10º SERGIPE R$ 1.682.842.000,62 25,25% 25,30% 25,01% 25,06% 25,41% 25,34%
11º DISTRITO FEDERAL R$ 4.275.098.841,58 25,31% 26,85% 27,26% 28,98% 28,01% 27,14%
12º TOCANTINS R$ 1.699.679.277,37 25,44% 25,04% 25,12% 25,13% 23,92% 25,59%
13º BAHIA R$ 7.324.191.702,28 25,65% 26,79% 26,06% 27,70% 27,22% 27,04%
14º MATO GROSSO R$ 3.043.151.207,81 25,82% 28,97% 24,86% 26,08% 25,02% 24,80%
15º GOIÁS R$ 4.443.444.896,43 26,39% 25,11% 25,27% 25,12% 25,51% 25,04%

Em 2018, Espírito Santo, Minas Gerais,


Roraima, Acre, Rio de Janeiro não
cumpriram o piso mínimo constitucional
da Educação Básica de 25% das receitas de
impostos e transferências.

1. Esses dados estão, integral ou parcialmente, presentes em mais de uma fonte. No caso da Educação, usamos as seguintes fontes em or-
dem decrescente de prioridade: SIOPE, SICONF, Diário Oficial e Portal Transparência. Utilizamos a sigla NI para indicar que o dado não
foi informado nas fontes acima referidas.
ANUÁRIO ESTATÍSTICO
DO ILAESE 2019 37

Os menores investimentos com os professores2


Dentre todos Estados do país, esses são os que menos investem com o pagamento dos salários do pessoal do magistério.
O cálculo é realizado considerando os investimentos com os professores em relação à Receita Total do Estado em questão.
MENORES INVESTIMENTOS NOS PROFISSIONAIS DO MAGISTÉRIO
Valor total gasto em Gasto com professores em relação à Receita Total
Estado
2018 2018 2017 2016 2015 2014 2013
1º RIO DE JANEIRO R$ 2.428.099.813,00 3,50% 3,85% 4,81% 3,85% 3,13% 3,44%
2º ESPÍRITO SANTO R$ 642.470.726,39 3,87% 3,93% 4,23% 4,66% 4,73% 5,26%
3º RIO GRANDE DO SUL R$ 2.730.106.513,33 4,10% 4,21% 4,70% 5,71% 0,00% 0,00%
4º MINAS GERAIS R$ 3.878.756.396,61 4,23% 6,56% 5,94% 6,60% 6,91% 5,99%
5º SÃO PAULO R$ 11.381.286.839,97 4,68% 4,44% 4,80% 4,97% 5,26% 5,16%
6º PERNAMBUCO R$ 1.765.853.765,99 5,08% 4,86% 5,58% 5,84% 4,37% 5,16%
7º CEARÁ R$ 1.357.592.182,12 5,16% 4,68% 4,97% 4,98% 4,66% 5,12%
8º AMAZONAS R$ 1.075.479.457,69 5,97% 6,95% 6,27% 7,03% 5,75% 5,49%
9º BAHIA R$ 2.746.407.260,55 5,99% 6,18% 6,74% 4,93% 4,85% 5,21%
10º PARAÍBA R$ 657.197.557,94 6,14% 6,43% 6,06% 8,20% 7,78% 7,59%
11º TOCANTINS R$ 508.012.737,50 6,30% 6,12% 7,40% 7,46% 7,54% 8,46%
12º SERGIPE R$ 572.844.643,76 6,61% 6,40% 6,46% 7,85% 6,40% 6,56%
13º MATO GROSSO DO SUL R$ 1.016.324.173,44 6,81% 7,46% 6,94% 5,70% 6,19% 6,88%
14º RONDÔNIA R$ 544.537.245,40 7,03% 7,20% 7,14% 7,53% 7,09% 7,40%
15º PIAUÍ R$ 749.838.934,33 7,18% 6,53% 7,05% 7,44% 6,03% 8,13%

Os menores investimentos em saúde2


Na saúde, os Estados listados abaixo são os que menos investem no setor, considerando
o montante investido em relação à receita de impostos e transferências, seguindo os critérios
utilizados para o cálculo do piso do setor que corresponde a 12% da referida receita.
SAÚDE
Valor total gasto em Gasto em relação ao mínimo constitucional de 12%
Estado
2018 2018 2017 2016 2015 2014 2013
1º MINAS GERAIS R$ 3.967.909.900,37 7,92% 12,09% 12,38% 12,30% 12,15% 12,22%
2º RIO GRANDE DO NORTE R$ 911.682.735,38 10,56% 12,15% 12,48% 14,81% 13,84% 13,89%
3º GOIÁS R$ 2.037.364.844,93 12,10% 12,12% 12,00% 12,07% 12,43% 11,48%
4º RIO DE JANEIRO R$ 5.095.917.249,53 12,16% 12,22% 10,35% 12,34% 12,06% 12,04%
5º RIO GRANDE DO SUL R$ 4.089.403.800,93 12,16% 12,25% 12,13% 12,20% 12,72% 12,47%
6º ALAGOAS R$ 933.158.875,64 12,16% 12,34% 12,19% 12,95% 12,06% 12,11%
7º PARANÁ R$ 3.795.558.815,94 12,17% 12,07% 12,04% 12,03% 12,29% 11,25%
8º MATO GROSSO R$ 1.438.716.876,12 12,21% 12,49% 14,11% 13,00% 12,63% 12,58%
9º PARAÍBA R$ 1.122.012.178,00 12,23% 13,67% 12,51% 13,00% 13,69% 13,45%
10º PIAUÍ R$ 968.107.251,19 12,26% 14,84% 12,33% 13,52% 13,39% 12,75%
11º SERGIPE R$ 821.247.917,82 12,32% 12,14% 12,14% 12,40% 12,72% 12,93%
12º BAHIA R$ 3.541.134.058,96 12,40% 13,35% 12,49% 12,69% 13,29% 12,28%
13º RONDÔNIA R$ 769.259.232,10 13,03% 14,69% 12,90% 14,53% 13,52% 14,13%
14º SÃO PAULO R$ 16.802.566.421,81 13,37% 13,91% 13,19% 12,49% 12,46% 12,43%
15º SANTA CATARINA R$ 2.845.462.660,99 14,10% 13,00% 12,82% 12,86% 12,37% 12,02%

Em 2018, Minas Gerais e o Rio Grande do


Norte não cumpriram o piso mínimo de
investimento no setor da saúde.

2. Usamos as seguintes fontes em ordem decrescente de prioridade: SIOPE, SICONF, Diário Oficial e Portal Transparência dos respectivos Estados.
ANUÁRIO ESTATÍSTICO
38 DO ILAESE 2019

Os campeões da terceirização3
Listamos abaixo os Estados que mais empregam seus recursos em atividades terceirizadas.
O percentual foi calculado em relação à Receita Total do respectivo Estado.
TERCEIRIZAÇÃO
Valor total gasto em Percentual em relação à Receita Total
Estado
2018 2018 2017 2016 2015 2014 2013
1º MARANHÃO R$ 2.890.070.084,83 16,77% 17,35% 15,82% 16,93% 18,61% 14,94%
2º SERGIPE R$ 1.262.256.740,96 14,56% 4,79% 15,59% 16,34% 15,96% 15,21%
3º BAHIA R$ 6.574.530.930,47 14,33% 14,51% 14,43% 12,44% 14,46% 15,69%
4º DISTRITO FEDERAL R$ 3.445.433.801,09 13,91% 13,25% 10,37% 11,97% 15,84% 16,74%
5º PARAÍBA R$ 1.390.827.254,32 13,00% 10,57% 9,51% 9,43% 9,07% 8,94%
6º PIAUÍ R$ 1.332.497.101,47 12,76% 12,59% 12,03% 11,53% 12,24% 10,30%
7º GOIÁS R$ 3.063.145.969,47 12,52% 14,08% 1,20% 11,00% 11,45% 12,25%
8º RORAIMA R$ 436.371.640,45 11,62% 14,30% 12,99% 12,57% 11,72% 8,06%
9º CEARÁ R$ 2.933.845.453,82 11,16% 11,06% 10,67% 12,16% 12,65% 10,94%
10º SANTA CATARINA R$ 2.656.481.504,49 10,31% 9,85% 9,67% 9,52% 9,77% 9,85%
11º ALAGOAS R$ 1.021.434.713,56 10,13% 9,39% 8,56% 0,10% 10,03% 0,87%
12º AMAZONAS R$ 1.721.448.197,87 9,55% 11,66% 12,22% 12,68% 13,87% 12,75%
13º TOCANTINS R$ 738.652.634,76 9,16% 7,01% 7,11% 8,61% 8,19% 8,51%
14º RIO DE JANEIRO R$ 6.017.369.269,19 8,68% 7,39% 9,56% 11,14% 11,07% 10,07%
15º PERNAMBUCO R$ 2.982.099.811,86 8,57% 8,04% 7,72% 8,54% 9,19% 9,57%

O Estado do MARANHÃO aplicou, em 2018, o mais elevado percentual de sua


receita total em atividades terceirizadas.

Os Estados que menos investem em pessoal3


Para garantir o pagamento da dívida, a Lei de Res- tão volumoso que em grande parte dos Estados Brasilei-
ponsabilidade Fiscal(LRF) estabelece o limite de 60% da ros o espaço para investimentos nos servidores, mesmo
receita para gastos com funcionários públicos dos Esta- considerando essa Lei, são enormes. Indicamos abaixo o
dos. Para os servidores do executivo, esse valor é de 54%. gasto com Pessoal em relação à Receita Corrente Líqui-
Ainda assim, os recursos públicos destinados à atividades da nos servidores do Executivo, cujo limite estabelecido
terceirizadas e ao pagamento dos serviços da dívida são pela LRF é de 54%.
INVESTIMENTO EM PESSOAL
Gasto em relação ao mínimo constitucional de 12%
Estado Valor total gasto em 2018
2018 2017 2016 2015
1º RIO DE JANEIRO R$ 21.774.752.857,00 37,36% 57,27% 61,73% 33,48%
2º AMAPÁ R$ 1.945.139.506,20 40,07% 42,11% 38,97% 43,42%
3º ESPÍRITO SANTO R$ 5.655.321.822,16 41,69% 43,30% 43,33% 43,39%
4º RONDÔNIA R$ 2.326.733.547,37 41,92% 43,32% 41,68% 44,39%
5º CEARÁ R$ 8.110.638.639,74 42,30% 42,45% 40,68% 45,93%
6º SÃO PAULO R$ 69.016.942.651,04 43,36% 43,43% 46,40% 46,28%
7º DISTRITO FEDERAL R$ 9.435.402.642,46 43,46% 46,07% 46,82% 46,78%
8º RORAIMA R$ 1.584.279.614,90 44,11% 48,99% 42,68% 47,31%
9º GOIÁS R$ 9.443.901.416,07 44,34% 39,30% 46,74% 48,44%
10º PARANÁ R$ 16.754.265.733,80 44,56% 45,13% 45,39% 46,23%
11º BAHIA R$ 14.746.225.203,90 46,13% 43,58% 46,32% 47,60%
12º RIO GRANDE DO SUL R$ 17.599.822.086,16 46,59% 46,54% 44,10% 49,18%
13º MARANHÃO R$ 6.225.982.864,65 46,83% 41,38% 38,98% 42,87%
14º PARÁ R$ 8.865.485.652,02 47,16% 45,08% 44,62% 47,33%
15º MATO GROSSO DO SUL R$ 5.068.516.543,60 47,22% 48,99% 43,15% 45,83%

Após recuperar suas receitas em 2018, o Rio de Janeiro tornou-se o Estado


brasileiro que menos investe em pessoal.

3. Usamos as seguintes fontes em ordem decrescente de prioridade: SIOPE, SICONF, Diário Oficial e Portal Transparência dos respectivos Estados.
ANUÁRIO ESTATÍSTICO
DO ILAESE 2019 39

Os estados que mais gastam com deputados4


Analisamos abaixo o gasto médio com deputados estaduais nos principais estados brasileiros. Esses gastos foram calculados
em base ao montante gasto com o pessoal ativo do legislativo dividido pelo total de parlamentares.
PARLAMENTARES
Gasto médio anual por deputado
Estado
2018 2017 2016 2015
1º DISTRITO FEDERAL R$ 13.467.479,89 R$ 12.689.077,84 R$ 12.223.822,93 R$ 12.132.407,20
2º RIO DE JANEIRO R$ 10.606.295,11 R$ 9.755.859,26 R$ 9.813.569,14 R$ 9.484.699,29
3º MINAS GERAIS R$ 9.653.780,00 R$ 9.078.068,20 R$ 8.931.140,28 R$ 7.933.208,95
4º RIO GRANDE DO NORTE R$ 9.315.320,50 R$ 8.628.489,15 R$ 8.677.035,81 R$ 8.264.582,69
5º SÃO PAULO R$ 7.643.781,23 R$ 7.543.904,16 R$ 7.144.532,27 R$ 6.338.978,84
6º MATO GROSSO R$ 8.517.288,71 R$ 7.455.305,19 R$ 9.656.605,17 R$ 7.621.173,16
7º BAHIA R$ 8.023.156,82 R$ 6.810.863,80 R$ 5.873.884,73 R$ 5.722.957,66
8º MATO GROSSO DO SUL R$ 6.779.734,92 R$ 6.595.338,42 NI NI
9º SANTA CATARINA R$ 6.701.674,57 R$ 6.547.004,99 R$ 6.922.020,40 R$ 6.855.687,95
10º AMAZONAS R$ 7.161.069,03 R$ 6.227.693,55 R$ 6.508.158,29 R$ 6.280.273,77
11º CEARÁ R$ 6.674.608,47 R$ 6.129.634,40 R$ 5.331.373,93 R$ 5.021.808,28
12º GOIÁS R$ 6.881.481,61 R$ 6.082.443,10 NI NI
13º PIAUÍ R$ 5.077.728,06 R$ 6.044.910,33 R$ 5.439.077,60 R$ 5.045.724,52
14º PERNAMBUCO R$ 5.997.019,29 R$ 5.983.736,17 R$ 5.655.303,42 R$ 5.773.494,80
15º PARANÁ R$ 6.565.723,14 R$ 5.939.550,16 R$ 5.183.762,02 R$ 4.444.817,59

O Distrito Federal é o campeão nacional dos


gastos com deputados estaduais. Mais de 13
milhões de reais anuais. Na sequência temos
justamente Minas Gerais e o Rio de Janeiro,
Estados que alegam crises inéditas nas
finanças públicas.

4. Usamos as seguintes fontes em ordem decrescente de prioridade: SIOPE, SICONF, Diário Oficial e Portal Transparência dos respectivos Estados.
ANUÁRIO ESTATÍSTICO
40 DO ILAESE 2019

MUNICÍPIOS1
Os menores investimentos em educação
Todos os rankings indicados abaixo levam em conta algumas das principais cidades brasileiras selecionadas pela
equipe do ILAESE. Nossa seleção inclui todos as capitais brasileiras, além de algumas dezenas de cidades seleciona-
das tendo em vista os seguintes critérios: população e relevância econômica. No total, nossa base de dados engloba
cerca de 50 municípios do país.

Mostramos abaixo os menores investimentos em educação. to, que estes 25% constituem uma farsa. Isto é assim porque a recei-
Na primeira série, indicamos o percentual investido em Educação ta por impostos e transferências corresponde a um valor próximo
básica em relação à receita por impostos e transferência. O valor da metade da Receita Total dos respectivos municípios. Por isso,
indicado nessa situação corresponde ao mínimo constitucional de indicamos também, na sequência, o percentual gasto em educação
25% a ser aplicado na Educação Básica. Importante dizer, no entan- em relação a Receita Total do Município em questão.

EDUCAÇÃO
Valor total gasto em Investimento em relação ao mínimo constitucional de 25%
Município
2018 2018 2017 2016 2015 2014 2013
1º ARACAJU R$ 248.616.365,76 20,72% 15,12% 25,48% 25,83% 18,79% 26,86%
2º SANTOS R$ 439.039.814,93 25,05% 25,31% 25,05% 29,88% 25,36% 25,10%
3º BELÉM R$ 430.172.554,21 25,06% 25,99% 27,93% 27,69% 28,01% 27,85%
4º NOVA IGUAÇU R$ 136.972.525,67 25,07% 31,57% 25,91% 26,37% 26,12% 26,46%
5º SÃO PAULO R$ 9.874.080.443,58 25,09% 27,30% 28,24% 27,53% 29,35% 28,14%
6º MACAPÁ R$ 128.432.371,10 25,11% 25,72% 25,21% 26,91% 25,04% 32,05%
7º OSASCO R$ 409.807.289,50 25,18% 25,92% 25,07% 25,09% 26,81% 26,11%
8º CONTAGEM R$ 273.568.589,66 25,20% 27,58% 25,06% 26,85% 27,45% 25,60%
9º SÃO JOSÉ DOS CAMPOS R$ 466.966.500,61 25,20% 25,07% 25,17% 25,67% 26,98% 26,83%
10º PALMAS R$ 173.507.608,70 25,20% 25,91% 26,05% 25,94% 28,08% 28,19%
11º SÃO LUIZ R$ 483.754.242,70 25,21% 26,52% 25,03% 25,10% 25,06% 26,04%
12º CUIABÁ R$ 310.436.829,72 25,24% 25,06% 26,14% 25,39% 27,26% 26,00%
13º MANAUS R$ 827.818.096,10 25,28% 26,20% 27,82% 25,39% 25,60% 25,39%
14º MACEIÓ R$ 330.650.678,25 25,41% 26,35% 25,97% 25,00% 25,31% 25,69%
15º BOA VISTA R$ 191.935.489,14 25,41% 28,04% 22,93% 29,57% 29,71% 26,32%

EDUCAÇÃO
Valor total gasto em Investimento em educação em relação à Receita Total
Município
2018 2018 2017 2016 2015 2014 2013
1º JOÃO PESSOA R$ 260.847.535,72 12,62% 19,35% 19,27% 19,80% 18,43% 18,93%
2º ARACAJU R$ 256.430.680,00 12,91% 10,15% 10,42% 10,22% 10,41% 15,15%
3º MACEIÓ R$ 342.620.590,76 14,55% 16,06% 14,96% 15,25% 15,41% 16,50%
4º MARINGÁ R$ 238.214.150,50 14,57% 16,92% 15,00% 0,00% 17,19% 16,38%
5º BELO HORIZONTE R$ 1.557.195.352,34 14,75% 16,88% 15,33% 16,41% 14,72% 0,00%
6º CURITIBA R$ 1.335.485.254,89 15,20% 16,16% 17,00% 17,54% 16,77% 16,90%
7º BELÉM R$ 466.922.141,00 15,76% 16,32% 15,82% 15,66% 15,75% 16,60%
8º NATAL R$ 367.634.973,20 16,29% 16,88% 17,03% 19,10% 16,93% 16,75%
9º TERESINA R$ 486.947.479,02 16,65% 15,36% 16,73% 17,62% 18,25% 18,06%
10º RECIFE R$ 854.756.499,22 17,17% 17,74% 18,16% 17,57% 17,83% 18,14%
11º SANTOS R$ 497.032.565,08 17,40% 17,10% 18,06% 23,92% 18,05% 18,59%
12º RIO BRANCO R$ 167.126.129,11 17,60% 17,31% 16,77% 16,11% 16,16% 17,20%
13º NOVA IGUAÇU R$ 261.384.325,76 17,73% 25,05% 23,97% 23,55% 24,52% 25,04%
14º ITAJAÍ R$ 262.002.770,11 17,86% 18,62% 17,79% 16,57% 17,91% 17,09%
15º CUIABÁ R$ 421.667.312,62 18,63% 18,31% 17,46% 17,50% 19,16% 19,57%

1. Esses dados estão, integral ou parcialmente, presentes em mais de uma fonte. No caso da Educação, usamos as seguintes fontes em ordem decres-
cente de prioridade: SIOPE, SICONF, Diário Oficial e Portal Transparência.
ANUÁRIO ESTATÍSTICO
DO ILAESE 2019 41

Os menores investimentos com os professores2


Dentre os principais municípios do país, esses são os que menos investem com o pagamento de salários do pessoal do magisté-
rio. O cálculo é realizado considerando os investimentos com os professores em relação à Receita Total do município em questão.
PROFESSORES
Valor total gasto em Investimento em professores em relação à Receita Total
Município
2018 2018 2017 2016 2015 2014 2013
1º SANTOS R$ 121.877.535,38 4,27% 4,51% 4,80% 5,65% 5,01% 5,91%
2º BELO HORIZONTE R$ 475.630.018,38 4,50% 4,67% 6,09% 6,18% 5,77% 5,78%
3º RECIFE R$ 242.002.000,00 4,86% 5,17% 4,39% 4,82% 4,73% 4,82%
4º CAMPINAS R$ 219.290.445,40 4,94% 4,60% 5,37% 4,87% 5,06% 4,87%
5º PORTO ALEGRE R$ 316.797.887,58 4,94% 4,51% 4,44% 3,31% 3,18% 4,69%
6º UBERLÂNDIA R$ 120.257.977,93 5,43% 8,21% 7,94% 8,63% 9,27% 9,68%
7º RIO BRANCO R$ 54.062.015,26 5,69% 6,46% 7,23% 7,31% 6,69% 8,24%
8º CURITIBA R$ 518.115.535,75 5,90% 6,01% 5,80% 6,40% 5,67% 5,59%
9º ARACAJU R$ 122.004.955,38 6,14% 6,36% 5,89% 5,84% 5,25% 5,47%
10º SALVADOR R$ 400.556.220,91 6,21% 7,08% 6,91% 6,40% 6,38% 7,57%
11º RIO DE JANEIRO R$ 1.974.552.954,76 7,14% 7,42% 5,94% 5,94% 6,54% 5,86%
12º SÃO PAULO R$ 3.905.521.542,25 7,19% 7,39% 6,78% 6,87% 7,65% 7,53%
13º BELÉM R$ 218.801.798,87 7,39% 7,58% 7,37% 6,62% 6,01% 6,14%
14º CONTAGEM R$ 126.745.045,19 7,49% 10,83% 9,82% 10,54% 10,62% 12,21%
15º MACEIÓ R$ 176.538.348,84 7,50% 6,84% 7,40% 8,39% 7,54% 8,37%

Das grandes capitais do país, Belo Horizonte e Recife possuem o


menor percentual investido no pagamento dos professores.

Os menores investimentos em saúde3


Na saúde, os municípios listados abaixo são os que menos investem no setor, considerando o montante investido em rela-
ção à receita por impostos e transferências. Na primeira coluna indicamos os gastos absolutos em Saúde no ano de 2018.
SAÚDE
Valor total gasto em Investimento em relação ao mínimo constitucional de 15%
Município
2018 2018 2017 2016 2015 2014 2013
1º MACAPÁ R$ 59.317.991,14 11,60% 15,39% 18,11% 19,25% 18,70% 16,36%
2º RIO BRANCO R$ 98.305.403,31 15,14% 15,08% 15,12% 15,40% 15,57% 15,53%
3º PALMAS R$ 111.904.481,33 16,25% 14,72% 14,85% 15,65% 16,23% 17,15%
4º BOA VISTA R$ 125.239.351,70 16,58% 16,16% 16,47% 19,36% 17,40% 17,09%
5º PORTO ALEGRE R$ 593.991.535,34 17,06% 21,22% 20,39% 20,77% 21,21% 21,35%
6º GOIANIA R$ 497.510.929,74 17,89% 20,53% 20,22% 18,62% 18,82% 22,70%
7º FLORIANÓPOLIS R$ 216.164.951,86 17,96% 17,44% 17,75% 18,68% 18,01% 18,76%
8º VITÓRIA R$ 213.775.367,39 18,50% 18,47% 17,85% 19,25% 18,84% 17,98%
9º SÃO GONÇALO R$ 97.910.794,59 18,90% 18,15% 22,02% 27,91% 24,26% 25,54%
10º SALVADOR R$ 746.465.194,13 18,97% 19,51% 18,93% 18,59% 16,79% 15,87%
11º RECIFE R$ 606.301.809,75 19,25% 18,68% 16,94% 16,92% 15,34% 16,24%
12º SÃO PAULO R$ 7.768.680.808,00 19,74% 21,52% 22,40% 19,46% 18,42% 17,86%
13º MANAUS R$ 647.885.579,00 19,78% 22,66% 23,68% 22,23% 20,49% 21,84%
14º SANTOS R$ 348.491.132,61 19,89% 22,07% 22,93% 20,19% 18,94% 18,64%
15º RIO DE JANEIRO R$ 3.086.726.408,73 21,06% 25,67% 25,45% 20,91% 20,79% 19,43%

No geral, as capitais da região Norte do país apresentam os menores percentuais investidos


na saúde. Porto Alegre apresenta o menor investimento na região Sul, Goiânia no Centro Oeste,
Salvador no Nordeste e Vitória no Sudeste. São Paulo e Rio de Janeiro também figuram no ranking.

2. Usamos as seguintes fontes em ordem decrescente de prioridade: SIOPE, SICONF, Diário Oficial e Portal Transparência dos respectivos municípios.
3. Usamos as seguintes fontes em ordem decrescente de prioridade: SICONF, Diário Oficial e Portal Transparência dos respectivos municípios.
ANUÁRIO ESTATÍSTICO
42 DO ILAESE 2019

Os campeões da terceirização4
Listamos abaixo os municípios que mais empregam seus recursos em atividades terceirizadas.
O percentual foi calculado em relação à Receita Total.
TERCEIRIZAÇÃO
Valor total gasto em Gasto em atividades terceirizadas em relação à Receita Total
Município
2018 2018 2017 2016 2015 2014 2013
1º SALVADOR R$ 2.252.258.168,53 34,93% 34,15% 33,88% 30,50% 29,55% 21,65%
2º CAMPINAS R$ 1.323.450.197,13 29,80% 31,03% 36,25% 28,94% 31,52% 25,83%
3º MACEIÓ R$ 683.368.519,87 29,03% 29,44% 24,07% 30,68% 30,68% 31,17%
4º CURITIBA R$ 2.549.573.611,51 29,01% 28,60% 26,34% 27,93% 31,50% 34,01%
5º CAMPO GRANDE R$ 851.977.164,98 25,35% 25,05% 22,85% 26,15% 27,38% 27,40%
6º BELÉM R$ 734.606.998,38 24,80% 24,56% 24,17% 28,87% 33,70% 26,54%
7º NOVA IGUAÇU R$ 363.684.283,66 24,67% 23,99% 32,03% 27,42% 25,69% 24,71%
8º SÃO JOSÉ DOS CAMPOS R$ 614.062.763,55 24,04% 19,71% 18,32% 21,47% 29,88% 29,17%
9º BELO HORIZONTE R$ 2.500.346.620,27 23,68% 21,43% 20,84% 22,47% 22,39% 22,06%
10º GOIANIA R$ 1.068.874.892,64 23,38% 23,14% 27,19% 26,80% 22,34% 23,37%
11º CUIABÁ R$ 521.700.748,92 23,05% 22,74% 21,94% 22,20% 23,41% 23,38%
12º RIO BRANCO R$ 215.703.704,50 22,71% 23,08% 24,71% 22,08% 22,44% 22,08%
13º UBERLÂNDIA R$ 494.457.801,95 22,31% 25,31% 24,68% 27,52% 7,80% 27,79%
14º TERESINA R$ 651.468.938,37 22,28% 22,43% 20,39% 23,91% 24,20% 24,22%
15º RECIFE R$ 1.076.760.273,84 21,64% 21,20% 21,46% 22,19% 23,78% 25,85%

Salvador é o município campeão nacional da terceirização entre


as capitais consideradas: 34,93% da Receita Total.

Os municípios que menos investem em pessoal4


Indicamos abaixo o investimento em pessoal em relação à Receita Corrente Líquida nos servidores do executivo, cujo limite
estabelecido pela Lei de Responsabilidade Fiscal é de 54%.
INVESTIMENTO EM PESSOAL
Município Valor total gasto em 2018 2018 2017 2016 2015
1º SÃO PAULO R$ 18.025.981.576,42 36,92% 35,80% 37,30% 33,30%
2º SALVADOR R$ 2.208.994.537,77 38,94% 41,19% 42,04% 43,90%
3º BELO HORIZONTE R$ 3.722.924.794,05 41,11% 43,80% 39,64% 42,78%
4º SÃO JOSÉ DOS CAMPOS R$ 952.424.028,47 41,77% 43,49% 44,94% 44,80%
5º CURITIBA R$ 2.686.490.257,61 42,24% 46,51% 45,81% 44,41%
6º OSASCO R$ 899.964.350,05 42,71% 45,67% 46,74% 46,51%
7º VITÓRIA R$ 653.856.095,88 42,99% 45,15% 42,68% 46,67%
8º GOIANIA R$ 1.804.390.376,83 43,81% 46,07% NI NI
9º RIO BRANCO R$ 360.098.807,10 43,92% 44,14% 44,40% 0,00%
10º UBERLÂNDIA R$ 845.406.096,30 44,10% 48,04% 53,05% 55,20%
11º MANAUS R$ 1.959.510.810,70 44,12% 45,40% 59,99% 42,97%
12º SANTOS R$ 1.038.222.435,28 44,95% 45,94% 46,24% 47,01%
13º MACEIÓ R$ 921.461.218,84 45,29% 47,97% 49,40% 50,89%
14º FORTALEZA R$ 2.750.674.917,02 45,30% 47,05% 46,86% 44,79%
15º RECIFE R$ 1.976.981.756,61 46,38% 47,78% 49,98% 49,74%

São Paulo é o município que menos investe nos servidores: 36,92%


da Receita Corrente Líquida, seguido por Salvador e Belo Horizonte.

4. Usamos as seguintes fontes em ordem decrescente de prioridade: SICONF, Diário Oficial e Portal Transparência dos respectivos municípios.
ANUÁRIO ESTATÍSTICO
DO ILAESE 2019 43

Os municípios que mais


gastam com vereadores5
Analisamos abaixo o gasto médio com vereadores nos maiores municípios brasileiros. Esses gastos consideram o montan-
te anual gasto com o pessoal ativo do legislativo dividido pelo total de parlamentares.

PARLAMENTARES
Gasto médio anual por vereador
Município
2018 2017 2016 2015
1º RIO DE JANEIRO R$ 8.388.636,88 R$ 8.826.988,46 R$ 7.218.070,32 R$ 8.575.713,99
2º SÃO PAULO R$ 7.459.052,54 R$ 7.299.800,32 R$ 7.299.800,32 R$ 6.687.969,79
3º BELO HORIZONTE R$ 3.400.402,15 R$ 3.086.074,23 R$ 2.926.007,20 R$ 2.827.777,89
4º SALVADOR R$ 3.076.233,10 R$ 2.872.524,13 R$ 2.953.211,77 R$ 2.763.582,57
5º RECIFE R$ 3.008.232,11 R$ 2.896.647,30 R$ 2.790.825,31 R$ 2.689.457,07
6º BOA VISTA R$ 2.983.985,97 NI NI NI
7º PORTO ALEGRE R$ 2.830.499,95 R$ 2.750.894,15 R$ 2.691.505,33 R$ 2.539.076,88
8º GOIANIA R$ 2.635.681,83 R$ 2.458.519,27 R$ 2.451.294,49 R$ 2.215.981,45
9º SÃO LUIZ R$ 2.536.237,19 R$ 2.417.112,07 R$ 2.236.600,38 R$ 2.059.232,06
10º MANAUS R$ 2.484.202,83 R$ 2.351.725,55 R$ 2.409.124,66 R$ 2.335.127,62
11º SANTOS R$ 2.437.792,73 R$ 2.623.750,50 R$ 1.969.519,61 R$ 1.892.680,01
12º CURITIBA R$ 2.403.803,29 R$ 2.423.839,74 R$ 2.692.390,00 R$ 2.485.847,54
13º CAPIMPINAS R$ 2.375.547,22 R$ 2.318.843,10 R$ 2.424.008,32 R$ 2.288.191,13
14º FORTALEZA R$ 2.337.100,61 R$ 2.350.561,69 R$ 2.368.494,08 R$ 2.150.676,16
15º MACEIÓ R$ 1.993.394,25 R$ 1.928.621,31 R$ 1.780.499,79 R$ 1.770.943,07

São Paulo e o Rio de Janeiro gastam mais de


7 milhões de reais anuais por vereador, o que
equivale a mais de 600 mil reais mensais.

Na região nordeste, Salvador, Recife, São Luiz


e Fortaleza gastam mais de 2 milhões de reais
anuais com cada vereador.

5. Usamos as seguintes fontes em ordem decrescente de prioridade: SICONF, Diário Oficial e Portal Transparência dos respectivos municípios.
ANUÁRIO ESTATÍSTICO
44 DO ILAESE 2019

NOTAS METODOLÓGICAS - RANKINGS SETORIAIS

Indicamos abaixo as notas metodológicas válidas para renda (mais-valia). Assim, os impostos produzem uma ele-
os rankings setoriais vação dos custos por meio do incremento no preço do pro-
duto e não uma redistribuição da mais-valia, como é o caso
• Todos os dados contidos nessa seção foram extraídos do juros.
ou calculados a partir dos relatórios anuais disponibilizados
pelas respectivas empresas em seus sites ou ao nos respec- • Em todos os casos, considerou-se para a totalização
tivos diários oficiais. dos cálculos todas empresas da base de dados do ILAESE
cujos dados disponibilizados pela empresa são suficientes
• A taxa de lucro foi calculada considerando o lucro lí- para efetuar o cálculo, caso contrário a empresa em ques-
quido e a remuneração de terceiros (em sua maior parte ju- tão é desconsiderada na totalização. Por exemplo, uma em-
ros destinados aos bancos) em relação à receita bruta sub- presa que não disponibilizou o total de trabalhadores será
traída do respectivo lucro. levada em conta no cálculo da taxa de lucro e exploração,
já que este cálculo não necessita da informação do total de
• O cálculo da exploração (taxa de mais-valia) foi rea- trabalhadores, mas será desconsiderada no caso do cálculo
lizado considerando o conjunto da remuneração paga aos de produtividade ou rendimento médio, em que tal infor-
trabalhadores em relação ao lucro bruto. mação é necessária.

• No cálculo da taxa de lucro consideramos os impostos • No caso das tabelas de valor adicionado, aceitou-
como capital constante e não como redistribuição da mais- -se os mesmos critérios utilizados no balanço social das
-valia. Este critério foi adotado porque, no Brasil, a maior respectivas empresas, sem qualquer alteração metodo-
parte dos impostos incide sobre o produto e não sobre a lógica por parte do ILAESE.
ANUÁRIO ESTATÍSTICO
DO ILAESE 2019 45

DADOS SETORIAIS

Dados gerais
Abaixo, apresentamos os dados consolidados de todas as te de 3,176 trilhões de reais e o valor adicionado expres-
empresas presentes na base de dados do ILAESE. Não se sa 1,033 trilhão de reais, extraída das maiores empresas de
trata, portanto, de um dado global extraído de todas em- cada setor. A principal distorção é a ausência de algumas
presas brasileiras. Nossa base, contudo, expressa uma fatia gigantes multinacionais, principalmente do setor automo-
significativa da economia do país. A soma da receita bruta bilístico, que não disponibilizam relatórios com dados es-
de todas empresas de nossa base representa um montan- pecíficos de suas matrizes nacionais.

2018 2017 2016 2015 2014 2013 2012


Média anual de gastos por trabalhador R$ 106.936 R$ 104.302 R$ 98.180 R$ 89.875 R$ 80.793 R$ 73.912 R$ 66.811
Riqueza anual produzida por
R$ 362.849 R$ 348.526 R$ 349.318 R$ 268.400 R$ 260.127 R$ 237.595 R$ 229.026
trabalhador
Taxa de Mais-Valia 244,57% 229,07% 249,76% 200,09% 221,53% 222,26% 235,29%
Taxa média de Lucro 23,16% 16,93% 15,47% 15,27% 14,01% 16,66% 16,16%
Trabalho não pago em uma jornada de
5:40 5:34 5:42 5:20 5:30 5:31 5:36
8 horas
DIVISÃO DA RECEITA BRUTA
Capital Circulante (Insumos) 59,80% 61,41% 61,69% 69,41% 67,67% 63,47% 63,91%
Capital fixo (Depreciação) 4,52% 4,74% 4,72% 4,04% 3,96% 4,02% 3,92%
Impostos 14,60% 14,16% 14,39% 10,23% 11,28% 13,24% 13,71%
Capital Variável (Salários e benefícios) 9,07% 9,51% 9,41% 8,64% 9,13% 9,51% 9,33%
Juros 9,60% 8,95% 8,85% 12,43% 8,08% 7,86% 6,87%
Lucro Líquido 9,21% 5,53% 4,55% 0,82% 4,21% 6,42% 7,04%
TOTAL 106,80% 104,29% 103,61% 105,57% 104,33% 104,53% 104,78%
RECEITAS FINANCEIRAS 6,80% 4,29% 3,61% 5,57% 4,33% 4,53% 4,78%

Capital constante Capital variável Mais-valia

Considerando a inflação, houve uma redução


Em 2018, tivemos a maior taxa de exploração
na remuneração média anual do conjunto dos
desde, pelo menos, 2012. Nesse ano a taxa de
trabalhadores. Esta passou de 104 mil reais
exploração foi de 244,57%, isto é, um trabalho
anuais para 106 mil: um crescimento de 2,5%
não pago de 5 horas e 40 minutos em um
sobre o INPC de 3,43%. Já a produtividade
jornada de 8 horas.
cresceu 4,1%.

Vemos ainda a recuperação do lucro líquido. No


Em 2018 verificamos, ao contrário do salário
ápice da crise, em 2015, quase toda mais-valia
dos trabalhadores, a recuperação da taxa de
foi distribuída na forma de juros aos bancos, em
lucro que saiu de uma média de 15% sobre o
2018 esse montante aparece dividido em fatias
valor investido para 23,16%.
quase iguais entre lucro líquido e juros.

LEI GERAL DA ACUMULAÇÃO CAPITALISTA


“...a acumulação de riqueza num polo é, ao mesmo tempo, a acumulação de miséria, o suplício do trabalho, a
escravidão, a ignorância, a brutalização e a degradação moral no polo oposto, isto é, do lado da classe que produz
seu próprio produto como o capital”

MARX, Karl. O capital. Livro I. São Paulo: Boitempo. 2013. p. 721.


ANUÁRIO ESTATÍSTICO
46 DO ILAESE 2019

DADOS SETORIAIS
As 250 empresas mais empresas mais exploradoras do Brasil

Distribuição geral do
valor adicionado
Apresentamos abaixo a distribuição dos valores adicionados no conjunto do capital brasileiro. A distribuição leva em con-
ta os trabalhadores (Pessoal e Encargos), o Estado (Impostos, taxas e contribuições), predominantemente bancos (Remune-
ração de capitais de terceiros) e as empresas de origem (Remuneração de capitais próprios).

ANÁLISE DO VALOR ADICIONADO - DISTRIBUIÇÃO DA MAIS-VALIA


2018 2017 2016 2015 2014 2013 2012
Pessoal e Encargos 21,35% 24,93% 25,29% 26,89% 27,93% 25,69% 25,25%
Impostos, taxas e contribuições 34,38% 37,11% 38,69% 31,85% 34,49% 35,75% 37,10%
Remuneração de capitais de terceiros 22,60% 23,46% 23,80% 38,70% 24,70% 21,22% 18,60%
Remuneração de capitais próprios 21,67% 14,50% 12,22% 2,56% 12,87% 17,34% 19,06%
TOTAL 100,00% 100,00% 100,00% 100,00% 100,00% 100,00% 100,00%

O percentual destinado No ápice da crise quem mais


A fatia destinada
aos trabalhadores reduziu ganhou foi o capital bancário:
ao Estado é a mais
drasticamente em 2018, 38,70% do valor adicionado
elevada, mas caiu
representando 21,35% da média em 2015. Em 2018 vemos a
por dois anos
do valor adicionado em cada recuperação do lucro líquido
consecutivos.
empresa. das empresas.

Distribuição do valor adicionado em 2018

21,67% 21,35%

22,59% 34,37%

Em 2018, os trabalhadores ficaram apenas com


Lucro
Estado Bancos Trabalhadores 21,35% da riqueza que produziram.
Líquido
ANUÁRIO ESTATÍSTICO
DO ILAESE 2019 47

Taxa de lucro
Abaixo indicamos as taxas de lucro em cada subsetor da economia. A taxa de lucro indica o percentual de retorno dos
capitalistas sobre o montante investido. Este lucro, como indicado anteriormente, é dividido entre juros e lucro líquido.
Os capitalistas individuais estão interessados nos setores que possuem a maior taxa de lucro e permitem, assim, um maior
retorno sobre o que foi investido.

TAXA DE LUCRO
SETOR SUBSETOR 2018 2017 2016 2015 2014 2013 2012
TÊXTIL 30,87% 26,79% 18,87% 20,07% 18,09% 16,15% 15,18%
INDÚSTRIA DIGITAL 12,25% 13,56% 18,42% 18,68% 16,36% 8,38% 12,31%
Capital produtor CONSTRUÇÃO 17,55% 3,20% 9,72% 22,44% 22,40% 27,90% 22,33%
de Bens de
Consumo Final FARMACÊUTICO 34,46% 34,51% 29,60% 28,55% 28,93% 30,07% 26,11%
CONSUMO GERAIS 28,94% 25,23% 34,01% 57,30% 36,15% 35,55% 29,27%
AUTOINDÚSTRIA 7,76% 13,37% 12,25% 11,62% 13,89% 12,77% 10,13%
TRANSPORTE 22,24% 23,47% 28,61% 24,21% 15,50% 22,29% 17,73%
TELECOMUNICAÇÕES 27,06% 16,79% 14,64% 18,69% 19,18% 22,22% 28,93%
SIDERURGIA E METALURGIA 18,00% 8,76% 4,67% 9,49% 15,17% 13,84% 8,28%
Capital produtor QUÍMICA E PETROQUÍMICA 12,64% 15,19% 4,48% 15,76% 5,55% -5,27% 14,41%
de Meios de PAPEL E CELULOSE 74,07% 47,27% 42,62% 113,57% 42,12% 32,95% 29,78%
Produção INFRAESTRUTURA 29,40% 28,95% 31,90% 26,54% 22,83% 22,73% 29,61%
ENERGIA 14,89% 13,14% 19,55% 11,67% 13,52% 12,75% 8,15%
ELETROELETRÔNICO 11,45% 13,82% 15,81% 20,71% 19,10% 21,16% 14,16%
BENS DE CAPITAL 12,09% 23,45% 20,29% 30,94% 20,80% 20,31% 18,68%
Capital produtor EXTRATIVO MINERAL 46,18% 32,73% 25,15% 14,53% 12,08% 25,13% 24,16%
de Renda da Terra AGROPECUÁRIO 28,51% 16,02% 20,37% 32,85% 19,16% 12,65% 16,77%
SERVIÇOS GERAIS 24,85% 32,19% 26,01% 21,32% 23,84% 18,87% 21,10%
Capital de serviços
SAÚDE 23,25% 21,71% 20,26% 18,65% 14,00% 18,62% 17,13%
ATACADO 2,98% 3,37% 3,29% 2,39% 2,58% 2,60% 2,57%
Capital Comercial
VAREJO 10,58% 10,27% 10,15% 10,75% 11,58% 11,07% 10,70%
Capital portador
BANCÁRIO 16,47% 13,44% 10,22% 11,46% 12,92% 15,14% 15,46%
de juros

Os subsetores com taxa de lucro mais elevada são os de Papel e Celulose seguido pelo
Extrativo mineral, ambos associados a extração de produtos primários ou semiprimários.

Abaixo indicamos a taxa de lucro por setores da economia:


TAXA DE LUCRO
SETOR 2018 2017 2016 2015 2014 2013 2012
CAPITAL PRODUTOR DE BENS DE
25,50% 16,43% 17,15% 17,33% 15,92% 14,88% 14,10%
CONSUMO FINAL
CAPITAL PRODUTOR DE MEIOS DE
22,24% 23,47% 28,61% 24,21% 15,50% 22,29% 17,73%
PRODUÇÃO
CAPITAL PRODUTOR DE RENDA
42,71% 29,46% 24,25% 17,08% 12,95% 23,32% 23,20%
DA TERRA
CAPITAL DE SERVIÇOS 23,86% 26,99% 23,65% 20,13% 20,08% 18,69% 19,81%
CAPITAL COMERCIAL 5,31% 5,55% 5,43% 4,87% 5,31% 5,44% 5,30%
CAPITAL PORTADOR DE JUROS 16,47% 13,44% 10,22% 11,46% 12,92% 15,14% 15,46%

Nesse caso, fica evidente que o setor extrativo (agropecuária, petróleo e mineração) são
os que possuem as mais elevadas taxas de lucro do país.
ANUÁRIO ESTATÍSTICO
48 DO ILAESE 2019

Média anual de remuneração


por trabalhador
Apresentamos a seguir as médias de remuneração dos principais subsetores da economia brasileira.

MÉDIA ANUAL DE REMUNERAÇÃO POR TRABALHADOR


SETOR SUBSETOR 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018
TÊXTIL R$ 22.152 R$ 22.888 R$ 25.790 R$ 28.858 R$ 30.566 R$ 31.268 R$ 32.541
INDÚSTRIA DIGITAL R$ 63.828 R$ 67.226 R$ 71.061 R$ 77.486 R$ 80.642 R$ 83.915 R$ 80.392
Capital
produtor CONSTRUÇÃO R$ 33.641 R$ 41.452 R$ 42.630 R$ 59.157 R$ 48.478 R$ 51.918 R$ 48.838
de Bens de FARMACÊUTICO R$ 56.712 R$ 55.773 R$ 71.417 R$ 80.670 R$ 92.220 R$ 58.179 R$ 55.709
Consumo Final
CONSUMO GERAIS R$ 26.015 R$ 30.236 R$ 39.169 R$ 41.353 R$ 44.580 R$ 46.252 R$ 53.526
AUTOINDÚSTRIA R$ 36.926 R$ 44.315 R$ 59.416 R$ 71.957 R$ 104.124 R$ 105.027 R$ 91.728
TRANSPORTE R$ 54.957 R$ 61.284 R$ 67.328 R$ 68.766 R$ 77.459 R$ 83.787 R$ 94.092
TELECOMUNICAÇÕES R$ 64.838 R$ 65.570 R$ 84.945 R$ 80.801 R$ 90.380 R$ 86.030 R$ 91.813
SIDERURGIA E
R$ 83.169 R$ 90.126 R$ 96.337 R$ 113.377 R$ 112.678 R$ 106.789 R$ 122.816
METALURGIA
Capital QUÍMICA E
produtor de R$ 136.947 R$ 118.534 R$ 122.984 R$ 139.775 R$ 153.206 R$ 168.976 R$ 148.156
PETROQUÍMICA
Meios de
PAPEL E CELULOSE R$ 76.237 R$ 69.928 R$ 77.084 R$ 81.350 R$ 88.097 R$ 90.913 R$ 101.504
Produção
INFRAESTRUTURA R$ 89.185 R$ 96.806 R$ 101.201 R$ 113.241 R$ 123.641 R$ 137.498 R$ 138.284
ENERGIA R$ 103.902 R$ 124.412 R$ 121.950 R$ 125.790 R$ 131.747 R$ 139.741 R$ 138.252
ELETROELETRÔNICO R$ 85.565 R$ 90.833 R$ 95.369 R$ 101.592 R$ 109.661 R$ 99.603 NI
BENS DE CAPITAL R$ 52.687 R$ 56.654 R$ 61.294 R$ 66.588 R$ 61.847 R$ 66.893 R$ 72.216
Capital EXTRATIVO MINERAL R$ 191.453 R$ 216.017 R$ 253.332 R$ 246.739 R$ 296.382 R$ 265.829 R$ 317.272
produtor de
Renda da Terra AGROPECUÁRIO R$ 31.217 R$ 39.835 R$ 42.842 R$ 45.656 R$ 47.623 R$ 51.902 R$ 45.164

Capital de SERVIÇOS GERAIS R$ 36.111 R$ 41.018 R$ 44.707 R$ 52.595 R$ 57.432 R$ 66.809 R$ 61.974
serviços SAÚDE R$ 45.578 R$ 51.693 R$ 57.236 R$ 56.999 R$ 50.300 R$ 46.033 R$ 61.887
Capital ATACADO R$ 159.524 R$ 153.719 R$ 172.967 R$ 161.391 R$ 164.174 R$ 109.387 R$ 164.626
Comercial VAREJO R$ 27.088 R$ 34.095 R$ 35.555 R$ 38.847 R$ 41.692 R$ 45.833 R$ 47.744
Capital
portador de BANCÁRIO R$ 126.544 R$ 139.363 R$ 151.041 R$ 170.953 R$ 189.614 R$ 207.275 R$ 205.851
juros

Considerando os setores produtivos (Bens de Consumo e


Meios de Produção) vemos que a remuneração média mais
rebaixada é a do setor têxtil, único com maioria feminina em
todo capital produtivo.

As remunerações médias mais elevadas são nos subsetores com


maior presença de estatais, ainda que de capital misto: energia e
infraestrutura. Esses dois setores, contudo, tiveram perdas reais
de remuneração no ano de 2018.
ANUÁRIO ESTATÍSTICO
DO ILAESE 2019 49

Riqueza anual produzida


por trabalhador
Apresentamos a riqueza média anual produzida por cada trabalhador individual em cada um dos subsetores indicados.

RIQUEZA ANUAL PRODUZIDA POR TRABALHADOR


SETOR SUBSETOR 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018
TÊXTIL R$ 56.995 R$ 60.289 R$ 68.005 R$ 73.252 R$ 76.512 R$ 78.985 R$ 81.446
INDÚSTRIA DIGITAL R$ 133.864 R$ 143.168 R$ 160.605 R$ 163.970 R$ 179.515 R$ 185.755 R$ 178.137
Capital
produtor CONSTRUÇÃO R$ 60.628 R$ 78.256 R$ 81.926 R$ 134.138 R$ 134.231 R$ 188.542 R$ 174.403
de Bens de FARMACÊUTICO R$ 298.409 R$ 288.036 R$ 313.488 R$ 355.843 R$ 373.033 R$ 406.510 R$ 393.790
Consumo Final
CONSUMO GERAIS R$ 179.282 R$ 163.724 R$ 213.515 R$ 212.524 R$ 216.113 R$ 316.574 R$ 201.768
AUTOINDÚSTRIA R$ 165.997 R$ 194.224 R$ 186.247 R$ 171.025 R$ 246.784 R$ 244.918 R$ 205.543
TRANSPORTE R$ 101.404 R$ 122.404 R$ 138.408 R$ 129.148 R$ 148.271 R$ 174.722 R$ 195.493
TELECOMUNICAÇÕES R$ 610.464 R$ 539.666 R$ 687.498 R$ 508.559 R$ 619.554 R$ 615.864 R$ 591.398
SIDERURGIA E
R$ 179.833 R$ 226.150 R$ 245.835 R$ 253.984 R$ 235.436 R$ 241.990 R$ 325.213
METALURGIA
Capital QUÍMICA E
produtor de R$ 574.854 R$ 433.492 R$ 443.034 R$ 646.696 R$ 743.408 R$ 703.405 R$ 635.754
PETROQUÍMICA
Meios de
PAPEL E CELULOSE R$ 243.229 R$ 229.676 R$ 247.593 R$ 360.988 R$ 300.034 R$ 337.257 R$ 479.844
Produção
INFRAESTRUTURA R$ 278.979 R$ 292.341 R$ 290.848 R$ 297.341 R$ 347.298 R$ 412.196 R$ 416.714
ENERGIA R$ 383.941 R$ 413.680 R$ 469.693 R$ 474.602 R$ 725.739 R$ 536.053 R$ 555.070
ELETROELETRÔNICO R$ 189.542 R$ 201.321 R$ 214.244 R$ 212.547 R$ 215.003 R$ 228.250 NI
BENS DE CAPITAL R$ 125.076 R$ 135.177 R$ 147.301 R$ 149.209 R$ 132.319 R$ 132.756 R$ 159.864
Capital EXTRATIVO MINERAL R$ 891.217 R$ 971.659 R$ 1.010.569 R$ 1.055.226 R$ 1.083.902 R$ 1.252.387 R$ 1.729.934
produtor de
Renda da Terra AGROPECUÁRIO R$ 134.538 R$ 138.429 R$ 143.279 R$ 188.584 R$ 161.048 R$ 171.821 R$ 182.996

Capital de SERVIÇOS GERAIS R$ 64.175 R$ 70.022 R$ 85.012 R$ 99.653 R$ 108.040 R$ 120.809 R$ 114.739
serviços SAÚDE R$ 117.386 R$ 135.491 R$ 150.251 R$ 134.860 R$ 116.835 R$ 137.073 R$ 150.773
Capital ATACADO R$ 1.084.554 R$ 924.834 R$ 1.041.498 R$ 1.013.221 R$ 841.053 R$ 592.491 R$ 765.595
Comercial VAREJO R$ 104.148 R$ 135.547 R$ 142.203 R$ 148.906 R$ 167.032 R$ 186.521 R$ 189.481
Capital
portador de BANCÁRIO R$ 431.734 R$ 409.313 R$ 444.370 R$ 374.065 R$ 748.240 R$ 639.047 R$ 599.501
juros

O setor extrativo mineral, sobretudo Petrobrás e VALE S.A, é


de longe os mais produtivo. Cerca de 1 milhão 729 mil reais
anuais produzidos por trabalhador.

Alguns dos setores com os salários mais elevados – extrativo


mineral, bancário e energia – são também os de mais elevada
produtividade. Fica nítido que o principal regulador dos salários
são as regras impessoais do mercado: taxa de juros eleva o valor
distribuído ao capital bancário, preço do minério de ferro e petróleo
varia conforme as necessidades do mercado. A luta sindical
encontra limites nos mecanismos irracionais da própria sociedade.
ANUÁRIO ESTATÍSTICO
50 DO ILAESE 2019

Percentual de impostos sobre


a receita bruta
Apresentamos abaixo o percentual gasto com impostos, taxas e contribuições estatais em relação à receita bruta das respectivas
empresas. Este número expressa a fatia da riqueza produzida transferida ao Estado, seja na esfera municipal, estadual ou federal.
PERCENTUAL DE IMPOSTOS SOBRE A RECEITA BRUTA
SETOR SUBSETOR 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018
TÊXTIL 13,16% 11,92% 11,10% 12,12% 11,96% 10,11% 11,07%
INDÚSTRIA DIGITAL 12,72% 13,28% 13,45% 13,04% 14,32% 13,80% 14,89%
Capital produtor de Bens de CONSTRUÇÃO 10,23% 9,42% 8,81% 8,15% 11,95% 12,07% 9,40%
Consumo Final FARMACÊUTICO 10,78% 7,85% 7,54% 3,90% 10,36% 6,81% 7,84%
CONSUMO GERAIS 21,85% 18,26% 15,96% 16,19% 14,96% 17,85% 17,99%
AUTOINDÚSTRIA 8,23% 9,56% 8,59% 7,69% 5,45% 7,36% 7,81%
TRANSPORTE 12,58% 10,69% 10,37% 11,74% 11,00% 9,65% 10,03%
TELECOMUNICAÇÕES 29,56% 28,62% 29,07% 29,23% 31,16% 31,24% 26,96%
SIDERURGIA E METALURGIA 7,14% 7,61% 6,15% 6,27% 6,03% 6,10% 4,87%
QUÍMICA E PETROQUÍMICA -1,77% 3,25% 1,35% 6,47% 4,89% 7,48% 9,68%
Capital produtor de
PAPEL E CELULOSE 4,42% 6,58% 3,95% 2,07% 14,66% 9,66% 6,84%
Meios de Produção
INFRAESTRUTURA 14,91% 15,88% 14,53% 12,83% 14,73% 14,45% 15,19%
ENERGIA 29,09% 24,11% 22,92% 34,20% 33,10% 29,49% 29,54%
ELETROELETRÔNICO 9,01% 10,39% 12,98% 12,71% 13,99% 12,31% 12,15%
BENS DE CAPITAL 10,87% 10,25% 8,65% 7,74% 9,23% 9,01% 3,22%
Capital produtor de EXTRATIVO MINERAL 19,46% 20,94% 16,17% 15,57% 21,84% 24,23% 25,14%
Renda da Terra AGROPECUÁRIO 4,55% 3,50% 2,68% 1,98% 1,68% 2,09% 1,39%
SERVIÇOS GERAIS 16,98% 16,24% 16,27% 15,46% 15,05% 15,88% 14,31%
Capital de serviços
SAÚDE 6,03% 5,82% 5,48% 5,88% 5,45% 6,80% 7,14%
ATACADO 10,71% 9,86% 9,16% 8,21% 8,48% 9,63% 9,82%
Capital Comercial
VAREJO 7,82% 7,96% 7,22% 6,75% 7,36% 7,49% 8,28%
Capital portador de juros BANCÁRIO 6,35% 5,98% 4,75% -1,29% 8,26% 6,10% 6,31%

O percentual de impostos sobre o conjunto da produção brasileira é menor do que parece quando
levamos em conta a média nacional. O maior percentual de impostos incide sobre empresas sob
controle Estatal. É o caso da maior parte das empresas do setor de Energia e sobre a Petrobrás (com
impacto no setor extrativo mineral).

Os elevados impostos no setor de Energia impactam diretamente nos elevados preços das tarifas
de energia elétrica para o conjunto da população. É comum, por outro lado, isenções e descontos
no fornecimento de energia para o setor produtivo. Na prática, as estatais assumem o ônus das
isenções de impostos para as empresas e os trabalhadores pagam a conta.

Elevados impostos não são a chave explicativa para o processo de desindustrialização brasileira.
Setores como a siderurgia, metalurgia, autoindústria, papel e celulose, indústria química possuem
um percentual relativamente baixo de impostos sobre o conjunto de suas receitas. O agronegócio,
fortemente subsidiado, não chega a transferir, em vários anos analisados, sequer 2% de sua receita
para o Estado.
ANUÁRIO ESTATÍSTICO
DO ILAESE 2019 51

DADOS SETORIAIS
Pódio da exploração por subsetor
Em cada um dos principais subsetores selecionados, indicamos as três empresas com as piores médias salariais e as três com mais
elevado índice de produtividade. Ambos os dados correspondem a remuneração e produtividade média anual por trabalhador.
MENOR REMUNERAÇÃO MÉDIA MAIOR PRODUTIVDADE
SETOR
ANUAL POR TRABALHADOR POR TRABALHADOR
1 CEDRO R$ 19.813,55 1 TECHNOS R$ 292.158,35
TÊXTIL 2 GUARARAPES CONFECÇÕES R$ 24.709,66 2 AREZZO R$ 230.541,65
3 COTEMINAS R$ 25.118,46 3 HERING R$ 143.457,98
1 CSU CARDSYST R$ 36.047,13 1 POSITIVO R$ 332.983,21
INDÚSTRIA DIGITAL 2 TECBAN R$ 43.924,13 2 DATAPREV R$ 302.302,94
3 POSITIVO R$ 67.833,59 3 LINX R$ 235.198,46
1 MRV R$ 34.207,57 1 SONAE SIERRA R$ 2.524.376,92
INDÚSTRIA DE
2 GAFISA R$ 41.653,59 2 TRISUL R$ 1.023.374,33
CONSTRUÇÃO
3 ETERNIT R$ 46.172,22 3 ECORODOVIAS R$ 457.197,22
1 TAURUS R$ 25.258,83 1 NATURA R$ 667.245,37
CONSUMO GERAIS 2 PAMPLONA ALIMENTOS R$ 34.137,32 2 AMBEV R$ 425.766,31
3 M. DIAS BRANCO R$ 44.057,18 3 CAMIL R$ 291.992,58
1 MAHLE METAL LEVE R$ 53.097,76 1 HELIBRÁS R$ 521.801,84
AUTOINDÚSTRIA 2 RANDON R$ 65.054,97 2 AVIBRÁS R$ 347.903,72
3 MARCOPOLO R$ 65.147,64 3 EMBRAER R$ 240.559,54
1 TPI R$ 41.544,44 1 TRANSPETRO R$ 363.396,86
TRANSPORTE 2 TEGMA R$ 54.797,36 2 RUMO R$ 314.007,65
3 MOVIDA R$ 57.983,63 3 MRS R$ 303.870,86
1 FRAS-LE R$ 35.591,68 1 GERDAU R$ 456.084,83
SIDERURGIA E
2 ALTONA R$ 61.758,51 2 ARCELORMITTAL R$ 397.216,14
METALURGIA
3 METISA R$ 62.657,92 3 CBA R$ 304.827,64
1 OXITENO R$ 60.066,61 1 BRASKEM R$ 897.928,70
QUÍMICA E
2 ALUNORTE R$ 61.717,40 2 BAYER R$ 851.845,60
PETROQUÍMICA
3 SANSUY R$ 66.765,72 3 CRISTAL PIGMENTOS R$ 399.648,35
1 IGUAÇU CELULOSE R$ 42.958,71 1 SUZANO R$ 851.039,85
PAPEL E CELULOSE 2 MILI R$ 62.605,36 2 KLABIN R$ 371.693,34
3 CELULOSE IRANI R$ 69.524,38 3 IBEMA R$ 243.336,38
1 IGUA SANEAMENTO R$ 49.719,95 1 CEDAE R$ 837.220,77
INFRAESTRUTURA 2 RODONORTE R$ 59.480,48 2 RODONORTE R$ 615.904,11
3 SANTOS BRASIL R$ 69.479,84 3 SANEPAR R$ 608.981,32
1 RAIZEN ENERGIA R$ 52.261,34 1 CEG R$ 2.743.677,18
ENERGIA 2 ENERGISA MINAS GERAIS R$ 54.958,08 2 COMGÁS R$ 2.103.055,72
3 ENERGISA MATO GROSSO R$ 71.443,07 3 CTEEP R$ 1.668.444,00
1 STARA R$ 52.769,23 1 STARA R$ 171.575,85
BENS DE CAPITAL 2 WEG EQUIPAMENTOS R$ 73.691,61 2 KEPLER WEBER R$ 147.892,92
3 KEPLER WEBER R$ 75.906,74 3 WEG EQUIPAMENTOS R$ 87.538,28
1 PARAGOMINAS R$ 72.003,53 1 PETROBRÁS R$ 2.668.706,37
EXTRATIVA MINERAL 2 VALE R$ 108.163,87 2 VALE R$ 1.022.977,80
3 MINERAÇÃO USIMINAS R$ 113.072,18 3 MINERAÇÃO USIMINAS R$ 506.363,21
1 TERRA SANTA R$ 25.537,11 1 COPERSUCAR R$ 1.501.436,82
AGROPECUÁRIA 2 C. VALE R$ 27.835,13 2 COAMO R$ 443.456,11
3 FRIMESA R$ 32.222,14 3 CARGILL AGRÍCOLA R$ 378.658,14
1 AEC CONTACT CENTER R$ 23.360,14 1 CIELO R$ 1.469.448,81
SERVIÇOS GERAIS 2 ATENTO R$ 28.498,52 2 ESTACIO PARTICIPACOES R$ 263.180,83
3 CONTAX-LIQ R$ 28.970,33 3 LOCALIZA R$ 244.789,76
1 NOTRE DAME INTERMÉDICA R$ 21.708,55 1 QUALICORP R$ 918.598,02
SERVIÇOS DE SAÚDE 2 AMIL R$ 22.798,86 2 CENTRAL NACIONAL UNIMED R$ 578.042,38
3 UNIMED RIO R$ 28.680,61 3 ODONTOPREV R$ 554.850,41
1 B2W DIGITAL R$ 30.021,65 1 LOJAS RENNER R$ 238.276,99
COMÉRCIO 2 LOJAS AMERICANAS R$ 31.156,18 2 VIA VAREJO R$ 219.969,89
3 GRAZZIOTIN R$ 33.012,52 3 B2W DIGITAL R$ 218.001,66
1 MERCANTIL DO BRASIL R$ 106.944,64 1 ITAÚ UNIBANCO R$ 918.293,72
BANCÁRIO 2 BANESTES R$ 144.656,43 2 BNDES R$ 899.068,82
3 BANCO AMAZONIA R$ 150.987,75 3 SAFRA R$ 835.921,93
ANUÁRIO ESTATÍSTICO
52 DO ILAESE 2019

ARTIGOS
As encruzilhadas do imperialismo
e a situação da classe trabalhadora
GUSTAVO MACHADO

O
mundo passa, desde pelo menos 2008, por um ver- de exploração capitalista na época imperialista e o ponto em
dadeiro turbilhão político e econômico. Nos países que se encontra na atualidade. Em particular, procuramos in-
centrais, Europa e Estados Unidos, as promessas dicar como os países imperialistas dominam o mercado mun-
do livre mercado, do desenvolvimento continuado dial, mas de modo algum o controlam. Cada saída apresenta-
sob a base do livre tráfego de mercadorias e dinheiro falharam da produz, no polo oposto, contradições e instabilidades que
copiosamente. O fantasma do desemprego e o rebaixamento fazem emergir, cada vez mais, novos problemas.
do nível de vida assombram os trabalhadores dos países ditos Nos afastamos, assim, das vertentes que interpretam o im-
de primeiro mundo. Esse fenômeno tem alavancado alterna- perialismo como uma teoria político-conspiratória que tem o
tivas nacionalistas e intervencionistas com a promessa de re- destino de sete bilhões de pessoas em suas mãos. Indicamos,
cuperar o emprego e resguardar o nível de vida geral. Eis, nes- em sentido contrário, que se trata de uma dominação políti-
se novo cenário, uma guerra de tarifas puxadas pelos Estados ca e econômica sobre um oceano indomável de contradições
Unidos e a saída do Reino Unido da União Europeia. insolúveis e incontroláveis. É nesse sentido que procuramos
Por outro lado, nos países periféricos vemos uma situação fornecer elementos para a tese de que o Estados Unidos, nos
análoga, mas que expressa o outro lado da moeda. A restaura- dias de hoje, apesar de não possuir um rival imediato no que
ção capitalista na China em fins dos anos de 1970 fez com que diz respeito a dominação imperialista, tem seu domínio enfra-
as grandes empresas capitalistas voltassem seus olhos para quecido diante das instabilidades que se aprofundam, sobre-
uma população de dois bilhões de habitantes: fonte de mão tudo, desde a crise de 2008.
de obra barata e, ao mesmo tempo, um novo mercado consu-
midor para as empresas de todos os ramos. Combinado a este A crise de 2008 e as montadoras norte-americanas
processo, temos uma nova revolução tecnológica nos anos de É impossível entendermos a situação atual do capitalismo
1980: a revolução eletroeletrônica. Para os países asiáticos se mundial sem considerarmos a crise de 2008. Trata-se de uma
moveram a maior parte das unidades produtivas recém-cria- das maiores da história do capitalismo, que teve como centro
das. Assim, naufragou os projetos desenvolvimentistas dos exatamente os Estados Unidos. A General Motors (GM) é uma
países periféricos da América Latina, África e Oriente Médio. empresa exemplar para compreendermos o alcance e signifi-
Nessas extensas áreas do globo terrestre vemos um continua- cado dessa crise. Isto porque a GM liderou as vendas globais
do processo de desindustrialização, fazendo com que tais paí- de veículos por 77 anos consecutivos, de 1931 a 2007. Trata-se
ses, cada vez mais, tornem-se, como 100 anos antes, meros ex- exatamente de um setor que, até os anos de 1980, era conside-
portadores de matérias-primas de todos os tipos. Fracassam, rado tecnologia de ponta e um símbolo da dominação dos Es-
assim, os projetos desenvolvimentistas nacionais, sejam de tados Unidos sobre o capitalismo mundial.
corte liberal ou intervencionistas. Elevam-se as migrações de Quando olhamos os números da GM de 2009, é impossí-
trabalhadores dos países periféricos para os países centrais e vel não se espantar. Nesse ano, a empresa teve prejuízo bruto
as alternativas políticas clássicas, sociais-democratas e sociais de cerca de 7,6 bilhões de dólares. O prejuízo bruto é um índi-
liberais, naufragam irremediavelmente. ce crítico. Afinal, ele indica que a empresa teve prejuízo mes-
Nesse artigo, procuramos ilustrar essa dinâmica com a mo antes de computar o pagamento de juros aos bancos, de
análise de alguns fenômenos marcantes que se desdobram impostos ao Estado e a entrega de dividendos aos acionistas.
no setor automobilístico e de aeronaves, sobretudo na Gene- No entanto, em 2009, ao mesmo tempo que teve 7,6 bilhões de
ral Motors e Embraer. Tomamos essas empresas apenas como dólares de prejuízo bruto, a GM teve 105 bilhões de dólares de
ponto de partida para um debate mais amplo: o mecanismo lucro líquido. Como isso é possível?
ANUÁRIO ESTATÍSTICO
DO ILAESE 2019 53

General Motors Em certo sentido, a General Motors foi “estatizada”. O go-


verno comprou mais da metade das ações da empresa pelo
Receita, custos e lucros em 2009 preço que elas valiam antes da crise. Nos anos seguintes, es-
(em milhões de dólares)
sas ações foram revendidas para seus proprietários anteriores
111.722 por um preço mais reduzido. O governo americano não che-
104.116 104.821
gou a resgatar 40 bilhões dos 50 bilhões de dólares investidos.
100.000
As exigências do governo estadunidense, no entanto, não fo-
80.000
ram a garantia dos empregos, condições de trabalho, etc. Ao
60.000 contrário. Se exigiu a reestruturação da empresa.
40.000 Dentre as medidas exigidas pelo governo, estava o fecha-
20.000
mento de várias matrizes norte-americanas. Para se ter uma
ideia, foi anunciado um corte de 27.000 trabalhadores nos EUA,
0
reduzindo o número total de sua força de trabalho no país para
-20.000 -7.606
64.000. Trinta anos antes a empresa empregava nada menos
Receita Custos Lucro Lucro
líquida de produção bruto líquido
do que 618.000 trabalhadores somente nos Estados Unidos. A
“nova” empresa emerge das cinzas das fábricas e concessioná-
Fonte: GM Anual Report - 2009. FINANCE AG. Elaboração: ILAESE rias fechadas e do empobrecimento dos bairros operários.
Esse é um exemplo clássico da enorme contradição da so-
A diferença entre o prejuízo bruto e o lucro líquido naque- ciedade capitalista. A acumulação de capital em um polo gera
le ano se deu em função das receitas financeiras. Em outras miséria, desemprego e fome no polo oposto. Isto não é dife-
palavras, de aportes financeiros do governo norte-americano rente no coração do capitalismo mundial: os Estados Unidos.
de Barack Obama e, em menor medida, do Canadá. Como se vê, o papel do Estado, longe de atender o conjunto
Por muito tempo o ícone do poder industrial dos EUA, a da população e a classe trabalhadora, é socorrer as empresas
GM declarou falência durante a administração Obama em ju- privadas e garantir sua reestruturação, empurrando a crise do
nho de 2009 e renasceu 40 dias depois. Diferente do Brasil que capital para a classe trabalhadora.
entrega suas empresas a preços irrisórios ao capital interna- Mas a referida crise, cujo epicentro foi os Estados Uni-
cional, o Estados Unidos, país que domina o mercado mun- dos, não atingiu por igual todas as montadoras. GM, FORD
dial, jamais deixaria falir sua empresa mais poderosa do setor. e Chrysler foram as grandes afetadas, pois eram as três gran-
No dia 1º de junho de 2009, a montadora deu entrada em seu des montadoras cuja sede se encontra no interior dos Estados
pedido de concordata. Daí resultou a criação de uma “nova Unidos. Duas delas decretaram falência e as três foram socor-
GM”. O governo norte-americano adquiriu uma participação ridas pelo governo. A crise de 2008 ajuda a entender o motivo
de 60% na empresa (um aporte de US$ 50 bilhões), além de de, considerando as 5 grandes montadoras, responsáveis por
12% do governo canadense (aporte de US$ 9,5 bilhões). Situa- quase 50% da produção mundial, GM e FORD foram as únicas
ção parecida aconteceu com a Chrysler, que terminou por se que apresentaram, no médio prazo, uma tendência de queda
fundir com a FIAT. na produção.

Percentual da produção física por montadoras


Fonte: OICA Elaboração: ILAESE
14%
13,93% 13,92%

12,54% 12,01%
12% 11,87% 11,54% 11,10%
10,91% 11,27% 11,03%
11,23% 11,07% 10,77% Toyota
11,02% 10,64% 10,90% 10,87%
10,99% 10,78% 10,68%
10% 10,20% 10,59% Volkswagen
9,94% 10,05%
9,45%
8,74% 8,82% 8,79% 8,32% Hyundai
8,46% 8,31%
8% 7,97% 8,26% 8,24% 8,22%
7,42% GM
6,98% 7,04%
6,88% 6,65% 6,58% 6,78% Ford
6% 6,42%
4,73%
4,26%
4%

2000 2005 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016


ANUÁRIO ESTATÍSTICO
54 DO ILAESE 2019

Ora, a FORD passou de 12,64% da produção global de ve- dobrou sua participação no mercado mundial de automóveis.
ículos no ano 2000 para 6,78% em 2016, uma queda de quase Esses dados já indicam que a crise de 2008 está longe de
50%. A GM teve um impacto menor, mas também muito sig- ter sido superada pelas montadoras estadunidenses, mesmo
nificativo, passando de 13,93% do total da produção mundial com os aportes bilionários do governo de Barack Obama. Um
para 8,22%, uma queda de 41%. Importante destacar que não dos motivos é mais óbvio: uma profunda crise da classe traba-
se trata de uma queda absoluta na produção, mas de uma que- lhadora no interior dos Estados Unidos. A migração cada vez
da relativa na fatia do mercado dominada por cada uma des- mais acelerada de empresas norte-americanas para outros lu-
sas empresas. Ao mesmo tempo, a Toyota passou de 10,20% gares do mundo, desindustrializou alguns dos principais cen-
para 10,78% do mercado, a Volks passou de 8,75% para 10,68%. tros de produção nos Estados Unidos. Uma análise da produ-
O crescimento mais expressivo foi da coreana Hyundai: de ção mundial de veículos nas últimas décadas, nos fornecem
4,25% para 8,32%. A multinacional sul-coreana praticamente importantes elementos nesse sentido.

Países com maior produção de veículos


29.015.434
China

18.264.761

13.486.796
12.799.857
11.189.985
9.628.920
8.005.859 8.283.949 EUA
9.782.997 10.140.796 Japão
7.743.093 9.693.746
5.289.157 4.976.552
Alemanha
5.526.615 5.905.985 5.645.581
306.064 3.842.247 509.242
31.597 87.166 2.069.069

0 1950 1960 1970 1980 1990 1995 2000 2005 2010 2015 2017

Fonte: OICA Elaboração: ILAESE

Como se nota, a China é, de longe, o maior produtor de endermos o cenário em seu conjunto devemos analisar outros
automóveis no mundo. Em 2017, foram mais de 29 milhões de aspectos relevantes do problema. A começar pelo papel de-
veículos produzidos. Em seguida, vem os Estados Unidos com sempenhado pela China.
11,1 milhões, seguido de perto pelo Japão. Para termos uma
dimensão mais clara, tomemos em comparação a América La- O papel da China e o conflito com Trump
tina. O Brasil ocupa a nona posição com 2,7 milhões de auto- O cenário indicado acima pode fazer parecer que a Chi-
móveis produzidos em 2017. Já o México é o maior produtor na desponta como nova potência mundial. Trata-se, contu-
da América Latina com mais de 4 milhões. O que surpreende do, de uma análise unilateral e, portanto, equivocada. Indique-
é que essa alteração se deu em um prazo muito curto. No ano mos alguns exemplos. No relatório da Financial Times Global
2000, a China produzia apenas 2 milhões de automóveis. Este 500, publicado em 2016 com as 500 maiores empresas não fi-
número multiplicou por 15 em meros 17 anos. Enquanto isso, nanceiras, os Estados Unidos ocupam os 4 primeiros lugares
nos Estados Unidos o total de veículos produzidos em 2017 é do ranking, possui 162 empresas das 500 listadas, enquanto a
inferior ao montante produzido em 1995. Em 2010, o número China 32. Ainda segundo a Financial Times, o poder de capi-
chegou a ser o mais baixo de uma série histórica de décadas. talização das grandes empresas da América do Norte (Estados
No entanto, as grandes montadoras, inclusive as do Esta- Unidos e Canadá) é de 16,9 trilhões de dólares; seguido pelo
dos Unidos, atuam em diversos países, incluindo a China. A Oeste Europeu (Alemanha, França, Bélgica, Áustria, Suíça e
queda do poder de consumo da classe trabalhadora dos Es- Holanda) com 7,8 trilhões de dólares; o Japão com 3,5 trilhões
tados Unidos explica porque suas montadoras, com atuação de dólares. Somente então temos as empresas chinesas com
mais intensa em seu país-sede, sofreram abalos maiores, mas um poder de capitalização de 2,5 trilhões. A China, portan-
de modo algum explica em conjunto a questão. Para compre- to, está muito distante de ameaçar imediatamente os Estados
ANUÁRIO ESTATÍSTICO
DO ILAESE 2019 55

Unidos e a União Europeia. Mas isto não significa que a China de lucros. Cabe aos trabalhadores saberem se posicionar com
não incomode. Vejamos o porquê. independência diante desses cenários. Saberem distinguir que
O que incomoda o centro do imperialismo em relação a seus interesses não coincidem nem com a GM, que os explora,
China é certamente seu planejamento econômico centrali- nem com o governo norte-americano. Nem um e outro estão
zado a partir do governo, com fortes mecanismos políticos e a serviço dos interesses dos trabalhadores, mas representam
monetários para incidir na economia. Um exemplo disso, é a segmentos distintos do capital.
atuação centralizada do mercado monetário-financeiro chinês O poder econômico de cada país não é dado pelo local em
pelo Banco Popular da China, com expressiva acumulação de que se sedia a produção, mas pelo país controlador das res-
divisas oriundas de uma balança comercial favorável. Este pectivas multinacionais. Para ficar mais clara a relação entre
aspecto permite a China realizar um movimento um pouco as empresas e os países dominantes desse setor, analisamos
mais coordenado de seus investimentos, tomando como cen- abaixo a divisão da produção física de veículos por país con-
tro exatamente os setores de alta e média tecnologia, por meio trolador da respectiva empresa. Para essa análise, considera-
de estatais de capital misto. Este é o caso, por exemplo, da atu- mos as 50 maiores montadoras do mundo, responsáveis pela
ação da General Motors em solo chinês. produção de 99,39% dos veículos.
Em primeiro lugar, é preciso ter em vista que a indústria au- Mesmo nesse caso, o percentual não é totalmente preciso,
tomotiva chinesa tem focado em carros de baixo custo, de me- uma vez que consideramos apenas o país controlador e não a
nor valor agregado. Por isso, embora a produção chinesa seja divisão das ações de cada empresa. Uma empresa controlada
de maior volume do que aquela verificada dentro dos Estados pela China, por exemplo, pode ter acionistas norte-america-
Unidos, o faturamento corresponde a mais ou menos a meta- nos, alemães etc. Esse é o caso, por exemplo, da Embraer no
de do faturamento norte-americano. De qualquer forma, não é Brasil. No caso das empresas usadas no cálculo indicado no
pouco relevante que entre 2010 e 2017, o faturamento na Chi- gráfico abaixo, as maiores distorções são relativas as empre-
na cresceu cerca de 100% enquanto nos EUA não chegou a 30%. sas chinesas. A maior delas, a SAIC, responsável por 2,71% da
produção mundial, tem a maioria de seus veículos em parce-
ria da GM, com 50% das ações. O caso da japonesa NISSAN,
Faturamento da GM por país responsável por 5,86% da produção mundial, tem a maior par-
(em milhões de dólares) te de suas ações pertencentes diretamente a francesa Renault.
De qualquer forma, o percentual indicado abaixo se aproxima
110.848 muito mais da conformação real de forças entre os Estados no
100.008 100.674 setor automobilístico, do que o dado da produção por país. Os
93.559
88.784 dados são relativos ao ano de 2016:
85.105
79.868
72.836
Produção física por país controlador
Japão 29,58%

47.150 50.065 Alemanha 15,84%


43.853 44.959
38.767
Estados Unidos 15,15%
30.511 33.364
25.395 China 14,97%

Coréia do Sul 8,32%

2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017


França 6,89%

Itália-EUA (FCA) 4,94%


China (Joint venture) Estados Unidos
Índia 1,99%
Fonte: Relatórios Anuais da GM. Elaboração: ILAESE
Irã 1,23%
A China é o caso mais nítido do absurdo e das contradi- Rússia 0,39%
ções do sistema capitalista. A China se transformou em uma
fonte de enormes lucros para a GM. Mas, ao mesmo tempo, Malásia 0,08%
Fonte: OICA Elaboração: ILAESE
significa o ingresso de carros baratos em solo estadunidense,
com baixa taxação. Isto é, balança comercial desfavorável para O Japão é hoje, de longe, o país-sede das empresas que abar-
os Estados Unidos. Esse cenário já levou a uma guerra fiscal cam a maior parcela da produção global do setor, quase um
de Trump contra a China. E no seu jogo de tabuleiro em busca terço, ou 29,6%. Engloba as seguintes empresas: ISUZU, FUJI,
ANUÁRIO ESTATÍSTICO
56 DO ILAESE 2019

MITSUBISHI, MAZDA, SUZUKI, HONDA, NISSAN e a gigan- quida de 145,6 bilhões de dólares, o que equivale a cerca de
te TOYOTA. Sendo que a Nissan, como dissemos, controlada 540 bilhões de reais. Este montante se aproxima das receitas
pela francesa Renault. Os Estados Unidos vêm em seguida, con- primárias da União no Brasil, ou seja, a GM arrecada em um
siderando que a FCA tem o controle dividido com a Itália. Em ano um valor próximo do que o Brasil arrecada com impostos
seguida a Alemanha. Duas são as surpresas dessa lista: China e taxas sobre uma população de 207 milhões de habitantes.
e Coreia do Sul. A China tem 14,97%, portanto, o equivalente a
metade da produção realizada em seu próprio solo. No entan-
to, a produção automotiva chinesa é dividida entre um grande
Faturamento total da GM e arrecadacão
conjunto de montadoras. Quase todas elas de pouca expressão, da União no Brasil em 2016
consideradas individualmente, e muitas são estatais. As maio- (em milhões de reais)
res são SAIC, CHANGAN, BAIC, DONGFENG MOTOR, GEE-
LY, GREAT WALL, CHERY, nessa ordem. Já o montante rela-
709.929,5
700.000
tivo a Coreia do Sul, 8,32%, é integralmente representado pela 582.303,01
Hyundai, empresa de mais rápida ascensão nas últimas déca- 600.000

das, conforme discutiremos mais adiante. 500.000


Aqui se insere um elemento de grande relevância para
400.000
as questões que nos propomos a analisar. A General Motors,
bem como outras empresas europeias e japonesas, não atuam 300.000

diretamente na China, com suas próprias marcas. A General 200.000


Motors atua na China por meio de 10 joint ventures (empre-
100.000
endimentos conjuntos). No geral, a participação da GM nes-
sas joint ventures variam entre 25% e 50% das ações. Essas
joint ventures têm causado estremecimentos com o governo Faturamento da GM Arrecadação corrente
da União - Brasil
norte-americano de Donalt Trump. Isto porque esses empre-
endimentos conjuntos implicam partilhar a propriedade inte-
lectual dos veículos com os chineses. O governo estaduniden- Fonte: GM Anual Report - 2016. FINANCE AG e Tesouro Nacional.
Elaboração: ILAESE
se considera essa prática um roubo de propriedade intelectual
norte-americana. Além disso, existe a questão das tarifas: um Apesar dessas somas exorbitantes, dessa imensidão de ca-
carro americano que vai para a China paga cerca de 25% de pital produzido do qual uma enorme parcela migra para o bol-
imposto de importação, mas um carro chinês indo para os so dos acionistas, nada disso garante a estabilidade de uma
EUA paga apenas 2,5%, dez vezes menos. empresa capitalista. Esse sistema é tão irracional que de nada
Com boa parte das empresas sendo controladas pelo Esta- adianta ganhar 100 milhões de dólares ao investir 1 bilhão, se,
do chinês, de forma centralizada, apesar de representar uma por exemplo, nos demais setores ou empresas do setor é pos-
fatia relativamente pequena da parcela de capital acumulado sível ganhar 200 milhões. A lógica é essa. Os acionistas não
em nível mundial, este pode direcionar investimentos expres- querem apenas ganhar muito dinheiro. Querem ganhar, no
sivos para setores que considera decisivos, sobretudo para mínimo, no mesmo patamar das demais empresas.
as novas tecnologias em um cenário em que se anuncia uma Por isso, uma das melhores formas de medir tal compe-
nova revolução tecnológica. Para se ter uma ideia do impacto titividade entre as empresas é através da taxa de lucro: o
futuro que pode ter uma mudança expressiva do padrão tec- lucro bruto da empresa em relação aos custos de produção
nológico da indústria, é fundamental vermos o papel que atu- (gastos com máquinas, matérias-primas e com o salário dos
almente cumpre a montadora coreana Hyundai, outra dimen- trabalhadores). É exatamente esse índice que é utilizado di-
são da crise nas montadoras dos Estados Unidos. retamente pelas empresas para medir sua “competitivida-
de”. O quanto se ganha sobre o montante investido. Na ta-
Uma empresa com um capital bela a seguir [próxima página], indicamos a taxa de lucro
do tamanho do Brasil nas sete maiores montadoras do mundo.
É importante precisar em que sentido se pode falar em Como se vê, a GM possui a menor taxa de lucro entre
crise nas montadoras estadunidenses. O capitalismo é um sis- as sete empresas analisadas. Sua taxa de lucro média nos
tema irracional e voltado para acumulação de lucro em um 5 anos considerados foi de 12,92%, muito inferior a outras
contexto de concorrência, independente das necessidades dos empresas como a Hyudai, Volks e Toyota. Esse número se
trabalhadores e do conjunto da população. A arrecadação e aproxima apenas da FCA. Mas podemos ver na tabela aci-
mesmo os lucros da GM nos últimos anos representam somas ma uma evolução da taxa de lucro da GM, que atingiu seu
espantosas. Somente em 2017, a empresa teve uma receita lí- mais alto percentual em 2017. A empresa passou de uma
ANUÁRIO ESTATÍSTICO
DO ILAESE 2019 57

Nossa tese é que são dois os aspectos centrais:


TAXA DE LUCRO
1) Em primeiro lugar, uma crise no interior dos Estados
2013 2014 2015 2016 2017 Média Unidos, local em que estão a maior parte das plantas da GM
e Ford. Como todos os fenômenos no capitalismo são contra-
Volkswagen 22,06% 22,01% 18,90% 23,26% 22,61% 21,77%
ditórios, ironicamente, a estratégia de dominação norte-ame-
Toyota 23,39% 23,39% 24,87% 25,08% 21,81% 23,71% ricana nas últimas décadas, de levar suas matrizes como mul-
G. M. 10,09% 9,42% 13,72% 15,05% 16,33% 12,92% tinacionais para fora dos Estados Unidos, fez chover dinheiro
no bolso dos capitalistas norte-americanos, no entanto, debi-
Hyundai 29,32% 27,68% 25,02% 23,46% 22,53% 25,60% litou o poder de compra da maior parte do país: a classe traba-
Ford 20,92% 20,53% 24,29% 17,93% 17,97% 20,33% lhadora, o que ocasionou na crise de 2008.
2) Mas não é somente isso. Pensamos que existe, conco-
FCA 15,05% 14,12% 12,07% 14,70% 18,05% 14,80%
mitantemente ao elemento acima, um setor mais dinâmico no
Honda 34,47% 35,17% 27,48% 27,41% 27,04% 30,31% mercado, uma empresa com mais elevada produtividade, dan-
Fonte: Relatórios Anuais de todas montadoras analisadas e. FINANCE AG. do a tônica para as demais empresas do setor. Essa empresa é
Elaboração: ILAESE a sul coreana Hyundai. A melhor forma de avaliar o desempe-
nho tecnológico de uma empresa, associado a sua produção, é
taxa de lucro de 9.42% em 2014 para 16,33% em 2017. Um pelo capital fixo: isto é, o montante do patrimônio da empresa
crescimento espantoso de mais de 60%. composto de máquinas e equipamentos. Além disso, sua pro-
Outra forma de medir, comparativamente, o desempenho dutividade física, que determina a quantidade de mercadorias
de uma empresa em relação as demais é através do patrimô- produzidas por trabalhador. Indicamos na tabela abaixo, o ca-
nio líquido em relação ao total de ativos. Isso significa o per- pital fixo nas 5 empresas que estamos considerando, além da
centual do patrimônio da empresa descontando de seu patri- respectiva produtividade física.
mônio bruto (ativos) suas dívidas e pendências financeiras
diversas (passivos). Por exemplo, uma empresa em que o per- CAPITAL FIXO – ATIVOS FIXOS EM RELAÇÃO AO ATIVO TOTAL
centual que indicamos for de 50%, significa que suas dívidas 2013 2014 2015 2016 2017 Média
correspondem a metade de seu patrimônio.
Volkswagen 60,59% 61,00% 59,83% 59,61% 59,75% 60,16%
PERCENTUAL DO PATRIMÔNIO LÍQUIDO NO TOTAL DE ATIVOS
Toyota 62,02% 62,43% 61,57% 63,38% - 62,35%
2013 2014 2015 2016 2017 Média
Hyundai 74,89% 76,02% 76,77% 78,64% 79,18% 77,10%
Volkswagen 27,05% 25,62% 23,06% 22,62% 25,78% 24,83%

Toyota 36,73% 36,97% 38,14% 38,30% 39,60% 37,95% G. M. 51,00% 52,91% 59,90% 65,63% 67,65% 59,42%

G. M. 25,61% 19,96% 20,50% 19,77% 16,47% 20,46% FCA 54,87% 54,66% 55,17% 61,93% 62,33% 57,79%

Hyundai 42,41% 42,53% 40,44% 40,45% 41,95% 41,56% Fonte: Relatórios Anuais de todas montadoras analisadas e. FINANCE AG.
Elaboração: ILAESE
Ford 13,24% 12,07% 12,78% 12,31% 13,58% 12,80%
Ora, a diferença entre o percentual ocupado pelo capital
FCA 22,40% 22,72% 19,67% 16,60% 13,12% 18,90% fixo na Hyundai e nas demais empresas é assombroso. En-
Honda 8,87% 7,49% 7,98% 9,65% 11,13% 9,02% quanto na sul-coreana esse percentual se aproxima dos 80%
na média dos últimos 5 anos, as demais oscilam em torno de
Fonte: Relatórios Anuais de todas montadoras analisadas e. FINANCE AG.
Elaboração: ILAESE 60%. Não sem razão, a Hyundai possui uma produtividade
física que corresponde a aproximadamente o dobro das de-
Como podemos ver, uma vez mais, com exceção da japo- mais empresas.
nesa Honda, novamente as montadoras norte-americanas, Mas não é somente isso, a GM e Ford, por esses dados,
GM e Ford, tem uma situação menos confortável que suas passam claramente por um processo de reestruturação. O
concorrentes maiores: Volks, Toyota e Hyundai. percentual do capital fixo era o mais baixo em 2013, mas che-
Ora, o que explica esse desempenho da GM, aquém de gou ao segundo lugar em 2017, atrás unicamente da Hyun-
suas grandes concorrentes, fazendo com que a empresa perca dai. Ocorre, que quanto mais capital fixo, quanto maior a
posição atrás de posição no curso dos últimos anos? Uma gi- fatia destinada a máquina e equipamentos, menor a fatia
gante que foi líder absoluta do setor por 70 anos, hoje tenha destinada aos trabalhadores. Os trabalhadores são substituí-
números que a colocam como menos competitiva que suas dos por máquinas. Daí que uma reestruturação passa neces-
concorrentes alemã, japonesa e coreana? sariamente pela transferência da crise para os trabalhadores.
ANUÁRIO ESTATÍSTICO
58 DO ILAESE 2019

PRODUTIVIDADE FÍSICA POR MONTADORAS (VEÍCULOS POR TRABALHADOR)


2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 Média
Toyota 26,69 25,34 31,00 30,96 30,91 29,30 29,28 29,07
Volkswagen 18,38 16,98 16,83 16,37 16,70 16,18 16,16 16,80
Hyundai 71,90 76,72 72,61 68,93 72,98 71,28 66,68 71,58
G.M. 41,96 43,66 43,79 43,97 44,49 34,81 34,64 41,05
Ford 30,41 33,64 32,72 33,58 31,92 32,13 31,99 32,34
Nissan 26,25 29,86 31,07 30,84 35,67 34,61 36,45 32,11
Honda 20,60 16,25 21,97 22,58 22,73 22,19 23,99 21,47
FCA 17,49 11,86 9,90 20,75 20,96 20,43 19,96 17,34
Renault 22,16 22,02 21,06 22,20 23,53 25,24 27,02 23,32
PSA 18,19 17,14 14,25 14,39 15,37 16,37 18,53 16,32
Suzuki 56,17 51,69 53,11 50,80 52,24 52,85 47,81 52,10
B.M.W. 15,52 17,33 19,51 18,18 18,62 18,65 18,92 18,10
Fonte: Relatórios Anuais de todas montadoras analisadas e FINANCE AG. Elaboração: ILAESE

Crise é deslocada para a classe trabalhadora empresas passou a empregar mais no período. A Ford,
GM e Ford são, entre as grandes montadoras, prati- por sua vez, passou de 213 mil trabalhadores diretos
camente as únicas que perderam uma fatia expressiva de em 2008 para 202 mil em fins de 2017, mas este nú-
seus empregos nos últimos 10 anos, desde o início da úl- mero chegou a 164 mil trabalhadores em 2010 e 2011.
tima grande crise econômica. Enquanto isto, todas demais montadoras viram crescer
O que é curioso é que, nesse mesmo período de 10 seu número de trabalhadores.
anos, a GM foi a campeã entre as 17 montadoras anali- Além da redução nos empregos, outro fenômeno evi-
sadas no quesito redução de postos de trabalho. Perdeu dente foi a redução na quantidade de plantas da empre-
25% de seus efetivos enquanto a enorme maioria das sa, o que é indicado a seguir.

Variação do emprego direto Evolução do número de


nas principais montadoras plantas da GM dentro e
fora dos EUA
634.396
610.076
572.800 73

66
501.956

48 50 50 48
368.500 364.445
344.109 41 41
317.716 333.498 40

320.808
29
219.000 215.000
217.000 207.000 202.000

198.000 181.000 199.000 180.000


164.000
112.072 118.320
86.246 104.937
78.539
2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 1990 2000 2010 2017 2018

Toyota GM Ford Volkswagen Hyundai Estados Unidos Fora dos EUA

Fonte: finanzen.net, Finance AG e Relatórios de sustentabilidade das respectivas empresas. Elaboração: ILAESE Fonte: GM facilities map. Elaboração: ILAESE
ANUÁRIO ESTATÍSTICO
DO ILAESE 2019 59

Até a crise econômica de 2008 a tendência era o cresci- como o Brasil se encontram em posição absolutamente desfa-
mento de suas plantas fora dos Estados Unidos e a redução vorável. Com um mercado já consolidado, e não em expansão
das plantas instaladas no país-sede. Entre 1990 e 2010, te- como é o caso da China, o Brasil e a maior parte dos países en-
mos uma certa estabilidade das plantas da GM no exterior: contram-se sempre diante da seguinte alternativa: perder ou
48 plantas. Enquanto isso, o número de unidades instaladas perder mais. Em meio a crise mundial, a opção externa quase
dentro dos Estados Unidos caiu sem parar: de 73 unidades em sempre é o “perder mais”. Vejamos!
1990 passou para 50 em 2010. A partir daí, entre 2010 e 2017,
a GM reduziu a sua participação em termos de plantas insta- Rebaixamento do Brasil e da América do Sul no
ladas tanto no interior de seu país-sede (9 plantas a menos) sistema imperialista mundial
quando no exterior (21 plantas a menos). No entanto, é justa- Como se situa o Brasil em meio ao cenário indicado aci-
mente após a posse do governo de Donald Trump, em 2017, ma do setor automotivo? É sabido que o Brasil foi adotado,
que a queda das unidades da General Motors fora dos Estados desde meados do século passado, como semicolônia pri-
Unidos é mais acentuada. vilegiada ou submetrópole no sistema imperialista de do-
Ora, como fica claro, o cenário atual da disputa entre as minação. O que isso significa? Que o país serviu de plata-
principais montadoras contém inúmeras variáveis que se ex- forma continental para produção do que na época era o
cluem mutuamente. Ampliar os impostos para impedir a en- principal setor de tecnologia de ponta: justamente o se-
trada de veículos chineses baratos nos Estados Unidos tende tor automotivo. Enquanto plataforma, o país sedia multi-
a ampliar a produção local, no entanto, prejudica suas empre- nacionais do setor, ao mesmo tempo que fornecia os insu-
sas que participam da produção de veículos na própria Chi- mos (particularmente o aço, mineração e energia) a partir
na. A produção de veículos em solo chinês, por meio das joint de uma indústria de base estatal. Com exceção do setor de
ventures, reverte-se em somas anuais bilionárias para os co- energia, cuja privatização já foi anunciada pelo governo
fres das empresas estadunidenses, no entanto, fornecem tec- de Jair Bolsonaro, os demais setores já foram privatiza-
nologia de ponta para as Estatais chinesas de capitais mistos. dos. Atualmente, a mineração atende muito mais ao mer-
Quem perde, em todos os casos, é a classe trabalhadora. Trata- cado mundial e tem como principal destino de importação
-se de disputas pela partilha do capital que esta produz. Como a China. Já o aço, também privatizado, tem como principal
podemos ver, não há um controle dos Estados Unidos de todo destino justamente o setor automobilístico.
este processo. O que existe é dominação, isto é, a possibilidade O Brasil permanece com tal função, no entanto, verifica-
de alternar entre uma política e outra, todas elas contraditó- mos uma alteração nesse cenário. Como indicamos abaixo, o
rias, pois produzem efeitos contrários inelimináveis. México vem adquirindo cada vez mais primazia na América
Em todo este jogo de xadrez pela partilha da riqueza pro- Latina, ainda que os dois países ainda rivalizem nesse senti-
duzida pela classe trabalhadora em todo o mundo, países do. Vejamos:

Percentual dos principais países da América Latina


na produção física mundial de automóveis
4,5% 4,36%
4,24%
4,25% 4,18%
México
3,93%
4,0% 3,81%
4,04% 3,75%

3,5% 3,32% 3,35% 3,79%


3,26% 3,75%
3,02% 3,57%
3,02% 3,49%
3,0% 2,77%
2,88% Brasil
2,5% 2,68%
2,53%
1,88%
2,0% 2,27%

1,87%
1,5% 1,41%
1,69%

0,92% 0,91%
1,0% 1,27%
0,81%
0,74% 0,68%
0,57% 0,58% 1,03% 0,49%
0,90%
0,5% 0,30% 0,73%
0,66%
0,58% 0,48% Argentina
0,48%
0,20%
0,0%
1950 1960 1970 1980 1990 1995 2000 2005 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017

Fonte: OICA Elaboração: ILAESE


ANUÁRIO ESTATÍSTICO
60 DO ILAESE 2019

Os anos entre 2010 e 2013 correspondem ao auge produti- Acima, vemos uma enorme diversificação dos países de
vo da economia brasileira no setor automotivo, quando o país destino das exportações, abarcando vários países da América
superou os 4% da produção mundial. No entanto, após a re- Latina, além da África e Oriente Médio. Nos últimos anos, ao
cessão do país em 2014, o setor caiu aos índices de 15 anos an- contrário, as exportações brasileiras estão cada vez mais dire-
tes, entre 2 e 3% da produção mundial. Enquanto isso, o Méxi- cionadas à Argentina. Comparemos agora com o ano de 2016.
co seguiu uma tendência ascendente e a Argentina, o terceiro
maior produtor da América Latina, agoniza índices cada vez
menores. Por que o Brasil teve uma curva de evolução tão dis-
tinta do México?
O motivo principal é que a produção nacional tem, cada
vez mais, como destino, os consumidores de seu próprio país,
duramente atingidos pela crise de 2014. Enquanto isso, o Mé-
xico se destaca como maior exportador da América Latina.

ARGENTINA
Isso significa que o Brasil tem, nesse setor, cumprido cada
vez menos um papel de submetrópole ou semicolônia privile-
giada. Isto é, tem exportado muito pouco para seus vizinhos
na América Latina. Para se ter uma ideia, indicamos abaixo a
divisão das exportações brasileiras no setor no ano de 1974:
73,69%

BOLÍVIA PERU
4,15% 18,66%

URUGUAI
2,31% PERU 0,89% COLÔMBIA URUGUAI CHILE
2,63% 2,76% 2,78%
PARAGUAI VENEZUELA
1,56%
18,25% ARÁBIA SAUDITA
2,23% EUA MÉXICO
CHILE
1,01% 4,28% 6,12%
QATAR
1,82%
GUATEMALA
1,31%

América do Norte África América Latina


NIGÉRIA CONGO LÍBIA
6,44% (RDC) 7,83%
NEELANDESAS

Ásia Europa
7,80%
ANTILHAS

ETIÓPIA Elaboração: atlas.cid.harvard


0,81%
5,18% É, contudo, sem dúvida alguma, o setor aeronáutico o que
melhor expressa o rebaixamento do Brasil no sistema inter-
ARÁBIA SAUDITA
nacional de Estados. O setor aeronáutico, segundo dados do
5,53%
FILIPINAS OCDE, é responsável por mais da metade das exportações
ESPANHA
1,06% 10,55% de produtos de alta intensidade tecnológica no Brasil. Isto se
KUWAIT deve quase que exclusivamente a única empresa de alta tec-
2,27%
nologia com sede nacional, ainda que com acionistas majo-
ritários estrangeiros: a EMBRAER. Pois bem, é exatamente a
América do Norte África América Latina empresa que, com aval do governo de Jair Bolsonaro, está sen-
do entregue para a gigante estadunidense Boeing.
Ásia Europa Um dos argumentos correntemente alardeados para justi-
ficar a incorporação da EMBRAER pela Boeing é que empre-
Elaboração: atlas.cid.harvard
ANUÁRIO ESTATÍSTICO
DO ILAESE 2019 61

sa brasileira não suportaria a concorrência internacional, no sistema internacional de Estados. Por esse motivo, a
hegemonizada pelas gigantes Boeing e Airbus, que repre- EMBRAER é estratégica para o Brasil e ainda que estives-
sentam, respectivamente, Estados Unidos e Europa. Acre- se à beira da falência, deveria ser estatizada de modo a ga-
ditamos que, ainda que esse argumento fosse verdadeiro, rantir a autonomia tecnológica e o controle de um recurso
a venda em hipótese alguma se justifica. Trata-se de uma tão essencial.
tecnologia estratégica para o Brasil, tanto em termos co- De qualquer modo, o que interessa aqui notar é que a
merciais como militar. O Brasil se encontra entre as 8 na- EMBRAER está distante de ser uma empresa pouco compe-
ções no mundo que possui a capacidade de produzir uma titiva, ao contrário. Sua produtividade está no mesmo pata-
aeronave. É uma notória exceção de um país que se desin- mar das grandes empresas do setor e é bem superior a sua
dustrializou nas últimas décadas e desceu alguns degraus concorrente direta: a Bombardier.

Taxa média de lucro


31,87%
29,03% 29,39%

24,82% 24,83%
23,03% 23,07% 22,78% Boeing
19,02% 18,23% 18,25%
22,33% Embraer
18,10% 17,09% 16,74%
16,48%
16,43% 12,92%
17,26% Bombardier
16,18% 16,35% 14,84% 15,92% 10,64%
14,58%
12,86% Airbus
10,91%
8,58%

2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017


Fonte: Formulários 20-F EMBRAER e Finance Base AG. Elaboração: ILAESE

O item fundamental para medir a competitividade da em- balhadores foi de 97,5 mil dólares. No mesmo ano, a remune-
presa, como já dissemos, é a taxa média de lucro. A taxa média ração média dos trabalhadores da EMBRAER, medida em dó-
de lucro mede a capacidade da empresa auferir lucros dado lar, foi de 49,4 mil dólares. Mas não se trata unicamente disto.
um mesmo montante de custos de produção. Esses números Na teleconferência da Boeing do dia 31 de janeiro de 2017,
são surpreendentes, pois mostram que a EMBRAER, na ver- bem como em seu relatório anual, a Boeing anunciou a inten-
dade, está além das demais empresas do setor. ção de verticalizar a produção da empresa, isto é, passar a pro-
A EMBRAER possui, em todos os anos analisados, a mais duzir componentes que atualmente são terceirizados. Ocorre
elevada taxa de lucro entre todas as gigantes do setor. A única que a Embraer é justamente das poucas empresas da aviação
exceção foi o ano de 2017 em que apenas a Boeing apresentou que não apenas é responsável por montar as aeronaves, mas
um percentual levemente mais elevado: 22,78% contra 22,33%. que produz, também, seus componentes como trens de pouso,
Ainda assim, 2017 foi o melhor ano da existência da Boeing o interior da aeronave, softwares de aviônica, o sistema elé-
em termos de pedidos entregues enquanto a EMBRAER apre- trico dentre outros. Na teleconferência citada, a Boeing anun-
sentou uma redução nesse ano dentro de uma variação pa- ciou que quer verticalizar a produção em alguns casos “por
drão no mercado da aviação. parceria, em outros por aquisição, em outros casos internali-
Isso significa que a EMBRAER é a empresa mais rentá- zando partes da cadeia”.
vel entre todas as demais do setor. Com toda certeza, tem um Isto significa que o que hoje é o setor comercial da Embra-
peso nessa relação os salários pagos aos trabalhadores bra- er tem grandes chances de se transformar em um mero ramo
sileiros, sensivelmente abaixo das concorrentes. Ainda que a da cadeia produtiva Boeing. O objetivo é reduzir a dependên-
maior parte das empresas estrangeiras na aviação não divul- cia dos fornecedores que têm tido dificuldades de acompa-
guem o montante gasto com o pagamento de trabalhadores, nhar seu ritmo de produção. Mas, sobretudo, se apropriar dos
a Boeing o fez em 2012, quando o gasto anual com seus tra- elevados ganhos dessa cadeia produtiva, impulsionando, as-
ANUÁRIO ESTATÍSTICO
62 DO ILAESE 2019

sim, verticalmente sua lucratividade. Este processo faz parte a China não incomode. Sobretudo, pela atuação centralizada
da nova revolução tecnológica que atualmente se desenvol- por meio de suas empresas estatais de capital misto financia-
ve. Tal revolução consiste exatamente em interiorizar parte da pelo Banco Popular da China. Assim, não é a posição atual
da cadeia produtiva em um sistema unificado e automatizado. da China no atual sistema internacional de Estados que cons-
Se a relação dos países imperialistas com a China é con- titui uma ameaça, mas o movimento que realiza. Principal-
flituosa, em que todas medidas implicam em ganhos e perdas mente porque estamos diante da possibilidade de uma nova
por um lado ou por outro, a relação com o Brasil é diferente. revolução industrial: a revolução dita 4.0.
O centro é unicamente sugar uma parcela cada vez maior da O principal problema da batalha tarifária Trump-China
riqueza produzida pelo país de modo a compensar as perdas são as contradições produzidas no interior do próprio Esta-
em outros campos. dos Unidos, e em certa medida da Europa, após décadas de
apologia ao livre comércio entre as nações. Estas contradições
Considerações finais conduzem, dia após dia, ao empobrecimento da classe traba-
Importante dizer, nessas considerações finais, que nenhu- lhadora dos Estados Unidos, cuja fatia de riqueza apropriada
ma análise econômica do capitalismo, e seus múltiplos seto- não é impactada pelas vultosas somas de lucros e recursos que
res, pode levar a conclusões definitivas sobre o seu futuro. migram para o país todos os anos.
A economia capitalista é por definição irracional. Não é ge- No polo oposto, nos países periféricos, as mudanças são
renciada e controlada por ninguém. Não sem razão, as cri- ainda mais drásticas. A facilidade de transporte das merca-
ses econômicas raramente são previstas por quem quer que dorias de tecnologia de ponta e a restauração capitalista na
seja. Além disso, as decisões dos governos, particularmente o China tem reduzido o papel das submetrópoles locais, de base
norte-americano, bem como a luta de classes a nível mundial continental, como o Brasil. Acentua-se o abismo entre os pa-
e local jogam um importante papel em todo processo. Nesse íses centrais e periféricos, cada vez mais dependentes da pro-
sentido, não anunciamos aqui nenhuma conclusão definitiva. dução de matérias-primas e exploração de recursos naturais
Esta conclusão ainda está por ser escrita. de baixo valor agregado. Tanto em um polo, como em outro,
Mas é possível extrair alguns elementos relevantes a res- é a classe trabalhadora que está pagando o preço de todas es-
peito da dinâmica atual do sistema capitalista mundial. Em sas transformações. Nos países periféricos e centrais esta é a
primeiro lugar, não se verifica a tese de que a China repre- única classe que possui interesses em comum diante de todas
senta uma ameaça a dominação capitalista dos Estados Uni- disputas interimperialistas, bem como a força social para fa-
dos. A diferença entre o capital que faz circular os agentes zer este processo tender para outra direção. As cartas estão
de cada uma dessas nações é abismal. Isto não significa que na mesa.
ANUÁRIO ESTATÍSTICO
DO ILAESE 2019 63

ARTIGOS

De volta ao passado colonial:


a desindustrialização do Brasil
Ana Paula Santana

A
decadência da indústria de transformação brasi- mo dividiu os países entre dominados e dominantes. O Brasil
leira e o avanço da agroindústria e da indústria sempre se localizou entre os países dominados.
extrativa minerária para exportação são faces da Uma das características da economia brasileira desde o pe-
mesma moeda. Veremos que nas últimas décadas ríodo colonial e que perdurou até o início do século XX foi
houve um deslocamento das multinacionais que dominavam a produção de produtos primários voltados para exportação.
a indústria de transformação brasileira para países da Ásia. Uma economia de completa dominação e dependência que ao
Ao mesmo tempo, o Brasil está se tornando o maior expor- longo da história se deu por ciclos de exploração: pau-brasil,
tador de produtos primários como minério de ferro e grãos, cana-de-açúcar, ouro, algodão, borracha e café.
como soja e milho. Nesse processo, a participação do país na No período colonial, por exemplo, um Alvará de 05 de ja-
indústria de transformação mundial que já foi de mais de 5% neiro de 1785, da rainha de Portugal, D. Maria I, simplesmen-
(cinco por cento) está hoje em quase 1% (um por cento). te proibia a existência de fábricas e manufaturas no Brasil,
Não é fato simples que estamos diante do menor cresci- facilitando a importação de mercadorias da nascente indús-
mento da indústria de transformação no Brasil ante o cresci- tria inglesa. Naquela época a Inglaterra já exercia um papel
mento vertiginoso do agronegócio para exportação e da in- de dominância político-econômica no mundo e esse é apenas
dústria extrativa minerária. um exemplo da subserviência do país e de como a decisão de
Pretendemos aqui refletir sobre o lugar que o Brasil ocu- se industrializar ou não, conforme será visto, sempre veio dos
pa e o que já ocupou na Divisão Mundial do Trabalho, es- países dominantes. Isso, claro, é característico dos países colo-
pecialmente no processo de industrialização do país e sua nizados, porém, não se pode perder de vista que o país, mes-
dominação pelas multinacionais. Ademais, procuraremos de- mo após a formal independência de 1822, sempre preservou
monstrar, além da questão da soberania nacional, estratégica, as características de dominação, por isso classificamos o Bra-
também o quão refém o país está da situação do comércio in- sil como sendo uma semicolônia.
ternacional. Além disso, questões como remuneração do tra- Dando um salto na história, chegamos aos anos de 1930,
balhador, exploração, crise econômica e distribuição do capi- na República Velha. Ali predominava a política do café com
tal produtivo no PIB, são temas que também serão abordados. leite, onde as oligarquias paulista e mineira revezavam-se na
Por óbvio, este artigo não se propõe a esgotar o tema. presidência da República e que dominou a economia por mais
Como veremos, muito pode ser explorado a partir dos apon- de três décadas. A República Velha foi estremecida com a “re-
tamentos feitos. O objetivo, contudo, é trazer à tona os prin- volução” que levou Getúlio Vargas ao poder. Bom que se diga
cipais pontos desse mecanismo e de seus impactos na econo- que Getúlio contou com o apoio do governo americano. Não
mia brasileira e, principalmente, na vida dos trabalhadores. é à toa que já na década seguinte o capitalismo norte-ameri-
Ademais, vale destacar que o tema realmente merece maiores cano, não satisfeito com seu mercado interno, incentivou um
reflexões já que o governo Bolsonaro já demonstrou que a po- processo de concentração e centralização de capitais em todo
lítica aplicada será de mais destruição, de estímulo ao agrone- o mundo, na forma de empresas multinacionais. Talvez nas-
gócio e às mineradoras. ça aqui uma nova fase da relação entre Brasil como dominado
e Imperialismo, principalmente norte-americano, como do-
A indústria brasileira nasce dominada minante. Relação essa que só poderá ser dissolvida com uma
Como um sistema mundial que reflete a exploração sobre verdadeira revolução.
a grande maioria da população para a apropriação da rique- Voltando aos fatos, durante a Segunda Guerra Mundial,
za produzida para uma minoria de exploradores, o capitalis- Getúlio declara, em um primeiro momento, neutralidade, de-
ANUÁRIO ESTATÍSTICO
64 DO ILAESE 2019

pois chega a flertar com os nazistas, e, por fim, se rende à de um projeto para melhor atender às necessidades da me-
preponderância norte-americana, colocando na guerra uma trópole. Desta forma, a cadeia produtiva nunca foi contro-
força expedicionária com mais de 25 mil homens para a Eu- lada nem mesmo ditada pelos interesses nacionais. A in-
ropa, sendo o único país sul-americano a enviar tropas para dustrialização no Brasil, ao não romper com a dominação
a guerra, deixando então, bem claro seu papel subserviente. estrangeira, foi incompleta e a serviço da dominação das
Ainda durante a guerra é celebrado um acordo onde o Bra- grandes empresas estrangeiras. Os investimentos dos mo-
sil se compromete a adaptar sua indústria às necessidades de nopólios internacionais determinaram o tipo de industria-
guerra dos Estados Unidos, fornecendo, por exemplo, minério lização. E a partir dos anos 90 iniciou-se uma involução da
de ferro e aço para os aliados: assim nasce a Companhia Vale indústria brasileira.
do Rio Doce e a Companhia Siderúrgica Nacional (CSN). Por Esta involução na indústria, chamada de desindustria-
outro lado, a Argentina de Perón, que até então ocupava o lu- lização, pode ser caracterizada como uma situação de per-
gar de submetrópole do imperialismo na América do Sul, não manente desinvestimento, na qual tanto o emprego indus-
manifesta posição contundente a favor dos Estados Unidos na trial como o valor adicionado da indústria se reduzem em
guerra, mantendo posição ambígua. É nesse contexto que os proporção ao emprego total e ao PIB. Ao mesmo tempo, o
Estados Unidos fazem a opção de fazer do Brasil a plataforma que vemos é um crescimento do agronegócio e da indús-
continental de dominação como submetrópole privilegiada, tria extrativa mineral. Por isso, dissemos no início que a
totalmente dominada. expressão deste crescimento e o desmonte da indústria de
O Estado Brasileiro forneceu investimentos para viabili- transformação são faces da mesma moeda. Abre-se um pe-
zar a instalação das indústrias multinacionais, garantindo ríodo de decadência que se prolonga e aprofunda.
infraestrutura necessária para a industrialização do Brasil,
dando condições para a indústria de base, como minera- A alta das commodities mascarou a crise
ção, siderurgia, energia, estradas, portos e petróleo. Na in- e o subdesenvolvimento
dústria extrativa bons exemplos são a CVRD e a Petrobrás Analisar a participação da Indústria de transformação
e na indústria de base, a CSN. A Companhia Siderúrgica no PIB brasileiro nos revela as incongruências que o con-
Nacional (CSN) construída entre os anos de 1942 e 1947 ceito de PIB tenta mascarar, como indicado no primeiro
foi uma empresa de desenvolvimento nacional de extre- artigo deste anuário. No gráfico abaixo vemos que duran-
ma importância no sistema produtivo industrial, uma vez te três décadas (dos anos 1940 aos anos 1980) a indústria
que abastecia as indústrias com matéria-prima, principal- de transformação correspondia à média de 25% (vinte e
mente metais. Nesse processo, também a criação da Petro- cinco por cento) do PIB Nacional. Nos anos de 1995 pas-
brás em 1953 possibilitou um significativo desenvolvimen- sou para 16,8% (dezesseis, vírgula oito por cento) e em
to das indústrias ligadas à produção de gêneros derivados 2018 passa para 11,3% (onze, vírgula três por cento), che-
do petróleo, como borracha sintética, tintas, plásticos, fer- gando ao menor percentual dos últimos 70 anos.
tilizantes e outros.
Prestemos atenção ao fato que as indústrias incentiva-
das pelo Estado brasileiro não atendiam a um projeto de de- Indústria de transformação (% do PIB)
senvolvimento nacional, mas sim a melhor forma de como Brasil, 1948 a 2018
servir ao imperialismo norte-americano. A burguesia brasi-
leira, que já nasce incapaz de investir em setores que preci- 27,3%
28% 26,8%
sam de grande quantidade de capital, colocou toda a econo- 26,2%
mia do país a serviço das grandes empresas multinacionais, 26%

principalmente da indústria automobilística. Assim, se ins- 24% 23,2%

talam no Sudeste do Brasil, nas décadas de 50 e 60, empre- 22%


sas montadoras de veículos como Ford, General Motors e 20%
Volkswagen. O que temos em seguida é uma industrializa- 17,8%
18%
ção dependente, subordinada às multinacionais.
16%
O Estado brasileiro foi incapaz de levar a termo o de-
senvolvimento da indústria nacional e, enquanto nos Esta- 14%

dos Unidos empresas recebiam créditos do Estado, apenas 12% 2018: percentual mais
baixo da história 11,3%
em São Paulo, em 1965, foram fechadas 5.000 (cinco mil) 10%
fábricas. Podemos concluir que o Brasil não completou
1948
1952
1956
1960
1964
1968
1972
1976
1980
1984
1988
1992
1996
2000
2004
2008
2012
2016
2018

seu ciclo pleno de industrialização, já que não desenvol-


veu uma indústria nacional e o que desenvolveu fez parte Fonte: IBGE. Elaboração: Paulo Morceiro para blog Valor Adicionado
ANUÁRIO ESTATÍSTICO
DO ILAESE 2019 65

Essa queda no principal setor do capital produtivo por cento) de participação na economia brasileira em
revela um grave problema na economia e especialmen- 1995, chegando a atingir 4,5% (quatro, vírgula cinco por
te para a classe trabalhadora. Percebemos que, paralela- cento) do PIB em 2012. Fácil é entender que essa queda
mente a isso, há um crescimento expressivo do setor ex- não foi percebida justamente por conta do crescimento
trativo minerário, que saltou de 0,7% (zero, vírgula sete da atividade minerária.

Participação da Indústria de Transformação e da Extrativa Mineral


no PIB brasileiro de 1995 a 2018
20%
17,79%
18%
16,52%
14,48%
16% 13,81%
16,59%
14% 14,97% 12,47%
14,95% 15,27% 12,55%
12%
Indústria de
10% 12,01% 11,31% Transformação
8%

6% 4,55%
3,51% 3,82%
3,72% 2,99%
4%
2,03% 2,46%
0,79% 0,62% 1,38% 1,03% Extrativa
2% 3,33%
Mineral
0%
1996 1998 2000 2002 2004 2006 2008 2010 2012 2014 2016 2018

Fonte: IBGE. Elaboração: ILAESE

Contudo, veja-se que curioso. Em 2015, com a queda A nova localização do Brasil:
do valor da tonelada do minério de ferro no mercado in- sem indústrias, sem empregos!
ternacional, o setor entra em crise. Ora, como a indústria
de transformação já vinha em um declínio constante, o re-
sultado não poderia ser outro senão uma “crise econômi-
ca” no país.
Ou seja, a queda do preço do minério fez vir à tona
algo que estava mascarado. Tinha-se a falsa sensação de
que o país vinha em um processo de crescimento econô-
mico, alardeado e propagandeado pelos governos petistas,
mas que na verdade era falso e efêmero. Os números eram
baseados em uma balança comercial positiva por conta de
venda de commodities (onde o minério está incluído) por
preços altamente favoráveis.
A produção industrial brasileira, como dito, já vinha
em franco declínio e o resultado não poderia ser outro. A destruição da indústria não significa somente o fecha-
Isso tanto é verdade que, tão logo iniciada a retomada do mento generalizado de empresas, significa também o aumen-
crescimento da atividade minerária e mantido o processo to do desemprego e do subemprego.
de declínio da indústria de transformação, não houve cres- Notícia veiculada no jornal Valor Econômico de março de
cimento econômico. 2019, revela estudo recente da Universidade Municipal de São
Portanto, é forçoso concluir que a crise econômica que Caetano do Sul (USCS) em que mostra que o PIB industrial
assola o Brasil, reflexo da crise econômica mundial, é um das sete cidades que compõe a região do ABC caiu 16%. Essa
processo complexo, duradouro e profundo que precisará queda, não se dá porque as empresas estão mudando para
ser constantemente analisado. Analisar e entender para to- outras regiões do país e sim porque há um processo de des-
mar ações, uma vez que a classe dominante joga a conta truição do parque industrial brasileiro, gradativamente desde
para cima da classe trabalhadora. a década de 90. A saída da Ford de São Bernardo do Campo
ANUÁRIO ESTATÍSTICO
66 DO ILAESE 2019

é somente uma expressão deste colapso a que chegou a pro- Ora, suponho que a ministra não sabe o que é soberania
dução industrial no país. Este modelo baseado na dominação alimentar, nem mesmo soberania nacional. Boa parte do povo
das multinacionais também impôs um grande rebaixamento brasileiro passa fome e vive na miséria, e não se trata de ter
de salários e de direitos aos trabalhadores das indústrias. mangas, se trata de, além de ter o que comer, escolher o que
Mas há outra face da desindustrialização que ainda está vai se comer e em que quantidade; acima de tudo não se pre-
por ser revelada. A nova divisão internacional do trabalho ocupar se terá alimento para a próxima refeição. Será que a
impõe às indústrias que permanecem no Brasil, o papel de se- ministra viveria só de mangas? Poderíamos até diversificar o
rem somente revendedoras. O Brasil está estabelecendo no- cardápio para ela e inserir jacas, pau doce, goiabas, amoras,
vas relações comerciais com países da Ásia, principalmen- que temos aos montes no nosso país.
te com a China. Subsetores da indústria como de máquinas Um dos mitos fabricados intencionalmente na época do
e equipamentos e o setor de eletroeletrônicos, nos últimos Brasil Colonial era que manga com leite causava mal-estar. Isso
anos, têm diminuído a produção em suas fábricas e mesmo para impedir que os escravos consumissem leite, já que o leite
assim aumentado o faturamento. E isso tem se dado com o era um alimento bastante raro e caro, exclusivo dos patrões, os
aumento das importações. senhores de engenho. Como eles não queriam que essa precio-
Esse é o papel que caberá à indústria no Brasil: somente sidade fosse consumida por escravos, inventaram e espalharam
comprar o produto dos países asiáticos e repassar aos consu- a lenda, que sobreviveu até hoje. Vamos ver as próximas péro-
midores. Esse novo fenômeno certamente causará mais de- las deste ministério. Talvez apareça com uma destas, já que a
semprego e mais dominação. intenção é nos fazer voltar ao passado colonial.
Voltando ao tema tratado neste ponto, dos males de ser
De volta ao passado colonial um país exportador de produtos primários, podemos con-
Mas há um outro fenômeno nesse processo e não menos cluir que não temos soberania alimentar porque o campo
problemático. está dominado pela produção para exportação e contro-
O Brasil dispõe de amplos recursos naturais, temos um lado por multinacionais. A produção de cana-de-açúcar,
parque agroindustrial e uma produção agrária com alta pro- soja, laranja e outros não é para atender às necessidades
dutividade, mas que não serve a soberania nacional, pois, as- de consumo do país. Quando há uma concentração na pro-
sim como a indústria de transformação, está dominado pelas dução de produtos primários e que são voltados para a ex-
multinacionais. Pensamos que não é a existência da mono- portação, normalmente o que será consumido será ditado
cultura para exportação o problema central do Brasil, e sim pelo capital financeiro internacional. E por isso, diante de
como os lucros dessa operação industrial são distribuídos, toda riqueza nacional, vivemos assombrados com a incoe-
afinal, o campo também está nas mãos das multinacionais. rência da miséria e da fome.
Cinco companhias controlam mais de 70% dos agroquími- Além da concentração das multinacionais no campo, a
cos: Syngenta, Bayer, Basf, Dow e Monsanto e cinco empre- atividade voltada ao agronegócio é mais propensa à informa-
sas controlam 90% do comércio de cereais: Cargill, Marubeni, lidade e os salários são mais rebaixados se compararmos com
Bunge, Archer Daniels Midland e Louis Dreyfus. outros setores. Aqui podemos dizer que o agronegócio, sinô-
A passos largos o país caminha para acabar com o setor nimo de latifúndio, é uma das razões da miséria no campo e
produtor de mercadorias para o consumo interno e se tornar de conflitos pela terra que resultam na matança de milhares
um país em que a produção é voltada para exportação. Expor- de camponeses pobres no país.
tação de matérias primas, commodities, produtos primários! A atividade agropecuária, no nível tecnológico de hoje,
O significado disto? Não há tomada de decisão no mercado exige pouca mão de obra, o que leva à inevitável conclusão de
interno sobre o que será produzido e nenhuma relação da um excesso de oferta da mesma. E aí é que entra aquela má-
produção com as necessidades reais da população brasileira. xima: quanto maior a oferta, menor o preço. Há um enorme
Em entrevista recente, no mês de abril de 2019, a ministra exército industrial de reserva, conjunto de pessoas sem em-
da agricultura, demonstrou bem a posição do Estado brasi- prego ou no subemprego.
leiro, ao manifestar que pouco se importa com o que produ-
zimos ou mesmo com o que comemos. Tereza Cristina dis- Subdesenvolvimento e atraso são as faces da
se: “A agricultura, para países que já tiveram guerra, que já agropecuária e da mineração
passaram fome, para eles é segurança nacional. Nós nunca Os setores extrativo mineral e agropecuário, únicos volta-
tivemos guerra, nós não passamos muita fome, porque nós dos no Brasil majoritariamente para exportação, apresentam
temos manga nas nossas cidades, nós temos um clima tropi- os maiores índices de exploração do país: isto é, menor per-
cal. Então, aqui nós temos miséria, sim. Nós precisamos tirar centual destinado aos salários e benefícios dos trabalhadores
o povo da miséria. Mas esses países têm muito apreço pelos em relação ao montante acumulado pelas empresas. Esse nú-
seus produtores”. mero é, em média, de 10% (dez por cento).
ANUÁRIO ESTATÍSTICO
DO ILAESE 2019 67

Ou seja, se uma dada empresa acumula R$ 10.000.000,00 (dez custos com a produção. Quando comparado ao setor da indús-
milhões de reais) em um dado período, apenas R$ 1.000.000,00 tria de transformação, com as mesmas bases do exemplo ante-
(um milhão de reais) é destinado à remuneração dos trabalha- rior, esse número sobe para 30% (trinta por cento), em média.
dores. Considera-se no exemplo que o valor acumulado se tra- No exemplo acima, então, seriam R$ 3.000.000,00 (três milhões
ta do que a empresa adicionou ao seu capital após descontar os de reais) destinados ao pagamento dos trabalhadores.

2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018

Extrativa Mineral 8,28% 6,90% 7,63% 8,40% 9,17% 15,23% 27,92% 16,02% 8,73%
Agropecuária,
9,58% 9,39% 9,98% 9,40% 9,77% 10,36% 9,43% 10,32% 10,46%
extração vegetal
Indústria de transformação 29,79% 32,32% 35,51% 36,20% 35,90% 33,95% 32,16% 32,59% 34,08%
Fonte: Rais e Caged, IBGE. Elaboração: ILAESE

A partir da análise da tabela acima, o leitor deve estar lor adicionado que é o que se chama de renda da terra. Con-
se perguntando do porquê, no setor extrativo minerário, nos sidera-se que o proprietário da terra ou rentista fundiário se
anos de 2015, 2016 e 2017 haver um aumento do percentu- favorece ainda mais em comparação a outros quando as ca-
al de salários, evoluindo, respectivamente, de 15,23% (quinze, racterísticas naturais da terra são favoráveis, ou seja, quan-
vírgula vinte e três por cento), para 27,92% (vinte e sete, vír- do as terras são férteis, não necessitam de muitos insumos
gula noventa e dois por cento) e caíndo para 16,02% (dezes- para produção, quando há água em abundância e estradas
seis, vírgula dois por cento). Note-se, ainda, que em 2018 o para escoar a produção. Este conjunto de fatores não estão
percentual volta ao patamar normal, na casa de 8,73% (oito, diretamente ligados à exploração do trabalho, mas sim às ca-
vírgula setenta e três por cento). racterísticas da propriedade. É este conjunto de fatores que
O que isso quer dizer? Conforme já dito, em 2015 houve determina a renda da terra, que é um ganho extra, que vai
uma queda no preço da tonelada do minério de ferro no cená- além do valor apropriado dos trabalhadores.
rio internacional. Temporariamente, os ganhos dos empresá- A renda da terra faz aumentar a taxa de lucro daqueles
rios do setor foram afetados, mas tão logo o preço do produto que exploram terrenos mais favoráveis para a mineração, pe-
no mercado internacional aumentou, os ganhos voltaram ao cuária e agricultura, porém não aumenta a renda do traba-
patamar anterior. Importante salientar que a elevação do per- lhador. São as condições mais favoráveis que determinarão
centual de remuneração apresentado nos anos de 2015, 2016 quais propriedades serão exploradas e desta forma quem ob-
e 2017 não significou uma elevação dos salários e benefícios terá maior taxa de lucro em um dado período, assim como a
dos trabalhadores, mas tão somente a redução do montante variação de preço de determinados produtos, pois aí depende
acumulado pelos empresários. das condições naturais da propriedade.
Esse é um importante exemplo que demonstra o quão Como a atividade do agronegócio e da indústria extrati-
atrelado o país está ao mercado internacional. va minerária visa a exportação, consequentemente há uma
Quando voltamos os olhos para a indústria extrativa mine- maior concentração de capital, posto que muito pouco da ri-
rária, há a curiosa coincidência de rebaixamento salarial com a queza gerada com essas atividades fica no país. Então, nesse
indústria agropecuária. Entretanto, os salários nesse setor são cenário há uma menor circulação de riqueza.
estatisticamente maiores e ainda gravados com o emprego for- Conforme será dito mais à frente e detalhado nos rankin-
mal. Um fator fundamental para explicar salários maiores na gs deste anuário, os trabalhadores do setor têm um dos salários
indústria extrativa é a presença da Vale. Com efeito, ela possui mais baixos dentre os salários dos setores do capital produtivo.
um enorme papel, pois era uma empresa estatal que herdou Não bastasse isso, como o produto é voltado ao mercado
toda estrutura de salários e benefícios que até hoje perduram, externo, há uma quebra na cadeia produtiva, não há compra
apesar da política de desmantelamento, parte da desnacionali- dos produtos pelo mercado interno, justamente o contrário
zação da empresa. Sendo assim, os valores referentes aos traba- do que ocorre com a indústria de transformação, voltada ao
lhadores da Vale, empurram a média para cima, não refletindo mercado interno.
a realidade do conjunto dos trabalhadores do setor. Para exemplificar o que queremos dizer, tomemos uma fá-
Há ainda algumas particularidades que a agropecuária e a brica de eletrodomésticos: aqueles lotes de produtos fabrica-
mineração carregam, que devem ser consideradas. dos vão para uma transportadora, que por sua vez entrega-
Esses setores, no que toca à exploração, possuem outra rão em uma loja de eletrodomésticos, onde seu proprietário
característica em comum. Além da mais valia, há outro va- empregará um certo número de empregados. Esses eletrodo-
ANUÁRIO ESTATÍSTICO
68 DO ILAESE 2019

mésticos são vendidos a um conjunto de pessoas, fechando o O que fica no Brasil dessa riqueza extraída em enormes
ciclo da mercadoria. Veja-se que há uma cadeia de distribui- proporções? Muito pouco ou quase nada. Aliás, o excesso da
ção e geração de riqueza. Fácil é entender que quando se tra- produção na mineração gera crimes como o que a Vale come-
ta de exportações esse ciclo simplesmente inexiste, gerando teu em Brumadinho, sendo o maior acidente de trabalho am-
menos riqueza. pliado de nossa história recente. Ceifou a vida de mais de tre-
Tomemos agora o caso da CSN, já citada aqui, como uma zentos trabalhadores, deixando um rastro de lama que além
das empresas nacionais que cumpriu importante papel na in- de gerar medo constante nas pessoas que vivem no entorno
dustrialização brasileira. A CSN foi privatizada em 1993, ain- de áreas de mineração, ainda destrói de forma irrecuperável
da por Itamar Franco. A promessa era transformá-la em uma os rios, fauna e flora local.
empresa mais rentável, geradora de mais empregos, alavan- É exatamente esse conjunto de fatores elencados que con-
cando a economia. Importante citar esse exemplo, pois nesse figura um país dominado como é o Brasil na atual hierarquia
momento, o plano do governo Bolsonaro e do ministro Paulo de dominação, ou seja, o imperialismo. Mas ainda há um capí-
Guedes é privatizar todas as estatais. Não podemos mais ter tulo repetido, porém recente, que precisamos tocar: o acordo
ilusões sobre isso! Qual foi o resultado com a privatização da do Mercosul/União Europeia.
CSN? Terceirização, rebaixamento de salários e aumento de
crimes ambientas. O que nos revela o acordo do
Além disso, a CSN é um caso exemplar de reprimariza- Mercosul/União Europeia?
ção da economia brasileira. Como isso aconteceu? Retirou-se Muito tem sido propagado na grande imprensa sobre o
o espaço da siderurgia, de alto valor agregado e concentrou acordo comercial entre o Mercosul e a União Europeia. Algu-
na mineração, voltada para exportação de minério bruto. O mas reflexões que reforçam a compreensão sobre a desindus-
ciclo produtivo é simples: 70% do aço produzido na empresa, trialização do Brasil são necessárias, principalmente por con-
alimenta o mercado interno, principalmente o setor automo- ta de sua contemporaneidade.
bilístico, dominado pelas multinacionais. Quanto ao minério O mencionado tratado vem sendo negociado a pelo me-
de ferro, a CSN vende o minério bruto e nós compramos no nos 20 (vinte) anos, tendo seu início no governo FHC na déca-
mercado internacional produtos industrializados mais caros. da dos anos 1990. Então, pergunta-se o porquê de, de repente,
a sua assinatura.
Venda do minério de ferro Temos algumas respostas possíveis:
Há uma intensa guerra comercial entre a China e os Esta-
dos Unidos. Com isso, os Estados Unidos vem se protegendo,
colocando barreiras tarifárias aos produtos chineses. Para se
85,36% 14,64% ter uma ideia dessa realidade, basta ver que no dia 1º de agos-
to de 2019 o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump,
afirmou que vai taxar em 10% (dez por cento), a partir de 1º
de setembro de 2019, US$ 300 bilhões em produtos remanes-
centes importados da China.
A China, diante desse cenário constante de guerra tarifá-
ria, busca a União Europeia como um mercado para seus pro-
dutos. Por sua vez, a União Europeia vê-se numa “saia jus-
ta”, posto que encontra um concorrente muito forte para seus
produtos. Nesse cenário, o Mercosul surge como um “porto
seguro” para escoar ao menos parte dos produtos europeus.
Outra resposta plausível é a queda da venda de automó-
veis novos na Europa. Ora, diante desse cenário, além do des-
Mercado externo Mercado interno
monte das fábricas no Brasil, pode ser muito mais interes-
sante para eles, como temos já indícios, que os brasileiros
Fonte: CSN. Elaboração: ILAESE importem o produto da matriz, com a justificativa de que ha-
verá um barateamento do preço com a queda da tributação
O gráfico acima mostra a divisão das vendas do miné- que hoje é elevadíssima.
rio de ferro para o mercado interno e para o mercado ex- Feitas essas considerações, importante indagar se, de fato
terno na CSN no ano de 2017. Como se vê a CSN está a esse acordo é uma boa notícia para os brasileiros. Se formos
mercê do mercado externo, produzindo matéria prima que raciocinar dentro da perspectiva do que temos debatido até
será incrementada e valorizada nos países estrangeiros. aqui, veremos que a aliança entre Mercosul e União Europeia
ANUÁRIO ESTATÍSTICO
DO ILAESE 2019 69

não é necessariamente algo que mereça comemorações. Ob- tivemos oportunidade de sustentar até aqui.
viamente, isso depende também do que se pensa e se espera Esses são pontos que merecem a reflexão de todos. En-
de um projeto de país em termos político-econômicos. tão pergunta-se: que tipo de economia isso gera? Que tipo
Vejamos então. A motivação colocada acima cai como de crescimento? Gera emprego ou retira emprego? Quem vai
mão à luva com o que temos debatido sobre desindustrializa- ser beneficiado?
ção. Ora, se o país está num processo agudo e crescente de de- Podemos concluir que a fragilização da indústria de trans-
sindustrialização, o tratado anunciado simplesmente encerra formação brasileira pode fazer com que a concorrência euro-
qualquer perspectiva de retomada de um processo de indus- peia passe despercebida. Mas esse acordo, eleva ainda mais a
trialização. O terreno fica pronto para recebermos os produ- fragilização estrutural e representa um passo maior no cami-
tos industrializados europeus, o que já é bastante coisa. nho para acabar de vez com desenvolvimento industrial. Os
Sob uma outra perspectiva, as bases também ficam pron- ganhos imediatos que se pode ter, vendendo ainda mais com-
tas para que o Brasil forneça aos Europeus o que eles neces- modities em troca da ampliação do desmantelamento do setor
sitam: matéria prima. Ou seja, privilegia-se o agronegócio e a produtivo, pode gerar a mesma falsa sensação de crescimento
indústria extrativa minerária. que identificamos com a comparação do crescimento da indús-
Feitas essas considerações, será que seria esse mesmo o tria extrativa minerária e da indústria de transformação.
modelo de país que gostaríamos? Veja que esse modelo, ine- Como já dissemos, há um fenômeno que tem crescido no
vitavelmente, privilegia o latifúndio e as monoculturas. Es- Brasil. Algumas fábricas já compram máquinas e equipamen-
tes, por sua vez, trazem consigo menos postos de trabalho e, tos da Europa, principalmente da Alemanha (mas também da
para os que trabalham no setor, salários rebaixados e péssi- China) e apenas revendem produtos industrializados estran-
mas condições de vida. Significa, ainda, concentração do ca- geiros para o mercado interno. É de fato um retorno incre-
pital, que não circula e não gera riqueza para o país, como já mentado ao passado colonial!

ENTREVISTA

“Já não tem mais fábricas,


parece mais museu”
Entrevistamos Josias de Oliveira Neto, nascido em São José dos Campos. Montador de
automóveis da General Motors de 1976 a 2000, foi dirigente sindical entre os anos 1989 e 2000,
quando passou a organizar os trabalhadores aposentados. Hoje, aos 70 anos, é diretor da
Associação Democrática dos Aposentados do Vale do Paraíba – ADMAP.

Ana Paula: São José dos Campos é a cidade Polo da (fábrica de produtos alimentícios), lá tinha, dentro da fábri-
região do Vale do Paraíba, região de mais de dois ca, três chefes que batia no peão lá dentro. Era muita pres-
milhões de habitantes. Polo industrial e tecnológico, são, mas era fácil sair de uma fábrica e entrar na outra. A
que abriga empresas multinacionais como a General gente tinha emprego, então vivíamos melhor. Eu mesmo,
Motors e de alta tecnologia como a EMBRAER, além antes de ir para a GM, trabalhei na Alpargatas, que produ-
de centros de pesquisa, incubadoras e universidades zia calçados, na Ericsson e na Bund.
como o ITA. Tinha muita produção e emprego na metalúrgica, na
Conta para a gente como era a cidade de São José dos construção civil, nas redes de produtos alimentícios. Ti-
Campos nos anos 70? nha fábricas de calçados, como a Alpargatas que chega-
vam a ter mais de seis mil trabalhadores. Na década de 70
JOSIAS: A cidade era pequena, mas existia muito em- para cá começou a chegar as grandes indústrias. Eu mes-
prego. Apesar da pressão que existia nas fábricas, pois vi- mo, tudo que construí na minha vida, foi com as indeni-
venciamos uma ditadura militar, tínhamos emprego e a gen- zações de quando saía de uma fábrica e ia para outra. Foi
te podia escolher. Eu trabalhei por exemplo no Matarazzo assim que construí o que tenho hoje. Quando eu entrei na
ANUÁRIO ESTATÍSTICO
70 DO ILAESE 2019

GM, por exemplo, eu tinha sido chamado para a EMBRA-


ER e para a Engesa e escolhi a GM. Tinha mais de uma
oferta de posto de trabalho.

Ana Paula: Sabemos que ao longo dos últimos


cinquenta anos há uma mudança no modo de
produção. Como era organizada a produção dentro das
fábricas? Como era o maquinário?

JOSIAS: Na década de 70, o maquinário era muito obso-


leto, usava muito trabalho braçal e quase tudo era manual,
inclusive muitos trabalhadores deste período desenvolveram
doenças como a ortomoleculares. Com a modernização na
década de 80, a situação para os trabalhadores não melhorou,
porque a máquina que ditava o ritmo, então o ritmo era mais
acelerado. O que ajudou na década de 80 quanto ao ritmo e
forma de trabalho foi a organização do movimento sindical,
que impunha limites.
A pressão nas fábricas era ainda forte, a forma que tratava JOSIAS: A GM, que era onde eu trabalhava, era uma cidade,
quem não entrava na linha era no tapa. Muitos trabalhadores a gente tinha que rodar dentro da fábrica de ônibus, era uma fá-
que discordavam e questionavam eram chamados para uma brica muito grande, que produzia quase todas as peças do carro.
salinha e lá três capatazes fortes intimidavam e espancavam Quase tudo era produzido lá dentro, o parafuso, a biela, o cabe-
os trabalhadores. O movimento sindical começou a crescer, e çote, o eixo de comando. Hoje empresas como a GM, a Volks, são
aí tinha denúncias, tinha imprensa, tinha movimento que fez somente montadoras e as peças acabam vindo de fora. Por um
esses espancamentos diminuir. tempo, depois que deixou de fabricar as peças dentro da própria
A modernização não facilitou a vida de ninguém, pelo empresa, ainda se terceirizava para fábricas menores da região.
contrário, trabalhávamos mais e alguns perdiam emprego. Hoje não é mais assim, vem quase tudo de fora.
Por exemplo, na GM eu trabalhei no setor das prensas, que ti- O sistema capitalista começou a descentralizar as fábricas,
nha umas dez linhas que trabalhavam umas 40 pessoas. Com além de diminuir o número de trabalhadores em uma mesma
os robôs controlando, ficou somente quatro linhas e uma pes- fábrica, esses trabalhadores não conseguem ver o processo
soa em cada ponta, isso significa que os empregos foram em- completo de produção. Foi uma forma que encontraram para
bora. Mas neste período ainda tinha emprego, até a década de aumentar os lucros, criaram banco de horas, participação nos
90, quem saia de uma grande fábrica tinha como ir para as fá- lucros, o discurso era de mais produtividade e nós não víamos
bricas menores. São José era um celeiro de empregos, a situ- o processo produtivo completo. Também, na minha opinião,
ação de vida era boa. essa nova forma de organização do trabalho afetou a organi-
A partir dos anos 90 começa a fechar fábricas. A Kodak zação dos trabalhadores, ficamos mais dispersos e menos or-
fechou, o Matarazzo e a Ericsson se resumiram a quase nada, ganizados. Uma vez eu visitei a Volks, era uma coisa bonita,
a própria GM que antes tinha quinze mil trabalhadores dire- mais de quarenta mil trabalhadores, na porta da fábrica ven-
tos, sem contar os terceirizados, hoje tem só uns quatro mil. dia de tudo, era uma festa a hora da saída, os trabalhadores
Não somos contra a tecnologia, mas queremos que a paravam, conversam, um sabia da vida do outro, então podia
tecnologia sirva para que os trabalhadores tenham melho- praticar a solidariedade e também se organizar para melhores
res condições de vida. Se gastamos menos tempo para pro- condições de trabalho.
duzir mais, então deveríamos trabalhar menos horas, ter
mais tempo disponível para lazer, para conviver com a fa- Neste momento entrou na sala uma trabalhadora do setor
mília. Mas não é isso que acontece. Apesar da moderniza- de eletroeletrônicos, Janaina dos Reis, hoje dirigente da CSP
ção, o ritmo é muito acelerado, isso causa mais acidentes e Conlutas e entrou no bate papo, explicando que nas fábricas do
doenças do trabalho. setor de eletroeletrônicos também aconteceu essa mesma mu-
dança na forma de produção.
Ana Paula: Como você disse, as maiores fábricas
viraram um museu. Se você fosse comparar essas JANAINA: Na Philips tudo era feito na planta, um exem-
fábricas nos anos 70 com o que são nos dias de hoje, o plo são os monitores e defletoras que é o canhão que vai den-
que você pontuaria? tro da televisão para refletir a imagem. A tela, os componen-
ANUÁRIO ESTATÍSTICO
DO ILAESE 2019 71

tes, o enegrecimento de cones metálicos (cones que eram de dois salários-mínimos. Em uma cidade como essa, que o
usados no tubo da televisão para tornar o aparelho inoxidá- custo de vida é alto, não dá para arcar com todas as despesas
vel) tudo era feito dentro da mesma planta. Até 1995, boa par- com dois salários. O pessoal está deixando de comer, por isso
te desse processo produtivo era feito no mesmo polo, foi nes- os supermercados estão fechando, o povo está vivendo pior.
se período que fechou o setor de produção de monitores. A Antes não tinha na cidade pessoas pedindo nas ruas, agora
partir dos anos 2000, a Philips passa a importar todos os ma- todo lugar nós vemos alguém pedindo, pessoas morando nas
teriais, tudo já vem pronto e algumas peças montadas, o anel ruas, trabalhadores que foram demitidos da EMBRAER estão
que ia no tubo já vinha com as braçadeiras, antes era soldado indo trabalhar de UBER.
dentro da fábrica. Se for analisar, a Philips deixa de ser uma É muito triste para nós, aposentados, que vivemos um pe-
produtora de televisão e passa a ser uma montadora. Os co- ríodo que tinha empregos na cidade, que conseguíamos com-
nes que era um produto nacional passou a ser importado da prar nossa casa, ver hoje o povo vivendo dessa maneira. E
Holanda. Nos anos finais da Philips era só colocar a tela na sabemos que ainda as condições para os aposentados podem
embalagem, não tinha mais o produzir, o que restou também piorar. Os aposentados estão assustados de ver os lugares
foi terceirizado. onde trabalhavam virando museus e os mais jovens não sa-
O mais impactante foi o fechamento da fábrica, que deixou bem onde vão trabalhar.
de existir no Sudeste e nos outros lugares do Brasil, deixando A classe trabalhadora não tem fronteiras, não teria pro-
uma planta, praticamente uma portinha em Manaus. A Philips blema se não tivesse indústria aqui, contando que tivesse uma
passou a importar televisores da China e da Índia prontos e so- forma planificada mundial de organização da economia. O
mente colocar a etiqueta e a embalagem, isto desde 2007. problema é que quando ficamos sem indústria, acaba os em-
pregos e ficamos reféns do que o capital financeiro quer que
Ana Paula: Após o fechamento de várias fábricas na a gente compre.
região como ficou as condições de vida da população? Em Taubaté, a LG fechou o setor de linha branca este mês
(07/2019) e 70 pessoas ficaram sem emprego. Me dói ver a
JOSIAS: Na zona sul de São José dos Campos, tinha mui- EMBRAER que era uma empresa que tínhamos orgulho, de
tas fábricas pequenas que forneciam peças para as multina- tecnologia nacional, ser entregue como foi.
cionais, isso a partir da década de 90, quando foi descentrali- Também na organização sindical, enfrentamos proble-
zando e terceirizando o trabalho. Hoje esse lugar é quase um mas, porque com todo esse desemprego e falta de fábricas,
deserto, poucos trabalhadores, vários restaurantes fecharam, ficamos mais dispersos. Temos que nos unir, temos que ter
supermercados da região fecharam. uma saída que resolva de vez um caminho para o Brasil, que
Antes quem trabalhava nessas fábricas pequenas tinham é um país rico, mas que o povo é pobre por causa da ganância
como viver, tinham salários que ainda dava para pagar um dos patrões e da falta de políticas do Estado. Todos os gover-
aluguel. Hoje, quem trabalha nas empresas maiores, por nos sempre deram dinheiro para as multinacionais e sufoca-
exemplo, na própria GM estão sendo admitidos com menos ram os pequenos empresários que são do país.
ANUÁRIO ESTATÍSTICO
72 DO ILAESE 2019

ENTREVISTA
“O maior impacto para os trabalhadores
foi o medo do desemprego.”
Conversamos com Valério Vieira dos Santos, 59 anos, vive na região de Mariana, Minas Gerais e atua junto
aos sindicatos de trabalhadores da região da mineração dos Inconfidentes – MG, desde 1989. Técnico em
eletrônica trabalhou na Vale desde o inicio do projeto da Mina de Timbopeba na década de 80. Foi presidente
do Metabase Inconfidentes por seis anos e hoje é vice-presidente desta mesma entidade.

ILAESE: Quando afirmamos que a predominância


da produção do setor extrativo minerário é para a
exportação, isso significa que pouco da riqueza fica
no lugar de onde é extraído o minério. Como você
vê esse impacto nas cidades em que se instalam
mineradoras, do ponto de vista do povo das cidades
e dos trabalhadores do setor?

VALÉRIO: Esta pergunta me vem a cabeça dois mo-


mentos distintos que exemplifica bem os malefícios da
produção quando é toda voltada para a exportação. Veja o
caso da Vale, que foi privatizada em 1997 e é quando alte-
ra todas as condições de trabalhadores e a relação da em-
presa com os municípios onde se instalava. Até 1997, não
que era um sonho, uma maravilha trabalhar na Vale, mas a
empresa tinha uma visão mais nacionalista. Se olhar o lu-
cro da Vale na década de 80 e até a privatização em 1997,
não eram lucros exorbitantes como hoje, mas os resultados
são muito parecidos. Ao mesmo tempo que lucrava mui-
to, também investia no povo e na qualidade de vida das
cidades mineradoras, de certa forma ela trazia desenvol-
vimento para as cidades. Ao ser privatizada toda essa ló-
gica mudou muito e predominou a filosofia de lucro pelo exemplo, no bairro jardim dos inconfidentes, as casas e o
lucro, para beneficiar os acionistas, que eram estrangeiros. bairro foram todas construídas por uma fundação chama-
O controle acionário da empresa passou a ser feito pelos da Vale do Rio Doce. Tinha uma fundação voltada para
grandes bancos internacionais. Como havia uma delimita- criar, desenvolver e implementar projetos que previam as-
ção política da empresa e do próprio sistema, o lucro passa faltamento, saneamento básico, iluminação, etc. Os bairros
a ser todo remetido ao exterior, a situação foi só piorando tinham projetos arquitetônicos agradáveis para os traba-
tanto quanto as condições de trabalho como as condições lhadores. Entregava-se bairros de qualidade dentro das ci-
de vida das cidades. Chegamos ao ponto que é hoje e como dades. Isso se deu em Mariana, em Itabira e outros locais
o reflexo mais claro os crimes que foram cometidos pela do país, como Carajás no Pará. Concluímos que em algum
Samarco em Mariana/ Bento Rodrigues e pela Vale em momento com uma política que não era de extrair tudo, as
Brumadinho que são frutos de uma política consciente de cidades também recebiam investimentos. Vemos por esse
ir na contramão dos interesses dos trabalhadores e das co- exemplo que há diferença quando uma empresa é admi-
munidades vizinhas da mineração. nistrada pelo Estado, ela dava mais valor aos aspectos so-
Antes da privatização da Vale se tinha uma maior pre- ciais e ambientais. Isso refletia na relação que os trabalha-
ocupação com as cidades. O exemplo que eu gosto de ci- dores tinham com a empresa, que era de um certo ‘afeto’.
tar são as vilas operárias. Essa região onde estamos, por Quando falamos para os trabalhadores que a privatização
ANUÁRIO ESTATÍSTICO
DO ILAESE 2019 73

iria mudar tudo isso, aumentando a exploração das cidades moradores do entorno das minas. Ela está somente aguar-
e dos trabalhadores, alguns não acreditaram. Hoje vemos dando para voltar a produzir nos mesmos níveis de antes
que os salários diminuíram drasticamente, os salários da deste crime, porque houve uma ameaça de perder acionis-
Vale já se aproximam a média da indústria, além disto não tas estrangeiros importantes e ela quer deixar parecer que
há nenhum investimento nas cidades e as cidades ficam re- está reformulando sua forma de trabalhar.
féns da atividade de mineração. Neste cenário, ganhamos a estabilidade dos trabalhado-
res da Vale até abril de 2020, o que é importante para nos-
ILAESE: Em 25 de janeiro de 2019, vimos o maior sa luta. Mas o que vai ser depois de abril? Será o que a Vale
crime ambiental e o maior acidente de trabalho vai fazer? Todas essas questões nos remetem ao futuro de
ampliado da história do nosso país. O curioso é Minas Gerais, que infelizmente não vejo com bons olhos. A
que esse crime, chamado de acidentes por muitos, produção do minério em Minas Gerais tem caído há quase
se deu quando a produtividade do setor extrativo uma década e essa região que é dependente da mineração,
minerário, especialmente das minas onde a que os postos de emprego são da mineração e a economia
Vale estava explorando na região aumentou. gira em torno desta atividade, padecerá ainda mais. A região
Nos explique como isso se dá: quanto maior a afetada pelo crime que a Vale cometeu em janeiro de 2019
produtividade, maiores as probabilidades de em Brumadinho, só retoma, e se retomar ,próximo a abril de
acontecer crimes? 2020, que é o vencimento da estabilidade dos trabalhadores.
Poderá haver uma transição de produção da região sudeste
VALÉRIO: Veja o que acontece, a empresa minerado- para o norte do Brasil. Então, os trabalhadores e o povo de
ra escolhe a região que vai explorar e muitas vezes compra Minas Gerais poderão ficar somente com os buracos, a de-
de empresas menores com instalações obsoletas e ultra- vastação dos recursos naturais, a destruição dos rios e as lá-
passadas, com barragens construídas para sustentar uma grimas por aqueles que se foram.
produção muito menor do que acontece de fato, e aí não Existe ainda uma dinâmica do mercado mundial que
faz nenhum investimento. Aumentam exponencialmente indica redução do consumo de minério de ferro, fruto da
a produção nesses locais, sem se preocupar em estruturar guerra comercial dos Estados Unidos com a China e a re-
a mina para esse aumento de produtividade. Não há com- tração da economia. Associando essas questões do merca-
promisso com as comunidades do entorno, não há políticas do mundial, que o Brasil sempre ficará refém, com a bus-
sérias de segurança e isso é um risco calculado por essas ca de lugares onde se produz a mais baixo custo dentro do
empresas. Há um descuido com a manutenção das barra- país, poderá haver uma concentração de produção para lo-
gens e há falta de equipamentos de segurança, os traba- cais como Carajás no Pará.
lhadores não tem tempo para olhar sua própria segurança
pois é exigido sempre mais produtividade. ILAESE: Com a crise do preço da tonelada do
O município de Bento Rodrigues, atingido pelo crime minério no mercado mundial em 2015, qual foi
em 2015, foi destruído, até hoje os moradores dali sofrem impacto para os trabalhadores?
consequências deste crime. De 2007 a 2015, a Vale vinha
ampliando a produção da Samarco com uma estrutura não VALÉRIO: O maior impacto para os trabalhadores foi
preparada para esse aumento de produção. E após tudo o medo do desemprego. As cidades mineradoras tem uma
isso acontecer, a Vale está agora com uma conversa de que economia dependente da mineração. De se contar, que ain-
o futuro vai ser muito bom para os trabalhadores, porque da onde está a Vale tem salários e benefícios maiores, po-
vai instalar caminhões autônomos, aqueles que não preci- rém o medo paira quando diminui a produção. O segundo
sam de motoristas. efeito foi o próprio desemprego. Me lembro de que nesta
época muitos trabalhadores de Timbopeba foram transfe-
ILAESE: Após o crime que a Vale cometeu em ridos para o Norte do País, em Carajás, onde a extração do
Brumadinho e após toda a cobertura de imprensa e minério é mais fácil. É comum, em momentos de maior cri-
mobilização da sociedade, poderá haver uma mudança se que a Vale concentre mais trabalhadores naquela região.
na forma de exploração do minério pela Vale? Lá os salários são menores dos que os da Região Sudeste e
a extração é mais fácil.
VALÉRIO: Eu acredito que a Vale não mudou sua es- A Vale sabia que não voltaria às mesmas condições de
tratégia e não mudará sua forma de trabalhar. Mesmo após produção na região dos Inconfidentes, então transferiu mais
esses crimes e todo clamor social, ele fez apenas uma reti- trabalhadores para Carajás, e aqui se manteve um número
rada de cena para voltar a atuar da mesma forma, sem ne- de trabalhadores diretos. Muitos destes trabalhadores já re-
nhuma garantia de segurança para a população e para a os tornaram, porém fica sempre a incerteza do que será.
ANUÁRIO ESTATÍSTICO
74 DO ILAESE 2019

ARTIGOS

Dívida pública: parte da


engrenagem que faz o
capitalismo funcionar
Ana Godoi

N
o período mais recente, vimos aumentar notícias e alidade e levam a conclusões que mistificam as relações e aca-
informações sobre a dívida do Brasil e dos estados bam por reforçar a lógica da exploração de nossa sociedade.
que compõe a federação. O debate sobre a dívida Se tomarmos os dados fornecidos pela União e observar-
pública tornou-se intenso no interior da socieda- mos aqueles referentes as despesas, perceberemos que é ver-
de, uma vez que houve um aumento substancial em seu valor. dade a afirmação de que metade do orçamento é destinado ao
Assim, seja para demonstrar a riqueza apropriada por bancos, pagamento da dívida.
seja para defendê-la como entrave ao desenvolvimento, a dí-
vida aparece no interior das análises econômicas e é um fator Despesas com a Dívida Pública
decisivo para determinar quais políticas a serem implementa- e demais despesas da União em 2018
das. Isso porque existe um senso comum entre os especialistas
de que é preciso controlar a dívida, pois sem isso os problemas 40,93% 59,07%
econômicos se aprofundariam.
No que diz respeito ao campo de defesa do trabalhador,
todo o debate sobre a dívida pública centra-se em seu aspec-
to mais nefasto: o roubo da riqueza de nosso país pela ini-
ciativa privada, em especial os bancos estrangeiros. A dívida R$1,08 Tri R$1,558 Tri
pública assumiu patamares altíssimos e parte significativa da
arrecadação da União, aproximadamente 50% do orçamento,
é destinada ao seu pagamento. Quem recebe esse valor são,
principalmente, bancos que detêm os títulos da dívida e as-
sim, levam embora a riqueza produzida pelo trabalhador, ao
invés desta servir para melhorar a saúde, a educação e tantos Despesas TOTAIS com
Demais despesas
outros aspectos da vida dos brasileiros. E como resolveríamos pagamento da Dívida Pública
esse problema? Simples! Tomando medidas políticas para que
esse dinheiro não fosse parar nas mãos dos banqueiros, afinal Fonte: Tesouro Nacional. Despesas Liquidadas. Elaboração: ILAESE
quem gere o orçamento são os políticos.
Isso porque existe atualmente uma tendência a compreen- Mas o que essa análise desconsidera é que tudo no capi-
der o desenvolvimento político, a partir da atuação do Estado, talismo se conecta. O Estado é parte constitutiva do sistema
como um aspecto autônomo da realidade e, com isso, conse- econômico e não é uma bolha autônoma. A primeira coisa
quentemente, a dívida pública, atividade financeira do Estado, que precisamos ter clareza é de que tudo no capitalismo se
também seria autônoma frente ao restante da economia. O relaciona. Não existem esferas autônomas, com regras e di-
desdobramento desse raciocínio: é possível administrar a dí- nâmicas próprias. Tudo dentro de nossa sociedade existe com
vida ou mesmo extingui-la desde que exista vontade política. um fim: a acumulação de riquezas das empresas individuais.
O grande problema é que essas inferências longe estão da re- Mesmo que por natureza essa forma de organização da socie-
ANUÁRIO ESTATÍSTICO
DO ILAESE 2019 75

dade seja irracional e contraditória, seu processo de desenvol- Divisão das receitas de União em 2018
vimento visa a acumulação de riquezas via produção e venda
de mercadorias
E como o Estado se relaciona com todo esse processo? A
principal instituição, dentre as existentes, é o Estado. O Es-
51,21% 19,69%
tado garante um padrão monetário (a moeda), como o dólar R$1.384,28 Bi R$532,27 Bi
ou real, que seja aceito por vendedores e compradores, regu-
la a concorrência entre as empresas, dentre inúmeras outras
funções. O que queremos dizer é que a existência do Estado
garante que os pressupostos do capitalismo existam e se re-
produzam, fazendo com que toda essa engrenagem funcione.
Assim, diferente de sua forma aparêncial, autônoma e inde-
pendente, o Estado está submetido as leis do capital e é parte 29,10%
constitutiva desse processo. R$786,58 Bi
Portanto, recolocar o debate da dívida nos marcos da crise
que assola o nosso país e o mundo é fundamental. Para com- Receitas Refinanciamento Receitas
preendermos a atual conjuntura brasileira, os rumos de nossa Correntes da Dívida de Capital
economia e ao mesmo tempo, sabermos porque dos ataques
perpetrados pelo governo é preciso recolocar as peças no lu- Fonte: Tesouro Nacional. Despesas Liquidadas. Elaboração: ILAESE
gar, analisando a articulação da esfera política com a esfera
econômica. Precisamos encontrar os elementos objetivos que tas provenientes da dívida não ultrapassem aquelas oriundas
ditam o tom das decisões subjetivas. das arrecadações correntes
Os anos 2000 representaram para o Brasil um momento
A crise econômica e a dívida de crescimento econômico alavancado pelo salto das commo-
Precisamos olhar então para todos os aspectos da dívida. dities no mercado internacional. Assim, entre os anos de 2007
Para além das despesas com ela, ou seja, os gastos com seu a 2013 a arrecadação foi significativa e a fatia proveniente das
pagamento, existem as receitas da dívida. Óbvio! Afinal, um receitas primárias superou com folga aquelas provenientes da
dos motivos da sua existência é decorrência da necessidade própria dívida. Durante os governos petistas, houve um gran-
de gerar recursos para a União. Mas é preciso reafirmar o ób- de alarde sobre o pagamento da dívida externa e como essa
vio, uma vez que ele foi apagado dos debates correntes e traz vitória colocava o Brasil em um novo patamar de desenvolvi-
consequências importantes para a reflexão sobre o Estado. mento. Nada mais falso. Não entraremos aqui nas especifici-
Assim, no mecanismo da dívida, existe entrada de recursos dades do que foi o governo do PT, uma vez que este anuário
que se associam tanto a venda dos títulos da dívida – princi- aborda o tema1. O país viveu um período de superavit primá-
pal fonte do endividamento interno –, quanto do refinancia- rio que foi usado pelos governos do PT para fazer propagan-
mento da dívida, ou seja, ao ser renegociada, com os portado- da, pois graças a essa fatia o governo quitou parte da dívida
res dos títulos já existentes, é possível arrecadar recursos em externa e anunciou que o Brasil não devia mais ao FMI.
função dessa renegociação. Todo esse mecanismo de entrada Mas percebam que a dívida não desapareceu. O que o go-
e saída de recursos via dívida pública é o que os economistas verno fez foi trocar a dívida externa, com empréstimos dire-
chamam de rolagem da dívida. tos aos grandes fundos estrangeiros, contraídas em dólar, pela
Se fizermos uma análise cuidadosa perceberemos que as dívida interna, a partir da venda de títulos da dívida, sendo
receitas provenientes da dívida representam uma fatia impor- essa contraída na moeda local, no caso o real. O curioso des-
tante da receita total do Estado. sa movimentação financeira é que ela gera uma falsa autono-
Importante notar que, além da receita oriunda do refi- mia. O governo diz que ele agora não mais segue a cartilha do
nanciamento da dívida, quase toda receita de capital também FMI ou dos grandes bancos internacionais, uma vez que não
tem sua origem no endividamento público. Aproximadamen- está atrelado as imposições políticas das instituições financei-
te metade da receita da União vem das arrecadações corren- ras. No entanto, quem compra os títulos da dívida são gran-
tes e a outra metade vem das arrecadações financeiras, ou des investidores, ligados aos grandes bancos e conglomera-
seja, venda dos títulos e da renegociação da dívida. E a saúde dos internacionais. E precisamos honrar o pagamento desses
da economia brasileira, segundo a avaliação dos economistas títulos e de seus juros elevadíssimos. Ou seja, nossa política
correntes, encontra-se na tentativa de fazer com que as recei- continua subordinada aos interesse internacionais.

1. O artigo de Nazareno Godeiro, intitulado O legado do PT no governo (2003-2016): um balanço em perspectiva histórica, aborda esse debate.
ANUÁRIO ESTATÍSTICO
76 DO ILAESE 2019

E mais. Analisando os dados, fica claro a importância da Assim, a partir de 2014, momento em que a crise econô-
existência da dívida para a manutenção do próprio Estado. O mica atinge mais profundamente o Brasil, a receita sofre uma
mecanismo de geração de receita via empréstimo é respon- queda abrupta e segue em queda desde então.
sável por quase metade da receita brasileira. Ou seja, esse ci-
clo, além de estabelecer relações com o capital internacional, Resultado primário do setor público
é responsável pela manutenção do Estado. Por isso, a dívida (em % do PIB)
não desaparece.
4,5% 3,69% 3,74%

4,0% 3,23% 3,24% 3,33%


Receitas e despesas primárias 2,94%
do governo central 3,5%
3,19% 3,20%

(em bilhões de reais) 3,0%


2,23%
2,62%
1.351,76 2,5%
1.400 1,77%
2,0% 1,95%
1.200
1,5%
997,08 1.227,51
1.000 1,5%

0,5%
800 924,92
618,44 0
600
-0,5%
400 299,20 579,00 -0,59%
2002

2003

2004

2005

2006

2007

2008

2009

2010

2011

2012

2013

2014
200
260,12
0 Fonte: Banco Central, março 2015.
1997

1999

2001

2003

2005

2007

2009

2011

2013

2015

2017
2018

Receitas Primárias Despesas Primárias Essa queda tem como consequência deficit primário nas
contas públicas.
Fonte: Tesouro Nacional. Receitas Liquidadas. Elaboração: ILAESE E o que isso significa?
Com um país frágil economicamente, dependente da ex-
O que os governos sempre fizeram foi tentar equilibrar as portação de commodities, a crise causa abalos profundos. A
receitas provenientes da dívida com aquelas que são fruto di- indústria sofre grande impacto com fechamentos, demissões
reto da produção nacional, via arrecadação. Taxas de juros, e sem perspectiva de saída. O preço dos produtos básicos con-
flutuação de câmbio, disponibilidade de títulos, enfim, todos tinuam baixos frente ao que foram durante a primeira década
os mecanismos econômicos utilizados pela administração ser- dos anos 2000. Todo esse cenário levou a redução da arreca-
vem para tentar garantir esse equilíbrio. Mas, como já disse- dação do Estado. Assim, as receitas que se equilibravam entre
mos, o capitalismo é irracional e ingovernável. Essas medidas arrecadação e dívida passam a pender em favor das receitas
são empíricas e estão sempre subordinadas ao momento do oriundas dos empréstimos contraídos com as vendas de títu-
mercado e o desenvolvimento da economia, tanto internacio- los. Ou seja, para cobrir as despesas o Brasil tem utilizado as
nal quanto nacional, num dado momento. receitas provenientes da dívida pública, aprofundando o endi-
Justamente por isso, desde 2008, momento em que o vidamento brasileiro e dificultado o pagamento dos juros aos
capitalismo adentra em uma crise econômica de patamares portadores dos títulos.
assombrosos, as medidas vêm sendo tomadas com mais ur- Mesmo com o grande alarde feito pela mídia e pelos
gência e são cada vez menos eficazes para contornar o pro- economistas de plantão sobre o pequeno crescimento da
blema. Desde os países imperialistas, atingidos em cheio economia no ano de 2017, este não resultou em superação
pela crise, que tiveram bancos quebrados, empresas salvas da recessão e nem na superação do deficit primário. E essa
apenas por interferência dos Estados e países rebaixados situação é grave. Sem a reversão dessa situação, o Estado
no interior da disputa econômica internacional, o debate brasileiro pode quebrar. Mas, por ser parte constitutiva do
sobre a dívida ganhou mais holofote. Isso porque a recupe- mecanismo de reprodução capitalista, por ser necessário a
ração não se fez sentir como se queria e, consequentemen- sociedade sob esta forma de sociedade, todos os esforços
te, o endividamento aumentou. são empregados para evitar que o Estado quebre. Ou seja,
Apesar da previsão de marolinha, o verdadeiro tsunami o Estado não pode falir! Logo, diferente do que acontece
atingiu em cheio o Brasil. E encontrou nosso país economi- a uma empresa individual, que não é essencial ao capita-
camente frágil. lismo, os esforços empregados são gigantescos para evi-
ANUÁRIO ESTATÍSTICO
DO ILAESE 2019 77

tar a quebra do Estado. É importante frisar esse aspecto, Percebemos claramente que a instabilidade política e a
pois é diante deste problema que nos encontramos. Sob brutalidade das propostas estão diretamente associadas a si-
estas premissas, existe um debate hegemônico que afirma tuação econômica em que se encontra o país. A saúde finan-
a eternidade do Estado, a necessidade de manter sua saú- ceira do Brasil de fato está comprometida e, seus gerentes, os
de econômica, como se todos os problemas fossem fruto administradores do Estado, precisam encontrar medidas para
apenas de más decisões políticas. Trata-se de uma análise solucionar o problema, ou então, são descartados como opção
unilateral, porque toma como pressuposto que não é pos- para o capital. Não sem razão, casa-se tão bem com o atual ce-
sível alterar esta forma de sociedade e isola o papel do Es- nário político-econômico um governante disposto a qualquer
tado da situação econômica em seu conjunto. Este aspecto barbaridade. Ou seja, Bolsonaro não tem problemas em apli-
é fundamental para entendermos a encruzilhada em que o car medidas que podem levar a população a miséria e a morte
Brasil se encontra. para que se reequilibre as contas do Estado e para que o ca-
Justamente por isso, medidas vêm sendo tomadas des- pital possa ter garantias de recebimento dos juros da dívida,
de 2015 para superar o deficit primário. Para tal, os gover- além da manutenção das demais medidas necessárias para o
nos vêm tomando duas frentes de ação: por um lado, preci- capital executadas pelo Estado.
sam aumentar a arrecadação. Fazem isso com estímulos a Porém, deixamos claro que não estamos simplesmente
economia, que na prática significa cortar direitos para que defendendo que existe uma relação de causalidade necessária
empresários não gastem com os trabalhadores. Por outro, e permanente entre ataques e crise econômica. Até porque,
tentam diminuir as despesas, com corte de repasses para em momentos de estabilidade econômica vividas pelo Brasil,
várias áreas, com a PEC do teto dos gastos, dentre outras. direitos foram retirados, reformas também foram feitas, dívi-
Percebemos, claramente, que tanto o PT quanto o MDB, das foram contraídas. O que queremos dizer é que, na situa-
quanto o atual governo do PSL tomaram medidas que se en- ção atual, existe sim uma relação direta entre crise econômica
quadram nessas caraterísticas. No entanto, têm tido pouco e ataques perpetrados pelo Estado e, para entender a dinâmi-
resultado. Consequentemente, as medidas ficam mais duras ca mais geral da economia brasileira e como as reformas e po-
e os ataques à população mais profundos. Trata-se de um ci- líticas de corte e contingenciamentos propostas pelo governo
clo vicioso em que cortes de direitos exigem, no futuro, mais se combinam, é preciso olhar para o todo. Em uma situação
cortes de direitos. Corte de despesas exigem novos cortes de de superavit primário, certas concessões a classe trabalhado-
despesas com o desenrolar do tempo. ra eram toleradas, ainda que a contragosto, em um cenário de
deficit primário tal tolerância cai para zero.

Estados e Municípios
Não apenas a União encontra-se em uma situação eco-
nômica delicada, mas os entes federativos do Brasil também
estão em maus lençóis por conta da crise fiscal que vivemos.
Parte dos estados brasileiros se sustentam a partir de ar-
recadações provenientes da exportação de produtos básicos,
como o Rio de Janeiro, no qual os royalties do petróleo são
parte importante da arrecadação. Mas também, as transferên-
cias da União cumprem um papel importante para as receitas
estaduais. Assim, com a crise proveniente da queda das com-
modities no mercado internacional e crise na União, a bola de
neve se amplia atingindo todas as esferas. Esse ciclo leva ao
aprofundamento do endividamento dos Estados, pois depen-
dem cada vez mais de empréstimos para conseguir cobrir as
despesas correntes. É justamente esse mecanismo que apro-
fundou as relações dos Estados brasileiros com a iniciativa
privada. Não podendo vender títulos, os estados recorrem a
outros meios. Minas Gerais, por exemplo, desde 2015 imple-
menta a política de securitização da dívida como forma de
ampliar a captação de recursos. Resultado: aumento da dívi-
da. Assim, no ano de 2016, ultrapassou o limite estabelecido
por lei com relação a sua dívida. Percebam abaixo, qual a na-
tureza da dívida dos estados:
ANUÁRIO ESTATÍSTICO
78 DO ILAESE 2019

Composião da dívida líquida estadual DÍVIDA EXTERNA


Em % do PIB nacional, entre 2012 e 2018 É constituída principalmente de
empréstimos de bancos internacionais
(como o BID e o BIRD) aos estados
15%
DÍVIDA BANCÁRIA INTERNA
Originária de empréstimos concedidos por
bancos nacionais, principalmente Banco do
10% Brasil, Caixa Econômica Federal e BNDES

TESOURO NACIONAL
Dívida contraída diretamente com o
5%
Tesouro Nacional. Na década de 1990,
a maior parte da dívida estadual existente.

0 OUTRAS DÍVIDAS E CRÉDTIOS INTERNOS


Abrange dívidas mobiliárias (por meio de
títulos), créditos dos estados e outras
2002

2003

2004

2005

2006

2007

2008

2009

2010

2011

2012

2013

2014

2015

2016

2017

2018
dívidas diversas.

Justamente por isso, a proposta construída é a adoção do Há uma saída possível?


Regime de Recuperação Fiscal como alternativa para contor- O que queremos demonstrar é que diferente de um dis-
nar os problemas. curso reformista presente hoje nas análises da realidade, o
Na prática, o que os Estados se propõe a fazer para resol- Estado capitalista não é a saída para os problemas dos tra-
ver o problema é aplicar a mesma política de ataques imple- balhadores, nem no Brasil, nem em nenhum outro lugar do
mentada pelo governo federal. E não há um partido que efe- mundo. Isso porque a lógica que fundamenta esse Estado é
tivamente se oponha a esse processo. É isso que significa o a lógica do mercado, na qual impera a lei do valor, na qual o
Regime de Recuperação Fiscal. fim é a acumulação de capital. O Estado não é parte de ou-
Ao negociar a dívida com o Governo Federal, os Estados tro universo, com uma lógica própria. Ele foi criado e segue
e municípios conseguem aumentar os prazos para quitar o se desenvolvendo com uma única missão: fazer com que as
débito e até novos recursos financeiros. Mas em contraparti- regras do jogo sejam respeitadas. Assim, ele é parte funda-
da, precisam se comprometer em equilibrar as contas, ou seja, mental de todo o processo.
precisam recolocar os gastos dentro do orçamento. Como fa- A dívida do Estado segue a mesma lógica da dívida de uma
rão isso? Com privatizações das empresas estaduais e munici- empresa. Não à toa, toda empresa tem uma dívida e todo Estado
pais, com reforma da previdência dos servidores, afinal direito também possui dívida. Pega-se emprestado para investir, com
sempre entra na conta dos gastos para governos e empresas. a garantia de se dividir os lucros com o credor. Essa é a lógica.
Além de redução de folha de pagamento, com demissão e con- Assim, a dívida brasileira, que existe desde que o Brasil se tor-
gelamento de salário. nou uma nação, não será extinta pela vontade política de quem
administra o Estado. E muito menos resolveremos o problema
amortizando a dívida com uma auditoria, ainda que esta possa
ser útil para demonstrar quem e como se beneficia certos seto-
res centrais do capital com a política do endividamento.
E para agravar a situação, como país dominado que so-
mos, o capital internacional é quem dita as regras do jogo. Ou
seja, não apenas como manutenção do jogo, a dívida brasilei-
ra serve ao enriquecimento de uma parte do capital. Assim, os
Abrimos um parênteses aqui para uma pequena reflexão. interesses são de várias ordens.
Analisando os gastos da esfera pública, percebemos que as fo- Qualquer um que estivesse a frente do Estado precisaria fa-
lhas de pagamento tanto da saúde, quando da educação são as zer reformas. Qualquer um que esteja a frente do Estado preci-
que ocupam o maior percentual. Assim, quando vemos decla- saria tomar medidas para que o Estado não quebre e para que a
rações que dizem que é preciso enxugar a máquina pública, economia volte a crescer. Esse é o jogo do capitalismo. Por isso
diretamente estão dizendo que é preciso cortar esses gastos reformá-lo é impossível. A dívida consumirá os recursos pro-
com pagamento de pessoal, ou seja, com saúde e educação. duzidos por nosso país, consumirá nossas riquezas enquanto
Isso significa na prática, que qualquer candidato que prome- a roda girar para fazer o mecanismo do capitalismo funcionar.
teu saúde e educação, seja de qual partido for, mentiu. Pois ele, Pois a engrenagem do capitalismo é a concentração de capital.
necessariamente cortará dessas áreas com o argumento de: A tarefa não é simplesmente parar a roda e fazer ela girar em
“sanar as contas públicas”. outro sentido. Impossível! A tarefa é quebrar a roda.
ANUÁRIO ESTATÍSTICO
DO ILAESE 2019 79

ARTIGOS

O setor de serviços
no Brasil
Érika Andreassy

O
setor de serviços responde atualmente por quase
70% das ocupações e da renda da população ati- Segundo o SEBRAE, os pequenos negócios abrigam
va urbana. Engloba tanto o comércio de produtos atualmente 70% dos ocupados do setor privado. Somente
como a prestação de serviços para outros negó- no primeiro semestre de 2019, responderam por 387,3 mil
cios ou consumidores finais. Se bem o aumento do peso do se- empregos, 70 vezes mais que o saldo de empregos gerados
tor de serviços na economia seja uma tendência, sua simples pelas grandes e médias empresas (5,5 mil). Os pequenos
constatação não é suficiente para avaliar o grau de desenvol-
negócios do setor de serviços geraram 213,8 mil postos de
vimento econômico. Para se ter uma exata dimensão do quan-
trabalho (55,2% do total).1
to esse peso representa uma economia dinâmica, que deman-
da cada vez mais serviços, de quanto é expressão de crise, a
qual obriga uma parte considerável da classe trabalhadora a De acordo com o Boa Vista SCPC esse empreendedorismo
“se virar” como pode para se manter, é fundamental analisar é impulsionado principalmente pelos Microempreendedores
outros aspectos. Individuais (MEIs). Enquanto o número de desempregados
passou de 7 para 14,2 milhões entre o primeiro trimestre de
Pequenos negócios, grande precarização 2014 e de 2017, o número de MEIs cresceu 1,6 milhão.2
Não é só a diversidade da natureza das atividades envol-
vidas que distingue o setor de serviços; o próprio caráter in-
dividualizado ou coletivo da prestação de serviços, que pode por empresa, sendo que no varejo, responsável pela maioria
ser uma atividade independente de um trabalhador ou um das ocupações do setor, essa média é ainda menor. Com ex-
empreendimento empresarial que contrata força de trabalho; ceção dos super e hipermercados cuja ocupação média é de
além a finalidade do empreendimento, que vai do lucro em- 102 empregados/empresa a média do varejo é de 6 trabalha-
presarial à simples estratégia de sobrevivência, também são dores, mesma que no comércio de veículos, peças e motoci-
elementos importantes. cletas, enquanto que no comércio por atacado a média é 9.
No Brasil, o crescimento do setor de serviços se dá sobre- O comércio é ainda um dos setores que pior remunera
tudo às custas de um mercado de trabalho cada vez mais redu- seus trabalhadores. O rendimento médio de um emprega-
zido e uma precarização brutal das relações de trabalho. Essa do do comércio é 1,8 salários mínimos, sendo que 73% dos
tendência pode ser verificada pelo papel dos pequenos negó- comerciários recebem até 2 s.m., nos últimos 10 anos hou-
cios do setor de serviços na geração de empregos. ve uma redução do rendimento médio tanto no Comércio
por Atacado (10%) como no de Veículos, Peças e Motoci-
Mão de obra pulverizada e baixa remuneração cletas (13%).
O setor de serviços é caracterizado por uma enorme pul- Já os Serviços apresentaram uma queda de 27% no nú-
verização da mão de obra, o que se torna um grande empeci- mero médio de trabalhadores por empresa, puxado princi-
lho para a organização e, consequentemente, a obtenção de palmente pelo segmento de Outras Atividades de Serviços
conquistas por parte desses trabalhadores. (que reduziu a média de trabalhadores por empresa de 16
No setor de comércio, a média geral é de 7 empregados para 10); Transportes (17 para 13); Serviços Profissionais,

1. http://agenciabrasil.ebc.com.br/economia/noticia/2019-07/pequenos-negocios-sustentam-geracao-de-emprego-pelo-quinto-mes-seguido.
Acessado em 04/08/2019
2. https://economia.estadao.com.br/noticias/geral,pequena-empresa-responde-por-70-dos-empregos,70001963654. Acessado em 04/08/2019
ANUÁRIO ESTATÍSTICO
80 DO ILAESE 2019

Principais indicadores de emprego das empresas comerciais, segundo divisões do comércio

Comércio de
Comércio por Comércio
veículos, peças
atacado varejista
e motocicletas

Média de pessoas Média de pessoas Média de pessoas


9 ocupadas 6 ocupadas 6 ocupadas
2017
Salário médio mensal Salário médio mensal Salário médio mensal
2,7 (salários mínimos)• 1,6 (salários mínimos)• 2,0 (salários mínimos)•
Média de pessoas Média de pessoas Média de pessoas
9 ocupadas 5 ocupadas 6 ocupadas
2018
Salário médio mensal Salário médio mensal Salário médio mensal
3,0 (salários mínimos)• 1,6 (salários mínimos)• 2,3 (salários mínimos)•
Fonte: IBGE, Diretoria de Pesquisas, Coordenação de Serviços e Comércio, Pesquisa Anual de Comércio 2008/2017. Ícones: Wanicon/Flaticon.com
* Valores calculados pela divisão dos salários, retiradas e outras remunerações pelo salário mínimo anua, cujo cálculo inclui o 13º salário, e, em
seguida, pelo total de pessoal ocupado nas empresas.

Indicadores selecionados de emprego, por segmento de serviços

TOTAL Serviços prestados Serviços de informação Serviços profissionais,


principalmente às e comunicação administrativos e
famílias complementares
Média de pessoas
ocupadas 9 7 10 12
2017
Salário médio mensal
(salários mínimos)• 2,2 1,5 4,6 2,0
Média de pessoas
ocupadas 11 7 10 14
2018
Salário médio mensal
(salários mínimos)• 2,6 1,5 5,9 2,3

Transportes, serviços Atividades imobiliárias Serviços de manutenção Outras atividades e


auxiliares aos e reparação serviços
transportes e correio
Média de pessoas
ocupadas 13 4 4 10
2017
Salário médio mensal
(salários mínimos)• 2,7 1,8 1,6 2,9
Média de pessoas
ocupadas 17 5 4 16
2018
Salário médio mensal
(salários mínimos)• 3,2 2,6 1,8 3,5
Fonte: IBGE, Diretoria de Pesquisas, Coordenação de Serviços e Comércio, Pesquisa Anual de Comércio 2008/2017. Ícones: Wanicon/Flaticon.com
* Valores calculados pela divisão dos salários, retiradas e outras remunerações pelo salário mínimo anual, cujo cálculo inclui o 13º salário, e, em
seguida, pelo total de pessoal ocupado nas empresas.
ANUÁRIO ESTATÍSTICO
DO ILAESE 2019 81

Administrativos e Complementares (14 para 12) e Atividades Opressão e exploração


Imobiliárias (5 para 4). O setor de serviços é um dos principais responsá-
Embora a média salarial seja uma pouco maior, observa-se veis pela absorção de mão de obra feminina. Enquanto
uma grande variação entre os segmentos. Enquanto a remune- a participação geral das mulheres na força de trabalho é
ração média nos Serviços Prestados Principalmente às Famílias 40,4%, no setor de serviços essa média é de 46,3%, sen-
(que responde por 22,6% do pessoal ocupado) é de 1,5 s.m., nos do que o comércio responde por 43,7% e os serviços por
Serviços de Informação e Comunicação (8%), a remuneração mé- 48,8%, perdendo somente para a administração pública
dia é de 4,6 s.m., no geral 56% dos trabalhadores em serviços rece- onde a participação feminina chega a 58,5%. Se excluir-
be até 2 s.m., sendo que é possível perceber uma redução da mé- mos a administração pública, o setor de serviços respon-
dia salarial, nos últimos 10 anos, em 5 dos 6 segmentos do setor. de por 81,5% do emprego feminino.
Aqui estamos tratando apenas dos trabalhadores formais, há Não é mero acaso, portanto, o fato desse ser um dos
toda uma gama de trabalhadores informais cuja renda é ainda setores mais precarizados e mais mal remunerados, há
menor. O país tem hoje, 24,1 milhões de pessoas que trabalham aqui um componente de gênero que influencia essa re-
por conta própria dos quais 10,1 milhões (41,7%) vivem com me- alidade. O mesmo se pode dizer da questão racial, de
nos de um salário mínimo por mês, desses, 3,6 milhões (15%) pos- acordo com dados do Ministério do Trabalho enquanto
suem rendimento de até R$ 300 por mês (R$ 10 diários). 92% dos Engenheiros de Equipamento em Computação
Esse tipo de inserção foi o que mais cresceu nos últimos anos são brancos, 77,2% dos Agentes de Higiene e Segurança
e está concentrado em atividades que exigem pouca qualificação. e 74% dos Operadores de Telemarketing são negros. Ou
São pessoas ocupadas principalmente (mas não só) em segmen- seja, enquanto a indústria de ponta absorve mão de obra
tos do comércio e de serviços, como camelôs, ambulantes, moto- masculina e branca, o setor de serviços serve de abrigo
ristas e trabalhadoras domésticas3. para negros e mulheres.

3. https://www.valor.com.br/brasil/6399645/42-dos-conta-propria-recebem-menos-de-um-minimo-por-mes. Acessado em 23/08/2019


ANUÁRIO ESTATÍSTICO
82 DO ILAESE 2019

ARTIGOS

O legado do PT no governo
(2003-2016): um balanço em
perspectiva histórica
Nazareno Godeiro

“A realidade de hoje se contrapõe ao país de pouco sultado da experiencia prática dos trabalhadores com o PT. No
tempo atrás, quando havia pleno emprego, desenvolvimento entanto, a maioria dos seus eleitores não sabem que Bolsonaro
e esperança e que começou a degringolar a partir do quer um Brasil de escravos, dominado pelos Estados Unidos.
impeachment de Dilma Rousseff.”
Gleisi Hoffman, 27/05/2019 O que pretende Bolsonaro?

E
Lula afirmou que estamos sendo governados por “um ban-
stas palavras da dirigente nacional do PT expres- do de malucos”. Outros dizem que se trata de um governo “ca-
sam o balanço dos seus 13 anos de governo. Nele, ótico”. Porém, uma análise mais acurada da realidade vai en-
se revela um Brasil em desenvolvimento econômi- contrar uma lógica nesse “caos” e nessa “maluquice”.
co, obtendo melhora das condições de vida e tra- Bolsonaro fala o que pretende fazer. Em 18 de março, lá dos
balho, inclusive aos pequenos agricultores, respeito ao meio Estados Unidos, ele disse: “O Brasil não é um terreno aberto
ambiente, às mulheres, negros e LGBTs. Acesso à educação, onde nós iremos construir coisas para o nosso povo. Nós temos
saúde e segurança pública. E, acima de tudo, um país cada vez que desconstruir muita coisa”. Bolsonaro não propõe construir
mais soberano. nada, só saquear e destruir. É o instrumento do imperialismo
Se concordarmos com este balanço, torna-se inexplicável norte-americano para executar seu plano de saque e destruição
a situação política do Brasil, já que a classe trabalhadora não do Brasil. Não é um governo “caótico” ou de “malucos”, é um
saiu em defesa do PT. governo produto das contradições do capitalismo colonial bra-
Das duas uma: ou são idiotas manipulados ou este balan- sileiro em fim de carreira, da depressão da indústria brasileira,
ço do legado petista é ilusório. Acreditamos na segunda alter- da divisão no interior da burguesia diante da crise de grande
nativa: os trabalhadores romperam com o PT pela piora das magnitude, do colapso da “democracia” colonial, da insatisfa-
condições de vida e trabalho, provocada pelo neoliberalismo ção popular com o desemprego massivo e com a polarização da
que o PT, infelizmente, continuou aplicando. luta de classes, resultado destas contradições.
A demonstração deste fato foi a terceirização generaliza- Bolsonaro não tem programa para construir nada, ele
da na Petrobrás sob os governos do PT, que saiu de 120 mil foi alçado ao poder para concluir a destruição do Bra-
terceirizados no tempo de FHC para 360 mil, onde ganhavam sil, que vem sendo executada desde 1990 com a subida de
cerca de 20% do salário dos trabalhadores diretos. Outro fato Collor e que continuou nos diversos governos, sejam de
marcante foi a venda do campo de Libra, no pré-sal, que Dil- “direita” ou de “esquerda”.
ma vendeu por 1% do seu valor para as multinacionais do pe- A diferença dele frente aos governos anteriores do PT e do
tróleo. PSDB é que ele está disposto a entregar o Brasil aos Estados
Uma das marcas mais reveladoras dos governos petistas Unidos em uma velocidade e profundidade maior que os go-
foi a afirmação de Lula que os “usineiros da cana passaram vernos anteriores e também está disposto, para aplicar o neo-
de vilões a heróis nacionais”, enquanto o campo brasileiro se liberalismo até o final, a implantar uma ditadura no Brasil. O
transformava num mar de capim, cana e soja para exportação. objetivo do seu governo é completar o rebaixamento do Brasil
Bolsonaro foi aclamado surfando uma onda antipetista, re- para a terceira divisão do capitalismo mundial.
ANUÁRIO ESTATÍSTICO
DO ILAESE 2019 83

Terá êxito? do Brasil, que se encontra num acelerado processo de do-


No entanto, Bolsonaro não reuniu as condições políti- minação colonial, de decadência do capitalismo brasileiro,
cas para aplicar o conjunto do seu plano, porque ele mes- rebaixado a exportador de matérias-primas.
mo é uma improvisação. Entrou antes da hora, catapulta- A privatização da Vale não serviu para desenvolver o
do pelo desencanto da população com o PT e a divisão no Brasil, ao contrário, levou à desnacionalização da empresa.
interior da burguesia. Apesar disto, devemos levar a sé- Revelou que a burguesia brasileira abandonou todo projeto
rio este governo, mesmo sabendo das dificuldades que terá desenvolvimentista do país. No capitalismo colonial brasi-
para a aplicação nua e crua do neoliberalismo (ainda que, leiro do século XXI, lucro é sinônimo de rapinagem, saque
neste quesito, conta com apoio unânime da burguesia, o e destruição do ser humano e da natureza.
que lhe facilita o serviço) e da implantação de uma ditadu- Por outro lado, mostrou que o PT foi cúmplice ao fa-
ra (saída que, hoje, é minoritária entre a burguesia e o im- vorecer a Vale privatizada com dinheiro do BNDES. Sér-
perialismo). Porém, a ausência de alternativas políticas de gio Rosa, dirigente sindical bancário e petista, participou
massas à Bolsonaro, junto com o apoio de um terço da po- da alta direção da empresa logo após sua privatização.
pulação, é o que lhe dá forças para seguir adiante. Em 2015, apenas 20 dias após o rompimento da barragem
Suas possibilidades de êxito dependem, em boa parte, de Mariana, onde morreram 19 pessoas, o governador do
do PT e da CUT frear a luta de classes, na esperança de re- PT, Fernando Pimentel, enviou projeto para a Assembleia
tornar ao poder nas eleições de 2022. Isso pode dar fôle- Legislativa, liberando a Vale para cometer novos crimes,
go a Bolsonaro. Esse parece ser o caminho escolhido pelo como veio a ocorrer em Brumadinho.
PT e seus aliados: ser uma oposição comportada, “propo- Essa tragédia revelou também o naufrágio da estraté-
sitiva”, ao poder Executivo, tornando o Congresso Nacio- gia petista que apostou no desenvolvimento do capitalismo
nal o centro de composição política entre todas as frações “com rosto humano”, pela via pacífica, eleitoral.
da burguesia, inclusive com Bolsonaro. Foi esse o caminho Ao contrário da “humanização” o capitalismo em de-
trilhado por essa “oposição” (que inclui vários partidos di- composição mostra sua verdadeira cara: destruição do ser
tos de esquerda, como o PCdoB, o PSOL e grandes centrais humano e da natureza. O neoliberalismo, significou para o
sindicais) na reforma da previdência, buscando “melhorar” Brasil, privatizações, desnacionalização, recolonização, su-
a proposta do governo por dentro do Congresso Nacional. perexploração dos trabalhadores e destruição da natureza.
Por isso, a convocação da Greve Geral se tornou um meio Vejamos como ocorreu este processo nos últimos 30
para essa negociação e não uma poderosa ação para der- anos, como a burguesia entregou o país e como o PT foi
rotar a reforma da previdência e, por essa via, derrotar o cúmplice da recolonização do Brasil.
governo Bolsonaro. Erro grave. Não se derrotará este go-
verno com uma ação limitada aos salões refrigerados de O legado do PT no governo:
Brasília. Ao contrário, somente manifestações unitárias de naufrágio de uma ilusão
rua, realizadas por milhões de trabalhadores e jovens, po- Entre 1978 e 1990, uma geração conquistou o país: mi-
dem desinfestar a Praça dos Três Poderes, que é uma cova lhões de grevistas, ocupações de latifúndio, mobilizações
de bandidos. O PT já cometeu este erro diante do governo por terra, trabalho e liberdade. Esse foi o alicerce que for-
Temer em 2017 ao apostar no “Lula 2018” em detrimento mou duas das maiores organizações de trabalhadores do
das mobilizações de massas. Repetir este erro agora pode mundo: a CUT e o PT. Foi nessa força que Lula se apoiou
ser fatal porque a estagnação e depressão que está entran- para chegar ao poder. O PT se tornou um grande partido,
do a economia brasileira e o desespero de milhões de tra- lutando por reformas estruturais no Brasil, expresso em um
balhadores desempregados e subempregados, pode ser gal- programa que consistia em acabar com a especulação finan-
vanizado por Bolsonaro. A profunda crise da democracia ceira em torno da dívida pública (externa e interna). Utili-
colonial pode, também, empurrar o país para uma saída zar este dinheiro para gerar um desenvolvimento do Bra-
de força. sil e para garantir educação, saúde e moradia e um salário
digno. Também lutava por uma reforma agrária e a redução
Brumadinho: tragédia que demonstra da jornada para 40 horas semanais, sem redução salarial. E
a verdadeira cara do Brasil. para fazer tudo isso, segundo o PT, os ricos teriam que per-
As afirmações que fazemos de que o capitalismo colo- der para que se ganhasse na outra ponta, distribuindo renda
nial brasileiro só tem a oferecer saque e destruição e que o na forma de salário.
PT fracassou definitivamente como esperança de mudan- No governo, o PT não realizou nenhum ponto deste pro-
ça, necessitam de comprovação. É o que faremos a seguir. grama. No caminho foi se adaptando às exigências dos ricos
O crime da Vale em Brumadinho, que levou à morte a para permanecer no poder e terminou sendo cúmplice da
pelo menos 350 seres humanos, revelou a verdadeira cara exploração do país. Senão, vejamos:
ANUÁRIO ESTATÍSTICO
84 DO ILAESE 2019

a) Especulação financeira e agiotagem que a economia regrediu -3,5%), os cinco maiores bancos do
do capital financeiro Brasil tiveram um lucro bruto de R$ 197 bilhões! Essa espantosa
lucratividade se apoia nos juros mais altos do mundo e na supe-
“É bom lembrar que a dívida pública permaneceu em rexploração dos bancários, que numa jornada de 8 horas traba-
queda todos os anos, desde 2003, e atingiu o menor patamar lham, em média, 5 horas de graça para os banqueiros, segundo
histórico, no início de 2014”. estudo do ILAESE (veja os dados na página 23 deste anuário).
Dilma Roussef, 17/04/2019 O capital financeiro nacional, associados com a banca inter-
nacional, estão parasitando a economia brasileira e matando-a
Apesar destas palavras auto elogiosas de Dilma, a realida- lentamente, por asfixia.
de demonstrou que, sob os governos petistas, se desenvolveu Desde o século XIX que a dívida pública se converteu numa
a especulação financeira, através da dívida pública, para o en- forma de financiamento da economia brasileira e num elemen-
riquecimento de banqueiros. to de subordinação do Brasil aos países capitalistas centrais.
A dívida pública (interna e externa) do país superou, no Primeiro com os bancos ingleses que financiavam estradas de
início de 2019, os R$ 6 trilhões de reais. Quando o PT chegou ferro e especulavam com ações de empresas. A República sig-
no governo a dívida era de R$ 1,2 trilhão de reais, quando saiu nificou mais subordinação aos ingleses, pois o país necessitava
já era R$ 4,3 trilhões! exportar café e açúcar. O endividamento se transformou num
Veja a evolução dessa dívida entre 1994 e 2019 e quanto mecanismo de dominação do Brasil. Assim, era preciso recorrer
já pagamos: a novos empréstimos para pagar os anteriores, criando um cír-
culo vicioso – mecanismo que se converteu em um dos eixos de
Dívida pública do Brasil - 1994 a 2019 acumulação no sistema colonial. A economia é orientada para
(em trilhões de reais)
6,00 conseguir dólares através do comércio internacional, garantin-
R$6 Tri do um superavit entre exportação e importação. Esses dólares
são usados para pagar a dívida e remunerar os capitais estran-
R$5 Tri 4,58
4,38 geiros no Brasil, como remessas de lucros e juros.
R$4 Tri Hoje, toda a economia do país, dos Estados e dos Municí-
pios gira em torno da dívida pública e da Lei de Responsabi-
R$3 Tri lidade Fiscal, mecanismo encontrado pelo imperialismo para
2,24 garantir recebimento dos juros da dívida. O endividamento ge-
2,01
R$2 Tri 1,75 1,66 neralizado e a dificuldade do país em seguir pagando a dívida
1,13 1,23 1,02 pública, foi o estopim de todas as grandes crises do Brasil em
R$1 Tri
0,30 0,34 1822, 1889, 1930, 1964, 1982 e agora, na atualidade.
0
FHC LULA DILMA TEMER b) Destruição da indústria brasileira
1994-2002 2003-2010 2011-2016 2016-2018
A indústria está operando com 76,4% de sua capacidade. Es-
Dívida inicial Pagamento (líquido) Dívida final
tamos retrocedendo décadas na produção industrial do Brasil,
Fonte: Secretaria do Tesouro Nacional e Banco Central - Elaboração ILAESE que passa por uma depressão, como mostra o gráfico abaixo:

A dívida era R$ 300 bilhões em 1994, pagamos R$ 4,7 trilhões Desempenho anual da Indústria brasileira
em duas décadas e a dívida saltou para R$ 6 trilhões em 2019!
Um dado mostra que a distribuição de renda nos governos 3% 2,2%
2%
petistas favoreceu aos ricos: enquanto o PT pagou, em seus 13 0,8%
1%
anos de governo, R$ 3,4 trilhões de reais, em juros e amortiza-
0
ção da dívida aos grandes bancos, repassou apenas R$ 207 bi-
-1% -1,5% -0,5%
lhões de reais para o Programa Bolsa-Família, que beneficiou 13
-2%
milhões de famílias pobres.
-3%
A dívida deu um salto sob os governos do PT, mostrando as
-4%
relações promíscuas do PT com os bancos privados nacionais e -5,8%
-5%
internacionais. Essa dívida já foi paga cerca de 16 vezes seu va- -4,6%
-6%
lor inicial e não para de crescer!
2013 2014 2015 2016 2017 2018
Por isso, em meio à maior crise da história do país, os ban-
cos batem recordes de lucros. Apenas no ano de 2016 (ano em Fonte: IBGE. Elaboração ILAESE
ANUÁRIO ESTATÍSTICO
DO ILAESE 2019 85

Entre 2014 e 2018, a produção da indústria de transforma- 2013 e 2016, durante o mandato de Dilma, foram demitidos 259
ção brasileira caiu 14,4%! Esse é o resultado da orientação ne- mil trabalhadores (sendo 242 mil terceirizados, cerca de 70% do
oliberal, que levou à quebra da indústria de transformação en- total). Este fato revelou que o PT não promoveu o desenvolvi-
quanto aumentou o peso da indústria primária. mento econômico e social, como apregoa.
A queda dos lucros na indústria levou os empresários a es- As multinacionais compram as empresas nacionais para
pecularem no mercado de ações e da dívida pública, pois aí têm destruí-las como concorrentes, para demitir em massa, rebai-
mais lucros com menos riscos. Assim, caiu o investimento pro- xar drasticamente o salário e torná-las empacotadoras de pro-
dutivo na indústria e aumentou a ciranda especulativa. dutos industrializados no estrangeiro. É um movimento inverso
Em estudo do IEDI, de 2019, se concluiu que: ao que se realizou após a Segunda Guerra, quando as multina-
cionais se instalaram aqui, transformando o Brasil em uma sub-
As classes industriais dos setores “eletrônicos, infor- metrópole industrial.
mática e ópticos”, “outros equipamentos de transpor- O PT no governo não foi capaz de parar a desindustriali-
tes” e “farmacêutica” estão muito esgarçados pelas im- zação do país, ao contrário, foi artífice do desenvolvimento da
portações intermediárias. Do ponto de vista do grau de indústria extrativa mineral e do agronegócio exportador de ali-
transformação industrial, partes expressivas do tecido mentos, cujas empresas se tornaram as maiores do mundo, com
industrial desses setores encontram-se em processo de dinheiro do BNDES.
desindustrialização avançado e assemelham-se a uma
indústria de aparafusamento ou maquiladora que rea- c) Reprimarização: a volta de
liza pouca transformação industrial. uma economia colonial

O país que tinha a quarta maior indústria do mundo está O Brasil se converteu no maior produtor e exportador
afundando com a saída de multinacionais (como fez a Ford de de açúcar, café, suco de laranja, soja, celulose, carne bovi-
São Bernardo, a Pirelli, a Pepsi, a Nestlé e a Kimberly-Clark no na e de frango do mundo. Está se convertendo em grande
RS, a Microsoft em Manaus, os bancos HSBC e Citibank) ou exportador de óleo cru. Uma volta ao passado colonial em
com a compra das empresas para torná-las maquiladoras, como pleno século XXI.
a Boeing acabou de fazer com a Embraer. Sequer fabricamos tri-
lhos de trem ou bíblias, que estão sendo importados da China. Produtos básicos X manufaturados na pauta
O gráfico abaixo demonstra que, sob o domínio do capitalismo de exportações brasileiras - 1993 a 2018 (%)
e do imperialismo, retrocedemos 70 anos em 7:
70%

Indústria de transformação (% do PIB) 65%


61
60
62
Brasil, 1948 a 2018 60% 58 59 59
55 55
55%
28% 26,8% 27,3%
26,2% 50%
26%
45% 43 43
24% 23,2% 41
39
40% 38 38
22% 37
36
20% 35%
17,8%
18% 30%
16% 1993 1994 1995 2000 2005 2010 2015 2018
14% BÁSICOS MANUFATURADOS
12% 2018: percentual mais Fonte: SECEX, elaboração ILAESE – 1993 a 2018
baixo da história 11,3%
10% Esta recolonização avançou durante os governos petistas,
1948
1952
1956
1960
1964
1968
1972
1976
1980
1984
1988
1992
1996
2000
2004
2008
2012
2016
2018

como pode-se ver no gráfico acima. Por que isso prejudica


o Brasil? Todo país que perde sua indústria torna-se refém
Fonte: IBGE. Elaboração: Paulo Morceiro para blog Valor Adicionado do imperialismo pois exporta produtos primários com preços
baixos e importa produtos industrializados caros.
O PIB industrial do ABC paulista teve uma queda de 39% Com a descoberta do pré-sal, em 2008, Lula poderia ter
em termos reais. Na maior empresa do Brasil, a Petrobrás, entre optado por recuperar a Petrobrás a um controle 100% esta-
ANUÁRIO ESTATÍSTICO
86 DO ILAESE 2019

tal. Essa era a única forma de utilizar a maior descoberta gie, em 2018. O negócio não tem nenhum sentido porque
de petróleo do século para reconstruir a indústria brasi- a Petrobrás agora vai pagar para usar estes gasodutos,
leira. Ao invés disso, Lula optou por se associar com as garantindo os lucros da Engie até 2031. E o pior é que a
multinacionais para a exploração do pré-sal. Assim, o PT multinacional não pretende fazer nenhum investimento.
continuou com uma privatização disfarçada com o nome Rapinagem pura. Venda ocorreu um ano após vender a
de “desinvestimento”, seguindo o desmonte da Petrobrás rede de gasodutos do Sudeste para o Brookfield, um gran-
como empresa integrada de energia (do poço ao posto), de banco internacional.
para torná-la grande exportadora de óleo cru. E agora, depois que os juízes do STF liberaram a ven-
Agora estamos vendo o resultado desta política: expor- da indiscriminada da Petrobrás, sem licitação, sem discu-
tamos óleo a preço baixo para os Estados Unidos que refi- tir em nenhum lugar, sem autorização do Congresso ou
nam aí e vendem de volta para nós com preços altos. Po- de qualquer instituição, Bolsonaro privatizou a BR Distri-
deríamos refinar todo este óleo aqui nas 13 refinarias da buidora pela mixaria de R$ 8,6 bilhões (relativo a 35% das
Petrobrás. Temer e Bolsonaro optaram por diminuir a pro- ações da empresa). Se consumou a quebra da Petrobrás
dução de refinados aqui, impondo uma ociosidade de 30% como empresa integrada de energia. A BR Distribuido-
nas nossas refinarias, para comprar refinados dos EUA. As- ra é líder no mercado de combustíveis, com 7.931 postos,
sim, em 2018, perdemos U$ 6 bilhões de dólares importan- detém 40% do mercado brasileiro, com faturamento de R$
do diesel dos Estados Unidos, sem nenhuma necessidade. 100 bilhões por ano. O lucro líquido da empresa foi de R$
Se não houvesse esta subordinação, a Petrobrás poderia 3,2 bilhões em 2018 e R$ 1,1 bilhão em 2017. Seu lucro lí-
baixar o preço do litro do combustível para R$ 1 real o die- quido em apenas 3 anos vai superar o valor da venda.
sel, R$ 1,50 a gasolina e a R$ 30 reais o botijão de gás. Assim se demonstra que o objetivo da burguesia e do
Bolsonaro e Guedes já informaram que pretendem governo Bolsonaro é o desmonte da Petrobrás, maior em-
vender 8 refinarias da Petrobrás. Quem pode comprá-las presa da América Latina, como parte do saque e destrui-
são as multinacionais. Vão comprar para sucatear e fe- ção do Brasil, para favorecer as multinacionais.
chá-las, pois seu objetivo é refinar o óleo cru brasileiro
lá nos Estados Unidos, onde cinco empresas dominam o d) Desnacionalização: o domínio da economia
refino e funcionam com excesso de capacidade ociosa. brasileira pelos multinacionais estrangeiras
Paulo Guedes informou que espera arrecadar R$ 40 bi-
lhões de reais com a venda das refinarias. Prestem aten- A privatização das estatais brasileiras foi sinônimo
ção: o mercado brasileiro de diesel gira em torno de R$ de desnacionalização. O verdadeiro objetivo das privati-
75 bilhões por ano, portanto em apenas 1 ano as empre- zações foi atacar os direitos dos trabalhadores, diminuir
sas multinacionais ganharão mais do que vão gastar com- o salário, enquanto as empresas multinacionais compra-
prando as refinarias. vam nossas estatais a preço de banana.
A venda da TAG, rede de gasodutos da Petrobrás do Depois de 25 anos, as multinacionais dominam cerca
Norte e Nordeste foi vendida para um grupo francês En- de dois terços da economia brasileira:

Total de empresas Capital nacional


Empresas Capital
RAMOS ECONÔMICOS Entre as 500 (associado a
multinacionais 100% nacional
maiores multinacionais)

Eletroeletrônico 9 9 (100%) 0 0
Auto indústria 25 23 (92%) 2 0
Indústria digital 16 14 (88%) 0 2
Petroquímica 34 27 (79%) 2 5
Siderurgia/metalurgia 22 15 (68%) 4 3
Bens de consumo 42 26 (62%) 3 13
Farmacêutico 10 5 (50%) 1 4
Fonte: Revista Exame Maiores e Melhores 2017. Elaboração ILAESE. Análise complementar dos acionistas em http://www.econoinfo.com.br/governanca-
corporativa/posicao-acionaria?codigoCVM=19348.
ANUÁRIO ESTATÍSTICO
DO ILAESE 2019 87

As multinacionais dominam 70% do agronegócio e a Pe-


trobrás tem mais de 50% das suas ações em mãos de grandes
Investimento Estrangeiro Direto
bancos estrangeiros. A Embraer foi vendida para a Boeing e
e Remessas de lucros – 1953 a 2018
(em bilhões de dólares)
agora será rebatizada como “Boeing Brasil Commercial”.
Os grandes bancos internacionais dominam 57% do siste- Ingressos Remessas
de IED de lucro Part %
ma financeiro brasileiro. Mais da metade das ações do Itaú es-
tão nas mãos de acionistas estrangeiros. O Bradesco tem 23% US$ 900 Bi
832,2
de acionistas estrangeiros e o Banco do Brasil vendeu 30% das
US$ 800 Bi
suas ações em bolsas de valores (autorizado por Lula).
Essa desnacionalização ficou comprovada nos Censos do US$ 700 Bi
Capital Estrangeiro, realizados pelo Banco Central. Veja no 600 Bi
US$ 31,3%
gráfico abaixo que a receita bruta de vendas das empresas 28,7%
com capital estrangeiro instaladas aqui alcança quase 60% do US$ 500 Bi 35,2%
22%
PIB do Brasil: US$ 400 Bi
293
Receira bruta das multinacionais US$ 300 Bi
3,5%
6,3% 214
210,4
no Brasil x PIB - 1995 a 2015 US$ 200 Bi 0,3% 2,33
20,2
1,27
47,1

(em trilhões de reais) 1,21 19,3


6,00 US$ 100 Bi
0,08 66
R$6 Tri 0 5,5

R$5 Tri
Década Década Década Triênio
3,88 Industrial do “Milagre” Neoliberal Temer
R$4 Tri 3,48 1953-1962 1973-1982 1993-2002 2016-2018
59,6%

R$3 Tri Década Década Década


42,5% do Golpe Pós-ditadura Petista
2,17 58,1%
1,12 1,59 1963-1972 1983-1992 2003-2015
R$2 Tri 30,9%
0,72 1,29
Conta financeira - investimentos diretos - estrang. no país - ingressos - US$
R$1 Tri 0,22 0,51 40,8% (milhões) - Banco Central do Brasil, Boletim, Seção Balanço de Pagamentos
(BCB Boletim/BP) - BPN_FINIDEREC
0
1995 2000 2005 2010 2015
Brasil, Light, CEMIG, AES, PDG, Cyrela, MRV, Duratex, Telefo-
PIB do Brasil Receita bruta Relação nica, Vivo, Contax, Telemar, BR Foods, Embraer, Souza Cruz...
(Nominal) das multinacionais Receita X PIB
Até aqui nos referimos apenas ao capital produtivo, que
Fonte: Banco Central – Censo do Capital Estrangeiro no Brasil 1995-2015. entra no país para turbinar os negócios multinacionais. Há
Elaborado pelo ILAESE. outro tipo de investimento estrangeiro “em carteira”, que é ca-
pital especulativo, investido na Bolsa de Valores e nos títulos
Estas empresas estão produzindo aqui para levar a riqueza da dívida pública, que entra e sai do país todo ano, aproveitan-
para fora. A Boeing pagará pela Embraer a mixaria de US$ 4,2 do os juros altos daqui e a alta remuneração da dívida pública.
bilhões, enquanto o BNDES investiu US$ 20 bilhões na em- Em 2018, esse capital “andorinha” ingressou no país US$ 243
presa nos últimos 20 anos. bilhões de dólares e saiu US$ 251 bilhões de dólares.
Foi durante os governos do PT que se consolidou este domí- Este fato derruba a propaganda petista que o Brasil se tor-
nio multinacional da economia brasileira. O PT foi cúmplice da nou um país soberano nos 13 anos de mandato petista. O PT
recolonização do Brasil, como fica evidente no gráfico ao lado. não foi o responsável por esta dominação estrangeira. Ela já
Vejam que o ingresso de investimentos estrangeiros dire- vem desde 1500. Porém, ele aprofundou essa subordinação
tos (IED) deu um salto durante os governos petistas. porque resolveu governar com a “burguesia nacional” e esta
As remessas de lucros por parte destas multinacionais tam- classe, desde há muito tempo, abdicou de exercer um papel
bém deram um salto sob os governos do PT: elas remeteram U$ independente na história. A privatização e a posterior desna-
293 bilhões de dólares de lucro para suas matrizes em 13 anos. cionalização do parque industrial brasileiro selaram o destino
Apenas para exemplificar, vejamos o papel do Black Rock, desta classe: sua absorção como administradora dos negócios
maior fundo de investimentos do mundo (ligada aos bancos imperialistas. Hoje, ela ainda é uma “sócia minoritária”. Mas
Barclays e Merrill Lynch), que é grande acionista em 63 em- cada dia mais se torna uma gerente dos negócios estrangei-
presas “brasileiras”: Petrobrás, Vale, Itaú, Bradesco, Banco do ros, isto é, capataz dos Estados Unidos aqui dentro, papel que
ANUÁRIO ESTATÍSTICO
88 DO ILAESE 2019

caiu como uma luva para Bolsonaro, seus filhos e os generais Famílias assentadas – 1995 a 2016
do governo, todos formados nos Estados Unidos, e os juízes de (em milhares)
altos tribunais, todos julgando a favor das grandes empresas,
1995 42,9
especialmente as multinacionais.
Estamos, portanto, muito vulneráveis ao movimento es- 1996 62
peculativo destes capitais. No dia em que ele sair do país e não 1997 81,9
regressar, quebrará o Brasil e suas principais empresas, atra- 1998 101
vés de uma desvalorização do Real. Assim, o mecanismo de 1999 85,2
pagamento da dívida pública e a remuneração do capital in- 2000 60,5
ternacional (produtivo e especulativo) foram os instrumentos 2001 63,5
centrais para a recolonização do Brasil. 2002 43,4
Como definição mais estrutural do Brasil podemos dizer
2003 36,3
que o país é uma submetrópole em vias de colonização ao in-
2004 81,2
vés de um país sub-imperialista, que estaria chegando ao “Pri-
2005 127,5
meiro Mundo” pela porta dos fundos. A maior demonstração
disto é a negativa da Petrobrás em abastecer dois cargueiros 2006 136,3
iranianos que estão atracados no Porto de Paranaguá. A em- 2007 67,5
presa diz que não pode abastecer os navios porque teme ser 2008 70,1
punida pelo governo dos Estados Unidos. 2009 55,5
Quer maior expressão de domínio dos Estados Unidos so- 2010 39,4
bre o Brasil? 2011 22
2012 23
e) Auge do agronegócio exportador: cadê a
2013 30,2
prometida reforma agrária?
2014 32
2015 26,3
“Nos governos do PT, de 2003 até o golpe de 2016, a
Reforma Agrária ganhou um impulso histórico. Os números 2016 1,6
são superlativos em se tratando de um País que desde a
Fonte: INCRA. Fonte: DT/Gab-Monitoria - Sipra Web 31/12/2013
conquista portuguesa tem uma história marcada pelo Elaboração: ILAESE
latifúndio. Lula e Dilma promoveram um número recorde
de assentamentos, segundo dados do Incra: 771 mil famílias assassinados no país em 2013, isto é, um morto a cada 10 dias
receberam o título de propriedade de terras, mais da metade no governo Dilma, média que permaneceu todos os anos em
do total de beneficiados em toda a história da reforma que o PT governou.
agrária no Brasil. Foram criados 3.902 assentamentos O balanço dos governos petistas referente à refor-
em todo o Brasil, somando 51 milhões de hectares – o ma agrária é demolidor, realizado pelos próprios aliados:
equivalente a 56% de todas as terras já disponibilizadas “Na luta contra o latifúndio, Lula não fez nenhuma diferen-
para a Reforma Agrária na história do País.” ça” (Dom Tomás Balduíno, citado por Ariovaldo Umbelino,
Paulo Pimenta (PT-RS), líder do PT 2010, Editora Garamond).
na Câmara, no dia 17/04/2019.
“Nos últimos dez anos, não houve avanços em termos de
Seria lindo se fosse verdade. Mas estes números estão reforma agrária. Nos últimos dez anos, se ampliou a con-
distorcidos para glorificar o PT. Havia muita esperança do centração da propriedade da terra. E pior, concentrou-se
povo brasileiro que o PT no governo garantiria terra para inclusive nas mãos de empresas de fora da agricultura
milhões de pequenos produtores rurais. Porém, Lula e Dil- e do capital estrangeiro. O governo Dilma não conse-
ma continuaram a obra de FHC, privilegiando o grande guiu nem resolver o problema social das 150 mil famílias
agronegócio, latifundiário e multinacional, em detrimento que estão acampadas, algumas há mais de cinco anos, ao
dos pobres do campo. longo de estradas brasileiras. Por tanto, o governo Dilma
Observe o gráfico em perspectiva histórica ao lado. abandonou a reforma agrária, iludido com o sucesso do
Dilma conseguiu ser pior que o governo de FHC no que agronegócio, que produz, ganha dinheiro, mas concen-
toca aos assentamentos de trabalhadores rurais. Por isso, con- tra a riqueza e a terra e aumenta a pobreza no campo”.
tinuaram os conflitos no campo: segundo o relatório da Co- Entrevista com João Pedro Stédile concedida ao jornal
missão Pastoral da Terra (CPT) 34 trabalhadores rurais foram ABCD MAIOR em 13 de dezembro de 2012.
ANUÁRIO ESTATÍSTICO
DO ILAESE 2019 89

O Brasil tem a segunda pior concentração de terras do assentar 1 milhão e 700 mil famílias sem-terra, considerando
mundo: o latifúndio domina mais de 70% delas. o valor de R$ 80 mil para assentar uma família em 2012, se-
Foi durante os dois mandatos de Lula que o campo brasilei- gundo o INCRA.
ro foi ocupado pelo agronegócio multinacional, que dominou O PT deu as costas ao pequeno produtor rural e aos cam-
os insumos e maquinário, a produção agropecuária e a agroin- poneses sem-terra em prol de uma aliança com os latifundiá-
dústria chegando até as grandes redes de supermercado. rios e usineiros. Por isso, todos os ministros da agricultura do
Este agronegócio é resultado da união dos grandes fazen- PT eram latifundiários como Roberto Rodrigues, Blairo Mag-
deiros brasileiros, com os banqueiros e as grandes corpora- gi ou Katia Abreu.
ções transnacionais. É a perfeita simbiose entre modernização
da agricultura capitalista e o latifúndio. Cerca de 30 empresas f) O capitalismo colonial está levando
dominam todo o complexo agroindustrial brasileiro, sendo a o Brasil a uma depressão
maioria multinacionais.
Dois terços das terras dedicadas à lavoura no Brasil estão Desde 1990 que a economia brasileira está estagnada. Veja
ocupadas por soja, cana-de-açúcar e milho. Com o agronegó- a mudança de orientação neoliberal, expressada em médias de
cio, perdemos a soberania sobre a produção agroindustrial do crescimento do PIB desde 1901:
País. Somos os maiores exportadores de carne do mundo e
não conseguimos comprar carne. Importamos feijão preto da
Crescimento médio anual do PIB
China, banana da Tailândia, maçã do Chile, cebolas da Espa- entre 1901 e 2020*
(em % do PIB)
nha e limão do Uruguai. 8,6%

Houve uma mudança importante na propriedade rural, na


8% 7,4%
qual o capital nacional e familiar passou o comando para as
7%
grandes corporações multinacionais. 5,9%
Toda esta “modernização” foi patrocinada pelos governos 6% 6,2%
de FHC, Lula e Dilma, através do BNDES, que bancou o finan- 5% 4,2% 4,4%

ciamento do agronegócio. Além disso, deu incentivos fiscais, 3,7%


4% 4,5%
desonerações e o tradicional perdão das dívidas antigas. Du- 4,2%
3,6%
3%
rante os dois mandatos do governo Lula, através do BNDES,
se entregou uma média de R$ 18 bilhões ao ano para o agro- 2%
0,7%
negócio. Por aí se vê que a “modernidade” e a “eficiência” do 1% 1,6%

agronegócio se originaram de dinheiro público. 0


Essa “modernização” subjugou uma parte dos pequenos 1901 1921 1941 1961 1981 2001
camponeses e está expulsando do campo, gradativamente, a 1910 1930 1950 1970 1990 2010
maior parte dos camponeses pobres. Entre 1970 e 2006 se per- 1911 1931 1951 1971 1991 2011
1920 1940 1960 1980 2000 2020
deram 200 mil pequenas propriedades, que foram ocupadas
pelo agronegócio. Fonte: IBRE/FGV, com dados do IPEA e do Banco Central. 2019 e 2020 são
Esta modernização é destrutiva da natureza, pois a mono- estimativas realizadas pelo ILAESE.
cultura vai ocupando a totalidade do território, já destruiu boa
parte do cerrado e agora investe contra a Amazônia. O Brasil A média de crescimento anual da década de 2011 a 2020
já é o maior consumidor de agrotóxicos do mundo e segundo deve ficar menos de 1%, abaixo do crescimento populacional.
mercado das sementes transgênicas. Isto está indicando que a economia brasileira se dirige para
O capitalismo no campo, representado pelo agronegócio uma depressão, um período longo de queda no crescimento
multinacional, destruiu oito milhões de postos de trabalho econômico, com destruição maciça de forças produtivas.
no campo brasileiro entre 1990 e 2017. O agronegócio gerou Evidentemente, a responsabilidade por esta destruição
pouco emprego, por sua alta mecanização, ao mesmo tempo não se deve somente ao PT. Se deve, fundamentalmente, à do-
em que está surgindo uma nova classe, superexplorada, a dos minação do imperialismo que saqueia o Brasil e à burguesia
operários agrícolas, os assalariados rurais. nacional que é sócia minoritária deste saque. Porém, o PT se
Toda esta mudança no campo brasileiro só foi possível aliou com essa burguesia e com o imperialismo e impulsionou
porque o PT abandonou o projeto de uma Reforma Agrária conjuntamente este sistema parasitário. Portanto, é cumplice
no Brasil. Se o PT optasse por honrar sua promessa de campa- do crime e não vítima, apesar de ter sido “traído” pelos pró-
nha, direcionaria os R$ 136 bilhões que o BNDES entregou ao prios aliados burgueses.
agronegócio durante os dois mandatos de Lula para realizar Estamos em recessão praticamente desde 2014. O Brasil
uma reforma agrária no país. Este valor seria suficiente para está sofrendo a maior crise econômica da sua história, supe-
ANUÁRIO ESTATÍSTICO
90 DO ILAESE 2019

rior inclusive à grande crise de 1929. Doravante, a economia dio que servia para baixar a febre mas não para curar a enfer-
brasileira só pode desenvolver-se em ruptura com o capita- midade. Hoje apenas 6 multibilionários concentram a mesma
lismo e o imperialismo, se colocamos sob controle social as riqueza que 100 milhões de brasileiros.
grandes empresas e bancos, isto é, marchando para uma eco- Poderia ser diferente, caso o PT resolvesse enfrentar os
nomia socialista. grandes empresários, banqueiros e o imperialismo. Essa seria
a única forma de gerar desenvolvimento econômico com me-
g) Exploração e destruição do ser humano lhoria das condições de vida para os trabalhadores. Para isso,
precisava ter coragem de romper com o sistema capitalista e
A destruição de forças produtivas se expressa no cresci- com a dominação dos Estados Unidos sobre o Brasil. E isto o
mento assustador do desemprego e do subemprego: PT não quis (e não quer) fazer. Lula se contentou com as carí-
cias verbais de Bush e Obama enquanto ocupava o Haiti com
Distribuição das classe sociais tropas brasileiras, a mando dos Estados Unidos.
no Brasil 2018
(em mil pessoas) h) Na gestão petista, apesar das promessas,
Fora da idade aumentou a opressão sobre mulheres,
de trabalhar 38.629 18,52%
negros e LGBTs
Aposentados que
não trabalham 27.322 13,1%
O PT catalisou as esperanças do povo brasileiro na luta
contra o machismo, o racismo e a homofobia. No governo,
Sem emprego 45.090 21,62% este partido falou muito, prometeu muito, iludiu muito, po-
rém, fez pouco combate às opressões.
Subempregado 33.621 16,12% Quem revelou o trágico legado do PT diante das opressões
foi o IBGE, em estudo de junho de 2018, intitulado: Estatísticas
Trabalho
assalariado
46.703 22,39% de Gênero Indicadores sociais das mulheres no Brasil.

Autônomos,
17.229 Tempo dedicado aos cuidados de pessoas e/ou
e proprietários 8,26%
afazeres domésticos (horas semanais)

Gráfico elaborado pelo ILAESE em base aos dados do IBGE em 2018. Ver tema HOMENS MULHERES
desenvolvido no artigo inicial desta revista.

Se contamos desempregados e subempregados, temos Total 10,5 18,1


uma população de mais de 78 milhões em 2018. Uma massa Branca 10,6 17,7
de trabalhadores que deixou de produzir porque a patronal
considera supérflua. Preta ou parda 10,4 18,6
Isto significa uma perda de riqueza no valor de R$ 7 tri-
Diferença de rendimentos
lhões de reais, valor que representa cerca de 100% do PIB no (Rendimento habitual médio mensal de todos os trabalhos)
país. Isso é destruição do ser humano. Numa sociedade socia-
lista, todos estes seres humanos estariam produzindo rique- R$2.306 R$1.764
za e permitiria a redução da jornada de trabalho pela metade. Fonte: IBGE, Diretoria de Pesquisas, Coordenação de População e Indicadores Sociais.
O desemprego em massa é provocado pelas grandes em-
presas para rebaixar o máximo possível o salário. Desde 1990, Segundo este estudo, em 2018, o rendimento médio das
deu-se uma terceirização generalizada e a reforma trabalhis- mulheres ocupadas equivalia a 76,5% do rendimento dos ho-
ta arrematou o processo, impondo um salário mais baixo que mens. Quando se trata de mulheres negras essa proporção au-
o chinês. menta muito, como revelou o IPEA:
Este imenso exército de desempregados e subempregados
revela a decadência do sistema capitalista. O Brasil, doravan- Rendimento médio no trabalho principal
te, não consegue mais desenvolver-se pela via do sistema ca-
pitalista colonial. E o pior é que, a cada ano, mais 2 milhões de 1995 2015
jovens ingressam no mercado de trabalho para engrossar as
filas de desempregados. Homem Branco R$2.262,6 R$2.509,7
Essa tragédia social demonstra que os programas sociais
do PT eram apenas assistenciais e circunstanciais. Um remé- Mulher Negra R$507,3 R$1.027,5
ANUÁRIO ESTATÍSTICO
DO ILAESE 2019 91

Os dados referentes ao ingresso nas universidades revelam particularmente nas condições de vida da população negra.
o machismo e o racismo predominantes na sociedade brasileira: Segundo o IPEA, em 2010, 63% dos negros e negras viviam
abaixo da linha de pobreza, uma situação explicada pelo
População de 25 anos ou mais com ensino fato de que, ao optar por governar com a burguesia, os go-
superior completo, por sexo vernos petistas mantiveram a essência do racismo: a com-
binação entre opressão racial e exploração capitalista. Uma
HOMENS MULHERES realidade que pode ser constatada com um único dado: em
2010, enquanto a média salarial dos brancos chegava a R$
Branca 20,7% 23,5%
1.538,00, a de um negro não passava de R$ 834,00 e a de
Preta ou parda 7% 10,4% uma mulher negra era pouco maior que a metade disto.

Total 15,3% LGBTs: governos petistas fizeram jogo duplo em


Fonte: IBGE, Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua 2016. nome da “governabilidade”
Os governos petistas apresentaram um discurso bo-
Todos estes dados revelam que, nos governos petistas, a nito e atraente, que não passaram de promessas pois,
opressão contra as mulheres (especialmente as negras) e ne- em nome da “governabilidade”, vetavam todas as pro-
gros e LGBTs não foi debelada, muito pelo contrário. postas que combatiam a homofobia, como ocorreu com
Entre os trabalhadores pobres de categorias precarizadas o kit anti-homofobia, vetado pela Dilma para satisfazer
(agricultura, trabalho doméstico e autônomos), 88% são mu- a bancada homofóbica, que fazia parte da base “aliada”.
lheres e 68% negros(as), atestando que a pobreza segue sendo Em nome dessa governabilidade, Dilma indicou o co-
de raça negra e com cara de mulher. Ademais, a ampla maio- nhecido pastor homofóbico Marcelo Crivella como mi-
ria dos 78 milhões de desempregados e subempregados que nistro. E é por isso que Dilma nunca se pronunciou a
existem no Brasil é composta por mulheres e negros. favor dos LGBTs ou contra seu aliado Marco Feliciano.
Os dados oficiais da violência contra a mulher no Brasil, Ao não atacar as causas da homofobia, os governos pe-
compilados no estudo Mapa da Violência 2015 - Homicídio de tistas se tornaram cúmplices da violência anti-LGBTs.
Mulheres no Brasil, informam que o número absoluto de ho- Isso é o que explica que o ano de 2016 foi considerado
micídios femininos no país foi de 4.762, o que corresponde a o ano mais violento desde 1970 contra pessoas LGBTs,
13 mulheres assassinadas por dia, apenas por serem mulheres. de acordo com o relatório divulgado pelo Grupo Gay da
Após 13 anos no governo do PT, os dados da violência contra Bahia. E é o que explica também que o Brasil carrega o
a mulher revelam que o Brasil é o quinto colocado no ranking trágico ranking de ser o país onde mais se assassina ho-
de feminicídios, com uma morte a cada duas horas. Dez mu- mossexuais no mundo.
lheres são espancadas por minuto no país, e, a cada hora, 503
são vítimas de algum tipo de agressão. Conclusão: chegamos a um estágio na crise
do capitalismo brasileiro em que o lucro
Manutenção do abismo racial é sinônimo de destruição.
A análise do Índice de Desenvolvimento Humano Empresários e banqueiros não conseguem aumentam
(IDH) revelou que um ano antes do PT chegar ao poder, seus lucros pelo crescimento econômico, por isso, vão bus-
enquanto o “Brasil branco” ocupava a 47ª posição entre as cá-lo através do roubo descarado. A reforma trabalhista
nações mais desenvolvidas, o “Brasil negro” estava na 107ª aumentou a exploração dos trabalhadores sem que as em-
posição do ranking. Dez anos depois, esse abismo conti- presas investissem um centavo a mais. A reforma da Pre-
nuou praticamente o mesmo, como revelou a pesquisa fei- vidência saqueia os rendimentos dos trabalhadores para
ta em 2009: as condições de moradia, saúde, educação e sa- garantir superavits a serem transferidos para os grandes
neamento básico da população branca a colocaram no 40º empresários e banqueiros.
lugar no ranking, enquanto os negros permaneceram na A burguesia nacional é cúmplice do saque e destruição
104ª posição. do Brasil. Ela é sócia minoritária da rapinagem. Até a dé-
De cada 100 pessoas assassinadas no Brasil, 71 são ne- cada de 1980, ela apoiava um projeto “nacional-desenvol-
gras, segundo o Atlas da Violência, ano 2017, do IPEA. “Jo- vimentista”, promovendo uma industrialização dominada
vens e negros do sexo masculino continuam sendo assassina- pelo capital internacional. Hoje se dedica a saquear o Es-
dos todos os anos como se vivessem em situação de guerra”, tado através de títulos da dívida pública, da corrupção e da
segundo a ONG britânica Oxfam. exportação de produtos primários. O Brasil está sendo des-
Para além da violência física, a cumplicidade dos gover- truído pelo imperialismo, que utiliza a burguesia nacional
nos petistas com a manutenção do abismo racial se revela como seu capataz.
ANUÁRIO ESTATÍSTICO
92 DO ILAESE 2019

O PT poderia ter mudado o curso desta história O PT buscou aliados onde havia inimigos. Por isso,
Porém, preferiu se unir aos de cima e virou as costas aos ao se misturar com a classe dominante adotou o pro-
de baixo, como ficou patente na Carta ao povo brasileiro: grama e a forma de governar do inimigo de classe. O
PT foi cúmplice da desindustrialização, da reprimariza-
“Parcelas significativas do empresariado vêm so- ção, da flexibilização e terceirização, enfim da recolo-
mar-se ao nosso projeto. Trata-se de uma vas- nização do Brasil.
ta coalizão, em muitos aspectos suprapartidária, Para quem governou Lula e Dilma? Para o capital
que busca abrir novos horizontes para o país. (...) financeiro internacional que controla mais da metade
O novo modelo não poderá ser produto de deci- da economia brasileira, para os banqueiros, os grandes
sões unilaterais do governo... Será fruto de uma empresários e o agronegócio. Foram estes setores que
ampla negociação nacional, que deve conduzir a mais contribuíram tanto nas campanhas do Lula, em
uma autêntica aliança pelo país, a um novo con- 2006, quanto da Dilma em 2010:
trato social, capaz de assegurar o crescimen- Para que um banco como o Bradesco contribuiria
to com estabilidade. (...) Premissa dessa transi- com R$ 18,9 milhões de reais para a campanha de um
ção será naturalmente o respeito aos contratos e partido de “esquerda”? Evidentemente porque “doava”
obrigações do país. (...) Vamos preservar o supe- R$ 18 milhões e recolhia R$ 18 bilhões na forma de lu-
ravit primário o quanto for necessário para im- cros. Quer prova maior que essa de corrupção, feita
pedir que a dívida interna aumente e destrua a a vista de todos e considerada “legal” pela burguesia?
confiança na capacidade do governo de honrar Nossa crítica ao PT e a Lula é que não tiveram co-
os seus compromissos. (...)” Luiz Inácio Lula da ragem de enfrentar a burguesia e o imperialismo e se
Silva, junho de 2002. renderam ao status quo, tornando-se mais um partido
da ordem capitalista colonial.
Depois de 20 anos de polêmica, é hora de realizar o Para nós, a parcialidade evidente do juiz Sérgio
balanço do PT. Apesar de conseguir pequenas melhoras Moro (que optou por não prender 99% dos corruptos
para os setores mais pobres da sociedade, que se per- do Brasil) não torna Lula inocente.
deram com a crise de 2014, o PT no governo manteve Senão vejamos. Lula foi inocentado na Operação
inalterado o quadro de exploração e opressão da classe Lava-Jato no processo em que a OAS pagou mais de
trabalhadora. Desta forma, foi incapaz de realizar as re- 1 milhão de reais, durante cinco anos, pelo aluguel do
formas estruturais que havia prometido ao povo, antes local que ficou depositado o acervo pessoal de Lula,
de chegar ao poder. quando saiu da presidência. O que você acha de uma
Poderia ser diferente se Lula tivesse a coragem de en- pessoa que aceita uma empresa comprovadamente cor-
frentar a burguesia e o imperialismo. Porém, ele preferiu rupta como a OAS pague seu aluguel por cinco anos?
se aliar com Temer, Sarney, Collor, Eike Batista, Bush, Evidentemente que se trata de propina e não de uma
Obama, e abdicou de mudar o Brasil a favor dos traba- ajuda “desinteressada”. O mesmo ocorre com as “do-
lhadores. O social-liberalismo do PT, de Lula e Dilma, ações” eleitorais. Para a burguesia, são operações ab-
aprofundou a decadência do país. Utilizando dinheiro solutamente legais, justamente porque todo seu siste-
público do BNDES, financiou os grupos econômicos in- ma político se baseia na corrupção generalizada. Assim
tensivos em recursos naturais: a própria Vale privatiza- funciona o capitalismo e quem entra lá e aceita as re-
da, a JBS, a Sadia, a Perdigão, a Gerdau, a CSN. O grande gras deste jogo, torna-se mais um corrupto.
projeto econômico do PT era criar uma burguesia in- O PT foi cúmplice do saque e da destruição do país,
dustrial que alavancasse o desenvolvimento do Brasil, foi usado como a mão esquerda da burguesia, usado
que fosse “progressista” e “democrática”. Que construi- para frear as lutas da classe trabalhadora. Porém, não
ria um capitalismo humano, que desenvolveria o país e segurou a massa como ficou evidente em junho de
distribuiria a renda. Uma grande farsa porque esse capi- 2013 e se tornou desnecessário para o grande capi-
talismo e essa burguesia não existem. O capitalismo re- tal. Doravante, abriu-se uma crise no interior da clas-
almente existente é o capitalismo que gerou a tragédia se dominante para encontrar outros governantes para
de Brumadinho, que jogou 78 milhões de trabalhadores arrematar o trabalho de saque e destruição. Esse é o
no desemprego e no subemprego, que destruiu a indús- projeto Bolsonaro. A verdadeira cara do capitalismo
tria e ocupou o campo brasileiro para levar a riqueza aos em decomposição do Brasil encontrou sua cara-me-
países ricos. A burguesia que existe é totalmente subser- tade: Bolsonaro. Mas ele pode ser derrotado nas ruas
viente ao domínio estrangeiro e participa do saque do e esta é a tarefa da classe trabalhadora brasileira no
país como sócia minoritária. próximo período.
ANUÁRIO ESTATÍSTICO
DO ILAESE 2019 93

Qual a saída estratégica frente a esta crise de derável do orçamento do país e usar este dinheiro para
grandes proporções? a criação de emprego para todos, para produzir energia,
moradia, alimentos, saúde, educação, transportes. Isso é
“As revoluções são impossíveis até uma guerra com a burguesia nacional parasita.
que se tornem inevitáveis”. Esta crise não será resolvida pela via das eleições
León Trotsky burguesas viciadas. Precisa da união de toda a classe tra-
balhadora na luta direta, na greve geral, numa revolução
O Brasil, doravante, só pode desenvolver-se em ruptura com que rompa com o sistema capitalista e o imperialismo
o capitalismo, rumo a uma sociedade socialista, que privilegie a e que garanta uma verdadeira independência nacional.
coletividade e não a exploração do ser humano por outro. Uma revolução que avance para um Brasil socialista
Para retomar crescimento da indústria e reempregar 78 como estopim da revolução latino-americana e mundial.
milhões de trabalhadores tem que romper com o domínio das Só quem pode garantir um projeto desse é a clas-
multinacionais sobre o Brasil, isto é, reestatizar todo o parque se trabalhadora unida com os pobres da cidade e do
industrial e nacionalizar as 100 maiores empresas e bancos. campo em luta contra toda a burguesia “nacional” e
Isso é uma guerra com os Estados Unidos. o imperialismo. Porém, para derrotar a burguesia e o
Para retomar o crescimento do país só é possível pa- imperialismo é necessário desmascarar o engano que
rando de pagar a dívida pública que engole parte consi- representa o PT.
FORMAÇÃO

AÇÃO
PARA

w w w.ila es e.o rg.br

O ILAESE é um instituto de formação de


lideranças operárias e sindicais. Acreditamos
que é necessário unir a luta econômica, a luta
política e a luta teórica em uma só luta de classes.
Por isso ao longo de mais de 15 anos nos
dedicamos a auxiliar a nova geração de dirigentes,
usando conhecimento teórico e científico para
potencializar a ação sindical. Em suma, queremos
contribuir com os sindicatos e as organizações
sociais a se converterem em alavancas para a
ALGUNS CURSOS DE FORMAÇÃO POLÍTICA
transformação social e utilizamos a ciência como ELABORADOS PELO ILAESE
uma das armas à serviço dos trabalhadores. Concepção e Prática Sindical
Organização por Local de Trabalho
Entendemos que a formação se dá em diferentes
A Opressão das Mulheres na História
momentos e formas. Além de elaborar e ministrar
Oratória Militante
cursos e palestras, o ILAESE contribuiu com
Crise Econômica
publicações embasadas com dados e análises,
realiza estudos econômicos com dados concretos Classes Sociais
e compreensíveis para os trabalhadores, que Concepções burguesas: liberalismo,
podem auxiliar a prática sindical cotidiana. conservadorismo e fascismo
ESTUDOS ECONÔMICOS
Realizamos análises econômicas de municí- As análises financeirassão sempre realiza-
pios e Estados, ou de áreas específicas do setor pú- das partindo da perspectiva dos trabalhadores e
blico, bem como análises econômicas de empresas da população. Além de apresentar os números,
privadas. Tais análises são baseadas nos demons- também interpretamos os dados e apresentamos
trativos financeiros e relatórios econômicos dispo- conclusões que contribuam para o processo de
nibilizados oficialmente pelas instituições. reflexão da exploração.
O objetivo destes estudos é apresentar a A apresentação do Estudo é realizada em
análise dos dados econômicos subsidiando as uma linguagem compreensível para todos, atra-
entidades de classe na intervenção política. Os vés de gráficos, figuras e diagramas de modo a
estudos econômicos são importantes instrumen- possibilitar uma imediata compreensão dos re-
tos para a mobilização dos trabalhadores na me- sultados. O material pode ser adaptado para ser
dida em que coloca de forma clara a exploração divulgado em forma de cartilha, em boletins des-
a que são submetidos. Também auxiliam nas ne- tinados aos trabalhadores, além de prover os diri-
gociações coletivas dando argumentos concretos gentes sindicais com informações detalhadas so-
para os trabalhadores. bre o cenário econômico do setor onde atua.

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