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Curso Online:

Psicanálise Clínica
Aspectos Antropológicos e históricos: homem e drogas.....................................2

Aspectos Culturais e Psicossociais do Adoecimento Mental...............................5

Drogas Lícitas e ilícitas. Efeitos psíquicos e físicos provocados pelo uso..........9

Legislação em Saúde Mental e Dependência Química.....................................12

Articulação Suas/Sus: Construção da Rede em Saúde Mental.......................15

O Sus: Política de Saúde Mental e Política Sobre Álcool e Drogas..................17

Neuropsicologia do comportamento de pacientes usuários de substâncias


psicoativas.........................................................................................................19

Psicopatologias e Conceitos Básicos em Dependência Química......................22

Toxicologia Social: Fármacos e drogas que causam dependência...................25

Referências Bibliográficas.................................................................................28

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ASPECTOS ANTROPOLÓGICOS E HISTÓRICOS: HOMEM E DROGAS

De acordo com uma revisão recém-publicada de décadas de pesquisas


arqueológicas, os humanos em todo o mundo usam substâncias psicoativas
como ópio, álcool e cogumelos alucinógenos desde os tempos pré-históricos.

Se olharmos para o registro arqueológico, encontraremos muitos dados


indicando que teriam sido consumidas na pré-história.

A partir do momento em que plantas alucinógenas e bebidas fermentadas


começaram a ser ingeridas, há evidências ininterruptas de que o consumo teria
continuado ao longo dos séculos.

Em alguns casos, a relação homem-droga que começou em tempos pré-


históricos continua até hoje.

Álcool: A primeira bebida alcoólica data de entre 7000 a.C. e 6600 a.C.
Resíduos da bebida foram encontrados em fragmentos de cerâmica do vilarejo
pré-histórico de Jiahu, na província chinesa de Henan. A bebida consistia de
um misto de arroz, mel e uvas ou outras frutas fermentadas.

Alucinógenos: Os resquícios fósseis mais antigos do cacto alucinógeno de


São Pedro, encontrado numa caverna do Peru, datam de entre 8600 a.C. e
5600 a.C. As sementes da leguminosa Dermatophylum (conhecida como ―feijão
mescal‖) encontradas na região que hoje é o sul do Texas e norte do México
datam do final do nono milênio a.C. até 1000 d.C. E pequenas esculturas de
pedra chamadas ―pedras de cogumelo‖ encontradas na Guatemala, no México,
Honduras e El Salvador sugerem que cogumelos alucinógenos teriam sido
usados em cerimônias religiosas entre 500 a.C. e 900 d.C.

Ópio: Os primeiros resquícios fossilizados da planta do ópio datam de meados


do sexto milênio a.C. e foram encontrados num sítio arqueológico na Itália,
menos de 40 km a noroeste de Roma. Resquícios de cápsulas de sementes de
papoula e de opiáceos foram encontrados em ossos de esqueletos humanos
do quarto milênio a.C., ao lado de arte pré-histórica mostrando partes da
papoula sendo empregada em cerimônias religiosas.

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Folhas de coca: As evidências mais antigas de que humanos mascavam coca
datam de aproximadamente 8.000 anos atrás, na América do Sul. Resquícios
de folha de coca foram encontrados nos pisos de casas no vale de Nanchoc,
no Peru, em restos dentários humanos e no cabelo de múmias.

Tabaco: Cachimbos de cerca de 2.000 a.C. foram encontrados no noroeste da


Argentina, mas não está claro se eram usados para fumar tabaco ou outras
plantas alucinógenas. Resquícios de nicotina encontrados em cachimbos
datam de 300 a.C.

Droga, em seu sentido original, é um termo que abrange uma grande


quantidade de substâncias.

Contudo, em um contexto legal e no sentido corrente (fixado depois de quase


um século de repressão ao consumo de certas drogas), o termo "droga" refere-
se, geralmente, a substâncias psicoativas e, em particular, às drogas ilícitas ou
àquelas cujo uso é regulado por lei, por provocarem alterações do estado
de consciência do indivíduo. Certos fármacos de uso médico controlado, tais
como os opiáceos, também podem ser tratados como drogas ilícitas, quando
produzidos e comercializados sem controle dos órgãos sanitários ou se
consumidos sem prescrição médica.

Quanto ao tipo de efeito no sistema nervoso podem ser classificadas como:

Depressoras (psicodislépticas) - diminuem a atividade do sistema nervoso


atuando em receptores (neurotransmissores) específicos.

Exemplos: álcool, barbitúricos, diluentes, quetamina, cloreto de etila ou lança


perfume, clorofórmio, ópio, morfina, heroína, e inalantes em geral (cola de
sapateiro, etc.).

Psicodistropticas ou psicodislépticas (drogas


perturbadoras/modificadoras) – têm por característica principal a

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despersonalização ou modificação da percepção (daí o termo alucinógeno para
sua designação) em maior ou menor grau.

Exemplos:

Algumas espécies de cogumelos, LSD, maconha, MDMA ou ecstasy e o DMT.

Psicolépticas ou estimulantes - produzem aumento da atividade pulmonar


(ação adrenérgica), diminuem a fadiga, aumentam a percepção ficando os
demais sentidos ativados.

Exemplos: Cocaína, crack, cafeína, teobromina (presentes em chocolates),


GHB, metanfetamina, anfetaminas (bolinha, arrebite) etc.

Essas drogas podem ser absorvidas de várias formas: por injeção,


por inalação, via oral ou injeção intravenosa.

Quanto à forma de produção, classificam-se como:

Naturais - aquelas que são extraídas de plantas.

Exemplos: tabaco, cannabis, ópio.

Semissintéticas - são produzidas através de modificações em drogas naturais.

Exemplos: crack, cocaína, heroína.

Sintéticas - são produzidas através de componentes ativos não encontrados


na natureza.

Exemplos: anfetamina, anabolizante.

A dependência de drogas está relacionada tanto ao prazer produzido,


usualmente designado como euforia, sensação de bem estar, estimulação ou
entorpecimento (analgesia), como à compreensão deformada de seus efeitos
nocivos (tóxicos) ao organismo, além dos mecanismos químicos ou crise de
abstinência induzidos pela ausência da substância após um período de uso
continuado. Ademais, ao adquirir drogas no mercado negro, o indivíduo se
expõe a outros riscos - agressão, roubo, consumo involuntário de outras
substâncias nocivas misturadas às drogas, violência policial e prisão.

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ASPECTOS CULTURAIS E PSICOSSOCIAIS DO ADOECIMENTO MENTAL

Mudanças de humor, tristeza, ansiedade, apatia, culpa, descontentamento


geral, desesperança, perda de interesse, solidão, sofrimento emocional,
automutilação, choro excessivo, irritabilidade e isolamento social. Esses são
alguns dos sintomas de quem sofre de transtornos mentais e comportamentais.

As condições dos ambientes e dos processos de trabalho das pessoas podem


desencadear esse tipo de adoecimento. Por isso, no Dia Mundial da Saúde
Mental (10 de outubro), a Organização Mundial da Saúde (OMS) propõe
discussão global sobre saúde mental no ambiente de trabalho.

No Brasil, transtornos mentais e comportamentais são a terceira causa de


incapacidade para o trabalho, correspondendo a 9% da concessão de auxílio-
doença e aposentadoria por invalidez, de acordo com dados do 1º Boletim
Quadrimestral sobre Benefícios por Incapacidade (Secretaria de
Previdência/Ministério da Fazenda/2017).

Várias condições de trabalho podem conduzir a riscos psicossociais.


Empregadores e trabalhadores devem ficar atentos aos primeiros sinais e,
quando for o caso, apoiar e indicar ajuda a quem precisa. Por isso, é preciso
ficar alerta em situações como:

 Cargas de trabalho excessivas;


 Exigências contraditórias e falta de clareza na definição das funções;
 Falta de participação na tomada de decisões que afetam o trabalhador e
falta de controle sobre a forma como executa o trabalho;
 Má gestão de mudanças organizacionais, insegurança laboral;
 Comunicação ineficaz, falta de apoio da parte de chefias e colegas;
 Assédio psicológico ou sexual e violência de terceiros.

Esses tópicos têm sido observados em diversas atividades pela inspeção do


trabalho, tornando-se uma preocupação e um desafio para os órgãos que
atuam na segurança e saúde do trabalhador.

No Brasil, os transtornos mentais são a terceira causa de longos afastamentos


do trabalho por doença. O debate sobre a relação entre trabalho e saúde
mental se faz importante para a busca de mudanças nessa relação.

O mundo do trabalho sofreu profundas mudanças decorrentes da transição da


economia baseada na comercialização de produtos manufaturados para a
industrialização.

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Na era da globalização, a fragmentação das atividades laborais, aliada à
competitividade no mercado de trabalho e o medo do desemprego, induz o
trabalhador a submeter-se a péssimas condições laborais, baixos salários,
assédio moral e sexual, discriminação, carga horária excessiva e acúmulo de
funções para atingir metas propostas pelas empresas. Esses são fatores que
contribuem para o surgimento de sintomas ansiosos e depressivos nos
trabalhadores.

Tornam-se preocupantes, pelas características atuais, o estresse relacionado


ao trabalho e suas consequências para a saúde dos trabalhadores. Diferentes
correntes de pensamento no campo da saúde mental e trabalho versam sobre
a questão, dentre as quais se destacam duas teorias: a do estresse — que
investiga o estresse e o trabalho e recebe o nome de work stress — e a das
ciências sociais, que privilegia as relações de poder. As causas do work stress
são variadas e envolvem episódios de mobbing (forma de pressão psicológica
ou moral), assédio psicológico, intimidação e outras formas de violência que
estão cada vez mais presentes no ambiente de trabalho. Esse fenômeno
provoca danos psicofísicos e sociais, gerando um efeito negativo sobre o
trabalhador e a empresa. Assim, na tentativa de lidar com o estresse, os
profissionais podem recorrer a comportamentos pouco saudáveis, a exemplo
do abuso de álcool e outras drogas. Ademais, a crise econômica e a recessão
também levaram a um aumento do estresse relacionado ao trabalho, da
ansiedade, da depressão e de outros distúrbios mentais, inclusive conduzindo
algumas pessoas ao extremo do suicídio.

Sabe-se que a ansiedade, a depressão, o consumo abusivo de substâncias


psicoativas e o estresse diário estão entre as causas mais comuns que levam o
trabalhador ao adoecimento mental relacionado ao labor. Contudo, há de se
considerar que as características individuais são marcantes para o
estabelecimento de uma boa relação entre trabalho e saúde mental, de forma
que, do ponto de vista psicológico, certa atividade motivadora para uma pessoa
poderá ser depressora para outra. E, para que haja um bem-estar físico e
psíquico, é necessário avaliar as questões social, econômica e ambiental nas
quais esse profissional está inserido.

A noção de sofrimento psíquico implica um estado de luta do sujeito contra as


forças que o estão empurrando em direção à doença mental. Ao instalar-se o
conflito entre a organização do trabalho e o funcionamento psíquico dos
homens, emerge o sofrimento patogênico. O sofrimento do trabalhador é
formado pelo sofrimento organizado por meio dos sintomas de insatisfação e
ansiedade. E o prazer no trabalho está vinculado à satisfação das
necessidades representadas em alto grau pelo sujeito, assim, o prazer do
trabalhador resulta da descarga de energia psíquica que a tarefa exige.

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Os trabalhadores percebem o trabalho como um fator influenciador para o seu
adoecimento mental, na medida em que pode afetar suas relações
interpessoais, ser fonte geradora de estresse e distúrbios no sono,
corroborando a literatura vigente, nacional e internacional, acerca do
adoecimento mental e a relação com o trabalho.

Em termos estatísticos, dados apontam que mais de 400 milhões de pessoas


são afetadas por transtornos mentais ou comportamentais em todo o mundo.
No Brasil, os transtornos mentais são a terceira causa de longos afastamentos
do trabalho por doença. Por essa razão, os problemas de saúde mental já
ocupam cinco posições no ranking das dez principais causas de incapacidade
para o trabalho, representando um fenômeno mundial.

Toda relação interpessoal partilha certas propriedades que formam sua


estrutura e qualidades afetivas. Quando o indivíduo não consegue estabelecer
boa interação no seu ambiente de trabalho, há uma sobrecarga emocional que
dificulta o enfrentamento das situações de estresse durante a vida laboral.

Com relação ao estresse e os distúrbios de sono, os trabalhadores percebem-


se estressados e atribuem o fato a um exercício de trabalho desgastante, a
prejuízos ao sono e às atividades laborais em turno noturno, bem como à carga
horária exaustiva. A propósito disso, as teorias sobre o estresse, em especial o
work stress, preconizam a relação entre trabalho e adoecimento mental, sendo
o primeiro um meio influenciador para o surgimento do segundo. Essa
abordagem avalia os fatores estressores que envolvem o trabalhador e os
métodos práticos para sua prevenção e tratamento.

A psicodinâmica do trabalho destaca a organização deste como fonte de


insatisfação com a atividade laboral exercida, sendo esta geradora de
adoecimento e sofrimento mental. Essa dinâmica também leva em
consideração as estratégias defensivas adotadas pelo trabalhador e a escuta
qualificada como um método de intervenção para a interpretação desse
problema. No entanto, apesar das estratégias de defesa individuais dos
trabalhadores desempenharem papel crucial no fenômeno de adaptação ao
sofrimento, exercem pouca influência nesse grupo de pessoas, ao passo que
as estratégias coletivas atuam para a construção de um elo entre o trabalho
coletivo e o exercício de suportar as adversidades do grupo, possibilitando uma
atuação na estruturação do trabalho.

A inserção dos psicólogos no âmbito da Saúde Pública no Brasil está


estreitamente relacionada ao movimento de Reforma Sanitária ocorrido no final
dos anos 1970 e na década de 1980, bem como à criação do Sistema Único de
Saúde (SUS) nos anos 1990. Isso resultou na ampliação do parque sanitário
brasileiro com abertura de serviços e ações nos três níveis de atenção à saúde,

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com prioridade para a Atenção Primária. Consequentemente, a contribuição de
diversas áreas do conhecimento, incluindo a Psicologia, passou a ser
fundamental para compreender e intervir na Saúde Pública, tanto no âmbito da
assistência (promoção, prevenção, reabilitação, proteção e cura), quanto na
esfera da gestão e planejamento de ações programáticas e, ainda, na
construção de espaços de participação e controle social.

Entretanto, o fator decisivo para a ampliação do campo de trabalho do


psicólogo no SUS ocorre na saúde mental com a Reforma Psiquiátrica, que
derivou no investimento em serviços extra-hospitalares de base comunitária,
processo que se inicia nos anos 1990 e perdura até os dias atuais (Dimenstein,
1998; 2001; Dimenstein, & Macedo, 2012).

Nesse processo, embora se verifique ampliação paulatina das possibilidades


de atuação dos psicólogos na saúde pública, destacamos como fruto de sua
cultura profissional, a persistência de um modus individualizante e etnocêntrico
de compreensão e intervenção da psicologia no processo saúde-doença-
cuidado. Isso tem produzido efeitos tanto na organização do processo de
trabalho e na vida cotidiana dos usuários, quanto na capacidade de produzir
interferências em um cenário onde a pobreza, a desigualdade, a exclusão e a
violação de direitos têm ampla visibilidade.

Esse modus operandi, por sua vez, não tem favorecido a produção de
conhecimentos, de competências e habilidades orientadas por uma perspectiva
territorial, a qual implica em considerar as múltiplas determinações e
singularidades dos modos de vida, das relações afetivas, das sociabilidades e
vínculos entre sujeitos e instituições, que reverberam nas formas de
adoecimento e sofrimento, bem como nas possibilidades de suporte e cuidado.

A Organização Mundial da Saúde (2010) considera a injustiça social como


grande causa para as desigualdades que interferem direta e indiretamente nas
condições de saúde e doença das populações em esfera global. Logo, abarcar
as determinações sociais da saúde mostra-se como um importante desafio na
formulação de políticas sociais para o enfrentamento das desigualdades, com
repercussões importantes quando se trata da territorialização e integralidade da
atenção em saúde mental. Nesse sentido, os fatores que condicionam as
iniquidades em saúde e as necessidades dos grupos afetados pela pobreza e
desvantagem social não podem ser desconsiderados.

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DROGAS LÍCITAS E ILÍCITAS

EFEITOS PSÍQUICOS E FÍSICOS PROVOCADOS PELO USO

Droga lícita é uma droga cuja produção e uso são permitidos por lei da região
onde são consumidas, sendo liberada para comercialização e consumo.

Na maioria dos países, o consumo de drogas é regulamentado por órgãos


oficiais que determinam quais substâncias podem ser consumidas ou
comercializadas, podendo condicionar ou limitar seu uso conforme
necessidades estabelecidas por políticas públicas, sendo seu uso geralmente
atribuído a fins medicinais. No entanto, em muitos países do mundo,
as bebidas alcoólicas e o cigarro, por exemplo, também são drogas lícitas
apesar de seu consumo normalmente não ter fins medicinais.

As drogas lícitas mais consumidas são:

Álcool, tabaco, benzodiazepínicos (remédios utilizados para reduzir


a ansiedade ou induzir o sono); xaropes (remédios para controlar a tosse e que
podem ter substâncias como a codeína, um derivado do ópio);
descongestionantes nasais (remédios usados para desobstruir o nariz)
os anorexígenos (utilizados para reduzir o apetite e controlar o peso);
anabolizantes( usados para aumentar a massa muscular).

Droga ilícita, um termo de caráter essencialmente moral e sem definição


jurídica, é usado vulgarmente para referir de modo um tanto impreciso toda e
qualquer substância química ou composto químico natural ou artificial que
tenha efeito psicoativo e que seja proibida por lei. Note-se que algumas drogas,
ilícitas em determinados países, são permitidas e de uso corriqueiro em outros
países, onde o seu uso é aceito culturalmente. Veja-se o exemplo do álcool,
proibido em países muçulmanos, mas permitido no Ocidente.

No uso corrente, trata-se de uma substância psicoativa produzida, vendida ou


usada fora dos canais sancionados legalmente, porém qualquer outra
substância, se produzida ou comercializada ilegalmente, é ilícita. Tais
substâncias podem ser sintéticas ou mesmo estar contidas em produtos
naturais, como plantas ou animais.

As substâncias psicoativas, além do efeito psicológico e social determinado


pela condição de uso, atuam no cérebro por meio de diversos receptores de
neurotransmissores, podendo ser responsável pela sensação de prazer, dor,
medo, ansiedade, entre outras. Vivemos em uma sociedade cujo hedonismo

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(do grego, hedoné, que significa ―prazer‖) está fundamentado no consumo de
realização imediata e algumas pessoas, independente da idade, da renda e da
escolaridade, buscam nestas substâncias e no contexto do uso tais efeitos
tanto como uma fuga dos problemas e, como processo, a busca de mais
prazer. Sendo que a grande maioria dos usuários no ocidente desempenham
usos de caráter lúdico, ou seja, usos não medicamentosos e não religiosos ou
ritualísticos.

Doenças psíquicas mais comuns:

Os efeitos físicos mais comuns são taquicardia, olhos avermelhados, boca


seca, tremores de mãos, além de prejuízo da coordenação motora e da força
muscular

Os efeitos psíquicos são variáveis e dependem daquilo que abordamos no


artigo anterior - quantidade, tempo de uso e qualidade da droga. Pode haver a
sensação de relaxamento, letargia, prejuízo no aprendizado e na memória,
diminuição da ansiedade, aumento do apetite, euforia, alteração da percepção
do tempo, cores, sons e do espaço. Estas alterações podem provocar
acidentes automobilísticos graves.

Em doses mais altas podem ocorrer delírios, alucinações com perda do sentido
de realidade, além de sentimentos de perseguição.

É considerada, equivocadamente, uma droga leve. Pesquisas recentes da


Chemical Research in Toxicology demonstraram que existem mais substâncias
cancerígenas na maconha que no tabaco. Três cigarros de maconha produzem
o mesmo efeito cancerígeno que 20 cigarros de tabaco! O Instituto do Câncer
de São Paulo emitiu um alerta importante: o aumento do índice de câncer de
testículos em jovens usuários de maconha

O uso da maconha pode estar associado a quadros de depressão e de


síndrome do pânico com maior frequência.

As anfetaminas são também muito utilizadas como medicamentos para


emagrecimento. Em geral, elas causam efeitos físicos e psíquicos semelhantes
à cocaína. Podem frequentemente desencadear ataques típicos de pânico e se
tornam muito perigosos quando associados ao álcool. O uso prolongado
produz graves problemas de memória, além de poderem causar surtos
psicóticos.

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O êxtase é um subtipo dos anfetamínicos - uma metanfetamina. Seu uso se
tornou frequente em festas. Exaustão e desidratação são ocorrências comuns
e a mistura com o álcool pode se transformar numa verdadeira ―bomba‖ que
causa não raro paradas cardíacas. A psicose pode também acontecer em
indivíduos predispostos ou que chegam a doses elevadas.

Estudos do efeito da Cannabis à saúde envolvem tanto seu


aspectos terapêuticos quanto os adversos ou tóxicos. Apesar dos recentes
investimentos em pesquisa sobre sua composição bioquímica, formas de
uso farmacológico ou étnico-histórico, risco toxicológico e potencial terapêutico
na clínica de distintas patologias, como poderá ser visto neste texto, ainda não
se possui um consenso quanto aos prejuízos ou benefícios de sua utilização.

Dentre a relação da Cannabis sativa ou maconha e a saúde humana, há vários


efeitos positivos e negativos que podem variar de acordo com a condição
psicológica de cada usuário e o uso ou abuso da droga. No entanto, os
pesquisadores, divergem quanto a nocividade e utilização medicinal.

Além das diversas formas farmacêuticas (tintura, óleo extratos com


concentração diversa etc.) a planta in natura, geralmente as folhas e
sumidades floridas da planta fêmea, secada à sombra, pode ser usada em
forma de fumaça, produzida em cigarros e diversos apetrechos de combustão,
ou vapor por inalação em aparelhos apropriados
(nebulizador, vaporizador, cigarro eletrônico, etc.) ou ainda ingerida em
capsulas feitas a partir de extratos ou em preparados culinários em
combinação com diversos alimentos. O óleo extraído das suas sementes ou as
próprias sementes cozidas são considerados praticamente um produto distinto
pela ausência de propriedades psicoativas comuns ao THC.

Fumada

A duração total de curto-prazo da maconha quando fumada é baseada na


potência e no quanto foi fumada. Os efeitos tipicamente duram de duas a três
horas.

Ingerida

Quando ingerida, os efeitos psicoativos demoram mais para se manifestarem e


geralmente duram mais, tipicamente por 4 a 10 horas depois do
consumo. Doses muito altas podem durar até mais. Adicionalmente, o uso oral
elimina a necessidade de inalar os produtos da combustão tóxica criados pelo
fumo, o que elimina muito do dano respiratório e cardiovascular associado ao
fumo.

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LEGISLAÇÃO EM SAÚDE MENTAL E DEPENDÊNCIA QUÍMICA

Lei Nº 11.343, de 23 de agosto de 2006

Institui o Sistema Nacional de Políticas Públicas sobre Drogas - Sisnad;


prescreve medidas para prevenção do uso indevido, atenção e reinserção
social de usuários e dependentes de drogas; estabelece normas para
repressão à produção não autorizada e ao tráfico ilícito de drogas; define
crimes e dá outras providências.

Art. 1º Esta Lei institui o Sistema Nacional de Políticas Públicas sobre Drogas -
Sisnad; prescreve medidas para prevenção do uso indevido, atenção e
reinserção social de usuários e dependentes de drogas; estabelece normas
para repressão à produção não autorizada e ao tráfico ilícito de drogas e define
crimes.

Parágrafo único. Para fins desta Lei, consideram-se como drogas as


substâncias ou os produtos capazes de causar dependência, assim
especificados em lei ou relacionados em listas atualizadas periodicamente pelo
Poder Executivo da União.

Art. 2º Ficam proibidas, em todo o território nacional, as drogas, bem como o


plantio, a cultura, a colheita e a exploração de vegetais e substratos dos quais
possam ser extraídas ou produzidas drogas, ressalvada a hipótese de
autorização legal ou regulamentar, bem como o que estabelece a Convenção
de Viena, das Nações Unidas, sobre Substâncias Psicotrópicas, de 1971, a
respeito de plantas de uso estritamente ritualístico-religioso.

Parágrafo único. Pode a União autorizar o plantio, a cultura e a colheita dos


vegetais referidos no caput deste artigo, exclusivamente para fins medicinais
ou científicos, em local e prazo predeterminados, mediante fiscalização,
respeitadas as ressalvas supramencionadas.

Art. 16. As instituições com atuação nas áreas da atenção à saúde e da


assistência social que atendam usuários ou dependentes de drogas devem
comunicar ao órgão competente do respectivo sistema municipal de saúde os
casos atendidos e os óbitos ocorridos, preservando a identidade das pessoas,
conforme orientações emanadas da União.

Art. 18. Constituem atividades de prevenção do uso indevido de drogas, para


efeito desta Lei, aquelas direcionadas para a redução dos fatores de
vulnerabilidade e risco e para a promoção e o fortalecimento dos fatores de
proteção.

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Art. 19. As atividades de prevenção do uso indevido de drogas devem observar
os seguintes princípios e diretrizes:

I - o reconhecimento do uso indevido de drogas como fator de interferência na


qualidade de vida do indivíduo e na sua relação com a comunidade à qual
pertence;

II - a adoção de conceitos objetivos e de fundamentação científica como forma


de orientar as ações dos serviços públicos comunitários e privados e de evitar
preconceitos e estigmatização das pessoas e dos serviços que as atendam;

III - o fortalecimento da autonomia e da responsabilidade individual em relação


ao uso indevido de drogas;

IV - o compartilhamento de responsabilidade s e a colaboração mútua com as


instituições do setor privado e com os diversos segmentos sociais, incluindo
usuários e dependentes de drogas e respectivos familiares, por meio do
estabelecimento de parcerias;

V - a adoção de estratégias preventivas diferenciadas e adequadas às


especificidades socioculturais das diversas populações, bem como das
diferentes drogas utilizadas;

VI - o reconhecimento do "não-uso", do "retardamento do uso" e da redução de


riscos como resultados desejáveis das atividades de natureza preventiva,
quando da definição dos objetivos a serem alcançados;

VII - o tratamento especial dirigido às parcelas mais vulneráveis da população,


levando em consideração as suas necessidades específicas;

VIII - a articulação entre os serviços e organizações que atuam em atividades


de prevenção do uso indevido de drogas e a rede de atenção a usuários e
dependentes de drogas e respectivos familiares;

IX - o investimento em alternativas esportivas, culturais, artísticas, profissionais,


entre outras, como forma de inclusão social e de melhoria da qualidade de
vida;

X - o estabelecimento de políticas de formação continuada na área da


prevenção do uso indevido de drogas para profissionais de educação nos 3
(três) níveis de ensino;

XI - a implantação de projetos pedagógicos de prevenção do uso indevido de


drogas, nas instituições de ensino público e privado, alinhados às Diretrizes
Curriculares Nacionais e aos conhecimentos relacionados a drogas;

XII - a observância das orientações e normas emanadas do Conad;


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XIII - o alinhamento às diretrizes dos órgãos de controle social de políticas
setoriais específicas.

Parágrafo único. As atividades de prevenção do uso indevido de drogas


dirigidas à criança e ao adolescente deverão estar em consonância com as
diretrizes emanadas pelo Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do
Adolescente - Conanda.

Art. 20. Constituem atividades de atenção ao usuário e dependente de drogas


e respectivos familiares, para efeito desta Lei, aquelas que visem à melhoria da
qualidade de vida e à redução dos riscos e dos danos associados ao uso de
drogas.

Art. 21. Constituem atividades de reinserção social do usuário ou do


dependente de drogas e respectivos familiares, para efeito desta Lei, aquelas
direcionadas para sua integração ou reintegração em redes sociais.

Art. 23. As redes dos serviços de saúde da União, dos Estados, do Distrito
Federal, dos Municípios desenvolverão programas de atenção ao usuário e ao
dependente de drogas, respeitadas as diretrizes do Ministério da Saúde e os
princípios explicitados no art. 22 desta Lei, obrigatória a previsão orçamentária
adequada.

Art. 24. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios poderão


conceder benefícios às instituições privadas que desenvolverem programas de
reinserção no mercado de trabalho, do usuário e do dependente de drogas
encaminhados por órgão oficial.

Art. 25. As instituições da sociedade civil, sem fins lucrativos, com atuação nas
áreas da atenção à saúde e da assistência social, que atendam usuários ou
dependentes de drogas poderão receber recursos do Funad, condicionados à
sua disponibilidade orçamentária e financeira.

Art. 26. O usuário e o dependente de drogas que, em razão da prática de


infração penal, estiverem cumprindo pena privativa de liberdade ou submetidos
a medida de segurança, têm garantidos os serviços de atenção à sua saúde,
definidos pelo respectivo sistema penitenciário.

Art. 27. As penas previstas neste Capítulo poderão ser aplicadas isolada ou
cumulativamente, bem como substituídas a qualquer tempo, ouvidos o
Ministério Público e o defensor.

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ARTICULAÇÃO SUAS/SUS:

CONSTRUÇÃO DA REDE EM SAÚDE MENTAL

O Ministério da Saúde adotou a estratégia da organização do SUS a partir da


criação das Redes de Atenção à Saúde, com sub-redes temáticas, com a
finalidade de superar a fragmentação no contexto da atenção nas Regiões de
Saúde, bem como para assegurar ao usuário o conjunto de ações e serviços
para responder às suas necessidades de saúde. A Rede de Atenção à Saúde é
definida na legislação vigente como ―o conjunto de ações e serviços de saúde
articulados em níveis de complexidade crescente, com a finalidade de garantir
a integralidade da assistência à saúde‖ (Decreto Presidencial nº 7508 de 28 de
junho de 2011).

A constituição da Rede de Atenção Psicossocial, instituída pela Portaria GM,


3.088, de dezembro de 2011, republicada em maio de 2013, Portaria nº 3088
de 23 de dezembro de 2011, com republicação em 21 de maio de 2013. Ela
dispõe sobre a criação, ampliação e articulação de pontos de atenção à saúde
para pessoas com sofrimento ou transtorno mental e com necessidades
decorrentes do uso de crack, álcool e outras drogas, no âmbito do Sistema
Único de Saúde. Para a concretização da RAPS, uma importante estratégia é a
articulação interfederativa, fortalecida pela criação dos Grupos Condutores,
instância em que gestores se articulam buscando produzir consensos em torno
de Planos de Ação da RAPS. O planejamento, a pactuação e
acompanhamento da implantação e qualificação da RAPS são dimensões
fundamentais para a consolidação da rede.

Tem como objetivos gerais a ampliação do acesso à atenção psicossocial da


população em geral, a promoção de vínculos das pessoas com transtornos
mentais e com necessidades decorrentes do uso de crack, álcool e outras
drogas e suas famílias aos pontos de atenção e a garantia da articulação e
integração dos pontos de atenção das redes de saúde no território qualificando
o cuidado por meio do acolhimento, do acompanhamento contínuo e da
atenção às urgências. E também tem como objetivos específicos: a promoção
dos cuidados em saúde particularmente aos grupos mais vulneráveis (criança,
adolescente, jovens, pessoas em situação de rua e populações indígenas); a
prevenção do consumo e a dependência de crack, álcool e outras drogas; a
redução de danos provocados pelo consumo de crack, álcool e outras drogas;
a reabilitação e a reinserção das pessoas com transtorno mental e com
necessidades decorrentes do uso de crack, álcool e outras drogas na
sociedade, por meio do acesso ao trabalho, renda e moradia solidária; mas

15
ainda inclui a melhoria dos processos de gestão dos serviços, parcerias inter-
setoriais entre outros.

A Reforma Psiquiátrica brasileira eclode num campo profícuo de luta pelos


direitos de cidadania, de interrogação da relação entre Estado e sociedade,
avança em todo o território nacional e nos diversos âmbitos que conformam
suas múltiplas facetas.

No campo epistemológico, vimos o aflorar de críticas e questionamentos à


instituição asilar, aos pressupostos fundantes da psiquiatria e às estratégias de
normalização e controle do ―doente mental‖. Na esfera jurídico-política, a
promulgação da Lei no 10.216, seguida de um arcabouço normativo de leis,
portarias e decretos ministeriais, reorientou a assistência em saúde mental no
Brasil, o que findou por legitimar uma série de serviços que devem funcionar de
forma articulada e pautada na assistência em território. Transversalizando tais
transformações, apostou-se na clínica ampliada e na representação não
estigmatizante dos transtornos mentais (COSTA et al., 2011).

A partir de 2011, com a regulamentação da Portaria nº 3.088, surge um novo


arranjo organizativo de serviços e estratégias, que propõe a integralidade e
continuidade do cuidado, a integração e interação de serviços e a construção
de vínculos horizontais entre atores e setores, em contraposição à
fragmentação de programas e práticas clínicas, ações curativas isoladas em
serviços e especialidades: a Rede de Atenção Psicossocial (RAPS) (BRASIL,
2011a).

Tal proposta organizacional para a saúde mental, oriunda do modelo de redes


de atenção à saúde (RAS), compreende componentes de diversos níveis de
densidade tecnológica: Atenção Primária à Saúde (APS), na qual estão
alocadas as Unidades Básicas de Saúde (UBS), os Núcleos de Apoio à Saúde
da Família (NASF), as Equipes de Consultórios na Rua e os Centros de
Convivência e Cultura; Atenção Especializada, que conta com os Centros de
Atenção Psicossocial (CAPS) em suas diversas modalidades - CAPS I, CAPS
II, CAPS III, CAPS ad II, CAPS ad III e CAPS infanto-juvenil - definidos por
ordem crescente de porte/complexidade e abrangência populacional; Atenção
de Urgência e Emergência; Atenção Residencial de Caráter Transitório;
Atenção Hospitalar, que é composta por leitos/enfermarias de saúde mental em
hospital geral e pelo serviço hospitalar de referência; Estratégias de
Desinstitucionalização como os Serviços Residenciais Terapêuticos (SRT) e o
Programa de Volta para Casa; e Reabilitação Psicossocial através de
empreendimentos solidários e cooperativas sociais (BRASIL, 2011a).

16
O SUS: POLÍTICA DE SAÚDE MENTAL E POLÍTICA SOBRE

ÁLCOOL E DROGAS

A Nota Técnica 11/2019 não apresenta um pacote de novidades, mas um


resumo do que o Ministério da Saúde vem fazendo, desde o fim de 2017, com
o objetivo de transformar o grave cenário da saúde mental brasileira naquilo
que comprovadamente traga benefícios às pessoas com transtornos mentais e
seus familiares. Foram incorporados à Rede de Tratamento serviços
importantes, como hospitais psiquiátricos, ambulatórios enfermarias
psiquiátricas em hospitais gerais e hospitais-dia. Ninguém quer manicômios!
Ninguém quer pessoas morando em hospitais! Somos todos antimanicomiais!
Mas ser antimanicomial não significa negar a necessidade de hospitais
modernos e eficientes para tratar as pessoas em crise, que oferecem risco para
si e para as pessoas do seu entorno! Quem nega a necessidade e o direito das
pessoas com transtornos mentais de ter atendimento no ambiente que lhe é
tecnicamente mais adequado, ou tem pouco conhecimento da realidade que
vivemos, ou é irresponsável e de caráter repreensível, uma vez que com
conhecimento de causa permite morte e sofrimento de pessoas vulneráveis.

Quem vive a nossa realidade também sabe que não basta tratar a crise.
Precisamos de consultas, de psicoterapia e de atendimento multiprofissional
especializado que vem sendo negado ou de difícil acesso. Os CAPS muitas
vezes não têm consulta disponível logo após a alta hospitalar, gerando novas
crises por desassistência. Muitos CAPS não têm médico especialista e não
oferecem psicoterapia individual. Nós queremos uma rede com diversidade,
com todos os serviços disponíveis para atender a todo tipo de complexidade
que se apresenta nas doenças mentais.

Ter ambulatório e hospitais não exclui os CAPS como unidades de reabilitação


psicossocial, mas os CAPS não são capazes de dar conta de tudo. É
justamente uma rede ampla, com mais fácil acesso e a personalização do
atendimento à necessidade de cada um que reduz as crises, a necessidade de
internações e melhora as relações sociais e familiares daqueles que tem um
transtorno mental.

A Nota Técnica do Ministério da Saúde também informa que a


eletroconvulsoterapia (ECT) moderna pode ser incorporada no SUS. Trata-se
de um avanço. Quem já testemunhou os resultados da ECT sabe que é segura,
eficaz e sem sofrimento. E que é quase impossível achar este tratamento nos
serviços públicos. Milhares de pacientes que não melhoram com remédios,
psicoterapia e abordagens de reabilitação psicossocial são privados dos

17
benefícios da ECT, por puro preconceito e negligência dos governos anteriores!
Não é certo que este procedimento continue disponível apenas para pessoas
que podem pagar por ele em clínicas particulares.

Considerando que a política nacional de saúde mental, álcool e outras drogas,


esteve, até dezembro de 2017, afinada com o estabelecido nas principais
convenções internacionais, tais como a Proteção de Pessoas com Transtornos
Mentais e a Melhoria da Assistência à Saúde Mental, de 1991, e
particularmente a Convenção dos Direitos das Pessoas com Deficiência, de
2007, depois aprovada no Brasil pelo Decreto nº 6.949/09, com o mesmo
status jurídico de Emenda Constitucional, e que depois foi regulamentada pela
Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência, Lei nº 13.146/15;

Considerando que a política nacional de saúde mental, álcool e outras drogas


fundadas na desinstitucionalização e atenção psicossocial representa não
apenas uma política de governo, mas uma verdadeira política de Estado,
consolidada em quatro conferências nacionais de saúde mental, com ampla
participação social e reconhecimento pelas várias instâncias de controle social
do SUS;

Considerando a Lei nº 13.840, de 5 de junho de 2019, aprovada no Senado,


sem aprofundamento do debate, desConsiderando emendas de comissões
apresentadas, que acaba de retroceder décadas ao prescrever internações
involuntárias como estratégia central no cuidado aos usuários de drogas, como
outras medidas retrógradas com prejuízo de experiências exitosas e avanços
técnico-científicos;

Considerando os vetos presidenciais à Lei nº 13.840/2019 (aprovada no


Senado sem que sua versão final acolhesse as contribuições oriundas de
prolongado debate e pactuações em diversas comissões do congresso
nacional nos últimos anos), que descaracteriza os órgãos fiscalizadores, a
participação da sociedade e reduz os recursos/estratégias direcionados a
inclusão social, trabalho e geração de renda;

Considerando a Recomendação nº 03, de 14 de março de 2019, do Conselho


Nacional de Direitos Humanos, enviada ao Pleno do Conselho Nacional de
Saúde, na qual recomenda ao Ministério da Saúde suspender a execução de
todas as normativas incompatíveis com a estabelecida Política Nacional de
Saúde Mental, que subsidiaram a "Nova Política de Saúde Mental".

18
NEUROPSICOLOGIA DO COMPORTAMENTO DE PACIENTES USUÁRIOS
DE SUBSTÂNCIAS PSICOATIVAS

O Sistema Único de Saúde (SUS) é a denominação do sistema público de


saúde no Brasil inspirado no National Health Service Britânico.

Foi instituído pela Constituição Federal de 1988, em seu artigo 196, como
forma de efetivar o mandamento constitucional do direito à saúde como um
―direito de todos‖ e ―dever do Estado‖ e está regulado pela Lei nº. 8.080/1990, a
qual operacionaliza o atendimento público da saúde.

Com o advento do SUS, toda a população brasileira passou a ter direito à


saúde universal e gratuita, financiada com recursos provenientes dos
orçamentos da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios,
conforme rege o artigo 195 da Constituição. Fazem parte do Sistema Único de
Saúde, os centros e postos de saúde, os hospitais públicos - incluindo
os universitários, os laboratórios e hemocentros (bancos de sangue), os
serviços de vigilância sanitária, vigilância epidemiológica, vigilância ambiental,
além de fundações e institutos de pesquisa acadêmica e científica, como a
FIOCRUZ - Fundação Oswaldo Cruz - e o Instituto Vital Brazil.

Uma leitura mais atenta da seção Da Saúde, (artigo 196 até o artigo 198) da
Constituição, permite aferir que foram estabelecidos cinco princípios básicos
que orientam o sistema jurídico em relação ao SUS. São eles:
a universalidade (artigo 196), a integralidade (artigo 198 - II), a equidade (artigo
196 - "acesso universal e igualitário"), a descentralização (artigo 198 - I) e
a participação social (artigo 198 - III).

A neuropsicologia é uma interface ou aplicação da psicologia e da neurologia,


que estuda as relações entre o cérebro e o comportamento humano. Sua
principal área de atuação é na compreensão de como lesões, malformações,
alterações genéticas ou qualquer agravo que afete o sistema nervoso causam
déficits (alterações) em diversas áreas do comportamento e
da cognição humana. Em outras palavras, a neuropsicologia atua mais
frequentemente no estudo das funções mentais superiores, sem deixar de
estudar áreas como agressividade, sexualidade, que tradicionalmente são
investigadas por
abordagens fisiológicas e biológicas (neurobiologia, neurofisiologia, psicofisiolo
gia, psicobiologia). Desse modo a neuropsicologia compõe fortemente o campo
das neurociências, com ênfase na neurociência cognitiva. Atribui-se tanto ao

19
psicólogo Donald Olding Hebb (1904-1985) como ao médico William
Osler (1849-1919) a proposição do termo neuropsicologia.

No processo de desvendamento do cérebro, houve várias teorias sobre como


ele deveria funcionar. Muitas destas teorias eram concorrentes. Dentre elas,
ocupa destaque na história da neuropsicologia a disputa entre o
localizacionismo versus o holismo ou globalismo.

Os globalistas defendiam que as funções mentais estariam distribuídas na


massa encefálica, sem estar situada especificamente numa ou noutra região.
Elas seriam o resultado do funcionamento do cérebro como um todo. Alguns
dados de pesquisa apoiavam esta tese, visto que a remoção de grande massa
encefálica causava mais prejuízo nas funções mentais, enquanto que a
remoção de massas menores, causaria danos menores ou parcialmente
identificáveis. Por sua vez, os localizacionistas apostavam que as funções
mentais seriam o resultado do trabalho de neurônios localizados em áreas
específicas do cérebro; lesões nestas áreas causariam dano em habilidades
específicas.

Os trabalhos de Paul Broca (1824-1880) identificaram uma área específica do


cérebro que processa a capacidade de comunicação verbal, que em sua
homenagem foi chamada de área de Broca. Atualmente, está prevalecendo a
tese de que o cérebro possui áreas especializadas, embora estudos mais
recentes apontem que uma delimitação absoluta de regiões cerebrais seja uma
utopia.

A neuropsicologia se embasa no conhecimento do funcionamento das


diferentes áreas cerebrais, buscando correlacionar na medida do possível a
função à região. Essa associação permite ao profissional compreender, por
exemplo, qual pode ser a extensão da lesão e, ao analisar uma tomografia,
estimar quais funções executivas podem estar sendo prejudicadas.

O processo de reabilitação após a ocorrência de perda ou prejuízo nas funções


cognitivas é fundamental, e é orientado pelos resultados derivados da
avaliação neuropsicológica. Foi após a II Guerra Mundial que o campo da
reabilitação neuropsicológica passou a ser reconhecido, haja vista o elevado
número de soldados que tiveram lesão cerebral. A reabilitação pode ocorrer
visando as diversas funções executivas lesadas, através do uso de exercícios
como palavras cruzadas, desenhos, jogos de memória e outros. Pode-se dizer
que a reabilitação é um processo multidisciplinar, envolvendo vários
profissionais tais como psicólogos, terapeutas ocupacionais, fonoaudiólogos
e fisioterapeutas, além do médico.

20
A reabilitação é possível graças a um fenômeno chamado de plasticidade
cerebral. O cérebro possui uma capacidade de se autoregenerar, embora em
escala modesta. Até o início do século XIX, a maioria dos pesquisadores não
acreditavam na possibilidade de regeneração do tecido nervoso, especialmente
no encéfalo; isto ocorria porque não havia sido identificado nenhum fenômeno
de mitose no tecido cerebral, e por causa da citoarquitetura dos axônios,
ligando-se de forma estável em rede com outros neurônios. Atualmente, já se
identificam estruturas encefálicas como o hipocampo e giro denteado
relacionadas com a neurogênese. Da mesma forma, condições que afetam o
hipocampo, como por exemplo transtornos afetivos (depressão, transtorno
afetivo bipolar e outros) e o transtorno de estresse pós-traumático, parecem
prejudicar a capacidade de produção de novos neurônios.

Após uma lesão cerebral (por exemplo, acidente vascular cerebral - AVC),
existe a formação de neurônios que migram para a área lesionada,
recuperando parte dos neurônios que morreram. Além da formação de novos
neurônios, existe a constante remodelagem da ligação dos axônios: o processo
de aprendizagem e as experiências contínuas às quais os organismos estão
expostos produzem alterações na quantidade e direção das sinapses. Esta
alteração permite aquilo que chamamos de aprendizagem, pois oportuniza uma
comunicação diferenciada entre os neurônios, gerando assim mais canais de
comunicação.

O processo de reabilitação neuropsicológica envolve estratégias múltiplas,


visando facilitar a neurogênese e a reogranização sináptica entre os neurônios.
Na perspectiva da reabilitação neuropsicológica, uma lesão cerebral, além das
consequências do tipo cognitiva pode resultar em alterações comportamentais,
emocionais e psicossociais.

Dieta adequada e exercícios físicos orientados, aliados à um uso das funções


executivas (pensamento, memória, atenção, linguagem, etc.) facilitam a
reorganização neuronal, recuperando parcial ou totalmente (dependendo da
extensão da lesão) a função prejudicada. Da mesma forma, comportamentos
que prejudicam o funcionamento do sistema nervoso, como uso abusivo de
álcool e drogas, dificultam o processo de regeneração neuronal, e obviamente
devem ser ativamente evitados no processo de reabilitação e posteriormente.

Observe-se que muitas vezes cabe ao psicólogo re-estruturar relações afetivo-


familiares ou institucionais e reorganizar hábitos que se inserem nas demandas
de sobrevivência do paciente (portador de sequelas, caracterizadas
como processo degenerativo, deficiências ou necessidades especiais) que
depende de seu cuidador.

21
PSICOPATOLOGIAS E CONCEITOS BÁSICOS EM

DEPENDÊNCIA QUÍMICA

Na abrangência de afetividade e humor, o autor considera os dois aspectos


como uma mesma definição, sendo a atitude geral de uma pessoa diante da
vida, define pensamentos e suas alterações concluindo com as alterações de
sensopercepção que são as ilusões e as alucinações.

Psicopatologia é uma área do conhecimento que objetiva estudar os estados


psíquicos relacionados ao sofrimento mental. É a área de estudos que está na
base da psiquiatria, cujo enfoque é clínico. É um campo do saber, um conjunto
de discursos com variados objetos, métodos, questões: por um lado,
encontram-se em suas bases as disciplinas biológicas e as neurociências, e
por outro se constitui com inúmeros saberes oriundos da psicanálise,
psicologia, antropologia, sociologia, filosofia, linguística e história.

Pode-se considerar a psicopatologia um campo de pesquisa principalmente de


psicanalistas, psiquiatras e de psicólogos clínicos. A palavra "Psico-pato-logia"
é composta de três palavras gregas: "psychê", que produziu "psique",
"psiquismo", "psíquico", "alma"; "pathos", que resultou em "paixão", "excesso",
"passagem", "passividade", "sofrimento", e "logos", que resultou em "lógica",
"discurso", "narrativa", "conhecimento". Psicopatologia seria, então, um
discurso, um saber, (logos) sobre o sofrimento, (pathos) da mente (psiquê). Ou
seja, um discurso representativo a respeito do pathos, o sofrimento psíquico,
sobre o padecer psíquico.

A psicopatologia enquanto estudo dos transtornos mentais é referida como


psicopatologia geral. É uma visão descritiva dos comportamentos que se
desviam do que é o meio-termo, a média, isto é, do que é esperado pela
racionalidade. O estudo das patologias mentais, pode estar vinculado a uma
teoria psicológica específica, por exemplo psicologia humanista, uma área da
psicologia (psicologia do desenvolvimento mental) ou mesmo a outras áreas do
conhecimento (neurologia, genética, evolução).

Pode-se dizer que a psicopatologia pode ser compreendida por vários vieses, e
estes, combinados, dão determinada leitura acerca do sofrimento mental. Essa
diversidade de compreensões, ao mesmo tempo em que mostra a
complexidade da área, pode causar certa confusão; assim, é fundamental que
o interessado no estudo da psicopatologia esteja ciente de que existem várias
teorias e abordagens na compreensão dos transtornos mentais e de
comportamento.

22
A psicopatologia enquanto estudo e pesquisa do que é constitutivo do sujeito,
do que é universal e não desviante, é enfocado pela psicopatologia
fundamental. A psicanálise se aproxima desse enfoque ao propor a hipótese do
inconsciente enquanto processo psíquico constitutivo que permite explicar a
formação de sintomas, sonhos, atos falhos.

A psicopatologia como o ramo da ciência que trata da natureza essencial da


doença mental — suas causas, as mudanças estruturais e funcionais
associadas a ela e suas formas de manifestação. entretanto, nem todo estudo
psicopatológico segue a rigor os ditames de uma ciência sensu strictu. A
psicopatologia em acepção mais ampla, pode ser definida como o conjunto de
conhecimento referentes ao adoecimento mental do ser humano. É um
conhecimento que se visa ser sistemático, elucidativo e desmistificante. Como
conhecimento que visa ser científico, não inclui critérios de valor, nem
aceita dogma ou verdades a priori. O psicopatólogo não julga moralmente o
seu objeto, busca apenas observar, identificar e compreender os diversos
elementos da doença mental. Além disso, rejeita qualquer tipo de dogma, seja
ele religioso, filosófico, psicológico ou biológico; o conhecimento que busca
está permanentemente sujeito a revisões, críticas e reformulações.

A saúde mental, por sua vez, seria então uma condição ideal ou desejada para
que essa normalidade possa vir a existir, com qualidade e capaz de oferecer as
melhores condições para que as pessoas vivam satisfatoriamente, produzam
com eficiência e possam gozar de certo grau de felicidade para com as
pessoas próximas a si.

Segundo a OMS, a saúde mental refere-se a um amplo espectro de atividades


direta ou indiretamente relacionadas com o componente de bem-estar, que
inclui a definição de um estado de completo bem-estar físico, mental e social, e
não somente a ausência de doença. Este conceito engloba não apenas o
comportamento manifesto, mas o sentimento de bem-estar e a capacidade de
ser produtivo e bem adaptado à sociedade.

Considera-se a presença de alguma psicopatologia a partir de critérios


diagnósticos. Esses critérios são catalogados em manuais que apresentam o
conjunto de sintomas necessários e suficientes para que se possa considerar
que alguém está apresentando algum tipo de transtorno mental. Os critérios
variam muito de grupo de transtornos (p. ex., transtornos de humor e
transtornos de ansiedade possuem diferentes critérios gerais) e dos transtornos
entre si (p. ex., transtorno depressivo maior e distimia), exigindo muitas vezes a
elaboração de um diagnóstico diferencial. O Manual Diagnóstico e Estatísticos
de Transtornos Mentais e de Comportamento da Associação Psiquiátrica
Americana,quinta edição (DSM-5), que é o manual utilizado nos Estados
Unidos como referência para entendimento e diagnóstico, define os transtornos
23
mentais como síndromes ou padrões comportamentais ou psicológicos com
importância clínica, que ocorrem num indivíduo.

Estes padrões estão associados com sofrimento, incapacitação ou com risco


de sofrimento, morte, dor, deficiência ou perda importante da liberdade. Essa
síndrome ou transtorno não deve constituir uma resposta previsível e
culturalmente aceita diante de um fato, como o luto. Além disso, deve ser
considerada no momento como uma manifestação de uma disfunção
comportamental, psicológica ou biológica no indivíduo.

O DSM-IV-TR assinala que nem comportamentos considerados fora da norma


social predominante (p. ex., político, religioso ou sexual), nem conflitos entre o
indivíduo e a sociedade são transtornos mentais, a menos que sejam sintomas
de uma disfunção no indivíduo como descrito antes.

São vários os fatores que podem caracterizar um transtorno. De forma geral,


considera-se que a presença de uma psicopatologia ocorra quando houver
uma variação quantitativa em determinados tipos específicos de afetos,
comportamentos e pensamentos, afetando um ou mais aspectos do estado
mental da pessoa.

Neste sentido, a psicopatologia não é um estado qualitativamente diferente da


vida normal, mas sim a presença de alterações quantitativas. Por exemplo,
considera-se que a tristeza seja normal e esperada na vida de qualquer
pessoa, e é mesmo necessária em determinados momentos da vida (p. ex., em
situação de luto).

Entretanto, num quadro depressivo estabelecido, a tristeza é mais intensa e


mais duradoura do que seria esperado numa situação normal e transitória.
Assim, uma situação normal e esperada torna-se patológica não por ser uma
experiência ou vivência qualitativamente diferente, mas por ser mais ou menos
intensa do que se espera em situações normais.

A CID-10 apresenta um caráter descritivo por diagnóstico, com os principais


aspectos clínicos e outros associados, mesmo que menos importantes.
Fornece diretrizes diagnósticas que são as orientações que visam auxiliar o
profissional a avaliar o conjunto de sinais e de sintomas apresentados pelo
paciente.

24
TOXICOLOGIA SOCIAL: FÁRMACOS E DROGAS QUE CAUSAM
DEPENDÊNCIA

A toxicologia é uma ciência multidisciplinar que tem como objeto


de estudo os efeitos adversos das substâncias químicas sobre os organismos.
Possui vários ramos, sendo os principais a toxicologia clínica, que trata
dos pacientes intoxicados, diagnosticando-os e instituindo uma terapêutica
mais adequada; a toxicologia experimental, que utiliza animais para elucidar o
mecanismo de ação, espectro de efeitos tóxicos e órgão alvos para cada
agente tóxico, além de estipular a DL50 e doses tidas como não tóxicas para o
homem através da extrapolação dos dados obtidos com os modelos
experimentais; e a toxicologia analítica, que tem como objetivo
identificar/quantificar toxicantes em diversas matrizes, sendo estas biológicas
(sangue, urina, cabelo, saliva, vísceras, etc.) ou não (água, ar, solo). No
entanto existem outras áreas da toxicologia como a ambiental, forense,
de medicamentos e cosméticos, ocupacional, ecotoxicologia, entomotoxicologia
, veterinária, etc. Sendo assim, é importante que o profissional que atue nesta
área tenha conhecimentos de diversas áreas
como química, farmacocinética e farmacodinâmica, clínica, legislação, etc.

Na questão de determinar a toxicidade de um determinado material, é


normalmente importante saber determinar a quantidade ou concentração desse
material. Algumas substâncias têm em pequenas quantidades um efeito
positivo sobre o corpo e tornam-se no entanto perigosas quando em grandes
concentrações.

"Todas as coisas são um veneno e nada existe sem veneno, apenas a


dosagem é razão para que uma coisa não seja um veneno" (Theophrastus
Bombastus von Hohenheim, conhecido como Paracelso (1493-1541). Muitas
substâncias consideradas venenosas são tóxicas apenas de forma indireta. Um
exemplo é o "álcool de madeira" ou metanol, o qual não é venenoso em si
mesmo mas que é convertido em formaldeído tóxico no fígado. Muitas
moléculas de narcóticos tornam-se tóxicas no fígado, um bom exemplo sendo o
acetaminophen (paracetamol), especialmente na presença de álcool. A
variabilidade genética de certas enzimas do fígado permitem que a toxicidade
de muitos compostos variem de um indivíduo para o outro. Como a atividade
de uma enzima do fígado pode induzir a atividade de outras,
muitas moléculas tornam-se tóxicas apenas em combinação com outras.

25
Uma atividade muito comum entre os toxicólogos é identificar quais as enzimas
do fígado convertem uma molécula num veneno, ou quais os produtos tóxicos
dessa conversão ou ainda em que condições e em que indivíduos essa
conversão toma lugar.

O termo LD50 refere-se à dosagem de uma substância tóxica que mata 50%
de uma população teste (normalmente ratos ou outros animais de testes que se
usam para testar a toxicidade).

Leitura Complementar:

Toxicologia Social

Verdades e Mitos

Autor: Passagli, Marcos

Drogas são substâncias, naturais ou sintéticas, que causam alguma alteração


no funcionamento do organismo. Essas alterações dependem do tipo de droga
consumida, da quantidade utilizada e das características pessoais de quem as
ingere / utiliza.

Depressoras: Diminuem a atividade cerebral. Álcool, calmante, inalantes etc.

Estimulantes: Aumentam, aceleram a atividade cerebral. Cocaína,


anfetaminas (remédios para emagrecer), cafeína e nicotina.

Perturbadoras: Altera a percepção da realidade, fazendo com que o cérebro


trabalhe fora do padrão normal. Maconha, LSD e Ecstasy.

Historicamente a humanidade sempre procurou por substâncias que


produzissem algum tipo de alteração em seu humor, em suas percepções,
suas sensações. Os motivos que levam algumas pessoas a utilizarem drogas
variam muito. Cada pessoa tem necessidades, impulsos ou objetivos que as
fazem agir de uma forma ou de outra e a fazer escolhas diferentes.

26
Importante:

Os/as adolescentes estão vulneráveis ao abuso de drogas, assim como em


relação à gravidez e às DST-Aids, à violência, ao abuso e exploração sexual;

Não se trata apenas de ―dar informações‖, mas de trabalhar as informações


com o objetivo de criar comportamentos de prevenção e autocuidado;

É necessário criar condições para que os/as adolescentes possam manejar as


informações em benefício da sua própria saúde e da saúde do/a parceiro/a e
da coletividade;

Estratégias para diminuir a vulnerabilidade dos Adolescentes:

Reconhecer a existência e o direito ao prazer, destacando que é possível ter


prazer sem se colocar em situações de risco;

Oferecer informações corretas e realistas sobre as drogas (apresentar as


drogas como realmente são — substâncias capazes de induzir alterações no
organismo);

Evitar o discurso proibicionista / terrorista ("matam, são muito perigosas,


caminho sem volta, coisa de marginal"), pois esse discurso reforça o "mito
drogas‖, estigmatiza os usuários, dificulta a busca de ajuda, leva os usuários a
se sentirem indignos de ajuda e, pior, irrecuperáveis.

Imagem: adolescencia.org.br

Revista da Turma da Mônica sobre Drogas para trabalhar com crianças e adolescentes

27
Referências Bibliográficas

Sobre o autor:

Macrina Cooper-White. Humanos usam drogas desde os tempos pré-históricos,


revelam pesquisas.

Disponível em:

https://www.huffpostbrasil.com/2015/02/26/humanos-usam-drogas-desde-os-
tempos-pre-historicos-revelam-pesq_n_6754708.html

Pesquisa equipe IEstudar em: 18/02/2020

Sobre o autor:

Wikipédia, a enciclopédia livre.

Disponível em:

https://pt.wikipedia.org/wiki/Droga

Pesquisa equipe IEstudar em: 18/02/2020

Sobre o autor:

Luiz Philipe Leite. Blog da Saúde. Ministério da Saúde.Transtornos mentais são


a 3ª principal causa de afastamentos de trabalho.

Disponível em:

http://www.blog.saude.gov.br/index.php?option=com_content&view=article&id=
52979&catid=579&Itemid=50218

Pesquisa equipe IEstudar em: 18/02/2020

Sobre o autor:

Márcia Astrês Fernandes; Dinara Raquel Araújo Silva; Aline Raquel de Sousa
Ibiapina; Joyce Soares e Silva.Revista Brasileira de Medicina do
Trabalho.Adoecimento mental e as relações com o trabalho: estudo com

28
trabalhadores portadores de transtorno mental.

Disponível em:

http://www.rbmt.org.br/details/361/pt-BR/adoecimento-mental-e-as-relacoes-
com-o-trabalho--estudo-com-trabalhadores-portadores-de-transtorno-mental

Pesquisa equipe IEstudar em: 18/02/2020

Sobre o autor:

Fernandes, Márcia Astrês; Silva, Dinara Raquel Araújo; Ibiapina, Aline Raquel
de Sousa; Silva, Joyce Soares e.Rev. bras. med. trab ; 16(3): 277-286,
out.2018.Artigo em Inglês, Português | LILACS | ID: biblio-966063

Biblioteca responsável: BR1.1

Disponível em:

https://pesquisa.bvsalud.org/portal/resource/pt/biblio-966063

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Sobre o autor:

Magda Dimenstein; Kamila Siqueira; João Paulo Macedo; Jader Leite; Candida
Dantas.Determinação social da saúde mental: contribuições à psicologia no
cuidado territorial.

Disponível em:

http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1809-
52672017000200006

Pesquisa equipe IEstudar em: 18/02/2020

Sobre o autor:

Wikipédia, a enciclopédia livre.

Disponível em:

https://pt.wikipedia.org/wiki/Droga_l%C3%ADcita

29
Pesquisa equipe IEstudar em: 18/02/2020

Sobre o autor:

Wikipédia, a enciclopédia livre.

Disponível em:

https://pt.wikipedia.org/wiki/Droga_il%C3%ADcita

Pesquisa equipe IEstudar em: 18/02/2020

Sobre o autor:

Persio Ribeiro Gomes de Deus.Psiquiatria - CRM 31656/SP.Conheça as


alterações psiquiátricas causadas pelo álcool e pelas drogas. Álcool, maconha,
cocaína, entre outras, agem de formas distintas no nosso corpo e mente.

Disponível em:

https://www.minhavida.com.br/bem-estar/materias/17150-conheca-as-
alteracoes-psiquiatricas-causadas-pelo-alcool-e-pelas-drogas

Pesquisa equipe IEstudar em: 18/02/2020

Sobre o autor:

Wikipédia, a enciclopédia livre.

Disponível em:

https://pt.wikipedia.org/wiki/Efeitos_da_cannabis_%C3%A0_sa%C3%BAde

Pesquisa equipe IEstudar em: 18/02/2020

Sobre o autor:

Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Legislação em


Saúde Mental – 2004 a 2010. Edição XII Colegiado de Coordenadores de
Saude Mental. 257 p.

Brasília, Ministério da Saúde. 2010.

30
Disponível em:

http://www.saude.pr.gov.br/

Pesquisa equipe IEstudar em: 18/02/2020

Sobre o autor:

Ministério da Saúde. Rede de Atenção Psicossocial - RAPS.

Disponível em:

https://www.saude.gov.br/artigos/852-profissional-e-gestor/41052-rede-de-
atencao-psicossocial-raps

Pesquisa equipe IEstudar em: 18/02/2020

Sobre o autor:

DÉBORAH KAROLLYNE RIBEIRO RAMOS LIMAJACILEIDE GUIMARÃES.


Articulação da Rede de Atenção Psicossocial e continuidade do cuidado em
território: problematizando possíveis relações.

Disponível em:

https://scielosp.org/article/physis/2019.v29n3/e290310/pt/

Pesquisa equipe IEstudar em: 18/02/2020

Sobre o autor:

Federação Nacional das Associações em Defesa da Saúde Mental –


FENAEMD-SM. APOIO À NOTA TÉCNICA DO MINISTÉRIO DA SAÚDE E À
NOVA POLÍTICA NACIONAL DE SAÚDE MENTAL E DROGAS.

Disponível em:

https://www.uniad.org.br/noticias/politicas-publicas/apoio-a-nota-tecnica-do-
ministerio-da-saude-e-a-nova-politica-nacional-de-saude-mental-e-drogas/

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Sobre o autor:

RESOLUÇÃO Nº 8, DE 14 DE AGOSTO DE 2019.Órgão: Ministério da Mulher,


da Família e dos Direitos Humanos/Conselho Nacional dos Direitos Humanos.

Disponível em:

http://www.in.gov.br/web/dou/-/resolucao-n-8-de-14-de-agosto-de-2019-
212175346

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Sobre o autor:

Wikipédia, a enciclopédia livre.

Disponível em:

https://pt.wikipedia.org/wiki/Sistema_%C3%9Anico_de_Sa%C3%BAde

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Sobre o autor:

Wikipédia, a enciclopédia livre.

Disponível em:

https://pt.wikipedia.org/wiki/Neuropsicologia

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Sobre o autor:

Blog Vetor Editora.Psicopatologia e Psiquiatria Básicas.

Disponível em:

https://blog.vetoreditora.com.br/psicopatologia-e-psiquiatria-basicas/

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Sobre o autor:

Wikipédia, a enciclopédia livre.

Disponível em:

https://pt.wikipedia.org/wiki/Psicopatologia

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Sobre o autor:

Wikipédia, a enciclopédia livre.

Disponível em:

https://pt.wikipedia.org/wiki/Toxicologia

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Sobre o autor:

Revista da Turma da Mônica sobre Drogas para trabalhar com crianças e


adolescentes.Vivendo a Adolescência.

Disponível em:

http://www.adolescencia.org.br/site-pt-br/drogas

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