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Idade pediatrica

3 a 6 anos de vida – pre escolar

É esperado na idade pré-escolar, no que respeita ao desenvolvimento das capacidades motoras


grosseiras, que a criança consiga manusear objetos e jogos simbólicos, sendo capaz de caminhar
e correr em segurança, subir e descer escadas usando alternadamente os dois pés e ainda saltar
quase 1 metro com os dois pés juntos, tendo controlo postural. Esta deve ainda, conseguir ajudar a
vestir-se e a calçar os sapatos; jogar à bola com habilidade, apanhando-a e atirando-a corretamente,
orientando bem as trajetórias (Ordem dos Enfermeiros, 2010).

Relativamente ao desenvolvimento motor fino e visão, espera-se que esta pegue em objetos
(usando as mãos como instrumento), os observe e manipule com estabilidade. É expectável que,
por exemplo, pegue num lápis e o use para desenhar círculos, quadrados e cruzes simples e de
várias dimensões, e ainda que tenha a capacidade de desenhar a figura humana e o desenho de
uma casa conseguindo pintar dentro dos limites.

A criança deve também conseguir “agarrar e colocar num determinado local objetos muito pequenos, como migalhas (…) com um
olho tapado separadamente” (Ordem dos Enfermeiros, 2010, p. 126).

É suposto que esta seja capaz de distinguir objetos e sinais a maiores distâncias; e ainda que tenha a capacidade de “lavar a cara, as
mãos e os dentes com necessidade de supervisão” (Ordem dos Enfermeiros, 2010, p. 126).

Quanto ao desenvolvimento social, emocional e comportamental, nesta faixa etária, é esperado que
a criança goste de brincar com as outras, que tenha “interesse em aprender sobre tudo o que a
rodeia”. Sendo esta uma idade de exploração, a criança tende a fazer muitas perguntas, gaguejando
aquando de excitação interior. Além disso, é previsto que esta brinque imitando os seus pais e
situações do quotidiano (jogos simbólicos), que goste de ouvir e contar histórias, ver livros e revistas
e de aprender e interpretar canções simples dando-lhes alma. Nesta fase, a negação e o confronto
com os pais é normal, podendo gerar birras, pelo que a criança pode exibir um comportamento mais
independente, orgulhando-se das suas realizações. A mentira vai aparecer como forma de querer
continuar o seu mundo mágico, tendo dificuldade em distinguir o real da fantasia (Ordem dos
Enfermeiros, 2010).

Ao nível do desenvolvimento comportamental e da adaptação social a criança deve ser capaz de


brincar com plasticina, fazer puzzles, construções, mas tem ainda necessidade de se sujar. Nesta
idade a criança adquire um maior sentido de responsabilidade, preocupando-se com as crianças
mais novas, principalmente quando vê alguém triste. Os trabalhos domésticos, nesta fase, mostram
se interessantes e esta colabora com as simples tarefas como preparar a mesa para uma refeição
(Ordem dos Enfermeiros, 2010).

No que respeita ao desenvolvimento da fala, linguagem e audição, é expectável que a criança em


idade pré-escolar consiga dizer o seu nome, a idade, o género e a morada. Deve também ser capaz
de nomear e distinguir as 4 cores básicas e as várias partes do corpo. Começam a ter tenha a
capacidade de se exprimir. Deste modo, a criança passa pelas fases do balbucio, dos gestos, das
pequenas palavras, até à construção de frases simples, criando as suas próprias histórias (Ordem
dos Enfermeiros, 2010)

Considera-se como período pré-escolar o intervalo dos 3 aos 5 anos, conforme defende Whaley e Wong (1989). Contudo, este
período não é estanque, uma vez que o desenvolvimento de cada criança é único e ao seu próprio ritmo (Brazelton e Greenspan,
2002).
O período do pré-escolar é uma etapa do desenvolvimento infantil que:
(…) compreende o período que se estende dos três anos até o final do quinto ano de vida.
É uma idade de descobertas, imaginação, curiosidade e de desenvolvimento de padrões sócio-culturais de comportamento. (…)
Numerosos autores são de opinião que o período mais crítico do desenvolvimento emocional e psicológico da criança vai desde o
nascimento até o ingresso na escola (Whaley e Wong, 1989:273).

A personalidade da criança, nesta idade, constrói-se através da aquisição, com sucesso, de confiança, autonomia e iniciativa. Os
pais têm nesta fase uma importância fulcral na formação da criança e na aquisição/aperfeiçoamento destas competências. É
igualmente nesta idade que a criança aperfeiçoa as suas competências a nível biológico, psicossocial, cognitivo, espiritual e
adaptativo, essenciais para a etapa de desenvolvimento que se segue e das exigências a ela inerentes - a entrada para a escola
(Whaley e Wong, 1989).

Crescimento
O crescimento das crianças em idade pré-escolar apresenta algumas especificidades.
Nesta faixa etária, o desenvolvimento físico diminui consideravelmente de intensidade, verifica-se um abrandamento dos ritmos
vitais em direção a um estatuto mais adulto e a uma harmonização do corpo (Deconchy, sem data).

O crescimento físico das crianças dos 3-5 anos diminui de ritmo face aos anos anteriores, sendo o aumento médio anual de peso
cerca de 2,3 quilogramas e de altura cerca de 6,75 centímetros a 7,5 centímetros. O seu corpo é esguio, mais forte e gracioso nos
movimentos (Whaley e Wong, 1989).

Os sinais vitais também adquirem algumas particularidades, a frequência cardíaca e respiratória reduzem discretamente
relativamente à faixa etária anterior. Aos 3 anos a frequência cardíaca varia entre 70-110 pulsações por minuto e a frequência
respiratória entre 22-34 ciclos por minuto. A tensão arterial sistólica varia entre 95-110 milímetros de mercúrio, e a diastólica varia
entre 55-69 milímetros de mercúrio (Opperman e Cassandra, 2001).

A alimentação nesta idade já inclui todos os alimentos e, normalmente, as crianças já são independentes e conseguem comer sem
ajuda do adulto.

As exigências calóricas diminuem ligeiramente para 80 a 90 calorias/kg de peso corporal, para uma ingestão diária média de 1800
calorias. As variações das exigências nutricionais das crianças em idade pré-escolar reflectem os rápidos períodos de crescimento e
os de abrandamento.

(…) A criança activa pode estar “demasiado” ocupada a brincar para querer parar e ir comer
(Opperman e Cassandra 2001:137).

Nesta faixa etária, todos os dentes de leite estão habitualmente presentes. Aos 5 anos pode iniciar a erupção dentária permanente,
sendo os 4 molares os primeiros a surgir.

Este período etário é igualmente caraterizado pela aquisição, pela maioria das crianças, do controlo diurno e noturno de esfíncteres.
Normalmente, o controlo diurno precede o noturno, bem como o controlo intestinal precede o vesical.

Estas crianças necessitam de dormir entre 9 a 12 horas de sono noturno. Contudo, algumas já deixaram de dormir durante o dia,
uma vez que, em alguns estabelecimentos escolares, o período
da sesta já não está incluído nas suas rotinas. “Os pré-escolares desenvolvem muitas vezes rituais
de sono, tais como: orações, histórias, aconchegar-se, uma refeição leve ou música. Muitos pais
referem que deitar os filhos é uma grande tarefa” (Bolander, 1998:246).

A maioria dos sistemas orgânicos é estável e madura, sendo capazes de se adaptar a graus moderados de stress e mudança.

Cerca dos 5 anos define-se a preferência por uma das mãos (90% das crianças são dextras)

A criança torna-se mais ágil com movimentos mais coordenados e complexos, fruto do
aperfeiçoamento das habilidades, anteriormente aprendidas, como sejam andar, correr e saltar. “(…)
o desenvolvimento da musculatura e o crescimento ósseo ainda estão longe da maturidade. O
excesso de atividade e os esforços exagerados podem lesionar os delicados tecidos da criança”
(Whaley e Wong, 1989:274).

Para um desenvolvimento do sistema músculo-esquelético adequado contribui a adoção de


práticas saudáveis como alimentação adequada, o exercício físico, o repouso, a postura correta ou
a adoção de calçado de tamanho adequado (Whaley e Wong, 1989).

Desenvolvimento

A idade pré-escolar é prodigiosa em aquisições relativamente ao seu desenvolvimento,


tendo cada criança o seu timing próprio, relativamente a novas aquisições e progressos. “As
crianças atingem níveis (…) de desenvolvimento a ritmos muito diferentes. Apressá-las só terá como
resultado atrasar a sua progressão” (Brazelton e Greenspan, 2002:155).
Se a criança dominar as competências adquiridas no período anterior, relativamente ao seu
desenvolvimento, ela estará preparada para adquirir e dominar as competências características
desta nova etapa (Whaley e Wong, 1989).
A criança canaliza a sua energia para novas aprendizagens, demonstrando-as aos seus
pais, com entusiasmo. Ela aprende a interagir e a relacionar-se com outras crianças e adultos, os
comportamentos socialmente aceites, o que é certo e errado e quais as suas consequências, a
recompensa ou o castigo.

É na idade pré-escolar que são lançados os alicerces para o desenvolvimento moral e


espiritual da criança (Bolander, 1998). Os conhecimentos sobre fé e religião são veiculados pelas
pessoas significativas que a rodeiam, adotando habitualmente as práticas religiosas dos seus pais.

“O pré-escolar tem uma concepção concreta de Deus, atribuindo-lhe características físicas e


considerando-o muitas vezes como um amigo imaginário” (Whaley e Wong, 1989:275).
O desenvolvimento da consciência está intimamente ligado ao desenvolvimento espiritual.
O egocentrismo, característico desta idade, faz com que a criança adote uma posição
autocentrada nela própria, não conseguindo ver o mundo senão do seu ponto de vista. Gosta
particularmente de ter a atenção dos outros centrada em si (Faw, 1981).
Os anos pré-escolares desempenham um papel fundamental na construção da imagem
corporal da criança. Reconhece a diferença de cor e raça e conhece o significado de bonito ou feio.
Cerca dos 5 anos, a criança já compara a sua altura com a dos seus pares.
Contudo, estas crianças têm ainda pouco definida a noção dos seus limites corporais, e
pouco conhecimento sobre a sua anatomia interna. Qualquer intervenção invasiva as amedronta,
uma vez que, para elas, põe em risco a sua integridade e a sua noção de totalidade do corpo. Na
perspetiva do pré-escolar, estas intervenções retiram-lhes uma parte do seu corpo. O enfermeiro
especialista, na sua intervenção com estas crianças, deve ter estas particularidades em atenção, de
forma a minimizar o sofrimento da criança.

“As atitudes e as respostas das outras pessoas, diante do papel desempenhado pela
criança, contribuem para a maneira como ela percebe a si própria e aos outros” (Whaley e Wong,
1989:275).
Desenvolve-se nesta faixa etária, e segundo Freud, o complexo de Édipo ou de Electra,
vitais no desenvolvimento da sua personalidade.
As crianças em idade pré-escolar não distinguem a realidade da fantasia. É um período rico
em associações criativas, mesmo que ilógicas.
As brincadeiras, nesta idade, são principalmente por imitação, representando assim a
realidade que vivenciam, os papéis da vida de várias pessoas com quem se relacionam, os seus
medos e fantasias.
As crianças em idade pré-escolar são grandes imitadoras. As suas brincadeiras envolvem,
muitas vezes, a imitação dos comportamentos bons e maus dos adultos. A representação
do papel do comportamento desejado é o método de ensino mais eficaz para as crianças
em idade escolar. (Opperman e Cassandra, 1998:137).
Nesta faixa etária, as crianças retêm facilmente canções novas, principalmente se estas
forem acompanhadas de mímica. Além de desenvolverem a linguagem e a coordenação motora,
estas atividades são das preferidas destas crianças. Gostam igualmente de ouvir histórias e, cada
vez mais, de as recontar, utilizando o vocabulário que, de forma exponencial, vão adquirindo.
A criança aprende cerca de quatro mil palavras. Conseguir falar permite uma série de
relações sociais novas. A criança, através da linguagem, conquista uma autonomia em relação às
pessoas que até então não possuía. Ela consegue reconhecer daqui para o futuro, o outro como
pessoa independente. “A criança em idade pré-escolar compreende apenas o significado literal das
palavras. A enfermeira pediátrica aprende a escolher expressões que não comportem outros
significados” (Opperman e Cassandra, 2001:131).
1.1.2 - Desenvolvimento psicomotor em idade pré-escolar
Desenvolvimento psicomotor é, segundo a Ordem dos Enfermeiros, um “Processo natural e
evolutivo. Integra a coordenação, comunicação, socialização e aspetos da mobilidade. Capacidade
das pessoas para interagirem com o meio envolvente através de comportamentos” (OE, 2010:101).
São vários os autores que desenvolveram teorias explicativas do desenvolvimento e
comportamento humano. Elas caraterizam as várias etapas do desenvolvimento, resumindo as
características gerais dos indivíduos ao longo das mesmas. Destacam-se neste trabalho as teorias
de Freud, Erikson e Piaget (Bolander, 1998), por serem autores de teorias muito divulgadas, por
serem referenciadas pela Ordem dos Enfermeiros no seu 1º Guia Orientador da Boa Prática em
Enfermagem de Saúde Infantil e Pediátrica, nas quais a mestranda se documenta para a prática de
cuidar em enfermagem.
Freud, psicanalista de destaque, define na sua Teoria do Desenvolvimento Psicossexual, a
idade dos 3-5 anos como o Estádio Fálico. Este carateriza-se pela centralidade na genitália.
Um olhar sobre o desenvolvimento das crianças em idade pré-escolar
Uma perspetiva da intervenção do enfermeiro
IPS - ESSS 23
Desenvolve-se o complexo de Édipo nos rapazes (atração pela mãe, sendo o pai visto como rival)
e o complexo de Electra nas raparigas (atração pelo pai, sendo a mãe vista como rival). Para Freud,
eles são determinantes no desenvolvimento da personalidade da criança.
Na sua Teoria do Desenvolvimento Psicossocial, Erikson denomina o estádio de
desenvolvimento das crianças nesta faixa etária como pertencente à Segunda Infância. A crise de
desenvolvimento que carateriza este estádio é a Iniciativa versus Culpa, onde se desenvolve o
sentido realista do Eu e a habilidade para avaliar o seu próprio comportamento.
A iniciativa é a capacidade de começar e concluir uma atividade sem grande comando dos
adultos. As crianças precisam de ser encorajadas a planear e levar a cabo actividades
independentes. Se são criticadas pelos seus esforços, podem desenvolver um sentimento
de culpa e afetar seriamente a auto-estima (Bolander, 1998:248).

A Teoria Cognitiva de Piaget, inclui a idade pré-escolar no Estádio Pré-Operatório, que


decorre entre os 2-7 anos. Neste estádio, o método de aprendizagem eleito é o da Tentativa e Erro.
A utilização do Jogo Simbólico permite à criança compreender que os objetos podem significar
outros objetos ou ideias. São naturalmente egocêntricas e incapazes de aceitar a opinião do outro.
Apresentam um raciocínio transductivo, caraterizado pela generalização de um facto específico para
outro.
O conhecimento das várias teorias de desenvolvimento possibilita aos profissionais de
saúde um conhecimento mais profundo sobre os comportamentos e competências características
de cada estádio do desenvolvimento.
Conhecendo as características de cada estádio do desenvolvimento, o enfermeiro pode,
com mais rigor, avaliar em que estádio as crianças se encontram, promovendo o seu normal
decurso, sendo sensível à deteção precoce de desvios.
A crescente autonomia que as crianças em idade pré-escolar vão adquirindo permite-lhes,
no que respeita ao seu desenvolvimento psicomotor, a conquista de algumas competências.
Segurar um lápis ou pincel com as extremidades dos dedos ou utilizar a tesoura é agora mais fácil.
O desenvolvimento da motricidade fina e da coordenação motora permite a estas crianças
aprimorarem estes movimentos. O desenho da figura humana começa então a desenvolver-se e, o
desenho em geral, a adquirir mais pormenor e a ser menos grosseiro.
Comer com faca e garfo, segurar o copo com uma mão, comer a sopa agarrando a colher
com a palma da mão, com pouco extravasamento, vestir-se sozinho, atar os sapatos ou colaborar
em tarefas domésticas simples são aquisições importantes nesta faixa etária, e que devem ser
elogiadas pelos pais (Whaley e Wong, 1989).
No aspeto lúdico, os jogos de encaixe, os legos, correr, saltar com os dois pés, andar em
bicos de pés ou fazer jogos de equilíbrio, são atividades que lhes dão prazer e, em simultâneo, lhes
permitem, de forma lúdica e agradável continuar o seu desenvolvimento psicomotor, adquirindo
cada vez mais competências nesta área (Opperman e Cassandra, 2001).

Para a avaliação do desenvolvimento existem várias escalas, sendo a Escala de Avaliação do desenvolvimento de Mary Sheridan
Modificada (anexo II), uma das mais utilizadas, não só pela sua objetividade como pela facilidade de utilização pelos profissionais
de saúde, sendo aconselhada a sua utilização no Programa Nacional de Saúde Infantil e Juvenil (Direção Geral da Saúde [DGS],
2013).

Esta escala permite a avaliação do desenvolvimento das crianças dos 0 aos 5 anos, fazendo
referência às competências características de cada idade em 5 áreas: postura e motricidade global;
visão e motricidade fina; audição e linguagem; comportamento e adaptação social.
A escala menciona ainda os sinais de alarme, as atividades promotoras do desenvolvimento e os parâmetros a avaliar em cada
idade.

Esta e outras escalas, utilizadas na avaliação do desenvolvimento, devem ser aplicadas em parceria com os pais e em ambiente
calmo, tendo sempre em consideração a unicidade de cada criança/família.
Escolha da consulta

1 pergunta

Entao como é que correram as coisas desde a ultima consulta?


Resposta: Pode falar dos habitos de sono, alimentação

x pergunta
No que respeita ao desenvolvimento da fala, linguagem e audição, é expectável que a criança em
idade pré-escolar consiga dizer o seu nome, a idade, o género e a morada. Deve também ser capaz
de nomear e distinguir as 4 cores básicas e as várias partes do corpo.
*IMC = Peso/Altura2 (kg/m2). Consultar Anexo 1 – Curvas de Crescimento.
**Avaliação da visão segundo as “Boas Práticas em Oftalmologia – Elementos Clínicos de Avaliação e
Referenciação” (DGS, 2008) http://www.dgsaude.min-saude.pt/visao/Boas-Praticas-emOftalmologia.pdf, e de acordo com os critérios previstos
na escala de rastreio de Mary Sheridan modificada.
***Aplicação da Escala de rastreio de Mary Sheridan modificada (ver Texto de apoio 1 – Avaliação do desenvolvimento).
****Em famílias de risco, pesquisar sinais de mutilação genital feminina – Orientação da DGS 005/2012 sobre mutilação genital feminina –
www.saudereprodutiva.dgs.pt

*****Verificar a existência de sinais e sintomas indicadores de qualquer tipo de maus tratos, assim como manter atualizada a informação relativa
ao processo familiar – consultar “Maus Tratos em Crianças e Jovens – Guia
http://www.dgs.pt/ms/11/default.aspx?pl=&id=5526&acess=0 .

1. Consultar Texto de apoio 4 – Avaliação da TA.


2. Verificar o estado dentário – em caso de cárie dentária seguir as indicações do Texto de apoio 2 – Programa Nacional de Promoção da Saúde
Oral – aplicação em saúde infantil e juvenil.
3. Aplicar Teste de Mary Sheridan; aos 5 A opta-se pelas Tabelas de E de Snellen.
4. Linguagem compreensível – domínio das consoantes, divisão silábica, fluência no discurso, conta uma história.
5. Sinal de alerta – linguagem incompreensível (sem fluência, muitas substituições fonéticas)
6. Não tem lateralidade definida.
7. Verificar sempre o estado vacinal da criança e atualizá-lo de acordo com o PNV.
8. Sinais de alerta – agitação psicomotora desadequada, não termina nenhuma tarefa e agitação (excessiva ou para além da idade normal).
9. Exposição ao fumo ambiental do tabaco em casa/automóvel; risco de acidentes domésticos, rodoviários e de lazer; exposição a problemas
associados ao consumo de álcool e/ou outras substâncias psicoativas no meio familiar/envolvente.
10. Identifica o nome próprio, identifica primeira letra do nome, as vogais e algumas consoantes.
11. Sinais de alerta – agressividade, violência e oposição persistentes, birras inexplicáveis e desadequadas para a idade; ansiedade, preocupações
ou medos excessivos; dificuldades em adormecer, pesadelos muito frequentes; dificuldades na socialização,
com isolamento ou relacionamento desadequado com pares ou adultos.
12. Verificar a utilização do cheque-dentista ou documento de referenciação para higiene oral (HO) dos 7 A e a existência de registos no BSIJ ou
eBoletim (ver Texto de apoio 2 – Programa Nacional de Promoção da Saúde Oral – aplicação em saúde infantil e juvenil).
13. Rastreio das perturbações visuais segundo as “Boas Práticas em Oftalmologia”.
14. Teste da voz ciciada. Identificação de indicadores de risco para surdez (segundo as Recomendações do GRISI.
http://www.spp.pt/Userfiles/File/App/Artigos/2/20080219173802_Consensos%20SPP_GRISI_38%285%29.pdf
15. Sabe escrever o nome completo, identifica letras do alfabeto, gosta da escola, gosta de livros de histórias.
16. Sinal de alerta – demora muito tempo a fazer os trabalhos na escola e em casa, só faz com ajuda.
17. Valorizar enurese nocturna e encoprese.
18. Sinais de alerta – dificuldades de aprendizagem sem défice cognitivo e na ausência de fatores pedagógicos adversos. Recusa escolar.
Somatizações múltiplas ou persistentes.
Atividades promotoras do desenvolvimento – ver Texto de apoio 1 – Avaliação do desenvolvimento.*

1. Restrição de alimentos açucarados, fritos, sumos, gorduras. Reforçar necessidade de pequeno-almoço e lanche a meio da manhã – ver BSIJ ou
eBoletim.
2. Ler com os pais as indicações no BSIJ/emails do eBoletim.
3. Conversar sobre o infantário ou a escola (adaptação e socialização), valorizar opinião de outros técnicos – ligação à Saúde Escolar.
4. Estimular a perceção da lateralidade.
5. Estimular criatividade e hábitos de leitura, racionalizar hábitos de televisão/computador/vídeo jogos.
6. Ter atenção a sintomas de instabilidade psicomotora nos diferentes contextos de vida.
7. Enurese noturna e encoprese – um grande grupo de crianças ainda não tem controlo noturno de esfíncteres.
8. Preparação da entrada para a escola, adaptação ao meio escolar e promoção do sucesso escolar, postura correta.
9. Competitividade, prazer em jogos de regras.
10. Caminho para a escola, transporte escolar, quedas, intoxicações, afogamentos e queimaduras.
11. Horas de sono adequadas à idade, valorizar dificuldades em adormecer e pesadelos frequentes e recorrentes como sinais de alerta.
12. Aos 7 A a criança receberá, na escola (ensino público e Instituições Particulares de Solidariedade Social (IPSS), um cheque-dentista ou um
documento de referenciação para a consulta de HO (ver Texto de apoio 2 – Programa Nacional de Promoção da Saúde Oral – aplicação em saúde
infantil e juvenil).
13. Introduzir a utilização do fio dentário.
14. Verificar a utilização do cheque-dentista ou documento de referenciação para HO dos 7A e a existência de registos no BSIJ ou eBoletim.
*AVALIAÇÃO DO DESENVOLVIMENTO

avaliar adequadamente o desenvolvimento de uma criança através de uma observação crítica, desde o momento em que esta entra na sala de
consulta, até que sai e, muito particularmente, durante a conversa com os pais/cuidadores.

Nesta fase da consulta, a observação da criança ao colo dos pais, ou a brincar, enquanto não é o alvo das atenções e, consequentemente, se sente
mais à vontade, permite ao profissional tirar ilações importantes, e geralmente fiáveis, relativamente ao desenvolvimento da mesma.
É muito útil observá-la sem que dê por isso – a atenção, o tipo de manipulação que utiliza, a mímica, etc. – e ter, por exemplo, um ou mais
brinquedos a que ela possa ter acesso imediato.
Os parâmetros do desenvolvimento psicomotor não são mensuráveis como os do crescimento físico. Daí, as dificuldades em considerar os
denominados “Testes de Desenvolvimento” instrumentos suficientemente bons para serem utilizados como método exclusivo de deteção das
perturbações do desenvolvimento.
Este processo de avaliação do desenvolvimento psicomotor, monitorizado através da valorização das observações dos pais, da história clínica, do
reconhecimento dos fatores de risco e da observação da criança – com ou sem a ajuda dos testes de desenvolvimento – deverá ser encarado no
contexto geral da promoção da saúde da criança.
Além disso, dever-se-ão incluir, igualmente, ações destinadas a estimular
e promover o desenvolvimento, tais como as de informação e ensino aos pais, para
que cada criança possa atingir o máximo das suas potencialidades, quer no seu
processo educativo e social, quer nas áreas para as quais está particularmente apta.
A avaliação clínica do desenvolvimento, realizada de forma rigorosa e completa,
permite ter, após interpretação dos dados obtidos, um conhecimento aproximado
do potencial de desenvolvimento de uma criança. Não permite, contudo, prever o
modo como essa criança expressará esse potencial.

RECOMENDAÇÕES PRÁTICAS
Os aspetos práticos fundamentais a considerar são:
1. Adquirir conhecimentos sólidos acerca dos parâmetros do desenvolvimento
normal. Considerar que os limites do normal são extraordinariamente amplos.
Nem todas as crianças atingem, na mesma idade, o mesmo estádio de
desenvolvimento para qualquer dos parâmetros considerados.
2. Ter presentes as situações etiopatogénicas mais comuns, a fim de as poder
incluir no diagnóstico diferencial, quando for caso disso.
3. Identificar, para cada criança, os seus fatores de risco.
4. Saber se a criança já está a ser seguida em alguma consulta de especialidade, ou
se já o foi. Em caso afirmativo, procurar saber o que se passou nessa consulta
em termos de diagnóstico e de terapêutica e incentivar o registo no Boletim de
Saúde Infantil e Juvenil (BSIJ) ou eBoletim.
5. Proporcionar aos pais/cuidadores a oportunidade de expressar as suas
suspeitas. Até prova em contrário, há que valorizá-las, bem como as referidas
por outros familiares e educadores.
6. Durante a anamnese, fazer um interrogatório dirigido, procurando investigar se
existem perturbações relativamente a algum dos parâmetros de
desenvolvimento.
7. Observar o comportamento da criança desde que entra até que sai da
consulta, incluindo a fase do exame físico. Dar-lhe a oportunidade para revelar
as suas capacidades e habilidades, o que deverá ser observado de um modo
discreto. Nos dois primeiros anos de vida, há que atender à idade gestacional
da criança.
8. Valorizar eventuais fatores circunstanciais, familiares, do treino anterior da
criança, do maior ou menor à-vontade da mesma durante a avaliação, os quais
podem levar a que o exame de uma criança perfeitamente normal suscite
dúvidas, se estes aspetos não forem devidamente equacionados.
9. Se subsistirem dúvidas acerca de algum parâmetro, utilizar meios mais
sofisticados, como outros testes de desenvolvimento, mas apenas se se estiver
familiarizado com eles e se se dispuser de condições e de tempo adequado para
o fazer.
10. Em caso de dúvida, confrontar os elementos da avaliação com os de outros
profissionais de saúde envolvidos. Dialogar com os pais/cuidadores e inseri-los
em todo este processo. Partilhar as dúvidas com eles, não criando angústias
exageradas, nem fazendo diagnósticos precipitados.
11. Correlacionar os elementos de avaliação com os fatores de risco mencionados.
12. Se surgirem dúvidas, programar outra observação da criança a curto prazo e
motivar e orientar os pais para uma observação em casa.
13. Se se considerar que a criança tem um problema, referenciá-la, ou para um
atendimento de referência para avaliação do desenvolvimento nos serviços de
CSP, ou para uma consulta nos serviços de cuidados diferenciados na matéria,
conforme as possibilidades e a organização dos serviços na área onde trabalha.
Para tal, é importante que cada médico conheça os “canais” de referenciação
possíveis.
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14. Enviar a informação completa e adequada e procurar obter uma informação de
retorno. Utilizar o BSIJ ou eBoletim.
15. Finalmente, não esquecer que a abordagem da criança com deficiência,
principalmente a abordagem terapêutica, deverá ser sempre feita por uma
equipa multidisciplinar. Importa, igualmente, a nível local/regional, coordenar
as várias informações terapêuticas necessárias, de acordo com pareceres ou
recomendações de consultas mais especializadas, responsabilizando, a nível
regional, os vários organismos vocacionados para o atendimento da criança com
deficiência.
16. No caso das crianças, entre os 0 e os 6 anos (A), com alterações nas funções ou
estruturas do corpo ou com risco grave de atraso de desenvolvimento, deve
fazer-se a sinalização para as Equipas Locais de Intervenção do Sistema Nacional
de Intervenção Precoce na Infância (SNIPI) de acordo com os critérios de
elegibilidade (http://dre.pt/pdf1s/2009/10/19300/0729807301.pdf).
Inclui-se também neste texto de apoio a Escala de Avaliação do Desenvolvimento
de Mary Sheridan Modificada: 1 – 12 meses (M) e 18 M – 5 A apresentadas,
respetivamente nos Quadros 1 e 3, assim como a Escala de Sinais de Alarme
seguindo a mesma linha de idades, apresentadas respetivamente nos Quadros 2 e
4. No sentido de facilitar a aplicação deste instrumento, inserem-se algumas notas
explicativas representadas graficamente no Quadro 5. Neste, para cada idade,
apresentam-se ainda algumas atividades promotoras do desenvolvimento, que
poderão ser recomendadas aos pais/cuidadores no momento da avaliação. Inclui-se
também uma lista do material sugerido para utilização da escala, apresentado no
Quadro 6.
Além disso, com o objetivo de rastrear as perturbações no espectro do autismo, no
final deste anexo, foi incluido um breve questionário referente ao desenvolvimento
e comportamento, utilizado em crianças dos 16 aos 30 M – Modified Checklist for
Autism in Toddlers (M-CHAT) (Diana Robins, Deborah Fein & Marianne Barton, 1999
– traduzido pela Unidade de Autismo do Centro de Desenvolvimento da Criança –
Hospital Pediátrico Carmona da Mota, Coimbra, com autorização da autora).
Curvas de crescimento

Rapazes – Peso 5 aos 10 A

Rapazes – Altura 5-19 A


Rapazes – IMC 5-19
Quadro 5. Escala de Avaliação do Desenvolvimento de Mary Sheridan Modificada – notas explicativas
Programa Nacional de Promoção da Saúde Oral – aplicação em saúde infantil e juvenil

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A partir dos 6 A – em caso de cárie dentária, é possível combinar uma aplicação
sistémica e tópica de flúor. Por isso, poderão ser acrescentadas à terapêutica
sistémica (comprimidos) as aplicações tópicas de vernizes de flúor (2,2%) ou
bochechos quinzenais de fluoreto de sódio na escola.
Avaliação da Tensão Arterial

De acordo com as recomendações internacionais, a tensão arterial (TA) deve ser avaliada, nas consultas de vigilância de saúde em todas as
crianças a partir dos 3 anos (A) de idade17.

2. DEFINIÇÕES
a) TA NORMAL
TA sistólica e diastólica inferior ao percentil 90 para a idade, para o sexo e estatura.
b) PRÉ-HTA
TA sistólica ou diastólica entre os percentis 90 e 95 para a idade, para o sexo e para a estatura ou
TA superior a 120/80 mm Hg nos adolescentes (mesmo que o valor apurado seja inferior ao correspondente ao percentil 90).
c) HTA
TA sistólica ou diastólica superior ou igual ao percentil 95 para a idade, para o sexo e estatura, em três ocasiões separadas.
HTA Estádio 1: TA sistólica ou diastólica entre o valor correspondente ao percentil 95 e o valor correspondente ao percentil 99
acrescido de 5 mm Hg (ver Tabelas 1, 2 e 3).
HTA Estádio 2: TA sistólica ou diastólica acima do valor correspondente ao percentil 99 acrescido de 5 mm Hg (ver Tabelas 1, 2 e 3)

3. PROCEDIMENTO
a) Método
Para determinar a TA, é recomendado o método auscultatório (manómetro
aneróide) – repetir três vezes durante a consulta. Se for utilizado o método
oscilométrico (digital) e os valores de TA se revelarem altos, estes devem ser
confirmados pelo método auscultatório.
b) Braçadeira
A porção insuflável da braçadeira deve ter as seguintes dimensões:
 Largura – 40% do perímetro da circunferência do braço (medido no ponto
médio da distância entre o acrómio e o olecrâneo) ou número
imediatamente acima.
 Comprimento – 80 a 100% do perímetro da circunferência do braço (medido
no ponto médio da distância entre o acrómio e o olecrâneo).
c) Condições de medição
 Evitar o consumo prévio de estimulantes; antes da colocação da braçadeira,
fazer repouso de 5 minutos em ambiente calmo, em posição de sentado(a) –
costas apoiadas na cadeira e pés assentes no chão.
 Efetuar a medição no braço direito (no pulso os valores são mais elevados),
que deve estar apoiado e com a fossa antecubital ao nível do coração.
Os valores encontrados deverão ser interpretados segundo as tabelas de percentis
da TA, estabelecidas não só em função da idade e do sexo da criança, mas também
do percentil da altura, determinado previamente através das tabelas próprias (ver
Tabelas 1 e 2)

4. AVALIAÇÃO
Em relação à TA sistólica e à TA diastólica, há que:
1º Identificar na tabela de percentis a linha da idade da criança ou do adolescente;
2º Encontrar a coluna correspondente ao percentil da altura, previamente determinado;
3º Determinar o percentil (ou intervalo de percentis) da TA, em função do percentil da altura e dos valores de TA sistólica e diastólica verificados
(ver Exemplos);
4º Registar os valores obtidos no Boletim de Saúde Infantil e Juvenil (BSIJ) ou eBoletim.

5. ORIENTAÇÕES CLÍNICAS
a) Em todos os casos de pré-HTA e HTA:
 Recomendar manutenção de peso adequado, comportamentos
alimentares saudáveis (sobretudo, redução de consumo de sal),
manutenção de peso adequado e prática de atividade física regular;
 Avaliar os fatores de risco (história familiar e comorbilidades).

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