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MARCELINO TOMÉ MARCELINO LYAULE


MÁRIO SIMBINE
MANUEL ANDRADE
MIGUEL JOÃO

Teorias Gestaltistas de aprendizagem

(Licenciatura em Educação Visual 2º Ano)

UNIVERSIDADE ROVUMA

NAMPULA

2021
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Marcelino Tomé Marcelino Lyaule


Mário Simbine
Manuel Andrade
Miguel João

Teorias Gestaltistas de aprendizagem

(Licenciatura em Educação Visual 2º Ano)

Trabalho de carácter avaliativo da cadeira de


Psicologia de Aprendizagem, a ser apresentado
na FACULDADE DE ENGENHARIAS E
CIÊNCIAS TECNOLÓGICAS, leccionada pela
docente: Glória da Conceição Damião

Universidade Rovuma

Nampula

2021
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Índice
1. Introdução ..........................................................................................................4

2. TEORIA GESTALTISTA DA APRENDIZAGEM .........................................5

2.1. Perspectivas de aprendizagem da Gestalt ........................................................................ 5

2.2. PERCURSORES DA PSICOLOGIA DA GESTALT ......................................................... 6

2.3. MUDANÇAS NA APRENDIZAGEM ................................................................................ 9

2.4. SIGNIFICADO DA PSICOLOGIA TOPOLÓGICA PARA A SITUAÇÃO DE ENSINO 9

3. Convergências e divergências na teoria da Gestalt ........................................10

4. Conclusão ............................................................................................................12

5. Bibliografia .......................................................................................................13
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1. Introdução

A psicologia da gestalt introduziu uma nova teoria da aprendizagem associada a teoria de


Campo Gestalt. Foi inicialmente desenvolvida de modo formal no início da década de 20, pelo
filósofo e psicólogo alemão Max Wertheimer em torno da ideia de um modelo organizado, uma
estrutura, expressa pela palavra alemã gestalt em contrapartida à ideia defendida pela corrente
Elementarista, pela qual o todo seria igual à soma das partes. Na verdade, essa ideia não seria
nova, pois, segundo Murphy, já estaria estabelecida entre os pré‐socráticos, que previam a
primazia do princípio da ordem sobre os elementos. O presente trabalho tem como tema central
teorias gestaltistas de aprendizagem: ao longo do trabalho encontraremos os fundadores e
percursores, suas divergências e convergências e tem como objectivo principal apontar os
impactos dessa teoria no Processo-ensino aprendizagem. Para a concretização do trabalho
recorreu-se a pesquisa bibliográfica.
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2. TEORIA GESTALTISTA DA APRENDIZAGEM

2.1. Perspectivas de aprendizagem da Gestalt

Gestalt é um termo alemão de difícil tradução. O termo mais próximo em português seria forma
ou configuração, que não é muito utilizado por não corresponder exactamente ao seu real
significado em Psicologia.

A teoria de campo-Gestalt é considerada uma das mais importantes escolas da teoria


contemporânea da aprendizagem é composta pelas teorias do insight, de insight de objectivo e do
campo cognitivo, com sua origem na Alemanha, na primeira metade do século XX e tendo como
representantes iniciais do seu desenvolvimento Max Wertheimer (1880-1943), Wolf-gang Köhler
(1887-1967), Kurt Koffka (1886-1941) e Kurt Lewin (1890-1947).

Os psicólogos gestaltistas interessam-se pela percepção e pelo comportamento como um todo.


Na sua perspectiva, o todo é maior do que a soma das partes. Os gestálticos argumentam que um
determinado objecto é compreendido através da sua visão global, e não pela análise detalhada de
cada aspecto particular.

Os gestálticos desenvolveram leis que reflectem a sua percepção dobre a aprendizagem. Estas
leis incluem a lei da proximidade, a lei da semelhança, a lei do fechamento, a lei da
continuidade, a lei do pragmatismo e figura versus fundo (ou contexto).

 Lei de proximidade

De acordo com a lei de proximidade, partes que estão próximas no tempo ou no espaço tendem a
ser percepcionadas em conjunto.

 A lei da semelhança

Esta lei refere que partes semelhantes são vistas em conjunto como que formando um grupo.

 A lei do fechamento

As pessoas têm uma tendência perceptiva para completar figuras incompletas.


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 A lei da continuidade (ou do bom prolongamento)

Esta lei afirma que figuras e desenhos serão completados da mesma maneira como são
apresentados.

 A lei do pragmatismo

Esta lei diz que todos os eventos psicológicos têm potencial para serem significantes, assim
como simples e completos. Também afirma que o balanço cognitivo é preferível e mais
satisfatório do que uma situação sem equilíbrio.

 Figura versus fundo (ou contexto)

Na percepção, a figura não só é dominante como também unifica e centra a atenção, enquanto o
fundo é homogéneo e fornece o contexto da figura. Num determinado ambiente, podemos focar a
nossa atenção num aspecto particular, que depois se torna a figura, e o resto não é mais do que o
contexto no qual se situa a figura. Exemplo figura abaixo.

2.2. PERCURSORES DA PSICOLOGIA DA GESTALT

MAX WERTHEIMER

Max é conhecido como sendo o fundador da Psicologia da Gestalt. Nos seus estudos interessou-
se em relacionar a Psicologia da Gestalt com a educação. Ele sentia que havia uma ênfase
excessiva na aprendizagem de memória (aprender de cor) e menos na aprendizagem
compreensiva.
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Ele defendia que os professores deveriam providenciar aos seus alunos todo o contexto e insight
da aprendizagem, e que os alunos deveriam ser encorajados a olhar para a situação na sua
globalidade antes de tentarem encontrar solução para um determinado problema. Os detalhes de
um problema deveriam ser examinados a partir do todo e não ao contrário.

HILL (1985) apud MWAMWENDA (2005:199) afirma que, a importância da perspectiva de


Wertheimer sobre a aprendizagem consiste em:

“dar ênfase `a compreensão, `a percepção das relações


entre um todo organizado, é a maior contribuição da
Psicologia da Gestalt para a interpretação da
aprendizagem”.

WOLFGANG KOHLER

Este gestaltista é reconhecido pelos seus estudos com macacos nas ilhas Canárias ao largo da
costa ocidental de África. O seu estudo levou-o a acreditar que o insight é importante na
resolução de problemas, por isso, um organismo tem de ver a situação no seu todo antes de ter o
insight do problema e da sua resolução. De acordo com a teoria de Gestalt, a aprendizagem é
criativa, envolve interacção do organismo com o ambiente no qual a situação é renovada,
reconstruída ou transformada.

KURT LEWIN E A TEORIA DE CAMPO OU TOPOLÓGICA

Kurt Lewin (1890-1947), autor da teoria que recebeu várias denominações como, posição teórica
de campo, psicologia topológica e de vector.

O objecto da psicologia topológica não é, apenas, o indivíduo, mas uma estrutura mais ampla e
mais complexa, de que o indivíduo é um dos componentes, ora funcionando como objecto
privilegiado, ora como componente secundário. É um modelo que engloba uma pessoa e o
mundo a seu redor. A aprendizagem é uma modificação de algo, isto é, o desenvolvimento de
Insigth dentro do mundo da pessoa, aquisição de estruturas cognitivas ou mudanças em antigas
estruturas.
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Esta teoria está centrada na ideia de que toda actividade psicológica de uma pessoa, em dado
ponto, é função de factores coexistentes, que são mutuamente interdependentes.

Uma compreensão do indivíduo relacionado a seu campo – sua aprendizagem - é o seu Insigth, a
estrutura cognitiva ou seu espaço vital. Neste sentido, estrutura cognitiva significa a maneira pela
qual uma pessoa percebe os aspectos psicológicos, físicos e sociais do mundo. Este inclui uma
pessoa e todos os seus fatos, conceitos, crenças, traços de memória e expectativas.

O comportamento resulta da interacção do indivíduo e do seu ambiente, determinado pela


necessidade de sobrevivência e regido pelas mesmas leis que regem o universo.

Tomando como base a ideia de que o todo, a estrutura, é mais do que a soma das suas partes,
Lewin afirma que toda a actividade psicológica, e portanto, também a aprendizagem, se realiza
num campo de acção em que um conjunto de factores interfere e condicionam o comportamento
de uma pessoa numa determinada situação. Portanto, todo o ser humano tem tendência de possuir
o seu campo psicológico com o qual se confronta no dia-a-dia para satisfazer as suas
necessidades.

A teoria topológica, considera a aprendizagem como um processo de adaptação e um recurso


para manter o equilíbrio na luta contra a natureza.

Graças a aprendizagem, o indivíduo resolve as tensões internas e externas experimentadas pelo


organismo em sua totalidade. Sua função é, portanto, a integração e a manutenção do equilíbrio
da personalidade e não a aprendizagem.

A aprendizagem consiste em um processo de reestruturar o espaço vital. O espaço vital constitui


o padrão total de factores ou influências que afectam o comportamento em dado momento, é o
mundo psicológico do indivíduo ou a situação actual. Inclui cada um e todos os objectos, pessoas
e ideias, com as quais a pessoa tem alguma relação. Inclui a pessoa e o seu ambiente psicológico,
isto é, todo que actua sobre a mesma. O espaço vital inclui não somente os objectos,
presentemente percebidos, mas também, memória, linguagem, mitos, arte e religião.

O mundo psicológico pode incluir os preceitos, conhecimentos e crenças; as perspectivas


passadas e presentes, objectos concretos, tanto quanto as ideias abstractas.
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2.3. MUDANÇAS NA APRENDIZAGEM

A aprendizagem compreende 4 tipos de mudanças


 Mudança na estrutura cognitiva: desenvolvimento no conhecimento perceptivo;
 Mudança na motivação: aprender a gostar, ou não, de certos aspectos do espaço vitral;
 Mudança no “pertencimento” ao grupo, ou na ideologia: aspecto importante do
ajustamento em uma cultura;
 Aprendizagem significando mudança no controle voluntário da musculatura corporal ou
destreza: aspecto importante da aquisição de habilidades tais como falar e autocontrole.

2.4. SIGNIFICADO DA PSICOLOGIA TOPOLÓGICA PARA A SITUAÇÃO DE ENSINO

Em relação a aprendizagem, pode-se dizer que uma pessoa aprende através da diferenciação,
generalização e reestruturação de sua pessoa e seu ambiente psicológico, de modo a formar
novos ou mudar “insigths” ou significados e conseguir mudanças da motivação, no
pertencimento ao grupo, nas perspectivas de tempo e ideologia. Dessa forma, o indivíduo ganha
controle de si mesmo e de seu mundo.

Na interpretação de uma situação escolar, cada professor e cada estudante é considerado pessoa-
e-seu-ambiente psicológico. A função peculiar do professor é implementar o desenvolvimento de
“insigths” nos estudantes, a fim de ajudá-los a se tornarem personalidades mais adequadas e
harmoniosas, isto é, mais inteligentes.

Insigth significa visão interior. É a sensibilidade de perceber um assunto. O Insigth de uma


situação é o seu significado. Os representantes da gestalt designam assim uma espécie de
iluminação intelectual instantânea, global e directa. No Insigth, o campo perceptivo reorganiza-
se totalmente, num instante, os seus diferentes elementos são vistos em novas relações uns com
os outros. Quando o sujeito encontra uma situação problemática e consegue estruturá-la diz-se
que ocorreu Insigth, ou seja, discernimento ou compreensão súbita (sem aproveitamento da
experiência anterior).
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De início, aquele que faz frente a totalidades não-diferenciadas. À medida que aprende, vai
diferenciando áreas que, cognitivamente se vão estruturando e especificando, o que produz
mudança cognitiva do mundo psicológico como um todo. Esse processo de diferenciação, com a
consequente estruturação cognitiva, tanto se refere ao campo extrínseco (ambiente), como ao
próprio indivíduo.

O indivíduo percebe e selecciona os objectos de acordo com espaço vital, isto é, o espaço vital
influencia a forma de estruturar, organizar, perceber e dar significado o material.

No PEA deve-se ter em conta os diferentes contextos: geográfico, linguístico, cultural, as


experiências anteriores do aluno, para levá-lo a assimilar os conteúdos.

3. Convergências e divergências na teoria da Gestalt


A Psicologia adquire status de ciência no alvorecer da modernidade e busca, a partir desse
momento histórico, compreender as manifestações da alma ou psique, inerentes à vida mental e
emocional do ser humano. Semelhante a toda área do conhecimento, esta ciência representa um
vasto campo de saberes a ser explorado, abrangendo, especificamente, o desenvolvimento
humano nos seus aspectos motor, afectivo e cognitivo, além daqueles provenientes da relação do
ser humano com o mundo que o rodeia, isto é, a capacidade de adaptar-se, modificar e entender
seu meio. Características que o diferenciam dos demais seres da natureza. Representando esse
vasto campo de saberes, a Psicologia tem como um de seus objectos de estudo a aprendizagem
humana, ou seja, os diversos factores que levam os “seres racionais” a apresentarem um
comportamento que antes não apresentavam. Tomando por fundamento esse significado tornou-
se consenso, do ponto de vista psicológico, que a aprendizagem é uma característica inerente a
todos os seres que raciocinam. Entretanto, muitas são as questões que ocasionam controvérsias
entre os teóricos que a discutem. Entre estas questões se destacam as discussões sobre sua
natureza, seus limites e o papel do aprendiz na constituição de seu tirocínio. As divergências e
convergências em torno de tais aspectos evidenciaram no seio da ciência psicológica o
surgimento de diversas teorias como formas explicativas da aprendizagem uma das quais e a
teoria da Gestalt.
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Os primeiros estudos da Psicologia da Gestalt direccionaram-se, sobretudo, às áreas da


percepção, aprendizagem e solução de problemas, enfatizando a existência de leis da organização
da experiência individual.
Nesta perspectiva, a pessoa, por meio de sua percepção, atribui um significado existencial ao
ambiente observado, reestruturando seu campo perceptual a partir do princípio figura-fundo, cuja
diferenciação retrata o processo pelo qual o indivíduo hierarquiza suas necessidades, sinalizando
o que é emergente e preferencial, entendendo-se a vida como uma sucessão contínua de
satisfação das necessidades emergentes.
A noção do aqui e agora, oriunda do princípio da contemporaneidade da Psicologia da Gestalt,
refere-se não só a um conceito têmpo-espacial, mas, também, a um filosófico. A situação
presente, na visão gestáltica, encerra tudo o que é necessário para o indivíduo compreender e
experienciar a realidade como um todo. É no aqui e agora que está a energia transformadora que
permite a ele reestruturar e fortalecer seu campo perceptivo-existencial, constituindo “um
processo totalizador que colhe no imediato todas as possibilidades do agir humano” (RIBEIRO,
1994, p.22)

 A Teoria Organísmica de Kurt Goldstein, em contraposição às ideias segregativas


vigentes no estudo do ser, concebe o organismo como uma unidade, um todo unificado e
significativo. O seu princípio básico enuncia que o todo é diferente da soma das partes e
que uma alteração em qualquer parte acarreta mudança no todo estrutural do indivíduo,
que segundo Goldstein (1995) funciona em busca de seu equilíbrio organísmico via
satisfação das necessidades, permitindo-lhe a busca organizada e sadia de seu
desenvolvimento
 Kurt Lewin é o fundador da Teoria do Campo, que abrange um conjunto de conceitos por
meio dos quais se pode representar a realidade psicológica do indivíduo. Para Lewin
(1965,1973), o campo é definido como a totalidade dos fatos coexistentes em processo de
mútua interdependência. Ele descreve a estrutura da personalidade por intermédio de
esquemas espaciais, em que o indivíduo constitui um campo delimitado e inserido no
ambiental, com o qual mantém constante interacção, configurando uma relação parte-
todo. Assim, forma-se uma realidade inserida em outra mais ampla, com a qual se
encontra a inter-relação, formando o chamado Campo Holístico Relacional.
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4. Conclusão
Entretanto pode se concluir que A abordagem gestáltica e a psicopedagogia estabelecem,
portanto, uma interface teórico-prática, contribuindo para a ampliação das concepções que
permeiam os fenómenos da aprendizagem e desenvolvimento e para a reestruturação de campos
perceptuais cristalizadores do quotidiano escolar. Ambas representam partes de uma totalidade
possível e válida à compreensão do processo de aprendizagem e de intervenção escolar.
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5. Bibliografia

LEWIN, K. Teoria de Campo em Ciência Social. São Paulo: Pioneira. (1965).


LEWIN, K. Princípios da Psicologia Topológica. São Paulo: Cultrix. (1973).
GOLDSTEIN, K. The Organism. New York: Zone Books. (1995).
RIBEIRO, J. Gestalt-Terapia: Refazendo um Caminho. São Paulo: Summus Editorial. (1985).
RIBEIRO, J. Gestalt-Terapia: o processo grupal . São Paulo: Summus Editorial. (1994).
MARX, M. H., Hillix, W. A. Sistemas e Teorias em Psicologia. São Paulo: Editora Cultrix.
(1973).

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