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Universidade Federal do Espírito Santo – UFES

Centro de Ciências Exatas


Centro de Educação
Licenciatura em Química

RELATÓRIO 7
CONCENTRAÇÃO MICELAR CRÍTICA (CMC)

Cintia Souza Schettino


Hyago Assef de Almeida

VITÓRIA
2021
Universidade Federal do Espírito Santo – UFES
Centro de Ciências Exatas
Centro de Educação
Licenciatura em Química

RELATÓRIO 7
CONCENTRAÇÃO MICELAR CRÍTICA (CMC)

CINTIA SOUZA SCHETTINO


HYAGO ASSEF DE ALMEIDA

Relatório do Curso de Licenciatura em Química


apresentado ao UFES – Universidade Federal do
Espírito Santo, como parte das atividades exigidas
para aproveitamento da disciplina de Físico-
Química Experimental.

Orientadores:
Prof. Marcos B. Jose Geraldo de Freitas

VITÓRIA
2021
1. INTRODUÇÃO
A determinação do C.M.C é de grande importância para quaisquer processos
que envolve tensoativos, devido o efeito desses compostos ser de maior quando uma
quantidade significante de micelas se encontra presente.
Neste ponto, ao tratar-se de surfactantes cujo são compostos que possuem
duas regiões distintas: uma polar hidrofílica e outra apolar, hidrofóbica. Os sistemas
micelares são utilizados para aumentar a solubilidade de alguns compostos orgânicos
de baixa polaridade presentes em meio aquoso. Vale a pena ressaltar que os
surfactantes são classificados de acordo com o tipo de carga na região polar:
aniônicos, catiônicos, não-iônicos e zwitteriônicos. Além disto, do ponto de vista
econômico, os que mais se destacam são os aniônicos. Pois a CMC representa uma
quantia fundamental para estudar a agregação de moléculas anfifílicas em solução.
No âmbito industrial e na atividade biológica, o seu valor determina sua utilidade, vista
que, algumas destas características importantes como as interações soluto-solvente
e soluto-soluto. Incluindo, outros métodos para se determinar CMC como a tensão
superficial, condutividade, espectrofotometria tanto UV-vis quanto fluorimetria etc.
Baseando-se nas características dos surfactantes é comum observar a
capacidade de formar agregados (micelas) em solução aquosa a partir de uma
determinada concentração. A concentração crítica micelar, é o momento que se inicia
o processo de formação das micelas (micelização), CMC, que é uma propriedade
intrínseca e característica do surfactante. Ou seja, o surfactante apresenta mudanças
em alguns parâmetros, nas quais são: tensão superficial, turbidez, condutividade
molar, pH, viscosidade, espalhamento deluz, pressão osmótica e capacidade de
solubilização. Nota-se então que os tensoativos, estão sujeitos a alterações em suas
propriedades mediante as variações de temperatura e pressão. Ao citar sua
solubilidade ocorre variação mediante a temperatura fortemente, toda via, os não
iônicos tendem a ser menos solúveis em temperaturas elevadas. E nas características
de redução de solubilidade é um limitante para o uso de tensoativos não iônicos, tanto
em virtude do efeito estético (turvação ou separação de fases) como pela redução de
suas funções de tensoativo com o acréscimo da temperatura [Daltin, 2011].
Em diferentes temperaturas, o comportamento de uma solução aquosa micelar
de tensoativo não iônico varia, ocorrendo o aparecimento de uma névoa de tensoativo
insolúvel na solução. Um surfactante monofásico, por exemplo, tem a solução aquosa
de micelas separada em uma fase diluída e outra de coacervação. A temperatura em
que ocorre a separação de fases é conhecida como ponto de turbidez, pois ela é
observada através do aumento da turbidez da solução, que pode ser observada
visualmente. [Holmberg, 2003]

2. OBJETIVO
Determinar a concentração do surfactante Dodecilsulfato de sódio (SDS)
através da condutividade e assim determinar a concentração micelar critica.

3.1. PROCEDIMENTO EXPERIMENTAL –


3.1.1 Determinação da CMC do surfactante.
I. Ferveu-se 200 mL de água para eliminar o CO2 dissolvido.
II. Preparou-se 50 mL de uma solução 40 mmol/L do Surfactante Dodecilsulfato
de Sódio (SDS). Foi utilizado a água livre de CO2 do item 1.

3.1.2 Calcular a massa SDS

III. Pipetou-se 25 mL de água pura, isenta de CO2, para um béquer de 100 mL e


foi colocado sobre o agitador magnético e ajustar a célula de condutância do
condutivímetro.
IV. Através de uma bureta adicionou-se pequenas quantidades, de 1,0 mL em 1,0
mL, da solução estoque de SDS em 25 mL de água preparada (água de coleta
suficiente para cobrir a janela do eletrodo) em agitação constante. A cada
adição, aguarde cerca de 20s, foi anotado o valor de condutividade.
Posteriormente, adicionou-se no total de 25 mL da solução estoque. Calculou-
se a concentração de SDS após cada adição da solução da bureta.

3.1.3 Determinação do CMC do surfactante

V. Traçou-se um gráfico de condutividade versus a concentração do surfactante


e determinou-se o valor da CMC (ponto de descontinuidade).
VI. Calculou-se o coeficiente angular das regiões abaixo e acima da CMC e
determinou-se o grau de ionização das micelas.

3.2. MATERIAIS E REAGENTES

- Agitado Magnético;
- Água destilada;
- Balão Volumétrico
- Béquer;
- Bureta;
- Condutivímetro;
- Pipeta Volumétrica;
- Surfactante Dodecilsulfato.

4. RESULTADOS E DISCUSSÕES
A solução de dodecilsulfato de sódio (SDS) de concentração 40
mmol/L foi preparada a partir de 0,5768 g desse composto. O calculo
dessa massa é encontrado abaixo:
0,04𝑚𝑜𝑙 288,38𝑔
𝑚𝑠𝑑𝑠 = 0,05𝐿 ( )( ) = 0,5768 𝑔
1𝐿 1𝑚𝑜𝑙

Foi medido a condutividade da solução de água a cada adição de 1 mL de SDS


40 mmol/L a cada 20 segundos. Esses dados estão apresentados na Tabela 1.

Tabela 1- Valores de condutividade medidos e a concentração de SDS a cada


volume de solução adicionado.

[ SDS/
k/ k/
SDS]/ V/mL mmol
V/mL (μS.cm) (μS.cm)
mmolL L

1,0 96,34 1,54 14,0 580,5 14,36

2,0 167,5 2,96 15,0 593,9 15,00

3,0 242,4 4,29 16,0 607,1 15,61

4,0 306,7 5,52 17,0 619,9 16,19

5,0 368,5 6,67 18,0 629,6 16,74

6,0 423,4 7,74 19,0 638,6 17,27

7,0 462,7 8,75 20,0 646,3 17,78

8,0 483,8 9,70 21,0 659,9 18,26

9,0 502,2 10,59 22,0 669,8 18,72

10,0 520,5 11,43 23,0 677,3 19,17

11,0 536,1 12,22 24,0 685,7 19,59

12,0 551,2 13,00 25,0 692,9 20,0

13,0 567,0 16,68

A partir das concentrações de SDS obtidas e mostradas na Tabela 1, foi


possível traçar o gráfico da condutividade em relação a concentração de SDS,
como mostra a Figura 1.
Figura 1- Gráfico da condutividade em função da concentração de SDS

O gráfico presente na Figura 1 pode ser separado em duas retas distintas com
duas equações diferentes, acima e abaixo da CMC do surfactante e assim
pode-se calcular a concentração micelar crítica. Essas retas estão
apresentadas nas Figuras 2 e 3 com suas respectivas equações.
Figura 2- Gráfico da condutividade em função da concentração de SDS
(primeira parte).

Figura 3 - Gráfico da condutividade em função da concentração de SDS


(segunda parte).
As equações que foram obtidas através das linearizações foram
respectivamente:
• Abaixo da CMC: y = 51,82 x + 17,96
• A cima da CMC: y = 20,35 x +287,65
A concentração micelar crítica:
51,82 𝑥 + 17,96 = 20,35 𝑥 + 287,65
𝑚𝑚𝑜𝑙
𝑥 = 8,57
𝐿
O grau de ionização das micelas pode-se ser calculado utilizando os
coeficientes angulares das equações obtidas, conforme a equação abaixo.
𝑎1
𝑔𝑟𝑎𝑢 𝑑𝑒 𝑖𝑜𝑛𝑖𝑧𝑎çã𝑜 =
𝑎2
20,35
𝑔𝑟𝑎𝑢 𝑑𝑒 𝑖𝑜𝑛𝑖𝑧𝑎çã𝑜 = = 0,3927
51,82

5. CONCLUSÃO
O CMC calculado experimentalmente está dentro do esperado. Pode-se dizer
que o surfactante ao ser adicionado à água suas moléculas tentam se arranjar
de modo a minimizar a repulsão entre grupos hidrofóbicos e a água, diante
disto, os grupos polares ficam na solução aquosa, próximo à superfície, e os
grupos apolares ficam na interface água - ar, minimizando assim, o contato
com a água. Neste momento, acaba gerando uma diminuição na tensão
superficial da água, devido ao desarranjo de sua superfície que é provocado.
REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA
[1] Castellan, G. Fundamentos de Físico-Química. 1ª ed., Rio de Janeiro,
Ed. JC,1999.

[2] Atkins, P. W. Físico Química. 6ª ed., Vol. 3, Rio de Janeiro, LTC S.A.,
1999.
[3] Introdução da química dos coloides e de superfícies, D. J. Shaw, Ed.
Edgard Blucher Ltda, 1975.

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