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UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESPÍRITO SANTO

CENTRO UNIVERSITÁRIO NORTE DO ESPÍRITO SANTO

ANNA CAROLINA DE SOUZA NICOLLI DE AZEREDO

DANIELLY FERREIRA SILVA CYPRIANO

RELATÓRIO 4: VISCOSIDADE INTRÍNSECA

Disciplina: Físico-Química II

Professor: Breno Nonato de Melo

SÃO MATEUS

2021
1. INTRODUÇÃO
Viscosidade é a propriedade física que caracteriza a resistência de um
fluido ao escoamento, o qual tem relação com as forças intermoleculares e
características que permite o estudo do comportamento do fluido durante, por
exemplo, algum processo industrial.
Para soluções com polímeros diluídos, é característico que a
viscosidade deste seja significativamente maior em relação à do solvente puro,
visto que é notário a diferença entre o tamanho das moléculas.
Quanto maior as dimensões das moléculas em solução, maior será a
viscosidade. No caso do soluto ser polimérico, as características tornam
possível o acesso às informações sobre as dimensões e a massa molecular do
soluto em análise.
Para determinar o coeficiente de viscosidade de maneira simples, há a
necessidade de conhecer a constante do viscosímetro, utilizado, neste caso, o
viscosímetro de Ostwald-Fenske, representado abaixo.

Figura 1 – Viscosímetro de Ostwald-Fenske

Contudo, nem sempre a constante é conhecida. Nessa situação, as


medidas são realizadas comparando o tempo de vazão de dois líquidos, no
qual um deles possui viscosidade conhecida. Normalmente, o líquido
conhecido é a água e o experimento deve ser realizado nas mesmas condições
e aparelho para os dois líquidos.
A Lei de Newton da Viscosidade diz que a relação entre a tensão de
cisalhamento (força de cisalhamento x área) e o gradiente local de velocidade é
definida através de uma relação linear, sendo a constante de
proporcionalidade, a viscosidade do fluido. Assim, todos os fluidos que seguem
este comportamento são denominados fluidos newtonianos, como exemplo,
considera-se a água para diversas finalidades práticas. E, os considerados
fluidos não newtonianos, a relação entre a taxa de deformação e a tensão de
cisalhamento não é constante e suas propriedades reológicas independem do
tempo .
A relação entre a viscosidade de uma solução diluída (𝜂) e a do solvente
(𝜂o) é uma medida de viscosidade de moléculas individuais do soluto,
denominada como viscosidade específica (𝜂sp). Pode-se expressá-la como:

(1)

Sabe-se que a razão entre a viscosidade da solução e a do solvente


(𝜂/𝜂o) é a viscosidade relativa (𝜂rel). Então 𝜂sp = 𝜂rel – 1.

Para cada viscosímetro capilar, tem-se que a viscosidade de um líquido


é proporcional à sua densidade e ao tempo de escoamento,

(2)

Sendo, “k” a constante do viscosímetro, “p” a densidade do líquido e “t” o


tempo de escoamento.

Desta forma, assumindo que 𝜂 = k.p.t e 𝜂o = k.po.to, podemos


reescrever a formula de viscosidade relativa da seguinte maneira:

(3)

Percebe-se, dessa forma, que não há a necessidade de conhecer a


constante do viscosímetro. Além disso, como a solução está diluída, podemos
assumir que a densidade da solução e a do solvente têm mesma ordem de
grandeza. Assim a viscosidade relativa será somente: 𝜂rel = t/to.

A viscosidade aumenta com o aumento da concentração, e a relação


𝜂sp/c é conhecida pela viscosidade reduzida (𝜂red). Ao extrapolar 𝜂red à
concentração zero, obtém-se a viscosidade intrínseca [𝜂]. A equação de
Sraudinger-Mark-Houwink fornece a relação entre [𝜂] e a massa molar:
(4)
Essa equação informa sobre a medida do volume hidrodinâmico das
macromoléculas em solução. As constantes “K” e “α” são determinadas
experimentalmente e constantes em uma dada temperatura. Assim, é viável
encontrar a massa molar a partir de [𝜂].

Por conseguinte, as medidas de viscosidade intrínseca, por ser um


método simples para determinação da massa molar de polímeros, têm sido
usadas para caracterização de macromoléculas, além de permitir a obtenção
das interações polímero-solvente.
2. OBJETIVOS
Determinar graficamente a viscosidade intrínseca e massa molar média da
poli(acrilamida) em água a 30C. Além de encontrar a massa molar do
poliestireno em benzeno.
3. METODOLOQIA
Para a obtenção experimental da viscosidade intrínseca, deve-se tomar
alguns cuidados em relação à manipulação dos materiais.
A priori, faz-se necessário os cuidados básicos de calibração, limpeza e
manuseamento das vidrarias e materiais. Além disso, é de extrema importância
se atentar ao tempo de escoamento do líquido, muitos erros experimentais são
causados por conta da medição equivocada do tempo do escoamento do
líquido.
Caso o procedimento fosse realizado presencialmente no laboratório,
teríamos realizado as seguintes ações a fim de minimizar os possíveis erros:

• Ao escoar o líquido, evitar a aderência de gotas no tubo;


• Acionar o cronômetro assim que o menisco passar pela marca superior
e parar ao chegar na marca inferior. Normalmente, são realizados em
triplicata, a fim de calcular a média;
• Atentar-se a temperatura durante as medições, pois quanto maior a
temperatura menor a viscosidade, para que não haja interferência nos
resultados, faz-se necessário o banho térmico
3. RESULTADOS E DISCUSSÃO

3.1. Massa molar média de uma amostra da poli(acrilamida)

Os cálculos e considerações realizados a seguir foram fundamentados nos


dados contidos nessas duas tabelas:

Tabela 1 – Tempo de escoamento para água pura.

Grupo Tempo (min) Tempo Médio

1 1,17 1,23 1,29 1,23

2 2,35 2,4 2,46 2,4

3 1,2 1,25 1,27 1,24

Tabela 2 – Tempo de escoamento das soluções diluídas do polímero poliacrilamida.

Grupo Concentração (10⁻⁴ g/mL) Tempo (min)

2,5 1,19 1,18 1,17


1
5 1,21 1,23 1,24

10 2,23 2,59 1,57


2
15 2,63 2,64 2,65

20 1,4 1,42 1,44


3
25 1,46 1,47 1,49

À vista disso, foi calculado os tempos médios de escoamento através da


média aritmética simples, e os seus respectivos desvios padrões, encontrados
a partir da seguinte relação:

(5)
A partir do tempo médio encontrado para cada um dos fluidos, foi
possível encontrar os valores da viscosidade relativa, especifica e a reduzida,
através das respectivas expressões:
Viscosidade relativa (ηrel):

(7)

Viscosidade específica (ηsp):

(8)

Viscosidade reduzida (ηred):

(9)

Os dados obtidos para cada grupo apresentam-se na tabela abaixo:


Tabela 3 – Tempo médio e seus respectivos desvios e viscosidades obtidos a partir das
concentrações da poli(acrilamida) e dos tempos de escoamento de cada grupo.

Tempo
Concentração Desvio
Grupo médio Erro ηrelativa ηsp ηred
(10⁻⁴ g/mL) Padrão
(min)

2,5 1,18 0,01 0,02 0,9593 -0,0407 -162,6016


1
5 1,23 0,02 0,04 1 0 0

10 2,56 0,03 0,08 1,0681 0,0681 68,0556


2
15 2,64 0,01 0,02 1,1 0,1 66,6667

20 1,42 0,02 0,05 1,1452 0,1452 72,5806


3
25 1,47 0,02 0,04 1,1855 0,1855 74,1935
Para criação do gráfico abaixo, foi-se desconsiderado o grupo 1, visto
que as viscosidades de suas soluções apresentaram valores negativo e nulo.

Determinação da Viscosidade Intrínseca


80,00
78,00 y = 6603x + 58,463
76,00
Viscosidade Reduziada

74,00
72,00
70,00
68,00
66,00
64,00
62,00
60,00
0 0,0005 0,001 0,0015 0,002 0,0025 0,003
Concentração(g/mL)

Figura 2 – Determinação da viscosidade intrínseca através da razão entre a viscosidade


reduzida (viscosidade específica dividida pela concentração) pela concentração.

A viscosidade intrínseca pode ser determinada graficamente através da


extrapolação a concentração zero,

(10)
Utilizando o método da regressão linear, determinou-se a linha de
tendência que melhor descreve seus pontos. Da função linear encontrada,

𝑦 = 6603𝑥 + 58,463

Obtém-se que a viscosidade intrínseca corresponde ao b, da equação da reta


(y = ax +b), sendo esta

𝜂𝑖𝑛𝑡𝑟í𝑛𝑠𝑒𝑐𝑎 = 58,463 𝑚𝐿/g


Para a poli(acrilamida) em água a 30°C, tem-se que os valores das
constante K e a, são:
K = 6,31 X 10-3 mL/g
a = 0,80
Desse modo, a massa molar média do polímero pode ser determinada
através da equação (4) de Mark-Houwink.
Em razão destes valores e da viscosidade intrínseca, pôde-se substituí-
los nesta equação, e ao manipulá-la,

(11)

Encontrou-se que a massa molar média do polímero é de


M = 90.900,166 g/mol
A poli(acrilamida) tem a formula molecular (C3H5NO)n , em que uma
molécula do polímero possui massa molecular igual a 71g/mol.

Figura 3 – Fórmula estrutural da poliacrilamida

No entanto, sabe-se que o arranjo de polímeros não são cadeias


lineares e sim emaranhados, como o a seguir:

Figura 4 – Conformação de uma cadeia polimérica aleatória


emaranhado de polímeros.

Portanto, considerando os resultados obtidos experimentalmente,


obtém-se que o polímero estudado possui aproximadamente 1280 moléculas

Sabendo que em um viscosímetro capilar, a viscosidade do líquido é


proporcional a sua densidade e que varia com a temperatura e tempo de
escoamento como visto na equação (2).
Logo, caso fosse necessário determinar experimentalmente as
constantes K e a de um determinado sistema polímero/solvente, seria realizado
a plotagem de um gráfico, da viscosidade da água (η) vesus a densidade pelo
tempo (ρt), utilizando pontos para água em diferentes temperaturas. Assim, a
partir de um ajuste linear, seria encontrado a constante do viscosímetro K.

Figura 5 – Ilustração de como seria o processo da determinação da constante K

3.2. Massa molar média de uma amostra de poliestireno.


Para a determinação da massa molar média do poliestireno, foram
utilizados os dados abaixo:
Tabela 4 – Concentrações e seus respectivos tempos de escoamento de soluções de
poliestireno.

Concentração 0 1,8 1,2 0,85 0,49 0,16 0,09


(g/100mL)
Tempo de escoamento 58 246 158 118 87 66 62
(s)

Utilizar-se-á um método mais prático para determinar a massa molecular


média do poliestireno em meio a 100mL de benzeno, sabendo que o primeiro
tempo de escoamento de benzeno puro corresponde à:
Benzeno puro: 58s
1,8% de poliestireno: 246s
Em condições de temperatura a 30°C, em um viscosímetro de Ostwald.
De forma análoga ao procedimento anterior, utilizou-se as equações 7,8 e 9
para determinar as viscosidades relativas, especificas e reduzidas. Portanto,
repetindo os mesmos cálculos para as respectivas concentrações obtém-se:
Tabela 5 – Valores das viscosidades para a solução de poliestireno em benzeno.

Concentração Tempo de 𝜂red


𝜂rel 𝜂sp
(g/100mL) escoamento (s) (102 mL.g⁻¹)

0 58 - - -

1,8 246 4,241 3,241 1,80

1,2 158 2,724 1,724 1,44

0,85 118 2,034 1,034 1,22

0,49 87 1,500 0,500 1,02

0,16 66 1,138 0,138 0,86

0,09 62 1,069 0,069 0,76

Com a obtenção da viscosidade reduzida, pôde-se plotar o gráfico abaixo:

Figura 6 – Determinação da viscosidade intrínseca através da viscosidade


reduzida pela concentração.
Como apresentado no gráfico anterior, utilizando os mesmos métodos
apresentados anteriormente, obtém-se que a equação da reta é
y = 58,8x + 73,4
Portanto, a viscosidade intrínseca é igual à

𝜂𝑖𝑛𝑡𝑟í𝑛𝑠𝑒𝑐𝑎 = 73,4 𝑚𝐿/g


Dada a equação de Mark-Houwink do poliestireno em benzeno,

nota-se que as constantes K e a são, respectivamente:


K = 6,3x10-3 mL/g
a = 0,78
Substituindo e manipulando os respectivos valores na equação de Mark-
Houwink, encontra-se que a massa molar média do poliestireno é de:
M = 162.754,79 g/mol
Sabe-se que uma unidade da molécula de poliestireno possui massa
molecular de 104 g/mol. Sendo assim, encontra-se que para este poliestireno
há aproximadamente 1565 unidades de moléculas presentes.
4. CONCLUSÕES
O método de determinação da viscosidade intrínseca por um único
ponto, utilizando-se a equação de Staudinger-Mark-Houwinke, mostrou-se
apropriado para a poli(acrilamida), a 30 °C caso seja necessário trabalhar em
outras faixas de temperaturas encontra-se as constantes no Handbook.
No experimento acima foi trabalhado com solução diluída, ou seja, a
densidade do soluto e solvente são muito próximas podendo assim
desconsiderá-las.
A viscosidade intrínseca está relacionada a massa molar viscosimétrica
média (Mv) extrapolando para concentração zero. Como pode ser percebido
acima, após um ajuste linear aos pontos experimentais, ambos as retas tocam
o eixo vertical no mesmo ponto quando a concentração é extrapolada para zero
(c=0) esse ponto é chamado de viscosidade intrínseca [η] dos compostos
estudados.
Percebe-se também, que a viscosidade relativa pode ser obtida sem
conhecer de fato a viscosidade da solução (em diferentes concentrações) ou a
do solvente puro, em que é necessário apenas dados referentes ao tempo de
escoamento de ambos em uma mesma temperatura.
Em suma, estudou-se a importância da viscosidade relacionada a massa
molar média de uma macromolécula polimérica.
5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BROWN, Theodore; LEMAY, H. Eugene; BURSTEN, Bruce E. Química: a ciência


central. 9 ed. Prentice-Hall, 2005.
NASCIMENTO. A. Luiz. Aplicação da poliacrilamida na floculação de cátions
metálicos. Disponível em:
https://repositorio.ufrn.br/bitstream/123456789/25228/1/LuizAntonioDoNascimento_TE
SE.pdf

PILLING. Sergio. Determinação da Viscosidade de Líquidos. Disponível em:


https://www1.univap.br/spilling/FQE1/FQE1_EXP4_ViscosidadeLiquidos.pdf

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