Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
CURSO DE PSICOLOGIA
JUAZEIRO DO NORTE – CE
2021
HORTÊNCYA DINIZ FREITAS FELÍCIO
JUAZEIRO DO NORTE – CE
2021
1 INTRODUÇÃO
Lodi (1998) define como empresa familiar aquela em que existe um andamento
de sucessão para os filhos do fundador de geração a geração, dentro da mesma
família. Leone (1991) considera que empresas familiares são aquelas em que o
comando acionário é exercido pela mesma família, existem parentes em cargo de
confiança da organização, os valores da empresa se identificam juntamente com os
valores da família fundadora.
Empresas familiares existem há muitos e muitos anos e por toda a trajetória do
mundo comercial. Foi por meio de empresas familiares que se formaram grandes
organizações de grande porte. Pensando nesse viés, é compreensível que com todas
as raízes existentes nesse processo de gestão familiar, é necessário que haja uma
gestão organizada para que se possa desenvolvê-la. Ao se estudar empresas
familiares é de suma importância procurar conhecer as suas peculiaridades.
Como afirma Lescura et al. (2010) “ [...] em âmbito local e internacional, as
empresas familiares apresentam certas especificidades que instigam os pesquisadores
à compreensão de suas dinâmicas.” Quando se pensa em dinâmica familiar dentro de
uma organização é necessário levar em consideração fatores como dinâmica, crenças,
regras, valores, estilo de vida, conhecimentos e etc. E é nesse ponto que deve-se
compreender que as relações institucionais frequentemente se embaralham com as
relações familiares e isso desencadeia consequências que a primeira vista parecem
positivas, mas quando esquadrinhadas, apresentam aspectos como: desvios de
funções, o preconceito, o tempo do empregador, o tempo do processo e a
desvalorização do trabalhador.
Por esses motivos, é necessário que haja muitas reflexões para se pensar no
trabalho do psicólogo organizacional em empresas familiares, refletir sobre essas
configurações características, que caracterizam sua identidade organizacional.
Compreendendo essas duas nuances: família e negócio.
Para Ruão T. (2001), “entendemos a identidade organizacional como o
concentrado de informação que integra os sentidos dominantes, duradouros e
consensuais, instituídos como narrativas que projetam a imagem da organização”.
Posto que o empreendimento tem sua identidade consolidada, valores começam a ser
estabelecidos. A imagem do fundador adquire grande importância, às relações
internas começam a acontecer, as condutas empresariais vão se constituindo.
Assim, quando a família consegue trabalhar em harmonia e dialogar graus de
hierarquia que se tornem bem definidos dentro da empresa, a comunicação, o
comprometimento e a confiança são transmitidos para os colaboradores e a empresa
consegue atingir o desejado sucesso.
Porém, as empresas familiares têm certas conveniências quando relacionadas
aos métodos administrativos em relação às demais organizações. Sua administração
segue uma autoridade única e concentrada, o que torna viável decisões ágeis, ela
não é exercida por muitos cargos, o que facilita as decisões da gestão, a organização
intrínseca (na maioria dos casos) é fiel e dedicada ao objetivo da empresa, há forte
valorização da confiança em seus colaboradores, as relações entre funcionários e
gestão é mais forte e possui maior proximidade, as equipes são mais unidas e
colaborativas (na maioria dos casos) e há um foco maior na atenção ao patrimônio da
empresa (SEBRAE, 2013).
Existem alguns fatores que precisam de mais cuidado em uma empresa
familiar, especialmente no que diz respeito às emoções. O estreitamento das relações
afetivas e o contexto organizacional tornam complexa a situação, uma vez que as
relações políticas se encontram sobre vínculos precedentes à empresa e que abalam
profundamente as subjetividades dos envolvidos. Há complexidades em desunir o
racional e o emocional; a gestão mostra-se, muitas vezes, paternalista com seus
colaboradores; surgem, por vezes, posturas de autoritarismo em relação a algumas
decisões da administração; há priorização da empresa, ficando a família em segundo
plano; laços afetivos tornam-se abundantemente fortes, dificultando a tomada de
decisões e influenciando os comportamentos entre gestão e colaboradores e destes
entre si; (SEBRAE, 2013).
Para que a gestão atue de forma organizada no sentido de que saiba manejar
as relações de poder e a subjetividade dos envolvidos, é imprescindível definir valores,
e que sejam repassados aos colaboradores. É também de suma importância que a
empresa familiar tenha nitidez em suas normas e condutas, para que os limites entre
ela e a família não sejam ultrapassados. Para CARRIERI (2005), se “deve ao fato de
os significados, crenças, valores, símbolos e formas de exercício de poder e
dominação, instituídos no âmbito familiar, serem corriqueiramente transferidos para o
ambiente organizacional e vice-versa.”
Por essas razões, se torna necessário estabelecer assim um limite importante,
deixando claro alguns aspectos que serão imprescindíveis na conduta dos
funcionários e na identidade desse grupo. Muitas vezes, se não deixarem claras essas
normas e condutas, pode ocorrer uma confusão com os laços familiares, fazendo com
que eles tomem um espaço maior que a racionalidade, influindo nas decisões do
gestor.
Surge então uma reflexão sobre a relevância da existência de um código de
conduta e ética específico da organização, buscando apontar como essa ferramenta
auxilia na gestão e nos processos administrativos e decisórios diários, além de
incentivar a reflexão sobre a ética dentro da empresa. A organização deve possuir um
Código de Conduta e Ética que seja uma norma de sócios, administradores e
funcionários. O documento deve considerar ou, materializar, os valores e normas
éticas definidos pelos proprietários. “Ética é o termo grego que, em sua etimologia,
significa costume, uso ou modo de ser. A ética adquiriu, através do uso, mais a
conotação de comportamento individual e profissional” (VIDOR, 2009).
Desta forma, é de extrema importância que as empresas se preocupem com a
elaboração de um documento de conduta e ética, visto que, sua criação dá maior
credibilidade à regra em si, tendo valor formal. É necessário que cada funcionário
tenha ciência dos termos empregados neste documento, e que o façam cumprir. As
respostas estão nos benefícios que o comportamento ético trás. “É a declaração
formal de suas expectativas, servindo para orientar as ações de seus profissionais e
explicitar a postura da empresa diante dos públicos com quem interage.” (ARRUDA;
RAMOS; WHITAKER, 2003, p. 64).
A implementação de um código de conduta e ética em qualquer organização,
deve ser pensado a fim de expressar sua cultura, sendo claro e objetivo, servindo de
parâmetro para os comportamento e responsabilidades de cada membro da empresa,
podendo também deixar nítido os deveres dos componentes daquela equipe. Dessa
forma, quando aplicado em um ambiente empresa-familiar, ajuda na separação dos
aspectos racionais e emocionais.
E além disso, algo que se deve estar atento é em relação ao significado que
esse documento terá dentro da empresa, deve ser construído baseado no público e no
tipo de empresa, para que não seja apenas um papel na gaveta. “Assegurar que “[...],
as condutas éticas dos líderes falem mais alto do que seus discursos, posto que, o
exemplo das lideranças constitui o mais importante elemento de formação de cultura
ética nas organizações.” (RODRIGUES, 2012, p. 01).
Desse modo, é fundamental que haja zelo e uma análise multifatorial durante a
criação do documento, entender como pode ser feita a implementação, para que de
fato ele seja vivido na prática. Quanto maior a abrangência e diversidade de situações
expostas no código, melhor será sua eficiência. Sua aplicação será consequência de
uma séria conscientização, por todos, da responsabilidade individual para a
concepção de um ambiente saudável.
Por essa razão, a elaboração e implantação de um código de conduta e ética
será um instrumento de grande relevância para a divulgação dos valores éticos na
organização familiar pois, quando se discute ética e uma empresa traz o assunto à
tona, ela manifesta coragem em declarar que o debate a seu respeito não é um debate
falso e discursista, no qual finge-se aderir. É uma questão séria a ser refletida e bem
elaborada, visto que deve haver estudo, em alguns casos vale a pena um estudo mais
aprofundado em um viés antropológico, para que de fato seja compreendido quais
caminhos utilizar para que a implementação deste código de conduta e ética, e para
que de fato ele seja eficaz.
3 ATIVIDADES DESENVOLVIDAS
3.1 ATIVIDADES DESENVOLVIDAS EM CAMPO:
4 CONSIDERAÇÕES FINAIS
RABAGLIO, Maria Odete. Seleção por Competências. 2.ed. São Paulo: Educator,
2001.