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PONTÍFICIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MINAS GERAIS

INSTITUTO DE CIÊNCIAS HUMANAS


Departamento de Educação
Graduação em Pedagogia
Campus Coração Eucarístico

Bianca Nogueira Zago

RESUMO DO ARTIGO – RESTAURANDO A PAISAGEM: UM DESAFIO


SOCIAL E AMBIENTAL

Orientador: Eugênio Batista Leite

Belo Horizonte
2021
CARVALHO, Aline Beatriz Pacheco; ESCOBAR, Letícia Camacho;
CADEMARTORI, Cristina Vargas. Restaurando a Paisagem: Um Desafio Social e
Ambiental. Ambiente & Educação, v. 22, n. 1, p. 132-145, 2017..

Algumas áreas das ciências têm se preocupado em restaurar ecossistemas


em razão do aumento da exploração dos recursos ambientais, desta forma, a
restauração de ecossistemas tem aumentado o seu valor conforme aumentam os
impactos sobre o meio ambiente. No texto, o autor Geraldo Silveira (2003), descreve
os princípios da ecologia da restauração, cujo seria o restabelecimento de processos
ecológicos em paisagens, seja elas naturais ou urbanas. A partir daí, o autor retrata
a importância da restauração ecológica nos projetos socioambientais. Estes projetos
promovem a interação entre os atores envolvidos com a natureza e, ainda,
colaboram para a mudança na relação exploratória entre as pessoas e o ambiente
em que vivem. Logo após essa introdução em relação a sua importância, o texto
discorre sobre o valor destas restaurações, principalmente se estiverem inseridas
em locais onde a comunidade do local possa ser integrada como agente participativo
e tornar-se multiplicadora de ações da mesma natureza. Em relação a isso, é
importante salientar o conceito de Educação Ambiental que o autor retoma, sendo
esta, tendo como fundamento a promoção da reflexão a partir de ações focadas na
melhoria ou remediação de problemas ambientais para o meio ambiente. A EA deve,
portanto, criar condições necessárias para que as pessoas possam utilizar de suas
habilidades participativas de interação, planejamento e organização de um ambiente
no qual tanto o social, quanto o ambiental - a natureza - sejam parceiros integrativos.
Ainda de acordo com Geraldo Silveira (2003), a EA tem como princípio a
formação dos cidadãos para a reflexão crítica, visando prepará-los para uma ação
social transformadora, de forma a viabilizar o desenvolvimento sustentável da
sociedade. Desta forma, é necessária uma educação que permita problematizar as
diferentes forças sociais existentes, e que ainda possa revelar a realidade sobre a
problemática ambiental do entorno da comunidade em específico. Ele ressalta ainda
que, uma das maiores contribuições da educação ambiental estaria no
desenvolvimento e crescimento de uma ética socioambiental, ao mesmo tempo em
que incorpora valores que permitam a construção de um modelo social sustentável.
É relevante ressaltar que o autor defende muito a ideia da problemática ambiental
ser indissociável da problemática social, e que os projetos direcionados à
conservação ou restauração do ambiente devem, além da preocupação ecológica,
se atentar às necessidades humanas também. Ressaltando também que muitos
projetos de restauração ecológica obtiveram sucesso em seus objetivos quando
conseguiram, de alguma forma, sensibilizar e envolver as pessoas, ou seja, sempre
estar integrando os dois focos – social e ambiental. Logo após esta introdução, o
autor retrata acerca dos benefícios que estão associados à restauração,
especificando que eles não se limitam à recuperação de processos ecológicos, uma
vez que demandam, também, ações educativas, que envolvam a participação e
reflexão constantes da sociedade.
Desta forma, a restauração ecológica reflete-se em uma oportunidade de
ascensão social, à medida que proporciona o resgate da condição humana e da
cidadania além da reconstrução da natureza.
O local de estudo e estudo de caso de restauração ecológica
Em segundo plano, o autor começa a inserir o seu local de estudo, ou seja, o
local onde se realizou o projeto de pesquisa, que é um dos focos principais de seu
trabalho. A partir disso, ele trata dos remanescentes da Mata Atlântica, dizendo que
estes, estão fragmentados e que não se distribuem uniformemente ao longo do
território, comprometendo a perenidade de espécies, da flora e fauna. Além disso,
como ele fala do aspecto social também, ele relata sobre que a população humana
também sofre as consequências dessa destruição, pois os serviços ambientais
proporcionados pela Mata Atlântica estão associados à regulação do fluxo dos
mananciais, à fertilidade do solo e ao equilíbrio climático. O que também é de
extrema importância segundo o autor é a preservação da paisagem da Mata
Atlântica como patrimônio histórico e cultural, pois ela expressa a memória e a
cultura de diferentes grupos sociais.
Este cenário de degradação da Mata Atlântica, do qual o autor trata, evidencia
a urgência da restauração dos seus remanescentes frente a motivos ético-morais, à
obrigatoriedade legal, às ameaças a sua biodiversidade e pela relevância para a
promoção do desenvolvimento sustentável.
Para especificar o local de estudo do autor, é em uma área degradada do
domínio da Mata Atlântica no município de Glorinha, Rio Grande do Sul. E, neste
município de Glorinha, possui grande parte de seu território ocupado por uma
unidade de conservação de uso sustentável, que é a Área de Proteção Ambiental,
conhecida como APA do Banhado Grande. Os principais objetivos da APA são a
preservação dos banhados, o desenvolvimento socioeconômico com a proteção dos
ecossistemas naturais, a conservação do solo e recursos hídricos, a recuperação
das áreas degradadas e a proteção da flora e fauna, assim como de seus locais de
reprodução.
A paisagem é formada por um misto de remanescentes de dois biomas típicos
e ameaçados do Rio Grande do Sul, a Mata Atlântica e o Pampa. De acordo com o
autor, no ano de 2008, a área era utilizada para pastoreio, criação de bovinos e
plantio de cítricos sem fins comerciais. Dentre os impactos decorrentes destas
atividades estão a caça de animais silvestres, abolição da vegetação para a
ampliação da área de cultivo, um remanescente florestal pouco desenvolvido,
ocorrência de gramíneas e espécies arbóreas exóticas, compactação do solo e de
áreas úmidas presentes na propriedade. Após a aquisição da área pelos atuais
proprietários, as atividades de impacto ao ambiente cessaram e pôde-se observar o
processo natural de sucessão ecológica. Porém, tal processo exigiu intervenção
técnica, já que apenas os processos naturais não produziriam o êxito esperado.
Desta forma, motivados pelo dever ético-moral e preocupados com as situações
observadas, os proprietários permitiram que a área se tornasse objeto de estudo de
um projeto de restauração cujo foi realizado entre os anos de 2013 a 2015.
Tem muitos motivos que justificam a implantação de programas que priorizam
a conservação e restauração ecológica de biomas ameaçados. Até porque, as
restaurações proporcionam o aumento da riqueza da flora e fauna local, trazendo,
como consequência, diversos benefícios. Além de promover melhora da saúde e da
qualidade de vida, contribui para o aumento da diversidade genética, garantindo e
protegendo a integridade da vida. O projeto realizado pelo autor, portanto, visou
programar ações favoráveis ao aumento da diversidade e ao restabelecimento de
condições próximas às originais, que pudessem assegurar os atributos e valores
ecológicos de ecossistemas pertencentes à Mata Atlântica. A partir deste ponto, o
autor relata as sínteses e os resultados do projeto que perdurou por dois anos:
Os resultados alcançados
Recuperação do solo, das nascentes e do banhado somou-se a outras
respostas desencadeadas por estas. O incremento da vegetação e a continuidade
do processo de sucessão ecológica resultaram em maior diversidade de espécies
vegetais e novas oportunidades para a fauna local e visitante, que passaram a
utilizar as áreas vegetadas como fonte de abrigo e alimentação. Estes resultados
possibilitaram a implementação de algumas atividades, como:
 O plantio de mudas
Que envolveu, em momentos diferentes, alunos do ensino básico e alunos do
ensino superior. O intuito, obviamente, foi contribuir para a restauração da mata ciliar
remanescente na propriedade e conseguir sensibilizar os participantes para as
questões que envolvem a conservação e a restauração de áreas florestadas.
 Observação da Sucessão Ecológica
As atividades educativas associadas à observação da sucessão ecológica
podem favorecer a compreensão sobre o papel da diversidade biológica na
estruturação dos sistemas vivos.
 Observação da Fauna
A prática de observação de animais estimula o diálogo conservacionista e
incentiva a adoção de valores e compromissos morais, éticos e legais vinculados à
promoção do bem-estar animal e à conservação das áreas verdes como recursos
prioritários à manutenção da vida silvestre e da diversidade biológica.
Conclusão do artigo
As atividades propostas não apenas destacam as questões ambientais, mas
também proporcionam a possibilidade de interação e compreensão dos processos
naturais, contribuem para a alfabetização ecológica e criam espaço para o
desenvolvimento da admiração e contemplação que o mundo natural pode evocar.
Portanto, diversas formas de interação com o ambiente natural devem ser
integradas às atividades educacionais, de modo a formar um sujeito ecológico crítico
que possa refletir sobre as questões ambientais e beneficiar os cidadãos ambientais.
Portanto, a educação ambiental constitui um importante processo de transformação
social para a constituição de uma sociedade mais justa, ecologicamente sustentável,
e está comprometida com o processo de proteção e garantia da integridade do
ecossistema.

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