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Exemplo 1
H03 - Identificar os interlocutores prováveis de um texto, considerando o uso de formas verbais flexionadas no modo
imperativo ou de determinado pronome de tratamento. (GI)
Comentário
O item avalia a habilidade que os alunos têm de identificar os interlocutores de um texto, a partir da observação das
formas verbais flexionadas no modo imperativo. Para tanto, apresenta um texto em que se lê “Visite São Paulo” e
“São Paulo é tudo de bom”. Também compõe o texto uma ilustração que remete ao horizonte típico de uma
metrópole, cheia de prédios e que se assemelha a um mosaico de cerâmicas coloridas. A tarefa dos alunos é
identificar a quem esse texto, provavelmente retirado de um material publicitário, se dirige.
Para realizar adequadamente a tarefa, os alunos devem mobilizar mais que conhecimentos linguísticos. Para além da
forma verbal no imperativo, o que possibilita identificar quem é o interlocutor pretendido são a figura e o grau de
formalidade empregado, além de um conhecimento pragmático a respeito de como a frase “visite tal ou tal lugar”
costuma ser utilizada. Assim, a imagem semelhante a um mosaico colorido, que dá um tom descontraído ao texto,
juntamente com a expressão informal “é tudo de bom”, permite descartar o distrator C (“empresários com negócios
na cidade de São Paulo”). Já o referido conhecimento pragmático permite excluir o distrator A: não faz sentido
convidar os próprios moradores de São Paulo a visitarem a cidade. Esse mesmo conhecimento de mundo permite
que os alunos percebam que essa injunção se dirige, em geral, a turistas (Visite a Bahia, Visite o Espírito Santo, etc.) –
o que faz com que o distrator D (“viajantes em passagem por São Paulo”) possa ser percebido como menos
adequado do que o gabarito B (“turistas que não conhecem a cidade”). Como se vê, embora o texto seja simples, o
caminho interpretativo que permite chegar à resposta adequada não é trivial. E o comportamento dos alunos na
escolha entre gabarito e distratores representa de forma bastante adequada tal caminho interpretativo.
A média geral de acerto dos três grupos mostra que 78,7% escolheram como resposta o gabarito B, “turistas que não
conhecem a cidade”. Considerando os percentuais específicos de cada grupo, é possível verificar que os índices de
acerto entre aqueles pertencentes aos grupos 2 e 3 foram altos (82,5% e 91,2%, respectivamente). Entre os alunos
do grupo 1, 63,4% escolheram o gabarito. O distrator D foi o mais assinalado, depois do gabarito, em todos os
grupos, concentrando, em média, 12,4% das respostas. Ou seja, a segunda alternativa menos equivocada – poder-
se-ia pensar em uma campanha que convida aqueles que estão apenas de passagem por São Paulo (e são muitas as
pessoas nessa situação, considerando-se seus importantes aeroportos e terminal rodoviário) a visitar a cidade – foi a
que mais atraiu respondentes depois do gabarito. Ou seja, esses percentuais mostram que para esse nível de
complexidade, os alunos conseguem mobilizar todos esses conhecimentos e realizar de forma adequada o processo
de leitura, excluindo, em sua maioria e em todos os grupos, as respostas mais equivocadas.
Exemplo 2
H33 - Distinguir o discurso direto da personagem do discurso do narrador, em uma narrativa literária. (GII)
Comentário
Para avaliar a habilidade de distinguir entre discurso direto da personagem e o discurso do narrador, o item
apresenta um trecho de um conto de Stanislaw Ponte Preta que descreve como uma passageira desajeitada,
viajando pela primeira vez de avião, constrange o passageiro ao seu lado com o seu comportamento espontâneo e
inadequado. A tarefa dos alunos é identificar, entre as alternativas apresentadas, qual transcreve um fragmento do
discurso do narrador, que é, também uma das personagens do conto (o passageiro constrangido). Ou seja, os alunos
devem perceber que ainda que as alternativas apresentem fala dos dois personagens principais da narrativa lida,
apenas um dos personagens ocupa o papel de narrador. Apesar de a tarefa exigir um conhecimento básico para a
leitura de textos literários e a leitura de narrativas ser uma das práticas centrais de leitura até o 7o ano do Ensino
Básico, os índices de desempenho, especialmente entre os alunos do grupo 1 e 2, indicam um nível de dificuldade
relevante.
Na média, 60,8% dos alunos optaram pelo gabarito A, (“Os outros passageiros estavam já se divertindo, às minhas
custas (...)”). Em relação aos percentuais específicos de cada grupo, observa-se que escolheram o gabarito A 85,8%
dos alunos do grupo 3; 58,5% dos alunos do grupo 2 e 31,1% dos alunos do grupo 1. Esses são índices de acerto
abaixo do esperando se consideramos a habilidade avaliada, a complexidade do texto-base do item e, por fim, o fato
de se tratar de um item situado no ponto 250 da escala de habilidades do Saresp. Dentre os distratores, a alternativa
D, “É a primeira vez que eu viajo de avião”, foi a mais assinalada, em todos os grupos, concentrando, em média,
21,3% das respostas, sendo que entre os alunos do grupo 1 esse distrator concentrou mais respostas que o próprio
gabarito A (34,1%). Essa escolha indica, além do desconhecimento do que seja o narrador de um texto, uma falta de
compreensão global do trecho lido, na medida em que toda a narrativa se organiza, exatamente, em torno do fato
de a “estranha passageira” estar viajando pela primeira ver de avião, sendo que o relato é feito não por ela, mas por
outro personagem que vivencia a situação. Esses resultados apontam para uma dificuldade de leitura relevante,
considerando-se tanto a importância dessa habilidade para a compreensão de narrativas literárias quando a etapa
de escolaridade dos alunos avaliados. Assim, atividade que explorem análises do funcionamento dos textos – e não
apenas atividades de localização de informações explicitas (quem fez o que e quando, tão frequentes em materiais
didáticos) parecem ser uma necessidade urgente nas atividades associadas a leitura de textos literários.
Exemplo 3
Exemplo 4