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Artigo Revisado Layla Maryzandra-1
Artigo Revisado Layla Maryzandra-1
INTRODUÇÃO
1
Militante Negra, Pedagoga, Educadora popular, Especializanda em Educação em Direitos Humanos e
História e Cultura AfroBrasileira e Africana. Email: laylamcs@hotmail.com
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Mestre em Direitos Humanos pela Universidade Federal de Goiás (UFG). Graduada em Direito pela
PUC/GO. Orientadora da Especialização (EAD) em Direitos Humanos para Diversidade e Cidadania
(NDH/UFG). Email: danielamaroja@gmail.com
Parto da compreensão de que o racismo gera efeitos e necessita ser combatido
desde a tenra idade, pois a construção da identidade da criança negra já começa a ser
comprometida em grande medida devido ainstrumentos e comportamentos pedagógicos
por parte dos docentes, que carregam os mesmos conteúdos viciados, depreciativos e
preconceituosos que a sociedade demonstra em relação ao negro.
Por meio de uma educação eurocêntrica e num contexto de falta de
preparo/formação ou preconceitos neles introjetados, muitos educadores não sabem
promover em suas práticas pedagógicas a construção positiva da identidade das crianças
negras, e ainda negam a existência de diferenças pautadas no pertencimento racial entre
as crianças, calcado em práticas preconceituosas, ou de forma excludente, a partir da
falaciosa ideia de que está discutindo a diversidade.
Partindo dessas considerações, apresento o problema desta pesquisa: É possível
ressignificar uma pedagogia que contribuirá na construção da identidade da criança
negra na educação infantil?
Com isso, pretendo compreender como práticas pedagógicas podem interferir na
construção positiva ou negativa da identidade da criança negra, trazendo análises das
principais contribuições teóricas existentes sobre (i) a relação entre práticas
pedagógicas, (ii) relações étnico-raciais, (iii) diversidade, (iv) criança negra e (v)
identidade racial.
Conforme esclarece Boccato (2006, p. 266), a pesquisa bibliográfica busca a
resolução de um problema por meio de referenciais teóricos publicados, analisando e
discutindo as várias contribuições científicas. Neste caso, a pesquisa irá permear nas
obras de autores negros como: Nilma Gomes, Kalebegue Munanga, Eliane Cavalleiro e
Maria Aparecida Silva Bento, entre outros.
O artigo será divido em três tópicos. O primeiro trata de um breve histórico da
construção da identidade negra no Brasil, e como ela foi se constituindo ao longo da
nossa História, bem como de que forma a implementação da Lei Federal n.º 10.639, de
09 de janeiro de 2003, intervém nesse processo. O segundo traz uma compreensão de
práticas pedagógicas enquanto práticas sociais, assumindo a existência das diversidades
principalmente étnico-raciais na educação infantil. O terceiro aborda uma pedagogia
fundamentada em elementos que irão dialogar e trazer exemplos emblemáticos de
metodologias, pautadas em valores, saberes e desconstruções raciais, que podem servir
de modelo e inspiração para a construção de novas pedagogias emancipatórias.
IDENTIDADE NEGRA NO BRASIL E A INSERÇÃO DA LEI 10.639/2003
A identidade assim concebida parece ser uma positividade ("aquilo que sou"),
uma característica independente, um "fato" autônomo. Nessa perspectiva, a
identidade só tem como referência a si própria: ela é autocontida e auto-
suficiente.Identidade e diferença: aquilo que é e aquilo que não é. (SILVA,
2000, p.2)
Tanto queo autor coloca que, com o fim da escravidão, parece que a população
negra, na tentativa de se integrar na sociedade brasileira (não como africanos, mas como
brasileiros) teria se desinteressado de suas próprias origens, deixando-as de alguma
forma para trás, como se o passado fosse um entrave a uma nova vida, uma memória
ruim, uma lembrança desnecessária.“O Brasil já era então um país com negros, não se
sabe bem de onde vindos” (PRANDI, 2000, p.58).
Pois nem tudo é simplesmente África, lembra o autor, essas pessoas ficaram
perdidas entre as diferenças e especificidades que existe do continente de onde vieram.
Ele ainda diz que:
Processo esse, marcado por uma sociedade que, para discriminar os negros,
utiliza-se tanto da desvalorização da cultura de matriz africana como de
aspectos físicos herdados pelos descendentes de africanos. (Diretrizes
Curriculares Nacionais para a Educação das Relações Étnico-raciais e para o
Ensino de História e Cultura Afro-brasileira e Africana, 2004, p.15)
É nesse sentido que entendo a identidade negra como uma construção social,
histórica e cultural repleta de densidade, de conflitos e de diálogos. Ela
implica a construção do olhar de um grupo étnico/racial ou de sujeitos que
pertencem a um mesmo grupo étnico/ racial, sobre si mesmos, a partir da
relação com o outro. Um olhar que, quando confrontado com o do outro,
volta-se sobre si mesmo, pois só o outro interpela a nossa própria
identidade.(GOMES, 2002, p. 39)
3
As Leis 10.639/03 e 11.645/08 são simbolicamente uma correção do estado brasileiro pelo débito
histórico em políticas públicas em especiais para a população negra e indígena.
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Atender os propósitos expressos na Indicação CNE/CP 6/ 2002, bem como regulamentar a alteração
trazida à Lei 9.394/96 de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, pela Lei 10.639/2000, que estabelece
a obrigatoriedade do ensino de História e Cultura Afro-Brasileira e Africana na Educação Básica.
Igualmente, cabe ao Estado promover e incentivar políticas de reparações, no
que cumpre ao disposto na Constituição Federal5, art. 205, que assinala o dever do
Estado de garantir indistintamente, por meio da educação, iguais direitos para o pleno
desenvolvimento de todos, enquanto pessoa, cidadão ou profissional.
Outro ponto a se considerar é o que Cavalleiro (2000) nos lembra, ao comentar
sobre estudos que ressaltam a preponderância do silêncio e da invisibilidade da
população negra nas práticas pedagógicas e nos materiais utilizados nas instituições
escolares, como um todo. Na educação infantil tal fato é expressivo, pois existe uma
crença, ou melhor, uma permanência em achar que as crianças pequenas não
manifestariam comportamentos racistas e discriminatórios. Mas acabam se
surpreendendo, pois:
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O Artigo 205 da Constituição Federal, foi criado com o intuito de garantir o direito de todos, sendo o
dever do Estado e da família protegê-la. Logo, deve ser promovida e incentivada com a participação da
sociedade, objetivando o desenvolvimento da pessoa, preparando-a para o exercício de sua cidadania e
para sua qualificação para o trabalho.
Acrescenta ainda que, além do estudoda África e dos africanos serão
destacados:
As lutas dos negros no Brasil, a cultura negra brasileira e o negro nas áreas
sociais, econômicas e políticas, pertencentes, também à História do Brasil,
relacionadas em todo currículo escolar principalmente nas áreas de Educação
Artísticas, Literatura e História.
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Documento pedagógico que orienta e baliza os sistemas de ensino e as instituições educacionais na
implementação das Leis 10.639/2003 e 11.645/2008.
mas principalmente ampliar o olhar crítico para diversidade existente na construção da
sociedade brasileira, buscando outras formas de pedagogia.
De acordo com Silva (2000), precisamos adotar uma perspectiva que ao invés de
celebrar e contemplar as "diferenças", deva questioná-las e problematizá-las. O fato é:
pontuar como isso se instaurou histórica e socialmente, e que relações de poder
discursivas e simbólicasestão intrínsecas a isso.
Não que ser diferente seja ruim, mas ponderar que éa partir delas que as
exclusões são feitas, e porque isso se dá, pensando em diversidade como princípios
universais para uma educação de qualidade, tendo o cuidado em não fazer disso um
caldeirão de temas transversais, que resulte em debates vazios e sem efeito prático,
como ponderaSilva (2003).A seu ver:
Indo um pouco mais longe, Guijarro (1998) diz que a diversidade não significa
necessariamente falar de minorias, mas do coletivo humano, que traz em seu interior as
diferenças individuais.Por sua vez, Gomes (1990) descreve que ao consultarmos o
dicionário à procura da definição da palavra diversidade vamos encontrar diferença e
dessemelhança. Isso pode nos levar a pensar que a diversidade diz respeito somente aos
sinais que podem ser vistos a olho nu.
Porém, se atenta a que, se ampliarmos a nossa visão sobre as diferenças e
dermos a elas um trato cultural e político, poderemos observar que elas são construídas
culturalmente; sendo, por isso, empiricamente observáveis, e que também são
construídas ao longo do processo histórico, nas relações sociais e nas relações de poder.
A autora ainda afirma que:
Na escola, o sujeito deve ser trabalhado para entender essa diversidade a partir
da sua subjetividade, ou seja, entendendo sua identidade. No entanto, essa mesma
escola também faz o papel contrário, visto que no próprio documento - Parâmetros
Curriculares Nacionais – PCN – de Pluralidade Cultural (1997) é afirmado que:
Segundo Ortiz (2003), só através de uma releitura dos elementos que compõem
as culturas negras no Brasil é que poderemos tentar um meio, um aprofundamento
pedagógico, que nos encaminhe para uma pedagogia genuinamente brasileira, capaz de
resgatar para todos os brasileiros uma cultura nossa, considerada até agora marginal,
mas que responde pela identidade cultural do país, estando presente em todos os setores
da sociedade.
Nesse contexto, cabe à escolareformulare trocar esse currículo quadrado por um
plural, ligando elementos da ancestralidade africana dentro da urgência pedagógica e
contemporânea de hoje, entrelaçando a vivência da criança ao que é ensinado, sendo
que nada disso exclui a racionalidade, mas alimenta uma nova abordagem educacional.
PEDAGOGIAS, PEDAGOGINGA E PRETAGOGIA: EXEMPLOS DE
PEDAGOGIAS EMBLEMÁTICAS
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Jane Elliot escolheu a cor dos olhos como critério de exclusão por influência do mesmo método utilizado
pelos nazi-fascistas na Alemanha da 2ª Guerra Mundial para discriminar os judeus. A melanina,
substância que dá cor à pele e pêlos, também é a responsável pela cor dos olhos.
castanhos seriam privilegiadas em tudo.Fazia-se sentido discriminar alguém pela cor da
pele, faria sentido também discriminar pela cor dos olhos, já que geneticamente ambas
eram determinadas pela mesma substância. A experiência criou um clima hostil de
desentendimentos, mal estar e brigas entre os alunos.
Ao final da experiência, os alunos concluíram que não se deveria julgar e
maltratar as pessoas por sua aparência; seja ela qual fosse. A professora conseguiu
dialogar sobre o sistema escravista, racismo e a situação dos negros norte-americanos, e
no final não só chegou à pergunta norteadora da experiência(de por que Martin Luther
King havia sido assassinado), mas ao quanto ser alvo de um processo de discriminação
poderia ser doloroso e estaria envolto a um sistema de herança escravista.
Alguns anos depois, inspirado no documentário Olhos Azuis e em estudos
científicos de Henri Tajfel, psicólogo social pesquisou o assunto nos anos 60,
justamente por ter sido vítima de discriminação em campos de concentração. Tajfel foi
pioneiro na teoria de in-group e out-groups8. A professora Annie Leblanc, do ensino
primário no Canadá, também aplicou a experiência com seus alunos, dessa vez usando a
altura como critério de privilégio. Ao final do documentário as crianças declararam o
quanto foram tocadas pela experiência e que possivelmente se lembrariam por muito
tempo do que vivenciaram naquela sala.
Em uma de suas falas durante o documentário, a professora acrescenta algo de
extrema importância quando ressalta que, apesar do tema discriminação ser trabalhado
durante os vários anos letivos, através de várias atividades de papel e livros, [...] “tudo
isso entra e parece sair do outro lado”, sobre a assimilação do aluno em seu dia-a-dia
sobre a temática. Ou seja, os recursos pedagógicos não se esgotam apenas em livros,
principalmente sobre um tema que interfere de forma tão conflituosa na construção
identitária e social dos alunos, tanto quanto indivíduos como em grupos.
Segundo Tajfel (1981), o pertencimento do indivíduo em um grupoé atingindo
no processo de comparação social (conflitos sociais). Silva (2002) também afirma que é
nas situações de conflitos sociais que essas questões acerca da construção da identidade
ganham maior projeção. Assim, existiria uma tendência dos indivíduos a manter ou
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A teoria da identidade social apoia-se em três postulados básicos: (1) o autoconceito é derivado da
identificação e pertença grupal; (2) as pessoas são motivadas a manter uma autoestima positiva; (3) as
pessoas estabelecem uma identidade social positiva mediante a comparação favorável de seu próprio
grupo (in-group) com outros grupos sociais (out-groups). Nesse sentido, quando tal comparação não se
mostra favorável ao próprio grupo, elas irão adotar diferentes estratégias para recuperar o favoritismo de
seu próprio grupo, como forma de assegurar uma autoestima positiva. FERREIRA, Maria. “Psicologia:
Teoria e Pesquisa”. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0102-
37722010000500005&script=sci_arttext/> Acesso em: 03 abr. 2015.
acentuar a autoestima pela valorização da identidade social (Tajfel, 1981; Tajfel&
Turner, 1979).9
Como todo processo de adaptação em relação às leis educacionais e materiais
didáticos para implementaçãodas mesmas, durante os 12 anos de existência da lei
10.639/2003 vários materiais pedagógicos, tantoorientação aoseducadores como livros e
jogos literários para serem usados em sala foram disponibilizados.
Há muitos livros infantis que valorizam a identidade e cultura da criança negra, a
exemplo temos alguns: As Tranças de Bintou, de Sylviane A.Diouf; Que Cor É A
Minha Cor?, de Martha Rodrigues Col. Griot; O Menino Marrom, de Ziraldo Alves
Pinto; A Bonequinha Preta, de Alaide Lisboa de Oliveira, Chico Juba, de Gustavo
Gaivota, Minha Princesa Africana,de Marcio Vassalo, entre outros.
Todavia, a psicóloga Vanessa Andrade, do projeto Afrobetizar, no morro do
Cantagalo, no Rio de Janeiro, pontua algo relevante quando se lembra da lei
10639/2003 e dos livros voltados a ela: “A sensação que eu tenho com relação a essa lei
é que há uma corrida para que ela seja aplicada através de livros, mas se não tiver um
trabalho além do papel, não adianta.”.
A psicóloga ainda reitera sobre o letramento corporal, de forma significativa no
mundo da criança negra, pois “não basta dizer para as crianças que é lindo ser negro,
contar quem foi Zumbi e Maria Carolina de Jesus”, ponderando a importância de
vivência como experimentação positiva, na valorização cultural dessa criança, algo
muito próximo da fala da professora Annie Leblanc, com sua experimentação na escola
do Canadá.
Ambas não desconsideram a contribuição dos livros e atividades em papel, mas
compreendem a profundidade e urgência do problema discriminatório, no que tange o
corpo da criança. Segundo a psicóloga, o projeto Afrobetizar nasce exatamente dessa
necessidade:
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Psicologia em Revista, Belo Horizonte, v. 18, n. 3, p. 507-526, dez. 2012.
capoeira e sim a capacidade de ter consciência e acesso às possibilidades
corporais. Isso ajuda essas crianças a assumir espaços nos quais
tradicionalmente não estão inseridas. (CANCION, 2015, s/p)
Assim, se é pelo corpo que a criança negra é discriminada,é também pelo corpo
que o educador começa a desconstruir práticas que reforçam valores vazios.
(...) para que a escola consiga avançar na relação entre saberes escolares/
realidade social/diversidade étnico-cultural é preciso que os(as)
educadores(as) compreendam que o processo educacional também é formado
por dimensões como a ética, as diferentes identidades, a diversidade, a
sexualidade, a cultura, as relações raciais, entre outras(GOMES, 2005,
p.147).
A autora ainda ressalta que trabalhar com essas dimensões não significa
transformá-las em conteúdos escolares ou temas transversais, mas ter a sensibilidade
com esses processos. E algo que o Projeto A Cor da Cultura propõe é exatamente isso:
ressignificar a metodologia trazendo referências cada vez mais africanistas, repercutindo
valores e saberes, sem folclorizar e estereotipar uma cultura.
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A Cor da Cultura é um projeto educativo de valorização da cultura afro-brasileira, fruto de uma
parceria entre o Canal Futura, a Petrobras, o Cidan - Centro de Informação e Documentação do Artista
Negro, o MEC, a Fundação Palmares, a TV Globo e a Seppir - Secretaria de políticas de promoção da
igualdade racial.
No decorrer dos anos, criaram-se novas produções de conhecimentos e
entendimentos sobre as relações étnico-raciais e o racismo no Brasil, no que tange o
fazer pedagógico, tendo como bases essenciais africanos em diáspora e saberes
africanistas, pois, como muito bem evidenciado por Allan da Rosa, a cultura negra:
[...] são aulas para comunidade, que também têm, influenciado professores,
coordenadores pedagógicos e movimentos sociais na discussão sobre a
temática racial, sendo uma das faces interessantes do curso o modo como a
educação popular transdiciplinar dialoga com geografia, poesia, teatro,
samba, cerâmica e demais elementos presentes na cultura africana. Inclusive
em relação ao matérias utilizados nas aulas como: folha de hortelã – para
falar sobre matemática, candomblé e geografia –, até tecidos– para
desenvolver temáticas como as relações de gênero e literatura, as aulas
trazem tanto histórias rituais [religiosidade], quanto aquelas presentes no
cotidiano da história africana tradicional e contemporânea, como artes,
ofícios ancestrais, músicas, produção de máscaras e utensílios domésticos e
até mesmo manuseio de argila11.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
11
Metodologia de ensino voltada para história e cultura africana é desenvolvida em espaços comunitários.
Disponível em:<http://educacaointegral.org.br/experiencias/dagogin/>. Acesso em: 01 mar. 2015.
12
“O „pretuguês‟ é uma categoria de análise criada por Lélia Gonzales, ícone da luta antirracista e
feminista no Brasil, para explicar o português falado no Brasil, uma mistura de kimbundu com ambundo,
ou seja, uma mistura do português de Portugal, com línguas africanas. Lélia atribuiu à mulher negra a
responsabilidade de africanizar a nossa língua e a cultura brasileira”. Disponível
em:<http://www.fbb.org.br/reporter-social/puc-rio-debate-a-historia-do-brasil-a-partir-do-pretugues-de-
lelia-gonzalez.htm />. Acesso em: 05 abr. 2015.
infantil, no entanto,é imprescindível que a escola busque outras metodologias e formas
de educar, como aquelas aqui apresentadas.
Falar de identidade negra na educação infantil ainda é um tabu, pois a maioria
dos docentes acredita que nesta fase a criança ainda não é capaz de se perceber
enquanto negra ou então não acreditam que suas práticas pedagógicas possam carregar
reproduções racistas. Quando cito aqui “enquanto negra”, compreendo o grau de
maturação cognitiva que a criança ainda não tem em relação ao conceito etnia/raça, mas
de pesquisas feitas e citadas neste trabalho que comprovam que a percepção de
diferenças raciais, por elas já exporem certas preferências, se identificando ou rejeitando
crianças negras. Assim, torna-se muito mais difícil dialogar com a formação de um
profissional que não vê problemas em sua metodologia.
O racismo tem efeitos e começa na primeira infância, a Lei10.639/2003 é um
grande avanço para os processos de construções positivas da identidade da criança
negra, no entanto, ela precisa ser aplicada trazendo outros olhares para o fazer
educacional. Na falta de um preparo pedagógico de como usá-la, o educador ao invés
de contribuir na formação dos alunos, apenas reforça mais preconceitos.
Todavia, é preciso reconhecer que mesmo timidamente, ainda há iniciativas
educacionais que dialogam com processosemancipatórios quando se trata da questão
racial. Basta a escola e o educador estarem abertos a desconstruírem o racismo
internalizados. Tais iniciativas estão espalhadas pelo mundo, ressignificando a educação
o tempo todo, estimulando mudanças, gerando valores atribuídos ao que durante muito
tempo não estava sendo apontado como importante, pois, lutar por justiça social não
tem aver só com igualdade, mas principalmente com respeitar o diferente.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
SILVA, Jovina da; RAMOS, Maria Minteiro. Prática Pedagógica numa Perspectiva
Interdisciplinar. Disponível em
http://www.ufpi.edu.br/subsiteFiles/ppged/arquivos/files/eventos/2006.gt3/GT3_2006_0
8.PDF Acesso em: 10 de nov. 2012.