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PRIMEIRA QUESTÃO:
“Não ignoro que muitos têm tido e têm a opinião de que as coisas do mundo
sejam governadas pela fortuna e por Deus, de forma que os homens, com sua
prudência, não podem modificar nem evitar de forma alguma; por isso poder-se-
ia pensar não convir insistir muito nas coisas, mas deixar-se governar pela
sorte. Esta opinião tornou-se mais aceita nos nossos tempos pela grande
modificação das coisas que foi vista e que se observa todos os dias,
independente de qualquer conjetura humana. Pensando nisso algumas vezes,
em parte inclinei-me em favor dessa opinião. Contudo, para que o nosso livre
arbítrio não seja extinto, julgo poder ser verdade que a sorte seja o árbitro da
metade das nossas ações, mas que ainda nos deixe governar a outra metade, ou
quase.” (Maquiavel, O Príncipe).
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central transforma a unidade nacional, a representação, a defesa e o controle dessa
unidade em uma ideologia. A invasão do território de um Estado supõe uma dupla
ameaça: de um lado a invasão diminui a área geográfica do Estado, e de outro,
diminui o âmbito da autoridade central e, portanto, o poder de que desfruta. Quando
está em perigo a extensão geográfica de um Estado, se vê igualmente ameaçada a
ideologia da unidade do Estado, o território do Estado e o povo. A lealdade ao Estado
se baseia, em parte, na aceitação de seu poder e na fé neste poder. A debilidade pode
ser uma ameaça para essa fé ou, pelo contrário, pode ser que a debilidade do poder
atraia para ele mais adesão do que nunca.
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preservação da vida tenha efeito jurídico. Hobbes entende que somente o estado civil
é o único capaz de estabelecer as condições efetivas para que esse objetivo seja
atingido.
SEGUNDA QUESTÃO:
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“Aquele que faz a lei sabe, melhor do que ninguém, como ela deve ser posta em
execução e interpretada. Parece, pois, que não se poderia ter uma constituição
melhor do que aquela em que o poder executivo estivesse jungido ao legislativo.
No entanto, justamente isso torna o Governo insuficiente em certos aspectos,
porque as coisas que devem ser distinguidas não o são, porque o príncipe e o
soberano, não sendo senão a mesma pessoa, formam por assim dizer, um
Governo sem Governo” (Rousseau, O Contrato Social).
Rousseau afirmava que os homens nascem livres, felizes e iguais. Porém, num
determinado momento, a civilização corrompeu esse homem e ele perdeu a liberdade
natural, sendo necessário o estabelecimento de um pacto social que o aproximaria do
estado natural. Esse pacto não seria legitimado na força nem em um chefe nascido
naturalmente para governar, mas sim na convenção estabelecida entre todos os
membros do corpo social. Dessa forma, Rousseau aponta para um Estado
Democrático onde a soberania pertenceria tão somente ao povo, e a este Estado
caberia conciliar a vontade individual e o bem coletivo.
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Para Rousseau, antes de mais nada, impõe-se definir o governo, o corpo
administrativo do Estado, como funcionário do soberano, como um órgão limitado pelo
poder do povo e não como um corpo autônomo.
Além disso, é preciso que existam executores para essa lei da natureza. E eles
existem: os próprios homens. Cada individuo tem o direito de castigar o ofensor da lei
– buscando assim a preservação própria e/ou a de outro, se for o caso – e de buscar
reparação para os danos que forem causados por esta ofensa.
Ainda que Locke afirme que a lei da natureza permita uma vivência “perfeita”
para os homens, ela não dispõe de mecanismos para resolver controvérsias (um juiz
reconhecido por todos, por exemplo); não tem poder maior que efetive a sentença
quando esta for justa. Além disso, há outro motivo:
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embora livre, atemoriza e é cheia de perigos constantes (Locke,
ibid.:92)
Para Locke, o poder legislativo poderia ser delegado pelo povo a alguns
homens, de modo que estes desenvolvam as atividades pertinentes, mas sem a
pretensão de governarem por meio de decretos arbitrários ou de buscarem outro fim
que não o bem geral. O autor ainda ressalta que o povo pode, se os legisladores não
estiverem agradando, trocá-los e até modificar a forma de organização deste poder.
Desse modo, a comunidade configurar-se-ia como o verdadeiro poder supremo,
embora este só se manifestasse quando o governo fosse destituído ou modificado.
Essas colocações nos permitem vislumbrar uma forma primeira (para não dizer
primitiva, termo carregado de conotações pejorativas) de democracia representativa: a
comunidade, por meio da escolha da maioria, elegeria representantes para atuarem
como legisladores. Estes poderiam, contudo, ser destituídos e o próprio modelo do
poder legislativo poderia ser transformado de acordo com os interesses da
comunidade. Além disso, seria também delegado um poder executivo, para fazer valer
as leis. Este poder executivo, sendo subordinado ao poder legislativo, estaria, em
última instância, igualmente dependente da comunidade, tal como nas democracias
representativas que conhecemos.
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Encontrar uma forma de associação que defenda e proteja a
pessoa e os bens de cada associado com toda a força comum, e pela
qual cada um, unindo-se a todos, só obedece contudo a si mesmo,
permanecendo assim tão livre quanto antes (ROUSSEAU, ibid.: 70).
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Também ela não é divisível: ou representa a vontade geral ou não. Assim, surge um
grande problema: em comunidades muitos grandes, com vasto número de habitantes,
seria virtualmente impossível essa reunião de todos os homens. O próprio Rousseau
confessa que sua proposta só é viável em pequenas comunidades (ibid.: 189).