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O Jesus que a Bíblia apresenta nasceu de uma mulher virgem, cujo óvulo foi fecundado pelo
Espírito Santo (Isaías 7.14; Mateus 1.18-25; Lucas 1.27, 34-35). Ele tinha consciência de que era
Deus (João 8.24), realizava curas (Marcos 1.40-41), expulsava demônios (Marcos 1.23-27),
andava por sobre as águas (João 6.16-21), multiplicava pão (Mateus 14.13-21), e até
ressuscitava mortos (Mateus 9.23-26). O Jesus da Bíblia é totalmente humano (2 João 2.6; João
4.6; Filipenses 2.7) e totalmente divino (1 Timóteo 2.5; João 1.1). Ele perdoava pecados (Lucas
5.21-24) e morreu como sacrifício pelos pecados (João 1.29; 1 Pedro 1.18-19). Ele pregou,
andou, se cansou, ensinou, deu broncas, condenou e salvou. Jesus cumpriu diversas profecias,
personificou Israel, personificou o templo e foi o perfeito profeta, sacerdote e rei prometido, o
Messias há muito esperado. O Jesus Cristo da Bíblia era ao mesmo tempo o Filho de Deus
(Lucas 1.32), o Filho do homem (Daniel 7.13-14), o profeta apocalíptico (Mateus 24—25), o sábio
(Lucas 2.40; 11.31), a sabedoria encarnada (João 1.1-3; Colossenses 2.3), o filho de Abraão
(Mateus 1.1), o filho de Davi (Mateus 1.1), o filho da mulher que pisou a cabeça da serpente
(Gênesis 3.15) e o servo sofredor (Isaías 53). Voluntariamente, o Jesus das Escrituras se
entregou para morrer, a fim de oferecer a sua vida em substituição pelos pecados de todos
aqueles que creem nele. O Jesus da Bíblia não continuou morto, mas ressuscitou em um
domingo e apareceu para muitíssimas pessoas (1 Coríntios 15.3-8). Ele ensinou os seus
representantes chamados apóstolos e colocou sobre eles a responsabilidade de levar a verdade
até aos confins da terra (Mateus 28.18-20; Atos 1.8). O Jesus apresentado nas páginas das
Escrituras é o Salvador do Mundo (1 João 2.1-2), voltará para reinar e estabelecer Novos Céus e
Nova Terra (2 Pedro 3.8-13) e convida a todos a crerem nele para fazerem parte dessa nossa
família e receberem vida eterna (Mateus 11.28-30; João 3.14-16). Esse é o Jesus revelado nas
páginas da Bíblia. E esse é o Jesus que sujou os pés em nosso mundo. Esse é o Jesus
histórico.
Ernest Renan (1823-1892)
H. Holtzmann (1832-1910)
Johannes Weiss (1863 – 1914): Genro de Ritschll, foi o responsável por nomear a suposta fonte
usada por Mateus e Lucas de “Q”. Weiss era interessado na pré história dos textos dos
evangelhos, sendo um dos precursores da crítica textual. Weiss enfatizou a importância central
do Reino de Deus na pregação de Jesus e propôs que o conceito de reino pregado no ministério
terreno de Jesus se referia a uma realidade futura, escatológica e sobrenatural, que seria trazida
por Deus, indo contra a concepção de sua época de que o reino era uma experiência subjetiva.
Para ele, os evangelistas influenciados por Paulo colocaram na boca de Jesus expressões que o
identificavam como um ser oriundo do céu. Weiss acredita que houve um grande
desenvolvimento no pensamento da igreja a respeito de Jesus, usando elementos culturais para
entender alguém cuja personalidade causou grande impressão. Weiss é um escritor curioso. De
um lado ele não acredita que os escritos do Novo Testamento refletem a pessoa de Jesus como
ele realmente era; por outro lado, Weiss afirma que Jesus Cristo foi exaltado após a sua morte e
recomenda a fé nele.[4]
“Ele vem a nós como Um desconhecido, sem um nome, como alguém de antigamente, ao lado
do lago, Ele vem para aqueles que não o conheceram. Ele nos fala a mesma palavra: ‘Segue-
me!’ e coloca-nos para fazer as tarefas que ele tem que cumprir em nosso tempo. Ele comanda.
E aqueles que o obedecem, sejam sábios ou simples, Ele revelará a Si mesmo nas lutas, nos
conflitos, nos sofrimentos que eles enfrentarão em comunhão com Ele e, como um mistério
inefável, eles aprenderão por experiência própria quem Ele é” (401).
Depois da publicação deste livro, Schweitzer estudou medicina e foi para a África (Gabão) como
missionário. No primeiro mês Schweitzer e sua esposa atenderam mais de 2000 pacientes. Além
de criar um hospital na região, o doutor, que ficou por alguns meses em um campo de
concentração, se tornou ativista contra o uso de armas nucleares.
Embora haja discordância entre os estudiosos, a maioria concorda que a primeira busca do
Jesus histórico acabou com Schweitzer. Seguiram-se a primeira busca as duas grandes guerras
mundiais (1914-1918 e 1939-1945) e um período chamado de “sem busca” (no quest). O nome
principal desse período é Rudolf Bultmann, que postulou sobre a impossibilidade de reconstruir o
Jesus da história e apresentou como muito mais importante o Jesus da fé:
Conclusão
Ao analisar em primeira mão, ainda que sem profundidade, os escritos da primeira geração dos
proponentes da busca pelo Jesus histórico, fica evidente que os desenvolvimentos vistos nas
buscas posteriores já se faziam presentes de alguma forma nos escritores antigos. O judaísmo de
Jesus, seu apocalipticismo, a diversidade de cristologias, o esforço pela compreensão da origem
e significado dos diferentes títulos cristológicos e, especialmente, em alguns “questers”, uma luta
entre o desejo de crer e manter piedade contra o racionalismo, o academicismo e o desejo por
relevância.
O problema começou quando a Bíblia passou a ser considerada como um escrito puramente
humano e a razão humana como uma fonte mais confiável de conhecimento do que a revelação
divina por meio das Escrituras. Houve outros escritores nessa época, mas os apresentados acima
ganharam posição de destaque na busca antiga pelo Jesus histórico. A crítica de Schweitzer bem
como a constatação de Rudolf Bultmann marcam o fim da primeira busca. Embora totalmente
tomados pelo racionalismo de sua época, ambos teólogos lançaram um apelo para que o Jesus
da fé fosse conhecido, crido e seguido.
A falta de harmonia das reconstruções “históricas” de Jesus é mais um motivo para reconsiderar
a volta às Escrituras como a Palavra de Deus, cujo Jesus é o homem-Deus que viveu na história
e tem sido professado ao longo dos séculos com a seguinte fórmula:
“Creio em um só Senhor, Jesus Cristo, Filho Unigênito de Deus, nascido do Pai antes de todos
os séculos. Deus de Deus, luz da luz, Deus verdadeiro de Deus verdadeiro, gerado, não criado,
consubstancial ao Pai. Por ele todas as coisas foram feitas. E por nós, homens, e para nossa
salvação, desceu dos céus, e se encarnou pelo Espírito Santo, no seio da Virgem Maria, e se fez
homem. Também por nós foi crucificado sob Pôncio Pilatos, padeceu e foi sepultado. Ressuscitou
ao terceiro dia, conforme as escrituras, e subiu aos céus, onde está sentado à direita do Pai. E de
novo há de vir, em sua glória, para julgar os vivos e os mortos; e o seu reino não terá fim.” (Credo
Niceno-Constantinopolitano).
Notas
[1] Hermann Samuel Reimarus, Gotthold Ephraim Lessing, and Charles Voysey, Fragments from
Reimarus : Consisting of Brief Critical Remarks on the Object of Jesus and His Disciples as Seen
in the New Testament (Lexington, Ky.: American Theological Library Association, Committee on
Reprinting, 1879), https://play.google.com/books/reader?
id=UJRyFFb8WKAC&printsec=frontcover&output=reader&hl=pt_BR&pg=GBS.PA1.
[2] Ferdinand Christian Baur, The Church History of the First Three Centuries (London: Williams
and Norgate, 1878), https://books.google.com/books?
id=QIQAAAAAMAAJ&printsec=frontcover&dq=ferdinand+baur&hl=en&sa=X&ved=0ahUKEwjllMb9
–LQAhVrsFQKHdutCRwQ6AEINzAE#v=onepage&q=historical&f=false. Veja lista dos livros de
Baur no Google Books: https://www.google.com/search?
tbm=bks&hl=en&q=David+Friedrich+Strauss&=#safe=strict&hl=en&tbs=bkt:b
%2Cbkv:r&tbm=bks&q=Ferdinand+Christian+Baur
[3] David Friedrich Strauss, The Life of Jesus Critically Examined, 2nd ed. (London:
Sonnenschein, 1892), https://books.google.com/books?
id=BjdNAAAAMAAJ&printsec=frontcover&dq=david+strauss&hl=en&sa=X&ved=0ahUKEwjtw-
is987QAhVF6oMKHQZRALIQ6AEIJDAB#v=onepage&q&f=false. Veja lista de livros de Strauss no
Google Books no link a seguir: https://www.google.com/search?
tbm=bks&hl=en&q=David+Friedrich+Strauss&=#q=David+Friedrich+Strauss&safe=strict&hl=en&t
bs=bkt:b,bkv:r&tbm=bks
[4] Johannes Weiss, Christ, the Beginnings of Dogma (London: P. Green,
1911), https://books.google.com/books?
id=q6UQAAAAYAAJ&printsec=frontcover&dq=Johannes+Weiss&hl=en&sa=X&ved=0ahUKEwifhp
TG0e_QAhVK22MKHVbmAokQ6AEIMzAE#v=onepage&q=Johannes Weiss&f=false; Johannes
Weiss and H J Chaytor, Paul and Jesus (London; New York: Harper & Bros.,
1909), https://books.google.com/books?
id=Rh9VAAAAMAAJ&printsec=frontcover&dq=Johannes+Weiss&hl=en&sa=X&ved=0ahUKEwigk
KrwjuXQAhVH4mMKHVbgBFkQ6AEIITAB#v=onepage&q&f=false.
[5] Albert Schweitzer, The Quest of the Historical Jesus, by Albert Schweitzer. (London: A & C
Black, 1910), https://books.google.com/books?
id=7UPLuZZ8NHIC&pg=PA281&dq=albert+schweitzer+jesus&hl=en&sa=X&ved=0ahUKEwis44Ty
6O_QAhVLyGMKHV0vALgQ6AEILjAD#v=onepage&q&f=false.
[6] Rudolf Bultmann and Schubert Miles Ogden, New Testament and Mythology and Other Basic
Writings, 1984, 33.