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ISSN 1413-389X Temas em Psicologia - 2008, Vol.

16, no 2, 243 – 259

Desafios teóricos e metodológicos na pesquisa


psicológica sobre TDAH

Soraya da Silva Sena

Luciana Karine de Souza


Universidade Federal de Minas Gerais – Brasil

Resumo
O presente texto procura identificar desafios teóricos e metodológicos implicados na pesquisa
com portadores de Transtorno de Déficit de Atenção/Hiperatividade (TDAH). Estudos
empíricos e teóricos recentes, conduzidos no Brasil e no exterior, foram identificados, oriundos
de áreas como Psicologia, Psiquiatria, Genética e Educação. A maioria dos trabalhos
disponíveis não reconhece as disparidades entre distintas teorias e critérios para lidar com o
TDAH. Disponibilizar uma revisão não apenas crítica da literatura científica atual, mas ao
mesmo tempo um panorama conciso dos estudos empíricos já publicados é a meta secundária
deste texto. As diferenças teóricas e metodológicas entre os estudos conscientizam para a
realização de novas pesquisas, com atenção a novos desafios e aos esforços já empreendidos.
Palavras-chave: TDAH, Psicologia, Pesquisa.

Theoretical and methodological issues in psychological


research about ADHD

Abstract
This paper intends to identify theoretical and methodological challenges implied on research
with Attention Deficit Hyperactivity Disorder (ADHD) cases. Recent empirical and theoretical
studies conducted in Brazil and abroad were identified, originated in areas such as Psychology,
Psychiatry, Genetics, and Education. Most of the works available does not recognize the
disagreements among different theories and criteria to deal with ADHD. Another goal of this
paper is to offer a critical review of recent scientific literature as well as a more accurate picture
of the empirical studies already published. The theoretical and methodological differences
among the studies aware to the execution of new researches, with focus on challenges to the
efforts implemented.
Keywords: ADHD, Psychology, Research.

O presente texto procura elencar oriundos de áreas como Psicologia,


desafios teóricos e metodológicos Psiquiatria, Genética e Educação.
implicados na pesquisa com portadores de Outro objetivo traçado para este
Transtorno de Déficit de trabalho é disponibilizar uma avaliação não
Atenção/Hiperatividade (TDAH). Estudos apenas crítica da literatura científica atual
empíricos e teóricos recentes, conduzidos no em TDAH, mas ao mesmo tempo um
Brasil e no exterior, foram identificados, panorama conciso dos estudos empíricos já
______________________________________
Endereço para correspondência: Soraya da Silva Sena. E-mail: senasoraya@yahoo.com.br.
O presente trabalho é parte do projeto de dissertação de Mestrado da primeira autora, sob orientação da
segunda, no PPG-Psicologia da UFMG. As autoras agradecem V. Haase, L. C. de Magalhães, M. Hutz,
W. Pelham Jr., T. L. de Carvalho, S. I. Perón, M. G. Duarte e L. S. Guimarães.
244 Sena, S. S., & Souza, L. K.

publicados. A intenção deste apanhado é, Um histórico do TDAH: Do defeito


além de colocar em evidência as distintas moral ao comprometimento de
características entre os estudos, destacar funções executivas
suas diferenças teóricas e metodológicas.
Tais diferenças conscientizam para a As primeiras referências à
realização de novos estudos em especial hiperatividade surgiram na literatura médica
com atenção às questões referidas, que ao longo do século XVIII (Leite, 2002).
desafiam os esforços empreendidos. Porém, somente em 1900 o pediatra inglês
George Still apresentou um caso clínico com
Estão disponíveis algumas revisões da características de déficit de atenção e
literatura científica em TDAH (Lopes, hiperatividade (Rotta, 2006), dando-lhe o
Nascimento, & Bandeira, 2005; Polanczyk, nome de Defeito na Conduta Moral (Leite,
Lima, Horta, Biederman, & Rohde, 2007; 2002).
Roman, Rohde, & Hutz, 2002; Waldman & A Tabela 1 apresenta um apanhado
Gizer, 2006). Estes textos revisam aspectos histórico da nomenclatura adotada para
atuais diversos do TDAH, tais como seu identificar casos clínicos de TDAH (Antony
histórico, prevalência mundial e em países & Ribeiro, 2004; Barkley, 2007; Leite,
como os Estados Unidos e Brasil, etiologia, 2002; Sagvolden, Johansen, Aase, &
quadro clínico, comorbidades, diagnóstico, Russell, 2005; Schwartzman, 2001). Note-se
evolução e tratamento. Assim, Lopes et al. a mudança no conceito, partindo de um
(2005) estimam que o TDAH persista até à problema moral a um problema
vida adulta em 67% dos casos neuropsicológico. Porém, passado um século
diagnosticados na infância, o que mostra a de avanços, o TDAH ainda fomenta
evolução desse transtorno durante o curso de discussões.
vida do portador. Roman et al. (2002) Na atualidade, leigos e profissionais da
revisam em seu texto os dados de pesquisa saúde questionam a existência do TDAH.
quanto aos genes envolvidos na transmissão Argumenta-se que esse transtorno é produto
genética do TDAH. Os demais textos de do estilo de vida da sociedade ocidental, na
revisão da literatura tratam da prevalência qual os acontecimentos ocorrem muito
mundial estimada do TDAH (Polanczyk et rapidamente. Assim, esta característica de
al., 2007) e de dados etiológicos discutidos constante mudança nas contingências
em nível internacional nos últimos 15 anos comportamentais, e também de raros casos
de produção científica (Waldman & Gizer, de adiamento de reforço comportamental,
2006). tornaria a sociedade ocidental propensa ao
Para avançar dentro do conjunto de TDAH. Além disso, tal contexto permitiria
propostas de revisão de literatura sobre às crianças menores comportamentos que
TDAH já realizadas, o presente trabalho posteriormente serão julgados inapropriados
propõe também a apresentar, de forma (Barkley, 2002; Sagvolden et al., 2005).
organizada, clara e concisa uma revisão de Portanto, exige-se delas a extinção de
estudos empíricos brasileiros de prevalência condutas aprendidas e antes aceitas, ou até
o mais completa possível, atentando para reforçadas, no meio familiar e social. Na
suas características metodológicas, além de sociedade oriental, por sua vez,
debatê-las. O texto organiza-se em tópicos comportamentos infantis inadequados
que visam apresentar aspectos fundamentais sofrem extinção desde a mais tenra idade.
do TDAH: breve histórico do transtorno, Dessa forma, cada sociedade cria
desafios do diagnóstico, etiologia, contingências comportamentais a seus
prevalência, comorbidades, avaliação, membros, exercendo importante influência
intervenções e abordagens teóricas. Tabelas nos seus comportamentos (Sagvolden et al.,
compreensivas foram elaboradas para 2005).
destacar e melhor organizar a evolução A oposição Ocidente e Oriente com
histórica da nomenclatura e dos critérios relação à variável familiar no
utilizados para definir o TDAH, as comportamento da criança com TDAH
características da amostra de estudos (Barkley, 2002; Sagvolden et al., 2005)
brasileiros em crianças e adolescentes, e as necessita de maior atenção. Fatores
comorbidades encontradas. ambientais como práticas parentais,
Desafios na pesquisa sobre TDAH 245

tipificação de gênero, valores morais e da participação de genes do sistema


relações com os pares contribuem, cada um dopaminérgico na transmissão hereditária do
à sua maneira, para diferenças culturais no TDAH (Swanson et al., 2007; Thapar,
desenvolvimento infantil. Dessa forma, Langley, Owen, & O’Donovan, 2007;
intervenções com pais (e com professores) Waldman & Gizer, 2006). Entretanto, é
são cruciais no tratamento do TDAH. constantemente relatado na literatura o
Todavia, repetidas evidências científicas importante papel do ambiente no
mostram prevalências significativas de desencadeamento do TDAH (Biederman,
TDAH em países orientais, demonstrando 2005; Rotta, 2006; Vasconcelos et al.,
sua real existência também nessas culturas 2005). Assim, o TDAH ocasiona alterações
(APA, 2002; Barkley, 2002; Faraone, comportamentais significativas dependentes
Sergeant, Gillberg, & Biederman, 2003). da interação dinâmica entre indivíduo e
Há ampla comprovação experimental ambiente (Sagvolden et al., 2005).

Tabela 1: Histórico da nomenclatura e sintomas/critérios para definir TDAH.

Ano Nomenclatura Sintomas/Critérios

1900 Defeito na Conduta Moral Déficit de atenção e hiperatividade

1904 Distúrbio Orgânico do Comportamento Lesão cerebral traumática

1922 Desordem Pós-Encefalítica Inquietação, desatenção, impaciência

Problemas de manutenção da atenção,


1940 Lesão Cerebral Mínima
regulação do afeto, atividade e memória

1957/1960 Hiperatividade Excesso de atividade motora

Comportamento hiperativo causador de


1962 Disfunção cerebral mínima
dificuldades escolares

dec.1960 Reação Hipercinética da Infância DSM-II

dec.1960 Síndrome Hipercinética CID-9

1972 Déficit atencional e no controle de impulsos Problemas de atenção e impulsividade

1980 Distúrbio do Déficit de Atenção DSM-III

Distúrbio do Déficit de
1987 DSM-III-R
Atenção/Hiperatividade

1993 Transtornos Hipercinéticos CID-10

1994 Transtorno do Déficit de DSM-IV


2002 Atenção/Hiperatividade DSM-IV-TR

2004 Transtorno de Hiperatividade/Atenção Hiperatividade

Transtorno do Reforçamento/Extinção Déficit de reforço/extinção


2004
comportamental
Déficits nas funções de planejamento, memória
2007 Comprometimento das Funções Executivas
e controle de impulsos
246 Sena, S. S., & Souza, L. K.

Tabela 2: Características de estudos brasileiros sobre crianças e adolescentes com TDAH.

Idade Sexo Tipo de Critérios


Procedência N %1
Anos M F escola diagnósticos

Florianópolis, SC
1898 6-12 1001 897 Pública EDAH2 5
(Poeta e Rosa Neto, 2004)

Porto Alegre, RS
1013 12-14 - - Pública DSM-IV 5,8
(Rohde et al., 1999)

Salvador, BA Pública e Escala TDAH p/ 5,3


774 6-17 344 430
(Pondé e Freire, 2007) privada Professores a 6,7

Rio de Janeiro, RJ SNAP-IV Rating


304 9-13 148 155 Pública 8,6
(Pastura et al., 2007) Scale

Inhaúma, MG
538 6-15 288 250 Pública DSM-IV-TR 9,85
(Leite, 2002)

Rio de Janeiro, RJ Pública e Entrevista pais com


780 6-17 - - 13
(Coutinho et al., 2007) privada DSM-IV

São Gonçalo, RJ
461 6-12 245 216 Pública DSM-IV 13
(Fontana et al., 2007)

Niterói, RJ DSM-IV
403 6-15 216 187 Pública 17,1
(Vasconcelos et al., 2003) EDAH

Notas. 1 = Prevalência; 2 = Escala de la evaluación del transtorno por déficit de atención com hiperactividad.

Em termos de desafios para a pesquisa escassez de recursos materiais e de estrutura,


em TDAH, pode-se levantar alguns fatores recursos humanos desmotivados por déficit
que motivam o empreendimento de mais salarial, dentre outros pontos que se pode
esforços em investigações científicas sobre o elencar, entram nas considerações acerca da
transtorno. A prevalência obtida nos estudos natureza do transtorno, dificultando análise
brasileiros conduzidos até hoje varia dos dados e, portanto, conclusões mais
consideravelmente (de 5 a 17%), como sólidas. Vasconcelos et al. (2005) salientam
demonstra a Tabela 2. Esta variação suscita estas contingências no estudo do TDAH.
algumas questões e orienta a buscar É indiscutível o papel da família tanto
respostas para esta disparidade. no desencadeamento de sintomas como na
Das oito pesquisas nacionais contribuição para o atenuamento dos
identificadas, apenas duas envolveram mesmos e promoção de qualidade de vida ao
crianças de escola particular. É lícito portador. Na comparação ocidente versus
argumentar que as escolas públicas estejam oriente recém debatida, a família
mais disponíveis para coleta de dados. desempenha papel fundamental na
Contudo, a amostra torna-se enviesada em intervenção sobre comportamentos
função de outros fatores associados ao adequados ao contexto social mais amplo no
ensino público brasileiro. qual ela se insere. Outros fatores serão
Posto que o TDAH é um transtorno de relevantes a partir destas reflexões, como os
natureza multifatorial, a multiplicidade de estilos parentais, as interações com os
variáveis que encontramos na escola pública irmãos (sendo estes portadores ou não), a
dificulta a relação que se pretende relação de apego com os pais (sobre a qual
estabelecer entre as mesmas. Nível sócio- carecem estudos com portadores de TDAH),
econômico (NSE), transtornos não e a comunicação pais-escola, fundamental
diagnosticados, envolvimento familiar, para a detecção dos sintomas em contextos
Desafios na pesquisa sobre TDAH 247

distintos. Como será visto mais adiante, (Pinheiro, Camargos Jr., & Haase, 2005;
intervenções para pais consistirão em apoio Sagvolden et al., 2005). Manifesta-se
importante no tratamento da criança com comumente na infância, mas pode persistir
TDAH. até a vida adulta (Silva, Louzã, & Vallada,
Outro aspecto a ser considerado na 2006). Traz estresse familiar pelos prejuízos
pesquisa com TDAH diz respeito aos acadêmico e comportamental que acarreta,
instrumentos utilizados. Mesmo que não Biederman, 2005; Faraone et al., 2003;
haja um único instrumento capaz de melhor Rotta, 2006), influenciando negativamente a
diagnosticar o TDAH, deve-se atentar para auto-estima do portador (Olvera, 2000).
as propriedades psicométricas dos O Código Internacional de Doenças em
instrumentos disponíveis, tanto os já sua Classificação de Transtornos Mentais e
comercializados como os utilizados ainda de Comportamento (CID-10, 1993) e o
somente em pesquisa. Tamanho de amostra, Manual Diagnóstico e Estatístico de
origem da amostra, força dos itens e fatores Transtornos Mentais Texto Revisado (DSM-
escolhidos, fidedignidade, concorrência, IV-TR) (APA, 2002) – sistemas
dentre outros cuidados, merecem atento classificatórios modernos mais utilizados em
exame, deixando-se claro, nos relatos psiquiatria – apresentam similaridades nas
científicos e clínicos, tais índices e diretrizes diagnósticas para o TDAH, apesar
condições. Estes esclarecimentos dizem de adotarem nomenclaturas distintas (Rohde
respeito não somente à ética científica, mas & Halpern, 2004). Assim, no CID-10 esse
também contribuem para o progresso do transtorno está caracterizado por “início
empenho em melhor desenvolver precoce, uma combinação de
instrumentos apropriados ao diagnóstico do comportamento hiperativo e pobremente
TDAH e, assim, melhor atender a esta modulado com desatenção marcante, falta de
demanda da população. Ainda assim, como envolvimento persistente nas tarefas,
a Tabela 2 demonstra, a maioria dos estudos conduta invasiva nas situações e persistência
de prevalência utiliza critérios do DSM-IV- no tempo dessas características de
TR, o que pode (des)motivar esforços comportamento” (p. 256).
complementares direcionados a instrumentos Os sintomas devem ter início antes dos
dedicados aos fenômenos psicológicos seis anos de idade e serem evidentes em
presentes no transtorno. diferentes contextos (em casa e na escola, p.
ex.). A nomenclatura usada é Transtorno
Hipercinético. Já o Transtorno Hipercinético
Os desafios do diagnóstico Associado a Transtorno de Conduta (ou
O TDAH pode ser definido como uma Transtorno de Conduta Hipercinética) é
síndrome neurocomportamental utilizada quando critérios globais para
caracterizada por padrão persistente de transtorno hipercinético e de conduta são
desatenção e/ou hiperatividade- satisfeitos (CID-10).
impulsividade (APA, 2002; Rotta, 2006). O DSM-IV-TR adota a nomenclatura
Barkley (2002) o define como um transtorno Transtorno de Déficit de
do desenvolvimento do autocontrole, da Atenção/Hiperatividade. Seus critérios
capacidade de persistência da atenção em incluem a persistência (freqüentemente), por
tarefas de baixa motivação, do controle de no mínimo seis meses, de seis ou mais
impulsos e inibição do comportamento e do sintomas de desatenção ou seis ou mais
nível de atividade. Portanto, o TDAH é sintomas de hiperatividade-impulsividade.
marcado por um nível inadequado de Tais sintomas devem estar presentes antes
atenção em relação ao esperado para a idade dos sete anos de idade, com prejuízo em dois
– trata-se, portanto, de um distúrbio do ou mais contextos, deteriorando o
desenvolvimento – gerando déficits motores, funcionamento social, acadêmico ou
perceptivos, cognitivos e comportamentais ocupacional do portador. O diagnóstico de
(Barkley, 2002; Rotta, 2006). TDAH deve excluir transtornos invasivos do
O TDAH apresenta ampla desenvolvimento, esquizofrenia ou outro
heterogeneidade clínica, ou seja, varia em transtorno psicótico, além de não ser melhor
grau de comprometimento e de necessidade explicado por outro transtorno mental (APA,
e/ou resposta ao tratamento medicamentoso 2002).
248 Sena, S. S., & Souza, L. K.

Não é esclarecido o que se entende por TDAH é o comprometimento da resistência


freqüentemente na consideração dos à distração e da memória de trabalho
sintomas de TDAH listados pelo DSM-IV- (esquecimento de metas), o que demonstra
TR. Isso pode acarretar em discrepâncias no déficit nas Funções Executivas (FE). Porém,
julgamento clínico de diferentes o grupo Predominantemente Desatento seria
profissionais. Alguns autores, no entanto, caracterizado por processamento cognitivo
propõem que o sintoma deve ocorrer mais lento e não por falta de persistência da
vezes que não ocorrer na situação sob atenção (no caso, atenção sustentada).
investigação para ser considerado freqüente Segundo Barkley (2007), a nomenclatura
(Rohde, Miguel Filho, Benetti, Gallois, & Transtorno de Déficit de
Kieling, 2004). Atenção/Hiperatividade é inadequada,
O DSM-IV-TR prevê a divisão do estando em elaboração a proposta de
TDAH em três tipos conforme a denominação do TDAH como
predominância de sintomas: comprometimento das FE. No Brasil,
Predominantemente Desatento, Antony e Ribeiro (2004) defendem que a
Predominantemente Hiperativo-Impulsivo e hiperatividade define o TDAH, não havendo
Combinado ou Misto, que apresentam, um déficit de atenção propriamente dito.
respectivamente, maior número de sintomas Desse modo, a terminologia mais adequada
de desatenção, hiperatividade-impulsividade seria Transtorno de Hiperatividade/Atenção
ou de ambos os grupos. Há ainda o tipo Sem (Antony & Ribeiro, 2004).
Outra Especificação para indivíduos que não Na perspectiva da Teoria do
satisfazem todos os critérios. Para Desenvolvimento Dinâmico (Sagvolden et
adolescentes e adultos que não satisfazem os al., 2005) o TDAH (especialmente os Tipos
critérios, mas apresentam prejuízos clínicos Hiperativo-Impulsivo e Combinado) origina-
significativos, a denominação utilizada deve se de uma disfunção cerebral dopaminérgica
ser TDAH Em Remissão Parcial. que produz alterações no reforçamento
Tem sido questionada na atualidade a comportamental e déficits na extinção de
divisão do TDAH nas três categorias comportamentos previamente reforçados.
mencionadas (Barkley, 2001; 2007; Pelham Isso ocasiona o desenvolvimento de
Jr., 2001; Rohde, 2007; Sagvolden et al., impulsividade, comportamento hiperativo
2005). Propõe-se que o Tipo diante de situações novas, déficit na
Predominantemente Desatento constitui uma sustentação da atenção, na memória,
categoria nosológica diferenciada (Barkley, variabilidade comportamental e falha em
2001; 2007). Para Barkley (2001) o Tipo inibição de respostas; acima de tudo, pobre
Desatento não se enquadra nas planejamento comportamental
características de TDAH, restando ampliar e (empobrecimento das FE) e prejuízos na
refinar a lista de sintomas que distinguem o modulação das funções motoras (Sagvolden
TDAH de outros transtornos. Além disso, et al., 2005). Esta teoria postula que o
mais estudos neuropsicológicos precisam ser TDAH é melhor compreendido como
feitos para se obter um panorama mais Transtorno do Reforçamento/Extinção
acurado das possíveis alterações funcionais (TER), dando-lhe, assim, uma nomenclatura
de áreas cerebrais nesse tipo de TDAH. mais adequada (Sagvolden et al., 2005).
Pelham Jr. (2001), entretanto, enuncia Além disso, o Tipo Predominantemente
que a questão do Tipo Desatento de TDAH Desatento não se constitui como TDAH,
ser ou não uma categoria nosológica à parte uma vez que a atenção – principal função
é menos importante que a consideração mais cognitiva em prejuízo neste tipo – passa por
ampla dos sintomas listados pelo DSM-IV- alterações em seu nível de funcionamento
TR. Para Pelham Jr., deve-se considerar o conforme mudanças no organismo ou no
prejuízo funcional, e não uma listagem de ambiente (Barkley, 2002; Sagvolden et al.,
sintomas. Acima de tudo é preciso avaliar o 2005; Schwartzman, 2001). Assim, uma
déficit nos distintos contextos, permitindo a mesma pessoa tem diferentes níveis de
formulação de intervenções mais adequadas atenção durante o dia, dependendo de
(Pelham Jr., 2001). influências intrínsecas ao organismo e/ou
Barkley (2007) retoma essa questão e ambientais. Portanto, como em distintos
postula que a principal característica do quadros clínicos são encontrados déficits
Desafios na pesquisa sobre TDAH 249

atencionais (Bastos, 2005), a atenção não Não há um único gene para o TDAH,
pode ser parâmetro único no diagnóstico de mas vários que, combinados, acarretam
TDAH (Sagvolden et al., 2005). vulnerabilidade para o desenvolvimento do
A Teoria do Desenvolvimento transtorno (Rotta, 2006; Thapar et al., 2007).
Dinâmico enuncia o TDAH como A genética do TDAH é heterogênea e,
deficiência no processo de extinção de certamente, o futuro de suas pesquisas
comportamentos, o que provoca envolverá possíveis subfenótipos e a
comportamentos em excesso (denominados investigação crescente dos efeitos de risco
como hiperatividade) e aumento na de múltiplos genes (interação genes-genes) e
variabilidade comportamental (interpretado da interação com fatores de risco ambientais
como falha na inibição de respostas). Para (Roman et al., 2002; Swanson et al., 2007;
essa teoria, o TDAH caracteriza-se Thapar et al., 2007).
fundamentalmente como um transtorno da Pode-se identificar fatores ambientais
motivação, isto é, os portadores sofrem de pré-, para- e pós-natais capazes de
falta de motivação intrínseca que lhes desencadear o TDAH. Dos pré-natais, há
permita permanecer em atividades variáveis maternas como infecções
percebidas como tediosas. A causa é congênitas, intoxicações, hemorragias e
parcialmente oriunda de deficiência no doenças crônicas que podem alterar o
controle da atenção, além de deterioração sistema nervoso fetal. Os fatores paranatais
das funções motoras. Contudo, os sintomas ocorrem durante o trabalho de parto, seja por
de TDAH são desenvolvidos como causas maternas, da criança ou do parto.
conseqüência de processos alterados de Infecções do sistema nervoso, acidentes
reforçamento e de deficiências na extinção vasculares cerebrais e traumatismos
de comportamentos inadequados. Tais craniencefálicos são exemplos de fatores
sintomas são modificados de forma pós-natais (Guardiola, 2006).
dinâmica ao longo do desenvolvimento Fatores ambientais também têm sido
infantil e da interação da criança com o meio investigados, como: tabagismo materno na
familiar e social (Sagvolden et al., 2005). gravidez (Biederman, Faraone, &
Monuteaux, 2002; Milberger, Biederman,
Faraone, Chen, & Jones, 1996; Swanson et
Um painel etiológico do TDAH: al., 2007); nascimento prematuro e baixo
Interação (des)harmônica entre peso ao nascer (Lahti et al., 2006); histórico
genes e ambiente de abuso ou negligência, múltiplos lares
adotivos, exposição a neurotoxinas
É amplamente reconhecida na literatura (envenenamento por chumbo, p. ex.);
a participação genética na etiologia do exposição a drogas in utero e retardo mental
TDAH (Roman et al., 2002; Swanson et al., (APA, 2002). Todos estes fatores aumentam
2007; Thapar et al., 2007; Waldman & o risco de ocorrência de TDAH. Conflito
Gizer, 2006). Estudos com gêmeos, de familiar, coesão familiar diminuída e
adoção e de genética molecular (Biederman psicopatologia materna são mais comuns em
& Faraone, 2005; Thapar et al., 2007) famílias com o transtorno, mas não se
demonstram a hereditariedade do TDAH. constituem seus preditores exclusivos
No entanto, a interação gene-ambiente é (Biederman et al., 2005).
apontada como fator desencadeante do No Brasil, Vasconcelos et al. (2005)
transtorno (Roman et al., 2003; Rotta, 2006; examinaram a influência de fatores
Swanson et al., 2007; Szobot & Stone, 2003; psicossociais na ocorrência de TDAH em
Vasconcelos et al., 2005). 403 alunos de uma escola pública do estado
Conseqüentemente, como não há dados do Rio de Janeiro. Os participantes tinham
etiológicos conclusivos sobre o TDAH entre 6 e 15 anos e residiam em
(Roman, Schmitz, Polanczyk, & Hutz, comunidades carentes vizinhas à escola.
2003), considera-se sua origem como Foram aplicados, dentre outros
multifatorial, abrangendo fatores genéticos e instrumentos, um questionário com os
ambientais combinados num amplo espectro critérios diagnósticos para TDAH a partir do
de possibilidades (Biederman, 2005; Rotta, DSM-IV-TR e um questionário psicossocial
2006). elaborado pelos autores.
250 Sena, S. S., & Souza, L. K.

Dentre os resultados estatisticamente entre crianças norte-americanas, enquanto


significativos mais associados ao TDAH, Barkley (2002) menciona um índice de 7%
destacam-se a violência conjugal, separação entre as crianças japonesas e neozelandesas.
dos pais, brigas conjugais na gravidez, Na China esse valor situa-se entre os 6 e 8%
assassinato de familiar próximo, assassinato (Barkley, 2002).
do pai, e história pregressa de depressão Estudos brasileiros mostram
materna. A variável mais significativa foi prevalências de TDAH variando entre os 5 a
brigas conjugais no passado, ampliando em 17% da população. Essas taxas oscilam
12 vezes o risco de manifestação do TDAH. devido às variações amostrais, quanto à
A variável “assassinato de familiar próximo” idade e procedência, e pelos diferentes
foi a única a distinguir o grupo de alunos métodos avaliativos adotados. A Tabela 2
com TDAH do grupo com preenchimento apresenta um panorama dos estudos mais
parcial dos critérios diagnósticos, sugerindo atuais conduzidos no Brasil, por cidade,
ser um fator de risco verdadeiro para TDAH tamanho da amostra, tipo de escola, critérios
(Vasconcelos et al., 2005). diagnósticos adotados e prevalência
É mais uma vez notável a relevância da detectada.
variável familiar no desencadeamento do Na infância, o TDAH é mais freqüente
TDAH, desde cuidados básicos durante a no sexo masculino, com proporção variando
gravidez até interações familiares saudáveis de 2:1 a 9:1 conforme o Tipo do transtorno
com o bebê. Nesse sentido, (Predominantemente Desatento,
empreendimentos preventivos no campo da Predominantemente Hiperativo-Impulsivo
saúde pré-natal são também importantes no ou Combinado) ou a natureza da amostra
caso do TDAH, assim como o (comunitária, clínica ou escolar). Há uma
acompanhamento de famílias em situação de diferença de gênero menos pronunciada em
risco social. Famílias com tais características alguns tipos de TDAH e estudos de natureza
precisam de monitoramento sistemático com clínica demonstram maior prevalência em
apoio nas interações com a criança com meninos (APA, 2002; Biederman &
TDAH, prevenindo violência doméstica e Faraone, 2005; Rohde & Halpern, 2004).
comportamentos de risco ao portador e sua O fato de as meninas apresentarem
família. mais freqüentemente TDAH com
predomínio de desatenção e menos sintomas
de transtorno de conduta causa menos
Prevalência: Dados
dificuldades escolares e familiares. Assim,
internacionais, diferenças de as meninas são menos encaminhadas ao
sexo, nível sócio-econômico e tratamento, o que pode explicar a diferença
etnia encontrada na proporção de TDAH entre
O TDAH é encontrado tanto na cultura gêneros (Gaião-e-Barbosa, 2003; Golfeto &
ocidental, quanto na oriental (APA, 2002; Barbosa, 2003). Na adolescência, parece
Barkley, 2002; Faraone et al., 2003), sendo haver um equilíbrio de 1:1 na prevalência de
que há variação na prevalência relatada em TDAH entre gêneros (Rotta, 2006),
países ocidentais, como Estados Unidos, explicado pelo papel do aumento na
Inglaterra e Alemanha. Essa variação deve- produção de hormônios na maturação sexual
se a diferentes práticas e critérios típica da puberdade (Guardiola, 2006).
diagnósticos adotados (APA, 2002). Em estudo brasileiro, Silva et al. (2006)
Assim, em revisão teórica de estudos demonstraram predomínio do sexo
sobre prevalência do TDAH, Faraone et al. masculino (61,2%) em amostra de adultos
(2003) estimam que 3 a 7% das crianças em com TDAH da cidade de São Paulo, o que
idade escolar do mundo inteiro apresentem está em desacordo com a literatura. A
TDAH, com taxas que oscilavam devido à literatura aponta maior proporção de
natureza da população amostral (amostra mulheres com TDAH na vida adulta (Rotta,
clínica, comunitária ou escolar) e do método 2006).
de avaliação empregado (escalas Acerca das diferenças de gênero no
preenchidas por pais, professores ou exame TDAH, Gershon (2002) relata em sua
clínico; APA, 2002). Faraone et al. (2003) revisão de estudos empíricos que as meninas
relatam também uma prevalência de 5% apresentam índices menores nos sintomas de
Desafios na pesquisa sobre TDAH 251

hiperatividade, desatenção, impulsividade e a porcentagem de meninos foi de 62%,


distúrbios externalizantes (agressividade e 65,2%, 68,3% e 70,6% (respectivamente,
hiperatividade). Porém, apresentam mais Leite, 2002; Vasconcelos et al., 2003;
prejuízos intelectuais e distúrbios Fontana et al., 2007; Coutinho et al., 2007).
internalizantes (ansiedade e depressão). Os resultados destes trabalhos conduzem a
Biederman et al. (2002) também relatam considerações importantes para a prática
diferenças de gênero na manifestação do clínica. Contudo, são resultados que
TDAH: meninos são mais vulneráveis ao descrevem majoritariamente a incidência de
transtorno, apresentando mais problemas de TDAH em meninos e, assim sendo, tanto na
aprendizagem e de desenvolvimento. prática como (e principalmente) na pesquisa,
Graetz, Sawyer e Baghurst (2005) deveriam guiar procedimentos voltados a
também relatam diferenças de gênero no portadores do sexo masculino. Isso significa
TDAH de crianças australianas de 6 a 13 dizer que as pesquisas precisam dedicar
anos de idade, estando as meninas mais esforços ao estudo do TDAH tendo como
prejudicadas na comorbidade TDAH e princípio a divisão de sexo nas amostras.
distúrbios somáticos. Nesse estudo, os Além disso, a proporção de gênero se
meninos obtiveram pior funcionamento inverte na adultez, como referido por Rotta
escolar, corroborando os dados de Gershon (2006).
(2002) quanto aos distúrbios internalizantes Estudos que avaliam a prevalência do
e os de Biederman et al. (2002) quanto aos TDAH e sua correlação com diferentes
dados de problemas escolares. Quanto aos níveis sócio-econômicos e em etnias (afora a
sintomas nucleares ou tríade sintomatológica caucasiana) são raros, não permitindo
do TDAH (desatenção, hiperatividade e conclusões claras (Golfeto & Barbosa,
impulsividade; Olvera, 2000) não foi 2003). Entretanto, Biederman e Faraone
encontrada diferença de gênero significativa (2005) indicam incidência maior em níveis
no trabalho de Graetz et al. (2005). sócio-econômicos baixos e observam uma
Todavia, os meninos do Tipo situação de subdiagnóstico e subtratamento
Predominantemente Hiperativo/Impulsivo e em grupos minoritários. O NSE e a etnia são
do Tipo Combinado apresentaram mais variáveis relevantes ao estudo de muitos
problemas sociais, dificuldades com deveres transtornos (p. ex., desafiador-opositor, de
escolares e com auto-estima que as meninas conduta). A maior incidência de TDAH em
desses mesmos tipos. Entretanto, na NSE baixo apontada por Biederman e
comparação com meninos do Tipo Faraone não surpreende à medida que se
Predominantemente Desatento, os meninos pode observar, na Tabela 2, a preferência de
dos primeiros dois tipos mostraram prejuízos escolas públicas para a coleta de dados nas
iguais ou menores nas categorias pesquisas brasileiras.
mencionadas (Graetz et al., 2005). Estudos com amostras de NSE médio-
No que tange às diferenças de gênero alto e alto são necessários para que os
na prevalência do TDAH, é lícito considerar trabalhos possam fortalecer, ou mesmo
sua relação com os comportamentos e rever, suas conclusões e contribuir melhor
atitudes tipificados para gênero na infância e para a área. Da mesma forma, a questão da
adolescência. As diferenças apontadas nos etnia, no Brasil pouco tratada de forma
estudos recém mencionados (Biederman et explícita nas pesquisas com TDAH,
al., 2002; Gaião-e-Barbosa, 2003; Gershon, mereceria maior atenção dada a diversidade
2002; Golfeto & Barbosa, 2003; Graetz et étnica presente nas cinco regiões do país.
al., 2005) trazem à tona as diferenças no Nesse sentido, é lícito considerar a diferença
desenvolvimento dos papéis de gênero na herança ética entre, por exemplo, os
apontadas na literatura científica tradicional estados de Minas Gerais e do Rio Grande do
na área, como trabalhado por Lawrence Sul, que receberam proporções diferentes de
Kohlberg e por Kenneth Dodge, dentre culturas caucasianas e africanas.
outros.
Quatro pesquisas brasileiras resumidas Comorbidades, avaliação e
na Tabela 2 descrevem a prevalência de intervenção
casos de TDAH por sexo na amostra Encontram-se com freqüência na
estudada. Dentro da prevalência encontrada, prática clínica transtornos comportamentais
252 Sena, S. S., & Souza, L. K.

e neuropsiquiátricos juntamente com o mas um déficit ou nas funções executivas


TDAH (Jensen, Martin, & Cantwell, 1997; (Barkley, 2007) ou na motivação interna ou
Riesgo, 2006; Rohde et al., 1999) – as no reforço/extinção comportamental (Haase,
comorbidades. A Tabela 3 apresenta as 2007; Sagvolden et al., 2005). Se forem
porcentagens encontradas para considerados, no entanto, dois grupos de
comorbidades, com algumas ênfases em transtornos mentais (conforme a abordagem
dados brasileiros. cognitivo-comportamental) – transtornos
Além dos dados apresentados na Tabela com distorções cognitivas e transtornos com
3, ressalta-se que cerca de 30% das crianças déficits cognitivos, pode-se dizer que há
com TDAH apresentam dificuldades na deficiência no TDAH. Em outras palavras,
alfabetização (Gontijo, 2005). Além disso, nos transtornos com distorções cognitivas
de 20 a 30% das crianças com epilepsia têm (como depressão, ansiedade), as funções
TDAH (Dunn, Austin, Harezlak, & cognitivas, embora alteradas, existem.
Ambrosius, 2003; Weber & Lütschg, 2002). Assim, na depressão e na ansiedade há
Possa, Spanemberg e Guardiola (2005) alterações do pensamento e,
encontraram comorbidade com Transtorno conseqüentemente, da afetividade (humor),
de Conduta, embora com associação maior visto que um influencia o outro. No TDAH,
ao Tipo Combinado (51,4% da amostra eram porém, há deficiência cognitiva quanto ao
deste tipo). A pacientes com TDAH planejamento, inibição comportamental (daí
associado a Transtorno de Conduta é a impulsividade e hiperatividade) e
recomendado acompanhamento profissional capacidade de autocontrole. Esse último
constante pelo maior risco de dependência e aspecto fundamenta a indicação de maior
abuso de substâncias psicoativas (Possa et eficácia da abordagem comportamental que
al., 2005; Souza, Serra, Mattos, & Franco, cognitva para o TDAH.
2001). Como anteriormente mencionado, os
O indivíduo com TDAH é portador de critérios diagnósticos do TDAH seguem
necessidades educativas e pedagógicas padrões definidos pela CID-10 ou pelo
especiais, embora não seja portador de DSM-IV-TR, constituindo-se
necessidades especiais (em geral). Assim, fundamentalmente como clínico (Martins,
pais e professores devem considerar as Tramontina, & Rohde, 2003). Assim,
dificuldades do portador quanto à exames de neuroimagem,
organização e desempenho, em tempo hábil, eletroencefalograma e exame
de tarefas e deveres, necessidade de neurofisiológico de potencial evocado
planejamento, lembretes, reforço e correção cognitivo (P300) são recursos úteis na
dos comportamentos adequados, dentre avaliação diagnóstica diferencial, embora
outros aspectos. O portador de TDAH não restritos ao ambiente de pesquisa e não
possui uma deficiência propriamente dita validados para a prática clínica (Low, 2006;
(como surdez, cegueira, paralisia motora), Rotta, 2006).

Tabela 3: Porcentagem das comorbidades do TDAH.

Transtorno % Fonte
Desafiador-Opositor 30-65 Riesgo (2006)
Brasil 20,6 Souza et al. (2001)
De Conduta 30-50 Biederman, Newcorn e Sprich (1991)
Brasil 39,2; 40 Souza et al. (2001); Possa et al. (2005)
De Aprendizagem 20-30 Barkley (2002)
De Ansiedade 25 Sampaio, Silva-Prado e Rosário-Campos (2005)
De Tiques 3,5-17 Riesgo (2006)
Da Linguagem 14 Riesgo (2006)
Afetivo Bipolar 10 Riesgo (2006)
Desafios na pesquisa sobre TDAH 253

Sabe-se, porém, que a avaliação ao realizar pesquisas em escolas, quanto


psicológica demonstra as potencialidades e para preparar pais e outros cuidadores para
capacidades cognitivas do paciente com identificar o transtorno e melhor interagir
TDAH, ao invés de restringir-se a seus com o portador.
déficits (Kaefer, 2006). Dessa forma, o O tratamento medicamentoso é
diagnóstico de TDAH pode contemplar fundamental no tratamento do TDAH
resultados de avaliações complementares e (Camargos Jr., 2005) e as medicações mais
multidisciplinares (Kaefer, 2006; Martins et comumente adotadas são os
al., 2003). psicoestimulantes, mais especificamente, o
Os sintomas de TDAH costumam ser MFD (metilfenidato) (Teixeira, 2006) e a
mais evidentes em ambiente escolar em Pemolina de Magnésio (Correia Filho &
função da imposição de limites e regras e da Pastura, 2003). Atualmente, no Brasil,
comparação com o comportamento de outras somente o MFD está disponível à
crianças. Dessa forma, os educadores podem comercialização (Correia Filho & Pastura,
identificar sintomas que passam 2003; Teixeira, 2006). O MFD provoca
despercebidos aos pais, embora os primeiros aumento do estado de alerta pela ativação do
não conheçam, em sua maioria, tais centro respiratório medular e pela
sintomas. Os professores não são, entretanto, estimulação do Sistema Nervoso Central,
responsáveis pelo diagnóstico ou tratamento com efeitos mais evidentes nas atividades
do TDAH, mas importantes sinalizadores mentais que nas motoras. Dessa maneira,
dos sintomas desse transtorno. observa-se maior vigilância e capacidade de
Em um estudo com 22 professores da percepção e manutenção da atenção em
rede pública de duas cidades do Rio Grande atividades que exigem esforço mental
do Sul, Reppold e Luz (2007) observaram continuado. O declínio na sensação de
que, para esses professores, as crianças fadiga e a conseqüente melhora da
apresentam TDAH porque seus pais são desatenção e do desempenho escolar são
ausentes, superprotetores ou ineficazes na relatos comuns ao uso de MFD (Correia
colocação de limites. Além disso, os Filho & Pastura, 2003).
professores vêem essas crianças como Encontram-se com freqüência crianças
agressivas, mal educadas, provocativas com nas quais os sintomas do TDAH causam
colegas e com dificuldades de integração mais prejuízo na vida escolar (Pastura,
social; mais de 65% notam que os alunos Mattos, & Araújo, 2005) levando à
com TDAH são rejeitados pelos colegas. É indicação clínica de pausa na medicação
importante ressaltar que 63,6% dos durante os fins de semana e férias
participantes do estudo de Reppold e Luz (chamados feriados terapêuticos). A
(2007) afirmaram nunca terem sido indicação para pausa medicamentosa
instruídos sobre o TDAH. Recomendações durante as férias escolares pode ser feita
escolares fundamentais são sugeridas no caso a sintomatologia tenha diminuído
trabalho dos autores, assim como no de consideravelmente ou se o paciente mostra-
Rohde, Dorneles e Costa (2006). se assintomático por um ano. É possível,
Outra questão associada ao papel do ainda, suspender a medicação caso se queira
professor na identificação do transtorno diz avaliar a necessidade de continuidade do
respeito a seu treinamento para observação tratamento com MFD, sendo a avaliação
naturalística de fenômenos previamente médica imprescindível nessa decisão
definidos e conceitualmente claros, em (Correia Filho & Pastura, 2003).
especial em contextos ricos em variáveis Apesar do efeito positivo que o MFD
ambientais, como a escola. Ao estudante de exerce sobre o comportamento da pessoa
Psicologia é cobrada a habilidade de com TDAH, não se pode afirmar que ele
observar; contudo, esta preocupação deve-se melhore a auto-estima do portador (Rotta,
estender também ao estudante de Pedagogia, 2006). Esse aspecto parece sofrer maior
ao profissional em Educação em contato influência das relações interpessoais, sejam
com crianças, ao cuidador de crianças, ou familiares, entre pares, afetivo-amorosas ou
mesmo às babás. Trata-se de um nicho de amizade (Goldstein & Goldstein, 2002;
importante ao qual o psicólogo pode se Schwartzman, 2001). Já é reconhecida a
dedicar, tanto para deixar uma contribuição importância das intervenções psicossociais
254 Sena, S. S., & Souza, L. K.

(treinamento de pais em habilidades sociais, psicoativas e distúrbios de conduta)


desenvolvimento de estratégias de retroalimentam os sintomas nucleares, e que
automonitoramento comportamental das há causas e conseqüências daqueles nos
crianças, informações educativas) e ambientes familiar e escolar do portador, o
psicoterapêuticas associadas ao trato PTP é bastante indicado no tratamento do
farmacológico do TDAH (Andrade & Lohr TDAH (Pinheiro et al., 2005).
Jr., 2007; Camargos Jr., 2005; Gaião-e- Há no Brasil também o uso da
Barbosa, Barbosa, & Amorim, 2005; abordagem Cognitivo-Comportamental
Goldstein & Goldstein; Haase, Gama, como tratamento psicossocial no TDAH
Guimarães, & Diniz, 1998; Haase, Pinheiro, (Bellé & Caminha, 2005; Sena & Diniz
& Freitas, 2005; Hallowell & Ratey, 1999; Neto, 2005; Teixeira, 2006), configurando-
Pinheiro et al., 2005; Pinheiro, Haase, Del se como possibilidade de aprendizagem da
Prette, Amarante, & Del Prette, 2006; Raad, criança em autocontrole, modulação do
2005; Schwartzman, Valeski, Coelho, & comportamento social e regulação da
Rodrigues, 2004). atenção (Teixeira, 2006). A Terapia
Portanto, intervenções Cognitivo-Comportamental (TCC) dispõe de
multidisciplinares e terapêuticas combinadas técnicas de auto-instrução, registro de
(medicamento e psicoterapia e/ou pensamentos disfuncionais, solução de
treinamento de pais) são indicadas em problemas, automonitoramento e auto-
grande parte dos casos, especialmente avaliação, planejamento e cronogramas,
quando a resposta medicamentosa é sistema de pontos, punições, tarefas de casa,
insuficiente ou os efeitos colaterais são modelação e dramatização como meios de se
insuportáveis (Pinheiro et al., 2005). Soma- trabalhar o autocontrole e a melhora
se a isso o fato de que os efeitos sintomática nos portadores de TDAH
medicamentosos são restritos ao tempo de (Knapp, Lyszkowski, Johannpeter, Carim, &
administração, e o uso indiscriminado e Rohde, 2003; Knapp, Rohde, Lyszkowski, &
generalizado das medicações é questionado Johannpeter, 2002). Entretanto, questiona-se
em muitos setores da opinião pública (Haase a eficácia dessa abordagem uma vez que,
et al., 1998), com exageros no diagnóstico como o TDAH é caracterizado por
(Schwartzman, 2001). Assim, sugere-se que deficiência cognitiva, torna-se difícil alterar
crianças com transtornos externalizantes suas estratégias. Soma-se a isso a origem
requerem atendimento psicossocial neurobiológica do transtorno que acarreta
ininterrupto por longos períodos de tempo obstáculos concretos na alteração de
(Duncan & Benson, 1997). estratégias cognitivas. Assim, as estratégias
O Programa de Treinamento de Pais cognitivo-comportamentais – baseadas na
(PTP), junto à abordagem comportamental, mediação verbal – têm menor êxito do que a
seria eficaz em um bom número de casos, intervenção medicamentosa (Knapp et al.,
incluindo comunidades carentes de regiões 2002; Knapp et al., 2003). Rohde (2007)
urbanas marginalizadas do Brasil (Pinheiro confirma essa questão com o relato da
et al., 2006). O PTP é destinado a pais de ausência de diferenças significativas entre
crianças com problemas de comportamento, dois grupos de portadores de TDAH tratados
seja por hiperatividade ou comportamento com TCC e medicamentos ou somente com
desafiador-opositor (Haase et al., 1998). estes últimos.
Para Pinheiro et al. (2006), boa parte Nos Estados Unidos, porém, há relatos
dos comportamentos inadequados de da eficácia de intervenções sociais de
crianças com distúrbios externalizantes resolução de problemas, ajudando crianças
manifesta-se e é mantida pelos déficits em com TDAH a generalizarem
habilidades sociais apresentados pelos comportamentos aprendidos em contextos
próprios pais e no monitoramento do terapêuticos (Aberson, Shure, & Goldstein,
comportamento dos filhos, tornando 2007). Naquele país, há uma prática
imprescindível o treinamento dessas estabelecida de tratamento multidisciplinar
habilidades. Considerando que os problemas do TDAH, combinando áreas como a
secundários ao TDAH (baixa auto-estima, psicopedagogia, medicina e psicologia.
baixo repertório de habilidades sociais, Técnicas de automonitoramento
problemas escolares, abusos de substâncias comportamental, coaching (treinamento) e
Desafios na pesquisa sobre TDAH 255

organização espacial adequada nos sua qualidade de vida. Além dos sintomas,
ambientes escolares e de trabalho devem ser treinamentos mais diretivos em habilidades
cada vez mais utilizadas, refletindo a sociais para pais já demonstram exercer
compreensão da natureza das dificuldades papel importante no tratamento
dos portadores de TDAH (Murphy, 2005). multidimensional e multidisciplinar dado ao
No que diz respeito à pesquisa em transtorno.
Psicologia, é de fundamental importância o A pesquisa psicológica pode colaborar
investimento em estudos de eficácia em muito para a abordagem ao TDAH,
terapêutica, especialmente em casos de desde que, essencialmente, afine suas
transtornos como o TDAH, para o qual a habilidades metodológicas e de validação de
oferta de intervenções teóricas é instrumentos. Dominadas tais habilidades, as
diversificada e sobre as quais se torna difícil pesquisas trarão resultados mais frutíferos e
afirmar com precisão qual melhor contribui a sociedade poderá usufruir intensa
para a qualidade de vida do portador. Além contribuição da Psicologia na avaliação e na
disso, Jardim, Oliveira e Gomes (2005) intervenção sobre o TDAH.
evidenciam a dificuldade que
psicoterapeutas enfrentam em avaliar os
Referências
resultados de suas intervenções,
especialmente pelo distanciamento do Aberson, B.; Shure, M. & Goldstein, S.
profissional das teorias disponíveis. (2007). Social problem-solving
intervention can help children with
ADHD 1 . Journal of Attention Disorders,
Considerações finais 11(1), 4-7.
São muitos os caminhos em pesquisa a American Psychiatric Association (2002).
seguir com o TDAH. Carecem investigações DSM-IV: Manual diagnóstico e
sobre, por exemplo, a qualidade da interação estatístico de transtornos mentais: 4ª ed.
entre pais e criança portadora e as suas Texto Revisado. Washington, DC: Autor.
relações de amizade e aceitação/rejeição dos
pares na escola. Como demonstram os Andrade, A. & Lohr Jr., A. (2007). Questões
estudos de prevalência, já se pode considerar atuais acerca do TDAH. Psicologia
a pesquisa segregada por gênero no que Argumento, 25(48), 73-83.
tange o TDAH. É possível que assim se Antony, S. e Ribeiro, J. (2004). A criança
possam cercar melhor variáveis relevantes hiperativa: Uma visão da abordagem
ao desenvolvimento social da criança com gestáltica. Psicologia: Teoria e Pesquisa,
TDAH, identificando-se tanto 20(2), 127-134.
idiossincrasias como universalidades na
gama de casos diagnosticados. Barkley, R. (2001). The inattentive type of
Investigações em instituições privadas ADHD as a distinct disorder: What
de ensino também se fazem necessárias, remains to be done? Clinical Psychology:
além de cuidados amostrais importantes Science and Practice, 8(4), 489-493.
como nível sócio-econômico e etnia. Barkley, R. (2002). TDAH: Guia completo
Sobretudo a atenção a comorbidades é para pais, professores e profissionais de
crucial para um melhor entendimento e saúde. (L. Roizman, Trad.) Porto Alegre:
estudo do TDAH. Artmed. (Trabalho original publicado em
Ao mesmo tempo em que a pesquisa 2000).
avança, contornando obstáculos e galgando
melhores resultados, o diálogo com a
sociedade se faz necessário. O pesquisador
pode contribuir para o treinamento de pais e
de professores nos sintomas do TDAH,
embora estes grupos não tenham 1
A sigla ADHD será utilizada para representar
conhecimento suficiente para dominar o Attention Deficit/Hyperactivity Disorder nas
diagnóstico. Ainda assim, pais e educadores obras consultadas em inglês, e TDAH para
são importantes aliados do psicoterapeuta no Transtorno de Déficit de Atenção/Hiperatividade
atendimento ao portador e na melhoria de nas obras consultadas em português.
256 Sena, S. S., & Souza, L. K.

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Enviado em Maio de 2008
Revisado em Agosto de 2009
Aceite final Setembro de 2009
Publicado em Maio de 2010

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