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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZO DE DIREITO DA VARA DE

FAMÍLIA E SUCESSÕES DA COMARCA DE JUAZEIRO DO NORTE,


CEARÁ.

ANTONIO MOURA BASTOS, ​brasileiro, casado, comerciante, portador do


RG nº xxxxx e do CPF nº xxxxx, sem endereço eletrônico conhecido, residente e
domiciliado na rua Nossa Senhora da Penha, bairro Centro, cidade de Juazeiro do Norte
- CE, vem respeitosamente por meio de seu Advogado (mandado incluso em anexo),
com escritório profissional localizado à rua Ana Luiza, nº 12, bairro Centro, cidade de
Juazeiro do Norte - CE, e endereço eletrônico jsadvogadosassociados@gmail.com, no
qual receberá todas as intimações devidas, vem à presença de Vossa Excelência propor
AÇÃO DE DIVÓRCIO LITIGIOSO ​c/c ​GUARDA DOS FILHOS E PARTILHA
DE BENS, COM PEDIDO DE TUTELA DE URGÊNCIA com fundamentos nos
arts 1.571, IV, 1.579 a 1.582 do Código Civil e 693 a 699 do Código de Processo Civil
ajuizar presente ação em face de AMELIA LEMOS BASTOS​, brasileira, casada,
profissão, portadora do RG nº xxxxx e do CPF nº xxxxx, sem endereço eletrônico
conhecido, residente e domiciliado em endereço na Avenida Dom Marrocos II, nº xx,
bairro Leste, cidade de Juazeiro do Norte - CE, pelos motivos de fato e de direito que a
seguir expõe:

I – DOS FATOS

O requerente e a requerida casaram-se em primeiro de agosto de 2011, tendo


sido adotado o regime de comunhão parcial de bens, conforme prova certidão de
casamento anexa.

Desta união adveio ao caso os filhos ANTONIO JUNIOR MOURA BASTOS,


nascido em 12.10.2013, e SARA MOURA BASTOS, nascida em 22.12.2015.

O casal encontra-se separados de fato, não havendo possibilidade ou interesse


de reconciliação.

Na constância do matrimônio o requerente adquiriu onerosamente.


1) Uma residência avaliada em R$ 400.000,00 (quatrocentos mil reais), localizada
rua Nossa Senhora da Penha, nº 2355, bairro Centro, cidade de Juazeiro do
Norte - CE​, esta tal que guarnecia a residência dos cônjuges

2) Um veículo modelo Toyota Hilux SW4, ano 2017, avaliada em R$ 100.000,00


(cem mil reais)

Sendo que tais bens foram adquiridos onerosamente com valores que eram
pertencentes ao requerente, sendo que a requerida em nada contribuirá para esse feito.
Não havendo outros bens, móveis ou imóveis, a serem partilhados.

Ocorre que deste a data de 11.01.2018, o requerente e a requerida


encontram-se separados de fato em decorrência de um acontecimento, que fora
ocasionado pela requerida, tendo o requerente nesta data ao retornar para sua residência
após a manhã de trabalho no comércio pertencente ao mesmo, quando ao chegou a sua
residência constatou que sua esposa Sr. Amelia, não encontrava-se, e que o mesmo
pensando que esta teria apenas ido buscar a sua prole e que logo retornaria, passou a
aguarda-la.

Porém com o avançar das horas, passou a se preocupar com o sumiço dos seus
entes, e buscou contato com a requerida que após inúmeras tentativas sem logra êxito,
consegui contato com a requerida, que ao atender suas ligações passou a lhe informar
que não retornaria mais para a morada do casal e nem que seus filhos não mais
retornariam, evidenciando assim que esta não queria mais o convívio com o requerente.

Tendo o mesmo ainda buscado uma explicação para tal tomada de decisão,
diante da incontroversa decisão, mais que mesmo estando distante achou por bem não
mais insistir na relação com a passar do tempo, porém acabou por ter frustrado o direito
de pai com seus filhos, em diversas ocasiões por conta que a requerida, não o permitia
entra em contato físico e até mesmo por meios eletrônicos, com sua prole.

Ademais diante de todo o exposto nos fatos não lhe restando, à requerente
outra alternativa senão socorrer-se ao Judiciário para conseguir o divórcio litigioso

II - DOS FUNDAMENTOS JURÍDICOS

II-I – Do Divórcio
A questão ora em debate não comporta maiores digressões, pois desde que a EC
66/2010 alterou o ​§ 6º, do artigo 226, da Constituição Federal. Disposição esta, que trata
sobre a dissolução do casamento civil. Com efeito, antigos requisitos para a
possibilidade do divórcio, tais como culpa, lapso temporal, prévia separação, dentre
outros, deixaram de ser exigidos, de modo que atualmente para que haja o divórcio é
necessário apenas a existência de casamento válido e a vontade de um dos cônjuges em
dissolver a sociedade conjugal.
Destarte, sendo requerido e requerente casados (doc.02), e uma vez que
demonstrada a sua vontade em divorciar-se daquele, e com fundamentos no artigo da
Carta Magna.

Art. 226. A família, base da sociedade, tem especial proteção do


Estado.
​§​ 6º O casamento civil pode ser dissolvido pelo divórcio
Igualmente entendendo pelo fim da separação de direito cumpre colecionar
decisão do Tribunais de Justiça da Bahia.
“ com o advento da Emenda Constitucional nº 66 de
13/07/2010, que alterou o art. 226, ​§ 6º, ​da Constituição
Federal, houve uma verdadeira revolução no instituto do
divórcio, que passou a ser considerado verdadeiro direito,
pondo fim à separação judicial e eliminando qualquer
prazo para dissolução do vínculo matrimonial. A emenda
Constitucional nº 66/2010, entrou imediatamente em vigor
com a sua publicação, tornando-se impertinentes e
desnecessárias quaisquer discussões acerca do requisito,
outrora existente, lapso temporal superior a dois anos para
pleitear-se a dissolução do casamento civil, através do
divórcio direto” (TJBA, Apelação Civil
0004074-23.2005.805.0256.0 – Teixeira de Freitas,
Número do Processo: 0004074/2005. Órgão Julgador: 5.ª
Câmara Cível, Relator: Emilio Salomão Pinto Reseda, j.
25.01.2011).

Nesta mesma esteira, destacado acórdão do Tribunal de Justiça de Minas Gerais,


deduzindo que;
“ Com a Emenda Constitucional n.º 66/10, para a extinção
do vínculo conjugal não mais se discute sobre a separação,
sanção ou falência. Portanto, considerando a norma inserta
no artigo 462 do Código de Processo Civil, para a
decretação da separação, não há mais necessidade dos
requisitos tempo ou culpa, sob pena de rematada
incoerência na medida em que, se para o divórcio, que
extingue o vínculo conjugal, não há qualquer requisito,
com muito mais razão não se pode exigir qualquer
requisito para a separação. V.V.P. (...)” (TJMG, Apelação
Cível 1.0079.08.405935-5/001, Rel. Des. Bitencourt Marc
ondes, Rel. p/ Acórdão Fernando Botelho, 8.ª Câmara
Cível, public. 11.05.2011)
E como também assim assevera a Legislação Civil vigente.

Art. 1.571. A sociedade conjugal termina;


​IV – pelo divórcio

E diante dos fatos acima relatados, tornando impossível a reconciliação dos


cônjuges, pela inegável incontroversa nas decisões opostas dos dois, tal pedido de
ferimento tornasse inegável.

II-II DA PARTILHA DOS BENS

Diante dos fatos narrados acerca da aquisição dos bens, que apenas puderam ser
constituídos pelo requerente, fica evidentemente inegável, que tenha que ser afastada a
partilha igualitária dos bens.
O art. 5° da lei 9.278/96 criou uma presunção de que os bens adquiridos na
constância da união estável são oriundos do esforço comum dos cônjuges, salvo
estipulação em contrário, podendo-se acrescentar também salvo prova de que um dos
companheiros não contribuiu de forma direta ou indireta para a constituição do
patrimônio em comum. Desta forma, a presunção legal que fora estabelecida pelo
legislador é relativa, sendo possível provar-se que algum bem não foi adquirido com o
esforço comum.
Seguindo esse mesmo entendimento tem-se julgado em tribunal superior que
coaduna com tal entendimento.
STJ​ - Família. Civil. Agravo regimental no agravo em
recurso especial. União estável. Partilha. Bens adquiridos
na constância da convivência. Necessidade de
demonstração do esforço comum. Precedente. Alterar a
conclusão da instância ordinária de que não houve a
demonstração do esforço comum na aquisição do
patrimônio. Reexame de provas. Necessidade. Incide
a ​Súmula 7/STJ​. Agravo regimental não provido. ​Súmula
377/STF​. ​CCB/1916, art. 258​, II. ​CCB/1916, art.
259.​ ​CCB/2002, art. 1.641​, II.

II-III – GUARDA UNILATERAL DOS FILHOS.


O requerente não pode participar da vida ativa dos filhos, desde o acontecimento
do abandono do lar por parte da requerida, haja vista que em decorrência de tal
acontecimento a mesma passou a negar ao requerente o direito de visita e convívio com
os menores impúberes, onde tal distanciamento acarreta um transtorno ao requerente
que se ver privado de tal convívio emocional com seus filhos.

Também tal supressão pode causar danos maiores e recorrentes nos menores
pois, com tal negativa por parte de sua genitora, tal afastamento do convívio paterno,
poderá refletir no âmbito escolar, social e em principal familiar decorrente de alienação
parental, provocada pela requerida

É certo e consabido que houvera alteração significante no que se refere à guarda


compartilhada. É dizer, com a edição da Lei nº.​ ​13058​/2014​, a guarda compartilhada
passa a ser a regra no nosso ordenamento jurídico. Tanto é assim que se optou
nominá-la de Lei da guarda compartilhada obrigatória.

O artigo​ ​1.583​ do ​Código Civil de 2002​ ​prevê a guarda unilateral e a guarda


compartilhada e, muito embora esta seja regra aplicada na maioria dos casos concretos,
mas no caso em tela há excepcionalidade, no que deve ser levado em conta, pois é o
melhor a ser indicado devido a necessidades das crianças, e é sem dúvida a guarda
unilateral a ser exercida pelo requerente, pai dos menores, a melhor decisão para os
impúbere, posto que assim atender-se-á melhor os interesses não da mãe e nem do pai,
mas os das próprias crianças.

O presente pedido de guarda deve ser analisado sob o manto do princípio da


garantia prioritária do menor, erigido à ótica dos direitos fundamentais previstos
na ​Constituição Federal​, tais como o direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação,
à dignidade da pessoa humana e à convivência familiar, competindo aos pais e à
sociedade torná-los efetivos.

Algumas características a serem ponderadas são as condições emocionais e


psicológicas de cada um dos pais para cuidar dos filhos e zelar pelos seus interesses.
Ademais, consideremos identicamente se a rotina familiar proporcionará estabilidade
aos filhos, se existe um local bem estruturado e seguro para a moradia, acesso à
educação e se o círculo de convivência do pretenso responsável é adequado.

No caso em vertente, não resta dúvida que o genitor atende às exigências,


proporcionando uma boa qualidade de vida para o filho, uma vez que trata-se de
comerciante, gozando de estabilidade financeira e profissional.

Destarte, para que não paire qualquer dúvida quanto à pretensão judicial, o que
se ora busca é pedido de provimento jurisdicional de regularizar a guarda fática, visto
que o Autor detém maiores condições de exercer a guarda.
Com esse enfoque:

AGRAVO DE INSTRUMENTO. AÇÃO DE GUARDA COM PEDIDO DE


TUTELA ANTECIPADA. LIMINAR DEFERIDA.
GUARDA PROVISÓRIA CONCEDIDA PARA A
MÃE. PRINCÍPIO DO MELHOR INTERESSE E DA
PROTEÇÃO INTEGRAL DA CRIANÇA. RECURSO
CONHECIDO E IMPROVIDO, COM O
PARECER. ​Nas causas em que se discute a guarda de
flho menor, a solução deverá sempre ser pautada em
proveito dos interesses do infante, os quais prevalecerão
sobre qualquer outro bem juridicamente tutelado, em
prestígio ao princípio constitucional da proteção integral
da criança e do adolescente. 2. É inevitável que se conceda
a guarda provisória e unilateral à mãe-agravada que,
segundo se constata dos autos, ao menos em um juízo
perfunctório dos fatos, já estava com a criança e se
encontra em melhores condições de exercer a guarda e os
deveres dela decorrentes. Recurso conhecido e improvido,
com o parecer. (TJMS; AI 1415177-24.2014.8.12.0000;
Aquidauana; Quarta Câmara Cível; Rel. Des. Dorival
Renato Pavan; DJMS 26/02/2015; Pág. 27)

II-IV DA REGULAMENTAÇÃO DE VISITA

Demonstra-se Excelência de que toda criança necessita de apoio familiar, desta


forma, a presença de ambos os pais e imprescindível para que esta cresça mental e
emocionalmente perfeita.

Desta forma é direito de ambos os pais o convívio com a criança, o direito de


prestar visita é um direito fundamental da família brasileira em razão da necessidade de
um bom convívio familiar visto que o vínculo afetivo permanece e encontra proteção
jurídica contra potenciais agressões.

Assim se posiciona o ordenamento jurídico, conforme o disposto no Art. ​19 da


Lei ​8.069​/90 ​(​Estatuto da Criança e do Adolescente​)​:
Art. ​19 da Lei ​8.069​/90: Toda criança ou adolescente tem direito a ser criado no
seio de sua família e, excepcionalmente, em família, substituta, assegurada a
convivência familiar e comunitária.

O Art. ​1.583​, ​parágrafo 5º do ​CC diz que aquele que não detenha a guarda tem a
obrigação de supervisionar os interesses do filho

A doutrinadora Maria Berenice Dias, Manual de Direito da Família, 2011,


pág.447 esclarece que:

A visitação não é somente um direito assegurado ao


pai e a mãe, é direito do próprio filho de com eles
conviver, o que reforça os vínculos paterno e
materno-filial. (...) Consagrado o princípio da
proteção integral, em vez de regulamentar as visitas, é
necessário estabelecer formas de convivência, pois,
não há proteção possível com a exclusão do outro
genitor.

Diante do conteúdo explicitado acima, o Requerente acha conveniente


regulamentar as visitas e assistência que desejar que a requerida exerce com relação aos
filhos, para evitar desprazer, objeto que pleiteia da seguinte forma:

1) Aviso ao genitor quando a Requerida for realizar a visita aos menores;

2) Finais de semana intercalados, um com a mãe e outro com o pai, sendo


horário de permanência com a mãe das 09:30 horas (nove horas e trinta minutos) de
sábado até às 18:00 horas (dezoito horas / “seis horas da tarde”) de domingo, devendo
avisar ao genitor com antecedência caso for se ausentar da comarca com o filho;

3) Feriados intercalados;

4) Dia dos Pais com o pai e Dia das Mães com a mãe;

5 ) Natal com a Mãe;

6) Ano Novo com o pai;

7) Dia das Crianças, metade do dia com o pai e metade com a mãe;

III - DA ANTECIPAÇÃO DE TUTELA

Primeiramente mostra-se a redação do art. 300 do Código de Processo Civil, o


qual estabelece de que o Magistrado poderá antecipar os efeitos da tutela pretendida na
Inicial a requerimento da parte:

Art. 300. A tutela de urgência será concedida quando houver elementos que
evidenciem a probabilidade do direito e o perigo de dano ou o risco ao resultado útil do
processo.

Desta forma, mostra-se de grande importância atentar de que Vossa Excelência


deve convencer-se não da verossimilhança da alegação (esta parece ser verdadeira), mas
da probabilidade da procedência da causa, isto é, se possui chances de ocorrer fato
futuro tal qual seja capaz de expor a parte a perigo.
Diante dos fatos trazidos não há motivos para que o requerente continue inerte
quanto a impossibilidade de estar em convívio com seus filhos.

Desta forma, mostra-se a Vossa Excelência de que estando presentes todos os


requisitos ensejadores de liminar sendo estes o ​fumus boni iuris (fumaça do bom direito)
e o ​periculum in mora (perigo decorrente da demora) é justa a determinação da tutela
antecipada dos alimentos ficando desde logo pleiteado.

IV- DO PEDIDO

Por todo o exposto, requer-se digne-se V. Ex:

1) Cite os réus, nos termos do art. 238 e seguintes do Código de Processo Civil,
para querendo, contestar o pedido comparecer às audiências designadas, sob
pena de aplicação dos efeitos de revelia e confissão quanto a matéria de fato;
2) Ao final, seja a presente ação julgada ​TOTALMENTE PROCEDENTE;
3) A intimação do Digníssimo Representante do Ministério Público, para intervir
em todos os atos do processo com base no Art. ​178​, ​II do ​Novo Código de
Processo Civil​;
4) A ​GUARDA UNILATERAL de ​ANTONIO JUNIOR MOURA BASTOS, e
SARA MOURA BASTOS​ para o Requerente;
5) Declarar a extinção do vínculo conjugal entre requerente e requerido, mediante
divórcio, determinando-se a expedição do competente ofício para averbação
junto ao Cartório de Registro Civil onde fora firmado o matrimônio;
6) Expedir, ainda, o competente mandado de averbação para que a requerente
retome o nome de solteira
7) Requer a Vossa Excelência seja determinada no tocante à meação a
integralidade sobre os bens que foram descrito na exordial, qual seja o valor de
R$ 500.000,00 (quinhentos mil reais)
8) A condenação da requerida ao pagamento das custas processuais e honorários
advocatícios sucumbenciais, nos termos dos art. 82 e 85 do Código de Processo
Civil;
Provará o que for necessário, usando de todos os meios admitidos em direito, em
especial pela juntada de documentos (anexos), oitiva de testemunhas e depoimento
pessoal dos réus.
Nos termos do art. 319, VII do Código de Processo Civil, a requerente registra “
que não se opõem à audiência de conciliação”.

À presente causa dá-se o valor de R$ 500.000,00 (quinhentos mil reais).

Nestes termos,
Pede deferimento.
Juazeiro do Norte, 03 de Setembro de 2018

___________________________________
JORGE BATISTA DA SILVA
OAB/CE XX-XXXX

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