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TATI E JOÃO
ensinam ROCKETT
VIVER NO CAMPO @rama.permacultura
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Instituto de Permacultura da Pampa | Escola Rama Vida Integral
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João Rockett foi diplomado por Bill Mollison e fundou o Instituto de Permacultura da Pampa, 21 anos atrás, para
introduzir e difundir a Permacultura no Brasil. Bill Mollison é o australiano que criou e organizou a Permacultura na
década de 70, trazendo uma resposta efetiva para nossas questões de organização e produção rural. Com uma visão a
aplicação ampla a Permacultura é aplicada nos mais diferente sbiomas da Terra, pois trabalha com princípios e técnicas,
que combinados com as características do terreno trazem soluções para todos.
ter ou não ter, eis a questão?
Definitivamente o problema não é ter ou não ter. Ser ou não ser é o ponto com Sheakespeare já disse. A comum
reclamação não tenho então não posso fazer, não tenho então não posso mudar, não tenho então não posso ser, não posso ser
feliz, não posso ser satisfeito, não posso ser quem sou e fazer o que devo fazer, esconde uma inversão que nos empobrece e
limita. A vida fica cheia de "não possos", e vazia de realização.
Primeiro precisamos ser, e então fazer para depois ter, ao invés de ecoar: “não tenho, então não posso fazer e não posso
ser”. Antes precisamos ser, fazer para então ter, independentemente. Quando olhamos o não ter como bloqueio inicial para
fazermos as coisas, estamos anulando as possibilidades de descobrir o como.
Se ao invés de reclamar por não ter e usar isso como justificativa para não fazer e tampouco ser, perguntarmos: como
posso ter? Podemos construir um caminho para ter a partir de quem somos agora e do que podemos fazer agora com o pouco
que temos.
Essa é nossa experiência real, não herdamos sítios de nenhum avô ou avó, tampouco ganhamos na loteria, tudo foi
conquistado e brindado a partir de quem éramos e da ação que movimentou o pouco e o pequeno.
Viver no campo é empreender uma vida de liberdade e autossuficiência quanto você foca em ser primeiro. Ser mais capaz
através da informação correta e de sua aplicação prática, ser mais confiante, ser mais interessado nas coisas que quer viver, ser
mais aberto para aprender, doar e receber, ser capaz de dizer: não tenho mais quero, ao invés de dizer quero mas não tenho!
Perguntar: "não tenho mas quero, como posso conseguir o que não tenho" te abre portas para ir para o campo sem
terreno e sem dinheiro, mas dizer: "quero mas não tenho, não posso, portanto não faço" é fechar as possibilidades de descobrir
tantas alternativas para fazer algo que possa te levar, mais cedo ou mais tarde, para os lugares onde deseja estar, e para a vida
que pretende viver.
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Tudo aqui no Instituto de Permacultura da Pampa e na Escola Rama foi construído a partir da vontade e da busca de conheicmento. Quando
nos movimentamos na direção de algo as coisas também se movimentam na nossa direção, e porque demos passos mesmo sem ter as coisas,
recebemos muito por acréscimo ao esforço e à convicção de que pecisamos primeiro dar. Dar um passo, buscar informação, criar conexões.
Nossa sala de aula é esse domo geodésico cheio de conexões que formam uma cúpula sem aberturas laterais (fora a porta), com apenas uma
janela no alto, ela nos lembra de olhar para cima, de voltar-se para as próprias forças e de fazer o que podemos com o que temos.
INFORMAÇÃO ORGANIZADA
A primeira coisa necessária é informação organizada. Mesmo tendo recursos
terras e tudo mais, sem a informação não é possível permanecer e prosperar no campo.
Prova disso está em centenas de famílias que perdem grandes extensões de terras porque
não sabem como transformar, como potencializar, como vender os serviços e produtos,
porque não tem nenhum plano, ou estratégia para viver no campo.
Isso acontece porque as pessoas tendem a achar que para viver no campo, que
para plantar e estar na natureza não precisa de informação. Grande engano. Uma falsa
ideia de que viver no campo é uma coisa simplória (bruta), coisa de gente sem
conhecimento e cultura foi difundida e isso levou tantos à pobreza, continua mantendo
tantos outros na estagnação e sustenta a falsa ideia de que não é possível ir par ao campo
mesmo sem ter terras.
Na verdade é melhor poder experimentar a vida no campo antes de investir.
Porque depois que você investe qualquer quantia, e normalmente se investe sem
informação, tanto para comprar o terreno como para manejá-lo, construir e tudo mais,
esse capital que tinha liquidez pode ficar imobilizado por muito tempo, e se você
depende dele para agir rápido pode não ter o recurso disponível. Sempre aconselhamos
experimentar antes, visitar diferentes lugares e aprender Permacultura com quem
aplicou experimentou e pode ensinar a partir de resultados. Um método de planejamento
é necessário não apenas para criar um sítio que se sustente no tempo, mas também para
não jogar dinheiro fora na hora de comprar e interferir na área, para não criar situações e
sistemas de alto custo de manutenção, para não investir antes da hora. Um planejamento
é necessário caso queira não só não desperdiçar, mas deseje rentabilizar no campo.
ALUGUEL: assim como se aluga casa se aluga sítio. Quando pessoas mudam para a cidade e não tem casa elas alugam, se
não podem alugar uma casa alugam um quarto, e assim vão construíndo suas vidas nas cidades. Da mesma forma você pode ir
para o campo, temos dezenas de histórias assim que deram certo. Nós já vivemos em terra alugada onde foi feita uma habitação
provisória. Você pode também colocar uma casa de madeira, que pode ser desmontada, ou uma casa conteiner que pode ser
transportada pronta. Mas existem muitos sítios estruturados para alugar, a vantagem é: 1. você pode experimentar antes de
comprar; 2. pode ficar próximo da cidade de fazer uma transição em dois passos, 3. capitalizar-se enquanto aluga, 4. escolher
com calma seu terreno agarrando a oportunidade ideal paras eu contexto. Dezenas de famílias com as quais trabalhamos fizeram
a transição dessa forma e são gratas por não terem tido possibilidade de comprar a terra, porque alugar antes trouxe muito da
prática necessária para encontrar a terra ideal.
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ARRENDAMENTO: o arrendamento é uma opção de aluguel, normalmente aplicado a áreas maiores onde existe
possibilidade de um acordo de compra do terreno. Tudo deve ser acordado e previsto em contrato antes, ou seja, para que num
arrendamento, o valor pago como aluguel seja descontado do valor da compra em um momento futuro, isso precisa estar
descrito em contrato. Deve haver intensão real de compra e de venda da terra, para que a possibilidade de contrato possa ser
efetivada caso o comprador decida comprar a terra. Grande parte do cultivo de soja do agronegócio é feito em terras arrendadas
e não em terra própria.
COMODATO RURAL: é um empréstimo para uso, emprestimo gratuito, onde existe a obrigatoriedade de devolução
dentro do prazo combinado. Ao final do período pode-se efetuar a compra caso o proprietário tenha intensão de venda, assim
como pode haver oferta para compra sem ter o proprietário obrigação de venda. Acompanhamos um processo de comodato que
permitiu o desenvolvolvimento uma vida rural em diversas fazendas próximas, de donos distintos, que foram utilizadas por mais
de 30 anos para desenvolver um importante trabalho comunitário, a compra das terras foi feita ao final do período.
PARCERIAS: muito do que hoje se chama arrendamento, é na realidade uma parceria entre o proprietário e o usuário da
terra, um acordo que envolve pagamento com percentuais do valor da produção é o mais comum. A parceria é um acordo livre
que pode ser feito de muitas formas, desde que as partes estejam de acordo. A parceria é o tipo de acordo que precisa ser mais
bem descrito, e em todos os detalhes para que não se colham problemas futuros. Existe muita terra parada, sítio dando gasto,
lugar virado em abandono, muitos proprietários gostariam de fazer parcerias oferecendo a terra ou parte da terra, outros
precisam de parceiros de trabalho. Essa situação também é bastante comum e viabiliza a ida para o campo, tantas vezes já com
um acordo e definição de tarefas no campo. Esse foi o caso de tantos dos nossos alunos, alguns queriam criar agroflorestas,
outros queriam produzir morangos, outros queriam experimentar situações em distintos lugares antes de comprar a terra e
ofereceram suas habilidades.
VOLUNTARIADO: comunidades, fazendas, ecovilas e institutos oferecem experiências rurais. O tempo varia conforme o
acordo entre as partes, conhecemos pessoas que dedicam suas vidas em comunidades rurais e esse tipo de vida é o que mais se
adequa a sua forma de viver, existem programas nacionais e internacionais de voluntariados em fazendas de todo tipo, onde é
possível aprender conforme o trabalho desenvlvido em cada fazenda. experiências assim podem mudar o rumo das vidas para
melhor, temos conhecidos que foram buscar experiências rurais fora do país e nunca mais voltaram, outros que puderam
discernir o tipo de vida no campo que realmente querem ter.
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ASSOCIAÇÕES: pessoas e familias com afinidades e interesses comuns podem juntar-se para comprar terra juntos. Esse é
um momento decisivo, ou a afinidade acaba ou o recurso dos envolvidos é amplamente potencializado. Viver em comunidades ou
grupos é muito mais econômico e resolve muitos problemas, mas quando os acordos não estão claros em todos os detalhes a
possibilidade de não se constituir associação e de ainda destruirem-se laços afetivos é grande. Já participamos como consultores
em associações de diversos tipos: pessoas com afinidades religiosas, filosóficas, por hábitos alimentares comuns, por amizade, e
o grande problema é as pessoas suporem que seus parceiros pensam da mesma maneira, quando na verdade existem pontos de
afinidade, tangências, mas quando existe um convívio mais intenso os pontos de tangência podem não sustentar toda rede de
elementos que estão envolvidos numa vida comunitária. para criar associações e comprar junto defina tudo antes de comprar:
área comum e privada, divisão da água, atividades e responsabilidades, permissões e proibições, tamanho mínimo e máximo das
casas, um lista extensa de elementos que normalmente analisamos nos atendimentos à projetos desse tipo. Pense em tudo que
puder, escreva, registre e só depois compre a terra.
Todos temos algo para dar e podemos colocar um pé no campo sem ter terra nem dinheiro, isso é uma realidade
comprovada por muitos exemplos em diferentes experiências. Temos que assumir algum risco para fazer qualquer coisa na vida,
mas sem assumir risco nenhum nunca vamos saber o quão melhor e mais fáceis as coisas podem ser do que quando não
assumimos risco nenhum!
Comece pela informação é a forma mais barata e tranquila, vai trazer muitas definições importantes e evitar muitos
enganos, além de poupar muito dinheiro, mas o mais importante é que ao longo do tempo a sua vida no campo vai se sustentar.
Começe sem informação e veja as coisas colapsarem mais rápido do que poderia imaginar.