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ASPECTOS CONTROVERTIDOS Teoria dos Sistemas Sociais.

Natureza
jurídica. Bolsa de Valores de São Paulo
DA ARBITRAGEM NO BRASIL
ABSTRACT
Paola Cantarini203
Ricardo Sayeg 204 It is intended to address some of the main
controversial aspects involving the
RESUMO subject of arbitration in Brazil,
Pretende-se abordar alguns dos especially regarding its legal nature,
principais aspectos controvertidos bringing practical repercussions in this
envolvendo o tema da arbitragem no area. In a second moment, the aim is to
Brasil, em especial quanto à sua natureza analyze the possible unconstitutionality
jurídica, trazendo repercussões práticas of the legal institute in view of the
em tal seara. Em um segundo momento distortion that is occurring, particularly
visa-se analisar a possível when it comes to arbitration on the São
inconstitucionalidade do instituto Paulo Stock Exchange, as it brings a
jurídico tendo em vista o desvirtuamento system incompatible with the main
que está a ocorrer, particularmente characteristic, namely: its facultability.
quando se fala na arbitragem na Bolsa de Finally, there is the systemic analysis of
Valores de São Paulo, por trazer um the institute in the light of N. Luhmann's
sistema incompatível com a principal Theory of Social Systems, questioning
característica qual seja, sua the autonomy of arbitral law as a social
facultatividade. Por derradeiro, passa-se system, compared to the system of law,
à análise sistêmica do instituto à luz da since the subsidiary application of the
Teoria dos Sistemas Sociais de N. law is indispensable. CPC - Code of
Luhmann, questionando a autonomia do Civil Procedure in arbitration, therefore
direito arbitral como um sistema social, not configuring a micro system in the
face ao sistema do Direito, uma vez que sense of its complete autonomy from
se reputa indispensável a aplicação other legal subsystems, such as the
subsidiária do CPC – Código de Procedural.
Processo Civil na arbitragem, não
configurando, por conseguinte, um KEY WORDS: Constitutionality of
microssistema no sentido de sua Arbitration. Social Systems Theory.
completa autonomia frente a outros Legal nature. Sao Paulo Stock Exchange
subsistemas jurídicos, como o
Processual.

PALAVRAS-CHAVE:
Constitucionalidade da Arbitragem.

203 Visiting researcher na Scuola Normale Superiore


Pós-Doutora em Filosofia, Arte e Pensamento
Crítico na European Graduate School (EGS). de Pisa – Itália. Doutoranda em Filosofia pela
Pós-Doutora em Sociologia no Centro de PUCSP. Advogada, artista plástica e professora
Estudos Sociais (CES) da Universidade de Universitária – FATEC- Bahia.
204
Coimbra, Pós-Doutoranda em Direito na Professor Livre-Docente em Direito
Faculdade de Direito da Universidade de São Econômico pela Faculdade de Direito da PUC-
Paulo (FD-USP) em Filosofia na Universidade SP, Mestre e Doutor pela PUC-SP, advogado,
Estadual de Campinas (UNICAMP), e em membro do Conselho Superior de Assuntos
Antropologia na PUCSP. Mestre e doutora em Jurídicos da Federação das Indústrias de São
Direito pela Pontifícia Universidade Católica de Paulo. Membro do Conselho Superior da
São Paulo (PUC-SP). Doutora em Filosofia do CAPES.
Direito pela Università del Salento (Itália).

Revista de Direito Civil, ISSN 2596-2337, v. 1, n. 2, jul./dez. 2019


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1. PROBLEMATIZAÇÃO litígios, denominado pelos americanos
de “tribunais ou sistema multi-portas”
A arbitragem assim como os
(Multi-door Courthouse System),
demais meios de solução extrajudicial ou
consoante conceito da lavra de Frank E.
alternativa de conflitos, também
A. Sander, professor da Universidade de
denominadas de ADRs - Alternative
Harvard. O sistema multiportas é um
Dispute Resolution nos países que
modelo alternativo de solução de litígios
seguem o sistema da Common Law,
que prevê a integração de diversos
situa-se dentro dos escopos de
modos de processamento de conflitos,
socialização do processo e de justiça
judiciais ou extrajudiciais. Segundo tal
participativa, podendo ser caracterizados
instituto a parte após uma triagem
como instrumentos de democratização
realizada por um profissional
da Justiça, ou de privatização da Justiça,
especializado seria encaminhada à porta
sendo essencial diante da crise do
mais adequada para solução de seu caso.
Judiciário e da crise do processo.
Na década de 1970, também
A arbitragem encontra-se
surgia o projeto de pesquisa denominado
prevista em nosso ordenamento jurídico,
Projeto Florença, desenvolvido pelos
desde as Ordenações Filipinas de 1595,
professores Mauro Cappelletti e Bryan
ratificadas em 1603, desde a
Garth, conhecido pela denominação de
Constituição Federal do Império de
“as três ondas do acesso à justiça”. A
1824, encontrando atualmente previsão
primeira onda abrange a assistência
na Lei 9.370/96, com alterações
judiciária aos necessitados,; a segunda
promovidas pela Lei 13.129/2015.
onda, a representação dos interesses
Envolvendo o direito de acesso à
difusos e a terceira, a arbitragem, a
justiça como direito fundamental e
conciliação e a mediação. Em tal estudo
essencial à garantia de uma ordem
foram identificados como principais
jurídica justa, a arbitragem é um dos
entraves do acesso à Justiça o aspecto
meios extrajudiciais ou alternativos de
econômico, a natureza organizacional e
resolução de conflitos, ao lado da
o aspecto processual205, envolvendo a
mediação, da conciliação e segundo
busca de soluções práticas para o
alguns da negociação. Trata-se de um
problema do acesso à justiça.
sistema pluriprocessual de solução de

205
Fredie Didier Jr., “Justiça Multiportas: de solução adequada de conflitos”. São Paulo:
mediação, conciliação, arbitragem e outros meios Jus Podivm, 2017.

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A arbitragem relaciona-se com a Questiona-se: como pode ser a
busca pela Justiça e com a efetividade do arbitragem considerada jurisdição se esta
Direito, bem como com a denominada é um atributo exclusivo do Poder
deformalização do contencioso, por Judiciário? Como pode ser a sentença
consubstanciar a própria deformalização arbitral equiparada à sentença judicial, se
das controvérsias, pois é instrumento carece de coercibilidade e
propício para a deformalização também autoexecutoriedade?
do processo, já que as regras
procedimentais podem ser estabelecidas 2. NATUREZA JURÍDICA DA
pelos interessados, havendo certa ARBITRAGEM E CONCEITO DE
flexibilidade procedimental, que resulta JURISDIÇÃO
em um procedimento pragmático e com
maior informalidade (art. 2º, p. 1º, 11, Não há um entendimento
IV, 19, p. 1º., 21 caput e p. 1º. e 2º. da pacífico da doutrina acerca da natureza
Lei de arbitragem).206 jurídica da arbitragem, sendo que tal
Atrelado à natureza jurídica da questão afeta ao conceito de jurisdição.
arbitragem está o conceito que se tem de Considerando-se a jurisdição como
jurisdição, sendo certo que a análise de atribuição, poder e atividade do Estado,
qualquer instituto jurídico demanda a por intermédio do Judiciário, de aplicar o
correta compreensão de sua natureza ordenamento jurídico ao caso concreto,
jurídica, considerando esta uma questão teríamos afastada a natureza
teórica com diversas implicações jurisdicional da arbitragem, pois sua
práticas. Neste sentido, pretende-se organização não integra o Estado, sendo
abordar as diversas teorias e um sistema privado de solução de
entendimentos doutrinários acerca de tal conflitos. Caso seja entendido, ao
questão, envolvendo em um segundo contrário, que a jurisdição é o poder de
momento a questão da obrigatoriedade solucionar um conflito
ou facultatividade da arbitragem e da independentemente da qualidade pública
constitucionalidade ou não de ou privada de quem a exerce, seguirá o
legislações que prevejam tal instituto de entendimento de que arbitragem é
forma compulsória. jurisdição.

206
Francisco José Cahali, “Curso de arbitragem”,
p. 79.

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Segundo entendimento de arbitragem um negócio jurídico, perdeu
Scavone, a arbitragem é um meio sua justificação com o advento da Lei
privado, jurisdicional e alternativo para a 9.307/96 ao dispensar a homologação
solução de conflitos disponíveis, sendo a pelo Judiciário do laudo arbitral. A
sentença arbitral título executivo jurisdicional ou publicista, entendendo
judicial, prolatada pelo árbitro sua natureza como jurisdicional, como
especialista da área. As partes, ao forma de exercício da função
abdicarem da jurisdição estatal, jurisdicional, aos árbitros confere uma
submetem-se à decisão da sentença jurisdição extraordinária de caráter
arbitral por livre iniciativa de vontade.207 público. A decisão arbitral é denominada
Para Guilherme a convenção pela Lei da Arbitragem, Lei nº 9.307/96,
arbitral é de natureza contratual, devendo sentença arbitral, enfatizando-se ainda,
ser revestida pelos princípios do nos termos dos artigos 18 e 23, que o
consensualismo, obrigatoriedade da árbitro é juiz de fato e de direito, sendo
convenção, relatividade dos efeitos do este um dos principais argumentos da
contrato, confidencialidade e tese doutrinária que afirma ter a
competência-competência, sob pena de arbitragem natureza jurídica de
restar prejudicada208. jurisdição. A teoria intermediária ou
Cahali afirma que não há mais mista, abrangendo o aspecto contratual e
razão de se manter a crença no dogma da o jurisdicional, e a teoria autônoma,
exclusividade do Estado no exercício da entendendo ser a jurisdição um sistema
função jurisdicional e na de solução de conflitos totalmente
indelegabilidade da jurisdição, desvinculado de qualquer sistema
considerando a arbitragem uma jurídico existente, sendo de relevância no
jurisdição privada e sua natureza tocante à arbitragem internacional.
jurisdicional.209 Para Cahali210(ibidem) Dinamarco afirma de forma
há 4 quatro teorias acerca da natureza original uma diversa natureza jurídica
jurídica da arbitragem. A privatista ou quanto à função do árbitro, qual seja,
contratualista, entendendo ser a parajurisdicional, em suas palavras:

207 209
Luiz Antônio Scavone Junior, “Manual de Francisco José Cahali, “Curso de arbitragem”,
arbitragem, mediação e conciliação”, 7ª.ed., São São Paulo: Revista dos Tribunais, 2018. p. 82,
Paulo: Ed. Forense, 2016, p. 02 e ss. p.83-88.
208 210
Luiz Fernando do Vale de Almeida Ibidem, p. 84 e ss.
Guilherme, “Manual de arbitragem”, São Paulo:
Ed. Saraiva, 2012, p. 36-37, p. 222.

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“embora ele não exerça com o escopo partes, enquanto que a jurisdição baseia-
jurídico de atuar a vontade da lei, na se no “ius imperium” estatal, imposto a
convergência em torno do escopo social todos. Esta corrente encontrava
pacificador reside algo muito mais forte fundamento no fato de ser exigida a
a aproximar a arbitragem da jurisdição homologação judicial do laudo arbitral,
estatal”.211 sendo tal exigência retirada, contudo,
Por sua vez, Neto define a posteriormente pela Lei 9307/86; o laudo
arbitragem212 como jurisdição do árbitro, arbitral deverá ser cumprido de forma
possuindo uma dupla faceta, sendo ao voluntária pela parte, caso contrário será
mesmo tempo um mecanismo necessária a intervenção do Poder
judicialiforme, e procedimento, Judiciário. Ou seja, como o árbitro não
revelando-se verdadeiro contrato dispõe de “ius imperium”, do poder de
(litígios nacionais) ou tratado fazer cumprir coativamente a decisão
internacional (litígios interestatais). arbitral, a parte vencedora deverá entrar
Sustenta que o Estado conferiu o poder com ação de execução no Poder
de julgar também aos particulares, em Judiciário, com base na sentença arbitral
determinadas situações e relativamente a que vale como título executivo judicial,
certas matérias, havendo, portanto, dois não sendo dotada de coercibilidade.
mecanismos de solução de litígios, o A segunda corrente, conforme expõe
estatal ou jurisdicional e o particular ou Neto sustenta que o árbitro é dotado de
arbitral. Segundo Neto (ibidem) há duas “ius dicere”, equiparando-se ao poder
correntes principais quanto à natureza estatal de julgar, pois na arbitragem estão
jurídica da arbitragem, a contratualista e contidos os mesmos elementos daquela,
a jurisdicionalista. A corrente quais sejam, a “notio”, a “avocatio”
contratualista, defendida principalmente (poder de convocar as partes), a
por Balladore-Palieri e Klein, “coercio” (poder de dispor de força para
consagrada em decisão na França no forçar o cumprimento das ordens e
caso Roses de 1937, entende, em suma, diligências), e a “executio” (poder de
que a arbitragem possui natureza jurídica obrigar o vencido à execução da
de obrigação criada por contrato, já que decisão). Segundo seu entendimento a
se baseia na autonomia de vontade das corrente jurisdicionalista encontra-se

211 212
Cândido Rangel Dinamarco, “Nova era do José Cretella Neto, “Curso de arbitragem”,
processo civil”, São Paulo: Malheiros, 2003, p. Rio de Janeiro: Editora Forense, 2004, p. 11; p.
28-29. 22-23.

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superada e a doutrina moderna veria a direito, e o artigo 31 ao equiparar a
arbitragem como instituto misto, “sui sentença arbitral à judicial,
generis”, com os traços de corroborariam a natureza jurisdicional
contratualidade e jurisdicionalidade, do instituto; teoria mista ou híbrida ou
embora ressalve que o árbitro exerce sincrética, afirmando haver um contrato
verdadeira jurisdição. Tal posição é na origem da arbitragem e sua função
defendida atualmente por Lalive e jurisdicional quanto a sua finalidade;
Fouchard, contando com o prestígio do teoria autônoma, afirmando a natureza
Instituto de Direito Internacional autônoma da arbitragem internacional.
representado pelo Prof. Sauser-Hall.213 Referidos autores entendem ser a
Segundo tal entendimento, portanto,214 a natureza jurisdicional, por ter o artigo 18
natureza da arbitragem é contratual em da Lei 9.307 afirmado tal natureza e em
seu fundamento, e jurisdicional na forma razão de serem aplicados aos árbitros os
de solução de litígios. mesmos impedimentos e suspeições para
Destacam os autores Olavo os juízes, bem como em razão da
Augusto Vianna A. Ferreira, Matheus sentença arbitral produzir os mesmos
Lins Rocha e Débora Cristina F. A. A. efeitos da sentença judicial,
Ferreira as quatro correntes doutrinárias configurando título executivo judicial.
principais acerca da natureza jurídica da Alegam ainda que o CPC equiparou a
arbitragem, sendo estas215 contratual, carta arbitral à carta precatória,
com fundamento anterior à edição da Lei corroborando mais uma vez a natureza
9.307-96, portanto com base no CC de jurisdicional da arbitragem. No mesmo
1916, o qual previa a necessidade de sentido os ensinamentos de Carmona,
homologação judicial do laudo arbitral; afirmando que a atividade do árbitro é
jurisdicional, sendo esta a corrente idêntica à do juiz togado216, bem como
predominante atualmente, entendendo Nelson Nery e Rosa Nery, afirmando
que apesar da arbitragem ser instituída possuir a arbitragem natureza de
por negócio jurídico, que o artigo 18 ao jurisdição, já que o árbitro aplica o
prever o árbitro como juiz de fato e de

213
“Comentários à lei de arbitragem brasileira”, “Lei de arbitragem comentada artigo por artigo”,
p. 35. p. 41 e ss.
214 216
José Cretella Neto, “Curso de arbitragem”, p. Carlos Alberto Carmona, “Arbitragem e
15-16. processo: um comentário à Lei 9307/96”, 3ª. Ed.,
215
Olavo Augusto Vianna A. Ferreira, Matheus São Paulo: Atlas, 2009, p. 268-269.
Lins Rocha e Débora Cristina F. A. A. Ferreira,

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direito ao caso concreto, colocando fim à Apesar de alguns pontuais e
lide.217 antigos entendimentos acerca da
Importa ressaltar a corrente que inconstitucionalidade da arbitragem
sustenta a natureza jurídica autônoma ou como o de Pontes de Miranda220, tal
própria da arbitragem, que, embora seja questão encontra-se atualmente
uma corrente minoritária no Brasil é a pacificada pelo STF. Pontes de Miranda
teoria com maior destaque nos EUA e na considerava a arbitragem, quando ainda
França, entendendo que a arbitragem prevista tão somente pelo CPC de 1939 e
possui natureza jurídica autônoma ou de 1973, dependente de homologação,
própria, isto é, totalmente desvinculada sendo que tal homologação jamais
de qualquer sistema jurídico existente. É poderia ser banida dos sistemas por
considerada uma evolução da teoria absoluta impossibilidade jurídica
intermediária ou híbrida e defende uma decorrente da CF ao fixar os princípios
completa desvinculação do do juiz natural e da garantia e monopólio
procedimento arbitral em face da lei do da jurisdição estatal.
país sede da arbitragem.218Cahali assim A questão, portanto, encontra-se
dispõe: “essa teoria tem importância nos superada, diante do posicionamento do
procedimentos de arbitragem Supremo Tribunal Federal a favor da
internacional, nos quais há certa constitucionalidade da Lei de
independência à ordem local de uma ou Arbitragem (Lei 9307/96), por maioria
outra parte”. Strenger que sustenta que de votos, no julgamento de recurso em
ao contrário da arbitragem brasileira a processo de homologação de Sentença
arbitragem internacional possui natureza Estrangeira (SE 5206), sendo este
autônoma e independente de qualquer também o entendimento do STJ, frisando
ordenamento sistemático.219 este que não há que se falar em
compulsoriedade na aplicação da
3. STF E NATUREZA arbitragem (RESP 1189050/SP). O
FACULTATIVA DA ARBITRAGEM Ministro Sepúlveda Pertence, relator do
recurso, bem como Sydney Sanches,

217 219
Nelson Nery e Rosa Nery, “Comentários ao Irineu Strenger, “Arbitragem Comercial
Código de processo Civil”, São Paulo: Revista internacional”, Ed. LTR, 1996, p. 33.
220
dos Tribunais; Edição: 1ª, 2015, p. 1531. Pontes de Miranda “Comentários ao
218
Neste sentido Debora Visconte. “A jurisdição Código de Processo Civil”, tomo XV/232-
dos árbitros e seus efeitos”. Dissertação. 234, n. 7. Forense: Rio de Janeiro, 1977.
Faculdade de Direito da USP, São Paulo, 2009,
p. 21.

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Néri da Silveira e Moreira Alves excluirá da apreciação do Poder
entenderam que a lei de arbitragem, em Judiciário lesão ou ameaça a direito.
alguns de seus dispositivos dificulta o Acerca da não possibilidade de
acesso ao Judiciário, direito fundamental obrigatoriedade da arbitragem dispõe
previsto pelo artigo 5º, inciso XXXV, da Araújo que se trata de jurisdição privada,
Constituição Federal. Segundo o não estatal, consensual, voluntária e,
Ministro Carlos Velloso por se tratar de qualquer lei que imponha a arbitragem é
direitos patrimoniais e, portanto, inconstitucional por violar o direito
disponíveis as partes têm a faculdade de fundamental de acesso à justiça. Dispõe
renunciar a seu direito de recorrer à ademais que “devido a esse caráter
Justiça, afirmando que o inciso XXXV voluntário, a cláusula estabelecida em
representa um direito à ação, e não um contrato de adesão que obriga aas partes
dever. a solucionar seus conflitos por meio da
Importante ressaltar que a arbitragem é abusiva”222.
constitucionalidade da arbitragem está
condicionada à sua facultatividade, ou 4. AUTONOMIA DA ARBITRAGEM E
seja, deixaram claro os Ministros do STF APLICAÇÃO SUBSIDIÁRIA DO CPC
que esta deve ser uma opção voluntária
das partes e não uma imposição, Parte da doutrina entende ser o
mantendo assim íntegro aos interessados processo arbitral um sistema
o acesso à jurisdição estatal. autorreferente, logo, um sistema
Segundo Filomeno221, há uma autônomo, merecendo um tratamento
certa incompatibilidade na aplicação da autônomo, considerando-se sistema,
arbitragem às relações de consumo, já com características próprias, possuindo
que a autonomia da vontade é princípio autonomia científica.223
fundador da arbitragem. Entende que Há divergência na doutrina
seria inconstitucional portanto, a Lei quanto à possibilidade de aplicação do
9307-96, por afrontar o inc. XXXV do CPC de forma subsidiária, destacando-se
art. 5 da CF que dispõe que a lei não dois entendimentos: parte da doutrina

221
José Geraldo Brito Filomeno, “Código Privado”. Conteúdo jurídico. Brasília. Ww.w
brasileiro de defesa do consumidor comentado conteúdojurídico.com.br.
223
pelos autores do anteprojeto. 8ª. Ed., Rio de Rômulo Greff Mariani, “Precedentes na
Janeiro: Forense, 2004, p. 81. arbitragem”, Belo Horizonte: Fórum, 2018, p. 84.
222
Vitor Carvalho C. Costa de Araújo, “A
arbitragem aplicada do Direito Internacional

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defende a aplicação subsidiária da CPC, sendo jurisdição, dispondo que há
legislação processual civil, mesmo sem a jurisdição civil estatal, regulada pelo
previsão na cláusula compromissória e CPC e a jurisdição civil arbitral, regulada
no compromisso arbitral; é a posição de por lei extravagante. O art. 3º do NCPC
Cândido Rangel Dinamarco224; parte da indicaria a opção do legislador
doutrina entende não ser possível a corroborando o entendimento da
aplicação subsidiária das normas do doutrina majoritária: a arbitragem é, no
CPC, adotando tal posição Carlos Brasil, jurisdição. O “caput” do art. 3º
Alberto Carmona225. Há alguns julgados repete o enunciado constitucional que
do STJ neste sentido (RESP cuida do princípio da inafastabilidade da
1.519.041/RJ, RESP 1.636.102/SP), e jurisdição: “não se excluirá da
decisão do TJSP (APL apreciação jurisdicional ameaça ou lesão
1771302220108260100 SP 0177130- a direito”. O § 1º do art. 3º, assim
22.2010.8.26.0100, j. 03.12.2012). As estabelece: “É permitida a arbitragem, na
partes podem convencionar no sentido forma da lei”, deixando claro, segundo
de aplicação do CPC. Neste sentido, parte da doutrina, que o processo arbitral
pronuncia-se Elio Fazzalari226. Adotam a seria uma espécie de microssistema
segunda corrente Olavo Augusto Vianna jurídico, previsto em lei extravagante,
A. Ferreira, Matheus Lins Rocha e assim como o Código de Defesa do
Débora Cristina F. A. A. Ferreira227, Consumidor, servindo o Código de
salvo se a convenção de arbitragem Processo Civil como diploma de
previr expressamente a aplicação aplicação subsidiária.
subsidiária. Apesar da questão ser altamente
Por sua vez, Fredie Didier complexa e ainda controvertida na
Júnior228 afirma, ao analisar a natureza doutrina e jurisprudência, alguns autores
jurídica da arbitragem, que tal questão afirmam não haver mais dúvidas nem
foi solucionada pelo artigo 3º. do novo divergências à não aplicação subsidiária

224 227
Cândido Rangel Dinamarco “Arbitragem na Olavo Augusto Vianna A. Ferreira, Matheus
teoria geral do processo”. São Paulo: Malheiros, Lins Rocha e Débora Cristina F. A. A. Ferreira,
2013, p. 46. “Lei de arbitragem comentada artigo por artigo”,
225
Carlos Alberto Carmona, “O processo p. 50
228
arbitral”, Revista da arbitragem e mediação. São Fredie Didier Júnior, “A arbitragem no novo
Paulo, ano 1, jan.-abr. 2004, n. 9, p. 28; “Lei da Código de Processo Civil (versão da Câmara dos
arbitragem comentada artigo por artigo”, p. 48- Deputados – Dep. Paulo Teixeira)”,
49. https://juslaboris.tst.jus.br/bitstream/handle/20.5
226
Elio Fazzalari, “L´ arbitrato”, Turim, UTET, 00.12178/55987/004_didier_jr.pdf?sequence=1
1997, p. 55. &isAllowed=y ), p. 05 e ss

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do CPC à arbitragem, tal como Leonardo entender de Beraldo, devem ser
de Faria Beraldo229, entrando todavia em cumpridos pelos árbitros, concluindo,
contradição ao alegar que seria consenso contudo, de forma novamente
a não aplicação do CPC como fonte contraditória230:
subsidiária da lei de arbitragem, mas que (...) é preciso haver coerência para
aplicar o novo CPC no processo
seriam utilizadas algumas regras do CPC arbitral. Não se pode manter um
discurso raso e horizontal de que
pelo árbitro, sendo portanto incorreta a essa lei não é aplicável à
arbitragem, tão somente porque
afirmação de que o CPC nunca seria não consta da Lei de arbitragem
aplicável . O CPC estabelece a diferença que o CPC é sua fonte subsidiária
ou norma supletiva
entre regras de natureza processual e de
Em suma, entende o que não seria
natureza procedimental, afirmando que
o CPC norma subsidiária ou supletiva,
apenas as de natureza procedimental não
mas que são é utilizada tal lei, por
seriam aplicáveis à arbitragem.
exemplo, no tocante aos requisitos para a
Um dos mais importantes
concessão e tutela de urgência e na coisa
princípios previstos tanto no CC como
julgada, embora não para outros
no CPC e aplicado pela jurisprudência à
aspectos. Por derradeiro afirma que as
arbitragem trata-se do princípio da boa-
regras de natureza processual do novo
fé objetiva, abrangendo o dever de
CPC na medida do possível devem ser
cooperação (art.6º. CPC). A boa-fé
aplicadas ao processo arbitral, exceto
objetiva é um princípio dividido em três
quando houver incompatibilidade com
funções: interpretativa, integradora e
este.
limitadora, sendo a função integradora a
Interessante observar que apesar
que cria os deveres anexos da boa-fé
dos autores Vianna, Rocha e Ferreira231
objetiva, aplicáveis à arbitragem, tais
afirmarem a completa autonomia da
como os deveres de lealdade, informação
arbitragem, de modo a não ser aplicada a
e de cooperação, dever de prevenção, de
legislação processual civil nem sequer
esclarecimento, de prestar assistência e
subsidiariamente, afirmam que deverão
de consulta às partes. Tais deveres, no
ser observados os princípios processuais

229 230
Leonardo de Faria Beraldo “Arbitragem e Ibidem, p. 14.
231
o novo CPC”, p. 01, Olavo Augusto Vianna A. Ferreira, Matheus
http://www.mpsp.mp.br/portal/page/portal/ Lins Rocha e Débora Cristina F. A. A.Ferreira,
documentacao_e_divulgacao/doc_bibliotec “Lei de arbitragem comentada artigo por artigo”,
p. 72 e ss.
a/bibli_servicos_produtos/bibli_boletim/bib
li_bol_2006/RArbMed_n.49.09.PDF, p. 05
e ss..
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154
infraconstitucionais, evitando que a sentido Tucci, com fundamento no artigo
arbitragem não esteja eivada de vícios ou 489, p. 1º., VI do CPC, e Bellochi233. A
nulidades. segunda corrente sustenta a inexistência
Relacionada à questão da de nulidade da sentença arbitral já que
aplicação subsidiária ou não do CPC à não haveria que se falar em aplicação
arbitragem encontra-se a questão de subsidiária das normas sobre
aplicação ou não dos precedentes precedentes obrigatórios do CPC na
vinculantes consoante disposição do arbitragem. Neste sentido André
artigo 927 do CPC. Caso as partes Vasconcelos Roque e Fernando Fonseca
tenham convencionado que a arbitragem Gajardoni, Leonardo de Faria Beraldo,
deverá observar os precedentes Leonardo Greco e Olavo Augusto
obrigatórios, estes devem ser Vianna A. Ferreira, Matheus Lins Rocha
observados, sob pena de afronta ao e Débora Cristina F. A. A. Ferreira234.
princípio da autonomia da vontade das Fredie Didier Junior235afirma ser
partes e de nulidade da sentença arbitral. possível a aplicação subsidiária do CPC,
Contudo, no caso de silêncio das partes, apesar de se caracterizar a arbitragem
não há entendimento pacífico na como um microssistema, contrariando a
doutrina quanto à obrigatoriedade da lógica portanto, de ser um microssistema
aplicação dos precedentes do artigo 927 por pressupor autonomia completa
do CPC, havendo duas correntes quanto a outros subsistemas jurídicos.
distintas. Outro fundamento a favor da
A corrente que postula pela aplicação subsidiária do CPC à lei de
obrigatoriedade da aplicação pelo árbitro arbitragem é lembrado por Joel Dias
dos precedentes vinculantes sustenta que Figueira Júnior236 ao afirmar que no caso
o árbitro não pode violar a confiança e do microssistema dos Juizados
expectativa das partes232. No mesmo Especiais, o procedimento arbitral será

232 235
Guilherme Rizzo Amaral, “Arbitragem e Fredie Didier Júnior, “A arbitragem no novo
precedentes” in Curso de Arbitragem, São Paulo: Código de Processo Civil (versão da Câmara dos
Thomson Reuters Brasil, 2018, p. 285-288. Deputados – Dep. Paulo Teixeira)”,
233
José Rogério Tucci e Márcio Bellochi, https://juslaboris.tst.jus.br/bitstream/handle/20.5
“Precedentes vinculantes e a aplicação do direito 00.12178/55987/004_didier_jr.pdf?sequence=1
brasileiro na Convenção de arbitragem”, São &isAllowed=y , p. 05 e ss.
236
Paulo: Revista dos Tribunais, 2017, p. 178-179. Joel Dias Figueira Júnior “Arbitragem,
234
Olavo Augusto Vianna A. Ferreira, Matheus jurisdição e execução”, São Paulo: Editora RT,
Lins Rocha e Débora Cristina F. A. A.Ferreira, 1999, p. 146 e ss.
“Lei de arbitragem comentada artigo por artigo”,
p. 304 e ss.

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155
regulado pela Lei 9.099/95, apesar de Lei 10.303/01,239já que este último
ressalvar, com apoio também em Carlos consagra a sua facultatividade.
A. Carmona e Cláudio Viana de Lima, Os juristas divergem sobre
haver inadequação da arbitragem em tal constitucionalidade de arbitragem
instância. compulsória, por entenderem alguns que
afrontaria o artigo 5°, inciso XXXV, da
5. ARBITRAGEM OBRIGATÓRIA Constituição Federal, consagrando
NA BOLSA DE VALORES DE SÃO norma idêntica às anteriores Cartas
PAULO políticas do Brasil, prevendo o princípio
da reserva legal, ou da inafastabilidade
Em razão da característica da jurisdição. Observa-se que o caput do
essencial da arbitragem como instituto artigo 3° do novo Código de Processo
facultativo e não obrigatório, questiona- Civil reitera essa mesma regra,
se acerca da constitucionalidade da Lei reservando ao Estado-juiz o monopólio
das Sociedades Anônimas - Lei da jurisdição. Olavo Augusto Vianna A.
6.404/1976, ao prever a obrigatoriedade Ferreira, Matheus Lins Rocha e Débora
da arbitragem,237 consoante disposto em Cristina F. A. A. Ferreira entendem ser
seu artigo 136-A, conforme alteração da difícil aceitar a constitucionalidade
Lei nº 13.129/2015,238conflitando com o diante da afronta ao princípio
artigo 109, p. 3º, com redação dada pela constitucional da tutela jurisdicional
efetiva que impede que a lei exclua da

237
Luiz Fernando do Vale de Almeida no caput não será aplicável: I — caso a inclusão
Guilherme, “A arbitragem no mercado de da convenção de arbitragem no estatuto social
capitais- o novo mercado da Bovespa”, represente condição para que os valores
https://luizfernandodovale.jusbrasil.com.br/ mobiliários de emissão da companhia sejam
admitidos à negociação em segmento de listagem
artigos/121943921/a-arbitragem-no-mercado-
de bolsa de valores ou de mercado de balcão
de-capitais-o-novo-mercado-da-bovespa, e “A
organizado que exija dispersão acionária mínima
arbitragem na bolsa de valores de São Paulo e
de 25% (vinte e cinco por cento) das ações de
Madrid”, Belo Horizonte: Editora Letramento,
cada espécie ou classe; II — caso a inclusão da
2019.
238 convenção de arbitragem seja efetuada no
Art. 136-A. A aprovação da inserção de
estatuto social de companhia aberta cujas ações
convenção de arbitragem no estatuto social,
sejam dotadas de liquidez e dispersão no
observado o quórum do art. 136, obriga a todos
mercado, nos termos das alíneas “a” e “b” do
os acionistas, assegurado ao acionista dissidente
inciso II do art. 137 desta Lei.
o direito de retirar-se da companhia mediante o 239
O estatuto da sociedade pode estabelecer que
reembolso do valor de suas ações, nos termos do
as divergências entre os acionistas e a
art. 45. § 1o A convenção somente terá eficácia
companhia, ou entre os acionistas controladores
após o decurso do prazo de 30 (trinta) dias,
e os acionistas minoritários, poderão ser
contado da publicação da ata da assembleia geral
solucionadas mediante arbitragem, nos termos
que a aprovou. § 2o O direito de retirada previsto
em que especificar.

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156
apreciação do Judiciário lesão ou ameaça no artigo 783 do Código Comercial,
a direito, sendo aplicáveis os assim como as determinações de
fundamentos externados pela doutrina arbitragem compulsória no direito
portuguesa. Esclarecem240 que não há marítimo242.
previsão no Direito Brasileiro vigente de Joel Dias Figueira Júnior243, por
hipóteses de arbitragem obrigatória, sua vez, entende ser da essência do
tendo sido abolida em 1866, havendo instituto a faculdade concedida às partes
tentativa de sua implementação pela MP litigantes de buscarem tal forma
2221/2001, revogada pela Lei alternativa de solução de conflitos,
10.931/2004. Adotam a lição de José afirmando que ocorreria
Emilio Nunes Pinto no sentido de inconstitucionalidade caso as partes
inexistência de caráter compulsório da estivessem sempre obrigadas a buscar a
arbitragem na comercialização de solução de seus conflitos por intermédio
energia elétrica. do juízo arbitral, por significar a
Acerca da obrigatoriedade da inadmissível exclusão e afronta ao artigo
arbitragem esclarece José Cretella Neto 5º., XXXV e art. 126 da CF88. Em
ser contrária ao verdadeiro espírito da sentido semelhante esclarecem os
arbitragem241, sendo tal obrigatoriedade autores Olavo Augusto Vianna Alves
prevista, por exemplo, no Código Ferreira 244 afirmando que a arbitragem
Comercial de 1850, em alguns casos compulsória deverá ser considerada
(arbitragem compulsória – artigos 20 c/c inconstitucional, por violar o princípio
783),; e nas matérias relativas ao direito do acesso à justiça. No entender de José
marítimo, sendo abolida já em 1860, Cretella Neto a facultatividade na adoção
passando-se a considerar como da arbitragem é elemento essencial desta,
inconstitucional tal obrigatoriedade, devido a seu caráter facultativo,
havendo decisões jurisprudenciais do essencial para que a cláusula
STF de 1918 a 1923 neste sentido, compromissória adquira eficácia.
considerando não obrigatório o disposto

240 243
Olavo Augusto Vianna A. Ferreira, Matheus Joel Dias Figueira Júnior, “Arbitragem,
Lins Rocha e Débora Cristina F. A. A.Ferreira, jurisdição e execução”, p. 26 e ss.
244
“Lei de arbitragem comentada artigo por artigo”, Olavo Augusto Vianna A. Ferreira, Matheus
p. 157 e ss. Lins Rocha e Débora Cristina F. A. A.Ferreira,
241
José Cretella Neto, “Curso de Arbitragem”, p. “Lei de arbitragem comentada artigo por artigo”,
11; p. 22. p. 20 e ss.
242
José Cretella Neto, “Comentários à lei de
arbitragem brasileira”, Rio de Janeiro, Ed.
Forense, 2007, p. 11.

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157
Importante destacar que em
Portugal há previsão de arbitragem Portanto há a barreira
necessária, quando inexistir convenção intransponível da inconstitucionalidade,
arbitral, mas a lei impuser tal solução245, sendo ainda da essência do conceito de
como em matéria de medicamentos de arbitragem a facultatividade, não
referência e medicamentos genéricos podendo esta ser imposta. No sentido da
previstos pelo art. 2º, da Lei 62/2011. Há, inconstitucionalidade da arbitragem
contudo pareceres de Gomes Canotilho e compulsória o Tribunal Constitucional
246
Paulo Otero no sentido da de Portugal248 proferiu importante
inconstitucionalidade por violar o decisão quanto à previsão de arbitragem
princípio da igualdade e o princípio do necessária nos artigos 4º e 5º do Decreto
acesso ao direito e à tutela jurisdicional 128/XII, editado pela Assembleia da
efetiva, contemplados, respectivamente República Portuguesa criando o Tribunal
nos artigos 13 e 20 da Constituição. Arbitral do Desporto, submetendo
Paulo Otero assim dispõe: alguns litígios ao regime de arbitragem
necessária. Tal disposição foi julgada
O direito de escolher entre o inconstitucional por violar o direito de
acesso aos tribunais do Estado ou
a mecanismos de arbitragem acesso aos tribunais e o princípio da
voluntária. A criação pelo
legislador de arbitragens tutela jurisdicional efetiva, previsto no
necessárias retira, visto deste
último ângulo, esse direito de
artigo 268 n. 4 da Constituição da
escolha do modo de acesso à República Portuguesa249.
justiça que todos os restantes
particulares têm em áreas ou As recomendações da
matérias suscetíveis de
arbitragem.247(...).O Estado não BM&FBOVESPA, bem como a
pode renunciar ao exercício da
função jurisdicional; o Estado não governança corporativa, o princípio da
pode privatizar o exercício da
justiça, enquanto função típica de
transparência e a adesão à arbitragem,
soberania do próprio Estado; o seguindo as disposições da Lei das S/As
Estado não pode
desrespeonsabilizar-se da garantia (§3º do art. 109 da Lei 6.404/76),
dos direitos fundamentais através
dos seus tribunais. visando à proteção dos investidores e a

245 248
Susana Filipa Pereira Bastos, “Arbitragem Tribunal Constitucional de Portugal,
necessária”, Universidade de Coimbra, julgado n. 251/2017 de 7/7, disponível em
dissertação de mestrado. www.tribunalconstitucional.pt/tc/acordaos/
246
Gomes Canotilho, parecer de 15.03.2011, p. 20170251.html
04, e Paulo Otero, parecer de 01.06.2012, pp. 12- 249
Tribunal Constitucional de Portugal, processo
18, in Susana Filipa Pereira Bastos, “Arbitragem 230/2013, disponível em
necessária”, Universidade de Coimbra, www.tribunalconstitucional.pt/tc/acordaos/2013
dissertação de mestrado. 0230.html.
247
Paulo Otero, Parecer, 12-18; p. 67.

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158
adequação das empresas abertas a uma controladores das companhias,
política de governança corporativa. administradores, membros do Conselho
Em 2000, a Bovespa – Bolsa de Fiscal, investidores e ccionistas
Valores de São Paulo, atual (vinculados a Companhias listadas no
BM&FBovespa, instituiu o denominado nível “2” e “novo mercado”).
“Novo Mercado”, bem como o “Bovespa No Brasil, com fulcro na Lei nº
Mais”, o “Bovespa Mais Nível 2” e 9.307/96, foi instituída a Câmara de
“Nível 1”, consistindo estes em Arbitragem do Mercado (CAM), à
segmentos especiais de governança composição de conflitos no Mercado de
corporativa, ou seja, classificações a que Capitais, oferecendo foro adequado e
as empresas fariam jus no caso de julgamentos especializados.
apresentarem níveis diferenciados de É certo que a adoção das boas
governança corporativa, após a adoção práticas de governança pelas Sociedades
de uma série de medidas com vistas ao é uma exigência do mercado financeiro,
incremento do mercado de investimentos do capitalismo neoliberal e da
no Brasil em razão de maior segurança e globalização, como forma de se fomentar
proteção fornecidos pelo mercado e o interesse dos investidores no mercado
Sistema Judiciário. de capitais no Brasil. A adoção da
Existem, portanto, três níveis de governança corporativa visa a dar maior
governança corporativa, dependendo do transparência às companhias por meio da
grau de compromisso adotado pela adoção de valores como fairness (senso
empresa. As companhias de nível “2” e de justiça), disclosure (transparência nas
do “novo mercado” são obrigadas a informações), accountability (prestação
aderir à Câmara de Arbitragem da de contas) e compliance (conformidade
própria Bovespa para dirimir conflitos no cumprimento de normas).
societários, sendo obrigadas a se vincular O Regulamento do Novo
ao regulamento da Câmara de Mercado traz um conjunto de regras e
Arbitragem do Mercado, enquanto que práticas de governança, conforme Anexo
as companhias de nível “1” não I À Resolução CMN nº 2.829/ 2001,
necessitam adotar tal medida. Os entre eles a obrigatoriedade da adoção da
participantes da Câmara de Arbitragem arbitragem, mediante cláusula
do Mercado, instituída pela Bovespa são: compromissória arbitral, para as
a própria Bovespa, companhias abertas Sociedades Anônimas classificadas
do “novo mercado” e do nível “2”, como Novo Mercado e Nível 2,
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159
estipulando-se ainda compulsoriamente investindo cada vez mais na
o árbitro, qual seja, a Câmara de implementação da Governança
Arbitragem do Mercado (CAM). Os Corporativa, tendo em vista inúmeras
participantes do mercado de ações se vantagens, como a utilização da
tornam automaticamente, após arbitragem, criticando a Diretiva 2014-
assinarem o Termo de anuência, 65 adotada pela União Europeia, por
subordinados ao Regulamento da apenas encorajar o uso dos mecanismos
CAM.250 de resolução extrajudicial de conflitos,
Contudo, questiona-se se é mas não os obrigar, como presenciado no
possível em termos de legitimidade e mercado financeiro brasileiro,
constitucionalidade a adoção da questionando, contudo, a
governança corporativa a ponto de obrigatoriedade apenas no tocante ao
alterar a natureza jurídica e característica investidos de fundos atrelados a papeis
de um instituto jurídico implicando em Nível Novo mercado.
abusiva interferência do poder Por conseguinte é de se frisar o
econômico e do sistema econômico no entendimento do Brasil nesta questão
Direito. contrário ao da Europa consoante seu
Luiz Fernando do Vale de principal instrumento jurídico, a Diretiva
Almeida Guilherme251 aponta que as pela União Europeia 2014-65 do
Instituições do mercado de capitais vêm Parlamento Europeu, o qual ressalva a

250
Anexo I À Resolução CMN nº 2.829/ 2001. 13.1 Arbitragem. A BM&FBovespa, a
Cláusula compromissória” consiste na cláusula Companhia, o Acionista Controlador, os demais
de arbitragem, mediante a qual a companhia, seus acionistas da Companhia, os Administradores e
acionistas, administradores, membros do os membros do conselho fiscal da Companhia
conselho fiscal e a BM&FBovespa obrigam-se a comprometem-se a resolver toda e qualquer
resolver, por meio de arbitragem, perante a disputa ou controvérsia relacionada com ou
Câmara de Arbitragem do Mercado, toda e oriunda deste Regulamento de Listagem, do
qualquer disputa ou controvérsia que possa surgir Contrato de Participação no Novo Mercado, do
entre eles, relacionada com ou oriunda, em Regulamento de Sanções, das Cláusulas
especial, da aplicação, validade, eficácia, Compromissórias, em especial, quanto à sua
interpretação, violação e seus efeitos, das aplicação, validade, eficácia, interpretação,
disposições contidas na Lei das Sociedades por violação e seus efeitos, por meio de arbitragem,
Ações, no estatuto social da Companhia, nas perante a Câmara de Arbitragem do Mercado,
normas editadas pelo Conselho Monetário nos termos do seu Regulamento de Arbitragem.
Nacional, pelo Banco Central do Brasil e pela 13.2 A informação sobre a existência e a
Comissão de Valores Mobiliários, bem como vinculação da Companhia à Cláusula
nas demais normas aplicáveis ao funcionamento Compromissória de arbitragem deve constar da
do mercado de valores mobiliários em geral, página da Companhia na rede mundial de
além daquelas constantes deste Regulamento de computadores.
251
Listagem, do Regulamento de Arbitragem, do Luiz Fernando do Vale de Almeida
Regulamento de Sanções e do Contrato de Guilherme, “Arbitragem na Bolsa de Valores de
Participação no Novo Mercado. São Paulo (B3) e Madrid (Bme)”, p. 38-39; p. 40-
43 e ss.; p. 93 e nota 52 e ss.

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160
natureza facultativa da adoção do pelo diferente; aí estaria a santidade, com
instituto da arbitragem, ao apenas sugerir tudo que tem de próximo, não só
sua utilização por parte dos agentes semanticamente, da sanidade, do que é
econômicos de meios extrajudiciais de são e saudável.
solução de controvérsias. Por conseguinte, ao analisarmos
a obrigatoriedade da utilização da
6. CONCLUSÃO arbitragem em certos casos afetos ao
Mercado de Capitais no Brasil,
Partindo-se do conceito de Niklas promovendo-se com isso interesses
Luhmann do Direito como sistema econômicos do mercado de capitais e do
imunológico da sociedade, ocorre o risco sistema neoliberal, excludente, egoísta,
da autoimunidade, quando o Direito que promove uma verdadeira lei da selva
(Estado) ao invés de defender ataca e da seleção natural, descartando milhões
membros da sociedade. A crise de pessoas de todos os aspectos sociais,
autoimunitária revela-se também como promovendo a pobreza da grande parcela
uma crise de desdiferenciação, como da população, verifica-se a
corrupção sistêmica. Ocorre a crise (i)legitimidade do Direito como aí está
autoimunitária como corrupção produzido, já que altera a natureza
sistêmica quando a ordem jurídica não jurídica do instituto jurídico da
consegue mais decidir os conflitos com arbitragem, afrontando o Princípio da
base no código binário direito/não direito inafastabilidade da jurisdição, e
(lícito/ilícito), passando a utilizar outros tampouco promove a proteção adequada
códigos, de outros subsistemas, como do consumidor, direito fundamental
ter/não ter, ou poder/não poder, consagrado na Constituição Federal. Os
ocorrendo a alopoiese do direito. O excluídos vinculam-se ao conceito de
Direito, estaria situado entre o real da homo sacer desenvolvido por Giorgio
violência, que é atual, e o ideal da justiça, Agamben, vinculando-se ao de “estado
que é eterno e, logo, por definição, de exceção”, o qual se faz presente
divino – com o potencial de suprimir quando o Estado ao não mais cumprir
cada vez mais a violência, nas relações seu papel de proteção da dignidade
humanas, para torná-las, propriamente, humana e direitos fundamentais e
isso: uma relação proporcional entre humanos de todas as parcelas da
seres dotados de humanidade, com população, deixa grande parte desta à
respeito mútuo, e respeito pela diferença,
Revista de Direito Civil, ISSN 2596-2337, v. 1, n. 2, jul./dez. 2019
161
deriva, para além da linha abissal, como resultado da dupla excesso e mal-
tornando-se invisíveis ou mortos-vivos. estar, mas, visto de forma positiva, as
Destarte, do que se trata é da crises propiciam o questionamento,
constatação de que vivemos em como uma espécie de pharmakon, fonte
verdadeira corrupção sistêmica, de perigo, mas também de oportunidade.
tomando-se como ponto de partida a Marcelo Neves explica o
teoria de Niklas Luhmann, já que os conceito de alopoiese do direito atrelado
subsistemas do sistema global da ao conceito por ele desenvolvido de
sociedade mundial, com ênfase aqui ao “Constituição simbólica”, quando há
Direito e à Política, não vêm cumprindo uma expansão da esfera do político em
com sua função, encontrando-se em detrimento do desenvolvimento
processo de desacoplamento estrutural e autônomo de um código específico de
desdiferenciação. Vivemos um momento diferença entre lícito e ilícito. Isto
de todo o tipo de crises. “Crise” aconteceria no caso de leis
etimologicamente significa “julgar”, supraconstitucionais ou de textos
“separar”. A crise da modernidade pode constitucionais de exceção252. Com
ser constatada como uma crise de relação à legislação simbólica sustenta
desdiferenciação, que é o que estamos Kinderman, relembrado pelo A., que se
vivendo em escala mundial. A crise vem trata de um mecanismo de negação da
justamente da diferenciação, da diferença entre sistemas político e
individuação. Há uma crise da jurídico, em detrimento da autonomia do
diferenciação social, pois tem um último. É colocada em xeque a
sistema devorando outros sistemas. autonomia do Direito. Segundo Marcelo
Anarquia sistêmica. Inputs e outputs Neves ocorre a politização
desgovernados na nova Torre de Babel dejuridicizante da realidade
pós-apocalíptica. Algumas das atuais constitucional, respaldada nas relações
crises em que vivemos podem ser econômicas. Parafraseando Habermas:
verificadas com características trata-se da colonização política e
sistêmicas, as quais, por sua vez, econômica do mundo do Direito. A
agravam as incertezas já dominadoras de constitucionalização simbólica como
nossa subjetividade. Crise sistêmica alopoiese do sistema jurídico é um

252
Marcelo Neves. “A constitucionalização
simbólica”, 3ªEd. São Paulo: Martins Fontes,
2011, p. 130 e ss.; p. 147.

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162
problema típico de um Estado periférico cotidiano, para além, portanto, da
como o Brasil.253 positividade e do formalismo que
Trata-se, portanto, da questão atualmente predominam, favorecendo o
estudada desde sempre e cada vez mais debate de ideias e uma melhor
tanto na filosofia como nas ciências consideração de questões atuais de suma
sociais, da origem das sociedades e seu importância para uma maior
vínculo com a violência, mais compreensão do ser humano próprio
recentemente relacionada com o tema do Direito. Assim, ao nos aprofundarmos na
bando e do abandono (banimento), questão do que se anuncia como uma
através de conceitos como o de homo crise autoimunitária do Direito e
sacer. Um Estado Democrático de buscarmos alternativas à ela, evitaremos
Direito, portanto, deverá estar com isso que o Direito destrua quem
comprometido com o respeito aos deveria proteger, os seres humanos, quer
direitos fundamentais de todas as seja por um excesso de proteção, quer
parcelas da população e não fomentar seja pelo fenômeno da exclusão,
ainda mais a discriminação por meio de evidenciada nos casos que se repetem
políticas públicas na maioria das vezes com cada vez mais frequência, do homo
voltadas a setores abastados da sacer, do “estado de exceção” que se
população ou então pela não observância tornou a regra (Giorgio
dos princípios constitucionais do acesso Agamben/Walter Benjamin), o que pode
à justiça e da inafastabilidade da ser vislumbrado em qualquer
jurisdição. Somente desta forma o ordenamento jurídico das sociedades de
Estado de Direito não será mais um cunho ocidental.
estado de exceção, em que grande
parcela da população se vê em uma REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
situação de exclusão-inclusiva, ou de
AMARAL, Guilherme Rizzo.
suspensão.
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Verifica-se, destarte, a Arbitragem, São Paulo: Thomson
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para a vida humana, desmistificando-o
Internacional Privado. Conteúdo
como ciência e prática distantes do jurídico. Brasília. Disponível em:
<http://www. conteúdojurídico.com.br>

253
Ibidem, p. 147 e ss.

Revista de Direito Civil, ISSN 2596-2337, v. 1, n. 2, jul./dez. 2019


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