Você está na página 1de 22

Escola Superior da Amazônia

Curso de Psicologia

GRAZIELE DE BARROS TELES


LÍVIA CASTILHO COELHO
RAYANNE BATISTA SILVA

PSICOLOGIA HOSPITALAR
Atuação do psicólogo junto ao paciente oncológico e seus familiares diante da iminência de
morte.

Belém
2019
GRAZIELE DE BARROS TELES
LÍVIA CASTILHO COELHO
RAYANNE BATISTA SILVA

PSICOLOGIA HOSPITALAR
Atuação do psicólogo junto ao paciente oncológico e seus familiares diante da iminência de
morte.

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado como


requisito parcial para obtenção do título de Psicólogo,
da Escola Superior da Amazônia (ESAMAZ).

Orientador: Prof. Me. Francisco Aires Neto.

Belém
2019
[H1] Comentário: OBSERVAÇÕES:

1- A Ficha Catalográfica deve ser


X000x Sobrenome, Nome do 1º autor. (citado na folha de rosto) impressa no verso da folha de rosto e deve
ter 7,5cm de altura e 12,5cm de largura;
Título principal: subtítulo./Nome completo do 1º autor, 2- X000x: é a Notação do autor – será
Nome completo do 2º autor, Nome completo do 3º autor; fornecido pelo Bibliotecário, conforme
orientação [de]. – Local: ano. sobrenome do 1º autor;
3- il.: para trabalhos com ilustrações
Nº de folhas.: il.(se houver ilustração); 30 cm. como: figuras, gráficos e tabelas;
4- Em Inclui Bibliografias verificar o
número da página em que se encontram as
Inclui bibliografias: f.(nº da folha em que se encontra) referências bibliográficas. Se houver mais
Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em) – de uma página, colocar a primeira e a
última. Ex. f. 92-94;
xxxxxxxx. 5- CDU: Número de classificação – será
fornecido pelo Bibliotecário, conforme
1. Assunto. 2. Assunto. 3. Assunto. I. Sobrenome, Nome do curso e tema do trabalho.
2º autor. II. Sobrenome, Nome do 3º autor. III. Sobrenome,
Nome do orientador (orient.). IV. ESAMAZ. Título.

CDU
GRAZIELE DE BARROS TELES
LÍVIA CASTILHO COELHO
RAYANNE BATISTA SILVA

PSICOLOGIA HOSPITALAR
Atuação do psicólogo junto ao paciente oncológico e seus familiares diante da iminência de
morte.

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado como requisito parcial para obtenção do título
de psicólogo pela Escola Superior da Amazônia (ESAMAZ).

Data de aprovação: ___/___/___


Banca Examinadora

____________________________________ - Orientador
Prof. ME FRANCISCO AIRES NETO.
MESTRE EM EDUCAÇÃO
Escola Superior da Amazônia (ESAMAZ).

____________________________________ - Examinador(a)
Prof.....
Maior Titulação
Faculdade ou Universidade
PSICOLOGIA HOSPITALAR
Atuação do psicólogo junto ao paciente oncológico e seus familiares diante da
iminência de morte.1.

Graziele de Barros Teles2


Lívia Castilho Coelho3
Rayanne Batista Silva4

Resumo
O presente trabalho surgiu da necessidade de compreender como o psicólogo pode atuar junto
ao paciente oncológico diante da iminência de morte no contexto hospitalar, considerando que
a morte é vista, por muitos, como algo aterrorizante, assustadora e inadmissível. O trabalho
seguiu preceitos do estudo exploratório, por meio de pesquisa bibliográfica, constituída por
livros e artigos científicos sobre o tema. Através desse artigo, descrevemos como a morte é
compreendida pela sociedade, como é feita a intervenção psicológica ao paciente oncológico
terminal, diante de seus sofrimentos e conflitos, pois a doença acaba com a previsibilidade da
vida, gerando um grande sofrimento em torno desse sujeito. A importância do acolhimento
psicológico aos familiares que desempenham um papel muito importante. A preparação do
luto antecipatório que facilita e minimiza dores naturais da perda de entes emocionalmente
importantes. Também abordamos como o profissional de saúde lida com suas próprias
emoções diante da morte. E explanamos sucintamente como o luto é interpretado para a
psicanálise, é necessário que o luto seja vivenciado respeitando o tempo de cada sujeito para
fazer a elaboração psíquica da perda. E como é feito com o sujeito no processo de
hospitalização. Um dos grandes desafios do psicólogo é fazer com que o paciente lide com a
morte, que pode ser um dos momentos mais difíceis da vida desse sujeito. Ao fim deste artigo
podemos concluir como a psicologia atua nesses espaços, e percebemos ainda mais a
importância de um psicólogo no contexto hospitalar.

Palavras-chave: Psicologia hospitalar. Paciente oncológico. Luto.

1
Artigo apresentado como requisito parcial para obtenção do Título de Psicólogo, da Escola Superior da
Amazônia (ESAMAZ). Orientador: Prof. Me. Francisco Aires Neto, Lattes:
<http://lattes.cnpq.br/8249594838074911>
2
Graduanda do curso de Psicologia ESAMAZ - 2019 – Email: grazyteles_@hotmail.com.
Lattes<http:/lattes.cnpq.br/7688379209337349>
3
Graduanda do curso de Psicologia ESAMAZ - 2019 - Email: liviacastilho1@hotmail.com.
Lattes<http:/lattes.cnpq.br/4349701457693381>
4
Graduanda do curso de Psicologia ESAMAZ - 2019 - Email: rayannebatista@hotmail.com.
Lattes<http:/lattes.cnpq.br/0078884368783642>
ABSTRACT
The present work arose from the need to understand how the psychologist can act with the
cancer patient in the face of the imminence of death in the hospital context, considering that
death is seen by many as something terrifying, frightening and inadmissible. The work
followed precepts of exploratory study, through bibliographic research, consisting of books
and scientific articles on the subject. Through this article, we describe how death is
understood by society, how psychological intervention is performed to terminal cancer
patients, in the face of their sufferings and conflicts, because the disease ends the
predictability of life, generating a great suffering around this subject. The importance of
psychological reception to family members who play a very important role. The preparation
of anticipatory mourning that facilitates and minimizes natural pains of the loss of
emotionally important entities. We also approach how the health professional deals with his
own emotions in the face of death. And we briefly explain how mourning is interpreted for
psychoanalysis, it is necessary that grief be experienced respecting the time of each subject to
make the psychic elaboration of loss. And how it is done with the subject in the
hospitalization process. One of the great challenges of the psychologist is to make the patient
deal with death, which can be one of the most difficult moments in this subject's life. At the
end of this article we can conclude how psychology acts in these spaces, and we further
understand the importance of a psychologist in the hospital context.

Key-words: Hospital psychology. Cancer patient. Mourning.


Sumário

1 Introdução ........................................................................................................................... 8
2 Iniciando os trabalhos de pesquisa...................................................................................... 9
3 Terminalidade e morte ...................................................................................................... 10
4 Sofrimento e conflitos: intervenção psicológica ao paciente oncológico terminal ............ 11
5 A importância do acolhimento psicológico aos familiares ................................................. 14
5.1 Luto antecipatório ...................................................................................................... 14
6 O profissional de saúde diante da morte ............................................................................ 15
7 O luto e a psicanálise no contexto hospitalar .................................................................... 17
8 Considerações finais ......................................................................................................... 18
Referências .......................................................................................................................... 21
8

1 Introdução

Desde o princípio da sociedade, a morte é um tema que por um lado atrai e por outro
assusta a humanidade. O fato mais perturbador é que a morte é um lugar inalcançável aos que
estão vivos. Doutrinas filosóficas quanto religiosas dedicam-se em reflexões, na tentativa de
explicar, elucidar, e compreender seu propósito. Cada cultura explica a morte de forma
particular, cada um tenta eternizar seu ponto de vista, veiculadas de formas diversas, de geração
em geração. Na formação da tradição cultural, morte e nascimento representam assuntos de
relevância primordial, fundamentais para a construção da identidade de cada grupo social
(MENDES; LUSTOSA; ANDRADE, 2009).
Há diferentes formas de lidar e atuar diante da experiência da morte de acordo com o
setor em que o psicólogo está inserido. A escuta é a principal técnica utilizada pelo psicólogo,
pois proporciona ao paciente um acolhimento eficaz diante da fala do mesmo em relação aos
seus sentimentos perante a morte. Segundo Moreira et al. (2012), o objetivo da psicologia
hospitalar é a minimização do sofrimento causado pela hospitalização ao paciente, prevenindo
futuras decorrências emocionais que venham por conta dessa hospitalização.

No hospital, a atuação do psicólogo se dá ao nível de comunicação, reforçando o


trabalho estrutural e de adaptação do paciente e familiar ao enfrentamento da intensa
crise. Nesta medida, a atuação deve se direcionar em nível de apoio, atenção,
compreensão, suporte ao tratamento, clarificação dos sentimentos, esclarecimentos
sobre a doença e fortalecimento dos vínculos familiares. Portanto, a atuação do
psicólogo é permeada por uma multiplicidade de solicitações como: preparação do
paciente para procedimentos cirúrgicos (pré e pós-operatório), exames, auxílio ao
enfrentamento da doença e seu tratamento, atenção aos transtornos mentais associados
à patologia, tornando o paciente ativo no seu processo de adoecimento e
hospitalização. (CANTARELLI, 2009, p. 139-140).

O papel do psicólogo no âmbito hospitalar é minimizar o sofrimento que o processo de


hospitalização causa nos pacientes, oferecendo condições mínimas para que este processo
ocorra da melhor maneira possível. Durante a internação os pacientes sofrem com a
despersonalização acabam virando um número de leito, sofrem com a perda de privacidade,
ocorrem mudanças na rotina, mudanças nos hábitos alimentares e tudo isso interfere
negativamente no seu processo de recuperação e enfrentamento da doença (CANTARELLI,
2009).
O psicólogo estabelece vínculos com o paciente, oferece escuta qualificada, dá
orientações, suporte emocional. O psicólogo ouve as angústias e medos dos pacientes e o ajuda
a dar um significado para o que está sentindo. Durante a escuta o psicólogo sustenta a angústia
9

do paciente, para que este consiga fazer a elaboração simbólica da doença (CANTARELLI,
2009).
Segundo Sampaio e Lohr (2008), na atuação do tratamento de pacientes com
diagnóstico de câncer, o psicólogo se empenha por minimizar os efeitos causados pela doença,
de modo a facilitar a reintegração desse paciente à sociedade e a uma rotina mais próxima
possível da que se tinha antes do diagnóstico. Desse modo, evita-se o surgimento de
complicações de ordem psicológica que possam interferir no campo profissional, afetivo e
social tanto do sujeito em tratamento quanto na de seus familiares.
Ferreira & Mendes (2011), dizem que o psicólogo, ao atuar com paciente
terminal, deve trabalhar com a tríade: paciente, sua família e equipe, pois todos estão
envolvidos na mesma luta cada um compondo um dos ângulos desse processo. O psicólogo
deve atuar como um canal, um facilitador do fluxo das emoções e reflexões.
O tema escolhido partiu diante da necessidade de compreender de que maneira o
psicólogo hospitalar pode atuar com o paciente oncológico e seus familiares diante da
iminência da morte, sabendo que a morte é vista, por muitos, como algo aterrorizante,
assustadora e inadmissível.
Para a elaboração deste artigo partimos do preceito de estudo exploratório, a partir de
uma pesquisa bibliográfica constituída por livros e artigos científicos, tendo como base a
psicologia hospitalar.
Através desse artigo, propomos descrever como a morte é compreendida pela
sociedade; a atuação do psicólogo junto ao paciente oncológico; importância do atendimento
psicológico aos familiares do paciente terminal; o profissional de saúde diante da morte; o luto
e a psicanalise no contexto hospitalar. Todo o conteúdo foi desenvolvido a partir de materiais já
elaborado, constituído de livros e artigos científicos acessados em plataformas digitais, como
Lilacs, Scielo e artigos publicados na revista SBPH.

2 Iniciando os trabalhos de pesquisa

O presente trabalho seguiu os preceitos do estudo exploratório, por meio de uma


pesquisa bibliográfica, que, segundo Gil (2008, p. 50), “é desenvolvida a partir de material já
elaborado, constituído de livros e artigos científicos”. Nesta perspectiva, a proposta do Gil
(2008) foi utilizada nas seguintes etapas: 1º etapa a qual foi constituída por fontes as quais
forneceram as respostas adequadas à solução do problema proposto e 2º etapa, a qual foi
constituída pelas premissas que seguiu as coletas de dados deste trabalho.
10

Seguindo a linha de raciocínio de Gil (2008), as fontes que nos forneceram respostas
adequadas à solução do problema proposto foram: 11 livros, divididos em psicologia
hospitalar: intervenção ao paciente oncológico terminal e apoio psicológico aos familiares, e
outros livros relacionados à contextualização sobre a história da morte na sociedade, em idioma
português, disponíveis online em texto completo, publicados no período de 1994 a 2014.
Artigos científicos sobre a temática foram acessados nas plataformas digitais: Lilacs,
Scielo e artigos publicados na revista SBPH nos últimos 10 anos (2007 a 2017). Foram
utilizados 19 artigos nacionais disponíveis online em texto completo. Os seguintes descritores
foram aplicados: terminalidade e morte; sofrimento e conflitos: intervenção psicológica ao
paciente oncológico terminal; a importância do acolhimento psicológico aos familiares, luto
antecipatório e o luto na visão psicanalítica.
Para a seleção das fontes, foram consideradas como critério de inclusão as
bibliografias que abordassem sobre a atuação do psicólogo hospitalar junto ao paciente
oncológico terminal e familiar. Foram excluídas aquelas que não atenderam a temática e o
objetivo deste trabalho.
A coleta de dados seguiu a seguinte premissa: leitura exploratória de todo o material
selecionado (leitura rápida que objetiva verificar se a obra consultada é de interesse para o
trabalho); leitura seletiva (leitura mais aprofundada das partes que realmente interessam);
registro das informações extraídas das fontes em instrumento específico (autores, ano e
fundamentação teórica).

3 Terminalidade e morte

A preocupação com a morte sempre esteve presente nas diferentes sociedades ao


longo dos tempos. As angústias sobre a finitude sofrem transformações de acordo com
a sociedade e com a época, com diferenciações na forma de encarar a morte e de
conviver com os mortos. A morte é um acontecimento que coloca em evidência a
finitude do homem, a sua insignificância perante o universo infinito (SILVA; SILVA,
2017, P.2).

Os seres humanos, pela sua complexidade biológica e pela forma de se comportar e de


ver o mundo à sua volta, se caracterizam como o ser mais extraordinário dentre as mais
diversas formas de vida existentes na terra. É a única espécie dotada de cultura que consegue
dar significado ao mundo que o rodeia. Ele não apenas refaz o ambiente em que vive como
também o transforma, por meio da atividade racional e do trabalho (SILVA; SILVA, 2017).
À medida que o tempo foi passando, o homem começou a ter ciência sobre a vida e
começou a indagar sobre si mesmo, sobre sua própria existência, sobre a finalidade e o sentido
11

da vida. Ao voltar seu olhar para o horizonte e para os mistérios da natureza, o ser humano
passou a se preocupar com os mistérios da vida, e a sua preocupação se voltou para o maior
destes mistérios: a morte (SILVA; SILVA , 2017).
De acordo com Lopes e Pereira (2014), com o passar do tempo e com o avanço da
tecnologia, a morte passou a ocorrer nos hospitais e foram descobertas causas e curas para
diferentes enfermidades, contribuindo, nesse sentido, para o aumento dos anos de vida da
população e para uma mudança em relação ao modo de lidar com a morte. Mesmo com as
grandes transformações históricas e culturais, vemos que nos dias de hoje falar sobre a morte
não é algo fácil, ainda representa um tabu.
Segundo Kovács (2008), no meio hospitalar, a morte traz consigo uma gama de
significados culturais que foi criado ao longo da existência humana. Antigamente a morte era
vista com certa naturalidade. A terminalidade era algo comum, apenas um evento habitual. As
casas eram locais de repouso e rituais eram feitos como despedida, a qual envolvia toda família
e comunidade.
Cada pessoa teme a morte de uma forma diferente. Em função disso, Kovács (2008),
afirma que a morte deve ser considerada sob duas concepções: a morte do outro, como o medo
da ausência e da separação; e a própria morte, que é a compreensão da própria finitude, de
como e quando ocorrerá fim. Cada pessoa ao refletir sobre a finitude compara a sua própria
morte aos seguintes aspectos: medo de morrer, medo do que vem após a morte e o medo da
extinção.
O medo da morte é característico ao processo de desenvolvimento e está presente em
todos os seres humanos. É um medo básico, da qual ninguém fica imune, por mais que possa
estar mascarado. O medo da morte tem um lado vital e por isso faz-se necessário estar presente
em certa proporção. Ele é a expressão do instinto de auto conservação, uma forma de proteção
à vida e uma oportunidade de vencer os instintos destrutivos (KOVÁCS, 2008).

4 Sofrimento e conflitos: intervenção psicológica ao paciente oncológico


terminal
O câncer é uma doença que se caracteriza pela perda do controle da divisão celular e a
capacidade de invadir outras estruturas orgânicas (metástases), pois essas células tendem a ser
muito agressivas e invasivas, determinando a formação de tumores, desencadeados a partir de
um crescimento celular desordenado. O tratamento para o câncer pode ser a cirurgia, a
12

quimioterapia, a radioterapia, a hormonioterapia ou o transplante de medula óssea, sendo


necessária, em muitos casos, a combinação dessas modalidades (INCA 2009).

A evolução do câncer varia de acordo com tipo, a idade do paciente e início do


tratamento. Dessa forma, o câncer pode apresentar: remissão dos sintomas e controle; cura, que
ocorre quando o paciente não apresenta sintomas após 10 anos da última sessão de tratamento;
recidiva que ocorre quando os sintomas voltam, sendo necessários novos ciclos de tratamento;
e preparação para cuidados paliativos, que são necessários quando não existem possibilidades
de tratamento e cura. O psicólogo está presente na equipe de saúde e pode estar presente desde
a entrada do paciente e da família no hospital, participando de todas as fases da doença e do
tratamento.(GURGEL; LAGE, 2013, P. 84).

Lidar com pacientes oncológicos é envolver-se com a prevenção, o tratamento, a


reabilitação e a fase terminal da doença, visando ao atendimento integral do paciente para
diminuir o sofrimento inerente ao processo da doença. No hospital é preciso olhar para as
pessoas doentes e não para a doença, evidenciando o sujeito acometido pelo câncer dentro da
sua história pessoal, ou seja, lembrar que ali existe um sujeito, não alguém que está com
determinado tumor e nomeá-lo como tal. (CAMON, 1994).
A doença acaba com a previsibilidade da vida. Quando o paciente adoece ele fica mais
próximo da morte e começa a pensar na finitude, e com isso gera um grande sofrimento em
torno desse sujeito. É natural que ocorra ao longo do processo de hospitalização, mesmo que
esse paciente seja emocionalmente forte, o aparecimento de conflitos no processo de aceitação
do estado terminal em que se encontra; assim também como no tratamento de feridas
emocionais não curadas, as desilusões, os arrependimentos, as preocupações com planos que
estão em andamento, dentre diversas razões que envolvam a vida, a doença e a morte
(DOMINGUES et al., 2013).
O psicólogo deve-se consolidar um diferencial no atendimento, manter o acolhimento
focando nas emoções causadas devido à possibilidade de morte iminente, da ansiedade pela
probabilidade da separação de pessoas queridas, situações e lugares. Além disso, pode-se levar
o paciente a relembrar e relatar suas principais experiências de vida como os vínculos
estabelecidos e as representações da morte, oferecendo, com isso, um atendimento humanizado
diante da situação atual (HABERKORN, 2004).
Para a maioria dos pacientes é muito difícil aceitar que a morte está próxima, quando
é diagnosticado com câncer e quando este se encontra em estágio avançado, sabendo da
possível morte, à tendência a depressão aumenta. A qualidade de vida muda significativamente,
13

é necessário um reajuste no modo de vida dessas pessoas, em todas as áreas, seja emocional,
sócio afetiva, espiritual. O psicólogo deve oferecer a escuta deste sujeito adoentado para falar
de si, do adoecer, da vida ou da morte, dos seus pensamentos mediante a esta situação, dos seus
sentimentos, dos seus temores, do seu desejo, daquilo que quiser falar (CAMON, 2006).
O Psicólogo vai trabalhar com o intuito de facilitar a compreensão dos sentimentos do
seu paciente diante da morte, assim como aproximá-lo de relações com as quais ele deseje se
acercar, é tarefa totalmente favorável para a qualidade de morte de um paciente terminal. O
paciente oncológico terminal é um ser humano que está vivendo um emaranhado de emoções
que incluem ansiedade, angústias, tristeza, negação. É direito do paciente saber sobre si no
hospital, sobre seu diagnóstico, e infelizmente muitos não obtém essas informações e passam a
sentir-se rejeitados (CAMON, 2006).

No atendimento de sujeitos com câncer, as funções do psicólogo devem: favorecer a


adaptação dos limites, das mudanças impostos pela doença e da adesão ao tratamento; auxiliar
no manejo da dor e do estresse associados à doença e aos procedimentos necessários; auxiliar
na tomada de decisões; preparar o paciente para a realização de procedimentos invasivos
dolorosos, e, enfrentamento de possíveis consequências dos mesmos; promover melhoria da
qualidade de vida; auxiliar a aquisição de novas habilidades ou retomada de habilidades
preexistentes; e revisão de valores para o retorno à vida profissional, familiar e social ou para o
final da vida (SCANNAVINO et al, 2013, P. 37).

O trabalho do psicólogo não se restringe somente a escuta qualificada do sujeito


adoentado, mas também auxiliar no tratamento, no acompanhamento dos pacientes na
preparação de procedimentos cirúrgicos, que muitas vezes são dolorosos e invasivos. Dar
orientações e suporte aos familiares que também se angustiam pela espera de não saber o que
está ocorrendo com o paciente.
Por isso é de suma importância ter um olhar direcionado aos aspectos psicológicos do
sujeito durante o adoecimento. Utilizando-se uma escuta para além da doença, visando o bem-
estar global do paciente como um todo: seus aspectos físicos, psicológicos e sociais. Sem
deixar de lado sua singularidade. Compreendendo todo o seu processo de adoecimento
vinculando-se a uma parte integrada a equipe multidisciplinar, visando uma qualidade de vida
ao paciente, independente do seu diagnóstico e prognóstico.
14

5 A importância do acolhimento psicológico aos familiares

Segundo Soares (2007, p.482), “os familiares têm necessidades específicas e


apresentam frequências elevadas de estresse, distúrbios do humor e ansiedade durante o
acompanhamento da internação, e que muitas vezes persiste após a morte de seu ente querido”.
A família do paciente terminal tem que ser levada em conta, pois no processo do adoecimento
eles desempenham um papel muito importante e suas reações muito contribuem para a própria
reação do paciente.
Ainda segundo o autor, nas situações de terminalidade, os familiares de pacientes têm
necessidades específicas: estar próximo ao paciente; sentir-se útil para o paciente; ter
consciência das modificações do quadro clínico; compreender o que está sendo feito no
cuidado e o motivo; ter garantias do controle do sofrimento e da dor; estar seguro de que a
decisão quanto à limitação do tratamento curativo foi apropriada; poder expressar os seus
sentimentos e angústias; se confrontado e consolado e encontrar um significado para a morte do
paciente.

O psicólogo tem como foco: auxiliar na reorganização egóica frente ao sofrimento;


facilitar e trabalhar medos, fantasias, angústias, ansiedades; enfrentamento da dor,
sofrimento e medo da morte do paciente; detectar e trabalhar focos de ansiedade,
dúvidas; facilitar e incentivar vínculo com a equipe de saúde; detectar e reforçar
defesas egóicas adaptativas, etc. Também importante é o trabalho do psicólogo na
facilitação da comunicação da família com o próprio paciente, para que se possa,
muitas vezes, auxiliar na solução de situações emocionais muitas vezes vividas como
difíceis durante a convivência anterior ao advento da doença terminal. Não raro, se
pode proporcionar elucidação de situações existenciais mal resolvidas, gerando alívio
de culpas, ressentimentos e dores, frutos de relações neurotizadas pela convivência
existencial prévia. A preparação de um luto antecipatório, sempre facilita e minimiza
dores naturais da perda de entes emocionalmente importantes. (MEDEIROS;
LUSTOSA, 2009, p.169).

5.1 Luto antecipatório

De acordo com Bromberg, (1994 apud Medeiros et al., 2011, p.208), “o luto não
começa com a morte. É determinado a partir da qualidade das relações familiares existentes
antes dela, pela qualidade dos vínculos estabelecidos e, também, afetado por condições atuantes
mais próximas à morte propriamente dita.” O luto, mesmo quando considerado normal, não
quer dizer que não vai ser doloroso ou que não exija um grande esforço de adaptação às novas
condições de vida, tanto por parte de cada um dos indivíduos afetados quanto no sistema
familiar, que também sofre impacto em seu funcionamento e em sua identidade.

O cuidado dos familiares é um das partes mais importantes do cuidado global dos
pacientes internados. A atuação do psicólogo deve se dar ao nível de comunicação,
reforçando o trabalho estrutural e de adaptação desses familiares ao enfrentamento da
15

intensa crise que se apresenta, e que lhes pode desestruturar. Nessa medida, a atuação
deve se direcionar em nível de apoio, atenção, compreensão, suporte ao tratamento,
clarificação dos sentimentos e fortalecimento dos vínculos familiares. (ANDRADE et
al., 2009, p.169).

A preparação de um luto antecipatório, sempre facilita e minimiza dores naturais da


perda de entes emocionalmente importantes. Os familiares ao pensarem na possibilidade de
perder os pacientes sofrem e vivenciam várias fases entre elas: a negação, a raiva, depressão e
aceitação. A fase da negação os familiares tentam não admitir a gravidade da doença e pensam
na possibilidade de ter havido um erro no diagnóstico.
Na fase da raiva, é esperado um questionamento da vontade divina e do poder da
equipe, uma vez que a melhora está demorando a vir. O familiar passa a experimentar outros
sentimentos, com forte carga de ambivalência afetiva, podendo tornar-se hostil e agressivo ao
meio que o rodeia e mesmo em relação a Deus. Nesse momento penoso, o sentimento
predominante é de impotência, alternando-se com momentos de revolta e franca hostilidade
(MEDEIROS; LUSTOSA, 2011).
Na fase da depressão a angústia está presente, pois os familiares percebem que não há
melhora no quadro clínico do paciente, o que leva a percepção da perda iminente, e do aumento
da dor psíquica, pois começa a se esboçar o contato nítido com o início do fim. Sentimento de
culpa e insegurança, tristeza e pesar, retornam com maior intensidade. São características dessa
fase a introspecção e o isolamento, episódios de choro e profunda tristeza (MEDEIROS;
LUSTOSA, 2011).
A fase da aceitação é o estágio da quietude e do isolamento. A vontade de lutar cessa
gradualmente e a necessidade de descanso aumenta. A aceitação da morte do familiar não
significa perder a esperança de vida, mas não mais temer ou se angustiar intensamente ao entrar
em contato com a perda inevitável. É o aprendizado do desinvestimento afetivo, necessário
para que se possa elaborar o desligamento e a separação que estão por advir. É um tempo
precioso e ao mesmo tempo delicado da resignação, que se bem elaborada propicia uma maior
harmonia consigo mesmo (MEDEIROS; LUSTOSA, 2011).

6 O profissional de saúde diante da morte

A morte gera sentimento e expectativa diferente para cada profissional da área da


saúde e todos estes profissionais possuem algo em comum: a morte como companheira de
trabalho. Os profissionais de saúde possuem formas de defesas e posturas diante do paciente
terminal, sabendo que cada um possui a sua própria forma de trabalhar e sua forma pessoal de
lidar com dor e perda (MAGALHÃES; MELO, 2015).
16

Alguns profissionais não têm o preparo necessário para lidar com uma situação de luto
mal elaborado, ignorando por completo qualquer um dos estágios, a fim de acelerar a
melhora do paciente reduzindo o prazo que o próprio emocional do enlutado estipula.
Assim sendo, deixam passar despercebidas situações onde o paciente está estagnado
em uma das etapas do processo, diagnosticando uma série de patologias sem
conseguir identificar o real motivo pelo qual o paciente se encontra em sofrimento. A
superação de uma perda está diretamente ligada a maneira que o sujeito enfrenta os
acontecimentos a sua volta, isso vai depender da sua personalidade, do momento em
que se encontra na vida e o grau de importância que esse objeto tem na sua existência.
Incluem ainda questões de tolerância a frustrações e as experiências com perdas
anteriores (Gomes; Gonçalves, 2015).

A maneira que o profissional irá lidar com questões da morte e do morrer vai depender
de vários fatores: de sua experiência em relação a morte; de sua história pessoal de perdas e a
elaboração dos processos de luto; da cultura da qual está inserido, que influência nas suas
representações de morte, de como o luto é vivenciado e a sua capacitação em serviço
(KOVÁCS, 2010).
Quando há a permanência do paciente no hospital, consequentemente, alguns
profissionais da saúde acabam criando um vínculo afetivo e a morte deste pode se transformar
em uma grande perda, um luto para esses profissionais. A aproximação do profissional pode ser
benéfica para o paciente, no sentido de trazer bons sentimentos que contribuem para a saúde
mental produzindo efeitos positivos em relação aos sintomas, mas essa aproximação pode ser
negativa para o profissional que é o desligamento com o paciente após a morte (MOCELIN et
al, 2014).
Conviver com paciente que está em fase terminal possui sempre presente o espectro da
morte, mesmo que o paciente não demonstre essa presença. Diante da morte a angústia toma
conta da equipe, ela representa de fato um trabalho, pois os cuidados da equipe não terminam
com o fim da vida de seu paciente. Para os psicólogos existe a espera do reconforto dos
familiares e amigos; para os enfermeiros e médicos o cuidar do corpo, desligar e desconectar
aparelho, retirar sondas e agulhas, limpar e dar banho (MAGALHÃES; MELO, 2015).
Os profissionais de saúde não estão imunes aos seus sentimentos, pois este convívio
com dor, perda e morte traz ao profissional a vivência de seus processos internos, sua
fragilidade, vulnerabilidade, medos e incertezas. Dessa forma compreendemos que diante da
morte mal elaborada, faz-se necessário a busca por ajuda, seja por terapia ou supervisão para
que assim o psicólogo e a equipe multidisciplinar saiba lidar com suas próprias angústias e
sofrimentos em relação à perda (KOVÁCS, 2010).
17

7 O luto e a psicanálise no contexto hospitalar

O luto é caracterizado como uma perda de um elo significativo entre uma pessoa e seu
objeto, portanto um fenômeno mental natural e constante durante o desenvolvimento
humano. A ideia de luto não se limita apenas à morte, mas o enfrentamento das
sucessivas perdas reais e simbólicas durante o desenvolvimento humano. Deste modo,
pode ser vivenciado por meio de perdas que perpassam pela dimensão física e
psíquica, como os elos significativos com aspectos pessoais, profissionais, sociais e
familiares do indivíduo. O simples ato de crescer, como no caso de uma criança que se
torna adolescente, vem com uma dolorosa abdicação do corpo infantil e suas
significações, igualmente, o declínio das funções orgânicas advindo com o
envelhecimento. (CAVALVANTI; SAMCZUK; BONFIM, 2013 p. 88).

Para Freud o luto não ocorre de maneira inconsciente, é totalmente consciente, o sujeito
sabe o que perdeu. A elaboração da perda ocorre de forma gradativa, que aos poucos vai sendo
superada. Durante a vida o sujeito faz investimentos libidinais, ao ser perdido o objeto de amor,
ocorre à falta de interesse no mundo externo. Devendo voltar após certo período de sofrimento
os investimentos em outros objetos, ou seja, com o passar do tempo à libido irá ser deslocada
para outro objeto. (SOUZA; PONTES, 2016).

O luto é um processo lento e doloroso, que tem como características uma tristeza
profunda, afastamento de toda e qualquer atividade que não esteja ligada a
pensamentos sobre o objeto perdido, a perda de interesse no mundo externo e a
incapacidade de substituição com a adoção de um novo objeto de amor. (FREUD,
2014).

O luto por mais doloroso e sofrido, não deve ser considerado patológico, é necessário que
o luto seja vivenciado respeitando o tempo de cada sujeito para fazer sua elaboração psíquica
da perda. “O processo de luto é instalado para a elaboração de uma perda, consistindo no
desligamento da libido a cada uma das lembranças e expectativas relacionadas ao objeto
perdido, por isso, é considerado um processo lento e penoso”. (CAVALVANTI; SAMCZUK;
BONFIM, 2013, p.94).
O sujeito cria novas fantasias conscientes e inconscientes, para que o seu objeto de amor
seja redirecionado. Tornando-se este processo doloroso, sabendo que o sujeito para se
identificar com tal objeto houve todo um processo. O processo de luto é, portanto, um
redimensionamento das fantasias e defesas do psiquismo, em busca de um novo equilíbrio de
forças. (CAMPOS, 2013)
Cada ser humano tem a sua forma de lidar com o luto. Alguns deixam para depois,
enquanto outros lidam de forma natural e uns necessitam de ajuda de profissionais para
enfrentar esse processo. Independente da forma da qual o ser humano irá enfrentar o morte, o
luto torna-se algo inevitável. Castro e Soares (2017) afirmam que se o sujeito não passar por
18

esse processo ele ficará preso em algum estágio dele, muitas vezes sem perceber, pois, os
sintomas de uma perda não elaborada, se parecem muito com outras patologias.
O processo de luto nem sempre é bem elaborado, pois além da existência do luto
patológico existe um paralelo com a patologia melancólica. O conceito de identificação
melancólica é: o objeto perdido é internalizado e identificado com o ego, contribuindo para que
o amor acometido para o objeto retornar ao ego, mas como o oposto do amor, retorna como
ódio. Fazendo com que esse abandono do objeto recaia sobre o próprio ego do sujeito.
(CAMPOS, 2013)
Campos (2013) afirma que a perda se liga a um complexo de fantasias inconscientes,
reavivando os impulsos e defesas, desordenando a estrutura dinâmica da personalidade. Perder
um ente querido pode provocar diversas patologias, em especial os quadros depressivos. O
psicanalista entra para auxiliar o sujeito no reconhecimento da circunstancia a qual se encontra,
seja patológico ou um luto mal elaborado, a qual irá utilizar da escuta flutuante e empírica,
assim contribuindo para que o paciente exponha seus sentimentos, dando-lhe total apoio para
que ele consiga elaborar essa perda de modo a contribuir para sua saúde mental.
Portanto, o psicanalista no contexto hospitalar deve estar atento com o sujeito que entra
em processo de hospitalização, pois o hospital influencia muitas vezes alguma perda em sua
rede psíquica, sendo essa perda mental ou corporal, ou até mesmo relacionamentos negativos
com seus familiares, e que de alguma forma este paciente tem que estar lidando com a
castração e a finitude do seu próprio ser.

8 Considerações finais

O câncer é uma doença que cresce cada vez mais, consequentemente contribuindo
para o aumento do número de pessoas acometidas. Mediante a este aumento e a experiência que
adquirimos ao estagiar em um hospital de grande porte, acompanhando de perto a atuação e
contribuição da psicologia na vida dos sujeitos que estavam internados e aos diversos óbitos de
pacientes das quais presenciamos, intrigadas mediante a tal situação, nos indagamos, de que
forma o psicólogo pode atuar com pacientes oncológicos com risco de morte iminente?
A ideia do tema partiu da necessidade em compreender de que maneira o psicólogo
atua no contexto hospitalar diante da morte e a importância do acolhimento psicológico aos
familiares que na maioria das vezes sofrem mais com o diagnóstico do que o próprio paciente,
o que acaba refletindo de maneira negativa no sujeito adoentado.
19

Diante disto, abordamos não apenas sobre a atuação do psicólogo junto ao paciente
oncológico terminal e seus familiares, mas também de como os profissionais enfrentam a morte
de seu paciente sabendo que cada profissional possui sua experiência de vida e a sua própria
forma de lidar com a morte.
De acordo com alguns autores que utilizamos como referência para este trabalho,
percebemos que alguns profissionais não possuem qualificações necessárias para lidar com
pacientes terminais, devido à experiência que obteve em relação à perda ao decorrer de sua
vida, o que pode ocasionar em uma situação de luto mal elaborado por parte destes, assim
prejudicando o andamento do seu trabalho. Portando vimos à importância destes profissionais
em procurar por ajuda, seja por terapia ou supervisão para que assim saiba lidar com suas
próprias angústias e sofrimentos em relação à perda.
Devido à escolha de uma abordagem para contribuir na elaboração deste artigo,
optamos por psicanálise por ser a abordagem que tínhamos em comum, vários autores nos
ajudaram a embasar sobre como a morte é representada para a psicanálise, mas devido à
extensão do conteúdo e por não ser nosso principal objetivo, tratamos de forma sucinta os
aspectos importantes baseados na leitura que realizamos e relacionamos a teoria com a atuação
do psicólogo no ambiente hospitalar.
Ao longo do desenvolvimento não obtivemos dificuldades ao ponto de nos impedir de
prosseguir com a construção deste trabalho. Dentre os diversos artigos e livros que tivemos
acesso, alguns corresponderam com as nossas expectativas auxiliando positivamente e nos
dando subsídios para a fundamentação teórica deste artigo que possui uma temática tão
relevante para o meio acadêmico.
De acordo com os autores citados, percebemos que o psicólogo hospitalar tem como
função minimizar o sofrimento e as aflições que o paciente apresenta devido a sua
hospitalização, contribuindo para que o sujeito adoentado e seus familiares tenham condições
para enfrentar o processo de internação e morte. Como foi dito ao decorrer deste artigo, o
processo de internação causa a despersonalização do paciente. Deixa de ser chamado pelo
nome e acaba virando um número de leito. Deixa seu lar, seu trabalho, faculdade e amigos e
passa a conviver com a com a perda de privacidade, com as mudanças na rotina, mudanças nos
hábitos alimentares, de convivência dos amigos a convivências de médicos, enfermeiros e para
rever os parentes e amigos somente em horário marcado. Tudo isso interfere negativamente no
enfrentamento da doença.
Vimos que se faz necessário e de extrema importância à atuação do psicólogo junto ao
paciente oncológico terminal e seus familiares, pois a família desempenha um papel muito
20

importante nesse processo de adoecimento e suas reações muito contribuem para a própria
reação do paciente. A preparação do luto antecipatório é importante também para o processo do
luto. A elaboração da perda ocorre de forma gradativa, que aos poucos vai sendo superada, é
necessário que o luto seja vivenciado respeitando o tempo de cada sujeito para fazer sua
elaboração psíquica da perda.
De acordo com alguns autores, um dos grandes desafios do psicólogo é fazer com que
o paciente lide com a morte e ajude o paciente a fazer a “travessia da doença” que pode ser um
dos momentos mais difíceis da vida desse sujeito. Os profissionais que lidam diretamente com
os pacientes terminais precisam estar em supervisão e se possível terapia, para saber enfrentar e
lidar com tal situação. No decorrer deste artigo podemos ver de fato como a psicologia atua
nesses espaços, acompanhamos também diferentes formas de sofrimento e percebemos ainda
mais a importância de um psicólogo no contexto hospitalar.
21

Referências

ANDRADE, M.; LUSTOSA, M.; MENDES, J. Paciente terminal, família e equipe de saúde.
Rev. SBPH v. 12 n. 1, Rio de Janeiro, 2009.

BRASIL, Ministério da Saúde. Instituto nacional de câncer. Tratamento do câncer. Brasília,


2019.

CAMON, V. Psicologia hospitalar: teoria e prática. São Paulo: Pioneira, 1994.

CAMON, V.; TRUCHARTE, F.; KNIJNIK, R.; SEBASTIANI, R. PSICOLOGIA


HOSPITALAR: teoria e prática. São Paulo: Thomso Learning, 2006.

CAMPOS, E. Considerações sobre a morte e o luto na psicanálise. Rev. de Psicologia da


UNESP. Bauru, 2013.

CANTARELLI, A,. P,. S. Novas abordagens da atuação do psicólogo no contexto


hospitalar. Rev. SBPH v. 12 n. 2, Rio de Janeiro, Dezembro, 2009.

CASTRO, M.; SOARES, L. LUTO: colaboração da psicanálise na elaboração da perda.


Rev. Psicologia e Saúde em Debate. Dezembro, 2017.

CAVALCANTI, A. K. S.; SAMCZUK, M. L.; BONFIM, T. E. O conceito psicanalítico do


luto: uma perspectiva a partir de Freud e Klein. Psicólogo in Formação, ano 17, n. 17,
jan./dez. 2013. v17n17p87-105

DOMINGUES, Glaucia Regina et al. A atuação do psicólogo no tratamento de pacientes


terminais e seus familiares. Psicologia hospitalar. V. 11, n.1. São Paulo, 2013.

FERREIRA, P.; MENDES, T. Família em UTI: importância do suporte Psicológico diante


da iminência de morte. Revista da SBPH. V. 16 n. 1. Rio de Janeiro, 2011.

FREUD, S. Luto e melancolia. São Paulo: Cosac Naify, 2014.

GIL, A. Métodos e técnicas de pesquisa social. Editora Atlas S.A 6º ed. São Paulo, 2008.

GOMES, L.; GONÇALVES, J. Processo de luto: a importância do diagnóstico diferencial


na prática clínica. Revista de Ciências Humanas. Santa Catarina, 2015.

GURGEL, L.; A. LAJE, A.; M.; V. Atuação Psicológica na Assistência à criança com
câncer: da prevenção aos cuidados Paliativos. Revista de Psicologia Fortaleza v.4 – n.1. P.
83-96, jan./jun-2013.

HABERKORN, A. A Prática da Psicologia Hospitalar na Santa Casa de São Paulo: Novas


páginas em uma Antiga História. Casa do Psicólogo. São Paulo, 2004.

KOVÁCS, M. Morte e Desenvolvimento Humano (5a ed.). São Paulo: Casa do Psicólogo,
2008.
22

KOVÁCS, M. Sofrimento da equipe de saúde no contexto hospitalar: cuidando do


cuidador profissional. O Mundo da Saúde. São Paulo, 2010.

LOPES, S.; PEREIRA, C. O processo do morrer inserido no cotidiano de profissionais da


saúde em Unidades de Terapia Intensiva. Rev. SBPH V. 17 n. 2, Rio de Janeiro,
Agosto/Dezembro, 2014.

MACHADO, A; MADRUCCI, G; CREMASCO, M. De onde fala um psicanalista no


hospital? Reflexões sobre o luto, a psicopatologia fundamental e a ética. PsicoFAE. v. 5 n.
1. Curitiba, 2016

MAGALHÃES, M.; MELO, S. Morte e luto: o sofrimento do profissional da saúde. Rev.


Psicologia e Saúde em Debate, v. 1, n. 1. Abril, 2015.

MEDEIROS, L. A. LUSTOSA,. A. A difícil tarefa de falar sobre morte no hospital. Rev.


SBPH vol.14 n.2, Rio de Janeiro, Julho/Dezembro, 2011.

MENDES, J. A,;LUSTOSA, M. A.; ANDRADE, M. C. M. Paciente Terminal, Família e


Equipe de Saúde. Revista. SBPH v. 12 n. 1 Rio de Janeiro, junho, 2009.

MOCELIN, D.; MOSCHEN, A.; MAHL, A.; OLIVEIRA, L. Processos psicológicos dos
profissionais da saúde perante a morte de um paciente. Revista de Ciências da Saúde. Santa
Catarina, 2014.

MOREIRA, E.; MARTINS, T.; CASTRO, M. Representação social da Psicologia Hospitalar


para familiares de pacientes hospitalizados em Unidade de Terapia Intensiva. Rev. SBPH
v.15 n.1 Rio de Janeiro, junho, 2012.

NETO, F. As dores da alma. 8. ed. Catanduva: Boa nova, 2000.

SILVA, E.; SILVA, M. A morte no ocidente: considerações sobre a história da morte no


ocidente e suas representações históricas. Conedu, 2017.

SOARES, M. Cuidando da Família de Pacientes em Situação de Terminalidade


Internados na Unidade de Terapia Intensiva. Revista Brasileira de Terapia Intensiva v. 19 n.
4: 482, Outubro/Dezembro, 2007.

SOUZA, A.; M.; S. PONTES, S.; A. As diversas faces da perda: o luto para a psicanálise.
Analytica, revista de psicanálise. São João del-Rei v. 5 n. 9 p. 69-85. Julho dezembro de
2016.

SAMPAIO, A.; LÖHR, S. Atuação em casas de apoio: pensando o papel da psicologia e


construindo novos caminhos. Rubs, Curitiba, Setembro/Dezembro, 2008.

SCANNAVINO, C et al. Psico-Oncologia: atuação do psicólogo no Hospital de Câncer de


Barretos. Psicol. USP v. 24 n. 1, São Paulo, Janeiro/Abril, 2013.

Você também pode gostar