Você está na página 1de 3

RESUMO DE CARACTERÍSTICAS DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS

Conceito

São características dos Direitos Fundamentais:

a) Supremacia formal e material em relação aos outros direitos: Falar que


os direitos fundamentais são normas constitucionais significa, por exemplo,
aceitar a sua supremacia formal e material, uma das características mais
importantes desses direitos (princípio da supremacia dos direitos
fundamentais), bem como realça a sua força normativa, elemento essencial
para se permitir a máxima efetivação desses direitos (dimensão subjetiva e
princípio da máxima efetividade)

Formal: está intimamente ligada ao seu sentido jurídico, encontrando-se


unicamente presente em constituições rígidas. Diz respeito ao fato dessa ser a
norma suprema sobre a qual estão formalmente fundamentadas todas as
outras. Tem seu cerne na hierarquia formal das normas. Conteúdo normativo; e

Material: Diz respeito à rigidez socio-política da constituição. Quando um


direito é passado para a Constituição Federal, ele passa a ser material.
Conteúdo ético.

b) Direitos fundamentais são cláusulas pétreas: São normas que não


podem ser alteradas por emenda constitucional. O STF diz que “todos e
quaisquer direitos fundamental são considerados cláusulas pétreas. ”

Segundo essa característica, filiada ao princípio da vedação do retrocesso, o


Estado não pode voltar atrás de um direito já posto, podendo haver apenas
uma substituição, mas não uma supressão.

c) Direitos fundamentais possuem 2 dimensões: tais dimensão se dividem em


subjetiva e objetiva

Subjetiva: se refere à possibilidade que tem o seu titular de fazer valer


judicialmente os poderes, as liberdades ou mesmo o direito à ação ou às ações
negativas ou positivas que lhe foram outorgadas pela norma consagradora do
direito fundamental em questão.

Se reflete em 3 deveres em relação a esse direito, sendo esses o (1) respeito,


(2) a proteção e (3) a promoção.

Objetiva: Trata-se do reconhecimento de que os direitos fundamentais podem


ser considerados independentemente da perspectiva individualista contida na
noção de sujeito de direito, a qual foi importada do direito civil. Mais do que
isso, os direitos fundamentais consagram os valores mais importantes em uma
comunidade política, que são as bases fundamentais da ordem jurídica, não
sendo de interesse meramente individual, mas sim de toda a comunidade,
convertendo-se em norte de atuação tanto do Estado quanto da sociedade civil.
Doutrina

Segundo o renomado doutrinador George Marmelstein, em sua obra “Curso de


Direitos Fundamentais”:

“O ordenamento jurídico, como se sabe, é um sistema hierárquico de normas,


na clássica formulação de Kelsen. Estaria, assim, escalonado com normas de
diferentes valores, ocupando cada norma uma posição intersistemática,
formando um todo harmônico,1 com interdependência de funções e diferentes
níveis normativos de forma que “uma norma para ser válida é preciso que
busque seu fundamento de validade em uma norma superior, e assim por
diante, de tal forma que todas as normas cuja validade pode ser reconduzida a
uma mesma norma fundamental formam um sistema de normas, uma ordem
normativa”.2 É a famosa teoria da construção escalonada das normas jurídicas.

Dentro desse sistema escalonado em forma de pirâmide, a Constituição ocupa


o patamar mais alto. Ela está no topo do ordenamento jurídico, de modo que
qualquer norma para ser válida deve ser compatível com a Constituição.

O mesmo se pode dizer dos direitos fundamentais, já que também possuem a


natureza de norma constitucional. Eles correspondem aos valores mais básicos
e mais importantes, escolhidos pelo povo (poder constituinte), que seriam
dignos de uma proteção normativa privilegiada. Eles são (perdoem a
tautologia) fundamentais porque são tão necessários para a garantia da
dignidade dos seres humanos que são inegociáveis no jogo político. Daí por
que essa concepção pressupõe um constitucionalismo rígido, no qual a
Constituição goza de uma supremacia formal sobre as demais normas jurídicas
e, por isso, os mecanismos de mudança do texto constitucional impõem um
processo legislativo mais complicado em relação às demais leis.

A rigidez constitucional funciona, nesse sentido, como uma técnica capaz de


impedir ou pelo menos dificultar a adoção de medidas legislativas que possam
aniquilar a dignidade de grupos sociais que não possuam força política
suficiente para vencer no jogo democrático.”

Jurisprudência

Vale referir, (…) até mesmo em face da justa preocupação revelada pelos
povos e pela comunidade internacional em tema de direitos humanos, que
estes, em seu processo de afirmação e consolidação, comportam diversos
níveis de compreensão e abordagem, que permitem distingui-los em ordens,
dimensões ou fases sucessivas resultantes de sua evolução histórica. Nesse
contexto, (…) impende destacar, na linha desse processo evolutivo, os direitos
de primeira geração (direitos civis e políticos), que compreendem as liberdades
clássicas, negativas ou formais, e que realçam o princípio da liberdade. Os
direitos de segunda geração (direitos econômicos, sociais e culturais), de outro
lado, identificam-se com as liberdades positivas, reais ou concretas, pondo em
relevo, sob tal perspectiva, o princípio da igualdade. Cabe assinalar (…) que os
direitos de terceira geração (ou de novíssima dimensão), que materializam
poderes de titularidade coletiva atribuídos, genericamente, e de modo difuso, a
todos os integrantes dos agrupamentos sociais, consagram o princípio da
solidariedade e constituem, por isso mesmo, ao lado dos denominados direitos
de quarta geração (como o direito ao desenvolvimento e o direito à paz), um
momento importante no processo de expansão e reconhecimento dos direitos
humanos, qualificados estes, enquanto valores fundamentais indisponíveis,
como prerrogativas impregnadas de uma natureza essencialmente inexaurível
(…).

[ADI 3.540 MC, voto do rel. min. Celso de Mello, j. 1º-9-2005, P, DJ de 3-2-
2006.] = ADI 1.856, rel. min. Celso de Mello, j. 26-5-2011, P, DJE de 14-10-
2011

Você também pode gostar