Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
INTRODUÇÃO
sioterapeutas. Com esse objetivo, membros do Departamento “physiotherapy” e “chest physiotherapy”, as quais foram cruzadas
de Fisioterapia da Associação de Medicina Intensiva Brasileira com as palavras-chave “mechanical ventilation”, “respiratory
elaboraram a I Recomendação Brasileira de Fisioterapia Respira- care”, “pediatric critical care”, “newborn”, “infant”, “airway cle-
tória em UTI Pediátrica e Neonatal para os cuidados de recém- arance”, “mucus clearance techniques”, “mucociliary clearance”,
-nascidos (RNs), lactentes, crianças e adolescentes em VPM e “respiratory therapy”; “aerossol therapy” e “cough assit”. A seguir,
no período de até 12 horas após a extubação quanto a: desobs- utilizaram o método de pesquisa científica PICO, sendo as
trução das vias aéreas; reexpansão pulmonar; posicionamento palavras-chave descritas acima cruzadas com as palavras do
no leito; aspiração das vias aéreas; inaloterapia e tosse assistida. PICO (p= patients, i= intervention, c= control, o= outcome).
A pesquisa nos bancos de dados foi realizada novamente por
MÉTODOS uma bibliotecária com mais de 15 anos de experiência em pes-
quisa científica na área da saúde. Para responder cada questão,
Participaram da elaboração dessas recomendações seis fisio- apresentaram-se sua recomendação e o racional para justificar a
terapeutas especialistas em fisioterapia em neonatologia e/ou conduta recomendada/sugerida.
em pediatria; cinco deles fizeram as buscas dos artigos cien- A seguir, os cinco fisioterapeutas classificaram as informa-
tíficos publicados no período de 2000 a 2012 nos bancos de ções por grau de recomendação (em A, B, C ou D) pelo méto-
dados PubMed, Embase e PeDro, utilizando as palavras-chave do Oxford Centre (Tabela 1).(2) O sexto fisioterapeuta, realizou
a revisão dos artigos incluídos e excluídos, do grau de recomen- com aumento da secreção em vias aéreas(8,9) e na prevenção de
dações, e a redação final do documento. complicações relacionadas à VPM.(7)
Critérios de inclusão dos artigos: ensaios clínicos retros- A avaliação do paciente permite identificar, relacionar e
pectivos, prospectivos, randomizados controlados ou não, hierarquizar os problemas, contribuindo para o diagnóstico e
realizados com RNs, lactentes, crianças e/ou adolescentes potencializando os benefícios das intervenções, principalmente
em UTI em uso de VPM ou no período de até 12 horas sabendo que, na maioria nos casos, as técnicas de desobstrução
após a extubação. Foram inclusos os artigos que abordassem das vias aéreas são indicadas nas situações clínicas que cursam
pelo menos um dos seis temas centrais dessas recomenda- com obstrução das vias aéreas por secreção e insuficiência ven-
ções: desobstrução das vias aéreas; reexpansão pulmonar; tilatória aguda.(7)
posicionamento no leito; aspiração das vias aéreas; inalote-
rapia e tosse assistida. 2. Em que situações e em quais doenças a técnica AFE
Foram excluídos para a elaboração do grau de recomenda- pode ser aplicada?
ção: editorias, revisões simples da literatura, revisões sistemáti-
cas, meta-análises, estudos experimentais com animais e relatos Recomenda-se a aplicação do AFE de forma lenta para
de casos. As revisões da literatura e alguns artigos excluídos do RNs e de forma lenta ou rápida para lactentes com diagnós-
grau de recomendação foram utilizados na introdução, na ela- tico de bronquiolite aguda grave; sugere-se essa intervenção
boração do racional. pelo menos uma vez ao dia (C).(9)
ção torácica manual e a drenagem postural.(12) A HM associa- Estas técnicas melhoram em curto prazo a SpO2 de
da à vibrocompressão, em RNs e crianças (idade entre 0 a 16 crianças com insuficiência ventilatória aguda ou crônica
anos) em VPM, com diagnóstico de consolidação pulmonar (D)(7) e aumentam o volume corrente em crianças com
ou atelectasia, aumenta o PFE, aumentando o volume de ar ex- bronquiolite aguda(C).(9)
pirado e otimizando a desobstrução das vias aéreas inferiores.(6) Principais contraindicações dessas técnicas: RNs de
Durante a HM, o PPI e o volume corrente podem so- extremo baixo peso (A)(4) e casos de doença de refluxo gas-
frer influências (exemplos: pelo uso de uma das mãos ou troesofágico (C).(9)
das duas para a compressão do balão; pelo volume do ba- Possíveis efeitos adversos: redução na pressão arterial
lão, pelo uso de válvula de pressão positiva expiratória final de oxigênio (PaO2) (D);(7) aumento da frequência respi-
(PEEP), entre outros), as quais interferem nas pressões e ratória e redução do tempo expiratório e, diminuição da
volumes ofertados ao paciente, sendo necessário o uso do pressão do recuo elástico pulmonar durante a HM em
manômetro de pressão durante a técnica para maior segu- curto prazo (A).(6)
rança e evitar baro e/ou volutrauma.(13)
Sugere-se utilizar um manometro de pressao para moni- Racional
torar o pico de pressao inspiratorio (PPI) fornecido durante As técnicas de desobstrução das vias aéreas evitam/pre-
a HM (nao ultrapassar em RNs 20 cmH2O e em pediatria vinem e tratam as obstruções de vias áreas ocasionadas pela
30 cmH2O). presença de secreção, contribuindo para a redução dos parâ-
metros ventilatórios da VPM, evitando complicações no pós-
4. Quais técnicas não são recomendadas para a desobs- -operatório (exemplo: atelectasias) e infecções pulmonares.
trução de vias aéreas? Entretanto, a labilidade do sistema nervoso central, o peso
e a idade gestacional dos RNs devem ser respeitados para a
A percussão torácica aplicada em RNs imediatamente indicação e a realização dessas técnicas, assim como a sua me-
após a extubação não é recomendada (A).(4) cânica respiratória.(8)
Não recomenda-se que as crianças com fibrose cística
submetidas a anestesia e intubação intratraqueal no pré RECOMENDAÇÕES DAS TÉCNICAS DE REEXPANSÃO
operatório sejam submetidas a técnicas de desobstrução de PULMONAR
vias aéreas como drenagem postural e/ou vibração associa-
das ou não a HM com aspiração (B).(8) Com base nos artigos analisados, foram inclusas, nessas
recomendações, as técnicas para a reexpansão pulmonar: 1)
Racional HM e suas combinações;(6,10,12,15) 2) ventilação percussiva in-
A percussão torácica pode aumentar a pressão intratoráci- trapulmonar;(16) 3) compressões torácicas seguidas de libera-
ca e a hipoxemia, sendo esta última não relevante quando a ção lenta e completa da caixa torácica (lung squeezing).(17,18)
técnica é realizada em períodos menores que 30 segundos.(14)
A percussão torácica realizada como rotina com tempo de apli- 6. O que deve ser avaliado nos RNs e crianças antes,
cação de 1 a 2 minutos em RNs (28 a 37 semanas de idade durante a após as técnicas de reexpansão pulmonar?
gestacional) imediatamente após a extubação pode ocasionar
colapso de pequenas vias aéreas.(4) Recomenda-se, para a segurança dos pacientes e efetivi-
Um estudo randomizado com 18 pacientes (idade de dade dessas técnicas, avaliar antes, durante e após sua apli-
3 a 15 anos) no pré operatório, com diagnóstico de fibrose cação pelo menos três dos seguintes parâmetros: caracterís-
cística, submetidos à anestesia observou que durante a apli- ticas demográficas (A);(6,10,19-21) ausculta pulmonar (A);(20)
cação de técnicas de desobstrução de vias aéreas (drenagem sinais vitais (frequência cardíaca, frequência respiratória
postural e/ou vibração associadas ou não a HM e, aspiração e SpO2) (A);(4,12,16,17) pressão arterial sistêmica não invasiva
de vias aéreas) comparadas à aspiração houve um aumento da (A);(15-17) gasometria arterial (A);(6) raio X de tórax (A);(16-19)
resistência das vias aéreas e uma diminuição da complacência tempo de VPM (A);(19) complacência pulmonar dinâmica e
dinâmica pulmonar. Não houve padronização da técnica e do estática (A);(6,10,16,18) resistência de vias aéreas (A);(6,18) fração
tempo de intervenção.(8) inspirada de oxigênio (A);(17) pressão platô (A);(16) pressão
média de vias aéreas (A);(17) volume corrente inspiratório
5. Quais os principais benefícios, contraindicações, (B)(10,12) e expiratório (A);(6,10,16,18) relação PFI/PFE (B);(10)
possíveis efeitos adversos da aplicação das técnicas de de- pressão inspiratória máxima (A)(10,17) com ou sem vibro-
sobstrução de vias aéreas? compressão manual (B);(10) força manual média exercida
durante a técnica de HM pelo fisioterapeuta (D);(12) frequ- É necessário estipular um protocolo de aplicação da HM
ência e amplitude das oscilações durante a vibração torácica de acordo com cada situação clínica, determinando-se o volu-
manual (D);(12) tempo de aplicação das técnicas (A).(12,15,17) me de ar, pressão de pico a ser obtidos, os PFI e PFE, o tempo
e sua frequência de aplicação e a necessidade da utilização de
Racional válvula de PEEP. Sugere-se não aplicar a HM em pacientes
Também é objetivo da fisioterapia respiratória a manu- com PEEP ≥ 10 cmH2O.
tenção e/ou ganho de volumes pulmonares (reexpansão pul-
monar), que inclui uma variedade de técnicas e recursos para 8. A ventilação percussiva intrapulmonar é recomen-
evitar ou tratar os colapsos pulmonares (atelectasias) com dada com objetivo de reexpansão pulmonar?
consequente otimização das trocas gasosas e diminuição do
trabalho respiratório.(19,21) As técnicas de reexpansão visam o Recomenda-se a ventilação percussiva intrapulmonar
incremento do volume pulmonar por meio do aumento do com objetivo de reexpansão pulmonar em crianças sob
gradiente de pressão transpulmonar por redução da pressão VPM, na posição supina, quando comparada à fisiotera-
pleural ou por aumento na pressão intra-alveolar.(21) pia respiratória convencional (B).(16)
O aumento da oxigenação que ocorre após a aplicação da
HM é devido ao conjunto dos efeitos fisiológicos da técnica: Racional
remoção da secreção associada ao recrutamento alveolar. O A utilização da ventilação percussiva intrapulmonar com
volume corrente empregado durante a HM atinge princi- objetivo de reexpansão pulmonar de crianças em VPM, na
palmente as regiões com maior complacência pulmonar. Por posição supina, quando comparada à tapotagem e à vibra-
meio dos canais colaterais e do fenômeno da interdependên- ção, melhora o escore de atelectasia e diminui seu tempo
cia, os alvéolos colapsados são reexpandidos; por isso, a neces- de resolução.(16) A ventilação percussiva intrapulmonar foi
sidade de avaliação dos parâmetros respiratórios e da VPM e, utilizada com PPI de 15 a 30 cmH2O (ou mesma PPI uti-
da mecânica respiratória.(22) lizada na VPM), frequência respiratória de 180 a 220 ciclos
por minuto com um tempo de duração de 10 a 15 minutos
7. A técnica de HM com bolsa autoinflável e suas com- a cada 4 horas.(16)
binações são recomendadas para a reexpansão pulmonar?
9. As compressões torácicas seguidas de liberação lenta
Recomenda-se a aplicação da HM com bolsa autoin- e completa da caixa torácica são recomendadas com obje-
flável e de suas combinações em neonatologia e pediatria- tivo de reexpansão pulmonar?
para a reexpansão pulmonar.(6,10,12,15)
É recomendada a realização de compressões torácicas
Racional seguidas de liberação lenta e completa da caixa torácica
Pacientes pediátricos, em VPM, com cânulas intratra- em RNs pré-termo (A).(17,18)
queais de diâmetro ≤ 3mm apresentam aumento do volume
corrente expirado espontâneo após a aspiração intratraqueal Racional
seguida da HM com fluxo de 10 L/min, PPI de 30 cmH2O As compressões torácicas seguidas de liberação lenta e
e fração inspirada de oxigênio a 100%.(6) completa da caixa torácica diminui o tempo de VPM, de su-
A HM associada à vibração torácica manual aumenta o plementação de oxigênio e de internação hospitalar.(17,18)
PFE e o volume de ar inspirado; o incremento do PPI aumenta
o recuo elástico pulmonar, favorecendo a mobilização de secre- 10. Quais as contraindicações, os possíveis efeitos ad-
ção ao longo do sistema respiratório e contribuindo para a reex- versos e quais técnicas de reexpansão pulmonar não são
pansão de áreas pulmonares colapsadas.(12) Crianças de 6 meses recomendadas em RNs, lactentes e crianças?
a 6 anos, submetidas a HM com PPI de 40 cmH2O e PEEP de
15 cmH2O, durante 10 ciclos/minuto, apresentam menor fre- As técnicas de reexpansão pulmonar são recomenda-
quência de atelectasias comparativamente a pressão contínua das para RNs, lactentes e crianças em situações de doen-
nas vias aéreas (CPAP) de 5 cmH2O e ao grupo controle.(3,15) ças ou condições clínicas que predispõem a atelectasias
A HM associada à vibrocompressão aumenta o PFE de pulmonares (A)(4,10,15-17) ou em situações clínicas com re-
4% para cada 10% do aumento do volume de ar inspiratório. dução nos volumes pulmonares, necessidade de aumen-
O aumento de 4% da relação de PFE/PFI está relacionado to dos parâmetros ventilatórios e/ou deterioração dos
com a força manual de 10N (força em Newton).(10) gases sanguíneos (D).(12)
A percussão torácica, utilizando ou não máscara, após Recomenda-se posicionar lactentes e crianças croni-
a extubação, não é recomendada em RNs, pois pode oca- camente enfermas (câncer e doenças neurológicas) sob
sionar colapso de vias aéreas de pequeno calibre (A).(4) VPM e com doença respiratória grave (PaO2/FiO2 < 200)
São contraindicadas as técnicas de reexpansão pulmo- em posição prona elevada com coxins de gel nos ombros
nar em RNs de extremo baixo peso (A)(4) e em crianças e nos quadris(B).(20,21)
plaquetopênicas, com osteopenia ou osteoporose e ins-
tabilidade clínica (D);(12) para crianças com risco de he- Racional
morragia intraperiventricular e/ou aumento da pressão Lactentes e crianças com doença respiratória, sob VPM,
intracraniana, doença óssea metabólica (B);(10) escape de apresentam aumento da PaO2 e redução do índice de oxige-
ar pela cânula intratraqueal > 20% (B).(10,12) Outras con- nação quando em posição prona elevada, com coxins sob os
traindicações: hipertensão pulmonar persistente, síndro- quadris e ombros, e abdômen livre.(20) Crianças cronicamente
me da aspiração de mecônio, cardiopatia congênita com enfermas (câncer e doenças neurológicas) sob VPM e com
pneumonia (consolidação generalizada), pós-operatório doença respiratória grave (PaO2/FiO2 < 200) apresentam
cardíaco imediato, aumento da pressão intracraniana, ins- aumento de aproximadamente 20% na PaO2/FiO2 quando
tabilidade hemodinâmica em até 24 horas prévias (20% colocados da posição supina para a posição prona durante 8
de alterações na pressão arterial, na frequência cardíaca horas, com efeito inverso a este quando trocadas da posição
ou na SpO2), SpO2 < 85%, pneumotórax, pós-operatório prona para a posição supina.(21)
imediato de cirurgia toracoabdominal, prematuridade Crianças com doença respiratória e índice de oxigenação
extrema ou pequenos para a idade gestacional (B)(17) e evi- alto apresentam melhora da oxigenação quando colocadas
dência clínica de aspiração de corpo estranho (C).(19) em posição prona. Esse resultado inicia nas primeiras 2 ho-
Os possíveis efeitos adversos quando a HM é aplicada ras do posicionamento e se mantém durante as 12 horas
isoladamente, em pediatria, são: aumento da frequência subsequentes.(21,22)
respiratória, diminuição da pressão de recuo elástico pul- Em RNs, o tempo de resposta à posição prona, quanto à
monar e redução do tempo expiratório a curto prazo (A).(6) oxigenação, é variável, e a não resposta na primeira tentativa
Crianças (peso < 3 kg) com atelectasia podem apresen- não significa ausência de resposta, mas a resposta inicial é ca-
tar hipotensão durante a ventilação percussiva intrapul- paz de predizer as respostas subsequentes.(23)
monar (C).(16)
12. Quais posicionamentos que podem ser utiliza-
Racional dos após cirurgias tóracoabdominais em RNs e crian-
O colapso alveolar ocasiona perda de volumes pulmonares ças sob VPM?
com consequente diminuição da capacidade residual funcional
e da complacência pulmonar, especialmente em regiões pul- Após cirurgias toracoabdominais, recomenda-se
monares dependentes da gravidade. Pode ocasionar desequilí- posicionar lactentes e crianças em posição prona ele-
brio da relação ventilação/perfusão (V/Q) com consequências vada com coxins de gel nos ombros e nos quadris, des-
funcionais, como hipoxemia, hipercapnia, aumento da resis- de que observadas as precauções em relação à ferida
tência vascular pulmonar, distensão excessiva de unidades alve- operatória (B).(24,25)
olares adjacentes, risco de infecções (pneumonia nosocomial) e
lesão pulmonar, caso não seja revertido.(18,19) Racional
Pacientes em pós-operatório de cirurgias toracoabdomi-
RECOMENDAÇÕES PARA POSICIONAMENTO NO LEITO nais apresentam aumento da capacidade residual funcional
quando em posição prona elevada com coxins de gel nos om-
A partir dos artigos analisados, foram incluídas nestas re- bros e nos quadris.(24)
comendações as considerações relacionadas ao posicionamento
como adjuvante da fisioterapia respiratória para a desobstru- 13. Quais posicionamentos que podem ser utiliza-
ção das vias aéreas e reexpansão pulmonar de RNs, lactentes e dos durante o processo de retirada da VPM para RNs
crianças cronicamente enfermas em VPM, após cirurgias tóra- e crianças?
coabdominais e durante o processo de retirada da VPM.
Recomenda-se não utilizar a posição prona como pro-
11. Quais posicionamentos podem ser utilizados em cedimento de rotina durante o processo de desmame da
lactentes e crianças sob VPM? VPM em RNs, lactentes e crianças (B).(23,25)
15. Quais os efeitos da analgesia e a sedação sobre as 17. Devem ser realizadas intervenções para evitar efei-
reações de estresse provocadas pela aspiração intratraque- tos adversos da aspiração intratraqueal em RNs, lactentes
al em neonatologia e pediatria? e crianças em VPM?
das atelectasias.(44) Em lactentes com bronquiolite viral, dimi- eliminação de secreção. Dentre elas, a tosse assistida mecânica
nui os sintomas da doença e o tempo de hospitalização;(44) para (insuflação-exsuflação mecânica - IEM) ou manual tem sido
lactentes com bronquiolite leve a moderada, pode melhorar o indicada para crianças com comprometimento da efetividade
broncoespasmo, os sinais de desconforto respiratório e dimi- da tosse, pois facilita a expectoração da secreção das vias aéreas
nuir o tempo para a resolução das atelectasias.(42) quando aplicadas isoladamente ou associadas à outras técnicas
manuais ou mecânicas de fisioterapia respiratória.(52)
19. Em que situações a rhDNA é recomendada?
20. Em que situações a tosse assistida é indicada, como
A rhDNA é recomendada para crianças não fibrocísti- pode ser realizada?
cas e com atelectasia persistente, por inalação ou instila-
ção pela cânula intratraqueal (C).(45) Recomenda-se para crianças com doenças neuromus-
Recomenda-se para RNs que não respondem ao trata- culares e doenças respiratórias agudas ou crônicas que
mento convencional para atelectasia, de forma inalatória cursem com excesso de secreção nas vias aéreas de difí-
(D);(46) para crianças em VPM no pós-operatório de cirur- cil expectoração e/ou atelectasias pulmonares e/ou PFE
gia cardíaca, submetidos à instilação direta na cânula in- <270 L/min (B).(52-54)
tratraqueal, para lactentes e crianças (idade <2 anos) com A tosse assistida pode ser realizada de forma manual
bronquiolite aguda, submetidas a inalações diárias, por 5 ou mecânica (B).(52,55)
dias consecutivos para reexpansão pulmonar (B).(47)
Recomenda-se para a resolução das atelectasias pul- Racional
monares de crianças em VPM prolongada (C).(47-49) A tosse é o sinal e sintoma mais frequente das doenças do
sistema respiratório.(56) Esse reflexo faz parte dos mecanismos
Racional de defesa das vias aéreas e pode ser reproduzido e controlado
Os fármacos denominados de mucolíticos fragmentam a de forma voluntária ou mecânica. A sua apresentação pode
secreção e causam a lise das suas mucofibrilas, sendo indica- estar correlacionada com diversas doenças (exemplos: gripe,
dos nos casos de hipersecreção com aumento da viscosidade bronquiolite, traqueíte, asma, entre outras), podendo se ma-
do muco. Infecções e inflamações de vias aéreas de quaisquer nifestar de forma aguda ou crônica.(56)
causas contêm quantidades significativas de DNA extracelu- As crianças com doenças neuromusculares que são inter-
lar, produto da degeneração dos leucócitos e debris epiteliais. nadas em UTI por etiologia de doenças respiratórias apresen-
O DNA aumenta a viscosidade e a adesividade do muco nas tam 90% de aumento de risco de morbimortalidade devido
vias aéreas. Nas infecções pulmonares que complicam com à impossibilidade de manter a ventilação alveolar e à elimina-
atelectasias, pode-se encontrar alta concentração de DNA, ção de secreção das pequenas vias aéreas, pois a tosse, já preju-
sendo possível a indicação de aplicação da dornase alfa.(45,48) dicada pela doença de base, fica menos efetiva na presença de
A rhDNA é utilizada para RNs que não respondem ao doença respiratória e do aumento do volume e consistência
tratamento convencional para atelectasia, de forma inalatória, do muco.(57)
com objetivo de melhora do escore radiológico e dos parâme- A tosse assistida de forma manual por meio da compres-
tros respiratórios;(46) para crianças em VPM no pós-operató- são do tórax ou do abdômen em sincronia com a tosse (reali-
rio de cirurgia cardíaca com restrição de fluidos, submetidas zada pelo paciente) aumenta o PFE, auxiliando na expectora-
à instilação direta na cânula intratraqueal (dose: 0,2 mg/kg ção, nos casos de alterações leves a moderada da tosse. A tosse
pacientes com peso <5 kg, 0,1 mg/kg peso >5 kg; a cada 12 associada à HM pode aumentar a efetividade da técnica.(55)
horas), pois diminui a incidência de atelectasia, o tempo mé- Em um estudo com a aplicação de IEM, realizada em
dio de VPM, o tempo médio de internação na UTI e a média crianças com mediana (mínimo-máximo) de idade 12,6
de custos;(47) e para lactentes e crianças (idade <2 anos) com anos, foi observada a eficácia da técnica com os seguintes
bronquiolite aguda, submetidas a inalações diárias, por 5 dias parâmetros: mediana (mínimo-máximo) das pressões de in-
consecutivos, pois apresenta melhora no escore de atelecta- suflação de 30(15 a 40) cmH2O e exsuflação de -30(- 20 a
sias.(50,51) Deve ser aplicada somente após a prescrição médica. -50) cmH2O; volume de 60 a 100 L/min; PFE de 6 a 11 L/
segundos; número de ciclos respiratórios de 3 a 5 ciclos, com
RECOMENDAÇÃO PARA TOSSE ASSISTIDA repouso de 30 segundos para nova aplicação da IEM.(52)
Diversas intervenções de fisioterapia respiratória podem 21. Quais os possíveis efeitos adversos e contra indica-
ser indicadas para a desobstrução das vias aéreas para facilitar a ções da tosse assistida?
Os principais efeitos adversos encontrados foram A atuação do fisioterapeuta nessas áreas é mais ampla,
distensão abdominal, aumento do refluxo gastroesofá- com necessidade da elaboração continuada de outras reco-
gico, hemoptise, desconforto torácico e/ou abdominal, mendações para orientação de sua prática clínica com a fina-
alterações cardiovasculares agudas (como bradicardia) e lidade de melhorar a segurança ao usuário.
pneumotórax. Não se recomenda a aplicação destas técni-
cas em crianças que estejam previamente com os quadros
clínicos acima (B).(52) ABSTRACT
16. Deakins K, Chatburn RL. A comparison of intrapulmonary percussive infants. MCN Am J Matern Child Nurs. 2004;29(3):151-6; quiz 157-8.
ventilation and conventional chest physiotherapy for the treatment of 38. González-Cabello H, Furuya ME, Vargas MH, Tudón H, Garduño J, González-
atelectasis in the pediatric patient. Respir Care. 2002;47(10):1162-7. Ayala J. Evaluation of antihypoxemic maneuvers before tracheal aspiration
17. Wong I, Fok TF. Randomized comparison of two physiotherapy regimens in mechanically ventilated newborns. Pediatr Pulmonol. 2005;39(1):46-50.
for correcting atelectasis in ventilated pre-term neonates. Hong Kong 39. Morrow B, Futter M, Argent A. Effect of endotracheal suction on lung
Physiother J. 2003;21(1):43-50. dynamics in mechanically-ventilated paediatric patients. Aust J Physiother.
18. Wong I, Fok TF. Effects of lung squeezing technique on lung mechanics in 2006;52(2):121-6.
mechanically-ventilated preterm infants with respiratory distress syndrome. 40. Morrow BM, Futter MJ, Argent AC. Endotracheal suctioning: from principles
Hong Kong Physiother J. 2006;24(1):39-46. to practice. Intensive Care Med. 2004;30(6):1167-74.
19. Bilan N, Galehgolab BA, Shoaran M. Medical treatment of lung collapse in 41. Mandelberg A, Tal G, Witzling M, Someck E, Houri S, Balin A, et al. Nebulized
children. Pak J Biol Sci. 2009;12(5):467-9. 3% hypertonic saline solution treatment in hospitalized infants with viral
20. Nightlinger K. Developmentally supportive care in the neonatal intensive care bronchiolitis. Chest. 2003;123(2):481-7.
unit: an occupational therapist’s role. Neonatal Netw. 2011;30(4):243-8. 42. Luo Z, Liu E, Luo J, Li S, Zeng F, Yang X, et al. Nebulized hypertonic saline/
21. Unoki T, Mizutani T, Toyooka H. Effects of expiratory rib cage compression salbutamol solution treatment in hospitalized children with mild to moderate
and/or prone position on oxygenation and ventilation in mechanically bronchiolitis. Pediatr Int. 2010;52(2):199-202.
ventilated rabbits with induced atelectasis. Respir Care. 2003;48(8):754-62. 43. Erdeve O, Uras N, Atasay B, Arsan S. Efficacy and safety of nebulized
22. Relvas MS, Silver PC, Sagy M. Prone positioning of pediatric patients with recombinant human DNase as rescue treatment for persistent atelectasis
ARDS results in improvement in oxygenation if maintained > 12 h daily. in newborns: case-series. Croat Med J. 2007;48(2):234-9.
Chest. 2003;124(1):269-74. 44. De Luca D, Cogo P, Zecca E, Piastra M, Pietrini D, Tridente A, et al.
23. Antunes LC, Rugolo LM, Crocci AJ. Efeito da posição do prematuro no Intrapulmonary drug administration in neonatal and paediatric critical care: a
desmame da ventilação mecânica. J Pediatr (Rio J). 2003;79(3):239-44. comprehensive review. Eur Respir J. 2011;37(3):678-89
24. von Ungern-Sternberg BS, Hammer J, Frei FJ, Jordi Ritz EM, Schibler A, 45. Hendriks T, de Hoog M, Lequin MH, Devos AS, Merkus PJ. DNase and atelectasis
Erb TO. Prone equals prone? Impact of positioning techniques on respiratory in non-cystic fibrosis pediatric patients. Crit Care. 2005;9(4):R351-6.
function in anesthetized and paralyzed healthy children. Intensive Care Med. 46. Dilmen U, Karagol BS, Oguz SS. Nebulized hypertonic saline and recombinant
2007;33(10):1771-7. human DNase in the treatment of pulmonary atelectasis in newborns.
25. Fineman LD, LaBrecque MA, Shih MC, Curley MA. Prone positioning can be Pediatr Int. 2011;53(3):328-31.
safely performed in critically ill infants and children. Pediatr Crit Care Med. 47. Prodhan P, Greenberg B, Bhutta AT, Hyde C, Vankatesan A, Imamura M,
2006;7(5):413-22. et al. Recombinant human deoxyribonuclease improves atelectasis in
26. Curley MA, Thompson JE, Arnold JH. The effects of early and repeated mechanically ventilated children with cardiac disease. Congenit Heart Dis.
prone positioning in pediatric patients with acute lung injury. Chest. 2009;4(3):166-73.
2000;118(1):156-63. 48. Riethmueller J, Borth-Bruhns T, Kumpf M, Vonthein R, Wiskirchen J, Stern
27. Curley MA, Hibberd PL, Fineman LD, Wypij D, Shih MC, Thompson JE, et al. M, et al. Recombinant human deoxyribonuclease shortens ventilation time in
Effect of prone positioning on clinical outcomes in children with acute lung young, mechanically ventilated children. Pediatr Pulmonol. 2006;41(1):61-6.
injury: a randomized controlled trial. JAMA. 2005;294(2):229-37. Erratum in Pediatr Pulmonol. 2006;41(4):388.
28. Casado-Flores J, Martínez de Azagra A, Ruiz-López MJ, Ruiz M, Serrano A. 49. Riethmueller J, Kumpf M, Borth-Bruhns T, Brehm W, Wiskirchen J, Sieverding
Pediatric ARDS: effect of supine-prone postural changes on oxygenation. L, et al. Clinical and in vitro effect of dornase alfa in mechanically ventilated
Intensive Care Med. 2002;28(12):1792-6. pediatric non-cystic fibrosis patients with atelectases. Cell Physiol Biochem.
29. Kornecki A, Frndova H, Coates AL, Shemie SD. 4A randomized trial of 2009;23(1-3):205-10.
prolonged prone positioning in children with acute respiratory failure. Chest. 50. Nasr SZ, Strouse PJ, Soskolne E, Maxvold NJ, Garver KA, Rubin
2001;119(1):211-8. BK, et al. Efficacy of recombinant human deoxyribonuclease I in the
30. Paula LCS, Ceccon MEJ. Randomized comparative analysis between two hospital management of respiratory syncytial virus bronchiolitis. Chest.
tracheal suction systems in neonates. Rev Assoc Med Bras. 2010;56(4):434-9. 2001;120(1):203-8.
31. Taheri P, Asgari N, Mohammadizadeh M, Golchin M. The effect of open and 51. Kuzik BA, Al-Qadhi SA, Kent S, Flavin MP, Hopman W, Hotte S, et al.
closed endotracheal tube suctioning system on respiratory parameters of Nebulized hypertonic saline in the treatment of viral bronchiolitis in infants. J
infants undergoing mechanical ventilation. Iran J Nurs Midwifery Res. Pediatr. 2007;151(3):266-70, 270.e1.
2012;17(1):33-7. 52. Yates K, Festa M, Gillis J, Waters K, North K. Outcome of children with
32. Hoellering AB, Copnell B, Dargaville PA, Mills JF, Morley CJ, Tingay DG. Lung neuromuscular disease admitted to paediatric intensive care. Arch Dis Child.
volume and cardiorespiratory changes during open and closed endotracheal 2004;89(2):170-5.
suction in ventilated newborn infants. Arch Dis Child Fetal Neonat Ed. 53. Panitch HB. Airway clearance in children with neuromuscular weakness.
2008;93(6):F436-41. Curr Opin Pediatr. 2006;18(3):277-81.
33. Avena MJ, Carvalho WB, Beppu OS. Avaliação da mecânica respiratória e 54. Sivasothy P, Brown L, Smith IE, Shneerson JM. Effect of manually assisted
da oxigenação pré e pós-aspiração de secreção em crianças submetidas à cough and mechanical insufflation on cough flow of normal subjects,
ventilação pulmonar mecânica. Rev Assoc Med Bras. 2003;49(2):156-61. patients with chronic obstructive pulmonary disease (COPD), and patients
34. van Veenendaal MB, Miedema M, de Jongh FH, van der Lee JH, Frerichs with respiratory muscle weakness. Thorax. 2001;56(6):438-44.
I, van Kaam AH. Effect of closed endotracheal suction in high-frequency 55. Gauld LM, Boynton A. Relationship between peak cough flow and spirometry
ventilated premature infants measured with electrical impedance in Duchenne muscular dystrophy. Pediatr Pulmonol. 2005;39(5):457-60.
tomography. Intensive Care Med. 2009;35(12):2130-4. 56. Chatwin M, Ross E, Hart N, Nickol AH, Polkey MI, Simonds AK. Cough
35. Tingay DG, Copnell B, Mills JF, Moreley CJ, Dargaville PA. Effects of open augmentation with mechanical insufflation/exsufflation in patients with
endotracheal suction on lung volume in infants receiving HFOV. Intensive neuromuscular weakness. Eur Respir J. 2003;21(3):502-8.
Care Med. 2007;33(4):689-93. 57. O’Connell F, Thomas VE, Pride NB. Adaptation of cough reflex with different
36. Tan AM, Gomez JM, Mathews J, Williams M, Paratz J, Rajadurai VS. Closed types of stimulation. Eur Respir J. 1992;5(10):1296-7.
versus partially ventilated endotracheal suction in extremely preterm neonates: 58. Morice AH, Fontana GA, Belvisi MG, Birring SS, Chung KF, Dicpinigaitis PV,
physiologic consequences. Intensive Crit Care Nurs. 2005;21(4):234-42. Kastelik JA, McGarvey LP, Smith JA, Tatar M, Widdicombe J; European
37. Ward-Larson C, Horn RA, Gosnell F. The efficacy of facilitated tucking for Respiratory Society (ERS). ERS guidelines on the assessment of cough
relieving procedural pain of endotracheal suctioning in very low birthweight Eur Respir J. 2007;29(6):1256-76.