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DISCERNIR O CHAMDO, REACENDER A VOCAÇÃO

2 Timóteo 1.6

Introdução:

Considerando a complexidade e dificuldade do assunto, um bom modo de começarmos é por definir

vocação. O que é vocação?

Vocação (lat. Vocare - chamar, convocar). Posto de modo simples: vocação é ouvir aquela voz
silenciosa, irresistível que chama, que convoca; é discernir essa chamado e dar a ele uma resposta tal
qual o fez Isaias no sexto capítulo do seu livro: "eis me aqui Senhor, envia-me a mim

Contudo, quando falamos, refletimos, pensamos sobre vocação, nos deparamos com duas barreiras

1. Barreira conceitual

Vocação é, entre tantas, uma desses conceitos as vezes confusos. Há muitas distorções perigosas em
torno do conceito. Algumas distorções sutis da idéia de vocação são muito comuns e perceptíveis. Cito
quatro

1. Confundir vocação/ministério com carreirismo eclesiastico-denominacional. Recentemente

durante uma audiência com vários bispos espanhóis, Jorge Mario Bergolio (Papa Francisco)
aconselhou-os em tom grave solene: "Por favor, fujam do carreirismo eclesiástico". Penso que o
mesmo precisa ser dito à nós. Vocação não é galgar escadas ministeriais a fim de alcançar o
topo. Conheço gente que chegou ao topo e perdeu a família; chegou ao top e perdeu os
amigos; chegou ao top e perdeu a alma, chegou ao topo e perdeu a Graça.
2. Confundir vocação/ministério com profissão. É gente que foi um fracasso profissionalmente
na vida e que ver no ministério a possibilidade ganhar vida. Por isso o ambiente eclesiastico-
evangelico é ambiente propicio à malandragem, ao charlatanismo, ao banditismo e as
bizarrices medonhas promovidas pelos mercadores da fé . Gente que entra pra o ministério pra
fazer dinheiro e não porque foi vocacionado. Ouçamos Paulo em 2 Co.2.17
3. Confundir vocação com talento. Há muita gente no ministério com muito talento, mas sem
nenhuma vocação. Os desdobramentos dessa ênfase em talentos em detrimento da vocação
são enormes, entre eles, estão os culto à performance e ao espetáculo. Não estou dizendo que
talento é ruim, não. Mas o talento pelo talento sem vocação fabricou uma igreja viciada em
showmens, em meninos prodígios, cantores fenômenos e pregadores estrelas que só fomenta e
alimento o circo gospel.
4. Confundir vocação com hereditariedade ministerial. Vocação não é alguma coisa que se
transfere com imposição de mãos. Não se recebe vocação por “passe” ou osmose do líder para
o liderado, do pai pra filho, de amigo pra amigo. Vocação é uma chamada individual e
intransferível. É absolutamente estranho e contrário a Jesus a prática vergonhosa de
nepotismo ministerial - a idéia do “costa quente” e do “pistolão” que facilita e viabiliza
consagrações e cargos. A resposta de Jesus para a mães dos filhos de Zebedeu que intencionou
dar um “forcinha” para seus dois filhos pedindo que Jesus os privilegiassem dando-lhes
assentos ao seu lado no Reino dos céus foi um sonoro NÃO (Mt. 20.21).
5. Pensar a vocação em termos de concessão de privilégios a indivíduos especiais. A percepção
desse princípio tira nossa cabeça das nuvens e põe nossos pés no chão com humildade.
Ninguém deve sentir-se especial por perceber-se vocacionado. Vocação não é privilégio, é
serviço (Jonh Stott). Quantos ministros adoecidos pela enfermidade luciferiana – a soberba. A
gloria de quem é vocacionado está no servi, no doar-se.
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Essa é a primeira barreira quando falamos de vocação – a perversões, as distorções daquilo que se
entende por vocação, por chamado divino

2. Barreira cultural

Como falar de vocação numa cultura pós-vocacional?

Os críticos da pós-modernidade, cada um ao seu modo, definem a cultura contemporânea com

características preocupantes: A era do vazio, a sociedade da decepção, sociedade do cansaço,
modernidade liquida, a civilização do espetáculo etc. São adjetivos de uma sociedade e de uma
cultura enferma, doente.

Mas há uma definição da cultura contemporânea que me preocupa profundamente - “A cultura-pós vocacional”
ou “sociedade pragmática”. Significa que ninguém mais se envolve com alguma coisa porque sente-se
vocacionado, mas por que isso lhe proporciona ganhos, lucro, resultados

O capitalismo abocanha tudo à volta insinua: busque uma profissão pelo retorno financeira que ela proporciona
e não por se sentir vocacionado. De modo que, entre ser poeta e ser médico, seja médico mesmo que você seja
infeliz pelo resto da vida.

Geração pós-vocacional. Tema já trabalhado na literatura, inclusive:

 Dom Casmurro de Machado de Assis – Bentinho é internado o seminário por sua mãe, ela quer que ele
seja sacerdote, mas resiste porque sua vocação era amar Capitu
 O conto o menino que escrevia versos do autor moçambicano Mia Couto. O garoto tem vocação para ser
poeta, mas seus pais querem que ele seja mecânico como o pai.

Geração pós-vocacional

Li recentemente que a igreja católica no Concílio Vaticano II suscitou na igreja, a partir da Europa e
depois na América Latina, uma grande preocupação com a questão vocacional – há uma enorme
carência de jovens que aspirem ao sacerdócio católico.

Essa é uma pergunta pertubadoramente honesta que devemos fazer

Quem nos sucederá?

Quem levará a tocha do evangelho adiante?
Onde estão aqueles que aspiram ao santo ministério?
O que será da igreja na geração vindoura se não houver um resgate dessa consciência vocacional hoje?
Preocupa-me o perfil de novos ministros, pregadores, pastores que surgem no horizonte da igreja em
nosso País. Realmente me preocupa.

Transição:
Paulo está preso quando escreve essa carta. Ele mesmo se intitula “encarcerado do Senhor” (1.8).
Paulo prever, pressente que sua morte se avizinha, se aproxima – 2 Timóteo 4.6-8:

“Porque eu já estou sendo oferecido por aspersão de sacrifício, e o tempo da minha partida está
próximo. Combati o bom combate, acabei a carreira, guardei a fé”
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A carreira de Paulo como obreiro do evangelho estava encerrada. Pelo espaço de cerca de 30 anos, ele
havia fielmente pregado as boas novas, fundado igrejas, defendido a fé e consolidado a obra. Paulo
precisava passar o bastão do evangelho para o jovem Timóteo.

Há alguns conselhos, admoestações, princípios, diretrizes, arumos, lições que Timóteo terá que
aprender, compreender, apreender se quiser exercer seu chamado com excelência e fidelidade:

Resumir, condensei a partir dessa epístola alguns importantes conselhos aos que desejam viverem o
chamado divino:

1. Não se massifique, não se nivele à maioria – tenha coragem de ser diferente

As palavras que para mim sintetizam esta epístola de 2 Timóteo são as duas palavrinhas monossilábicas
("TU, POREM,..."), que aparecem quatro vezes: Uma na primeira epístola, e três na segunda:

   Timóteo 6:11: “ Tu, porém, ó homem de Deus, foge destas coisas; antes, segue a justiça, a piedade, a fé,
o amor, a constância, a mansidão”
 2 Timóteo 3:10: “Tu, porém, tens seguido, de perto, o meu ensino, procedimento, propósito, fé,
longanimidade, amor, perseverança”
 2 Timóteo 3:14: “Tu, porém, permanece naquilo que aprendeste e de que foste inteirado,
sabendo de quem o aprendeste”
 2 Timóteo 4:5: “Tu, porém, sê sóbrio em todas as coisas, suporta as aflições, faze o trabalho de
um evangelista, cumpre cabalmente o teu ministério”

“Tú, porém” é uma conjunção adversativa do tipo: “entretanto, no entanto, todavia, mas, todavia,
porém,

Conjunção adversativa é aquilo que estabelece o sujeito como sendo algo diferente, distinto. Paulo usa
a adversativa por quatro vezes em relação a Timóteo: “Tu, porém, Timóteo..”

Timóteo é chamado a ser diferente. Ele não deve se submeter as pressões da opinião pública, ou
conformar-se ao espírito de sua época, mas antes deve permanecer firme na naquilo para o qual foi
chamado.

Ser diferente no mundo dos iguais é um enorme desafio. Os valores da cultura contemporânea quer
nos massificar, padronizar, nivelar, uniformizar: “Todo mundo faz, você deveria fazer também”

“Tu, porém” é o lembrete de que somos diferentes na cultura dos iguais

O que distinguia Timóteo dos demais não era a sua personalidade, era tímido – 1Tm. Não tinha a ver
com sua experiência, pois era jovem (1 Tm. 4.12), e mais, sua saúde era frágil. Assim, pois, era
Timóteo: jovem, de estrutura física fraca, de disposição tímida.

Um jovem que facilmente se perderia na multidão. Igual a todos, mas ao mesmo tempo diferente. O
que o distinguia era sua chamada, sua vocação.

Ser diferente não é ser o esquisito que nunca se relaciona

Não é ser o critico que não cabe em lugar nenhum
Não ser o chato que estraga a conversa
Não é ser o “santo” que ver defeitos e pecados em tudo até onde não há.
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Ser diferente é agir por convicções, e não por OPINIÇOES

Ser diferente é não seguir a multidão, sem saber porque está seguindo
É não correr no estouro da boiada, não ser a “Maria que vai só porque as outras estão indo”
É saber quem você é, quem o chamou e pra que o chamou”
É ter uma identidade afirmada
É dizer não mesmo que todos estejam dizendo sim

Na cultura dos iguais

 Daniel foi diferente

 Ananias, Misael e Asarias foram diferentes

2. Não hesite em fugir se isso preservar o seu chamado e vocação

2 Timóteos 2:22: “E você, Timóteo, fuja das paixões da mocidade e procure viver uma vida correta,
com fé, amor e paz, junto com os que com um coração puro pedem a ajuda do Senhor”

“Paixões” aqui são os desejos incontroláveis, as pulsões irrefreáveis da tentação humana. Aquilo que
em nós

Há inimigos que você só vencer se fugir, porque encarar é derrota na certa

Não facilite
Não brinque
Não abra concessões
Não confie em sua capacidade de resisti
Não confie na sua capacidade de resistir.
A única maneira de enfrentá-la é dela fugir. Fugir para os braços do senhor, neles estaremos seguros,
agasalhados, protegidos.

José é um personagem ilustrativo de alguém que empreende uma fuga salvadora da alma, da vida e de
sua vocação

Gênesis 39:10-12

“E aconteceu que falando ela cada dia a José, e não lhe dando ele ouvidos, para deitar-se com
ela, e estar com ela, Sucedeu num certo dia que ele veio à casa para fazer seu serviço; e nenhum
dos da casa estava ali; E ela lhe pegou pela sua roupa, dizendo: Deita-te comigo. E ele deixou a
sua roupa na mão dela, e fugiu, e saiu para fora”

Foge pra não pecar

Foge não perder

Foge pra não ferir

Foge pra não cair

Foge porque ama a Deus

Sansão não fugiu ao contrario não fugiu e o seu fim foi trágico.
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3. Mantenha a vocação celestial bem firme em sua mente

2 Timóteo 1:14 “Guarda o bom depósito, mediante o Espírito Santo que habita em nós”.

Paulo aconselha a Timóteo a guardar o depósito que recebeu de Cristo. Penso nesse depósito como a
consciência de sua vocação. Essa deveria ser a convicção norteadora de sua vida: “Deus me chamou,
me vocacionou”, “eu tenho um chamado”

Esse foi também o bom depósito do autor aos Hebreus: “fui fiel a vocação celestial” (Hb. 3.1)

Pense naquilo para o qual você foi chamado. Pense na primeira voz que você ouviu
É possível que você esteja perdido em meio a tantas vozes. Tente ouvir a primeira voz, aquela mesma
que o colocou no ministério, aqueceu seu coração e lhe deu uma razão e uma causa para viver e lutar.
Lembre da primeira voz. Daquela voz inconfundível

Oswald Smith, pastor Canadense, já idoso quando perguntado pelo seu filho sobre o que o sustentou
em todos anos no exército pastoral em suas lutas, revezes, dificuldades. Paulo, seu filho esperava que
seu pai atribuiria à sua capacidades intelectuais, o preparo, a força da instituição, suas habilidades. Ao
invés disso, ele respondeu: “o que me sustentou em todos esses anos no ministério foi a memória da
voz que ouvi quando jovem aos 17 anos me convocando”

Foi essa voz que Moises ouviu no monte Horebe quando apscentava o rebanho de jetro – Ex. 3.1
Foi essa voz que Abraão ouviu convocando-o a sair da sua terra – Gn.12.1
Foi essa voz que Gideão ouviu quando malhava o trigo no lagar – Jz. 6.11-24
Foi essa voz que Isaias ouviu no templo no sexto capitulo do seu livro – Is. 6.8: “Depois disto ouvi a voz
do Senhor, que dizia: A quem enviarei, e quem há de ir por nós? Então disse eu: Eis-me aqui, envia-me a
mim”.
Foi essa voz que Pedro, André, Tiago e João ouviram na praia do mar da Galileia – Mt. 4
Foi essa voz que Levi na coletoria – Mt. 5. 27-32
Foi essa voz que Paulo ouviu na estrada de Damasco –At. 22

4. Pense na simplicidade do primeiro amor

1 Timóteo 4:12:“Ninguém despreze a tua mocidade; mas sê o exemplo dos fiéis, na palavra, no trato,
no amor, no espírito, na fé, na pureza.”

Timóteo era um jovem noviço, imaturo, inexperiente. Havia muito o que aprender. Gosto muito disso.
Porque depois que se vai ficando “maduro’, “experiente”, a chama vocacional começa a fumegar,
esmaecer, apagar.

Maturidade. Eis uma palavra bela, mas perigosa. Isso porque não há nada mais trágico na vida cristã do
que aquilo que muitas vezes chamamos de “maturidade”, quando o individuo vai perdendo a
sensibilidade, a capacidade de sentir, de ser tocado – quando o individuo não chora, não se emociona,
não se aquece. Tudo se torna muito “simples” e fútil pra ele.

Vocacionados que perderam a alma é a grande tragédia do ministério cristão.

Tente pensar na simplicidade do seu primeiro amor. Peça a Deus que descomplique sua vida
5. Busque viver na companhia de gente que inspire e excelência
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Tendo um amigo como Paulo, Timóteo só poderia tornar-se quem tornou-se. Não menos. Paulo era seu
amigo, seu mentor, sua referencia ministerial, sua inspiração e modelo.

Era Paulo quem lhe inspirava à excelência no ministério

Quem são seus amigos?

Quem são seus referenciais? Quem você ouve? Quem você admira? Toma conselhos? Compartilha
segredos, abre o coração?
Quem lhe influencia?
Quem lhe influencia?
Quem em cuja companhia desperta em você o desejo se ser mais de Deus, servir mais a Deus, ser
totalmente dele e dele só.

Veja o que Paulo diz a Timoteo 4:14,15: “Alexandre, o ferreiro, causou-me muitos males. O Senhor lhe
dará a retribuição pelo que fez. Previna-se contra ele, porque se opôs fortemente às nossas palavras”

2 Timóteo 3:5 Paulo orienta a Timóteo a manter-se distante de determinadas influencias tóxicas,
adoecedora: “destes afasta-te”

(1 Coríntios 15:33, NVI) “Não se deixem enganar: ‘as más companhias corrompem os bons costumes.’”

Crescimento e más companhias são incompatíveis.

Quanta gente cheia de Deus, quantos jovens vocacionados, que hoje estão apáticos e perdidos, sem
brilho e sem entusiasmo porque fez alianças, amizades com gente ruim.

Como rescender a chama que um dia queimou e aqueceu seu peito? Comece selecionando suas
amizades, seus relacionamentos. Se for preciso bloquear, bloqueie. Se for preciso sair do grupo
daquele grupo, saia. Se for preciso cortar caminho corte, corte. Se necessário evitar, evite.

 6. Comprometa-se com princípios e não com estratégias de sucesso

Quais são esses princípios? Estão em 1 Timóteo 1.5: “O amor que procede de um coração puro, de
uma boa consciência e de uma fé sincera”

Amor, pureza de coração, boa consciência, e fé honesta

Sucesso é ilusório.
Como definir um ministério de sucesso?

Visibilidade não é sinônimo de sucesso e nem anonimato sinônimo de fracasso. A igreja está repleta de
de homens e mulheres, rapazes e moças que não são conhecidos deo grande púplico, não tem
reputação nacional, que talvez nunca tenha subido a um púlpito ou empunhado um microfone, mas
que à semelhança de Timóteo, podem fazer grande diferença na sua geração.

Não cobice o brilho do sucesso ministerial. Ele é ilusório. Deus não nos chamou para sermos sucessos,
mas para sermos fiéis, comprometidos com os valores: amor, pureza de coração, boa consciência, e fé
honesta.
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7. Assume os riscos do chamado e vocação

2 Timóteo 2.2: “Sofre, pois, comigo as aflições como bom soldado”

Aflições e chamado se conjugam

O que Paulo estava dizendo para Timóteo era: “no exercício do seu chamado, espere aflições
dificuldades, oposições, ameaças, embates, invejas, calúnias, sofrimentos etc. Paulo sabia o que
estava dizendo pois lá atrás em Atos 9:16, Deus lhe havia dito a mesma coisa: “Pois eu lhe mostrarei o
quanto importa sofrer pelo meu nome”

Abraçar a vocação é uma escolha cheia de conseqüências e de compromissos; é uma decisão crucial e,
antes de escolher, precisamos sentar e calcular.

8. Tome a decisão de começar outra vez

2 Timóteo 1.6: “Por essa razão, exorto que reascendas o dom que há em ti”

Outras versões traduzem por “não despreze”/ou “mantenha a chama acessa”/ou “desperte o dom”/ou
“reascendas”

Stott porpoe que a melhor tradução seja a que usa “desperta” ou “reascenda” evocando a imagem de
algo que se apagou e que precisa ser reascendido. Essa é a idéia.

Ocorre que em algum momento, não sabemos quando, mas a chama vocacional que ardia no coração
de Timóteo apagou-se. Paulo exorta-o a que comece de novo.

O prefixo “re” em nossa gramática traz exatamente essa idéia - a de alguma coisa que precisa
recomeçar.
Refazer
Repensar
Reanimar
Ressuscitar
Relembrar
Recomeçar

Paulo exorta: “re-ascendas o dom que há em ti”

Reascender é a decisão de tentar de novo. Diga a você mesmo e a Deus: “eu vou tentar de novo”

RECOMECE
Recomece | Bráulio Bessa

Quando a vida bater forte e sua alma sangrar, quando esse mundo pesado
lhe ferir, lhe esmagar...
É hora do recomeço.
Recomece a LUTAR.

Quando tudo for escuro

e nada iluminar,
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quando tudo for incerto e você só duvidar...

É hora do recomeço.
Recomece a ACREDITAR.

Quando a estrada for longa e seu corpo fraquejar,

quando não houver caminho
nem um lugar pra chegar...
É hora do recomeço.
Recomece a CAMINHAR.

Quando o mal for evidente

e o amor se ocultar,
quando o peito for vazio,
quando o abraço faltar...
É hora do recomeço.
Recomece a AMAR.

Quando você cair e ninguém lhe aparar,

quando a força do que é ruim
conseguir lhe derrubar... É hora do recomeço.

Recomece a LEVANTAR.
Quando a falta de esperança
decidir lhe açoitar, se tudo que for real for difícil suportar...
É hora do recomeço.
Recomece a SONHAR.

Enfim,
É preciso de um final pra poder recomeçar,
como é preciso cair pra poder se levantar.
Nem sempre engatar a ré
significa voltar.
Remarque aquele encontro,
reconquiste um amor,
reúna quem lhe quer bem,
reconforte um sofredor,
reanime quem tá triste
e reaprenda na dor.

Recomece, se refaça,
relembre o que foi bom,
reconstrua cada sonho,
redescubra algum dom,
reaprenda quando errar,
rebole quando dançar,
e se um dia, lá na frente, a vida der uma ré,
recupere sua fé e RECOMECE novamente.