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Eduardo Sequeiros de Sousa Nunes

A suspensão da execução da pena de prisão nos crimes


tributários e a condição de pagamento imposta pela Lei

Trabalho científico relativo à disciplina de Direito Penal e


Contraordenacional Tributário, ministrada no Curso de
Mestrado em Direito Tributário, pelos Professores Pedro
Miguel Fernandes Freitas e Tiago João Lopes Gonçalves
de Azevedo

Maio de 2018



SUMÁRIO

ABREVIATURAS .................................................................................................................................. I
1. INTRODUÇÃO .................................................................................................................................. 1
2. ORIGEM E EVOLUÇÃO .................................................................................................................. 2
3. SUSPENSÃO DA EXECUÇÃO DA PENA DE PRISÃO ................................................................ 6
3.1. CONCEITO E NATUREZA JURÍDICA ........................................................................................ 6
3.2. DEVER DE PAGAMENTO NO DIREITO PENAL PRIMÁRIO .................................................. 7
3.3. DEVER DE PAGAMENTO NO DIREITO PENAL TRIBUTÁRIO ............................................. 9
4. CONCLUSÃO .................................................................................................................................. 11
BIBLIOGRAFIA .................................................................................................................................. 13



ABREVIATURAS

AcSTJ – Acórdão do Supremo Tribunal de Justiça


AcTC – Acórdão do Tribunal Constitucional
CP – Código Penal
CPP – Código de Processo Penal
DL – Decreto-Lei
RJIFNA - Regime Jurídico das Infracções Fiscais não Aduaneiras
RGIT – Regime Geral das Infrações Tributárias
STJ – Supremo Tribunal de Justiça

I

1. INTRODUÇÃO

A imposição de pena privativa de liberdade para as infracções tributárias conheceu,


em Portugal, um trajeto acidentado de mudanças legislativas.
Marco inicial, o DL nº 27.153, de 31 de Outubro de 1936, sancionava com pena de
prisão a duplicação, a viciação ou a falsificação da escrita contábil. A reforma fiscal de 1958-
1966, conforme entendimento de parte da doutrina, teria afastado o sistema de 1936 por não
elencar a pena de prisão entre as sanções. A possibilidade de prisão voltaria com o DL nº 619,
de 27 de Julho de 1976, seria rechaçada em 1984 para finalmente retornar por meio do DL nº
20-A, de 15 de Janeiro de 1990 e permanecer no atual RGIT.1
Interessante registar que o crime de contrabando, hoje constante do artigo 92º do
RGIT e punido com multa ou prisão, era considerado crime comum no CP de 1852 e no CP
de 18862, e sancionado somente com multa.3
Paralela à evolução do texto legal, progrediu a visão ética da transgressão tributária.
Inicialmente considerada um “mero delito de luvas brancas, um delito de cavalheiros, que,
mais do que censura social, despertava sentimentos de admiração e respeito”4, gradativamente
passou a ser repelida como crime de nefastas consequências sociais.
Consolidada no domínio social, doutrinário e legal, a pena privativa de liberdade para
crimes tributários enfrenta os mesmos problemas relacionados às penas de curta duração que,
no âmbito do direito penal clássico, motivaram, a partir do século XIX, uma luta contra a pena
de prisão para esses casos5. Desse movimento nasceu a possibilidade de suspender a execução
da pena para crimes de baixa periculosidade.
A possibilidade de suspensão da execução da pena de prisão para crimes tributários é
importante instituto de política criminal e está previsto no RGIT. Ocorre que foi regulado de
forma distinta da prevista no CP em vigor.


1
José Casalta Nabais, Direito Fiscal, 8a (Coimbra: Almedina, 2015), 409-10.
2
Isabel Marques da Silva, Regime Geral das Infracções Tributárias, 3a, Cadernos do IDEF 5 (Coimbra: Almedina, 2010),
22. Os crimes de contrabando e de descaminho constavam dos artigos 279º a 281º no CP de 1852 e no CP de 1886.
3
CP de 1852, Artigo 279º Aquelle, que importar, ou exportar mercadorias, generos, ou quaesquer objectos de que a Lei
pohibir a importação, ou exportação, será punido com multa, conforme a sua renda, de um mez até dois annos. § único. O que
prestar ajuda a este crime, occultando as mercadorias, generos, e objectos prohibidos, ou de qualquer outro modo, ou que
nelles commerciar, será punido com a mesma pena até dois annos.
4
Nabais, Direito Fiscal, 411-14.
5
Edwin Pears, Prisons and reformatories at home and abroad being the transactions of the International Penitentiary
Congress held in London July 3-13, 1872 (London: Longmans, Green, and Co., 1872), 410. Trata-se de referência à
discussão do seguinte tópico: Is it possible to replace short imprisonments and the non-payment of fines by forced labour,
without privation of liberty? Obra disponível para consulta em http://data.decalog.net/enap1/liens/congres/CONGRES_
PENIT_1872_VOL1_0001.pdf e http://data.decalog.net/enap1/liens/congres/CONGRES_PENIT_1872_VOL1_0002.pdf.

1

Enquanto o CP define que a suspensão da execução da pena “pode” ser subordinada
ao cumprimento de deveres6 pelo condenado, dentre os quais pagamento de indemnização ao
lesado e contribuição monetária a instituições sociais ou ao Estado, o RGIT, em seu artigo
14º, determina que a suspensão da pena de prisão é “sempre condicionada ao pagamento” da
prestação tributária e acréscimos legais, do montante dos benefícios obtidos ilegalmente e,
caso entenda o juízo, de quantia até o máximo previsto para multa.
Surge assim um aparente choque entre as regras do direito penal clássico e do direito
penal secundário. O elemento patrimonial – o pagamento – trabalha como uma força a afastar
a possibilidade de suspensão da pena de prisão por crimes tributários, apesar de o condenado
poder reunir as condições para gozar do instituto se estivesse em situação em que foi
cominada pena similar no âmbito do CP.
Nesses sentido, este trabalho pretende verificar, por meio de uma análise do direito
penal primário, da doutrina e da jurisprudência, se a ausência de condições económicas para
efetuar o pagamento previsto como condicionante obrigatório no RGIT impede a suspensão
da execução da pena de prisão ou determina a sua revogação.
Para atingir esse objetivo, a presente investigação está dividida em três partes. Na
primeira será feito um resumo da evolução histórica do instituto. A segunda tem por
finalidade fazer uma correlação entre o desenho jurídico contido no CP e o constante do artigo
14º do RGIT, enfrentando especificamente os problemas decorrentes da impossibilidade de
cumprir a condição de pagamento imposta para a aplicação da suspensão da execução da pena
de prisão. Por último, a conclusão contém uma breve síntese do que foi apresentado e os
resultados inferidos pelo autor.

2. ORIGEM E EVOLUÇÃO

No Congresso Penitenciário Internacional, realizado em Londres, em Julho de 1872,


ficou registado o pronunciamento do Conde Adolfo de Foresta, representante do então Reino
da Itália:

In my experience as magistrate I have always been struck with the great inconvenience of
confining in prisons persons sentenced to imprisonment of short duration. While there is not time
to instruct or reform them, they unhappily find time to get corrupted. On the other hand, the
number of these prisoners being very large, they are very costly to the State. Moreover, during
their detention their families suffer, and are often themselves driven to crime by want. Pondering
these circumstances, I have thought they might be diminished if not entirely get rid of by
substituting for imprisonment obligatory labour during the day, leaving the condemned free to


6
Conforme previsto no artigo 51º do CP.

2

return to their families in the evening like ordinary labourers. This idea is, I believe, quite novel,
not having yet been anywhere adopted.7

A ideia de evitar o encarceramento de criminosos condenados a penas de curta duração


era inovadora. Os malefícios sociais relacionados a essa privação, bem conhecidos.
O primeiro projeto versando sobre a suspensão da execução da pena de prisão surgiu
em 1884, pela pena do francês Bérenger.8 Nessa época, o aumento da recorrência no
comportamento de criminosos apontava a falência do sistema penitenciário. Atentos a isso,
penalistas e criminólogos perceberam que o problema poderia ser resolvido por meio da
separação dos delinquentes por acidente ou primários dos delinquentes habituais. Evitar a
prisão dos primeiros e afastar os criminosos profissionais do convívio social, no qual não
conseguiriam permanecer sem voltar a delinquir, parecia ser o programa que a lei francesa de
26 de março de 1891 tentava realizar, pautada pelo trabalho do senador René Bérenger.9
Impedir as possíveis consequências negativas da convivência com presos de maior
periculosidade, aliado à noção de que bastaria a ameaça de prisão para afastar os infratores de
menor potencial ofensivo da prática delituosa inspiravam essa nova abordagem político-
criminal adotada pela primeira vez na Bélgica em 1888, em seguida pela França, Luxemburgo
em 1892, e Portugal em 1893.10
O modelo franco-belga implementado em Portugal, apesar do avanço que trouxe,
abrigava certas imperfeições por fiar-se somente na capacidade de reprimir o comportamento
delitivo pela ameaça de aprisionamento, olvidando que determinados indivíduos podem
necessitar de apoio externo para evitar a recorrência.
Dessa forma, o modelo evoluiu no sentido de alargar seu âmbito de aplicação. Deixou
de ser restrito aos réus primários, atentando, porém, para que não se perdesse o seu propósito
original. O regime de prova do sistema anglo-americano foi incorporado para compelir o
condenado a obedecer determinadas regras de conduta voltadas à reparação do mal produzido
e a pretendida ressocialização do detento. A reintegração do condenado torna-se passível de
acompanhamento e supervisão por serviços sociais durante o perído de suspensão da pena,
contribuindo para a reeducação do infrator e maior efetividade do sistema. Deixou, assim, de


7
Pears, Prisons and reformatories at home and abroad being the transactions of the International Penitentiary Congress
held in London July 3-13, 1872, 410–11.
8
Jorge de Figueiredo Dias, Direito Penal Português: as consequências jurídicas do crime, Tomo II (Coimbra: Coimbra
Editora, 2009), 338.
9
R. Garraud, Précis de droit criminel, 11a (Paris: Recueil Sirey, 1912), 53. Obra disponível para consulta em
http://gallica.bnf.fr/ark:/12148/bpt6k4156089/f1.image.texteImage.
10
Dias, Direito Penal Português: as consequências jurídicas do crime, Tomo II:338.

3

se basear exclusivamente na ameaça de pena e seu efeito inibitório – a prevenção geral – para
adicionar a prevenção especial, com o resgate social do condenado.11
Essa evolução, a partir do ordenamento de 1893, seguiu curso com o artigo 633º do
CPP de 192912; avançou com o artigos 10º do DL nº 29.636, de 27 de Maio de193913 e 88º do
CP de 1886 com a redacção conferida pelo DL nº 39.688, de 5 de Junho de 195414, que
promoveram a mais importante das alterações: a possibilidade de obter a suspensão da pena
nos mesmos termos da concessão de liberdade condicional.15
O CP de 1982, construído com base nos projetos de Eduardo Correia de 1963 e 1966,
relativos, respectivamente, à parte geral e à parte especial, substituiu o longevo CP de 1886.
O projeto de 1963 preservava o essencial do regime de prova anterior e a suspensão da
execução da pena de prisão. Contudo, não impunha qualquer limite de duração para a pena de
prisão que inviabilizasse a aplicação do instituto, questão que não vingou no CP de 1982, em
que se fixou uma pena não superior a três anos como limite para a suspensão de execução da
pena.16 Esse limite foi alterado17 e hoje é de cinco anos.
Na seara do direito penal tributário, o já citado DL nº 619, de 27 de Julho de 1976, em
seu artigo 6º, vetava de forma peremptória a suspensão condicional da execução da pena
aplicada aos crimes tributários. Posteriormente, o RJIFNA, em sua redacção original18, previa
que nos casos de suspensão de execução da pena “poderia” ser imposto ao condenado o dever
de pagar, de forma antecipada, a dívida e os acréscimos legais. Porém, o DL nº 394, de 24 de
Novembro de 1993 alterou a redacção do RJIFNA19 tornando obrigatório o pagamento.20

11
Dias, Tomo II:340–41.
12
Artigo 633º A pena poderá ser suspensa nos termos da lei. §1º Quando a pena fôr suspensa, será averbada no registo
criminal com esta declaração. §2º Se a pena suspensa não tiver de executar-se, o Ministério Público, findo o peróiodo da
suspensão, promoverá no processo que seja declarada sem efeito, para o que os autos lhe serão continuados com vista,
independentemente de despacho. O registo criminal será trancado, para o que se enviará à repartição a devida comunicação,
logo que transite em julgado o respectivo despacho. §3º Se o réu tiver de cumprir a pena suspensa, o Ministério Público assim
o promoverá no respectivo processo, requerendo também que se envie para o registo criminal a competente nota para aí ser
averbada de definitiva a condenação.
13
Artigo 10º A pena pode ser suspensa nas mesmas condições em que pode ser concedida a liberdade condicional. § único.
Observar-se-á o §2º do artigo 396º do decreto-lei nº 26.643, de 28 de Maio de 1936.
14
Artigo 88º Em caso de condenação a pena de prisão ou de multa, ou de prisão e multa, o juiz, tendo ponderado o grau de
culpabilidade e comportamento moral do delinquente e as circunstâncias da infracção, poderá declarar suspensa a execução
da pena, se o réu não tiver ainda sofrido condenaão em pena de prisão. A sentença indicará os motivos da suspensão da pena.
§1º O tempo de suspensão não será inferior a dois anos, nem superior a cinco, e contar-se-á desde a data da sentença em que
tiver sido consignada. §2º A suspensão pode ser subordinada ao cumprimento de obrigações similares às que acompanham a
concessão de liberdade condicional.
15
Dias, Direito Penal Português: as consequências jurídicas do crime, 340-41.
16
Dias, 341.
17
Alteração efetuada pela Lei º 59, de 4 de Setembro de 2007.
18
DL nº 20-A, de 15 de Janeiro de 1990, artigo 11º, nº 5 – Em caso de suspensão de execução da pena, entre os deveres a
impor ao condenado pode figurar o de pagar previamente a dívida de imposto e acréscimos legais, dentro de certo prazo.
19
Artigo 11º, nº 7 – A suspensão é sempre condicionada ao pagamento ao Estado, em prazo a fixar pelo juiz nos termos do
n.° 8, do imposto e acréscimos legais, do montante dos benefícios indevidamente obtidos e, caso o juiz o entenda, ao
pagamento de quantia até ao limite máximo estabelecido para a pena de multa, sendo aplicável, em caso de falta do
cumprimento do prazo, apenas o disposto nas alíneas b), c) e d) do artigo 50.° do Código Penal.
20
Silva, Regime Geral das Infracções Tributárias, 107.

4

Tal disposição foi mantida na redacção do artigo 14º do RGIT, aprovado pela Lei nº
15, de 5 de Junho de 2001 e, apesar das diversas modificações que o regime conheceu,
permanece no texto atual.
Apresentadas a origem e a evolução do tema, e antes de prosseguir para o próximo
tópico, relevante conhecer, em linhas gerais, três modelos que merecem destaque: o franco-
belga, em que o réu é processado, tem sua culpa reconhecida, é condenado e a execução da
pena é suspensa desde que o condenado se submeta às condições legais estabelecidas pelo
juízo; o anglo-americano, em que o réu é processado, tem culpa reconhecida, mas o processo
é suspenso e o réu submetido a um período de prova, sem imposição de pena; e o sistema do
probation of first offenders em que o réu é processado, mas o processo é suspenso sem
reconhecimento de culpa, sendo impostas condições a serem atendidas pelo réu. O
descumprimento das condições impostas no período de prova tem as seguintes consequências:
no modelo franco-belga, o cumprimento da pena suspensa; no anglo-americano, a retomada
do julgamento com a determinação da pena de privação de liberdade a ser cumprida; no
probation of first offenders, a continuidade do processo até a condenação e aplicação da pena
imposta.21
Conforme já citado, Portugal adotou o sistema franco-belga, o mesmo implantado no
Brasil22, que reconhece, ainda, no artigo 89º da Lei nº 9.099, de 26 de Setembro de 199523,
relativa aos Juizados Especiais Criminais, o sistema probation of first offenders.


21
Rogério Sanches Cunha, Manual de Direito Penal: Parte Geral, 3a (Salvador: Editora Juspodivm, 2015), 456-57.
22
Artigos 77º a 82º do Código Penal brasileiro.
23
Art. 89º Nos crimes em que a pena mínima cominada for igual ou inferior a um ano, abrangidas ou não por esta Lei, o
Ministério Público, ao oferecer a denúncia, poderá propor a suspensão do processo, por dois a quatro anos, desde que o
acusado não esteja sendo processado ou não tenha sido condenado por outro crime, presentes os demais requisitos que
autorizariam a suspensão condicional da pena. § 1º Aceita a proposta pelo acusado e seu defensor, na presença do Juiz, este,
recebendo a denúncia, poderá suspender o processo, submetendo o acusado a período de prova, sob as seguintes condições: I
- reparação do dano, salvo impossibilidade de fazê-lo; II - proibição de freqüentar determinados lugares; III - proibição de
ausentar-se da comarca onde reside, sem autorização do Juiz; IV - comparecimento pessoal e obrigatório a juízo,
mensalmente, para informar e justificar suas atividades. § 2º O Juiz poderá especificar outras condições a que fica
subordinada a suspensão, desde que adequadas ao fato e à situação pessoal do acusado. § 3º A suspensão será revogada se, no
curso do prazo, o beneficiário vier a ser processado por outro crime ou não efetuar, sem motivo justificado, a reparação do
dano. § 4º A suspensão poderá ser revogada se o acusado vier a ser processado, no curso do prazo, por contravenção, ou
descumprir qualquer outra condição imposta. § 5º Expirado o prazo sem revogação, o Juiz declarará extinta a punibilidade. §
6º Não correrá a prescrição durante o prazo de suspensão do processo. § 7º Se o acusado não aceitar a proposta prevista neste
artigo, o processo prosseguirá em seus ulteriores termos.

5

3. SUSPENSÃO DA EXECUÇÃO DA PENA DE PRISÃO

Enquanto no CP a matéria relativa à suspensão da execução da pena de prisão é


regulada nos artigos 50º a 57º, no RGIT se resume ao artigo 14º.
O artigo 14º se limita a condicionar a suspensão ao pagamento da prestação tributária
e acréscimos legais, dos benefícios auferidos indevidamente e, se julgado necessário, multa;
limitar o prazo para pagamento em até cinco anos; e elencar as consequências do
inadimplemento. Isto é, prescreve somente algumas especificidades em relação ao regime
penal geral24
Resta claro, dada a subsidiaridade prevista na letra “a” do artigo 3º do RGIT25 que:

O artigo 14º não excluiu a aplicação dos artigos 50º a 57º do Código Penal, não só porque é
somente aplicável nas situações em que há prejuízo para as receitas tributárias, como também é
ainda complementado por estas normas nos aspectos por tal norma não concretamente regulados,
nomeadamente, no que toca aos seus pressupostos... à sua duração (entre 1 e 5 anos a contar do
trânsito em julgado – artigo 50, nº 5); às consequências da falta de cumprimento e sua revogação
(artigos 55º e 56º do Código Penal) e a extinção da pena (artigo 57º).26

Logo, excepcionadas as disposições presentes no RGIT, aplica-se o previsto no direito


penal primário.

3.1. CONCEITO E NATUREZA JURÍDICA

A suspensão da execução da pena de prisão é um instituto de política criminal em que


a execução da pena privativa de liberdade imposta não é aplicada durante certo lapso
temporal. Durante esse período, o condenado é posto em liberdade sob determinadas
condições.27 Findo esse período, tendo o condenado atendido às condiçoes impostas, a pena
privativa de liberdade suspensa é declarada extinta.
Não deve ser entendida, porém, como uma concessão graciosa, mas como pena
imposta em substituição à prisão, uma adequada “reacção de conteúdo pedagógico e
reeducativo”28 que deve ser aplicada em função das condições pessoais do condenado e das


24
Jorge Lopes de Sousa e Manuel Simas Santos, Regime Geral das Infracções Tributárias - Anotado, 4a (Lisboa: Áreas
Editora, 2010), 182–88.
25
Artigo 3º São aplicáveis subsidiariamente: a) Quanto aos crimes e seu processamento, as disposições do Código Penal, do
Código de Processo Penal e respetiva legislação complementar.
26
Patrícia Naré Agostinho, “A relevância da reposição da verdade sobre a situação tributária e a regularização de dívidas
tributárias no RGIT”, Revista do Ministério Público, no 109 (março de 2007): 127. O excerto foi retirado por informar como
limite para a aplicação da suspensão da execução da pena de prisão a condenação não superior a três anos. Atualmente o
limite é de cinco anos.
27
Cunha, Manual de Direito Penal, 455.
28
Manuel de Oliveira Leal-Henriques e Manuel José Carrilho de Simas Santos, Código Penal Anotado, 3a, vol. I (Lisboa: Rei
dos livros, 2002), 639.

6

circunstâncias do crime. Por possuir o maior espectro de aplicação, e ser a mais utilizada
pelos tribunais, é a mais importante pena substitutiva do ordenamento português.29
Constituindo uma pena, assume caráter autónomo, apesar de haver doutrina recente
que entendia ser uma forma específica de cumprir a pena de prisão.3031 Logo, o
descumprimento das condições estabelecidas na pena de substituição, autónoma em relação à
de prisão, pode resultar na revogação e no consequente cumprimento da pena privativa de
liberdade suspensa em sua totalidade. Fosse entendida como forma de cumprimento, a
suspensão deveria contar como tempo a ser debitado da pena principal.
Embora a redacção atual do CP, após a alteração do texto original32, não enseje o
mesmo grau de dúvida, importante ressaltar que a aplicação da suspensão da execução da
pena de prisão não é uma faculdade do juízo, incorpora, na realidade, verdadeiro poder-dever
estritamente vinculado à lei. Isto é, reunindo o condenado as condições previstas no nº 1 do
artigo 50º, o tribunal tem o dever de decretar a suspensão. Destaque-se que este já era o
entendimento anterior à alteração.3334
A obrigatoriedade de aplicação da suspensão, quando cumpridos os requisitos legais,
impõe a fundamentação da decisão, seja esta de denegação ou de concessão, nos termos
previstos no nº 4 do artigo 50º35 e conforme pacífica jurisprudência.36 A ausência de
fundamentação específica configura omissão de pronúncia que leva à nulidade da decisão.37

3.2. DEVER DE PAGAMENTO NO DIREITO PENAL PRIMÁRIO

Nos termos do artigo 50º do CP, caso a pena de prisão não seja superior a cinco anos,
o tribunal suspende a execução depois de analisar a personalidade, a conduta anterior e
posterior ao crime, as condições de vida do condenado e as circunstâncias do delito, se
concluir que a censura do fato e a ameaça de prisão realizam de forma adequada e suficiente
as finalidades da punição.


29
Dias, Direito Penal Português: as consequências jurídicas do crime, Tomo II:337–38.
30
Leal-Henriques e Santos, Código Penal Anotado, I:639–40.
31
Dias, Direito Penal Português: as consequências jurídicas do crime, Tomo II:339–40.
32
Na redação original o nº 1 do artigo 48º previa a expressão “o tribunal pode suspender” denotando a ideia de
discricionariedade. A Lei nº 59, de 4 de setembro de 2007, mudou a redação e deslocou o dispositivo, constando hoje do nº 1
do artigo 50º que o “ tribunal suspende”.
33
Dias, Direito Penal Português: as consequências jurídicas do crime, Tomo II:341.
34
O STJ já havia se pronunciado nesse sentido em diversos processos, v.g., AcSTJ de 11 de Maio de 1995, no processo nº
46.233; AcSTJ de 4 de Junho de 1996, no processo nº 47.969; e AcSTJ de 7 de Outubro de 1999, no processo nº 609.
35
Artigo 50º, 4 – A decisão condenatória especifica sempre os fundamentos da suspensão e das suas condições.
36
AcTC nº 61, de 18 de Janeiro de 2006, no processo nº 442/05; AcSTJ de 14 de Dezembro de 2000, no processo nº 2769/00.
37
Conforme alínea “c”, nº 1, artigo 379º do CPP.

7

Caso julgue conveniente e adequado, pode subordinar a suspensão ao cumprimento de
deveres (artigo 51º), de regras de conduta (artigo 52º) ou ao acompanhamento por regime de
prova (artigos 53º e 54º).
Dessa forma, podemos individualizar cinco formas de suspensão: (I) sem qualquer
condicionante (artigo 50º), (II) com cumprimento de deveres, (III) com observância de regras
de conduta, (IV) com deveres e regras de conduta cumulativamente (nº 3 do artigo 50º) e (V)
com regime de provas.
Dentre as condições que podem ser impostas, duas têm natureza pecuniária e constam
das letras “a” e “c”, nº 1 do artigo 51º, quais sejam: a) pagar dentro de certo prazo, no todo ou
na parte que o tribunal considerar possível, a indemnização devida ao lesado, ou garantir o seu
pagamento por meio de caução idónea; c) entregar a instituições, públicas ou privadas, de
solidariedade social ou ao Estado, uma contribuição monetária ou prestação de valor
equivalente.
Caso sejam estipuladas quaisquer dessas obrigações de conteúdo económico, o
tribunal deve atentar para que essa imposição não represente para o condenado ónus cujo
cumprimento não seja razoável, conforme prevê o nº 2 do artigo 51º.
A imposição deve, assim, atender ao princípio da razoabilidade. Necessita estar numa
relação de adequação e proporcionalidade com os fins preventivos almejados38, forçando o
cotejo da situação económica e financeira do condenado de modo a que não seja fixada
obrigação que ultrapasse sua capacidade de pagamento.
Determinada a obrigação pecuniária como requisito concessivo da suspensão, o seu
incumprimento pode ocasionar a revogação. Num primeiro momento, considerando que “a
revogação tenha que ser olhada como um expediente in extremis”39 devem ser aplicadas as
disposições do artigo 55º. Caso se revelem ineficazes, estaria aberta a possibilidade de
revogação da suspensão nos termos do artigo 56º.
Importante observar que o descumprimento deve ser culposo, conforme consta do
caput do artigo 55º. Essa é a lição de Manuel de Oliveira Leal-Henriques e Manuel José
Carrilho de Simas Santos:

As causas da revogação não devem, pois, ser entendidas com um critério formalista, mas antes
como demonstrativas das falhas do condenado no decurso do período da suspensão. O arguido
deve ter demonstrado com o seu comportamento que não se cumpriram as expectativas que
motivaram a concessão da suspensão da pena.40


38
Dias, Direito Penal Português: as consequências jurídicas do crime, Tomo II:351.
39
Leal-Henriques e Santos, Código Penal Anotado, I:711.
40
Leal-Henriques e Santos, I:711.

8

Há conduta culposa quando resta claro que o agente agiu de certa maneira quando
podia e devia agir de outra forma, isto é, tinha condições de cumprir a obrigação mas
conscientemente não o fez.
Dessa forma, no que tange à aplicação da suspensão com imposição do dever de
pagamento, pode-se resumir o presente itinerário nos seguintes pontos:
1- Estabelecida a pena de prisão não superior a cinco anos o tribunal verifica se o
condenado preenche os pressupostos para a suspensão da execução da pena de prisão.
Atendidos os requisitos, o tribunal tem o dever de conceder a suspensão;
2- Caso julgue conveniente subordinar a suspensão a uma obrigação pecuniária, após
verificar se o condenado tem condições económicas de a cumprir, o tribunal determina
o valor da prestação e o prazo para pagamento;
3- Incumprida a obrigação, podem ser aplicadas às disposições do artigo 55º. Caso sejam
infrutíferas e o condenado esteja a agir de forma culposa, o tribunal pode revogar a
suspensão.

3.3. DEVER DE PAGAMENTO NO DIREITO PENAL TRIBUTÁRIO

Antes de proseguir na análise, importante ressaltar que a norma contida no artigo 14º
do RGIT, bem como a regra que a precedeu, têm sido objeto constante de questionamento
quanto à constitucionalidade e, embora o STJ e o Tribunal Constitucional nunca a tenham
declarado inconstitucional, essa posição não é pacífica.41
Tal como nos crimes comuns, a suspensão da execução da pena de prisão nos crimes
tributários é aplicada quando a condenação não ultrapasse cinco anos e o condenado atenda
aos pressupostos previstos no artigo 50º do CP.
Ocorre que, no nº 1 do artigo 14º do RGIT, há o condicionamento obrigatório ao
pagamento, sugerindo não existir espaço para que se julgue a conveniência e a adequação da
imposição desse dever pecuniário, nem para que se concilie essa exigência à capacidade
económica do condenado.
A posição do Tribunal Constitucional é cristalina:

...não há qualquer motivo para censurar, como desproporcionada, a obrigação de pagamento da


quantia em dívida como condição da suspensão da execução da pena. As razões que, relativamente
à generalidade dos crimes, subjazem ao regime constante do artigo 51º, n.º 2, do Código Penal


41
Silva, Regime Geral das Infracções Tributárias, 107. A autora cita diversos acórdãos em que foram proferidos votos que
julgam ser a norma inconstitucional. Sobre a mesma questão ver Emília Ramos Costa. “As plúrimas opções jurisprudênciais
ante a duvidosa constitucionalidade do no 1 do artigo 14o do RGIT e do (anterior) no 7 do artigo 11o do RJIFNA”. Revista do
Ministério Público, no 152 (dezembro de 2017): 157–84.

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(supra, 10.6.), não têm necessariamente de assumir preponderância nos crimes tributários: no caso
destes crimes, a eficácia do sistema fiscal pode perfeitamente justificar regime diverso, que exclua
a relevância das condições pessoais do condenado no momento da imposição da obrigação de
pagamento e atenda unicamente ao montante da quantia em dívida. Dito de outro modo, o
objectivo de interesse público que preside ao dever de pagamento dos impostos justifica um
tratamento diferenciado face a outros deveres de carácter patrimonial e, como tal, uma concepção
da suspensão da execução da pena como medida sancionatória que cuida mais da vítima do que do
delinquente...42

Considerando que o tribunal tem o dever de aplicar a suspensão na hipótese de o


condenado reunir os pressupostos legais para a concessão, conforme mencionado acima, não
se mostra razoável que a ausência de capacidade económica exclua a possibilidade de
substituição da pena. Essa solução resultaria na situação absurda da existência de dois
condenados a uma pena de prisão de mesma duração em que um deles, por possuir recursos
suficientes para saldar o pagamento, poderia ter a execução de sua pena suspensa, enquanto
que o outro teria que cumprir a pena privativa de liberdade.
Ressalte-se, ainda, que primeiro o tribunal decide pela substituição e, num momento
posterior, avalia a aplicação das condiconantes à suspensão.
Nesse sentido, a impossibilidade de pagamento não seria motivo legal para frustrar a
aplicação da suspensão da execução da pena de prisão.43
Imposta a condição de pagamento e sobrevindo a situação de inadimplemento, três
possibilidades se apresentam, conforme previsão do nº 2 do artigo 14º: a exigência de
garantias de cumprimento, a prorrogação do período de suspensão, e a revogação da
suspensão da pena de prisão.
Na última versão do RJIFNA, ordenamento que antecedeu o RGIT, a obrigatoriedade
do pagamento já estava prevista no nº 7 do artigo 11º44 que remetia às alíneas “a”, “b” e “c”
do artigo 50º do CP então em vigor45 a disciplina aplicada ao descumprimento.46
Essa referência determinava que quaisquer reações só seriam aplicáveis ao condenado
que agisse culposamente, situação não refletida no RGIT, que não faz qualquer menção à


42
AcTC nº 256, de 21 de Maio de 2003, no processo nº 647/02.
43
Agostinho, “A relevância da reposição da verdade sobre a situação tributária e a regularização de dívidas tributárias no
RGIT”, 126.
44
Artigo 11º, nº 7 – A suspensão é sempre condicionada ao pagamento ao Estado, em prazo a fixar pelo juiz nos termos do nº
8, do imposto e acréscimos legais, do montante dos benefícios indevidamente obtidos e, caso o juiz o entenda, ao pagamento
de quantia até ao limite máximo estabelecido para a pena de multa, sendo aplicável, em caso de falta do cumprimento do
prazo, apenas o disposto nas alíneas b), c) e d) do artigo 50º do Código Penal.
45
Artigo 50º Se durante o período da suspensão o condenado deixar de cumprir, com culpa, qualquer dos deveres impostos
na sentença, ou for punido por outro crime, pode o tribunal, conforme os casos: a) Fazer-lhe uma solene advertência;
b) Exigir-lhe garantias do cumprimento dos deveres impostos; c) Prorrogar o período de suspensão até metade do prazo
inicialmente fixado, mas não por menos de 1 ano; d) Revogar a suspensão da pena.
46
Emília Ramos Costa, “As plúrimas opções jurisprudênciais ante a duvidosa constitucionalidade do no 1 do artigo 14o do
RGIT e do (anterior) no 7 do artigo 11o do RJIFNA”, Revista do Ministério Público, no 152 (dezembro de 2017): 158–59.

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necessidade de culpa do agente.47 Indaga-se, então, se na ausência de culpa do agente a
suspensão da execução deveria ser revogada, visto o silêncio do RGIT.
A evolução da legislação e os objetivos perseguidos pela política criminal indicam que
não se trata de um “silêncio eloquente” a afastar a regra geral do direito penal primário. Nesse
sentido, também entendeu o STJ ao decidir pela necessidade da presença de culpa:

Resultando assim que essa norma deve ser interpretada no sentido de que o seu conteúdo não
abrange nem implica a derrogação do princípio consagrado no nosso sistema penal de que a falta
de cumprimento das condições da suspensão não determina automaticamente a revogação desta,
antes impondo a lei ao Tribunal que averigúe do carácter culposo desse incumprimento e que,
mesmo verificando a existência de culpa (sem o que a revogação não é possível), considere a
possibilidade de alguma das legalmente previstas soluções alternativas à revogação, esta só
determinável nas situações de acentuada gravidade expressamente previstas na lei penal...48

Registe-se, ainda, interessante questão não relacionada à ausência de pagamento, mas


à inexistência de dívida, presente em artigo de Patrícia Naré Agostinho49. No caso de
condenação à pena privativa de liberdade por crime fiscal em que o condenado não deva nada
à Administração Fiscal, pode ser aplicada a suspensão da execução da pena de prisão?
Considerando a questão já acima ventilada de que, atendidos os pressupostas de
aplicação da suspensão – lembrando que este é um passo preliminar à determinação dos
deveres e regras de conduta – o tribunal é obrigado a suspender a execução da pena, a única
resposta plausível e inquestionável é a de que a suspensão tem que ser aplicada.
Caso contrário, estaríamos diante de nova situação irrazoável. Existindo dois
condenados a uma pena de prisão de igual duração, tendo um deles uma dívida tributária na
origem da infração e o outro sem qualquer débito relacionado ao crime, ao primeiro poderia
ser concedida a suspensão, enquanto que o segundo, que nada deve ao fisco, teria que cumprir
sua pena. Estar-se-ia a tratar de forma mais gravosa o condenado em posição menos
reprovável.

4. CONCLUSÃO

Com o objetivo de verificar se a ausência de condições económicas para efetuar o


pagamento previsto como condicionante obrigatório no RGIT impede a aplicação da
suspensão da execução da pena de prisão ou determina a sua revogação, o presente estudo
inicia por apresentar a origem e a evolução da ideia de substituição das penas de prisão de


47
Agostinho, “A relevância da reposição da verdade sobre a situação tributária e a regularização de dívidas tributárias no
RGIT”, 123–24.
48
AcSTJ de 22 de Janeiro de 2003, no processo nº 972/02.
49
Agostinho, “A relevância da reposição da verdade sobre a situação tributária e a regularização de dívidas tributárias no
RGIT”, 126–27.

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curta duração, reconhecidamente prejudiciais à recuperação dos delinquentes de menor
periculosidade, por penas não privativas de liberdade.
Prosseguindo a pesquisa, verificou-se como opera a suspensão da execução da pena de
prisão, quando impostas obrigações de natureza económica, no âmbito do direito penal
primário, correlacionando esta com a disciplina atual do instituto na seara do direito penal
tributário, tendo por base a legislação, a doutrina, e a jurisprudência.
A partir da análise das informações obtidas nesta pesquisa, foi possível concluir que,
atendidos os pressupostos do nº 1 do artigo 50º – pena de prisão não superior a cinco anos e a
conclusão de que consideradas à personalidade do agente, às condições de sua vida, à sua
conduta anterior e posterior ao crime e às circunstâncias deste, a simples censura do facto e a
ameaça da prisão realizam de forma adequada e suficiente as finalidades da punição – o
tribunal é obrigado a aplicar a pena de suspensão da execução da pena, sem necessidade de
verificar se o condenado tem condições económicas de honrar o pagamento imposto como
condição da suspensão.
Concluiu-se, também, que caso o condenado não cumpra a prestação pecuniária que
lhe foi imposta, a suspensão da execução da pena de prisão só poderá ser revogada quando
este o faça de forma culposa.

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BIBLIOGRAFIA

Agostinho, Patrícia Naré. “A relevância da reposição da verdade sobre a situação tributária e a


regularização de dívidas tributárias no RGIT”. Revista do Ministério Público, no 109
(março de 2007): 97–145.
Costa, Emília Ramos. “As plúrimas opções jurisprudênciais ante a duvidosa
constitucionalidade do no 1 do artigo 14o do RGIT e do (anterior) no 7 do artigo 11o do
RJIFNA”. Revista do Ministério Público, no 152 (dezembro de 2017): 157–84.
Cunha, Rogério Sanches. Manual de Direito Penal: Parte Geral. 3a. Salvador: Editora
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Garraud, R. Précis de droit criminel. 11a. Paris: Recueil Sirey, 1912.
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Anotado. 3a. Vol. I. Lisboa: Rei dos livros, 2002.
Nabais, José Casalta. Direito Fiscal. 8a. Coimbra: Almedina, 2015.
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Silva, Isabel Marques da. Regime Geral das Infracções Tributárias. 3a. Cadernos do IDEF 5.
Coimbra: Almedina, 2010.
Sousa, Jorge Lopes de, e Manuel Simas Santos. Regime Geral das Infracções Tributárias -
Anotado. 4a. Lisboa: Áreas Editora, 2010.

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