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IR1: Padrão;
IR2: Alto rendimento;
IR3: Premium.
Atualmente, só podem ser comercializados no Brasil motores trifásicos de classe IR2 ou superior. Alguns
fabricantes já disponibilizam motores da classe IR3 (Premium), IR4 (Super Premium) e IR5 (Ultra
Premium) (ALMEIDA et al., 2014)
1
CAPÍTULO 1. INTRODUÇÃO AOS ACIONAMENTOS ELÉTRICOS 2
Sistemas robóticos.
Além das aplicações diretas, os acionamentos são muitas vezes um processo intermediário
no ajuste de outras grandezas como pressões, níveis e concentrações que, evidentemente
podem requerer acionamentos mais ou menos sosticados.
Um sistema de acionamento elétrico consiste basicamente de um sistema mecânico
composto por engrenagens, máquina elétrica, conversor de potência e sistema de controle.
De modo geral, a representação funcional de um acionamento é mostrado na Figura 1.1.
Dado um processo a ser controlado por meio de uma máquina elétrica rotativa, podem
existir diferentes soluções devido à grande variedade de máquinas, de conversores está-
ticos bem como dos tipos de controle. De modo geral, as máquinas elétricas podem ser
classicadas conforme Figura 1.2, cuja seleção e aplicação dos motores de indução podem
ser consultadas em Weg (a, p. 148), Weg (b, p. 138).
O projeto ou a aquisição de um sistema de acionamento requer os seguintes passos:
Escolha do conversor;
1 2
Ec = Jωrm , (1.1)
2
sendo J = f (v(t)) o momento inércia resultante referido ao eixo da máquina, como uma
função da velocidade de translação de uma possível carga.
Quando um torque acelera um corpo rígido que gira em torno de um eixo xo, o torque
realiza um trabalho W sobre o corpo proporcionando uma variação na energia cinética
rotacional. Assumindo que essa energia seja a única presente no corpo, o teorema do
Ou seja, o trabalho realizado pelo torque corresponde a variação da energia cinética sofrida
pelo corpo.
A taxa de variação instantânea do trabalho em relação ao tempo é denido como
potência:
dW
P = . (1.3)
dt
Assim, assumindo que o corpo parte do repouso, a potência necessária para levar o corpo
ao estado de energia cinética desejado vale:
1d
P = 2
(Jωrm ). (1.4)
2 dt
Um vez que o momento de inércia e a velocidade são funções do tempo, a aplicação
da regra do produto na diferenciação permite escrver:
1 2 ∂J d 2
P = ωrm + J ωrm . (1.5)
2 ∂t dt
Por sua vez, sabendo que a velocidade é função implícita do tempo, a utilização da regra
de diferenciação:
d d
[g(t)]n = n[g(t)]n−1 [g(t)] , (1.6)
dt dt
O momento de inércia foi denido como uma função composta do tempo, J = f (v(t)).
Logo, aplicando a regra da cadeia e utilizando a notação de Leibnz, tem-se:
1 2 ∂J ∂v d
P = ωrm + 2Jωrm ωrm . (1.8)
2 ∂v ∂t dt
Assumindo a simplicação dJ
dv
= 0, a potência demanda da fonte primária de energia vale:
dωrm
P = J ωrm . (1.9)
dt
Portanto, em variações positivas de velocidade, ou seja, quando o corpo for acelerado, ha-
verá consumo de potência/energia da fonte primária. Nas condições de variação negativa
de velocidade, ou seja, quando o corpo for desacelerado, a potência demandada será nega-
tiva, indicando que o corpo girante estará fornecendo potência/energia à fonte primária,
isto é, o sistema opera sob frenagem regenerativa. Por estar associada a aceleração do
corpo, a potência P é comumente denominada de potência de aceleração, Pa .
P = T ωrm , (1.10)
sendo ωrm a velocidade angular do sistema rotativo em [rad/s mec.], P a potência expressa
em [W] e T o torque em [N.m]. Portanto, em termos da potência de aceleração, o torque
instantâneo ou de aceleração pode ser expresso por:
Pa
Ta =
ωrm
dωrm dθrm
=J ∵ ωrm = (1.11)
dt dt
d2 θrm
=J .
dt2
Portanto, uma equação diferencial de primeira ordem na velocidade e de segunda na
posição angular do sistema rotativo.
Sendo o torque de aceleração o torque líquido no eixo, pode-se escrever:
Ta = Tmec − TL
(1.12)
= Te − Trot − TL .
Assim, a equação fundamental da dinâmica para um sistema rotativo pode ser expressa
na forma:
dωrm
Te − (TL + Trot ) = J (1.13)
dt
As cargas mecânicas acopladas ao eixo de uma máquina geralmente são modeladas por
um torque de carga, aqui denominado TL . A determinação analítica do torque de carga é
de difícil obtenção, pois muitas vezes requer uma descrição detalhada da física da carga
sendo, portanto, considerado apenas como uma perturbação ao sistema de acionamento.
Não obstante, a dependência do torque de carga com a velocidade é dada fórmula empírica
(CHILIKIN, 1976, p. 25):
k
ωrm
TL = TL,nom . (1.14)
ωrm,nom
Sendo:
Além do torque solicitado pela carga, existem outros fatores que interferem no movi-
mento do eixo, tal como as perdas mecânicas rotacionais associadas ao atrito estático, ao
atrito dinâmico e ao atrito por ventilação. Cada um desses atritos está associado a um
torque frenante, a saber:
Tv = Cωrm
2
Torque de ventilação.
Na operação como motor, para que o eixo da máquina seja acelerado de uma velocidade
ωi para uma velocidade ωf , a máquina deve ser excitada de modo a desenvolver um torque
Te ≥ TL + Trot , (1.15)
sendo
Trot = Ti + Td + Tv (1.16)
sendo:
A potência de saída (potência mecânica) para a movimentação da carga pode ser expressa
por:
Pmec = Pconv − Prot , (1.18)
sendo:
Tmec = Pmec
ωrm
torque desenvolvido ou de saída;
Te = Pconv
ωrm
torque eletromagnético ou induzido;
Trot = Prot
ωrm
torque associado às perdas mecânicas rotacionais.
Portanto, note que o torque eletromagnético difere do torque de saída devido às perdas
mecânicas rotacionais.
3 Também conhecido como conjugado interno ou conjugado de entreferro.
Salvo exceções, os motores elétricos não transmitem torque diretamente às cargas, pois
estas podem demandar diferentes valores torques e velocidades daqueles presentes sobre
o eixo da máquina. Nesse sentido, faz-se necessário o uso de engrenagens para adequar a
velocidade e o torque às cargas a serem acionadas. A m de facilitar os cálculos envolvidos
nos acionamentos com sistemas de engrenagens, é conveniente representar os torques e
as massas individuais a um eixo de referência, geralmente o eixo da máquina. A m de
melhor entendimento, considere o sistema rotativo indicado na Figura 1.5, sendo:
Considerando que a potência mecânica rotacional é transmitida sem perdas nas engre-
nagens, isto é, admitindo-se que as engrenagens não absorvem ou armazenam energia,
a relação entre o torque de saída e o torque de carga pode ser obtida igualando-se as
potências mecânicas:
T1 ω2
T1 ω1 = T2 ω2 = . (1.20)
T2 ω1
Como as engrenagens estão acopladas sicamente, elas devem possuir a mesma velocidade
linear:
v1 = v2 (1.21)
e, portanto,
ω1 R1 = ω2 R2 . (1.22)
T1 ω2 R1 N1
= = = . (1.23)
T2 ω1 R2 N2
ω2
Td = Td1 + Td2 , (1.25)
ω1
4A representação desses torques requer o conhecimento das constantes resultantes B , C e Kc , associ-
adas aos torques de perdas referidas ao eixo da máquina.
ω12 ω2 ω2
J = Jm 1 + JL 2 . (1.28)
2 2 2
De uso geral, existem cinco tipos de excitação de campo, a saber (FITZGERALD et al.,
2006):
Independente;
Série;
Derivação;
Composta;
Ímã permanente.
Na Figura 1.4 apresenta-se o circuito elétrico equivalente de uma MCC, notação motor,
de excitação independente. A partir do circuito, verica-se que o enrolamento de campo
ia + if +
Ra
Rf
La vT vf
Lf
+
- Ea
- -
(a) (b)
Figura 1.4 Circuito elétrico equivalente para MCC de excitação independente - notação
motor. (a) Enrolamento da armadura. (b) Enrolamento de campo.
dλa
vT = Ra ia + + Ea
dt
dia
= Ra ia + La + Ea , (1.30)
dt
dλf
vf = Rf if +
dt
dif
= Rf if + Lf (1.31)
dt
em que
Nf if
Ea = M if ωrm : Tensão média de velocidade, sendo Kb = Kψm = K Rm
= M if a
|{z}
Kb
constante de tensão induzida e M a indutância mútua ctícia (grandeza obtida a
partir do ensaio a vazio da MCC);
dia
vT ia = Ra i2a + La ia + Ea ia . (1.32)
dt
Sendo,
Uma vez que a excitação do campo e da armadura são independentes, o torque eletro-
magnético pode ser facilmente controlado pela corrente da armadura. Logo, mantendo-se
a excitação do campo no valor nominal e constante, o torque obedece a equação
dωrm
Te = J + TL + Trot = Kb ia . (1.33)
dt
Devido a independência entre os canais de torque o uxo, esse tipo de excitação é a mais
utilizada em estudos de acionamentos de velocidade variável.
O campo de uma MCC pode ser conectado em derivação (shunt ou paralelo) com o circuito
de armadura, como mostrado na 1.5. Observa-se que o circuito de campo é alimentado
diretamente dos terminais da armadura do motor e, portanto, não precisa ser alimentada
por uma fonte separada. Conforme Chapman (2005) e Fitzgerald et al. (2006), quando a
tensão terminal é mantida constante, não há diferenças de comportamento entre a MCC
em derivação e independente.
iT
i fd ia +
L fd Ra
La vT
R fd
+
- Ea
-
Figura 1.5 Circuito elétrico equivalente para MCC com campo em derivação.
i f = ia
+
Rf
Lf
Ra vT
La
+
- Ea
-
Figura 1.6 Circuito elétrico equivalente para MCC com campo em série.
A partir do circuito:
dia
VT = (Ra + Rf )ia + (La + Lf ) + M ii ωrm (1.34)
dt
dia
= (Req + M ωrm )ia + Leq (1.35)
dt
A equação fundamental da dinâmica para o sistema rotativo pode ser expressa na forma:
dωrm
Te = J + TL0 + TL = M if ia = M i2a (1.36)
dt
Essa equações denem o modelo dinâmico do motor cc com excitação série. Observemos
que as equações são não lineares, pois existe o produto de grandezas variantes no tempo, a
i
i fs +
R fs
Longa
L fs
Curta
i fd ia Ra vT
L fd
b La
R fd
+
- Ea
-
Figura 1.7 Circuito elétrico equivalente para MCC de excitação composta.
ia = if s − if d (1.38)
VT
if d = (1.39)
Rf d
VT = Rf s if s + ia Ra + Ea (1.40)
ia = if s − if d (1.41)
Ra ia + Ea
if d = (1.42)
Rf d
Sabendo-se que os uxos por polo produzidos pelo enrolamento do campo em derivação
(φf d ) e em série (φf s ) compõem o uxo principal da máquina e que o uxo do enrolamento
de campo série pode ser aditivo ou subtrativo, a tensão de velocidade pode ser expressa
na forma:
Ea = Kψm ωrm = K(φf d ± φf s )ωrm
Nf d if d Nf s if s
=K ± ωrm (1.43)
Rm Rm
= (Mf d if d ± Mf s if s )ωrm
Sendo,
Usando-se a notação matricial, uma ODE de ordem n pode ser representada por um sis-
tema n equações diferenciais de primeira ordem. A existência e a unicidade da solução de
estado estão garantidas desde que as variáveis de estado sejam escolhidas adequadamente
(OGATA, 2003). Em termos de equações matriciais, as equações de estado podem ser
escritas de diversas maneiras, dentre as quais as formas canônicas podem ser interesse.
ẋ = Ax + Bu
y = Cx + Du, (1.45)
em que,
A - matriz de estado;
B - matriz de entradas;
C - matriz de saídas;
ẋ - vetor de estados;
u - vetor de entrada;
y - vetor de saída;
Nas seções seguintes serão apresentadas as equações no espaço de estados dos principais
tipos de excitação das MCC.
dωrm (t) Kb B 1
= ia (t) − ωrm (t) − TL (t) (1.46)
dt J J J
dia (t) Ra Kb 1
= − ia (t) − ωrm (t) + vT (t) (1.47)
dt La La La
− La − K
Ra 1
d ia (t) b
ia (t) 0 vT (t)
= L a + La . (1.48)
dt ωrm (t) Kb
J
− BJ ωrm (t) 0 − J1 TL (t)
1 0 ia (t)
y(t) = . (1.49)
0 1 ωrm (t)
dωrm (t) M B 1
= ia (t)2 − ωrm (t)(t) − TL (t)(t) (1.50)
dt J J J
dia (t) 1 M ia (t) 1
= − ia (t) − ωrm (t) + vT (t) (1.51)
dt τaf La + Lf s La + Lf s
1 0 ia (t)
y(t) = . (1.53)
0 1 ωrm (t)
dia (t) Ra M 1
= − ia (t) − if d (t)ωrm (t) + vT (t) (1.54)
dt La La La
dif d (t) Rf d 1
=− if d (t) + vT (t) (1.55)
dt Lf d Lf d
dωrm (t) M B 1
= if d (t)ia (t) − ωrm (t) − TL (t) (1.56)
dt J J J
1 0 0 ia (t)
y(t) = 0 1 0 if d (t) . (1.58)
0 0 1 ωrm (t)
1.5 Exercícios
1. Um motor opera em regime permanente sem carga acoplada ao seu eixo e, de forma
abrupta, a tensão de alimentação da armadura é desligada. Se apenas o atrito
viscoso faz-se presente no eixo da máquina, qual dinâmica esperada para a velocidade
do motor?
2. Na Figura 1.8 apresenta-se um motor acionando três cargas por meio de um conjunto
de engrenagens. Obtenha:
(b) A lei fundamental da dinâmica para o sistema rotativo, sabendo que os torques
das cargas são independentes da velocidade.
(c) O tempo necessário para o eixo da máquina assumir uma velocidade 600 rpm.
Considere que a carga encontra-se inicialmente em repouso e que Ta = 1 N.m.
B3 N rm 3
N3 Carga 3
B1 TL 3
Motor Carga 1 N1
Te N rm TL1
B2 N rm 2
N2 Carga 2
TL 2
Tabela 1.3 Parâmetros de um MCC para diferentes tipos de excitação de campo (OKORO
et al. , 2008).
Tipo de excitação
Parâmetros Independente Série Derivação Composta
Ra [mΩ] 13,0 13,0 13,0 13,0
La [mH] 10,0 10,0 10,0 10,0
Rf [Ω] 1,43 0,0260 1,43 0,0260
Lf [H] 0,1670 0,1670 0,1670 0,1670
Mf d [mH] 4,0
Mf s [mH] 4,0
M [mH] 4,0 4,0 4,0
VT [V] 24 24 24 24
Vf [V] 12 24 12 24
B [N.m / (Rad/s)] 1, 074 × 10−6 1, 074 × 10−6 1, 074 × 10−6 1, 074 × 10−6
J[ kg.m2 ] 0,210 0,210 0,210 0,210
TL [N.m] 2,493 2,493 2,493 2,493
FITZGERALD, A. E.; JR, C. K.; UMANS, D. S. Máquinas Elétricas. 6. ed. [S.l.]: Book-
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