Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Livro Invista Nas Pessoas Certas Clovis Faleiro Web
Livro Invista Nas Pessoas Certas Clovis Faleiro Web
Salvador, 2011 3
Apresentação 9
Prefácio 11
Introdução 13
1
As pessoas certas
Capítulo I – A Tecnologia Empresarial Odebrecht 17
Capítulo II – A liderança 25
Capítulo III – Como formar equipes vencedoras 49
Capítulo IV – O que leva as organizações à perpetuidade 55
Capítulo V – Tomando decisões 63
Capítulo VI – O sentido da eficácia 67
Capítulo VII – Administração de talentos 73
2
7
Um mundo em transformação
3
A dinâmica empresarial
Capítulo XI – Criando a torcida a favor 99
Capítulo XII – Administração de crises 105
Capítulo XIII – Negociação 117
Capítulo XIV – Estratégia 137
Capítulo XV – Inovação 145
Conclusão 151
Homenagem 153
Referências 155
Imagens e Recordações 171
Tributo ao Futuro 191
8
Invista nas Pessoas Certas
APRESENTAÇÃO
Existe um ideal ambicioso por trás dos programas realizados pela Fundação Odebrecht, en-
raizado nos princípios da tecnologia empresarial que são a base da Organização: desenvolver
Líderes e educadores que gerem riqueza e agreguem valor à sociedade, guiados pela ética e o
espírito de servir.
O Programa de Desenvolvimento de Jovens Empresários, resultado da parceria da Fundação
Odebrecht com o Instituto de Desenvolvimento Sustentável do Baixo Sul da Bahia, é fruto desta
9
visão pioneira que investe na difícil, mas necessária tarefa de transformar a mentalidade das
pessoas, a sua cultura, para que a economia se desenvolva de forma sustentável. Assim, todos
Apresentação
os projetos voltados para a geração de trabalho, distribuição de renda, conservação ambiental e
educação rural de qualidade cumprem objetivos específicos, ao mesmo tempo em que servem
a um propósito maior: transformar mentes, desenvolver lideranças empreendedoras locais, ca-
pazes de criar novos valores.
A Fundação Odebrecht, ao priorizar o desenvolvimento de jovens talentos na região onde
atua, sinaliza de forma clara o caminho da sustentabilidade das suas iniciativas – as pessoas. Elas
estão sempre em primeiro lugar. É impossível ter sustentabilidade sem pessoas empoderadas,
dispostas a realizar o que precisa ser feito, para que os propósitos empresariais sejam alcança-
dos. Por conta disto, cada vez mais empresas estão criando programas de formação de jovens
lideranças, visando gerar resultados econômicos e não-econômicos.
No caso da Fundação, o programa de desenvolvimento empresarial prepara jovens talentos
do Baixo Sul para posições de liderança nos projetos locais. Trata-se de uma proposta de quali-
ficação profissional rigorosa e intensiva, que apresenta aos jovens um rico conteúdo de leituras,
pesquisas e módulos de cursos sobre temas como responsabilidade social, planejamento estra-
tégico, administração de crises, elaboração e acompanhamento de projetos, analise financeira
e marketing, identidade e liderança.
Como foi proposto, o programa permitiu que os jovens tivessem acesso ao pensamento e
a cultura empresarial de grandes executivos e consultores, tais como: Jack Welch, Bill Gates,
Jorge Gerdau, Jorge Paulo Lemann, Norberto e Emílio Odebrecht, Abílio Diniz, Ram Charam,
Jim Collins, Michael Porter, dentre outros.
Destaca-se também a curiosidade intelectual e o esforço destes jovens participantes, esti-
mulados pelo desafio das leituras, a qualidade de seus instrutores e a vontade de compensar as
deficiências do ensino que tiveram no passado.
Ao ler os clássicos da literatura e da filosofia, puderam conhecer as dimensões da liderança
à luz de Homero, Shakespeare, Bérgson e Nietzche. Em grupo, na medida em que discutiam
sobre livros, filmes e estudos de caso diversos, tiveram a oportunidade de aprender a refletir,
ouvir e dialogar – aprendizados valiosos para um Líder, em qualquer parte do mundo.
O programa pode ser um modelo para outras comunidades em que jovens talentos deses-
peradamente precisam desta formação complementar de qualidade para assumir posições em
empresas e fundações.
Ao mesmo tempo em que o Programa cumpre com suas metas, também serve a um pro-
pósito maior. Estes jovens adultos já foram adolescentes que se beneficiaram de iniciativas da
Fundação na região do Baixo Sul. Hoje estão sendo preparados para assumir o novo desafio:
devolver o que receberam através de seu trabalho, liderando projetos e assumindo o papel de
mentores dos novos talentos, que continuam a emergir nas comunidades locais.
Seu aprendizado se assemelha ao percurso de que nos fala o grande matemático e filosofo
Bertrand Russell, quando disse que as ações de sua vida haviam sido governadas por três pai-
xões, simples, mas extremamente fortes: o desejo de amar, a busca pelo conhecimento e uma
10 compaixão infinita pelo sofrimento da humanidade.
Sem dúvida os grandes Líderes e empresários no mundo compartilham esta trajetória. Cada
Invista nas Pessoas Certas
um dos jovens que participou deste programa demonstrou esse amor e busca incessante pelo
conhecimento. E se tornam Líderes na medida em que, em seu trabalho e suas decisões, são
movidos por esta compaixão de que nos fala Russell.
Aí está o propósito maior do Programa de Desenvolvimento de Jovens Empresários: formar
seres humanos capazes de sentir o sofrimento do mundo e fazer tudo ao seu alcance para ajudar
a retirá-lo. Guiados pela ética e pelo conhecimento, em seu trabalho diário nas comunidades
em que vivem, já estão se tornando um bem precioso não só para o Baixo Sul, mas para nossa
sociedade em geral.
Apresentação
parado com um trabalho tão excepcional como o que a Fundação Odebrecht realiza através
do Programa de Desenvolvimento de Jovens Empresários. A profundidade das discussões, so-
mada ao conhecimento aprendido e vivido pelos executivos e mestres que se colocam à dispo-
sição para participar do programa são na minha opinião o ponto alto da formação. Somente a
transparência, o respeito e consistência do Grupo Odebrecht conseguiria mobilizar talentos tão
heterogêneos e que dificilmente seriam vistos juntos. Possibilitar a estes jovens “ aprender da
fonte” consiste no mais amplo trabalho de extensão universitária, comparada a uma especiali-
zação ou mesmo um MBA.
Paulo Freire nos diz que “a educação tem caráter permanente. Não há seres educados e
não educados, estamos todos nos educando. Existem graus de educação, mas estes não são
absolutos”. Afirmação tão coerente nos faz refletir sobre o processo educativo contínuo, como
base de uma constante busca pela melhoria da qualidade da formação. A ação educativa implica
um conceito de homem e de mundo concomitantes, é preciso não apenas estar no mundo e
sim estar aberto ao mundo. Captar e compreender as finalidades deste a fim de transformá-lo,
responder não só aos estímulos e sim aos desafios que este nos propõe.
A educação não tem uma fórmula pronta a seguir, a fórmula é criada, desvendada a cada
passo em que estimulamos os nossos educandos. Estes por sua vez têm seus conhecimentos
prévios que devemos levar em consideração para acrescentar nessa “fórmula” do educar, in-
serir a história da comunidade no currículo da escola para que estas se incluam na educação
trazendo assim motivação necessária ao processo de ensino-aprendizagem. “Educação é um
processo contínuo que orienta e conduz o indivíduo a novas descobertas a fim de tomar suas
próprias decisões, dentro de suas capacidades”... e é desta forma que vejo este belíssimo tra-
balho sendo executado.
Afinal, o grande Mestre e Ex-Presidente Sul-africano Nelson Mandela, um dia já destacou:
“A educação é o grande motor do desenvolvimento pessoal. É por meio da educação que a
filha de um camponês pode tornar-se uma médica... que o filho de trabalhadores rurais pode
tornar-se presidente de uma grande nação.” O que traz esta possibilidade a todos os jovens
participantes do projeto. A Odebrecht, meus respeitos e admiração, ao amigo Clovis Faleiro,
pela idealização e execução, minhas preces, estima e consideração.
12
Invista nas Pessoas Certas
INTRODUÇÃO
Era início de 2008. Estava trabalhando na Fundação Odebrecht, quando fui interrompido
pela Diretora Executiva do IDES, Liliana Leite. Dentre os muitos assuntos sobre o Baixo Sul,
ela me deixou uma inquietação e um desafio. Os jovens da região, com potencial de liderança,
precisavam se consolidar como Líderes. Para isso, alguém deveria identificar suas necessidades
e desenvolver um programa de capacitação, educando-os para o trabalho, orientando-os a par-
tir dos princípios e valores da Tecnologia Empresarial Odebrecht.
13
Essa provocação ficou martelando em minha cabeça durante algumas semanas, até que de-
cidi o que fazer. Elaboraria um Programa de Desenvolvimento de Jovens Empresários. Apre-
Introdução
sentei a ideia a Maurício Medeiros, Presidente Executivo da Fundação Odebrecht, que me en-
corajou e apoiou a seguir em frente.
A princípio, reunimos os melhores talentos do Baixo Sul. Alguns mais maduros e outros mais
novos. Deste grupo inicial, selecionaríamos os que nos acompanhariam até o final do Programa.
Procuramos perceber suas necessidades de formação e como poderíamos conciliar os con-
teúdos adequados ao desenvolvimento do grupo.
O Programa foi estruturado com o objetivo de desenvolver Jovens Empresários, tornando-
-os aptos a assumir posições de liderança nos projetos locais, contribuindo, assim, com o desen-
volvimento profissional dos jovens talentos da região, apoiando-os para que possam compre-
ender o passado, contextualizar o presente e planejar o futuro.
As conversas preliminares desdobram em 411 horas de Programa. De abril de 2008 a outu-
bro de 2010. Dos 21 jovens selecionados, 18 conseguiram cumprir a carga horária.
Nesse período, os participantes tiveram contato com temais atuais do universo empresarial.
Por meio de vídeos, estudos de casos, resumos de livros, apresentações, filmes, e referências
bibliográficas se aproximaram de situações reais vividas por empresas como Kodak, Shell, Nike,
Johnson & Johnson, entendendo suas histórias, erros e acertos. Estudaram culturas de sucesso,
tais como a da InBev, Gerdau, GE e Odebrecht.
Conheceram o pensamento de grandes Líderes empresariais e a partir da visão dos reno-
mados consultores mundiais, estudaram e refletiram sobre: Estratégia, Liderança, Finanças,
Marketing, Administração de Crises, Inovação, Gestão do Tempo, Comunicação Empresarial,
dentre outros temas relevantes.
Em especial, aprofundamos o entendimento a respeito da Tecnologia Empresarial Odebre-
cht. Seus Princípios, Critérios e Valores. Avaliamos a trajetória da empresa e seu processo de
internacionalização.
Ao longo do Programa tivemos o prazer de contar com a colaboração de diversos profissio-
nais, que se disponibilizaram a contribuir com suas experiências e conhecimentos. Agradece-
mos a contribuição de Alysson Vieira (Auditor Fiscal da Controladoria Geral do Município de
Salvador), Andréia Paiva (Diretora de Gestão da Qualidade na Superintendência de Atendi-
mento ao Cidadão - Secretaria de Administração do Estado da Bahia), Carlos Claro (Consultor
do Ministério da Agricultura e OCB - Organização das Cooperativas do Brasil), Catalina Pagés
(Coordenadora do Projeto Círculos de Leitura do Instituto Fernand Braudel), Christian Barbosa
(Especialista em Administração do Tempo e Produtividade, CEO da Triad Consulting), Emer-
son Carvalho (Fundação Odebrecht), Emílio Munaro (Diretor de Educação da Microsoft no
Brasil), Jalvo Portela (Consultor Contábil das Instituições vinculadas ao Programa de Desenvol-
vimento Integrado e Sustentável da Fundação Odebrecht), João Cumerlato (Responsável por
Tecnologia da Informação - Odebrecht), Jorge Pereira (Economista, instrutor e consultor do
SEBRAE/BA), Kelly Faleiro (Área Tributária - Odebrecht), Michele Izawa (Jornalista, Respon-
sável pela Assessoria de Imprensa da Organização Odebrecht), Patrícia Guedes (Coordenadora
14 de Projetos do Instituto Fernand Braudel), Reinaldo Polito (Mestre em Ciências da Comunica-
ção, especialista em Treinamentos de Expressão Verbal), Ticiana Leon (Pessoas & Organiza-
Invista nas Pessoas Certas
Clovis Faleiro Jr.– Relações Institucionais da Fundação Odebrecht, Responsável pelo Programa Tributo ao Futuro.
Coordenou e orientou o Programa de Desenvolvimento de Jovens Empresários.
1
As pessoas certas
15
17
Princípios e Valores
Refletimos que o Ser Humano é o Início e Fim de todas as coisas, e entendemos que as fontes de
vida de uma Organização são seus Clientes e Acionistas. No modelo empresarial da Odebrecht
a hierarquia está no cliente, todos na Organização precisam exercitar o Espírito de Servir.
Destacamos a importância da Inovação como um processo de ruptura visando criar algo
novo. Como tudo tende a deterioração, é preciso renovar constantemente. A natureza nos en-
sina e nos convida a constante renovação.
A Cultura Odebrecht enfatiza a necessidade de se construir uma Sociedade de Confiança, e
de se praticar a Parceria, interna e externamente. A prática da Parceria nos permite estabelecer
critérios simples de reconhecimento do desempenho (meritocracia), a partir do alcance e da
superação dos resultados pactuados entre Líder e liderado.
Conceitos e Critérios
18
A TAREFA EMPRESARIAL
Parte I As pessoas certas
• O Empresário precisa dominar profundamente seu Negócio. Isso exige preparação. Prepa-
re-se sem descanso. O tempo todo.
• Com base nessas análises é possível elaborar o Programa de Ação (Principal instrumento
de comunicação entre o Líder e o liderado). No P.A vamos:
Invista o tempo que for necessário no Planejamento, pois, quando bem feito, contribui para
que a execução ocorra com êxito.
“Ao se caminhar para um objetivo, sobretudo um grande e distante objetivo, as menores
coisas se tornam fundamentais. Uma hora perdida é uma hora perdida, e quando não se tem um 19
rumo definido é muito fácil perder horas, dias ou anos, sem se dar conta disso”. – Amir Klink.
Ao tomar a decisão é preciso lembrar que a mesma só terá significado e valor se for implemen-
tada. Durante muito tempo, diversas empresas e lideranças atribuíram maior valor ao planeja-
mento e menos importância à execução.
Em 1999, o indiano Ram Charan analisou por que uma boa parte dos CEO dos Estados Uni-
dos estava sendo afastada do cargo. A conclusão foi a seguinte: “o fracasso dos Líderes rara-
mente se deve a sua falta de visão ou inteligência. O problema é que falham na execução”.
E como ter Eficácia na Execução?
Para Ram Charan é preciso a soma de liderança, disciplina e cultura organizacional. A Tec-
nologia Empresarial Odebrecht nos ensina a mesma coisa.
Lawrence Hrebiniak, autor do livro “fazendo a estratégia funcionar”, afirma que tudo de-
pende dos processos. Essa visão é defendida por Vicente Falconi, que valoriza a importância
do método.
Há ainda os que pensam como Tom Peters e Jim Collins. Para eles o êxito da execução está
nas pessoas certas.
A TEO nos ensina que cabe ao Líder a tarefa de Planejar e Executar. O processo é integrado.
Faces de uma mesma moeda.
Percebe-se, entretanto, que poucas pessoas conseguem transitar com desenvoltura nas
20 duas metades da tarefa empresarial. Há os que são bons apenas com o planejamento. Há os
que são excelentes apenas na execução. O Líder na Odebrecht precisa desenvolver essas duas
Parte I As pessoas certas
competências.
O Acompanhamento é essencial para verificar se o que foi definido está sendo executado.
Só assim, será possível realizar ajustes e corrigir os eventuais desvios e/ou se adaptar às mudan-
ças bruscas de cenário.
Ram Charan afirma que a execução é uma disciplina e faz parte da estratégia, que não
deve ser planejada sem levarmos em conta a habilidade da Organização de colocá-la em
prática. Ele adverte que muitas vezes a alta direção consome maior energia no planeja-
mento e vê a execução como algo menor. Ao agir assim, qualquer iniciativa está fadada ao
fracasso.
Hrebiniak considera que a execução é um processo decorrente de decisões ou ações que se
integram e que devem ser coerentes ao longo do tempo. Para ele, um bom planejamento ajuda
o processo de execução.
O empresário brasileiro Abílio Diniz considera o planejamento essencial. Diz que antes de
agir é preciso ter um diagnóstico. Isso feito, é necessário decidir com determinação, garra e ra-
pidez. Abílio afirma que o planejamento representa 5% da ação empresarial, e 95% a execução.
É importante ter as prioridades bem definidas, do contrário, a execução torna-se confusa e
desordenada, o que pode contribuir com o fracasso do processo. As prioridades não devem ser
muitas, nem mudar todos os dias. Execução exige disciplina e um sentido de propriedade. A
TEO nos mostra isso. Sem se sentir dono do Negócio, é impossível haver o comprometimento
necessário para o alcance e a superação dos resultados pactuados.
Os Líderes devem estar atentos às pessoas, demonstrando interesse genuíno por elas; ex-
pressando claramente o que esperam; precisam atribuir responsabilidades e acompanhar os
resultados. Neste contexto é importante estruturar um Sistema de Comunicação Eficaz e Efi-
ciente, de modo a fazer fluir e refluir, no tempo certo, informações úteis e inteligentes. Defina
indicadores para mensurar o desempenho das equipes e os resultados. Sem isso é impossível
aplicar a meritocracia, o que pode levar à insatisfação e a fuga de talentos.
Tom Peters entende que a prioridade número um das organizações são as pessoas. Uma
boa estratégia é uma boa ideia, mas, sem pessoas capazes de executá-la, é quase uma piada,
considera ele.
Peters costuma dizer que 98% do sucesso de uma Organização tem a ver com execução, e
99% da execução tem a ver com pessoas. Se queremos apresentar ótimos resultados, precisa-
mos contar com ótimas pessoas.
Ram Charan entende que as empresas que vão sobreviver serão percebidas como fábricas
de talentos. Seus Líderes estarão focados em identificar e desenvolver pessoas brilhantes; colo-
carão as pessoas antes das estratégias; e se ocuparão em dar feedbacks a seus profissionais mais
talentosos. Pessoas diferenciadas necessitam de tratamento diferenciado.
Durante a Execução, apóie em todos os instantes. Desenvolva seus liderados. Mantenha o
Foco (Disciplina). O empresário precisa definir suas prioridades e se concentrar nelas. Desa-
fie-se constantemente. Nunca se dê por satisfeito. Imprima velocidade nas decisões, aumen- 21
tando a produtividade, a qualidade e a rentabilidade do projeto. Inove permanentemente.
O SISTEMA DE COMUNICAÇÃO
A) O que Comunicar
A Comunicação deve priorizar o que é útil e inteligente. Busque o que é relevante e tem valor,
eliminando o resto.
Com a Globalização, o mundo se interconectou. As informações estão acessíveis a todos.
Hoje, o que conta, não é ter mais informação e sim o que se faz com ela e em que tempo.
B) Como Comunicar
• Prefira a comunicação oral à escrita. Priorize-a sempre que possível. A comunicação escrita
deve ser complementar ao contato direto e verbal.
• As palavras são de enorme importância. A escolha de determinada palavra em vez de outra
é uma opção que nos traz grandes implicações. Pense, sempre, antes de falar e muito mais
quando estiver no calor de um debate.
• Ao escrever, seja educado, claro, objetivo e direto. Certifique-se que não pairam dúvidas
22 na comunicação, evitando ruídos desnecessários.
Parte I As pessoas certas
C) Instrumentos
Agendas e Súmulas
Relatórios de Acompanhamento
D) Regras Essenciais
A vida não é tanto o que nos acontece, mas a maneira como reagimos ao que nos acontece.
Entre o estímulo e a reação existe o caráter, que deve refletir nosso empenho em fazer o que é o
certo, ignorando impulsos ou caprichos, independentemente dos custos pessoais.
É preciso respeitar todas as pessoas, tratando-as com a devida importância. É preciso saber
ouvir. Ouça sem interromper o seu interlocutor.
Treine-se para controlar suas emoções, sobretudo quando os outros se deixam levar pelos
sentimentos. Mantenha-se calmo durante as crises. Quando as pessoas ao seu redor ficarem
exaltadas, o empenho deliberado em manter-se calmo lhe ajudará a encontrar as respostas cer-
tas. A habilidade mais importante é manter a calma. Fique calmo, sobretudo quando todos ao 23
seu redor estiverem nervosos e agitados. Quem for capaz de manter-se tranqüilo leva a grande
24
Parte I As pessoas certas
CAPÍTULO II
A LIDERANÇA
Capítulo II A liderança
ATRIBUTOS ESSENCIAIS
A) Autoconhecimento
“Se você conhece o adversário e conhece a si mesmo, não precisa temer o resultado de cem
batalhas. Se você se conhece, mas não conhece o seu oponente, para cada vitória ganha sofrerá
também uma derrota. Se você não conhece nem o inimigo, nem a si mesmo, perderá todas as
batalhas” – Sun Tzu.
Aquele que quiser liderar primeiro deve liderar a si mesmo. É preciso conhecer suas forças e
fraquezas, saber lidar com seus pensamentos e sentimentos, perceber suas necessidades, me-
dos e paixões. O domínio de si é essencial para uma boa liderança.
B) Espírito de Servir
Liderar significa servir. Ter em vista em primeiro lugar as pessoas e o bem-estar da empresa e
não o prestígio pessoal. Para isso é preciso distância interior de si mesmo.
A palavra grega para liderar – hegeomai – significa ir à frente, conduzir. Aquele que conduz
a outros, vai à sua frente. Ele não ordena de cima para baixo, mas sim, segue adiante daqueles
a quem gostaria de caminhar junto. Aquele que lidera dessa forma serve às pessoas. Aquele
que quer liderar deve servir à vida e fazê-la emanar das pessoas. A aptidão para liderar vem da
disposição para servir.
O Líder não deve esquecer de si mesmo, de suas necessidades e desejos, de suas paixões
e emoções. Sua ação deve estar em harmonia com sua alma. É sempre perigoso agir incons-
cientemente. Aquele que desconhece suas necessidades as projetará sobre os outros. Aquilo
que permanecer inconsciente em sua ação poderá ter um efeito devastador sobre as pessoas
ao seu redor.
Não é possível vencer sem ter paixão pelo que faz. O Líder acredita em seu potencial e em sua
capacidade realizadora. Conhece suas forças e fraquezas, bem como a dos seus liderados. Sua
autoconfiança energiza sua equipe, dando-lhe coragem para ousar, assumir riscos e superar os
desafios. O Líder precisa ter Brilho nos Olhos. A Paixão pelo que faz mobiliza e inspira todos
que o cercam.
Como devemos liderar pelo Exemplo, é fundamental ser coerente. Assim passamos credi-
bilidade. O Líder inspira seus seguidores, mobilizando-os para alcançar um Objetivo Nobre,
Superior e Comum. Conquista corações e mentes. Sabe celebrar as vitórias, fazendo com que
todos se sintam vencedores, reconhecidos, recompensados e motivados.
Bons Líderes entendem que as pessoas são sua principal prioridade. Sem elas é impossível al-
cançar grandes resultados.
O Líder, portanto, sabe escolher a pessoa certa para o lugar certo. Consegue perceber um
talento “no arriar das malas”. Sabe cobrar resultados e estimular a superação dos limites dos
seus liderados. Busca extrair o melhor e o máximo de cada pessoa. Faz com que seus liderados 27
preparem-se exaustivamente. Diminui a “zona de conforto”. Acorda as pessoas para o que é
Capítulo II A liderança
urgente e influencia a evolução do ritmo dos seus liderados. O desenvolvimento de pessoas é
um compromisso diário. Valoriza as diferenças e recompensa pelo mérito.
F) Sabedoria
Apenas aquele que consegue estar consigo mesmo e alcançar a paz poderá criar em torno de
si uma atmosfera de tranqüilidade, na qual os colaboradores se sintam bem e se dediquem ao
trabalho com prazer. A força não está na inquietação, mas sim na tranqüilidade. A Sabedoria
tem a ver com a experiência. Aprenda com o olhar. Sábio é aquele que vê as coisas como elas
são. O Líder precisa estar em contato com a realidade.
A maturidade humana depende do tempo (da chuva e do sol). O acúmulo de experiências
possibilita uma maior compreensão sobre si e o mundo. A pessoa precisa ter se entregado à
vida. Os critérios para o amadurecimento humano são: paz interior, serenidade, integridade, e
identidade consigo mesmo.
As qualidades do Líder são suas virtudes: é preciso substituir a arrogância pela humildade,
cultivando a modéstia. A arrogância nos impede de aprender, de reavaliar uma posição e mudar.
A húbris nos tira a razão, rouba nossa clareza e capacidade de discernir, nos levando à destruição.
A sabedoria nos permite enfrentar situações difíceis, mantendo o equilíbrio; a lidar com
o estresse e com os retrocessos, e, no caminho inverso, nos momentos maravilhosos, a curtir
o sucesso com orgulho, equilíbrio e humildade. As pessoas maduras têm senso de humor e
cultivam a alegria.
EXERCENDO A LIDERANÇA
Desenvolva e comunique fortes crenças. Os grandes Líderes lideram com base em ideias. Sua
visão de mundo norteia os colaboradores, inspirando-os e unindo-os em torno de ideais.
Para preservar sua eficácia, qualquer sistema deve questionar-se continuamente. O papel
do Líder é aumentar, cada vez mais, os desafios (diminuir a “zona de conforto”).
O Líder deve ter confiança em suas próprias decisões. Precisa ter consciência que acertará
oito ou nove vezes em dez e estar disposto a assumir a responsabilidade por errar em poucas
ocasiões. Precisa saber arcar com o peso das suas convicções. É preciso, obviamente, resguar-
dar-se contra a arrogância; mas quando se leva avante a própria missão, com consciência e ho-
nestidade, convém admitir que realmente talvez se saiba mais e se veja um pouco mais longe
do que os outros.
Deve ser forte para tomar suas próprias decisões e perseverar nelas, mesmo quando impo-
pulares. Mas também deve ter a humildade de pedir outras opiniões e mudar de posição, se for
o certo, sem medo de parecer fraco.
28 Cabe ao Líder implantar o Sistema de Comunicação. Desenvolva uma Cultura de Prestação de
Contas – interna e externamente. Defina o que é útil e inteligente para cada público específico.
Parte I As pessoas certas
Prometa de menos e entregue demais. O Líder deve administrar não só os resultados, mas
também as expectativas. Não transforme a Vitória em Derrota. Ao não anunciar as expectativas
antes de conhecer os resultados, você impede que acontecimentos positivos se transformem
em desapontamentos. Faça o possível e tente o impossível.
O Líder precisa ser otimista sempre, pois quando ele esmorece, todos os demais desani-
mam, perdendo a esperança. O Líder é sempre a principal referência.
Seja você mesmo (autenticidade). Mas nunca seja sempre o mesmo (inovação). Parte da
liderança consiste em manter o equilíbrio, em direcionar a força das suas paixões de maneira a
melhor atingir seus objetivos.
É importante lembrar que liderança exige gentileza, que é um ato de amor, porque exige que
nos interessemos pelos outros, até mesmo por quem não sentimos qualquer afeição. Pequenas
manifestações de apreciação, de encorajamento, de cortesia e de atenção, além de conceder
créditos e elogios pelos esforços realizados, ajudam os relacionamentos a se desenvolverem de
forma adequada.
Liderança exige perdão. O perdão é o atributo dos fortes. É preciso conciliar o afeto com
a cobrança dura, quando for necessário. Ser paciente, gentil, humilde, respeitoso, altruísta,
honesto e dedicado. Estes princípios revelam qualidades de amor, liderança e o caráter de um
Líder. O maior Líder é o maior servidor, o mais dedicado às necessidades dos outros. Liderar é
Servir. Mais lidera quem melhor serve.
Seja muito exigente com as pessoas que contrata. Exija excelência e responsabilidade. Se-
lecione os melhores. Pessoas extraordinárias entregam resultados extraordinários. Não aceite
a mediocridade jamais.
O Líder competente não é mais aquele que tem atrás de si um grupo de pessoas que segue
fielmente o rumo traçado e é recompensado pela sua lealdade. Os Líderes competentes são
aqueles que têm em torno de si pessoas capazes de exercer a liderança quando necessário. São,
portanto, Líderes de Líderes.
Os grandes Líderes desejam deixar um legado, uma obra que transcenda sua própria exis-
tência. Ao pensar assim, desenvolvem uma visão de futuro e comprometem-se a formar novos
Líderes, substitutos capazes de seguir em frente, de perpetuar suas realizações.
AS PESSOAS CERTAS
É preciso saber escolher as pessoas certas. O trabalho do Líder é dar o tom e definir a agenda,
dando liberdade para que seus liderados atuem com disciplina e criatividade. Cabe ao Líder
atuar como fonte constante de conselhos, inspiração e recursos, com vistas à consecução dos
objetivos.
Cerque-se das melhores pessoas. Encontre a pessoa certa para o desafio. Foque nas forças e
não nas fraquezas. Coloque-se no lugar do outro. Crie as condições propícias ao crescimento. 29
Sem as pessoas certas nos lugares certos, a Tecnologia Empresarial Odebrecht não tem como
Capítulo II A liderança
ser executada.
Jim Collins destaca que “a maior e principal competência para ser um Líder Excepcional é sa-
ber escolher as pessoas certas e colocá-las nos lugares certos”. Ele exemplifica essa questão do
seguinte modo: “imagine que você vai conduzir um ônibus. Antes de ir para algum lugar, deci-
da quem vai estar dentro dele; onde vai estar sentado; e fazendo o quê. Além disso, é importan-
te decidir quem vai descer do ônibus. Só então, dê a partida”. Para Collins é preciso corrigir um
equívoco: “As pessoas não são o maior ativo das Organizações. As pessoas certas é que são”.
Em seus livros, Collins destaca que as pessoas certas são apaixonadas pelo que fazem, logo
não precisam ser motivadas e direcionadas. Elas já fazem isso habitualmente. O papel do Líder,
portanto, é criar as condições para que as pessoas certas não se desmotivem.
Os Líderes das empresas “feitas para vencer” compreendem três verdades simples: “Se você
começa com quem” e não com “o quê”, pode se adaptar facilmente a um mundo em constante
mudança; se você tem as pessoas certas, o problema de motivar e gerenciar pessoas pratica-
mente deixa de existir; por fim, não importa se você sabe para onde ir, se você tem as pessoas
erradas, pois uma grande visão sem grandes pessoas é irrelevante.
O Brasil depois da estabilidade econômica vem experimentando altas taxas de crescimento.
As empresas brasileiras têm ampliado sua participação na economia local e, muitas, estão atu-
ando, de modo crescente, em outros países. Essa expansão tem gerado uma grande necessida-
de de identificar e desenvolver talentos.
Neste tema, Jim Collins recomenda: “ao identificar as melhores pessoas, faça o possível para
mantê-las por muito tempo, pois isso é um grande diferencial. Estimule o crescimento dos ta-
lentos reais na Organização. Se você estiver perdendo-os, todos os alarmes devem ser ligados,
porque você está errando, de modo grave, em algo absolutamente estratégico”.
E como saber que encontrou a pessoa certa? Não há receita. O principal é que compartilhe
os valores da Organização. Este deve ser o ponto de partida. É preciso testá-la, sobretudo, dian-
te de pressões. Nessas horas, percebemos como reage. As pessoas certas se encaixam aos valo-
res da Organização. Não necessitam ser gerenciadas de perto, pois são responsáveis, entregam
o que pactuam e são automotivadas.
Ao trabalhar com talentos, um dos árduos exercícios da liderança é garantir o equilíbrio de
personalidades e habilidades distintas. Não basta identificar e atrair grandes talentos. É neces-
sário assegurar que eles componham um todo mais poderoso do que a soma dos valores de
cada um. Isso é um grande desafio, pois um ambiente realizador, atrai pessoas independentes,
que estão habituadas a fazer acontecer. Colocá-las para trabalhar juntas cria tensão. É preciso
ser criativo para manter o ambiente harmônico e sinérgico.
Outra questão relevante para o Líder é manter o ambiente desafiador, pois os talentos não
toleram acomodação e mediocridade.
O sucesso depende do trabalho em equipe, do compartilhamento de ideias, da responsabi-
lidade recíproca e da confiança no apoio mútuo.
30 Indivíduos muito diferentes têm mais probabilidade de compor equipes harmoniosas, ao
passo que outros com vários pontos em comum podem não conseguir ficar no mesmo ambien-
Parte I As pessoas certas
Em seu livro Empresas Feitas para Vencer, o americano Jim Collins buscou entender o que dife-
renciava as empresas grandes das excelentes. Ao estudar 1.435 empresas nos EUA, percebeu a
existência de cinco diferentes níveis de liderança.
No Nível 1 estão as pessoas que lideram em razão de sua altíssima capacidade; No Nível 2
estão os que agregam a condição de trabalhar em grupo; O Nível 3 são os que reúnem as duas
primeiras condições, e que são Eficazes em tudo o que fazem, de acordo com as orientações
recebidas de seus superiores; No Nível 4, temos os Líderes Eficazes e Eficientes, que estimu-
lam padrões elevados de desempenho. No Nível 4 encontramos grandes Líderes, que realizam
coisas extraordinárias, gerando resultados impressionantes. No entanto, ao se afastarem das
empresas que lideravam, as mesmas não conseguiram sustentar o crescimento.
Collins e sua equipe procuraram entender o que então diferenciava estes Líderes dos outros
que tinham elevado desempenho e, ao se aposentarem, suas empresas continuavam a sustentar
elevado padrão de crescimento.
Foi então que descobriram o que chamaram de Nível 5 da liderança. Analisando este grupo
específico, perceberam a quebra de alguns conceitos comumente aceitos. O Líder de Nível 5
não precisa ser carismático, ser um bom comunicador e um grande motivador. O que ele tem,
então, de especial? Todos os Líderes das empresas excelentes estudadas por Collins tinham
a humildade como um diferencial. Nunca atribuíam a eles a razão do sucesso, sempre diziam
que isso era resultado das circunstâncias e da sorte de contar com uma equipe extraordinária.
O Líder Nível 5 pensa grande, é ambicioso, quer deixar um legado, algo que transcenda sua
própria existência. Como possui visão de futuro e sabe do limite temporal de sua vida, se dedica
a identificar e formar substitutos. Este tipo de liderança luta pelos valores da Organização. Sabe
conciliar humildade, vontade e determinação. Nunca está satisfeito com os resultados obtidos.
Almeja sempre mais. É apaixonado pelo que faze. O Líder de Nível 5 só existe quando há amor.
Ao comparar os Líderes do Nível 4 e 5, Collins percebeu que essas características fazem toda
diferença.
O Nível 4, em razão de sua vaidade e ambição pessoal, não consegue deixar um legado, pois
não forma substitutos. Sempre temeu o brilho de outros ao seu redor e, ao longo de sua carrei- 31
ra, passou a afastá-los. Ficaram os subservientes, incapazes de tomar decisões. Isso explicou o
Capítulo II A liderança
declínio das muitas empresas após a saída dos Líderes de Nível 4.
Esse estudo do Jim Collins serve para orientar todo processo de desenvolvimento de lide-
rança das empresas que aspiram não apenas o crescimento, mas também a perpetuidade.
Analisando as conclusões de Collins é possível perceber muitos aspectos da Cultura Ode-
brecht e perceber que o fundador da Organização, Norberto Odebrecht sintetiza muito bem as
características deste Líder de Nível 5.
WARREN BUFFETT
O mega investidor e empresário americano diz utilizar os seguintes critérios para escolher as
pessoas certas:
1) Perceba o número de vezes que alguém usa a expressão “eu fiz” em vez de “nós fizemos”;
2) Como lida com as adversidades/obstáculos e se tem franqueza em admitir erros e derrotas;
3) Mantém o equilíbrio e a vaidade sob controle.
RAM CHARAN
informações chegam através de diversos filtros, diversas camadas. Assim, o empresário de uma
grande companhia precisa se certificar de que há prioridades precisas, claras e dominantes. No
caso do dono ou da dona da lojinha, trata-se de apenas uma pessoa. No caso de uma empresa
grande, o Líder precisa e deve fazer as coisas acontecerem por meio de outras pessoas. Para
fazer isso, há uma nova exigência para ele ou ela, comparada à da lojinha: ter as pessoas certas
nas funções certas (Este é o terceiro pilar). É uma grande tragédia quando, em níveis altos, você
não tem as pessoas certas nas funções certas.
O quarto pilar existe porque, quando você tem a lojinha, há apenas uma pessoa, mas quando
se tem uma grande empresa com 300.000 pessoas, qualquer lugar em que duas pessoas traba-
lhem juntas é um sistema social. Um sistema social significa que, onde quer que duas ou mais
pessoas trabalhem juntas, elas desenvolvem sentimentos umas pelas outras, desenvolvem re-
lacionamentos, tornam-se competitivas, podem tornar-se cooperativas e, como resultado, seus
resultados mudam. Líderes, portanto, precisam saber como arquitetar e como executar isso.
Em cada empresa, há esses sistemas sociais, orçamentos, estratégias, talento, balanços mensais.
Tudo isso combinado faz a execução acontecer.
O último pilar, segundo Ram Charan, é o dos hábitos pessoais do Líder. Você vai ver uma
grande mudança na qualidade da execução. Existem três hábitos principais – você não precisa
de uma pesquisa de PhD para saber isso. Pergunte a qualquer bom executor na empresa e verá
que todos eles os têm. Número um: toda reunião que você termina, você precisa ter um fecho,
quem vai fazer o quê e quando. Isso confere responsabilidade e clareza. Número dois: você
precisa realizar um acompanhamento total. Isso significa que as pessoas trabalharão em direção
a uma meta para ser atingida em determinado tempo. E número três: você precisa dar às pesso-
as um feedback, seja bom ou ruim, enquanto as coisas estão acontecendo. Porque não se trata
de uma avaliação pessoal, e sim de aumentar a capacidade das pessoas. Faça essas pequenas
coisas repetidamente, e verá uma enorme mudança na qualidade da execução.
Charan faz a seguinte reflexão: “Quando a maioria das pessoas chega a posições de liderança,
elas têm 25 anos ou mais. Nessa época, você toma consciência de qual é o seu talento, e parte
daí para desenvolvê-lo. Se você não o desenvolver, não crescerá. A maioria das ferramentas
e ideias é aprendida quando se trata de executar algo em um sistema social. Seja o quer for
que você tenha, que você acha que herdou, lapide, trabalhe, aprenda as ferramentas, adquira o
know-how. Se você não aprender, seu talento herdado desaparecerá. Líderes são feitos.”
FRANK MAGUIRE
Frank Maguire é o criador da cultura empresarial que fez da Fedex uma história de sucesso mul- 33
tibilionária. É um dos maiores inovadores e realizadores do mundo corporativo americano. Ele
Capítulo II A liderança
foi vice-presidente fundador da Federal Express, além de ter ocupado vários cargos de direção
na ABC, American Airlines e Kentucky Fried Chicken, além de ter trabalhado nos escritórios
dos ex-presidentes Jonh F. Kennedy e Lyndon Johnson. Atualmente, está à frente da Maguire
Communications, Inc.
Segundo Frank Maguire, todas as pessoas possuem um sentimento de paixão, de entusias-
mo, é isso que faz diferença. Uma empresa ou uma pessoa que não se empolga não sobrevive.
Líderes apaixonados são pessoas poderosas, é isso que as empresas precisam e é fundamental
ter uma atitude positiva, construindo empolgantes relacionamentos. Pois se você pensa que
pode, você faz acontecer, já que a vida precisa de sentimentos e atitudes.
Maguire conta que certa feita, numa conversa com Akio Morita (criador da Sony) sobre o
significado da palavra cliente, ouviu dele que a mesma deriva da palavra latina “custom” (cos-
tume), que pode ser definida como uma relação construída na fé, com confiança, por um longo
período de tempo. Para Maguire, o cliente não pode ser visto como um cheque, uma fatura. Ele
é uma relação construída sobre a confiança, com fé, e isso significa uma relação duradoura. O
Líder precisa cuidar do seu pessoal, pois seu pessoal cuidará do cliente, e o lucro (Resultado)
será uma conseqüência do bem servir.
Aprendemos com Frank Maguire que o mundo hoje é uma aldeia global, logo velhas regras
não se aplicam mais. Precisamos escutar as pessoas, desenvolver Líderes que saibam como lide-
rar, pois as pessoas que trabalham com você, devem estar informadas do que está acontecendo.
Ao liderar é importante que se diga o que se espera das pessoas, deixando-as fazerem e terem
a chance de errar.
Os gerentes sabem qual trabalho fazer e como fazer, já os Líderes sabem qual o próximo
trabalho a ser feito, afirma Frank Maguire. O sucesso vem das pessoas que escutam. Um Líder
escuta, um gerente manda. As pessoas precisam de reconhecimento, isso significa muito.
Uma das marcas da Cultura Odebrecht é a meritocracia. Aprendemos que as pessoas devem
ser avaliadas pelos seus resultados, pela sua capacidade de fazer acontecer. Obviamente pre-
cisam estar alinhadas com os valores da Organização, do contrário os resultados perdem o seu
significado.
A meritocracia permite tratar diferentemente as pessoas diferentes. É a oportunidade que o
Líder possui de reconhecer o valor de cada indivíduo. A análise do mérito estimula o compro-
metimento com os resultados. As pessoas de talento têm a possibilidade de ter a retribuição na
proporção do seu desempenho.
MICHAEL ABRASHOFF
Michael Abrashoff, durante vinte meses, comandou o USS Benfold, um navio contratorpedeiro,
armado com mísseis teleguiados. Nesse período, o navio e sua tripulação, lhes permitiram apren-
34 der grandes lições. A experiência de liderança de Michael Abrashoff e suas práticas inovadoras de
gestão levaram o USS Benfold a ser considerado o melhor navio de guerra da marinha americana.
Parte I As pessoas certas
Abrashoff concluiu que Líderes excepcionais sempre foram raros, mas, além de já nascerem
Líderes, também podem ser formados.
A verdadeira liderança tem a ver com a compreensão de si mesmo em primeiro lugar. Os
Líderes devem liberar os seus liderados para desenvolver os seus talentos ao máximo. A maioria
dos obstáculos que limitam o potencial das pessoas é provocada pelo Líder e está enraizada nos
próprios medos dele, nas necessidades do ego e em hábitos improdutivos.
Ao assumir o comando do USS Benfold, Abrashoff percebeu que tentar algo novo nunca é
fácil. Não existe nenhum precedente para orientar você.
O lema do Benfold passou a ser: “Este barco também é seu”. “Mostre-me uma organização
em que os funcionários sentem-se como donos, que eu mostro uma empresa melhor que a
concorrência”.
Como Michael conseguiu seguir em frente com esse método na hierarquia notoriamente
rígida da Marinha?
• A Marinha, à época, tinha tantos problemas que os superiores estavam desesperados o bas-
tante para dar espaço às pessoas para experimentar coisas novas;
• Ele colocou-se no lugar do seu chefe e perguntou: “O que eu quero de Abrashoff e do
Benfold?” O que o chefe queria, concluiu, era um navio que atendesse a todos os compro-
missos operacionais e com um alto índice de retenção do seu pessoal. Pensou que, se con-
seguisse essas coisas, o seu chefe lhe deixaria em paz. Ele se concentraria em outros navios
que não estivessem obtendo os mesmos resultados.
A liderança de verdade deve ser conquistada, pelo exemplo. O Líder exerce uma enorme in-
fluência sobre os liderados. Os sinais que o Líder passa são importantes. Ele instrui pelo modo
como age, em cada ação que pratica.
“Toda vez que eu não conseguia obter os resultados que queria, engolia o mau humor e me
voltava para dentro de mim mesmo para ver se eu fazia parte do problema. 90% dos casos, no 35
mínimo, eu era tão parte do problema quanto o meu pessoal”.
Capítulo II A liderança
Chegar a algum lugar é importante. Como você chega lá é igualmente importante. Faça a
coisa certa. Descubra uma maneira de superar os egos, uma maneira de contornar os empeci-
lhos burocráticos e siga em frente.
Veja o seu navio pelos olhos da sua tripulação. Michael não precisou de muito tempo para com-
preender que a sua jovem tripulação era inteligente, talentosa e cheia de boas ideias, que fre-
qüentemente não eram aproveitadas porque ninguém no comando nunca lhes dera ouvidos.
Concluiu que o seu trabalho devia ser ouvir com a máxima atenção e acolher as boas ideias para
melhorar o desempenho do navio.
“Eu me tornei não só o Líder, mas o maior incentivador dessas pessoas. Foi um prazer ajudá-
-los a entender o que eles queriam na vida e traçar um curso para chegar lá”.
Encontre as pessoas certas para os lugares certos. Essa é a maior atribuição do Líder.
O grande segredo para administrar uma empresa é articular uma meta comum que inspire um
grupo variado de pessoas para que se empenhem em conjunto. Comunique-se sempre. Fale
com todos. O tempo todo. As pessoas são capazes de absorver qualquer coisa se não forem
menosprezadas ou tratadas com arrogância.
“Conforme eu entendia, toda pessoa nas forças militares americanas representa os Estados
Unidos. Éramos embaixadores e tínhamos de nos comportar de acordo com essa expectativa.
Eu simplesmente não desperdiçaria a nossa reputação, então praticava a tolerância zero em re-
lação ao mau comportamento”.
Liberdade gera disciplina. Com uma boa liderança, a liberdade não enfraquece a discipli-
na – ao contrário, fortalece-a. Dar liberdade às pessoas é um forte incentivo para que elas não
cometam erros.
Nunca instigue um cão a lutar contra outro. O relacionamento carregado de antagonismo per-
meia o sistema inteiro e envenena o clima geral. Ele divide a tripulação em facções e corrói a
confiança mútua.
“Nunca descobri por que os meus Oficiais Comandantes toleravam isso. As disputas e as postu-
ras contrárias internas não contribuem com nada para os resultados desejados”. “Uma das primei-
ras coisas que fiz foi dizer aos quatro chefes que o futuro deles na Marinha dependia do sucesso
global do Benfold. Juntos. Era nadar ou afogar-se”. Quando os chefes de departamento desistiram
36 da sua guerra particular e concentraram-se no objetivo global, as pessoas começaram a se comu-
nicar entre si, passaram a se ajudar mutuamente. Tudo passou a ser feito em benefício do coletivo.
Parte I As pessoas certas
Nunca leve os problemas secundários ao conhecimento do seu chefe se for capaz de resol-
vê-los sozinho. “Parecia importante que eu me antecipasse e cuidasse dessas coisas sem ser
provocado ou pressionado. Eu raramente pedia permissão. Simplesmente agia segundo a teoria
de que os meus chefes teriam me autorizado a fazer aquilo em benefício deles. Eles queriam
que eu cuidasse das coisas sem incomodar ninguém. Eles tinham muito mais crises e problemas
com que se preocupar. Se eu mantivesse a minha unidade operacional independente e apresen-
tasse resultados satisfatórios, eles poderiam se concentrar em outros assuntos e fazer melhor o
trabalho deles – é exatamente isso o que todo chefe quer”.
No entanto, em situações críticas, faça-o saber o quanto antes. As más notícias não melho-
ram com o tempo. Quanto mais você espera, menos tempo o seu Líder tem para ajudar você a
encontrar uma solução.
Uma organização que visa permanecer viva e forte deve assegurar que sejam elogiados e pro-
movidos aqueles que correm riscos, mesmo que fracassem de vez em quando.
“Mostre-me alguém que nunca cometeu um erro e eu lhe mostro alguém que não faz nada
para melhorar a empresa. Nunca corri um risco impensado. Todo risco que corri foi uma parte cal-
culada da minha campanha para produzir mudanças sem pedir permissão da autoridade superior”.
Se uma regra não faz sentido, quebre-a. Mas, com cuidado. Aposte nas pessoas que pensam
por si mesmas.
“A liderança é principalmente a arte de fazer as coisas simples muito bem. Ao contrário de al-
guns Líderes, prefiro me afirmar fortalecendo os outros e ajudando-os a se sentirem bem em
relação ao seu trabalho e a si mesmos. Quando isso acontece, o trabalho deles melhora, e o meu
próprio moral dá um salto”.
“Comandar o Benfold exigia inteligência e iniciativa, não força muscular. Apenas mari-
nheiros competentes e confiantes poderiam lidar com as complexidades do navio e cumprir 37
as suas missões”.
Capítulo II A liderança
Concentrei-me em cultivar a auto estima. “Mostre-me um gerente que ignora a força do
elogio e eu lhe mostrarei um gerente desprezível. Um elogio é infinitamente mais produtivo do
que uma punição”.
Pequenas coisas resultam em grandes sucessos.
Delegamos responsabilidade às pessoas que estavam prontas e eram capazes de aceitá-la.
Ao fazer coisas novas e inovadoras, você poderá despertar inveja e hostilidade. Procure
ficar atento a isso. A qualidade incomoda algumas pessoas. Isso sempre aconteceu e sempre
acontecerá.
Ciúme e inveja são emoções fortes e, se nos deixamos influenciar por elas, podem causar
problemas graves. Os Líderes devem sempre ficar atentos a elas. Um comandante ciumento
pode se comportar de uma maneira que iniba e logo paralise os subordinados, que acabam se
desinteressando e se desligando. O antídoto reside em tentar fazer as pessoas que trabalham
para você sentirem-se necessárias e altamente valorizadas. “A maré cheia desencalha todos os
barcos”. O sucesso de toda empresa é uma conquista coletiva.
Se você quiser subir na escada profissional, precisa fazer mais do que a sua tarefa específica;
precisa fazer coisas que afetem a vida das outras pessoas da organização.
Sempre que as pessoas fizerem um ótimo trabalho, deixe que saibam disso. Sempre que
deixarem a desejar, não permita que piorem cada vez mais até o fim do período de avaliação; eu
deixo claro o que penso imediatamente.
RUDOLPH GIULIANI
O Ex-Prefeito de Nova York em sua experiência de liderança enfrentou muitos problemas com-
plexos e graves crises à frente da cidade. Podemos destacar, em especial, o enfrentamento da
criminalidade e o atentado terrorista de 11 de setembro de 2001. Após dois mandatos, Giuliani
escreveu uma autobiografia com as principais lições aprendidas em sua administração.
Administrando Crises
Adote como norma ver com os próprios olhos o cenário de todas as crises, de modo a ter condi-
ções de avaliá-lo em primeira mão. Ao fazer isso você será capaz de descobrir a importância do
que está nos detalhes. Nada substitui a experiência de primeira mão. Jamais deixe de ir ao local
onde ocorreram os eventos. Essa é a única maneira de desenvolver uma visão independente e
de não ser manipulado pelas pessoas.
Não presuma nada. Faça sempre uma diligência prévia, o que eliminará a necessidade de
presumir. Esse é o mais importante fator crítico para o sucesso. Por mais brilhante que você seja
não descuide de realizar uma diligência prévia cuidadosa, uma experimentação inteligente e
faça um acompanhamento obstinado. Isso permitirá que você antecipe-se aos problemas.
Esteja pronto para todo o imaginável de modo a ter condições de preparar-se para o ini-
38 maginável. As surpresas são inevitáveis. Se tiver pensado em todas as contingências e estiver
preparado para enfrentá-las, disporá de melhores meios para lidar com o inesperado.
Parte I As pessoas certas
Aprenda a controlar suas emoções, sobretudo quando os outros se deixam levar pelos sen-
timentos. Mantenha-se calmo durante as crises. Quando as pessoas ao seu redor ficarem exal-
tadas, o empenho deliberado em manter-se calmo lhe ajudará a encontrar as respostas certas.
O lutador que perder a cabeça na primeira vez que for atingido será derrotado. Se permane-
cer calmo, mesmo que receba uma sucessão de golpes, terá condições de raciocinar e de buscar
oportunidades de contra-atacar.
É preciso saber escolher as pessoas certas. Cerque-se das melhores pessoas. Encontre a pessoa
adequada para o cargo. Cabe ao Líder atuar como fonte constante de conselhos, motivação e
recursos, com vistas à consecução dos objetivos.
Ao trabalhar com pessoas diferenciadas, o Líder precisa garantir o equilíbrio de personali-
dades e habilidades.
Indivíduos muito diferentes compõem equipes harmoniosas. As diferenças criam condições
para a complementaridade.
Um dos melhores ingredientes de qualquer exercício da liderança é ter a oportunidade de
destacar quanto o trabalho dos seus colaboradores significa pra você. É importante saber reco-
nhecer a contribuição de cada um.
O Líder em Ação
Comece com pequenos sucessos. Mediante a conjugação de pequenas vitórias é possível al-
cançar grandes resultados. Foque nos detalhes. Prepare-se sem descanso.
Todos são responsáveis, o tempo todo. O sucesso depende do trabalho em equipe, do com-
partilhamento de ideias, da responsabilidade recíproca e da confiança no apoio mútuo.
Ao galgar uma posição de liderança, não acredite que foi selecionado por Deus. É exata-
mente nessas horas que a humildade é mais valiosa. Trabalhe para minimizar suas fraquezas.
Para tomar decisões é importante aproveitar todo o tempo disponível para considerar os vá-
rios ângulos possíveis, projetando as conseqüências das várias alternativas. Depois de decidir,
movimente-se com rapidez, deixe as dúvidas para trás e caminha firme e obstinadamente para
garantir o êxito da decisão.
Um Líder não é a somatória do que todos pensam, mas o resultado singular daquilo que
ele pensa. Ele não segue a multidão, mas a conduz. Se você quer ser popular não é um Líder.
Nasceu para ser um seguidor.
Desenvolva e comunique fortes crenças. Os grandes Líderes lideram com base em Ideias.
Sua visão de mundo norteia os colaboradores, unindo-os em torno de ideais.
Ligue-se com as pessoas. Os detalhes e o conteúdo técnico são vitais para o êxito dos nossos
objetivos. Mas há o momento para se conquistar corações e mentes. Conjugar as duas coisas é
fundamental para o sucesso. 39
O Líder define prioridades e aferra-se a elas. Às vezes, a melhor maneira de cumprir essas
Capítulo II A liderança
prioridades é eliminar as fontes de dispersão que impedem a sua realização. Não permita que
os críticos definam sua agenda. Seja o Senhor do seu destino.
O Líder deve gerenciar não só os resultados, mas também as expectativas. Por vezes, é preciso
ocultar suas intenções, conseguindo uma vantagem estratégica ao retardar ao máximo o anún-
cio do que se tem em vista. Prometa apenas quando tiver certeza. Prometa de menos e entregue
demais. Não transforme a Vitória em Derrota. Não anunciar as expectativas antes de conhecer
os resultados, impede que acontecimentos positivos se transformem em desapontamentos.
Faça o possível e Tente o impossível.
Tratando as Informações
Em 2001, HSM Management publicou uma entrevista exclusiva de Lemann intitulada “O ar-
quiteto de empresas”, porém hoje isso parece pouco para explicar os fenômenos associados a
Lemann e seus sócios, como a InBev, as Lojas Americanas, a B2W (Business-to-Web, empresa
resultante da fusão entre Americanas.com e Submarino) e, durante muito tempo, a GP Investi-
mentos. A explicação está na cultura de gestão campeã.
Em entrevista exclusiva a José Salibi Neto, CKO (Chief Knowledge Officer) do Grupo HSM,
Lemann revela as profundezas dessa cultura, que, ele enfatiza, não tem dono, é como um sof-
40 tware de código aberto.
Parte I As pessoas certas
Em nossa última entrevista, em 2001, a AmBev ainda não era InBev. Agora é e você e
seus sócios se tornaram empresários do primeiro time global. O que mudou na cabeça
de vocês nesses anos?
A razão da fusão em si foi óbvia: aqui no Brasil, nós éramos um sapo grande num
mercado bom, mas corríamos o risco de sobrar dentro da consolidação toda que con-
tinua a acontecer no mundo cervejeiro. Só nesta semana [última semana de outubro
de 2007], vimos a junção da SABMiller com a Molson Coors nos Estados Unidos e
conversas de Heineken e Carlsberg se unindo para comprarem a Scottish & Newcas-
tle e dividirem a companhia.
Nós nos antecipamos apenas, porque entendemos que vivemos num mundo globali-
zado e que o empresário tem de pensar em termos globais daqui por diante. Sermos
jogadores globais importantes aumenta nossa probabilidade de estar entre os sobre-
viventes. O que mudou? Agora somos obrigados a pensar em China, Índia, coisas
com que não nos ocupávamos antes.
Eu nunca tive muito problema com isso, porque, como você também, tive a oportuni-
dade de estudar fora, tenho família no exterior, consigo me adaptar a qualquer lugar. E,
mais importante talvez, tenho plena consciência de que a cultura é diferente em outros
países. Não pretendemos tocar os negócios na China exatamente como tocávamos aqui.
Por outro lado, eu acho que uma das coisas que nós aprendemos é que uma boa ad-
ministração e uma cultura apropriada funcionam em qualquer lugar do mundo.
Conte-me como foi o impacto da cultura e do estilo de gestão de vocês sobre os europeus...
Já falamos nisso, mas é bom relembrar. Qual foi a gênese dessa cultura gerencial vencedora? 41
Capítulo II A liderança
Nossa cultura teve origem no Banco Garantia, onde estávamos o Marcel, o Beto
[Marcel Telles e Carlos Alberto Sicupira, respectivamente], eu e alguns outros só-
cios. Foi uma cultura que desenvolvemos copiando pessoas que achávamos eficien-
tes e adaptando a nossa maneira de ser.
Entre nossas grandes influências estiveram o melhor banco de investimentos no
mundo hoje em dia, o Goldman Sachs – com eles aprendemos a meritocracia, o trei-
namento intenso e a necessidade de dar oportunidades para as pessoas; o Wal-Mart
– com o fundador Sam Walton aprendemos que, para chegar ao pote de ouro no fim
do arco-íris, tem de ter calma para percorrer todo o arco-íris, além de motivar muito
os funcionários, tratá-los bem e aos clientes também; e a General Eletric – não tive-
mos contato direto com eles, como foi nos outros dois casos, mas sempre lemos tudo
o que saía sobre Jack Welch; os relatórios anuais da GE eram nossa Bíblia. Baseados
nessas três vertentes e mais no que estávamos aprendendo ao fazer os negócios, fo-
mos construindo nossa própria cultura.
Como você a descreveria? Alguns parecem achar que se resume a ser workaholic, vestir
calça cáqui e camisa jeans, ganhar bônus... [risos]
Basicamente nossa cultura acredita que o indivíduo deva agir como dono e também
acredita em sua competência para fazer as coisas essenciais acontecerem. É uma cul-
tura que crê ainda que as pessoas têm de trabalhar juntas e numa direção comum,
do sonho grande. E, importante, é uma cultura que aposta em rachar lucros. Nunca
fomos o tipo de empresário que quer os lucros todos para si e vê o resto como “os ín-
dios”; somos as pessoas que mais milionários colocamos na praça, provavelmente, e
temos o maior orgulho disso. Também é uma cultura que privilegia as coisas simples.
O resto da cultura é trabalhar duro, muito duro – não tem moleza, não – e “pra burro”. E
uma parte essencial é muita comunicação; tudo é falado abertamente, nem parede temos
em nossas salas, e todo mundo se preocupa em educar o outro sobre gestão. Até porque,
dentro da nossa cultura, ninguém progride se não criar um substituto. Nossa cultura bási-
ca está explicitada em 18 pontos que, juntos, formam uma cultura sólida. Eu francamente
me surpreendo às vezes quando estou lá no fim do mundo e vem alguém defendendo
esses pontos com uma veemência com que eu talvez jamais tenha defendido.
A cultura da academia aqui no Brasil é quanto mais você complica, melhor. Para nós,
o mais simples sempre é o melhor. Todas as pessoas que considero exemplares eram
de um bom senso colossal, simples e equilibradas.
42
Mas a quem cabe implementar essa cultura em negócios já estabelecidos? E em negó-
Parte I As pessoas certas
cios internacionais, ainda por cima? Implantar aqui no Brasil é uma coisa, mas lá fora é
bem diferente...
Eu diria que nossa principal função – refiro-me a nós, os mais velhos –, é sermos os
guardiães e patrocinadores dessa cultura mundo afora. Não temos de operar esse ou
aquele detalhe, temos é de fazer essa cultura se espalhar e ter efeito em termos glo-
bais. Com comunicação, com o exemplo, praticando nossos 18 princípios.
É comum ouvir executivos jovens dizerem “um dia vou encher o bolso de dinheiro e ficar
de papo pro ar”. Isso nunca passou por sua cabeça? O que o move, Jorge?
A ideia de não fazer nada realmente não me agrada. Quando completei 60 anos de
idade, eu era do conselho de administração de uma companhia suíça e recebi uma
carta do presidente desse conselho me parabenizando pelo aniversário e me dizendo
que era hora de eu parar e aproveitar a vida. Fiquei furioso, escrevi uma carta para ele
dizendo que não pretendia fazer nada disso [risos].
Sinceramente, eu me divirto trabalhando. É o que eu gosto de fazer. Dinheiro é ape-
nas uma maneira de medir se o negócio está indo bem ou não, mas o dinheiro em si
não é o que me fascina. Eu gosto de fazer coisas, dar uma contribuição. Tenho o maior
prazer em ter participado, com meus sócios e todos os parceiros, da criação de algu-
mas entidades que eu acho que são eficientes. Estou com 68 anos e não me considero
parado, não. Na área cervejeira há muita coisa para fazer, na área de varejo também.
Pode-se sempre olhar alguma novidade se for o caso.
Você, o Beto e o Marcel estão juntos há mais de 30 anos. Vocês não se cansam uns dos
outros [risos]? Acho essa estabilidade impressionante, porque mudar é da natureza das
sociedades. A que você atribui o fenômeno?
Em primeiro lugar, acho que fomos bem-sucedidos na união porque tínhamos total
consciência de que os três juntos fariam muito mais que qualquer um individualmen-
te. Depois de reconhecer isso, conseguimos curtir juntos as possibilidades de negó-
cios que surgem. Outro ponto importante é que ninguém está interessado em roubar
a cena para si, não tem nada disso. Nós respeitamos muito um ao outro e cada um tem
sua individualidade. E nos damos bem: pescamos juntos a vida toda [pesca subaquá-
tica], ainda que hoje um pouco menos. Na verdade, é um grande prazer eu chegar a
esta idade e saber que tenho dois sócios espetaculares, com quem me dou bem, com
quem troco ideias sobre tudo e com quem pretendo fazer mais e mais coisas.
Eu noto que você fala muito nos negócios após sua vida. Você só pensa em empresa lon- 43
geva? Empresa de curto prazo não faz sentido algum?
Capítulo II A liderança
Ah, eu acho que a gente foi posto no mundo para fazer as coisas acontecerem, para
de alguma forma contribuir para um mundo melhor. Há várias maneiras de contri-
buir: uns são religiosos, outros são professores maravilhosos, eu contribuo como
empresário, criando empresas que são bem-sucedidas, empregam pessoas, ensinam
jovens, dão oportunidades. Eu gostaria que isso continuasse durante muito tempo,
sim. O que me move hoje em dia é a vontade de garantir que as empresas tenham
permanência, durabilidade.
Só para ilustrar o que é pensar em durabilidade, vou contar uma história: quando eu
era jovem, estive no Japão e fiz uma entrevista com o Matsushita, o grande empresário
japonês da época, que tinha 80 e tantos anos. De repente, ele começou a me falar dos
planos dele para a empresa nos 500 anos seguintes com a maior naturalidade. Verdade!
Eu, brasileiro, que mal estava conseguindo sobreviver até o dia seguinte, fiquei impres-
sionadíssimo com aquilo. Confesso que ainda não pensei tão longe [risos].
Qual é seu principal conselho para alguém que esteja pensando agora no que fazer com
o sócio?
É alimentar um sonho grande comum e dar certa liberdade para o outro se realizar
dentro da sua individualidade. Tivemos sorte, sim. Um fator que nos distingue de ou-
tros empresários e que serviu para nos manter juntos foi a aptidão comum para correr
riscos. Quer dizer, nós jamais teríamos feito o que fizemos se não tivéssemos topado
juntos correr alguns riscos.
Nós nos conhecemos há bastante tempo, e sempre gostei muito dele. O Jim serve
como porta-voz da cultura em que nós acreditamos, e, por incrível que pareça, os
belgas gostaram muito disso. Agora em dezembro [de 2007] nós estamos indo para
a quarta sessão com o Collins. Em vez de haver uma reunião do board [conselho de
administração] típica, com a rotina e o jantar, o Jim passa duas manhãs inteiras com
os conselheiros e à tarde tem muito bate-papo entre todos nós, com ele fazendo as
perguntas certas. Ele é muito bom em fazer perguntas. O Jim também tem uma facili-
dade incrível para chegar ao essencial das coisas. Atribuo isso à experiência vasta que
ele tem de estudar muitas companhias, as americanas principalmente, investigando
o que deu certo e o que não deu no que diz respeito a uma empresa ser duradoura.
É aquela história do omelete; tem várias maneiras de fazer. Existem vários tipos de
Líder, o carismático, o mais quietinho etc. O que de comum todos têm, de alguma
maneira, é um sonho grande e a capacidade de envolver as pessoas em volta de si,
para todos empurrarem o sonho na mesma direção [da realização]. 45
Como é muito difícil um Líder fazer tudo sozinho, especialmente hoje, eu poderia
Capítulo II A liderança
dizer que um Líder precisa ter alguma aptidão de comunicação com as pessoas. Mas
aí lembro que há os Líderes do tipo Warren Buffett, que na realidade nunca lida com
a massa dentro da companhia, ele escolhe alguns poucos indivíduos com quem tem
contato e lhes transmite aquilo em que acredita – para que passem adiante.
O que está acontecendo é uma das melhores coisas dos últimos anos na economia
brasileira. Esses IPO’s todos, essas aberturas de capital, o fato de que isso está levando
várias empresas, de setores que jamais pagavam impostos, a se formalizar. Acho isso
um espetáculo também para atrair mais empreendedores a fazer negócios grandes,
porque estão vendo que quem faz isso bem e dá certo pode ter um resultado extre-
mamente favorável em termos financeiros. Conselho? Eu acho que ser uma empresa
aberta é algo saudável. Nós basicamente achamos que a empresa ideal é uma que
tem acionistas públicos e também acionistas trabalhando dentro da empresa, porque
estes certamente estão interessados no desempenho de longuíssimo prazo, em per-
petuar o negócio, entende?
Se uma dessas empresas quisesse ter Jorge Paulo Lemann como sócio, o que ela precisa-
ria oferecer? Como é seu processo de decisão na análise de um negócio novo?
Outra coisa: se eu vou investir numa empresa e você me disser que aquilo vai fabricar
ouro em pó ou pimenta, não me interessa. Tenho muito mais interesse em ver quem
está lá tocando a gestão, o que essas pessoas pensam, em que acreditam. Eu sou uma
pessoa que aposta muito no ativo humano, essa é minha prioridade, sempre.
Há seis anos e meio você estava muito preocupado com a educação no Brasil, atribuindo
nossos problemas principalmente à falta de qualidade nessa área. Você continua preo-
cupado ou os indicadores apresentam melhora?
Eu acho que, para um país ser bem-sucedido no médio prazo, precisa ter um ativo
humano muito bom. Eu acho o brasileiro um espetáculo de ser humano, boa praça
e tudo, mas nós temos de melhorar nossa qualidade do ensino, nossa competência.
Continuamos muito atrasados nessa área, mas eu diria que a situação melhorou um
pouco nos últimos anos, uma vez que está todo mundo mais consciente.
Você falou em atraso. Nua e cruamente, de sua perspectiva de player global, como esta-
mos em relação a China e Índia na corrida dos BRIC’s?
Acho que o Brasil não está tão atrás assim nessa corrida, não. Obviamente eu gosto
da China, pela população toda que tem lá – e há muitos bebedores de cerveja [risos].
Mas o país tem suas complicações também. O Brasil, apesar dos problemas recentes
na Justiça, possui uma série de regras que o empresário sabe que existem em maior
ou menor grau.
Na China e, principalmente, na Rússia, isso é uma caixa-preta. Na Índia, não sei. Lá há
um avanço muito grande, mas se deve também ao fato de partir de uma base muito
baixa. E é um país burocrático, de castas.
Na verdade, eu acho que se o Brasil melhorar a educação e conferir um pouco mais
de racionalidade às coisas que são feitas aqui, com um pouco mais de eficiência do
governo, estará muito melhor que os outros três países nessa corrida.
Então, você é otimista em relação ao rumo que o Brasil está tomando? E quanto ao mundo?
Capítulo II A liderança
* A entrevista foi realizada por José Salibi Neto, Chief Knowledge Officer do Grupo HSM.
ABÍLIO DINIZ
Ao pensarmos nos grandes Líderes brasileiros, não podíamos deixar de estudar o pensamento
de Abílio Diniz, do Grupo Pão de Açúcar.
Segundo Abílio, as principais características de um Líder são: humildade, equilíbrio, determi-
nação/garra, disciplina, espírito empreendedor, foco nos resultados, e orientação para o cliente.
Cabe ao Líder escolher as pessoas certas, colocá-las nos lugares certos, e deixá-las definir os
rumos a seguir. As pessoas precisam ter aderência aos valores da organização. Isso é essencial.
Para Diniz, humildade significa saber ouvir, não pré-julgar, discordar com tranqüilidade,
dialogar, entender o ponto de vista do outro.
O equilíbrio emocional é essencial para conciliar atividades e papéis, mantendo a harmonia
em todos os ambientes.
Abílio recomenda: “Não decida à noite. Pense. Deixe o tempo lhe ajudar a tomar a melhor
decisão”.
Determinação/garra significa saber o que quer e querer com vontade. As coisas não são
fáceis, exigem muita energia.
A disciplina é vital para quem quer ser dono do seu destino. É preciso ter uma agenda. Pla-
nejar o curto/médio/longo prazo. Saber programar o que tem para fazer, definir as priorida-
des. Quanto mais nos programamos, mais tempo temos. “Não deixe o acaso lhe levar. Seja o
condutor da sua vida”.
O espírito empreendedor é necessário para inovar, usar a criatividade, ser proativo, ter
coragem.
Foque nos resultados, faça acontecer. Aposte na meritocracia, recompense pelos resultados
alcançados.
A orientação para o cliente nos permite conhecer suas necessidades, atendê-los e con-
quistá-los.
Em linhas gerais, empresas são gente e processos. Se algo não vai bem, pode checar uma
dessas duas coisas.
Para Abílio, o empresário precisa saber dizer não. Há horas que isso é absolutamente ne-
cessário. Saber fazer isso facilita em muito a sua vida. O não evita frustrações futuras, e deixa as
situações claras.
Em seu entender, é fundamental buscar conhecimentos, sempre. Identifique as melhores
práticas. Aprenda e copie as melhores práticas. Mantenha-se antenado, pesquisando novidades,
atento às mudanças. Esteja aberto ao novo. Tenha senso crítico para avaliar se o novo lhe serve.
Abílio reconhece que o GPA passou por graves problemas em 1990. “Quase quebramos.
48 O que nos salvou, foi à agilidade com que tomei as decisões”. Essa é outra necessidade do
Líder, saber decidir com o senso de urgência que a situação exige. Nas crises é preciso deter-
Parte I As pessoas certas
minação e rapidez.
Para Diniz o importante é fazer o diagnóstico correto. A partir daí planeja-se as ações e
movimenta-se com rapidez. Tomou a decisão, siga em frente. Não adianta ficar alimentando
dúvidas. Defina o rumo, mantenha o foco, conduza as prioridades, mas não se descuide dos
detalhes, das pequenas coisas, pois elas são importantes para o resultado final.
É importante o Líder encontrar poucos e bons conselheiros. “Não ouço muita gente, mas
aqueles que ouço, faço com profundidade”, afirma Abílio Diniz.
Segundo ele, o Líder precisa tirar o melhor de cada um dos seus liderados. Precisa desenvol-
ver todo o potencial deles.
Para decidir tenha as informações necessárias, precisas e confiáveis. Interprete os dados.
Faça o diagnóstico. Planeje o que vai fazer. Tenha sempre um plano B, C e D. Decida. Seja dis-
ciplinado na execução. Acompanhe. Identifique as melhores práticas. Inove.
Lembre-se que “no sucesso as pessoas se acomodam. É preciso ter cuidado para não perder
o foco, a humildade”.
CAPÍTULO III
O Brasil produziu um dos melhores cases sobre formação de equipes que podemos estudar.
Sob a liderança de Bernardinho, a seleção masculina de vôlei vem, há três gerações, ganhando
todos os principais títulos mundiais.
Terminamos dois Ciclos Olímpicos sob sua liderança. Foram 28 campeonatos internacionais
- 21 primeiros lugares; 05 segundos lugares; e em apenas dois torneios ficamos fora dos pódios.
É o mais brilhante retrospecto de uma seleção do vôlei mundial. Mais do que uma Equipe, Ber-
49
nardinho, ao longo destes anos, nos legou importantes Lições de Vida. São esses aprendizados
que exploraremos nas próximas páginas, a fim de entender como podemos, nos nossos am-
O PAPEL DO LÍDER
Em suas entrevistas e palestras, Bernardinho demonstra ser um estudioso sobre liderança e es-
tratégia. Ele entende que o Líder é um mestre na arte de conhecer pessoas. Sabe desvendar
seus talentos e perceber suas limitações. Cabe ao Líder transmitir princípios e valores inspira-
dores; liderar pelo exemplo e manter o mesmo entusiasmo, todo o tempo, gerando melhores
e maiores resultados.
O Líder precisa ter comprometimento com sua Equipe. “Brigo muito com eles, mas brigo
muito mais por eles” – Colin Powell.
Um Líder comprometido, focado no desempenho, busca performances de excelência, que
são aquelas que geram resultados ao longo do tempo. A liderança é uma relação de parceria que
libera o potencial das pessoas de forma a levá-las a realizar o melhor desempenho, alcançando
o maior resultado. É essencial inspirar a equipe, construindo uma relação de confiança; de-
monstrando transparência; e instigando o inconformismo com os resultados alcançados. Como
disse Celso Furtado: “Sem ousar, jamais conheceremos os limites do possível”.
O Líder deve buscar o brilho no olhar dos seus liderados. Isso é básico para ser um vencedor.
E o que significa isso? É o somatório da vontade, disciplina, determinação, foco no resultado e
paixão pelo que faz.
Liderar é dar o exemplo para que os outros saibam como se faz e se motivem a fazer melhor.
É o Líder que conduz o liderado de um estágio a outro, mais apurado, que lhe permite alcançar
maior performance, facilitando sua evolução. Cabe ao Líder administrar as diferenças, fazendo
com que as personalidades se harmonizem e se complementem. Deve estimular a cooperação
e não a competição entre seus talentos.
“Quanto mais as pessoas acreditam em uma coisa, quanto mais se dedicam a ela, mais podem
influenciar no seu acontecimento”. - Dov Éven, israelense, PHD Universidade de Michigan.
O bom profissional é aquele que nunca acha que o que conquistou é o bastante, que sempre
quer algo mais e que está disposto a sacrifícios individuais em nome de um objetivo coletivo.
O Líder não decide ser Líder – quem o escolhe são os outros, em razão de sua capacidade de
realização, pelos seus valores e princípios inspiradores.
ESPÍRITO DE EQUIPE
Bernardinho nos mostra que não se constrói uma máquina de vencer sem as peças certas. Não
se chega ao todo sem que as partes se completem. Uma equipe para vencer precisa estar unida,
50 determinada, confiante, movida pela mesma paixão e convencida de que não terá sucesso se
não for o que se espera dela: ser, verdadeiramente, uma Equipe.
Parte I As pessoas certas
Numa equipe o nós é sempre mais importante do que o eu. Egos e Vaidades inflados e fora
do controle inviabilizam qualquer equipe. Humildade é a base para o sucesso. Arrogância é a
semente do fracasso.
A disposição de uma equipe e o entendimento e a colaboração entre as partes são mais de-
cisivos que o talento individual.
PLANEJAMENTO E EXECUÇÃO
O planejamento nos permite realizar os sonhos. Deve ser ambicioso, mas realizável. A prepa-
ração é vital para o sucesso.
Bernardinho entende que planejar é essencial. Ao levantar as informações relevantes, es-
trutura-se um diagnóstico preciso. Dessa forma, pode-se elaborar um programa de ação, com
resultados e prazos definidos.
No planejamento, analisamos os cenários e as tendências, estudamos as possibilidades,
verificamos as dificuldades e consideramos as ações que nos levarão a alcançar os resultados
desejados.
Ao iniciar a execução do que planejou, é preciso reavaliar, o tempo todo, a dinâmica dos
acontecimentos, de modo a corrigir os rumos, e ajustar as estratégias.
A IMPORTÂNCIA DA DISCIPLINA
“Disciplina é a ponte que liga nossos sonhos às nossas realizações”, afirmava Pat Tillman, astro
do futebol americano.
“Quanto mais suamos no treinamento, menos sangraremos na batalha” dizia o treinador
Vince Lombardi.
“A vontade de se preparar tem que ser maior do que a vontade de vencer”, afirmava Bob
Knight.
“Sucesso é o resultado da prática constante de fundamentos e ações vencedoras. Não há
nada de milagroso no processo, nem sorte envolvida. Amadores aspiram, profissionais traba-
lham”, gostava de dizer Bill Russel.
O que todas essas frases têm em comum? Elas nos mostram que nada de grandioso aconte-
cerá em nossas vidas se não fizermos a parte que nos cabe.
Cada dia que você deixar de se preparar é um dia a menos que você tem para realizar o seu
sonho. O que diferencia um golpe de sorte do merecimento é a capacidade desenvolvida para
obter o resultado.
Quem não se qualificar para o que pretende ser, quem não conhece a fundo o que faz, tem
tudo para colher derrotas e decepção. “Os guerreiros vitoriosos vencem antes de ir à guerra, ao
passo que os derrotados, vão à guerra e só então procuram a vitória”, afirmou Sun Tzu.
Para se conquistar alguma coisa é preciso trabalhar muito, com dedicação e afinco, o que 51
quase sempre exige renúncias e sacrifícios. Cabe ao Líder desafiar seus liderados, esticando a
Para desenvolver esse estado de espírito, é preciso que as pessoas saiam da zona de confor-
to, descubram seu imenso potencial de contribuição e encarem cada dia como uma oportuni-
dade de dar o melhor de si mesmo. Deve-se exigir mais de quem tem mais a dar. É fundamental
conhecer as pessoas para inspirá-las.
MOTIVAÇÃO
A ARMADILHA DO SUCESSO
Bernardinho costuma dizer que o Sucesso do passado não nos garante nada no futuro.
A armadilha do sucesso pode nos levar a derrota, quando nos embriagamos com nossas vi-
tórias, passando a nos achar melhores do que os outros, invencíveis, e nos afastamos do essen-
cial: a preparação, a humildade e a disciplina.
Em momentos de sucesso, o Líder deve monitorar sua relação com seus liderados. Após um
ciclo de excelência, as pessoas tendem a um relaxamento, onde há uma negligência com os prin-
cípios que nos conduziram às vitórias. Estagnação e acomodação é igual a morte e deterioração.
É preciso recordar nesses instantes, a sabedoria de Aristóteles: “Nós somos aquilo que faze-
mos repetidas vezes. A excelência não é um feito, mas um hábito”.
52 O TALENTO
Parte I As pessoas certas
A essência do sucesso é acreditar que sempre podemos ser melhor. A única coisa que importa
é a próxima conquista. Para crescer, precisamos inovar, quebrar paradigmas, fazer mudanças
que nos levem a avançar cada vez mais.
A vitória não é mais importante do que a certeza de termos feito todo o esforço para con-
quistá-la. “Não podemos aceitar o não tentar” disse Michael Jordan.
Na derrota, que faz parte da vida, aprenda as lições para não cometer os mesmos erros.
Existem lições que só a derrota nos ensina. Aprenda com os erros. Use-os como alavancas
para as futuras vitórias.
Para se manter no topo é preciso se preparar cada vez mais.
Toda crise trás em si mesma, muitas oportunidades. Viva a crise com sabedoria. Não a
desperdice.
Dados e informações estão disponíveis para todos. O uso do conhecimento e o tempo que
levamos para utilizá-lo é o que dá o diferencial.
Procure se espelhar nos melhores. Estude como eles alcançam seus resultados e se lance
ao desafio de fazer melhor.
O sucesso depende de um ambiente saudável, onde predomine a capacidade profissional
e a ética (integridade moral).
“As oportunidades normalmente se apresentam disfarçadas de trabalho árduo e é por isso 53
que muitos não as reconhecem.” – Ann Landers
LIÇÕES DE VIDA
Conta-se que, certa feita, um sábio chinês presenteou o imperador com um livro que tinha ape-
nas duas páginas. Ao dar o presente, o sábio explicou:
- No momento mais difícil de sua vida, leia a primeira página e feche o livro. No momento
mais feliz, leia a segunda. O presente terá atingido, então, seu objetivo.
Tempos depois, o azar abateu-se sobre o império. Uma peste matou parte da população,
uma praga destruiu a lavoura, bárbaros invadiram as terras saqueando o que sobrara. Desespe-
rado, o Imperador abriu o livro. Na primeira página estava escrito: “Isso vai passar”.
O Imperador, com seus súditos, colocou-se a trabalhar para reconstruir seu país. Mais tarde,
sua filha casou-se com o filho de um Imperador vizinho e as duas nações se uniram, formando
um grande e próspero reino. Feliz, o Imperador abriu o livro na segunda página, onde se lia:
“isso também vai passar”.
Para finalizar este capítulo, é preciso lembrar que:
“Superação é ter a humildade de aprender com o passado, não se conformar com o presente
e desafiar o futuro” – Hugo Bethlem.
“Se você quer um ano de prosperidade, cultive grãos. Se você deseja 10 anos de prosperidade,
plante árvores. Mas se você quer 100 anos de prosperidade, cultive gente.” – Provérbio Chinês.
54
Parte I As pessoas certas
CAPÍTULO IV
55
A VISÃO DE EMÍLIO ODEBRECHT
PRESIDENTE DO CONSELHO DE ADMINISTRAÇÃO DA ODEBRECHT
de pessoas e empresas parceiras. Sem confiança não há delegação, sem compromisso de servir
não há formação de equipes, não se estabelece a liderança, pois liderar é diferente de coman-
dar, “Um Líder comanda, mas um comandante nem sempre lidera” afirma Emílio Odebrecht.
Emílio Odebrecht entende que os conceitos citados anteriormente da TEO são algumas das
condições fundamentais para que o empreendedorismo se multiplique, sem que a Organiza-
ção Odebrecht perca o espírito de uma pequena empresa: ágil, enxuta, direta, simples, flexí-
vel, desburocratizada, principalmente quanto à comunicação entre seus integrantes. Havendo
sempre a frente dos negócios da Organização um Líder empreendedor, que juntamente com
sua equipe, impregnados do compromisso de servir, buscam conquistar e satisfazer clientes,
formando novos empresários-parceiros, que compartilham objetivos comuns, conscientes e
capacitados a exercerem a tarefa empresarial que assumiram, com visão do todo e do longo
prazo, no rumo da sobrevivência, crescimento e perpetuidade da Organização.
Roberto Setubal é o atual presidente do Banco Itaú. Formado pela Escola Politécnica da Uni-
versidade de São Paulo e mestre em Engenharia pela Universidade Stanford. Ao longo de sua
gestão, transformou o banco da família em dono dos maiores lucros do setor.
Roberto Setúbal entende que o Brasil precisa de mais empreendedorismo, pois isso faz bem
para as empresas, isso faz bem para o país. Para ele, no Brasil, infelizmente, por uma série de
questões culturais, há uma barreira para se falar em lucro, o que é uma contradição, já que o
objetivo de qualquer empresa é o lucro. Nenhuma empresa cresce e sobrevive sem lucro. Deste
modo é importante assumir que gerar lucros é algo positivo.
Setúbal destaca que na empresa de capital fechado o dono faz aquilo que acha melhor. Ele
pode estar preocupado em crescer a longo prazo, sem se preocupar com uma rentabilidade no
curto prazo. Já na empresa de capital aberto isso não é possível, pois o foco do acionista é que
aquele investimento que ele fez precisa dar um retorno adequado, acima do esperado.
Para Roberto Setúbal é necessária para a organização, a consolidação de uma cultura em-
presarial. Isso é fundamental para o estabelecimento dos valores, dos princípios que foram base
para o surgimento da organização, de sua cultura como um todo, e precisam ser muito traba-
lhados entre os membros da organização. Ele cita os valores do Itaú: ter ética nos negócios e no
trato com o cliente, respeito às leis, transparência e forma de se relacionar com o cliente; e des-
taca que a busca da eficiência operacional e do desenvolvimento, são traços culturais do Itaú.
Segundo o presidente do Itaú, as lideranças do banco sempre colocaram a sobrevivência e
o crescimento da empresa acima dos seus interesses pessoais. Para isso é fundamental saber
fazer a governança corporativa, colocar a empresa em primeiro lugar, senão há uma mistura
do pessoal, da amizade com o profissional, o que acaba por prejudicar o bom andamento dos 57
negócios.
tares, que tenham sinergias, pautadas pelo espírito de solidariedade, engajamento, disciplina e
foco. Para ele é de fundamental importância o processo de atualização das pessoas, pois devido
à velocidade que correm as informações atualmente, o conhecimento adquirido se perde em
pouco tempo. Estamos na era do conhecimento, precisa-se fazer da sua busca algo que faça
parte do nosso cotidiano. Sendo importante treinar e desenvolver pessoas que não estão pre-
paradas para o mercado de trabalho. A organização precisa do colaborador que saiba trabalhar
em equipe, que seja socialmente integrado, na sua comunidade e em sua equipe, que seja ver-
dadeiramente um cidadão, participe do processo de Responsabilidade Social (que não deve se
esgotar no Líder. Precisa ser abraçado pelos seus liderados).
A empresa moderna, aquela que não vai desaparecer, deve contar com uma equipe de se-
res humanos diferenciados. Isto traz um resultado fantástico na produtividade, pois as pessoas
entendem o que fazem e sabem que pertencem a uma empresa que deseja construir algo em
benefício da sociedade.
As organizações devem buscar a perpetuidade através de processos eficazes e eficien-
tes, buscando sempre fazer algo a mais pelo cliente. Para Gerdau é fundamental no pro-
cesso empresarial o “benchmark”: que é a capacidade de identificar, estudar e aprender
com os melhores, em todas as etapas do processo da tarefa empresarial, vendo quem tem
o melhor resultado, a melhor prática. Como conseguiu? Como posso fazer o que ele faz?
Como fazer melhor?
Gerdau destaca que a empresa precisa criar uma cultura de mensuração (“quem não mede,
não gere”), acompanhando os indicadores de cada etapa do processo produtivo. É igualmente
importante aprender a analisar os erros, pois isso é fundamental para se avançar. Se as empresas
se acomodarem, estão fadadas à morte.
Gerdau dá ênfase à necessidade de se ter uma metodologia. Segundo ele, só há sucesso
se houver um método, um jeito certo de fazer as coisas. Ao gerenciar os processos, analisar
as etapas que os compõe, podemos identificar os ajustes necessários para obter melhores
resultados. Se não tiver uma metodologia, a organização tem perdas e custos, não tem com-
petitividade. Para Jorge Gerdau, a liderança e o conhecimento só se completam se existir
metodologia.
Segundo Gerdau, o empresário deve ter uma atitude inovadora, gerar algo novo, de manei-
ra permanente e sistemática. Aliada a uma disciplina na busca por resultados.
Gerdau elogia o hábito alemão do check, que não é disseminado na cultura brasileira. Para
ele, o check é essencial à sobrevivência empresarial. As organizações precisam trabalhar em
cima dessa deficiência cada vez mais, se necessário duas ou três vezes mais forte, buscando
a implantação da cultura do check, porque só quem faz o check, só quem mede os erros e as
falhas, é que vai para frente e faz o aprendizado. Cada integrante da organização precisa incor-
porar esse conceito, tornando-o um hábito, porque isso é decisivo para a sobrevivência, cresci-
mento e perpetuidade do negócio.
Ao ser questionado sobre a temática da Responsabilidade Social, o empresário afirmou que 59
as ONG, o Terceiro Setor em geral, precisam de uma gestão profissional e de visão empresarial.
Como falamos no Capítulo II, todas as empresas duradoras, possuem Líderes de Nível 5. Pes-
soas humildes, que atribuem às circunstâncias e aos outros a razão do seu sucesso, sabendo
reconhecer a contribuição efetiva de cada integrante de sua equipe. São ambiciosos, possuem
grandes sonhos. Amam o que fazem, a ponto de contagiar a todos. Elas querem deixar um le-
gado, uma obra que transcenda suas existências. Não têm medo do brilho de outras pessoas,
estão engajadas em desenvolver substitutos, de preferência que sejam melhores do que elas.
Segundo Collins essa é uma diferença marcante nos Líderes que construíram empresas duradoras.
Eles não decidiram primeiro para onde iam. Não. Primeiro escolheram as pessoas certas,
colocaram-nas nos lugares certos e as pessoas erradas deixaram de fora. Só então, decidiram
para onde seguir.
“Primeiro quem” é uma ideia fácil de captar, mas muito difícil de executar. A maioria das
empresas não a executa muito. Dentro desta visão, Jim Collins destaca que “as pessoas não são
o maior ativo das Organizações. As pessoas certas são o ativo mais importante”.
A maior e principal responsabilidade de um Líder Excelente, portanto, é saber escolher as
60 pessoas certas e colocá-las nos lugares certos.
Como identificar as pessoas certas? Elas devem se encaixar aos valores da empresa. Isso é
Parte I As pessoas certas
o mais importante. Tendo essa identidade, ponha-as em serviço e sob pressão. Só assim será
possível avaliar o desempenho.
As pessoas certas são 100% disciplinadas. Entregam o que prometem. Vêem o trabalho
como uma responsabilidade. São apaixonadas pelo que fazem. Não precisam ser acompanha-
das de perto, muito menos motivadas. Elas são, naturalmente, automotivadas e autodireciona-
das. Cabe ao Líder orientar, inspirar e criar as condições para que permaneçam engajadas.
Winston Churchill dizia que: “não existe erro mais grave na liderança do que alimentar falsas
esperanças que logo se desvanecerão”.
É preciso criar um clima organizacional, onde não haja medo, onde a verdade prevaleça,
as más notícias sejam dadas, onde a realidade se apresente sem maquiagem, para que todos
possam enfrentá-la.
Como fazer isso? Collins sugere que devemos liderar com perguntas; estimular o diálogo;
realizar diagnósticos, sem querer culpar as pessoas; e criar sinais de alerta, de modo que a in-
formação não seja ignorada.
Uma ressalva! Encarar a difícil realidade, não implica em perder a fé. As pessoas que dese-
jam vencer, mesmo diante das maiores adversidades, encontram razões para acreditar na vitó-
ria. Não se entregam. Não desistem. O que diferencia as pessoas, não é a presença ou ausência
de dificuldades, e sim a forma como elas lidam com o inevitável.
O Processo de Transformação
Uma grande empresa precisa ter pessoas disciplinadas, que tenham um pensamento disciplina-
do, e, conseqüentemente, uma ação disciplinada.
A manutenção deste fluxo, de modo contínuo, produzirá, em algum instante, uma ruptura,
que alavancará os resultados da Organização. Que instante desencadeia essa transformação?
Não existe um momento específico. A ruptura decorre da combinação dos movimentos. Essa
energia acumulada produzirá, em determinado momento, a explosão dos resultados.
Um fato, no entanto é inquestionável. As pesquisas de Jim Collins mostram que as empresas
feitas para durar, sem exceção, tinham Líderes de Nível 5. E não apenas um, mas vários deles.
Sem isso, é impossível alcançar a perpetuidade.
A Armadilha do Crescimento
Jim Collins identificou que o crescimento acelerado pode ser perigoso. Se permitirmos que o
crescimento supere nossa capacidade de dispor de pessoas preparadas para conduzir o cresci- 61
mento, vamos fracassar. Muitas empresas acabam morrendo por excesso de oportunidades.
62
CAPÍTULO V
TOMANDO DECISÕES
“Tomar decisões é o principal atributo de um Líder. O modo como ele faz influencia as pes-
soas e o ambiente em que elas trabalham”, declarou Ralph Keeney, da Duke University, EUA.
Não podemos, portanto, falar em liderança sem falar sobre Decisão. O Líder é aquele que
Decide. Para compreender melhor o processo de tomada de decisões, buscamos conhecer o
que fazem alguns dos grandes Líderes da atualidade. A seguir, destacamos algumas opiniões
sobre o tema.
63
“Em qualquer decisão de negócios, procuro seguir com disciplina três passos. O pri-
meiro é o diagnóstico. O segundo, o planejamento. Em terceiro lugar, vem a ação.
É preciso se ater aos três passos mesmo em situações extremas – mesmo quando as
decisões têm implicações emocionais. Isso exige disciplina”.
“Embora uma decisão estratégica seja complexa, sua implementação tende a ser re-
lativamente simples. Por outro lado, uma decisão de nível operacional pode ser mais
fácil de ser tomada – e muito mais difícil de ser colocada em prática. Decisões opera-
cionais envolvem mudança de comportamento das pessoas. Ao lidar com pessoas, é
preciso fazer com que elas entendam as razões das decisões e acreditem nelas”.
“No tempo em que era vice-presidente, eu dava minha opinião e pronto. Agora é
diferente. Claro que ouço todo mundo aqui, mas chega um momento em que preciso
decidir sozinho. E isso não é nada fácil”.
“Ao longo dos anos, tirei algumas lições permanentes. A maior delas é ter sangue-
-frio e tranqüilidade mesmo sob pressão. Sempre tem uma saída para qualquer obs-
64 táculo. Nunca se joga a toalha, mesmo quando o cenário está mais para o lado nega-
tivo. É preciso ter obstinação para buscar a solução. Outra lição é que só se sobrevive
Parte I As pessoas certas
a situações de dificuldade com uma equipe coesa, formada por quem possa trazer
uma contribuição positiva na hora da decisão. É preciso reconhecer pessoas com es-
sas características e levá-las a desempenhar papéis cada vez mais importantes dentro
da organização”.
“Meu método é calculado na análise dos fatos, não em ideias e suposições. Para que
esse método funcione é preciso se dedicar com afinco à coleta de informações e a
seleção criteriosa dos dados (isso exige muita disciplina).”
“Não decido nada que possa ser resolvido por uma pessoa mais próxima ao assunto”.
“Uma decisão não vale nada se não for implementada. Ela é 90% trabalho”.
“O que se faz nas primeiras horas depois de um acidente marca para sempre a traje-
tória de uma organização”.
“Para lidar com um risco, a melhor maneira é estar preparado”. É preciso ter estudos
de possibilidades, de análises de cenários, definindo as ações cabíveis diante de cada
situação. A preparação prévia facilita a administração de crises.
“A decisão mais importante na hora da crise da queda do vôo 1907 da Gol (na oca-
sião, Barioni era o Vice Presidente Técnico da empresa), foi seguir exatamente o que
estava determinado no nosso planejamento. Qualquer improvisação poderia ter pre-
judicado o trabalho. Depois que fui para a selva, percebi que a equipe que estava lá
precisava ser substituída. É o tipo da decisão que eu só pude tomar porque fui até lá”.
Segundo uma pesquisa de consultoria inglesa Oxford Metrics, o fator predominante 65
para a recuperação da imagem de uma empresa envolvida com acidentes fatais é a
66
CAPÍTULO VI
O SENTIDO DA EFICÁCIA
Na Cultura Odebrecht a Eficácia (fazer o que é o certo) precede e Eficiência (fazer bem
feito). De nada adianta ser Eficiente, sem ser Eficaz.
Para uma melhor compreensão do tema, utilizamos como referência o livro O Gerente Efi-
caz em Ação (Peter Drucker e Joseph A.Maciariello), e as Regras Práticas para a Eficácia (Tec-
nologia Empresarial Odebrecht). Peter Drucker é o grande inspirador de Norberto Odebrecht
ao sistematizar a TEO.
67
Líderes bem-sucedidos não começam perguntando: “O que eu quero fazer?” Eles perguntam: “O
que precisa ser feito?”, e não temem os pontos fortes de outras pessoas. Andrew Carnegie pediu que
fosse gravado na lápide de seu túmulo: “Aqui jaz um homem que sabia como colocar a seu serviço
homens mais capazes do que ele próprio.”
Elimine ou reduza as atividades que você não deveria estar fazendo, que não contribuem para a
eficácia, também não permita que o curso dos eventos determine suas ações. A eficácia é uma disci-
plina. E, como toda disciplina, pode e deve ser aprendida. Para isso é importante não assumir tarefas
nas quais você não acredite, nem as quais você próprio não se sinta apto a realizar. Aprenda a dizer não.
Administre seu Tempo
O tempo é um fator limitante, escasso e irrecuperável. Sendo assim a gestão do tempo é fun-
damental. Para aumentar sua Eficácia, comece definindo suas prioridades e identificando onde
seu tempo é empregado. Se você não aprender a administrar o seu tempo, não poderá geren-
ciar coisa alguma. A administração do tempo é a base da Eficácia.
Ao definir as prioridades para a utilização do seu tempo, você deve concentrar sua aplicação
nas tarefas de maior prioridade. Tome providências para eliminar as tarefas que desperdiçam o
seu tempo e o de outras pessoas.
É importante desenvolver o hábito de delegar tudo o que não for preciso fazer pessoalmen-
te. Concentre-se nos seus pontos fortes e encontre pessoas com potencial para desempenhar as
outras tarefas necessárias. Mas lembre-se: é sempre importante acompanhar o progresso das
atividades delegadas, evitando surpresas com o não cumprimento do que foi pactuado.
Na administração do tempo, lembre que “as listas de coisas para deixar de fazer são mais
importantes do que as listas de coisas para fazer” - Jim Collins.
Na gestão do tempo é preciso dar atenção especial às reuniões, pois elas podem representar
importante desperdício de tempo, quando não planejadas e bem conduzidas. Fazemos reuni-
ões porque pessoas ocupando diferentes cargos precisam cooperar para conseguir realizar uma
tarefa específica, e também porque o conhecimento e a experiência necessários para uma situ-
68 ação específica, não estão disponíveis na cabeça de uma única pessoa, mas devem ser agrupa-
dos, a partir da experiência e do conhecimento de várias pessoas.
Parte I As pessoas certas
Suprima as reuniões sem um objetivo claro. O segredo de uma reunião eficaz é decidir pre-
viamente sobre o tipo de reunião a ser realizado. A pessoa eficaz sempre apresenta no início
de uma reunião, o objetivo específico e a contribuição esperada e se certifica de que a reunião
se atenha a esse objetivo. Conclua a reunião assim que perceber que seu objetivo específico já
foi atingido, não levante questões adicionais para discussão. Faça um resumo da reunião e das
medidas a serem tomadas, em seguida, encerre a reunião.
Na Cultura Odebrecht, as Agendas e Súmulas são instrumentos extraordinários, que permi-
tem o controle Eficaz deste processo. Mas, ainda assim, é preciso estar atento com o desenrolar
da reunião. É importante ter um responsável pela condução da mesma, zelando pelo uso pro-
dutivo do tempo de todos os participantes.
Faça um acompanhamento para verificar se as medidas acordadas na reunião foram toma-
das. As falhas nas informações nos levam a perder tempo desnecessariamente. Tenha proce-
dimentos para verificar se os dados recebidos representam informações oportunas e precisas,
que permitem a você reagir adequadamente. Pessoas eficazes definem, para si mesmas, prazos
para concluir atividades importantes.
Enfoque na Contribuição
Priorize as tarefas que tragam a maior contribuição para a sua empresa e delegue as demais.
Para fazer as coisas certas acontecerem é preciso aprender a concentrar seu tempo e esforços
nas tarefas que produzirão maiores resultados, estabelecendo prioridades e concentrando o
foco nisso. É uma habilidade que exige percepção e coragem.
O nível de exigências que você impõe sobre si mesmo deve ser alto. Se você for pouco exi-
gente consigo mesmo, acabará atrofiando. Se for bastante exigente, crescerá cada vez mais.
Faça o mesmo com seus liderados.
O enfoque na contribuição é a chave da eficácia, já que transfere a atenção do Líder de sua
própria especialização, de suas habilidades limitadas, de seu próprio departamento, para o de-
sempenho da empresa como um todo. Sua atenção é voltada para o exterior, o único lugar onde
há oportunidades e resultados.
“Expanda os horizontes de sua função incluindo atividades inesperadas e ousadas. Não se li-
mite a melhorar os seus resultados, mas também os da sua unidade e o desempenho da empresa
como um todo.”, disse o Ex-Presidente da General Eletric, Jack Welch.
Cada empresa requer desempenho em três áreas principais: precisa de resultados diretos,
construção de valores, e formação e desenvolvimento de pessoas para o futuro. Se for privada
de desempenho em qualquer uma dessas áreas, a empresa declinará e morrerá. Quando uma
empresa não é capaz de perpetuar-se, significa que ela falhou, pois precisa prover hoje os ho-
mens e mulheres capazes de conduzi-la amanhã, precisando renovar seu capital humano, de-
vendo constantemente fazer um upgrade de seus integrantes.
Uma empresa que apenas perpetua o nível atual de visão, excelência e realização, perdeu 69
sua capacidade de inovar e de se adaptar. E como a única certeza nos negócios humanos é a
Pessoas certas nos lugares certos. Este é o segredo das empresas vencedoras. Procure colocar
uma pessoa em um cargo onde seus pontos fortes possam ser totalmente aproveitados, e onde
seus pontos fracos não sejam prejudiciais ao desempenho do cargo e à empresa como um todo.
Há uma exceção à regra de construir com base em pontos fortes e encobrir pontos fracos.
Caráter e integridade, por si sós, não produzem quaisquer resultados, mas sua ausência afeta
todo o resto. Esta, portanto, é uma área na qual os pontos fracos representam muito mais uma
desqualificação do que uma limitação nos pontos fortes e na capacidade de desempenho.
Elabore um plano de aprendizado contínuo através do qual você possa desenvolver mais
seus pontos fortes. Da mesma forma, faça o possível para tornar os pontos fortes do seu Líder
produtivos e protegendo-o dos efeitos das suas fraquezas. O Líder eficaz torna os pontos fortes
produtivos, pois nada se constrói sobre a fraqueza. Nesses pontos fortes estão as verdadeiras
oportunidades. Lembre-se: onde há picos, há vales. Pessoas fortes sempre trazem também
grandes fraquezas... E ninguém é forte em diversas áreas. Identifique aquilo que uma pessoa
pode fazer excepcionalmente bem. E descubra se isso corresponde ao ponto forte exigido pela
atribuição.
Qual o tempo para avaliar uma pessoa? “Geralmente em um ano... fica bastante claro se
alguém está conseguindo os resultados que você esperava... Não se condene se às vezes errar
na contratação. Mas lembre-se, compete a você consertar o erro.” - Jack Welch.
Assuma a responsabilidade pelo erro se foi você o responsável pelo compromisso que re-
sultou em fracasso. Primeiro quem, depois o quê. “Quando você sabe que precisa fazer uma
mudança que envolve gente, aja.” - Jim Collins.
“Coloque suas melhores pessoas em suas maiores oportunidades”. - Jim Collins.
Vivemos em uma era de oportunidades sem precedentes. Se você tiver ambição e conhe-
cimento poderá chegar ao topo na sua profissão. Mas a oportunidade vem acompanhada da
responsabilidade, cabe a você conquistar seu espaço, saber quando mudar o rumo e se manter
engajado e produtivo.
Acima de tudo cultive uma profunda compreensão de si próprio – não apenas em relação
aos seus pontos fortes e fracos, mas também como você aprende, como trabalha com as outras
pessoas, quais são os seus valores e onde você pode dar maiores contribuições.
“Considere bom sinal se o trabalho mexe com você – você ama o trabalho, ele é diver-
tido e importante para você, e até parece que toca em algum ponto sensível da sua alma.
Fique preocupado se você tem a impressão de que precisa pôr uma máscara no trabalho”.
- Jack Welch.
Primeiro o mais Importante
O segredo da eficácia reside na concentração dos esforços. Você deve tomar decisões que de-
terminem o que é mais importante, o que deve ser considerado em primeiro lugar. Sustentar as
próprias decisões é algo que exige coragem, pois aquilo que você adia costuma ser a principal
prioridade de outra pessoa. Se você permitir que as pressões tomem essas decisões por você, é
provável que assuma tarefas que o afastem das oportunidades mais importantes e do trabalho
que precisa ser feito primeiro.
Líderes eficazes fazem primeiro o mais importante, e uma coisa de cada vez. Há sempre
um número maior de contribuições importantes a serem feitas do que tempo disponível para
realizá-las. Concentre os esforços disponíveis nas oportunidades mais importantes. É o único
caminho para se obter resultados. Este é o “segredo” das pessoas que “fazem tantas coisas ao
mesmo tempo” e, aparentemente, tantas coisas difíceis, fazem uma de cada vez.
Líderes eficazes sabem que precisam fazer com que várias coisas aconteçam. Assim sendo,
eles se concentram na realização de uma coisa de cada vez e em fazer primeiro o mais impor-
tante. A concentração, ou seja, a coragem de impor ao tempo e aos eventos sua própria decisão
em relação ao que realmente importa e tem prioridade é a única esperança dele de se tornar
senhor do tempo. A primeira regra para a concentração de esforços é se libertar do passado que
deixou de ser produtivo.
Há sempre mais tarefas produtivas para amanhã do que tempo para executá-las, e mais opor- 71
tunidades do que pessoas para se encarregarem delas. Desse modo, decida quais tarefas devem
Líderes minimizam o risco na tomada de decisões seguindo os seis elementos abaixo para
tomar decisões eficazes:
por aclamação. Só serão boas se baseadas no choque de ideias, no diálogo entre pontos de vista
diferentes, na escolha entre julgamentos diversos.
“As equipes executivas das empresas ‘feitas para vencer’ são formadas por pessoas que
costumam debater acaloradamente em busca das melhores respostas, mas que, no entanto, se
unem em torno das decisões, independentemente de interesses paroquiais.” - Jim Collins.
“Esta prática é tão importante que vou considerá-la como uma regra: Escute primeiro, fale
por último. Líderes eficazes são muito diferentes em termos de personalidade, pontos fortes,
pontos fracos, valores e crenças. Tudo que têm em comum é fazer as coisas certas acontecerem.
Alguns já nascem eficazes... A eficácia é uma disciplina. E, como qualquer disciplina, a eficácia
pode ser aprendida e deve ser aprendida.” - Peter F. Drucker.
CAPÍTULO VII
ADMINISTRAÇÃO DE TALENTOS
Com o crescimento econômico vivido pelo Brasil, as empresas estão investindo em novos pro-
jetos e na ampliação dos seus negócios. Com a Globalização, diversas organizações, nacionais
e internacionais, buscam ampliar suas posições, dando escala às suas atividades. Todo esse de-
senvolvimento tem gerado uma demanda crescente por pessoas diferenciadas. A procura pelo
Talento tem sido acirrada. Todos querem o profissional que está acima da média.
Para ser considerado um Talento, é necessário que o jovem desenvolva algumas características
essenciais: Capacidade de Liderar e Desenvolver Pessoas; Adaptabilidade e Mobilidade; Flexibili-
dade; Criatividade para inovar; Saber definir prioridades; Ter foco na busca dos resultados; Visão
de futuro; Administrar conflitos e tensões; Humildade e Espírito de Servir; Espírito de Abertura;
Comunicabilidade; Visão do todo; Confiança; e Compromisso com o autodesenvolvimento.
Ainda que não tenham de imediato todas essas características, os Talentos apresentam po-
tencial para desenvolvê-las.
saber se o profissional está satisfeito com o que já construiu. Essa satisfação com
o que se faz é fundamental para que ele tenha um desempenho acima do normal.
Além disso, ética, comprometimento, habilidade de relacionamento e visão de lon-
go prazo são competências que definem um executivo de talento.”
“Um talento sabe, ele mesmo, atrair e desenvolver novos talentos, entrega resul-
tados extraordinários, não apenas melhorias contínuas. Tem pensamento inova-
dor e contributivo, para além da sua área, e é um provocador de mudanças. Tam-
bém gosto de quem corre riscos e pensa rápido. Essa combinação é importante,
pois, se você erra, precisa corrigir imediatamente.”
Entregar resultados é a parte objetiva da avaliação que faço de um profissional, mas há ou-
tra parte, mais subjetiva, que é reconhecer aquele brilho nos olhos. O cara que sabe como
resolver o problema, que tem iniciativa de botar em prática uma coisa que na teoria todo
mundo sabe, tem muito valor para mim.”
“Talento para mim é um profissional brilhante e flexível, com capacidade intelectual, for-
mação acadêmica e experiência profissional sólidas. Ele tem uma cabeça arejada, sabe se
relacionar, gosta de interagir e trabalha de maneira colaborativa. Não se preocupa com
o cargo ou com a sala que vai ocupar. Gosto também de quem acredita que pode fazer a
diferença na empresa e no mundo.”
Precisamos continuamente aprender coisa novas e, sobretudo, aprender, com a vida, com as pes-
soas e seus exemplos. Devemos acreditar na educação como um processo permanente. Quando
alguém se dispõe a refletir sobre o próprio destino e dá forma a um Plano de Vida Profissional,
está olhando para o curto, o médio e o longo prazos. O pré-requisito fundamental para a formu-
lação de um Plano de Vida Profissional é, portanto, o autoconhecimento. Quem não se conhece
terá alguma dificuldade para confiar em si próprio. Cada um de nós tem uma capacidade especí-
fica que nos confere valor próprio, único, singular. Ao nos auto-avaliarmos e desenharmos nosso
próprio perfil, damos o primeiro passo para nunca viver a triste experiência de ser a pessoa certa
no lugar errado, o que, inevitavelmente, nos torna improdutivos e infelizes.
A condução de um Plano de Vida Profissional exige o que chamo de atitudes básicas. As
principais são: motivação para aceitar desafios, responsabilidade, iniciativa, perseverança e
autoconfiança. A Motivação permite que se visualize o futuro, identifique as oportunidades
e enfrente os desafios. Ela expressa a vontade de fazer, a decisão de sair de uma situação pre-
sente para uma situação futura desejada, o desejo de mudar um cenário que não mais satisfaz.
Responsabilidade é o atributo de quem está preparado para honrar compromissos morais e
materiais. A Iniciativa é prerrogativa daqueles que têm motivação e capacidade de transformar
ideias em realizações concretas. A Perseverança é a atitude de quem alcançou a maturidade. As
pessoas imaturas não chegam ao fim e não fazem acontecer.
A nova economia não precisa mais de assalariados, mas de empresários que saibam como tor-
nar produtiva sua capacidade de fazer acontecer, decidindo e agindo continuamente e exercendo
sua liberdade com responsabilidade. Ao salário, hoje, sucede a participação nos resultados. As
empresas estão à procura de gente que pense estrategicamente, saiba trabalhar em equipe, seja
78 capaz de visualizar o futuro, ouça, leia, escreva, comunique-se, eduque, pense sistematicamente,
crie e inove. As organizações que atuam em ambientes negociais cada vez mais complexos espe-
Parte I As pessoas certas
ram que o jovem seja preparado para ser protagonista de atos e fatos que façam diferença, que se
mostre impulsionado pelas próprias forças e pela força das circunstâncias, dotado de uma visão
otimista do futuro, capaz de decidir com eficácia e agir com eficiência.
Para autodesenvolver-se, o jovem precisa aprender a aprender, o que significa interpretar
corretamente a realidade e suas circunstâncias a partir das referências de que dispõe, formular
um novo conceito e colocá-lo em prática. O potencial de crescimento de uma pessoa depende
diretamente da sua capacidade de formular conceitos. Esses conceitos governam as percepções
que permitem identificar as tendências e oportunidades dos ambientes em que se vive, atuar e
dar unidade aos comportamentos dos membros de equipes, transformando este alinhamento
de pensamento e ação em resultados para todos. Um plano de vida profissional não pode ser
uma fantasia. É preciso haver clareza sobre onde se quer chegar.
Marcus Buckingham é mestre pela Cambridge University. Considerado uma autoridade mun-
dial em produtividade, gerenciamento e liderança. Com mais de 2,3 milhões de cópias vendidas
dos seus conhecidos best-sellers, passou seus 17 anos de carreira como um pesquisador pionei-
ro na Gallup Organization, ajudando a construir uma prática com mais de mil clientes, incluindo
Best Buy, Disney, Toyota e Wells Fargo.
De acordo com Marcus Buchingham, as escolas, no modelo atual, apenas transferem conhe-
cimentos, enquanto sua essência deveria ser ajudar as pessoas a identificar seus talentos. Os
grandes professores, assim como os grandes empresários, olham as pessoas e tentam descobrir
qual sua força, sua aspiração, o que lhes motiva.
Deve-se buscar um casamento entre a singularidade de cada um e a sua contribuição no mun-
do, deixando, assim, de evidenciar as diferenças como algo negativo, e passando a valorizá-las.
Para Buchingham é fundamental que se foque nos bons exemplos, no que faz sucesso e buscar
melhorar a partir dessas histórias, dessas lições. É preciso focar no que fortalecerá cada um e o todo.
O CASO PROMOM
Vale a pena citar, a título de exemplo, o caso da Promon Engenharia e a postura do Líder da
empresa, Luiz Ernesto Gemignani, para desenvolver e preservar os talentos da empresa.
Ele prioriza 65% do seu tempo em conversas ou em processos que envolvem pessoas. Ge-
mignani acredita que, se tiver na equipe funcionários satisfeitos, motivados e qualificados, os
negócios terão muito mais chances de dar certo. Por isso, ele passa 35% de seu tempo na Pro- 79
mon cuidando diretamente dos funcionários e outros 30% atuando em processos que indireta-
A GESTÃO DA AMBEV
A AmBev vem investindo cada vez mais no desenvolvimento de novas lideranças, para fazer
frente aos desafios internacionais.
A empresa custeia atualmente 1.300 bolsas de graduação, 80 de pós-graduação e 200 cursos téc-
nicos profissionalizantes. A Universidade Corporativa AmBev investiu, em 2007, R$ 13,4 milhões e
treinou 18 mil participantes. Foram 51 Programas, 225 cursos e mais de 75 mil horas de treinamento.
A AmBev é reconhecida por sua imensa capacidade de formar novas lideranças. Num mundo
globalizado, em rápida expansão, é preciso ter pessoas aptas a assumir os crescentes desafios.
Parte I As pessoas certas
80
2
Um mundo em transformação
81
82
CAPÍTULO VIII
A GLOBALIZAÇÃO
Um Novo Mundo, absolutamente distinto de outras épocas, vem tomando forma, com uma
dinâmica acelerada de transformações.
Para entendermos o significado da Globalização, é importante contextualizarmos que a hu-
manidade já havia experimentado dois importantes ciclos de natureza semelhante. Um com a
expansão da República/Império Romano (509 a.C a 27 a.C)/(27 a.C. a 476 d.C), e o outro no
período das Grandes Navegações (Séculos XV e XVI).
83
No entanto, o atual momento possui aspectos singulares em razão da Revolução Tecnológi-
ca e da Revolução da Comunicação. A primeira permitiu a conectividade e a acessibilidade entre
Para que este novo mundo fosse possível, foi fundamental o fim da Guerra Fria. Não podería-
mos pensar em Globalização, caso a Guerra Fria tivesse continuado. Nesse sentido, é importan-
te compreender o cenário mundial do pós-guerra, onde os Estados Unidos e a União Soviética
despontaram como potências mundiais, representando filosofias, objetivos e planos de recons-
trução do continente, que eram por si mesmos, incompatíveis.
Essa contradição e antagonismo estiveram presentes nas relações mundiais, dividindo o pla-
neta em pró-americanos e pró-soviéticos, e estimulou a corrida armamentista, com ênfase no
desenvolvimento de armas nucleares com poder de destruição cada vez maiores. As tensões se
aprofundaram com a construção do Muro de Berlim (1961) e com a Crise dos Mísseis de Cuba
(1962). O potencial atômico dos dois países era capaz de destruir a Terra milhares de vezes.
O agravamento das tensões geopolíticas favoreceu o fechamento de muitos países, que
aboliram a democracia e implantaram Estados Autoritários e Totalitários. Os anos 60, 70 e 80
ficaram marcados como tempos críticos, onde a sobrevivência da humanidade esteve em ques-
tão; problemas globais afetavam a biosfera e a vida de maneira alarmante, provocando riscos
de irreversibilidade.
No final dos anos 80, as políticas de Estado implantadas por Ronald Reagan (EUA) e Mikhail
Gorbachev (URSS), foram definitivas para o fim da Guerra Fria. Numa velocidade alucinante, o
mundo testemunhou uma série inesquecível de eventos históricos. Movimentos libertários se
multiplicaram pelo mundo: a URSS se desfez, e diversas Repúblicas tornaram-se países inde-
pendentes; Hungria, Polônia, República Tcheca, por toda Europa, as ditaduras desmoronaram,
permitindo o predomínio da liberdade; a queda do Muro de Berlim e a unificação da Alemanha
foi talvez o fato histórico mais emblemático; o fim das ditaduras no Brasil, Chile e Argentina; o
término do Apartheid, a libertação de Nelson Mandela, e sua eleição para presidente na África
do Sul. Tudo isso redesenhou o mundo e as relações entre os países e os povos, criando um
ambiente propício para a aplicabilidade dos avanços da tecnologia e da comunicação.
Com a formação de blocos econômicos e a abertura das fronteiras, os mercados se integra-
ram cada vez mais, e um novo mundo foi se delineando, com empresas, pessoas e informações
circulando livremente, criando novas interações políticas, econômicas, sociais e culturais.
A Era do Conhecimento
Uma sociedade pós-capitalista está se consolidando (em que pese toda crise financeira que es-
tamos passando). As instituições capitalistas sobreviveram, mas o recurso econômico básico
não é mais o capital, nem os recursos naturais. O principal ativo, hoje, e mais ainda no futuro,
são as pessoas diferenciadas e sua capacidade de usar o conhecimento.
As atividades centrais de criação de riqueza não serão nem a alocação de capital para uso
produtivo, nem a mão de obra – os dois pólos da teoria econômica dos séculos XIX e XX. Hoje
o valor é criado pela produtividade e pela inovação, que são aplicações do conhecimento ao
trabalho.
Na era do conhecimento será cada vez mais necessário intelecto e cada vez menos estrutura.
É uma época cujo único capital das organizações é a imaginação humana.
Parte II Um mundo em transformação
86
CAPÍTULO IX
O MUNDO EM REDE
AS REDES SOCIAIS
O conceito de rede não é novo, e pode ser contextualizado no conjunto de interações entre
pessoas e organizações, visando partilhar conhecimentos e relacionamentos, com vistas a al-
cançar um determinado resultado.
O advento da Internet, no entanto, trouxe uma nova visão de rede. O conceito continua sen-
87
do o mesmo, mas a velocidade e a amplitude das conexões e a interatividade se apresentam em
uma escala nunca antes imaginada. Em pleno Século XXI, não faz mais sentido discutir Redes
acessado por milhões de pessoas. Isso pode ser bom ou ruim, depende do que é colocado. É
preciso muito bom senso e cuidado com as informações e a exposição da imagem.
As estatísticas mundiais nos revelam a importância das redes sociais. Segundo o estudo Bu-
sinnes Media Benchmarking, de 2009, 62% das pessoas lêem avaliações de produtos/serviços
de empresas; 62% acessam perfis de empresas em sites de mídia social; 55% acessam blogs de
empresas; 51% participam de comunidades ou fóruns online de empresas; 49% tiram dúvidas
em sites de perguntas e respostas; e 29% utilizam o Twitter para encontrar ou solicitar informa-
ções sobre empresas.
Podemos, portanto, concluir que não há mais como ficar de fora deste mudo das redes so-
ciais. Essa opção só existe para os que quiserem desaparecer. Neste contexto, as empresas,
ONG, governos e pessoas precisam monitorar as coisas que estão sendo ditas ao seu respeito.
Nem sempre será possível influenciar a opinião dos internautas, mas uma ação criteriosa pode
evitar problemas desnecessários. Participar deste universo é fundamental.
Neste novo mundo, o que vemos, ainda é a ponta do iceberg. Muito está ainda por ser com-
preendido e explorado. Essas transformações de comportamento, de tecnologia e escala, estão
promovendo, por si só, um mundo mais dinâmico, integrado e transparente. Até bem pouco
tempo, poucos se preocupavam com o fato de um segredo, algo confidencial passasse a ser de
conhecimento público. Hoje, em tempo real, todo conteúdo pode ser distribuído e multiplicado
na Web 2.0, sem censura e barreiras. A blogosfera em 2002 tinha 15 mil blogs. Em 2008, já exis-
tiam 70 milhões, sobre temas, empresas, setores, variados grupos de interesses. Essas mídias
criadas pelos usuários têm o poder de exaltar ou destruir reputações.
O complexo de avestruz (que enfia a cabeça no buraco e deixa todo corpanzil exposto), defi-
nitivamente, não é uma boa ideia. Ficar de fora das redes sociais é a pior escolha. Impedir seus
integrantes de acessá-las no trabalho, idem. Essa é uma estratégia que levará, ainda que incons-
cientemente, a empresa ao desaparecimento. Neste admirável mundo novo, você não pode
ficar de fora, distante dos grandes acontecimentos, ainda mais quando, de algum modo, você já
faz parte deste universo, mesmo sem saber.
Até os ambientes vistos como mais fechados e reacionários, no passado, já despertaram para
essa revolução que está em curso. O departamento de defesa americano decidiu liberar o uso
de redes sociais. Segundo David Wennergren, que cuida de TICs por lá: “O mundo da internet
e Web 2.0 nos oferece amplas oportunidades de colaboração, promovendo não só o comparti-
lhamento da informação entre limites organizacionais e com parceiros na missão, mas também
permite que os soldados no campo mantenham contato com seus entes queridos em casa”. Atu-
almente, já dá para encontrar o chefe do estado maior das forças armadas americana no Twitter,
onde tem mais de 17 mil seguidores. Ele também está no Flickr, Facebook e YouTube. Para o uso
das redes sociais, foi definida uma política de utilização, deixando claro o que pode ser feito e 89
o que não deve.
Melhores Práticas
A Toyota se fez presente no Facebook, YouTube e Twitter para interagir com seus clientes.
A Visa lançou o aplicativo The Visa Business Network no Facebook, visando interconectar os
donos de mais de meio milhão de pequenos empreendimentos e apoiá-los na promoção de
seus negócios em rede. A IBM desenvolveu sua própria rede social com o Oracle Beehive e
integrou as funções mais conhecidas do Twitter e Facebook aos seus sistemas corporativos. Já
a SAP integrou seus softwares - Business Intelligence e Customer Relationship Management
– ao LinkedIn, Facebook e Twitter. Por meio da SAP Community Network, a empresa gerencia
três comunidades, com mais de 1,7 milhão de usuários, em 200 países. A Pfizer possui 63 mil dos
98 mil funcionários ativos em sua página no Facebook. Em segundos seus cientistas localizam
colegas em qualquer parte do mundo.
Starbucks, Dell, Google, Microsoft, Nike, Amazon e Intel se tornaram referências mundiais
na utilização inteligente das redes sociais. Estas Organizações nos ensinam que estar nas redes
não é apenas criar um site ou um perfil. É necessário conhecimento e comprometimento. É pre-
ciso planejar o uso, deixar claro quais são os objetivos a alcançar, definir uma estratégia, manter
o conteúdo atualizado e interagir com os integrantes das redes de relacionamento.
As empresas, pessoas e, sobretudo, as ONG, precisam aprender a lidar com este mundo.
Este é o desafio que se apresenta para todos que almejam promover redes de interação, de-
mocratizando o conhecimento e as experiências, influenciando na capacitação das pessoas e
dinamizando as relações profissionais, dando escala aos resultados. As redes sociais devem ser
utilizadas para conectar pessoas e organizações, favorecendo estratégias comuns, contribuindo
para alcançar, mais rapidamente, maiores e melhores resultados.
90
Parte II Um mundo em transformação
CAPÍTULO X
O VALOR DA SUSTENTABILIDADE
É importante ainda destacar que não há mais dúvidas quanto ao retorno da Responsabilida-
de Social para os negócios das empresas. No Brasil, por exemplo, de 2001 a junho de 2010, o
Fundo Ethical teve valorização de 499%, enquanto o Ibovespa teve alta de 403%.
Adotar critérios para análise de riscos socioambientais faz a empresa se valorizar. A susten-
tabilidade tem sido um parâmetro cada dia mais utilizado por investidores na hora de escolher
empresas, principalmente em segmentos conservadores que buscam segurança e constância
no retorno. Socialmente responsável, ético, verde ou sustentável são algumas denominações
atribuídas ao processo de investimento que considera as conseqüências socioambientais, tanto
positivas quanto negativas, em um contexto de rigorosa análise financeira. Para Jean Philippe
Leroy, diretor de relações com o mercado do Bradesco, a sustentabilidade é uma tendência ir-
reversível no mercado financeiro.
Boas causas; pouca interface Iniciativas sociais com Escolhas estratégicas que farão
com a empresa; baixo significativo impacto sobre as diferença para as organizações. O
resultado e impacto sobre o atividades das organizações. Foco deve ser aqui.
94
nosso negócio.
Parte II Um mundo em transformação
Michael Porter recomenda que se reserve algum recurso para atender demandas pontuais.
Nessas questões genéricas invista pouco. Mobilize a força do voluntariado. Simplifique os pro-
cessos. Não gaste tempo e energia, isso pode ser resumido como o estímulo à boa cidadania
corporativa. Aqui, entretanto, não reside o foco de sua RSC.
A prioridade da organização deve estar no que for definido como estratégico. Onde po-
deremos ser originais, relevantes e impactantes, face à nossa cultura, nossos conhecimentos
e valores. A RSC deve nos levar a encontrar um diferencial, um aspecto singular, uma única e
sustentável posição competitiva. Algo que nos torne únicos aos olhos dos clientes, da sociedade
e do mundo.
A Nestlé, em 1962, na região de Moga, na Índia, apoiou a organização de uma cadeia pro-
dutiva de leite, orientando os pequenos produtores, para atender os critérios de qualidade de
empresa. Mais de 75 mil pessoas são beneficiadas. Temos aqui, melhoria das condições de vida
e desenvolvimento regional. Ganha-ganha, RSC com foco no que é estratégico.
A Starbucks, maior rede de café mundial, faz algo semelhante. A partir do seu critério de
qualidade, estimula em países africanos a produção de café, associando a sua marca o valor
social de sua iniciativa.
Empresas contribuem para a prosperidade econômica, criando valor por meio dos seus ne-
gócios. As organizações não são responsáveis por todos os problemas do mundo. A RSC não
deve ocorrer por meio de ações fragmentadas, desconectadas, dispersas, não deve ter uma
postura defensiva. Precisa ser integrada. Ter ações afirmativas, foco e visão estratégica alinhada
a cultura empresarial.
É fundamental ter transparência e acompanhamento, medindo todo valor produzido, verifi-
cando a realização dos objetivos estratégicos.
A EXPERIÊNCIA DA MITSUBISHI
A empresa possuía a maior salina do mundo na laguna San Inácio, no México. Em 1999, queria
ampliá-la com obras de 150 milhões de dólares. Estudos de impactos ambientais realizados pelo
governo e pela Mitsubishi diziam que o projeto não teria impacto ambiental relevante na região.
Seriam empregadas tecnologias modernas para preservar o meio ambiente. Os defensores do
projeto viam a oportunidade de geração de trabalho e renda para as comunidades que vivem
nas proximidades e enfrentam graves problemas sociais. A obra de ampliação foi autorizada
pelo governo. A salina, entretanto, está próxima a um dos principais hábitats da baleia-cinza.
As ONG iniciaram um movimento contra o projeto. Vários cidadãos viram a causa com
enorme simpatia. A pressão popular cresceu e a Mitsubishi se viu diante de uma crise, que exi-
gia uma decisão difícil.
Depois de ter recebido cartas de protesto de mais de 1 milhão de pessoas, a Mitsubishi anun- 95
ciou que não levaria adiante seus planos apesar da avaliação de impacto ambiental ter sido fa-
Em 1991, a Brent Spar, uma bóia de armazenagem de petróleo cru, da Shell, no Mar do Norte,
foi retirada de serviço. A empresa, com aprovação do governo, queria afundá-la. Segundo es-
tudos oficiais essa era a melhor solução. Em 1995, o Greenpeace iniciou uma forte campanha
contra o modo de desativar a Brent Spar, tentando evitar seu descarte em alto-mar. Notícias
alarmantes passaram a ser divulgadas pela mídia internacional, diariamente. A opinião pública
começou a ser influenciada pela imprensa contra a empresa. Na Alemanha, vários postos da
Shell sofreram atentados à bomba e um chegou a ser metralhado. Muitos governos do Hemis-
fério Norte desaprovaram o plano de descarte. “Afundar a bóia custaria 16 milhões de reais,
enquanto levá-la para o continente, a fim de reciclá-la, representava um custo de 64 milhões
de reais.” (Fonte: “Análise sobre o que fazer com as plataformas petrolíferas que estão fora de
operação em alto mar.” da Revista Super Interessante, Edição 104).
A Shell acabou optando pela solução mais cara de desativação da bóia. A Shell havia me-
nosprezado a capacidade do Greenpeace de criar polêmica e a força da opinião pública numa
questão emocional envolvendo o meio ambiente. Em publicação posterior, Lucros e Princípios
– É preciso Escolher? (1998), a Shell comentou: “Aprendemos que devemos mudar o modo de
identificar e tratar os problemas e de interagir com as sociedades a que servimos”.
O CASO DA NIKE
Em 1997, surgiram inúmeras denúncias contra a Nike por explorar os trabalhadores em países
como Vietnã, Coréia, Indonésia, etc. A companhia passou a ser objeto de muitas críticas pelas
condições de trabalho precárias e a exploração de mão-de-obra barata empregada em outros
países sem legislação trabalhista adequada e com incentivos fiscais onde seus produtos são ma-
nufaturados. Existiam denúncias sobre uso de mão de obra infantil também. Nos EUA (28 Es-
tados), e 13 países fizeram um dia de protestos contra a Nike. As vendas reduziram e a Nike teve
sua imagem abalada.
A Nike adotou um programa de educação e inspeção e desde então é uma das empresas que
mais se esforça em acompanhar e opinar sobre os métodos dos fornecedores.
“Para uma empresa acostumada a estar à frente do mercado, a Nike foi pega de surpresa. Há
várias lições nesse caso. As situações não são estáveis. Há não muito tempo, as preocupações
96 dos ecologistas eram tão irrelevantes para os estrategistas de negócios quanto são hoje as pre-
ocupações dos esteticistas. ‘Verde’ deixou de ser termo depreciativo para se tornar um símbolo
Parte II Um mundo em transformação
de que nenhuma empresa se arriscaria a prescindir. A ética também está prestes a se tornar um
imperativo estratégico” - John Dalla Costa, Ethical Imperative, 1998.
Estes exemplos nos mostram que não se pode mais almejar o lucro a qualquer preço. No
mundo atual, os valores, a ética e a transparência são determinantes para assegurar a credibili-
dade das empresas.
A Responsabilidade Social representa para as organizações uma grande oportunidade de
transformação, acrescentando, de modo irreversível, uma nova dimensão aos seus negócios. Essa
visão precisa estar ligada a estratégia das empresas. Precisa fazer parte de sua cadeia de valor.
Somente as organizações que transformarem a Responsabilidade Social numa vantagem
competitiva sobreviverão. As que não entenderem isso ficarão para trás.
3
A dinâmica empresarial
Invista nas Pessoas Certas
97
Invista nas Pessoas Certas
98
CAPÍTULO XI
Habilidades e Competências
O RI, no mundo atual, tem de estar muito bem informado sobre seu setor, sobre macroecono-
mia e também sobre política. Precisa ter uma visão abrangente e saber definir o que é relevante.
Isso serve na hora de fazer o corpo-a-corpo com os acionistas controladores em um processo de
aquisição, por exemplo, além de acompanhar toda a engenharia financeira da transação e, no
final da história, negociar com os diversos agentes do governo condições favoráveis à operação.
As Relações Institucionais são essenciais para criar uma ambiência favorável à Organização.
Atuando, no dia a dia, é possível influenciar pessoas, conquistar importantes apoios, consoli-
dando a “Torcida a Favor”, sem a qual é impossível ter Sucesso.
Segundo Jorge Gerdau, Presidente do Conselho do Grupo Gerdau, temos quatro tipos de
público para atender: Clientes (internos, fornecedores e finais), Equipes (colaboradores),
Acionistas (investidores) e Comunidades.
Os RI devem investir seu tempo em relações e informação. Ou seja, é preciso conhecer pes-
soas, o mercado e a regulamentação da área em que atua, além de circular pela esfera pública.
É preciso percorrer vários departamentos, ter uma boa formação acadêmica e se atualizar cons-
tantemente.
As competências desse profissional mudaram muito. Se antes ele cuidava apenas de situ-
ações isoladas dentro de seu departamento, hoje é responsável por apoiar os planos das mais
diversas áreas, em épocas de crise e de expansão. Cabe ao RI, atualmente: analisar cenários,
avaliar potenciais parceiros, consolidar negociações, e construir redes de relacionamentos com
os stakeholders.
Sanjiv Ahuja tornou-se Diretor de Operações da Orange em abril de 2003 e, em março de 2004,
passou a ocupar a presidência do grupo. Antes de entrar para a Orange, ele atuou como Pre-
sidente da Constellar Technologies, empresa de tecnologia sediada na Califórnia. Ele já havia
sido Presidente da Telcordia Technologies (ex -Bellcore), que é a maior empresa provedora de 101
sistemas de suporte operacional, aplicativos de rede e serviços de consultoria e engenharia para
COMUNICAÇÃO INTERNA
Cuidado com o excesso de informações. É preciso ser seletivo. Focar no conteúdo relevante.
Verificar o que é relevante, por que é relevante e para quem.
As pessoas querem comunicação personalizada. É vital entender como as pessoas funcio-
nam. Segmente sua comunicação de acordo com o público.
Valorize as pessoas, suas atitudes, comportamentos e boas práticas.
Seja transparente. Comunique inclusive as notícias ruins. Informação ruim não prejudica o
clima da empresa. O que estraga é informação deturpada ou a ausência de informação. Faça da
transparência uma regra e a agilidade na informação também.
Cabe aos Líderes o papel de protagonistas no que diz respeito à comunicação. O desafio não
é apenas informar, mas também reforçar a cultura organizacional.
O Líder deve entender que tudo o que faz é amplificado e pode ser interpretado de forma
errada. Ser Líder significa estar em evidência, 24 horas por dia, sete dias por semana. Mesmo
o silêncio pode ter significado. E em épocas de incertezas, o silêncio pode gerar um ruído en-
surdecedor.
A coerência é essencial na comunicação, pois ela reforça a credibilidade. Grandes comuni-
cadores são autênticos.
Parte relevante da comunicação consiste em saber ouvir. Os melhores Líderes são os que
ouvem com sabedoria. Ao falar, use o pragmatismo quando necessário, mas jamais deixe de
falar aos corações.
Terry Pearce, especialista em comunicação, afirma que: “Enquanto a mente procura pelas
provas, o coração procura pelo envolvimento. Enquanto a mente busca informação, o coração
busca paixão. Enquanto a mente quer respostas, o coração quer experiência. A mente toma
uma decisão, mas é o coração que se compromete”.
Utilizamos como exemplo para tratar da questão da comunicação, o Caso do Banco Real, que
mesmo vendido para o espanhol Santander, conseguiu manter o alto clima de satisfação de seus
funcionários, continuando calmos e focados, adotando a estratégia da transparência, com uma
comunicação ágil.
Em 2008, a pesquisa das melhores empresas para trabalhar foi feita poucos meses após a
aprovação da venda do Real para o Santander. Empresas que passam por mudanças desse tipo
costumam apresentar queda de desempenho na pesquisa. É comum que o clima de inseguran-
ça tome conta do ambiente. Mas no Real, aconteceu o contrário: o banco melhorou em quase
todos os quesitos e chegou ao sexto lugar da lista. Além de estar entre as empresas mais procu-
radas para trabalhar, atrás apenas de Bradesco e Itaú.
O seu executivo Fábio Barbosa manteve o pessoal informado sobre as mudanças – costuma-
va responder a todas as dúvidas dos empregados, tratou do assunto abertamente em seu blog, 103
criado desde 2007, que recebe em média 7 mil acessos de funcionário por mês.
104
CAPÍTULO XII
ADMINISTRAÇÃO DE CRISES
Toda pessoa de sucesso (o mesmo se aplica às organizações), preenche o principal requisito para
viver uma crise de imagem. Sua capacidade de liderar e realizar cria à sua volta muita insatisfação
(inveja, ciúme, interesses contrariados, etc.). É próprio das crises de imagem que atinjam mais,
justamente os que estão acostumados a vencer. O êxito leva à confiança excessiva, e isso induz ao
erro. Reputações levam anos, décadas para se construir, mas um simples arranhão pode pôr tudo
a perder. Recorrendo à mitologia grega, encontramos Aquiles como sinônimo de invencibilidade.
Mas havia um ponto de vulnerabilidade – o calcanhar – e foi nesse ponto que, um dia, ele foi
ferido e morreu. O que essa história nos ensina? Todos podem ser, mortalmente, atingidos.
Diante dessa constatação, o Líder deve evitar ficar só. Precisa formar uma equipe em que
possa confiar, que tenha visão complementar à sua, e capacidade de questioná-lo. A força do
Líder residirá nos conselheiros qualificados que conseguir mobilizar. Nos momentos críticos,
isso fará diferença.
Os grandes danos de imagem não decorrem apenas de um fato negativo. As respostas dadas,
a reação ou ausência dela, podem ampliar ou mitigar seu impacto. Qualquer falha na comunica-
ção pode gerar novas crises ou destruir a imagem da organização. O sucesso impõe seu preço e
lança aqueles que o alcançaram num campo minado. Para evitar uma crise é preciso aceitar que
ela é um risco permanente. Para enfrentá-la é preciso admitir que, a qualquer momento, ela
pode acontecer. O que fazer diante desta constatação? Estar preparado!
Nas crises de imagem, envolvendo pessoas, há dois tipos comuns. Um desgasta a reputação de
um profissional de destaque (médico, artista, jogador, empresário, publicitário, etc.). O segun-
do tipo é quando o alvo ocupar um lugar de destaque em uma organização. Ao atingi-lo, a crise
pode desestabilizar a própria organização.
106 É natural que no decorrer das crises de imagem, predomine a tendência de duvidarem de
você. Lembre-se que você está sendo visto por pessoas estranhas, que não sabem como você
Parte III A dinâmica empresarial
“realmente é”.
O importante é que crises de imagem emitem sinais prévios. Um enfoque negativo na mídia,
um rumor insistente, alguém agindo para prejudicá-lo.
Quem lidera uma organização deve ter em mente que problemas pessoais podem conectar-
-se com os institucionais. Por liderar uma organização pública, você também é um homem pú-
blico, passível de ter sua vida pessoal avaliada de forma pública. Num mundo em rede, os riscos
são potencializados.
Administrando as Crises
Quando uma crise acontece, não adianta esconder-se, distanciar-se, não apresentar sua posi-
ção. O isolamento é o pior erro que você pode cometer. Durante uma crise, vá para o meio dela,
monitore-a pessoalmente. Administre todos os detalhes.
A Administração de Crises passou a ser estudada e sistematizada como um método para
orientar pessoas e organizações a detectar e conduzir crises de imagem, buscando o correto
posicionamento perante os stakeholders. Permite analisar cenários, possibilidades, coisas que
podem acontecer, por mais improváveis que pareçam. A preparação é a base da administração
de crises. Quanto melhor o planejamento prévio, melhor o resultado na hora da crise. O plane-
jamento prévio não é estático. Ele adapta-se às circunstâncias. As premissas é que não mudam.
A base que não muda nunca contém os valores que nortearão as ações essenciais. O não estar
preparado para as crises, impede a produção de uma linha de ação. Perder a iniciativa pode sig- 107
nificar ficar refém das circunstâncias.
mentos.
6. Falhas em equipamentos ou construções: colapso na rede de computadores; pane na
rede de provedores, telefones; falhas provocadas por funcionários; defeitos em produ-
tos industriais; quebra no sistema de segurança; falha no sistema de qualidade.
7. Crises de natureza legal: ações judiciais contra a organização; pedidos de indenização
ou de condenação por parte de funcionários, consumidores, governo.
8. Crises de reputação: boatos que atinjam a viabilidade da empresa ou a estabilidade de
seus dirigentes; exposição negativa do nome ou do logotipo de empresas ligadas à or-
ganização; denúncias de corrupção, informação privilegiada, escândalos de todos os
tipos; vazamento de documentos internos.
9. Crises de relações humanas: sucessão no comando da organização; demissão de altos
executivos; violência por parte de/contra empregados; denúncias de funcionários; cri-
ses familiares envolvendo o comando da organização.
10. Crises envolvendo risco para a vida: AIDS; grandes contaminações; acidentes de traba-
lho; mortes durante o trabalho.
11. Crises regulatórias: regulamentação adversa de leis, no Congresso ou do Governo;
criação de obstáculos fiscais/monetários por parte do poder público; regulamentação
adversa por iniciativa de sindicatos de classe ou concorrentes.
Tenha um Plano de Ação
• Nunca fale sem saber de fato o que aconteceu. Se não dominar certos detalhes declare
que vai se informar e logo voltará a falar. Cumpra o que disse. Volte e fale. Se você não
falar, alguém vai falar por você, só que não necessariamente a verdade. 109
• Não se esconda. O avestruz ao enterrar a cabeça na areia continua com o corpo exposto.
O ruim não é necessariamente o pior. Num momento de credibilidade abalada, busque o diálo-
go a partir dos pontos de afinidade, de convergência. Deixe as controvérsias por último.
A pior coisa que pode acontecer numa crise é você ser flagrado numa mentira, lembre-se
que credibilidade é um ativo a ser administrado, permanentemente. É o nosso maior patrimô-
nio. O primordial é mostrar-se correto, e não o mais forte. Agir em demasia também é um erro.
É preciso agir na medida certa.
Respeito depende de valores, posicionamento e atitude. Admita seus erros, assuma respon-
sabilidades, seja aberto, transparente, sincero e solidário.
Lembremos que Crise é processo. É o somatório de acontecimentos, que se sucedem. Não
podemos confundir o ápice da crise com ela própria.
O tempo, o amadurecimento, muito trabalho e a ausência de novos erros, farão você superar
os danos de uma grave crise. Mas você não estará imune a novas crises, elas podem se repetir.
Esteja atento aos adversários e concorrentes. Seu desgaste é importante para eles. Muitas
vezes, eles atuam nos bastidores contra você, são eles que deliberadamente vão disseminar as
próximas crises.
Numa crise, você não vai impedir a propagação de uma visão negativa a seu respeito. Por
outro lado, nem todos acreditarão em tudo o que foi dito. Com tempo, persistência, e se a ra-
zão estiver do seu lado, você ampliará, cada vez mais, o espectro de compreensão a sua volta.
Toda crise é passageira. Com tempo, com maior ou menor esforço, você sairá dela. “Não há
noite longa que não acabe em dia”, disse Shakespeare.
Nas crises, nunca esqueça seu público, sobretudo seus colaboradores. Numa crise nunca se
isole. Esteja acessível, aberto para dar explicações. Comunique-se.
As Sequóias são monumentos da natureza. Essa árvore chega a viver até quatro mil anos, o que
faz dela uma testemunha da História.
Uma Sequóia legendária no parque de Yosemite, na Califórnia-EUA, estava naquele lugar
há dois mil anos, quando Jesus nasceu. Quando os egípcios concluíram a Pirâmide de Gizé, as
Sequóias já haviam brotado da terra. Cinco anos dessa árvore representa, ao todo de sua exis-
tência, o mesmo que um mês significa para o ser humano.
Quais os fatores que determinam o fenômeno da existência desta árvore milenar? Por ser
tão alta, atrai raios durante as tempestades. Os raios provocam incêndios em seus galhos mais
altos e pesados, possibilitando que concentre sua seiva nos galhos essenciais. Isso permite que
continue crescendo e sobrevivendo.
Crises para as empresas e as pessoas são tempestades. O desafio é transformar a crise em
oportunidade. Algo positivo e purificador. O sucesso vai fazer com que você seja alvo de tem-
pestades. Aproveite-as. Prepare-se para elas. Isso será o segredo de sua sobrevivência.
Eike Batista, no período de 2006 a 2008, tornou-se um dos mais celebrados empresários brasi-
leiros. Em 2008, no entanto, teve seu nome envolvido com uma investigação da Polícia Federal,
com enorme repercussão na mídia.
O primeiro golpe foi sentido na Bovespa. As ações de suas empresas: a MMX, MPX e OGX,
despencaram. Dez dias após a operação da PF, as três empresas acumulavam perdas de 7 bi-
lhões de reais, ou 18% de seu valor de mercado.
Para tornar o cenário mais nebuloso, a mineradora Anglo American, sócia de Eike na MMX,
anunciou a suspensão da compra do controle da empresa até que as investigações da PF estives-
sem concluídas — um baque de 5,5 bilhões de dólares nos negócios do empresário.
Ao mesmo tempo, o Ibama multou a MMX em 25 milhões de reais sob a acusação de usar
fornecedores ilegais de carvão vegetal para sua siderúrgica.
Uma investigação da Polícia Federal, seja ela fundamentada ou não, traz efeitos devastado-
res para qualquer tipo de negócio. No caso de Eike, os efeitos são redobrados. Ele é o tipo de
empresário que vive principalmente de sua credibilidade. Eike viu um contrato de 5,5 bilhões
quase escapar pelos dedos e a desvalorização de suas ações, provocada por um grupo de inves-
tidores assustados que queriam se livrar dos papéis.
A Reação
Confrontado com o problema, Eike agiu com rapidez. Estava nos Estados Unidos, em férias com
a família, quando soube do início da operação e das buscas da PF em sua mansão no Rio de Ja-
neiro e nos escritórios das empresas. Voltou para o Brasil e conduziu a estratégia para recuperar
a imagem do grupo — e, principalmente, acalmar os investidores.
O empresário, ao lado de seus diretores e alguns conselheiros, fez a primeira de três te-
leconferências (todas em inglês) realizadas com analistas num intervalo de apenas 14 dias. A
primeira coisa que Eike disse na teleconferência foi que havia contratado o “ex-ministro da Jus-
tiça”, o advogado Márcio Thomaz Bastos, “o homem que criou a Polícia Federal como ela é
hoje”, para defendê-lo. Além das teleconferências, destinadas a convencer o mercado de que
a ação da PF não teve fundamento, foram publicados, entre os dias 11 e 28 de julho, sete fatos
relevantes — um a cada dois dias.
Eike acionou também um forte aparato político para ajudá-lo em sua empreitada. Um dos
maiores doadores individuais de campanhas eleitorais, o empresário pediu que vários senado-
res o defendessem, incluindo o peemedebista José Sarney, eleito pelo Amapá, e o petista Del-
cídio Amaral, de Mato Grosso do Sul. O próprio presidente Lula declarou publicamente que as
apreensões na casa de Eike haviam sido “abuso de autoridade” da PF.
Convencer a Anglo era prioridade máxima. Se a empresa não acreditasse nele, por que o
112 resto do mercado acreditaria? Eike colocou à disposição da multinacional a íntegra do inquérito
da PF, que foi esquadrinhado em São Paulo por um dos maiores escritórios de advocacia do
Parte III A dinâmica empresarial
país, o Machado Meyer. Além disso, o empresário e seu braço direito, Flávio Godinho, voaram
até Londres para conversar com a presidente da Anglo, Cynthia Carroll. Depois de dois dias de
reuniões, Eike se comprometeu a indenizar a Anglo caso as investigações causassem prejuízo às
operações da multinacional no Brasil e conseguiu destravar o negócio. As ações das empresas
de Eike imediatamente começaram a se recuperar. No dia 31.07.08, o valor somado da MMX,
MPX e OGX era de 35 bilhões de reais, 2 bilhões a mais que no auge da crise.
O que houve
Em 29.09.82, nos EUA, 03 jovens que viviam próximo a Chicago tiveram morte fulminante após
ingerir cápsulas de Tylenol extraforte. O remédio tinha uma substância venenosa – o cianeto.
No dia seguinte, outras duas pessoas morreram. Houve ainda mais duas mortes, totalizando 7
casos. Não era possível saber quais lotes continham medicamentos envenenados. A Johnson
& Johnson, dona do produto, detinha 35% do mercado americano de analgésicos, com vendas
anuais de US$ 450 milhões, contribuindo com 20% dos lucros da empresa.
A Johnson se viu diante de sua maior crise. Um medicamento feito parar curar estava tiran-
do vidas. A empresa reuniu a imprensa e informou que o produto havia sido criminosamente
adulterado. Um Comitê de Crises foi instalado, com sete membros, liderados pelo Presidente
da empresa, James Burke.
Em meio à crise, as ações da Johnson caíram 7% e a venda do Tylenol despencou 87%. A
primeira preocupação foi quanto à segurança de 100 milhões de consumidores americanos de
Tylenol, embora o problema parecesse estar restrito a um Estado. Famílias das vítimas entraram
com pedidos de indenização da ordem de 600 milhões de dólares.
A Reação
Mesmo contra a recomendação do FBI e das autoridades sanitárias, a Johnson decidiu recolher
todos os 31 milhões de frascos do Tylenol – mais de 100 milhões em mercadoria. Com a ope-
ração a empresa assumiu um custo de 50 milhões de dólares. A Johnson & Johnson deu uma
mensagem clara para a sociedade: a segurança do consumidor estava em 1º lugar.
No início da crise, a empresa retirou toda a propaganda do produto. Em seguida organi-
zou uma campanha de esclarecimento e defesa de seu produto, empregando US$ 100 milhões
nas mais diversas mídias. O Presidente James Burke esteve nos principais Programas nacionais,
atendendo a todas as solicitações de entrevistas. O produto foi relançado no mercado com uma
embalagem triplamente segura. James Burke apareceu numa teleconferência, que custou US$
400 mil, sendo exibida em 30 cidades e vista por milhões de pessoas.
A atitude da Johnson fez com que o público ficasse do seu lado, vendo a empresa como vítima, 113
e percebendo seu esforço em impedir que isso voltasse a ocorrer. É possível vencer uma crise!
O que houve
No Brasil, logo ao ser lançado, o Fox virou um fenômeno de vendas da Volkswagen. Entretanto, 22
compradores, sofreram um acidente ao rebaixar o banco traseiro. Oito deles tiveram os dedos de-
cepados. O primeiro acidente ocorreu em 2004. Os acidentes aconteceram sempre da mesma for-
ma. O usuário puxava uma pequena alça flexível que fica embaixo do banco traseiro, para afastar
ou aproximar o encosto do assento traseiro. O perigo era quando o motorista encaixava o dedo na
argola dessa alça. Esse movimento fazia com que uma mola fosse destravada, pressionando o dedo
do usuário e provocando uma reação parecida com o movimento de uma guilhotina. Em 2007, o
Fox era o terceiro carro mais vendido no país. Após a crise vir a público caiu para quinta posição.
A Reação
A Volks insistiu que o problema era das vítimas, que não seguiram as orientações contidas no
manual do veículo. Em fevereiro de 2008 a empresa mantinha sua posição, afirmando que o
proprietário é que devia aprender a fazer a operação corretamente. À época o assunto “bom-
bava” nas Redes Sociais e começou a pautar a mídia tradicional. O Ministério da Justiça abriu
processo administrativo contra a Volkswagen em razão dos problemas no rebatimento do ban-
co traseiro do Fox. O Departamento de Defesa do Consumidor, órgão ligado ao ministério,
questionou por que não foi realizado recall depois de relatos de pessoas que tiveram partes de
dedos decepadas ao tentar rebater o banco. Caso não modifique o sistema, a Volks poderá ter
que pagar multas em até R$ 3 milhões.
“Na indústria automobilística costuma-se dizer que o pior recall é aquele que deixou de ser
feito. O raciocínio por trás dessa teoria é que a convocação de milhares de clientes e o reparo
de defeitos nos carros, por mais custosos que sejam, é uma opção muito menos arriscada do
que enfrentar uma crise de imagem que afete a credibilidade da marca. No entanto, apesar de
óbvia, essa regra tácita nem sempre é seguida e o resultado final, invariavelmente, é desastroso.
Foi justamente esse cenário de desastre que se instalou na operação brasileira da Volkswagen,
na qual engenheiros e técnicos correm contra o tempo para solucionar essa falha de projeto no
Fox.” (Revista Exame, edição 0917, em 01/05/08).
Se na primeira notificação a empresa tivesse feito uma revisão em toda sua linha Fox, os
custos e danos à imagem teriam sido menores.
Ao ler a autobiografia de Rudolph Giuliani, ex-prefeito de Nova York, pudemos analisar seu re-
lato do que aconteceu no 11 de Setembro. Chamamos a atenção para dois pontos fundamentais:
A prefeitura de Nova York estava preparada para um atentado ao WTC, Giuliani e sua equipe
haviam preparado planos de contingências para diversos tipos de atentados terroristas. O outro
ponto foi a conduta de Giuliani em meio a crise. Descartou as percepções de terceiros e foi para
o local, administrar, ele mesmo, as ações.
Durante o governo Reagan, o mundo viu, ao vivo, a explosão da nave espacial Challenger. O
porta-voz da Casa Branca, Larry Speakes, assumiu a coordenação de toda a comunicação sobre
o acidente, dando um exemplo de boa condução de caso em momentos de crise.
115
116
CAPÍTULO XIII
NEGOCIAÇÃO
O Líder precisa ser um hábil negociador. Para trabalhar o tema Negociação, utilizamos como
base o conteúdo dos debates do Fórum Mundial de Negociação, realizado pela HSM, em São
Paulo, nos dias 23 e 24 de setembro de 2008. Resolvemos trabalhar com as reflexões e ensina-
mentos de algumas das maiores autoridades mundiais no assunto.
117
NEGOCIANDO PARA O BRASIL – LUIZ FERNANDO FURLAN
Principais Reflexões
No governo, Furlan aprendeu que não se pergunta, pois a resposta pode demorar meses. É
importante Fazer Acontecer. Essa regra vale, muitas vezes, na iniciativa privada também.
Antes de ir a campo, negocie as regras do jogo.
Existem coisas que valem a pena colocar energia e outras que não valem. É preciso saber
distinguir umas das outras.
A liderança pelo exemplo faz toda diferença.
Conheça a mentalidade ambiente. Ao negociar tenha clareza sobre suas prioridades. Man-
tenha o foco. Na negociação é preciso saber o que o outro lado dá mais valor. Esteja atento à
todos os detalhes.
Na negociação abra mão de tudo o que não for relevante. Concentre-se em suas priorida-
des. Não abra mão dos seus valores.
Pense grande. Comece pequeno. Ande rápido.
No mundo complexo de hoje, é importante conversar com diferentes públicos e, muitas
vezes, lidar com pontos de vista contraditórios.
Na negociação o preparo é fundamental. O domínio sobre o tema é essencial. Conheça a
situação e terá os argumentos certos. Tenha humildade. Demonstre confiança. Mostre firmeza,
que sabe o que quer. Confie em você e acredite que sairá vitorioso.
Pense com rapidez. Use a velocidade do pensamento a seu favor. Surpreenda o outro. O
domínio das informações lhe dará um diferencial no processo de negociação.
Não se precipite. Na dúvida, ganhe tempo. Avalie melhor. Se necessário, finalize a negocia-
ção sem fechar nenhum acordo.
Principais Reflexões
118
Numa negociação é preciso manter o equilíbrio. Uma guerra de lances, entre empresas ou pes-
Parte III A dinâmica empresarial
soas, para adquirir determinado ativo, muitas vezes, pode representar uma escala de valor, onde
a racionalidade é substituída pelo desejo de vencer o outro, não importa a que custo.
Bezerman ressalta a importância de estudar o seu interlocutor numa negociação, descobrir
seus interesses e motivações. Pensar como o outro vai agir, para não tomar decisões equivoca-
das. Os detalhes fazem diferença.
É essencial encontrar opções, desenvolver alternativas. Se você não tem saídas, fixando-se
em uma única alternativa, você está em desvantagem, pois fará de tudo para conseguir o que
deseja, não importa o preço
Na negociação é preciso fazer as perguntas certas. Descubra o que é mais valorizado pelo
outro lado. Quanto melhor entender sua visão a respeito da negociação, melhor vou estruturar
meu pensamento e minhas ações.
Mesmo após consolidar um acordo, se dê a oportunidade de revê-lo, pois é possível evoluir
sobre um acordo já consolidado.
O Líder deve estar focado em ameaças e oportunidades. Precisa ampliar a visão, pois muitas
coisas relevantes podem escapar se não estiver concentrado.
Numa negociação, a mudança de foco pode produzir um resultado significativamente dife-
rente. É preciso ter a mente aberta, ser flexível.
NEGOCIANDO SOB PRESSÃO – DAVID TRIMBLE
Prêmio Nobel da Paz em 1998, Trimble é reconhecido como um dos principais responsáveis
pelo processo de paz na Irlanda do Norte.
Principais Reflexões
Por quase três décadas, a Irlanda do Norte foi sinônimo de violentos conflitos, marcados, so-
bretudo, pelas ações terroristas do IRA. Em 1998 foi firmado um acordo multipartidário visando
o processo de paz na região.
Segundo Trimble, em uma negociação o tempo certo e o contexto são elementos críticos
para qualquer iniciativa.
O diálogo deve ser tentado como forma de terminar conflitos, mas nem sempre vale à pena.
Se tal esforço for tentado, é importante fazê-lo no tempo e contexto certos.
Ao negociar estabeleça as pré-condições. Defina os critérios essenciais que nortearão a ne-
gociação. Sobre esses pontos é que evoluirão os entendimentos.
Cada situação é única. Ainda que existam semelhanças, as negociações são potencialmen-
te singulares.
Ao negociar esteja preparado para fazer concessões. Abra mão do que não é essencial.
Deixe saídas para o outro lado. Torne as coisas mais fáceis para ele. Um acordo, em que o ou- 119
tro não se sinta parte, não é um acordo, é um problema. Não entre em situações que podem
Principais Reflexões:
a) Reciprocidade:
• Dar e Receber;
• Ofereça Primeiro: serviços, informações e concessões;
• Produza a gratidão. Sirva primeiro;
• Olhe ao seu redor, e pergunte: a quem posso ajudar? Os resultados de quem posso melho-
rar? Isso vai gerar retorno;
• Fatores que determinam a reciprocidade: possui significado; supera as expectativas; é feito
sob medida, é exclusivo.
b) Escassez:
• Commodities: No mundo onde tudo parece estar padronizado, as pessoas desejam algo di-
ferente, individualizado. As pessoas querem mais daquilo que tem menos. Mostre o “custo
de oportunidade”, o que poderão perder por não fazer algo.
• Informação: Ofereça uma informação relevante para alguém que você quer convencer.
“Informação não é como o vinho que fica melhor com o tempo; é como o pão, todos o
120 querem novo, quente, atual”.
• Rivalidade por recursos escassos: Mostre o valor único do que você oferece, destaque para
Parte III A dinâmica empresarial
Ford (NYT): “Em 2007 a Ford teve um surpreendente lucro, mas seu Presidente con-
tinua prevendo dias difíceis pela frente”.
Loreal: “Somos caros, mas você merece!”.
• Ao desejar conquistar uma pessoa, encontre alguém que possa falar de você. Caso não
tenha quem faça isso, encaminhe uma carta de apresentação antes de procurá-la. Durante
uma reunião, nunca se promova.
d) Consistência:
• Obtenha um compromisso.
• Os compromissos devem ser:
Ativos: use a escrita para declarar os acordos;
Públicos: outros precisam tomar conhecimento;
Voluntários: as pessoas se sentem felizes com os acordos.
e) Afinidade:
f) Consenso: 121
O uso da influência exige que você seja honesto, ético, verdadeiro, mantendo a integridade
e coerência.
Professor de Negociação e Liderança em Harvard Business School, Insead (na França) e IMD
(Suíça); foi Professor da Kennedy School of Government da Harvard University, lecionando
cursos de negociação para Líderes da área de segurança nacional; especializou-se em Diploma-
cia Internacional, focando negociações em situações de alto risco.
Principais Reflexões
Segundo Watkins, algumas pessoas fazem acontecer. Algumas vêem as coisas acontecer, outras
se perguntam: “o que acaba de acontecer?”.
Quanto mais você cresce profissionalmente, mais é exigido em termos de negociação. Seja
internamente (Colaboradores, Superiores, Conselho de Administração, Acionistas), seja ex-
ternamente (Mídia, Fornecedores, Parceiros, Governos, Comunidades, etc.).
Com muita freqüência, as negociações internas são mais complexas do que as externas. O
nível de tensão é maior. Muitos estão acomodados (zona de conforto), sem abertura para o
novo (“as pessoas precisam ser arrastadas para a inovação” – Tom Peters). Como mobilizar os
apoios necessários? Isso é um processo de negociação.
Muitos negociadores entram no jogo seguindo as regras ditadas pelos outros – Isso é um
grave erro. Os grandes negociadores, tal qual os melhores Diplomatas, “moldam o jogo”, in-
fluenciando aqueles com quem negociam, as questões debatidas e o desenrolar do processo.
Os bons negociadores decidem com quem vão negociar, o que vão negociar, quando e
onde. Mudam as regras estrategicamente. O jogo começa antes de ser jogado.
Para ter o resultado que deseja em uma negociação, você tem que dominar o processo. Ter
a visão do todo.
A preparação é a base para uma boa negociação. O que vem antes, poderá se tornar um
122 diferencial estratégico. Tenho as informações de que preciso? Domino o assunto? Tenho os
apoios corretos? Estou com o foco certo? Estou concentrado no que faz diferença? O que pen-
Parte III A dinâmica empresarial
sa o outro lado? O que tem valor para ele? Quais as concessões possíveis? Quando desistir da
negociação? Erros de avaliação geram crises.
Quatro armadilhas a evitar:
Cada negociação é única. A boa negociação deve gerar resultados para ambos os lados. De-
fina as regras do jogo. Aprenda com cada experiência.
Existem negociações simples e diretas. Envolvem duas pessoas e um objetivo bem espe-
cífico. Exemplo: a compra de um carro. Existe um preço de mercado. O desejo de comprar e
vender. Acorda-se o preço e a forma de pagamento.
Existem negociações complexas, com vários atores, muitas implicações, diversos cenários
possíveis, a decisão pode afetar muitas pessoas. Exemplos: Processo de paz no Oriente Médio;
uma greve.
A Diplomacia é um saber que pode ajudar muito o desenvolvimento da habilidade empre-
sarial de negociar.
Numa negociação complexa é preciso criar valor, estabelecer ligações entre as questões e
ao longo do tempo. É preciso identificar os vários níveis envolvidos com o processo. Encontrar
o equilíbrio entre as relações presentes e os resultados futuros. É fundamental criar uma inter-
-relação entre as diversas negociações, usando as informações e sincronizando os grupos de
negociações.
Implicações estratégicas:
• Focar as ligações existentes entre as questões e ao longo do tempo (cenário atual X desdo-
bramentos possíveis);
• Entender quem está tomando decisões em cada organização e com base no quê.
• Cultivar desde agora a reputação (valores) que se deseja ter quando a negociação terminar.
• Vincular e sincronizar grupos de negociações.
a) Por meio de interesses: o que é importante para as pessoas, os fatores que consi-
deram em suas escolhas. Neste caso, é fundamental entender os interesses, as moti- 123
vações. Dar ao outro a possibilidade de conseguir, ao menos, em parte, o que deseja.
Moldando o Jogo: a negociação deve ser moldada antes de começar e enquanto se desenrola.
Os bons negociadores alternam o jogo com medidas unilaterais e acordos negociados. Molde o
jogo de acordo com os seus objetivos. Quando preciso, mude as regras, as opções. Mas, sempre,
se coloque no lugar do outro. Nunca, nunca deixe uma pessoa sem saídas, sem alternativas.
Imperativo Estratégico nº 3: Não entre no jogo seguindo regras ditadas pelos outros, molde o
jogo antes e durante as negociações.
Em cada negociação, avalie o que deu certo e errado. Tenha disciplina para aprender.
Organize-se para melhorar:
Imperativo Estratégico nº 4: Não seja incapaz de aprender; organiza-se para melhorar indi-
vidual e organizacionalmente. Aprenda com os erros. Use-os como alavancas para os próxi-
mos acertos.
Principais Reflexões
Formação de Alianças:
a) Interesse mútuo:
• Potencial duradouro;
• Amplas e abrangentes; 125
• Interesse e afinidade.
Priorize as Alianças Estratégicas, que permitem mobilizar os apoios necessários para alcan-
çar os resultados desejados. Defina os espaços de atuação. Foque em relações de longo prazo.
• Quais são os maiores desafios que você enfrenta para formar alianças?
• Como fundamentar essas parcerias?
Toda Organização possui uma Rede Informal. Ela é composta por pessoas que não possuem
status executivo. Não ocupam postos de direção, mas são elas que fazem as coisas acontecerem.
Para formar alianças, é preciso compreender as redes de influência. Pensando no objetivo que
você quer atingir, quem tem poder de fato no processo decisório? Quem poderá influenciá-lo?
Quais os principais canais de influência e informação de que você precisa para ir em frente?
Identificando quem decide
• Para promover suas iniciativas, você tem que saber quem decide e como decide.
• Existem coalizões a favor ou contra?
• Como influenciar o processo decisório? O que tem valor para quem vai decidir?
ODILON
DANILO
META
CAMILA
126
Parte III A dinâmica empresarial
ODILON
DANILO
META
CAMILA
PEDRO
DANIELE ODILON
DANILO
META
CELESTE CAMILA
CARLOS
Quem influencia quem? Quem tem capacidade de influenciar quem vai tomar a decisão?
Fonte de Poder
127
Quase todas as coisas que você tentar fazer numa Organização, despertará apoios e opositores.
• Você precisa trabalhar os indecisos, que não tem opinião firmada, levando-os para a torcida
a favor.
• Algumas pessoas serão, sempre, do contra. O sucesso incomoda.
Identifique os favoráveis e trabalhe os que podem vir a ser, antes que os contrários o façam.
Coloque o seu foco nos que ainda estão neutros.
Análise de Cenário
a) Defina sua meta de influência. Seja específico, pois as relações de influência mudam de-
pendendo da questão.
b) Identifique os tomadores de decisão.
c) Avalie o processo decisório e as coalizões existentes.
d) Mapeie as rotas de influência determinando quem acata quem.
e) Analise quais são os apoios e as oposições possíveis.
f) Avalie as forças favoráveis e contrárias que atuam sobre as pessoas estratégicas.
g) Encontre maneiras de intensificar as forças a seu favor e neutralizar as forças contrárias.
Saia na frente. Se antecipe. Alavanque as redes a seu favor. Atraia as pessoas para o seu lado.
128 Conquiste as pessoas certas. Retire os impedimentos para que o outro possa dizer sim.
Parte III A dinâmica empresarial
Controlando a Negociação
Estruture o Argumento
• Molde a maneira como as pessoas percebem as alternativas que tem diante de si.
Seqüenciamento (passo-a-passo)
Envolvimento Progressivo
• Levar pessoas do ponto “A” até “B”, mediante uma série de pequenos passos.
Negocie Individualmente.
A construção de alianças é a base para que você tenha êxito. Celebre-as para criar as condi-
ções que você necessita.
A falta de ação pode levar à catástrofe.
Quando alguém, por alguma razão, personaliza um confronto, posicionando-se, sempre con-
tra você, a melhor estratégia a adotar é tentar minimizar a influência desta pessoa, isolando-a.
Sempre negocie para evitar o pior cenário, onde todos perdem. Nunca imponha ao outro uma con-
dição humilhante. Não deixe ninguém sem saída. Sempre deixe uma alternativa, evitando o confronto.
Sem pressão nada acontece. É preciso saber aplicar a pressão.
Construa uma rede de contatos. Nunca tenha uma só voz como interlocutor. Angarie outros
apoios e simpatizantes.
Principais Reflexões
O que é Negociação? Segundo Margaret Neale, é o processo pelo qual duas ou mais partes
decidem o que cada uma dará e receberá no âmbito do seu relacionamento.
Antes de iniciar uma Negociação, defina o objetivo, a meta, os valores que quer passar e os
seus limites. Isso precisa estar claro.
Todos, sempre, querem um bom acordo!
E o que é um Bom Acordo?
Para avaliar a qualidade de um acordo, você deve saber (no mínimo!):
Aprenda a dizer não numa negociação. Há momentos em que o melhor a fazer é abandonar
a negociação. Isso deve ocorrer quando chegamos às condições limite. Além deste ponto, não
130 vale a pena um acordo.
Faça da negociação um hábito, um comportamento. Não saber negociar pode afetar sua
Parte III A dinâmica empresarial
• O poder da “ancoragem”;
• Faz o outro rever sua posição e focar nas condições mínimas aceitáveis (reservation price).
Ao sair na frente no processo, colocando sua proposta, você define um ponto para a nego-
ciação. O outro lado vai ter que rever sua posição, a partir do seu posicionamento.
A primeira proposta deve ser feita considerando o valor que algo tem para você e para o outro.
Isso permite a definição de uma faixa em que você pode trabalhar (valor máximo e mínimo).
Nunca crie impasses, a menos que você tenha condições de sair da negociação com dignidade.
Reflita sempre: o que vale a pena negociar? O que não vale a pena?
Dados estatísticos, nos EUA, mostram que 55% das fusões não dão certo. Qual a razão dis-
so? As pesquisas mostram que, quanto mais empresas querem negociar, mais acontece um
clima de leilão. A racionalidade diminui, e os preços ficam irreais, acima do razoável. Muitos
negócios são concretizados assim. Um processo de negociação mal conduzido leva a um valor
insustentável, que será, em pouco tempo, a razão do insucesso da fusão.
Quando eu avalio o cenário, tenho consciência do valor do que tenho, defino, então, o que
preciso, e ancoro minha expectativa, fixando os limites da negociação.
Numa negociação sempre seja honesto.
Uma primeira proposta deve estar acima do que você, de fato, deseja. As pesquisas revelam
que, numa negociação, quando a primeira proposta é aceita fica a sensação de que se podia ter
pedido um valor mais elevado. Quando você anuncia o seu preço mínimo, o outro acha que
ainda há alguma gordura por tirar. 131
Numa negociação não revele todas as informações de uma única vez. No processo, vá com-
Negociadores agressivos costumam levar vantagens ao negociar com pessoas mais amistosas.
Estamos falando de uma agressividade positiva, que nada tem haver com raiva ou irritação.
Estamos falando de atitude, de ousadia e determinação para defender seu ponto de vista.
As emoções influenciam nossa maneira de pensar:
• Vencer;
• Criar valor;
• Estabelecer um relacionamento;
• Fechar um acordo.
132
ESTUDO DE CASO – NEGOCIAÇÃO DA VALE COM A XSTRATA
Parte III A dinâmica empresarial
O que houve
A Reação
Após receber as evidências que os soviéticos levavam mísseis nucleares à Cuba, o presidente
Kennedy convoca o Comitê Executivo do Conselho de Segurança Nacional, ou “Ex-Comm”,
formado por 14 integrantes do primeiro escalão do governo e coordenado por seu irmão, Ro-
bert. Três linhas de ação são colocadas à mesa: bloqueio naval da ilha, ataques aéreos às bases
de mísseis ou invasão em larga escala a Cuba. Kennedy cumpre sua agenda de compromissos
públicos. Para evitar uma onda de pânico, mantém a descoberta em segredo.
Kennedy rejeitou os planos de ataque a Cuba. E solicitou uma alternativa que permitisse
uma saída para os soviéticos, que não representasse uma derrota absoluta. Para Kennedy estava
claro que se os americanos atacassem Cuba, os soviéticos retaliariam, não aceitariam ser humi-
134 lhados. O alvo dos soviéticos deveria ser Berlim (Alemanha).
Erros de avaliação poderiam gerar uma crise, cujas variáveis poderiam fugir do controle, e
Parte III A dinâmica empresarial
produzir conseqüências desastrosas. O Estado Maior das Forças Armadas defende com vee-
mência a opção pela invasão. Mas o Secretário de Defesa, Robert McNamara, insiste no blo-
queio naval, estratégia que impediria a chegada de novos mísseis.
Durante as reuniões, o presidente buscava abstrair-se das pressões e conciliar as decisões
propostas para o curto prazo, com os desdobramentos no futuro. Numa nova reunião do comi-
tê, Kennedy decide fechar a questão. O único caminho razoável era mesmo o bloqueio naval.
Pelas leis internacionais, a medida é um ato de guerra. Por sugestão do subsecretário de Estado,
George Ball, Kennedy decide usar o termo “quarentena”, eufemismo para tentar evitar críticas
na comunidade internacional.
Depois da reunião, a imprensa procura Kennedy querendo saber qual é exatamente a situação
em Cuba – a essa altura, os repórteres já sabiam que havia armas ofensivas na ilha. O presidente
pede a eles que não revelem nenhuma informação confidencial. Kennedy telefona pessoalmente
aos jornais Washington Post e The New York Times para cobrar um tom menos alarmista dos
diários na cobertura do assunto.
A crise dos mísseis torna-se pública. Em discurso transmitido em rede nacional de rádio e
televisão, Kennedy anuncia a presença das armas nucleares em Cuba e lança a ideia do bloqueio
naval. Enquanto o presidente discursava, 300 embarcações da Marinha tomavam o Atlântico e
20 aviões da Aeronáutica decolavam com bombas nucleares, prontos para uma possível guerra.
Em Moscou, o Primeiro-ministro Nikita Kruschev recebia uma cópia antecipada do discur-
so. Ficou furioso com seus próprios militares (que não conseguiram esconder os mísseis) e com
os americanos – fosse bloqueio ou fosse “quarentena”, para ele era ato de guerra. O Líder so-
viético ordenou que 25 embarcações seguissem na rota de Cuba e não parassem. Alguns navios
estavam carregados com armas nucleares.
A pedido de Washington, a Organização dos Estados Americanos aprova uma resolução
que apóia a “quarentena” e pede a remoção dos mísseis. Kennedy mantém todos os canais de
comunicação com Kruschev abertos. A prioridade era evitar o conflito.
O bloqueio entra em vigor. A tensão aumenta quando as embarcações soviéticas não mu-
dam a rota para Cuba. Aviões bombardeios americanos passam a monitorar, 24 horas, os na-
vios soviéticos. Mas a construção das bases de mísseis em Cuba continua. Ao mesmo tempo, os
militares americanos – sem conhecimento de Kennedy – elevam seu grau de preparação para
guerra, agora em Defcon 2, é o mais alto grau de alerta já registrado nos EUA. A ameaça nuclear
continuava a assombrar o mundo.
O embaixador americano na ONU, Adlai Stevenson, apresenta ao Conselho de Segurança
as provas da existência dos mísseis em Cuba. Pressionado pela contundente exposição de Ste-
venson, o embaixador soviético, Valerian Zorin, fica sem palavras.
Quando o presidente americano começa a acreditar que a quarentena não será suficiente
para intimidar os inimigos, chega uma inesperada carta de Kruschev. O Líder russo oferecia um
acordo simples: se Kennedy prometesse não atacar Cuba, as armas seriam removidas. Quando
os americanos já davam o acordo como certo, chega outra mensagem de Kruschev, mais severa 135
e com uma exigência adicional: a remoção dos mísseis dos EUA na Turquia.
Robert McNamara foi Ex-Pres da Ford; durante sete anos, foi Secretário de Defesa dos EUA
(nos governos Kennedy e Johnson); de 1969 a 1981 ocupou a Presidência do Banco Mundial.
Dentro do contexto de Negociação, além de estudarmos o Caso da Crise dos Mísseis e ana-
lisarmos o processo de negociação entre o governo Kennedy e os soviéticos, à época, assistimos
na seqüência, o documentário Sob a Névoa da Guerra, em que, Robert McNamara, relata sua
experiência e as lições aprendidas, que vão desde ter a empatia com o inimigo até reconhecer os
próprios erros. O filme é focado nos acontecimentos históricos que McNamara viveu.
Eis uma síntese das principais Lições de Vida, apresentadas por Robert McNamara:
• Evite repetir o mesmo erro. Aprenda com os seus erros. Tente aprender. Entender o que
aconteceu. Tire as lições e passe-as adiante.
• Em toda Negociação, conheça seu adversário. Entenda seu modo de pensar. Cause empatia
no oponente. Devemos nos colocar na pele do outro e olhar para nós com os olhos deles,
para entender a ideia por trás das suas decisões e dos seus atos. Quando existe um nó numa
corda, puxar suas pontas apenas apertará mais o nó, agravando a situação.
• A racionalidade não nos salvará. A razão tem limites.
• Existe algo além de si próprio.
• É preciso maximizar a eficácia e a eficiência.
• Obtenha dados para decidir.
• A crença e a visão podem estar erradas. Às vezes, vemos incorretamente ou só parte da
história. Vemos apenas o que queremos crer. Esteja, sempre, preparado para rever seu ra-
ciocínio.
• Para fazer o Bem, talvez seja preciso fazer o Mal. Quando isso ocorrer, minimize-o. Nunca
diga Nunca.
136 • Em situações difíceis, procure responder o que você gostaria que fosse perguntado.
• Não se pode mudar a natureza humana. Isso pode ocorrer, com tempo, e a partir da vontade
Parte III A dinâmica empresarial
de cada pessoa.
CAPÍTULO XIV
ESTRATÉGIA
O indiano Vijay Govindarajan é doutor pela Harvard Business School, considerado um dos
Principais Reflexões
O indiano C.K. Prahalad foi um dos mais influentes especialistas em estratégia empresarial da
atualidade. Foi consultor e membro dos Conselhos de Administração de Empresas como: Citi-
group, Motorola, Oracle, Philips e Unilever.
Principais Reflexões
É preciso perceber as tendências e ter uma visão prévia do futuro (antecipação). Desafio dos
CEO: pensar diferente para criar o novo. Só aspirações elevadas nos levam às mudanças. O
Líder define o futuro desejado e traça a estratégia para chegar lá. Para isso é preciso: clareza de
direção, vontade de descobrir, parâmetros claros, força de vontade e velocidade para realizar.
Os pobres representam novas oportunidades de negócios (no mundo, totalizam um mercado
de US$ 5 trilhões), se apresentam como um desafio à inovação, tão poderoso quanto a Internet,
construindo novos modelos de negociação. Os mercados de excluídos provocarão inovações de
ruptura. Desenvolver mercados significa levar consumidores de mercados marginais e informais
para o setor privado organizado e eficiente. Atender aos excluídos nos obriga a repensar as con-
cepções convencionais sobre: tecnologias e modelos de negócio; escala e lucratividade; relações
entre preço e desempenho; produtividade e eficiência do capital; desenvolvimento sustentável.
Os mercados emergentes possuem 5 bilhões de consumidores, necessitando de soluções
economicamente sustentáveis: Inovações em produtos e serviços; Novos paradigmas; Inova-
ções em processos; Novos modelos de negócio; Novas tecnologias; Inovações em Governança.
Para trabalhar com a base da pirâmide é importante: Mergulhar na vida do cliente; Ouvir o
cliente; Formular concepções gerais; Sistema básico de entrega; Inovação continuada. Estão
ocorrendo extraordinárias melhorias em preço/desempenho e em inovação da tecnologia da
informação e da comunicação. Tudo depende da imaginação. Diante das inovações em curso,
uma ruptura nos modelos de negócios acontecerá, derrubando os preços. A Índia tem sido um
grande laboratório nesse sentido.
Globalização + Conectividade + Redes Sociais = Inovação e Valor. Alta tecnologia cada vez
mais acessível a todos. Conectividade fomentando a formação de Redes Sociais. Hoje, dois bi-
lhões e meio de pessoas estão conectadas. Em cinco anos, serão quatro bilhões.
O Google é um exemplo de inovação. Quebra todos os paradigmas. “Se colocar uma lona
parece um circo, se colocar um muro parece um hospício”. Seus criadores possuem o Espírito da
Inovação: Larry Page – “É preciso ter um desprezo saudável pelo impossível”. Sergei Brin – “O
único jeito de ser bem sucedido é começar falhando várias vezes”.
Inovação continuada exige mente aberta, ouvindo o cliente, fornecedores e comunidade. O
estímulo ao risco, à ousadia, e aos erros são fontes de aprendizado.
As pessoas estão em busca de experiências, que representem um valor único, diferenciado.
A co-criação reduz o risco, o custo e o tempo de produção. 139
A transformação da economia mundial necessita de: Novos modelos de negócios; Talen-
Renée Mauborgne é professora de Estratégia no Insead – França, a segunda maior escola de ne-
gócios do mundo. Co-autora do livro tema desta palestra, que se transformou num dos maiores
sucessos dentre as publicações empresariais.
Principais Reflexões
Microsoft lançou no final de 2010, o Kinect, que reconhece os movimentos do corpo humano e
alguns comandos de voz. Com este novo conceito, se posiciona à frente das demais empresas do
setor).Outro caso clássico de Estratégia do Oceano Azul é o Circo de Soleil. A empresa Canaden-
se criou um novo modelo de circo. Reduziu os custos (não trabalha com animais), desenvolveu
um conceito, focou em um novo mercado e cobrou mais caro por isso.
O que aprendemos com a Nintendo e o Soleil? Vá para onde a concorrência não está. Lá
estão o lucro e o crescimento.
Visão Estratégica:
Por quase 08 anos, Carlos Júlio dirigiu a HSM, tornando-a uma das mais respeitadas empresas
do mundo, na área de eventos focados na geração de conhecimento empresarial. Atualmente é
Presidente da Tecnisa. Administrador de Empresas, graduado na Harvard Business School e no
London Business School.
141
Principais Reflexões
MICHAEL PORTER
Principais Reflexões
Para Michael Porter, o desafio das empresas é encontrar o caminho para a vantagem competi-
tiva. Ser capaz de entregar algum valor ao cliente que seja único, achar uma posição ímpar no
mercado, pois muitas vezes, copiamos o que está sendo feito, e não temos a coragem de ir em
uma direção diferente.
142 Estratégia tem a ver com escolhas. O que quer, o que não quer e o que não pode ter, em
função das escolhas que fez. É preciso, portanto, saber fazer trade-offs (trocas).
Parte III A dinâmica empresarial
Porter destaca que para ter sucesso é preciso paixão, acreditar em si mesmo.
Segundo ele, se você busca o consenso, isso torna difícil ter uma estratégia, porque estraté-
gia tem a ver com escolhas e trocas. Quanto mais pessoas conhecerem a estratégia, mais rápido
avançaremos. Para Porter um bom Líder é um bom comunicador, que faz com que todos se
movam na mesma direção. Quanto mais a estratégia for comunicada, mais valiosa ela será.
A Estratégia deve se renovar constantemente. Isso não significa ir a toda e qualquer direção,
você precisa ter um claro senso de qual é o seu valor fundamental, quem são os seus principais
clientes, pois isso é essencial para o sucesso.
Para Michael Porter precisamos obter um desempenho superior. É necessário conciliar
eficácia operacional (melhores práticas) com posicionamento estratégico (criar uma posição
competitiva exclusiva). Estratégia é como você escolhe ser diferente, é o que você faz para ser
melhor no futuro.
O pior erro que uma empresa pode cometer é querer competir dentro das mesmas dimen-
sões de suas rivais, almejando ser a melhor. Veremos uma batalha sangrenta, com disputas de
preços e margens cada vez menores. “Você deve lutar para ser único”.
Torne sua estratégia distintiva. Diferencie-se. Aprofunde sua posição estratégica com seu
cliente. Expanda sua atuação, usando o mesmo posicionamento. Expanda o mercado para
aquilo que só você pode oferecer.
Ao Líder compete melhorar as operações e estabelecer uma estratégia clara. Comunicar a
estratégia para todas as partes envolvidas. Medir o progresso da execução da estratégia. Manter
a disciplina. Adaptar-se às tendências e cenários, ajustando a estratégia.
A empresa, durante anos, foi sinônimo mundial de fotografia. Sempre investiu em pesquisas,
o que resultou em uma vasta base de patentes. Coube aos pesquisadores da Kodak a invenção
da primeira câmera digital, em 1976. No entanto, a direção da empresa preferiu não investir
nessa inovação, por medo de colocar em risco seu principal negócio, que era o dos filmes fo-
tográficos. No início dos anos 90, o fim do filme fotográfico era visto como questão de tempo.
A Kodak tentou negar essa realidade de todas as formas e manteve seu modelo de negócios
inalterado, o que com o passar do tempo foi se tornando insustentável, devido às mudanças que
ocorreram em todo mercado mundial.
O valor de sua marca vem declinando ano a ano. Entre 2003 e 2007, a Kodak caiu 48 posições
no ranking das 100 maiores marcas globais, passando da 34ª para a 82ª colocação, segundo a
consultoria Interbrand. Isso representou a corrosão de 4 bilhões de dólares em seu valor. Caso
mantenha o ritmo de queda, a companhia pode sumir do ranking em até cinco anos.
A partir deste cenário, Antonio Perez, assumiu a presidência da Kodak em 2005 com uma
missão clara: salvar a empresa a qualquer custo. Com carta-branca na mão, Perez traçou um 143
ambiciosíssimo plano de reestruturação. A brutal transformação pela qual a Kodak vem passan-
144
Parte III A dinâmica empresarial
CAPÍTULO XV
INOVAÇÃO
No capitulo anterior vimos que Estratégia e Inovação caminham juntas na busca por uma
vantagem competitiva.
Para trabalhar o tema Inovação, reunimos algumas reflexões de algumas das maiores auto-
ridades mundiais em management. Buscamos sintetizar a seguir algumas ideias que considera-
mos essenciais.
145
TOM PETERS
Capítulo XV Inovação
Um dos maiores especialistas em Management do mundo. Ph.D. em Business Administration
pela Stanford University, foi executivo e posteriormente sócio da McKinsey & Company. Hoje,
é chairman da Tom Peters Company, empresa de desenvolvimento gerencial que atua junto a
importantes corporações nos Estados Unidos, na Europa e na Ásia.
Principais Reflexões
Tom Peters destaca que é preciso estar atento ao seu redor, aberto ao novo, se relacionar com
pessoas diferentes e construir novas parcerias. Segundo ele a maioria das pessoas não quer ino-
var, precisa ser arrastada para a inovação.
Peters afirma que coisas inovadoras e revolucionárias já estão acontecendo em algum lugar.
O segredo é encontrá-las. Na empresa 3M, por exemplo, as pessoas dedicam 10% do seu tempo
para desenvolver projetos pessoais, no Google esse percentual é de 20%.
Para ele, não são as grandes empresas que provocam as grandes inovações, são pequenas
organizações que fazem coisas empolgantes. Assim, os grandes precisam celebrar alianças com
os pequenos.
Tom Peters destaca que no cenário de grandes mudanças em que vivemos, é preciso con-
siderar a força da mulher no mercado mundial. O homem gosta de disciplina e hierarquia, as
mulheres têm a comunidade nos seus genes. As empresas precisam ser mais ágeis, menos hie-
rárquicas, e mais femininas.
Peters entende que o sucesso é jogar o jogo o melhor que você puder, criando projetos
empolgantes. A dedicação é fundamental. Cada dia que você deixa de fazer algo instigante está
deixando esvair o tempo por entre os dedos. Ele lembra que os Negócios, em seu melhor mo-
mento, estão associados a entusiasmo, energia, paixão, compromisso, crescimento individual,
serviço ao cliente, serviço ao fornecedor, serviço às comunidades.
TOM KELLEY
Um dos maiores especialistas mundiais em inovação do design, Tom Kelley obteve o MBA
pela Haas School of Business da University of California. É gerente geral da IDEO, empresa
de design e desenvolvimento de produtos. Ele utiliza o aprendizado obtido por meio de 3 mil
programas de design realizados na IDEO para ilustrar como o design pode levar as organiza-
ções para além dos limites do marketing tradicional.
Principais Reflexões
146 O pensamento do design trabalha com o lado direito do cérebro, com a beleza, a inovação,
potencializado-as para solucionar problemas, afirma Tom Kelley. Para ele é importante buscar
Parte III A dinâmica empresarial
novas oportunidades para a solução de problemas, pois uma experiência diferenciada gera le-
aldade do cliente.
Segundo Kelley, os Líderes desenvolveram muito a capacidade analítica (lado esquerdo do
cérebro), isso significa que não estamos ganhando dinheiro, com as abordagens do lado direito,
que são mais criativas, mais intuitivas, na solução de problemas. Seu conselho: Use o cérebro
todo, análise e intuição.
Além disso, é preciso ter simplicidade para perceber o que é realmente importante e tem
valor para o cliente, e fazer bem essa coisa. É preciso tornar-se a escolha favorita do cliente,
proporcionando a melhor experiência para ele. Observe o comportamento humano; experi-
mente novas ideias; crie grandes experiências.
Tom Kelley ressalta que design e inovação fazem parte do mesmo tipo de abordagem em
relação ao mundo. Design não é só aparência, tem a ver com a experiência total do cliente.
Design é a sensação agradável, de felicidade que as pessoas têm de viver uma experiência, de
produto ou serviço.
HOWARD GARDNER
Autor de mais de 20 livros e inúmeros artigos, é mais reconhecido por sua teoria das inteligên-
cias múltiplas. É o renomado autor do mundialmente aclamado Changind Minds, publicado no
Brasil com o título Mentes que Mudam. Professor da Harvard Graduation School of Education,
também acumula funções como professor-adjunto de Psicologia na Universidade de Harvard,
de Neurologia na Escola de Medicina da Universidade de Boston e como diretor sênior do Har-
vard Projeto Zero.
Principais Reflexões
É preciso ouvir pessoas diferentes, sem se fechar e se proteger. Relacione-se com a diversi-
dade, escolha bons parceiros, pessoas diferentes umas das outras, com diferentes perfis de
inteligência, e que sejam suficientemente próximas para compreender umas às outras, mas
não tão próximas que dupliquem umas às outras.
É crucial para o Líder saber montar equipes. Evite buscar seu reflexo onde quer que você
esteja. Grandes Líderes respondem a questões existenciais, nos ajudam a compreender nosso
lugar no universo.
Ainda explorando a temática da Inovação, analisamos uma apresentação do neurocientista, Mi- 147
guel Nicolelis. Palestra feita em 27/10/08, em São Paulo, no Instituto Fernand Braudel.
Capítulo XV Inovação
O Prof. Miguel Nicolelis é titular de Neurobiologia e Engenharia Biomédica e Co-diretor do
Centro de Neuroengenharia da Duke University-EUA, fundador e coordenador do Instituto de
Neurociências de Natal-RN.
Segundo Nicolelis, historicamente, a educação científica não apresenta um papel central
no Brasil, e que no atual mundo globalizado “a ciência deixou de ser um exercício abstrato de
alguns eleitos que vivem na academia (...) e passou a ser uma questão de soberania nacional”.
A educação científica e a prática da ciência definirá quais países serão soberanos, e quais serão
tragados pela soberania alheia, vivendo a margem do desenvolvimento.
Sem essa qualificação intelectual, humanística e científica, os brasileiros não terão como es-
colher que modelo de nação querem construir (questões que vão desde a opção de como será
a política ambiental adotada, como vai ser a defesa do patrimônio, e até qual vai ser a prioridade
do investimento tecnológico e científico). Está se criando no Brasil um movimento científico
completamente diferente da Europa e dos EUA, cuja ideia principal é que a ciência pode ser um
grande agente de transformação social, criando mecanismos de disseminação de conhecimen-
to por toda a sociedade brasileira, através de oportunidades educacionais e protagonismo na
produção desse conhecimento.
Nicolelis traz o dado que São Paulo detém 70% da produção científica do Brasil, existindo
assim 125 milhões de brasileiros fora deste centro de excelência, alienados da produção e do con-
sumo deste conhecimento de ponta. O Brasil necessita de milhares de agentes transformadores,
que tenham a capacidade de catalizar processos inovadores de forma a contribuir para o desen-
volvimento do país. A partir deste cenário, surgiu a ideia de criar um centro de excelência inter-
nacional, que use a ciência como agente de transformação social na periferia da cidade de Natal,
no nordeste brasileiro – um experimento, nascido há cinco anos, onde a ciência pudesse ser usada
como uma alavanca de transformação social da região no entorno do instituto de pesquisa.
O professor criou de uma OSCIP: Associação Alberto Santos Dumont para apoio à pes-
quisa (AASDAP), cuja primeira ação foi empreender a criação de um instituto de pesquisa,
o Instituto Internacional de Neurociências de Natal Edmond e Lily Safra (IINN – ELS), na
periferia de Natal. No ranking das escolas públicas dos estados brasileiros, o Rio Grande do
Norte possui os piores índices educacionais. Duas das piores escolas do Brasil foram adota-
das pelo projeto: As 1000 crianças vão em um turno para a escola pública, e no outro para
o Centro de Educação Científica (AASDAP). A Escola Alfredo J. Monteverde em Natal foi
inaugurada em 2007 com 300 alunos, chegando aos 600 alunos atualmente. A Escola Al-
fredo J. Monteverde em Macaíba teve início também em 2007, contando com 200 anos e
duplicando este número em janeiro de 2008. O processo atual é de ampliação, com a criação
de mais uma escola. O Projeto de Educação Científica Infanto-Juvenil da AASDAP possui
como foco central promover a inclusão social de alunos do ensino básico da rede pública por
meio do ensino de conceitos e práticas básicas da ciência moderna. Todo o conhecimento é
disseminado pela prática dos alunos, pelo protagonismo dos alunos; é calcado em atividades
148 laboratoriais, experimentais.
Miguel Nicolelis também dá a receita para criar um centro de excelência científica: dinheiro,
Parte III A dinâmica empresarial
contratação dos melhores profissionais e possuir como missão competir nos níveis mais altos
possíveis da academia internacional. Ele afirma que existem talentos no mundo todo para con-
quistar estes patamares de excelência, entretanto, o que é difícil é criar um instituto de pesquisa
que atinja a população e crie um ciclo virtuoso, em que a busca pelo conhecimento é a profissão
de todos; a busca pelo conhecimento inovador faça parte do cotidiano de todos. Este é o sonho
materializado em Macaíba-RN.
O exemplo do Prof. Nicolelis mostra a importância de inverter a lógica do desenvolvimento
brasileiro, focado nos grandes centros urbanos, sobretudo do Sul e Sudeste, levando conheci-
mento de ponta a estados e comunidades que vivem à margem desse contexto, criando, assim,
novos pólos de oportunidades e produção de conhecimento cientifico e tecnológico, estimu-
lando o desenvolvimento regional. Dentro desta nova concepção, um processo de inovação
sem precedentes pode ser canalizado para promover a inclusão de comunidades periféricas.
Apresentamos trechos do DVD Alegria, do Cirque du Soleil, como exemplo de empresa que
reinventou seu modelo de negócios – o Circo. Trata-se de um grande exemplo de Inovação, de
ruptura com o passado. O Soleil combinou, numa versão moderna, espetáculo musical, teatro,
mágica, coreografia, ginástica e humor. A resultante é um produto diferenciado e com valor
agregado, sem competidores.
Lyn Heward, principal executiva do grupo, destaca os segredos do sucesso da empresa:
O Cirque procura extrair a riqueza da diversidade e seus integrantes procuram, onde quer
que seja, os talentos que precisam, trabalham para encontrar ideias, e uni-los numa extraordi-
nária combinação.
Para Lyn, criatividade sem um propósito é inútil. O Soleil, ao ser reconhecido como um am-
biente para a realização de talentos, torna-se um centro gravitacional, os talentos se sentem
atraídos pela empresa. Ela questiona: Qual o talento individual de cada um? O que faz a dife-
rença? Esse é o foco do desenvolvimento. Qualquer coisa que afete a vida de um talento afeta o
seu desempenho. E isso diz respeito a empresa. Os talentos, às vezes, levam tempo para acon-
tecer. Não é como um campo de flores, onde todos florescem ao mesmo tempo.
Algumas flores de cactos no Canadá levam cinco anos para florescer, diz Lyn, precisamos
estar lá, regando até que elas apareçam (Podemos relacionar esta fala com os conceitos da TEO
sobre Pedagogia da Presença e a relação Líder-Liderado).
O Soleil estimula a preparação contínua, buscando o máximo dos seus talentos. Para a em-
presa erro significa que algo pode ser corrigido, você pode trabalhar e melhorar. Qualquer um
que se arrisque tem a chance de cometer um erro. Se você aprende com o erro e usa a lição para
dar o próximo passo, então pode transformar o erro em uma história de sucesso.
Outro ponto importante da cultura do Soleil é o exercício de respeito à diversidade. Por 149
possuir artistas de dezenas de países, busca criar um ambiente acolhedor, rico em diversidade,
Capítulo XV Inovação
onde as diferenças gerem sinergia e complementaridade.
Principais Reflexões
ambiente informal, flexível, onde cada um sabe sua responsabilidade e faz o que quer, na
hora que deseja.
A empresa busca descobrir e desenvolver talentos, criando ambientes de integração de cul-
turas variadas, misturando diversas nacionalidades. Essa cultura da diversidade está no espírito
da organização.
CONCLUSÃO
Conclusão
Empresarial; Administração de Talentos; Finanças; Demonstrações Financeiras; Análise de
Projetos e Estudo de Viabilidade; Planejamento Tributário; Relacionamento com o Governo e
Prestação de Contas; Inovação; Expressão Verbal; Gestão do Tempo e Produtividade.
Não poderia realizar este desafio sozinho. Assim, contei com a relevante participação das
pessoas a seguir, que contribuíram com suas capacidades profissionais e experiências de vida,
agregando ainda mais valor ao desenvolvimento dos jovens Líderes do Baixo Sul.
Palestrantes/Convidados
Homenagem
forte viés assistencialista.
Prahalad nos mostrou, entretanto, que há um mercado real entre os excluídos; que é pos-
sível ter lucros atendendo suas necessidades; e que os mais pobres estão abertos a novas
tecnologias.
Ele viu como poucos que vivemos um mundo de descontinuidades, não linear, repleto de
rupturas. E destacou a importância estratégica da Internet. “A conectividade permite que as
pessoas comuns se relacionem e elimina a tirania das grandes instituições intermediárias”.
Suas ideias abriram um novo mundo, repleto de possibilidades para as empresas, que per-
ceberam que os emergentes oferecem importantes oportunidades de negócios. Com sua visão,
C. K. deu uma face mais humana e social ao capitalismo.
Invista nas Pessoas Certas
154
REFERÊNCIAS
BIBLIOGRAFIA
Referências
• Charlene Li – Fenômenos Sociais nos negócios – Editora Campus
• Christian Barbosa – A Tríade do Tempo – Editora Campus
• Christian Barbosa – Estou em reunião – Editora Agir
• David Grayson e Adrian Hodges – Compromisso Social e Gestão Empresarial – Editora Publifolha.
• David Vise – Google – Editora Rocco.
• David Wessel – Os bastidores da crise – Editora Campus
• Donald R. Keough – Dez Mandamentos para fracassar nos Negócios – Editora Sextante
• Douglas Hubbard – Como mensurar qualquer coisa – Qualitymark
• Emílio Odebrecht – Confiar e Servir – Editora Versal.
• Gustavo Cerbasi & Christian Barbosa – Mais tempo, mais dinheiro – Thomas Nelson Brasil
• Jack Welch – Paixão por vencer – Editora Campus.
• James Hunter – Como se tornar um Líder Servidor – Editora Sextante.
• James Hunter – O Monge e o Executivo – Editora Sextante.
• James Kilts – Fazendo o que importa – Cultrix
• Jim Collins – Como as Gigantes Caem – Editora Campus
• Jim Collins – Empresas feitas para vencer – Editora Campus.
• Jim Collins – Empresas feitas para durar – Rocco
• John Carlin – Conquistando o Inimigo – Editora Sextante
• John Wood – Saí da Microsoft para mudar o mundo – Editora Sextante.
• Larry Bossidy e Ram Charan – Execução – Editora Campus.
• Lyn Heward – Cirque Du Soleil – Editora Campus.
• Marco Aurélio – Meditações – Editora Madras.
• Mário Rosa – A Síndrome de Aquiles – Editora Gente.
• Mário Rosa – A Era do Escândalo – Geração Editorial
• Mary Buffett – Warren Buffett e a análise de balanços – Editora Sextante
• Mary Buffett e David Clark – O TAO de Warren Buffett – Editora Sextante.
• Michael Abrashoff – Esse Barco também é seu – Cultrix.
• Michael Jordan – Nunca deixe de tentar – Editora Sextante
• Michael Porter – Competição – Editora Campus.
• Michael Porter – Estratégia – Editora Campus.
• Norberto Odebrecht – Educação pelo Trabalho – Editora P&A
• Norberto Odebrecht – Sobreviver, Crescer e Perpetuar – Editora P& A.
• Ômar Souki – As Sete Chaves da Fidelização de Clientes – Editora Harbra
• Peter Drucker – O Gerente Eficaz em Ação – Editora LTC.
• Ram Charan – O Líder criador de Líderes – Editora Campus
• Reinaldo Polito – Fale muito Melhor – Editora Saraiva
• Reinaldo Polito – Seja um ótimo orador – Editora Saraiva
• Reinaldo Polito – Como falar de improviso – Editora Saraiva
156 • Renato Baiardi – 25 anos em 24 horas – Editora Ver Curiosidades
• Reneé Mauborgne – A Estratégia do Oceano Azul – Editora Campus.
Invista nas Pessoas Certas
toridades do management mundial (Malcolm Gladwell, Michael Porter, Lyn Heward, Tom Pe-
Referências
ters, Tom Kelley, Ram Charan, Frank Maguire, Howard Gardner, Marcus Buckingham – Philip
Kotler). Insights e reflexões sobre inovação, diferenciação, estratégia, marketing, gestão, edu-
cação e execução.
• Emilson Alonso (HSBC Brasil)
A Força da Persistência com – Portal Exame, CEO TV
Emilson Alonso declara que sonhar com novas conquistas e manter a confiança no próprio
trabalho são passos essenciais para o crescimento profissional. É preciso manter e acreditar nos
seus sonhos. Não desistir facilmente. Isso é fundamental na vida de qualquer pessoa. É necessá-
rio ser perseverante e disciplinado com o que você se propõe a fazer. Ser integro e honesto. Isso
é muito importante para a sua reputação, pois quando você faz as coisas com integridade estará
absolutamente tranqüilo, com a certeza que não fez nada de errado, para ao final ter a tranqüi-
lidade que você fez o seu melhor. É importante fazer aquilo que você acha que deve fazer, não
ficar esperando que o seu chefe diga o que deve ser feito.
• Grupo de Dança Pilobolus – Programa exibido no canal NBC
A apresentação do grupo de dança Pilobolus, feita no programa de Connan O’Brien no ca-
nal NBC, é uma demonstração de criatividade, equilíbrio e sinergia. O Pilobolus é reconhecida-
mente a companhia de dança Americana com maior influência internacional nos dias de hoje.
O grupo emergiu de uma classe de dança de 1971 da Universidade de Darthmouth. As coreo-
grafias associam força, flexibilidade, sensualidade, ousadia e equilíbrio, constituindo espetácu-
los originais e inovadores. Pilobolus tem recebido os mais prestigiados prêmios, sublinhando a
excelência e criatividade das suas coreografias, irresistíveis pelo cruzamento entre a ginástica, o
humor e a dança. Uma fonte de inspiração ao poder da inovação.
• Instituto Endeavor Brasil
Seminário Empresas Eternas
Emílio Odebrecht (Presidente do Conselho da Odebrecht); Roberto Setúbal (Presidente
do Grupo Itaú); e Jorge Gerdau (Presidente do Conselho do Grupo Gerdau).
Lições de sucesso de grandes líderes nacionais, revelando as razões que levaram suas em-
presas à sobrevivência, crescimento e perpetuidade.
• Janine Benyus – DVD da Amana Key - Futuros Emergentes e a liderança para o Século
XXI
A Natureza como Fonte de Inspiração
Janine Benyus explica o conceito da Biomimética (imitação da vida). Trata-se de inovar com
design inspirado pela natureza, novo ramo da ciência dedicado a entender os princípios usados
pela natureza e usá-los como estímulos para inovações. As inovações da natureza, que têm sido
desenvolvidas a aperfeiçoadas continuamente por milhões de anos, fornecem um estoque ines-
gotável de idéias e soluções engenhosas. Além das contribuições às inovações tecnológicas,
estas idéias têm contribuído também para a causa de proteção ambiental. Muitos dos concei-
158 tos inovadores que os engenheiros e cientistas estão adotando da natureza correspondem ao
princípio da sustentabilidade. A natureza sempre alcança seus objetivos com economia, com
Invista nas Pessoas Certas
um mínimo de energia, conserva seus recursos e recicla completamente seus resíduos. Pesqui-
sadores de diversas áreas estão estudando as soluções encontradas pela natureza e procurando
adaptá-las na solução de seus problemas e na inovação de seus produtos.
• Jim Collins
Empresas feitas para Vencer – Programa Management Live da ManagemenTV
Collins faz uma explanação dos principais conceitos abordados no seu livro “Empresas feitas
para Vencer”, onde buscou entender o que diferenciava as empresas grandes das excelentes. Ao
estudar 1.435 empresas nos EUA, percebeu a existência de cinco diferentes níveis de liderança. O
nível 5 está presente nas empresas excelentes. Destaca ainda a importância do Líder saber escolher
as pessoas certas, e colocá-las nos lugares certos, criando as condições propícias ao crescimento.
• José Carlos Grubisich (Presidente da ETH)
Nada substitui a Comunicação – Portal Exame, CEO TV.
Grubisich destaca sua experiência empresarial, conceituando a comunicação como aspecto
essencial na estratégia empresarial e no exercício da liderança. Grubisch procura compreender
a comunicação de modo holístico e sistêmico. Defende a implementação de uma cultura de
prestação de contas, centrada nos diversos públicos que se relacionam com a organização.
• Maurice Levy (Publicis Group)
O Novo Consumidor - Portal Exame, CEO TV.
O mundo está mudando, as informações circulam rapidamente, a tecnologia continua evo-
luindo cada vez mais, e isso contribui para uma mudança de cultura entre os consumidores.
Agora temos de abordar o consumidor de uma forma totalmente diferente. Diante de clientes
mais exigentes e bem-informados, o desafio das empresas passou a ser comunicar-se de modo
a criar fidelidade à marca.
• Michael Rake (Presidente da KPMG)
O exemplo vem de cima - Portal Exame, CEO TV.
O vídeo coloca em pauta o tema “confiança”. Como no mercado de capitais esse termo de-
sapareceu por completo, devido a diversos escândalos, o entrevistado fala sobre a necessidade
desta retomada, a importância do líder transmitir confiança para os seus liderados e vice-versa.
Destaca o líder como fonte de exemplo, criando uma boa cultura empresarial. O que as pessoas
precisam perceber não é um código de valores ou uma Responsabilidade Social Corporativa,
mas sim, que os líderes apliquem essas regras em suas vidas (o exemplo). A Responsabilidade
Social Corporativa não é apenas a coisa certa a fazer nas comunidades em que as organizações
atuam, mas é algo importante, algo que agrega valor à marca, dá prestígio e orgulho aos fun-
cionários, auxilia na seleção e manutenção de novos talentos, e, além disso, cria uma cultura
correta em um mundo capitalista. A empresa tem que viver à altura dos seus valores, entregar e
vivenciar esses valores, inseridos em uma boa cultura empresarial.
• Miguel Nicolelis – Professor
O Estímulo à Ciência como Diferencial Competitivo e Inovador
Nicolelis é Titular de Neurobiologia e Engenharia Biomédica e Co-diretor do Centro de 159
Neuroengenharia da Duke University-EUA, fundador e coordenador do Instituto de Neuro-
Referências
ciências de Natal-RN. O vídeo mostra a palestra realizada no Instituto Fernand Braudel, sobre
a proposta de atuação do Instituto de Neurociências de Natal, sob a coordenação do Professor
Miguel Nicolelis, através de uma educação integrada, incentivando os jovens a ingressarem no
mundo da ciência e tecnologia, e ao mesmo tempo preservando a identidade e cultura local.
• Neil Holloway (Presidente da Microsoft EMEA)
Identificando e Desenvolvendo Líderes – Portal Exame, CEO TV
Holloway fala sobre as competências necessárias para ser um grande Líder, tais como: pen-
samento estratégico; habilidade de lidar com as pessoas (isso inclui escolher, saber desenvolver
e motivar sua equipe); e ser um bom executor (tendo agilidade na tomada de decisões e sempre
mantendo o equilíbrio). Para ele, um grande Líder é aquele que cria um ambiente de aprendiza-
gem, no qual as pessoas conseguem determinar o que deu certo e o que não deu. Para desenvol-
ver lideranças é necessário criar um espaço onde as pessoas possam aprender, recebendo o su-
porte necessário para o seu desenvolvimento. Grandes Líderes tendem a surgir nas empresas que
não apenas identificam as pessoas mais talentosas, aquelas com visão estratégica e capacidade de
execução, mas que oferecem a elas treinamento e oportunidades para aprender com os desafios.
• No olho do furacão: Crise do Subprime
ManagamenTV
O documentário “No olho do Furacão: Crise do Subprime” apresenta a cronologia dos fatos
que culminaram no cenário econômico da maior crise financeira desde a queda de Bolsa de
Nova York, em 1929, desencadeada nos EUA em 2008. O programa revela os bastidores do
que se seguiu após a crise financeira mundial, incluindo as diferentes decisões do secretário do
Tesouro Henry Paulson em relação aos bancos de investimento Bear Sterns e Lehman Brothers
e o pacote de socorro governamental de US$ 700 bilhões.
• Oscar Motomura - DVD da Amana Key - Futuros Emergentes e a liderança para o Sé-
culo XXI
O que os Povos de Terra Querem
Motomura fala sobre a grande quantidade de pessoas no planeta que vive abaixo da linha
de pobreza absoluta (com menos de 1 dólar por dia). Segundo ele, mesmo em países desenvol-
vidos, a desigualdade está aumentando. Ao transcender a visão da “necessidade do mercado”
e considerar as necessidades da sociedade, não há como não enxergar o que falta a bilhões de
pessoas do planeta. Oportunidades para a ação empreendedora e novos tipos de trabalho, as
próprias instituições que hoje criam inventos para a minoria passarão a colocar equações dife-
rentes para seus cientistas (por exemplo, “Como usar o conhecimento para inventar soluções
para o desequilíbrio social?”). Movidos por sua consciência, empreendedores hoje “comer-
ciais” estarão cada vez mais se transformando em “empreendedores sociais” e fundando orga-
nizações semelhantes às ONG de hoje. Novos trabalhos serão criados por essas ONG e pelas
próprias comunidades/municípios (como parte do esforço conjunto típico de “sociedades que
tomam conta de si”).
160 • Paul Skinner (Presidente, Rio Tinto)
Sempre Alerta – Portal Exame, CEO TV
Invista nas Pessoas Certas
Vídeos diversos
3. FILMES
• 300 161
Destacamos que estar preparado para o desafio faz toda diferença. Ao assumir um projeto,
Referências
uma missão, prepare-se – Primeira Metade da Tarefa Empresarial – Planejamento.
• A Vida é Bela
Trabalhamos uma cena que demonstra a importância de saber conduzir bem uma negocia-
ção, de forma a influenciar as demais partes envolvidas a fazerem suas escolhas de acordo com
o que você já pré-estabeleceu (moldando a negociação). A outra cena escolhida, foi a que o
personagem principal é preparado pelo tio para aprender a servir, destacando a importância de
fazê-lo com prazer e a diferença entre servir e subserviência.
• Alice no País das Maravilhas
No trecho escolhido Alice está perdida na floresta e ao encontrar o gato lhe pergunta que
caminho deve tomar. Ele responde que depende do lugar para onde ela quer ir, pois, se não
sabemos para onde estamos indo, qualquer caminho serve. A cena serviu para fazermos uma
reflexão sobre a importância de ter um rumo definido.
• Apollo XIII
A terceira missão tripulada do Projeto Apollo com destino à lua fracassou. Devido a uma fa-
lha técnica, a tripulação teve que abrir mão de um grande sonho e redirecionar, em meio a uma
grave crise, todos os seus esforços para retornar vivos à Terra.
• Coach Carter
O filme conta a história real de Ken Carter, que aceita ser treinador do time de basquete de
sua antiga escola, no subúrbio de uma cidade na Califórnia (EUA). Carter enfrenta tanto a falta
de talento dos alunos, quanto sua má-educação para torná-los campeões. Para isso, ele implan-
ta uma disciplina rígida, baseada na preparação, no respeito, na ética, no espírito de equipe, no
cumprimento de horários, e na conquista de boas notas. Acredita que a disciplina é fundamen-
tal para a obtenção de sucesso não só no esporte, mas na vida. O filme retrata a importância do
líder para motivar os estudantes / atletas a conseguirem vitórias no esporte, ao tempo em que
os educa para a vida. Seus métodos revertem as estatísticas da escola pública, em que jovens
estudavam, aonde quase ninguém chegava a universidade.
• Dennis, o Pestinha
Uma cena do filme mostra a importância de ter Foco. Sem saber definir o que é Prioridade,
nos desconcentramos e deixamos escapar o que é de fato relevante
• Fomos Heróis
Foi escolhida uma cena do filme que mostra o líder como responsável por todos os seus
liderados, o responsável pelas ações e estratégias. Por inspirar e confortar sua equipe, demons-
trando equilíbrio e confiança.
• Invictus
Lições de liderança de Nelson Mandela. Em uma história baseada em fatos reais, percebe-
mos as estratégias utilizadas por Mandela para superar as adversidades, unir o país, superando
os conflitos, criando o orgulho de ser um só povo, pertencendo a uma mesma nação.
• Limite Vertical
162 Focamos na cena inicial, onde uma situação de grave crise se apresenta, exigindo em meio
a muita tensão, uma rápida decisão. Mostramos que situações críticas exigem, muitas vezes,
Invista nas Pessoas Certas
decisões rápidas e, às vezes, difíceis de serem tomadas. Avaliamos que não tomar uma decisão,
também pode vir a ser uma tragédia ainda maior.
• Os Caçadores da Arca Perdida
Aproveitamos uma cena do filme para falar sobre eficácia. Precisamos ter objetividade.
Simplificar as coisas. Buscar a Eficácia antes da Eficiência. Os Resultados devem direcionar
nossas ações.
• Perfume de Mulher
Numa cena antológica do filme, o personagem cego, vivido por Al pacino, dança tango
com uma jovem, demonstrando que preparo, confiança e sensibilidade permitem a supera-
ção das adversidades. É preciso coragem para ousar o que parece, a princípio, muito difícil de
ser realizado.
• Sociedade dos Poetas Mortos
Escolhemos cenas do filme Sociedade dos Poetas Mortos para refletirmos a respeito de uma
série de questões relacionadas à vida, seu significado e o valor que conferimos a ela.
• Treze Dias que abalaram o Mundo
Filme que retrata, durante a Guerra Fria, o envio de mísseis por parte da União Soviética
para Cuba, criando uma crescente tensão política entre os dois países e os Estados Unidos. Este
filme relata os 13 dias nos quais foi solucionada a crise, destacando as tensões envolvidas e o
modo como o presidente John Kennedy conduziu todo o processo de negociação.
4. TEXTOS E REPORTAGENS
• A Arte de dizer Não. Baseado no texto “The art of saying No, escrito por Harriet Hodg-
son”. O texto retrata a importância de aprender quando se deve aceitar ou rejeitar favores
solicitados pelos colegas de trabalho, uma vez que estes podem comprometer a produtivi-
dade e o crescimento profissional, tanto de quem solicita quanto de quem executa.
• A Budweiser é nossa, por Lauro Jardin, Revista Veja – 23/07/2008. Também fala da tra-
jetória dos brasileiros que já haviam criado a Inbev, e agora, compram a cerveja – símbolo
dos americanos. Os sete meses que se passaram desde as primeiras até o triunfo final foram
divididos entre a estruturação financeira da operação e a penosa luta política para que ela se
concretizasse. Demonstra todo o processo de evolução da negociação, os impecilhos que
surgiram, mas como no final conseguiram assegurar o negócio.
• A Caça aos Talentos, por João Loes e Mauro Silveira, com Márcia Rocha – Revista Épo-
ca, 23/08/2008. Traz ensinamentos de grandes empresas sobre como atrair e manter
bons profissionais. Fala sobre o processo que a economia mundial vem passando, e as em-
presas, para sobreviver no mercado competitivo, precisam de gente mais qualificada, capaz
de criar soluções novas, aumentar a produtividade, cativar clientes.
• A dose certa da assertividade. Por Renata Avediani. Revista Você S/A – Edição 124.
Clareza e foco são essenciais para o sucesso profissional. Comunicar idéias com clareza,
manter o equilíbrio durante uma discussão e aceitar pontos de vista diferentes são atitudes 163
Referências
interferir na carreira. No trabalho em equipe, seja como gestor ou não, a postura dos inte-
grantes pode ser decisiva para os resultados finais, levando ao sucesso ou ao fracasso da
atividade e do desempenho dos envolvidos.
• A empresa verde é um caminho sem volta (Revista Época, 19/06/2008): Entrevista
com Fabio Barbosa, Presidente do Santander no Brasil. Ele percebeu como uma instituição
financeira poderia induzir práticas sociais e ambientais mais responsáveis em todo o setor
privado. Levou o banco a adotar atitudes pioneiras, que depois foram incorporadas pelo
mercado.
• A Gestão da Promon, por Denise Ramiro – Revista Época, 23/08/2008; falando sobre
a estratégia do líder da Promon, Luiz Ernesto Gemignani, para desenvolver e preservar os
talentos da empresa, e como seu estilo de gestão vem inspirando presidentes de outras
organizações;
• A Vitória do Novo Capitalismo Brasileiro, por Celso Masson e João Loes, com Peter
Moon e Thiago Cid, Revista Época – 18/07/2008. O modo como um grupo de executi-
vos brasileiros adquiriu um dos símbolos do capitalismo americano, passando assim a con-
trolar 25% de toda cerveja produzida no mundo. Ressaltando a importância da aquisição, já
que a empresa tem um brasileiro, Carlos Brito, na sua presidência.
• Ajudar a salvar o planeta é bom negócio (Gazeta Mercantil/ Responsabilidade Social/
Terceiro Setor, 03/06/2008): Fonte de inspiração para os novos líderes, Ray Anderson,
fundador e CEO da InterfaceFLOR, uma das maiores fabricantes de carpete do planeta,
tem andado o mundo empunhando a bandeira de que os negócios, mais do que gerar lu-
cro, podem e devem resultar em valor para a sociedade e para o planeta. Em entrevista,
Anderson conta como é possível unir benefícios socioambientais com lucros, revela como
começou, em 1994, a mudar a forma de pensamento de seus 4000 funcionários e a sua
própria para enfrentar os novos dilemas econômicos, ambientais e sociais.
• “Caçar Talentos é com eles”, da Revista Você S/A, edição 120, que traz o pensamento de
Alfredo Assumpção e Jacques Sarfatti, dois brasileiros que estão entre os headhunters mais
influentes do mundo. A reportagem tem também uma entrevista com o headhunter espa-
nhol Ignacio Bao, Presidente da Signium International, que atua em 20 países recrutando
jovens executivos. Critérios para identificação dos talentos, perfil desejado, conselhos para
os líderes, Planejamento da Carreira, oportunidades, exigências e desafios do mercado
mundial. Todas essas questões são abordadas por estes profissionais;
• Carta IEDI n. 305 - Tributação em Perspectiva Comparada: Impactos Sobre os Negó-
cios.
• Carta da Terra: Reúne um conjunto de visões, valores e princípios que podem reorganizar
a sociedade mundial. É uma declaração de princípios fundamentais para a construção de
uma sociedade global no século XXI, que seja justa, sustentável e pacífica. O documento
procura inspirar em todos os povos um novo sentido de interdependência global e de res-
164 ponsabilidade compartilhada pelo bem-estar da família humana e do mundo em geral. A
visão ética inclusiva do documento reconhece que a proteção ambiental, os direitos huma-
Invista nas Pessoas Certas
Referências
sita ao Nepal, deparou-se com um cenário de extrema ignorância e miséria. A viagem fez
com que o executivo retornasse ao local para fundar a Room to Read, organização que aju-
da crianças carentes a aprender a ler e escrever. Resultado dessa experiência foi o livro “Saí
da Microsoft para mudar o mundo”.
• Governo de Dubai compra participação no Cirque du Soleil, Nota retirada do site Opi-
nião e Notícia – 07/08/2008: o Cirque du Soleil, companhia de circo canadense que atrai
cerca de 10 milhões de espectadores por ano, teve 20% de sua participação adquirida por
duas empresas de investimento do governo de Dubai (Emirados Árabes Unidos). O valor
da transação – 400 milhões de dólares. O acordo prevê a construção de um teatro, com ca-
pacidade para 1.800 espectadores, para receber o espetáculo em Dubai, que quer se tornar
um dos principais destinos turísticos da região.
• Grandes Decisões - Especial Exame 28/03/2007 (Lições de Sucesso de Lideranças
Empresariais);
• InBev torna-se maior cervejaria do mundo, por Denyse Godoy, Folha de São Paulo -
15/07/2008. A aquisição da cervejaria americana Anheuser-Busch pela belgo-brasileira
InBev, criando a terceira maior empresa de bens de consumo do mundo em valor de mer-
cado. Para que isto se tornasse possível, foi fundamental a atuação dos seus executivos,
destacando-se, dentre eles, Jorge Paulo Lemann, por meio de uma bem estruturada cultura
organizacional.
• Matéria “Como atrair e manter bons profissionais” - Pesquisa: As 100 melhores em-
presas para trabalhar 2008-2009, do Great Place to Work Institute, que cita cinco itens
para atrair e manter bons profissionais: Salários Compatíveis; Sistema de Comunicação
Eficaz e Eficiente; Educação Continuada; Clima de Diálogo e Transparência.
• Nada menos que o melhor, por Rodrigo Vieira da Cunha. Revista Você S/A, Janeiro de
2003. Bernardo da Rocha Rezende, o Bernardinho, fala como construiu a sua carreira no
esporte baseada em lições de liderança e estratégias organizacionais.
• O Coração Verde de Gisele (Revista Época, 22/10/2007): Gisele Bündchen, a modelo
mais famosa do mundo, que se tornou uma das figuras mais importantes da luta ambiental.
Após sua participação num comercial de sandálias gravado na aldeia dos índios kisêdjês, no
Médio Xingu, em Mato Grosso, ela passou a ser uma ativista ambiental. Desde 2006, ela faz
doações e divulga campanhas ambientalistas ajudando a atrair a atenção de um público novo.
• O fisco, os contribuintes e a nova era fiscal. Texto de Mário Monegatti, escrito dia
20/05/2008.
• O governo e o estímulo à sustentabilidade (Gazeta Mercantil/ Responsabilidade So-
cial/ Estratégias, 08/07/2008): Compras públicas precisam valorizar mais os critérios
socioambientais. Os governos, cujas compras representam 10% do PIB nacional, podem
ser indutores na adoção de padrões sustentáveis. Ao considerarem aspectos como o ciclo
de vida do produto como menor consumo de matéria-prima, possibilidade de reutilização
166 ou reciclagem, ou ainda critérios baseados em impactos sociais e ambientais, seus proces-
sos de licitação pública criam ou ampliam a demanda por produtos e serviços mais susten-
Invista nas Pessoas Certas
táveis, reduzindo os riscos dos produtores e aumentando as margens de lucro deles por
meio de economia de escala.
• O Peso da Decisão – Entrevista com Robert Francis Kennedy, na Edição da Veja de Ou-
tubro de 1962; O então secretário de Justiça dos EUA defende a estratégia da Casa Branca,
conta as lições que aprendeu com o irmão presidente e revela os bastidores da crise dos
mísseis de Cuba.
• O que é Gestão Financeira? Texto produzido por Jorge Pereira, Instrutor e Consultor do
SEBRAE/BA em Administração Financeira.
• ONU reúne grandes empresas para falar de direitos humanos e meio ambiente (Notí-
cias UOL, 04/07/2007): Mais de 800 diretores de algumas das maiores companhias do
mundo se reúnem em Genebra para discutir como melhorar, a partir do âmbito empresa-
rial, o respeito aos direitos humanos e ao meio ambiente, em uma cúpula que será o ato da
ONU com maior participação privada da história.
• Os Oito Objetivos do Milênio - Em 2000, a ONU – Organização das Nações Unidas, ao
analisar os maiores problemas mundiais, estabeleceu os 8 Objetivos do Milênio: Acabar
com a fome e a miséria; Educação Básica de qualidade para todos; Igualdade entre sexos
e valorização da mulher; Reduzir a Mortalidade Infantil; Melhorar a Saúde das Gestantes;
Combater a Aids, a Malária e outras doenças; Qualidade de Vida e Respeito ao Meio Am-
biente; e Todo mundo trabalhando pelo Desenvolvimento.
• Painel Executivo da Revista Exame (solicitação de profissional). Retratando as exigências
no perfil do profissional para o mercado de trabalho.
• Parem de gastar tanto dinheiro. Entrevista de Ana Luiza Herzog com Michael Porter.
Guia Exame – Sustentabilidade, 29.11.2007.
• Peça Chave, por Roseli Loturco – Revista Você S.A, edição 121. Mostra o processo de evo-
lução do Diretor de Relações Institucionais, que passou ao status de líder dentro de grandes
empresas nacionais e atua como interlocutor do presidente dentro e fora da organização.
Mostra ainda as principais habilidades e competências necessárias para ocupar o cargo.
• Porque não somos como eles (Revista Exame – Especial Filantropia, 21/02/2008):
Nos Estados Unidos, empresários como Warren Buffett e Bill Gates são incentivados a
repartir sua fortuna com a sociedade. No Brasil, apesar das enormes demandas, ocor-
re o contrário. Para quem tem uma fortuna nos Estados Unidos, faz mais sentido finan-
ceiro criar fundações com objetivos sociais e colocar os filhos para comandá-las do que
transferir o patrimônio diretamente a eles. Isso sem contar a possibilidade de abater do
imposto de renda boa parte do dinheiro investido em causas sociais. No Brasil, a lei não
oferece incentivos para investimentos sociais de pessoas físicas e permite apenas, que as
empresas deduzam como despesa, as doações que fazem a suas fundações e institutos até
o limite de 2% do lucro.
• Planejamento Tributário nas empresas de advocacia do Distrito Federal. Trabalho de-
senvolvido na graduação de Ciências Contábeis da Universidade de Brasília. Autora: Vanair 167
Alves de Oliveira, Bacharelado em Ciências Contábeis do 1º semestre de 2004. Professor
Referências
Orientador do Trabalho: Paulo César Chagas.
• Quem tem Blog vai a Roma, por Miguel do Rosário – Insight Inteligência, Abril / Maio
/ Junho 2008. O acesso a internet está cada vez mais abrangente entre os brasileiros. A
cada dia que passa ela vem se tornando a maior ferramenta de interatividade, diversão e
troca de informações. Um dos grandes protagonistas dessa ascensão da internet, por conta
da facilidade do seu uso para expressar idéias e experiências, são os blogs. Esses espaços
virtuais, democráticos e gratuitos estão sendo criados a todo o instante. Por conta de sua
popularidade e de sua aproximação com o público, os blogueiros se tornaram verdadeiros
formadores de opinião.
• Reação ao Bombardeio, por Malu Gaspar – Revista Exame em 13.08.2008; O Mr.
X da Bolsa, por Ronaldo França e Ronaldo Soares – Revista Veja, edição 2065, em
18.06.2008. Textos utilizados no Estudo de Caso referente à Eike Batista.
• Reportagem 3.700 Vagas, da Revista Você S/A, edição 120, mostra, os planos de expan-
são da Vale, segunda maior mineradora do mundo, destacando a política de contratação da
empresa, o perfil procurado, e as oportunidades;
• Reportagem A Implosão de um Ícone, por Daniel Hessel Teich – Revista Exame, em
26.06.2008. Mostra todo o histórico do Caso Kodak, desde como iniciou seu processo de
crise no mercado mundial, os principais erros cometidos, passando pelo processo de rees-
truturação que a empresa enfrentou e seus desafios para o futuro;
• Sustentabilidade cai nas graças do investidor (Gazeta Mercantil/ Responsabilidade So-
cial/ Mercado Financeiro, 17/06/2008): Adotar critérios para análise de riscos socioam-
bientais faz companhia se valorizar. A sustentabilidade tem sido um parâmetro cada dia mais
utilizado por investidores na hora de escolher empresas, principalmente em segmentos con-
servadores que buscam segurança e constância no retorno. Socialmente responsável, ético,
verde ou sustentável são algumas denominações atribuídas ao processo de investimento que
considera as conseqüências socioambientais, tanto positivas quanto negativas, em um con-
texto de rigorosa análise financeira. Para Jean Philippe Leroy, diretor de relações com o mer-
cado do Bradesco, a sustentabilidade é uma tendência irreversível no mercado financeiro.
• Texto A Arte da Execução – Boas idéias não geram resultados. É sua implementação
com excelência que define a alta performance, de Oscar Motomura (Diretor Geral da
Amana-Kei, especializada em inovações em gestão e estratégia), Época Negócios, feve-
reiro de 2008. O texto traz reflexões a cerca da capacidade de execução, o que podemos
considerar na TEO como Segunda Metade da Tarefa Empresarial. Traça um paralelo entre
estratégias brilhantes que falham por serem mal executadas, e outras nem tanto originais
que fazem sucesso por serem implementadas com excelência. Há planos que fracassam
porque são executados por equipes despreparadas e com pouca sintonia. O autor destaca a
importância do acompanhamento. Uma decisão só tem valor se for executada.
• Texto A Comunicação do Real, por Cármen Guaresemin – Revista Época, em
168 23/08/2008: como o banco Real, mesmo vendido para o espanhol Santander, consegue
manter o alto clima de satisfação de seus funcionários, continuando calmos e focados, ado-
Invista nas Pessoas Certas
tando a estratégia da transparência, com uma comunicação ágil. O seu executivo Fábio Bar-
bosa manteve o pessoal informado sobre as mudanças – costumava responder a todas as
dúvidas dos empregados, tratou do assunto abertamente em seu blog, criado desde 2007,
que recebe em média 7 mil acessos de funcionário por mês.
• Textos da internet sobre a atleta Maurren Maggi: “A culpa é minha”; “Maurren Ma-
ggi conquista o primeiro ouro individual feminino do Brasil”; “Maurren é suspensa e
desfalca o Brasil no Pan-Americano”. Em 2003, Maurren foi flagrada usando esteróide
anabólico e suspensa por dois anos, pela Federação Internacional de Atletismo. Arrasada,
envergonhada com seu erro, abandonou as competições. Em 2006, decidiu voltar às pistas,
enfrentar eventuais desconfianças e desafiar seus limites. Ganhou, em 2007, o Pan-Ameri-
cano. Em Pequim, nas Olimpíadas, aos 32 anos, saltou 7,04 m e conquistou o ouro olímpico.
Coragem, determinação e superação nortearam o desejo de vencer da atleta brasileira.
• Transforme suas Reuniões em Resultados. Baseado no texto “10 thinks you can do to
organize and lead effective meetings, do Tech Republic”. O texto ressalta que se uma
reunião não for bem planejada e conduzida, pode se transformar em um ralo de produ-
tividade da organização. Para que ela cumpra seu papel, torna-se necessário, segundo o
artigo: Definir o verdadeiro motivo da reunião; Definir o objetivo e o tempo; Imprimir
e Distribuir o programa; Começar pontualmente e concluir antes; Preparar uma lista de
ações para o final; Fazer um resumo ao final.
• Um Jeito Pop de Fazer o Bem (Revista Época, Edição nº 460 – Comunidade,
09/03/2007): Angelina Jolie usa o status de celebridade para chamar a atenção para
causas humanitárias. Ela já visitou refugiados em 20 países, faz discursos na ONU e doou
US$ 50 milhões para projetos sociais.
• Um mergulho no Labirinto Tributário, por Roberta Paduan - Portal Exame, 04.09.2008;
• Vale analisa Xstrata com autorização do Conselho, segundo Bradesco. Por Deise de
Oliveira – Folha Online, em 28.01.2008. Matéria que traz detalhes da negociação que
estava em andamento entre a Vale e a Xstrata, se refere principalmente ao processo de ne-
gociação interna da Vale com seus acionistas.
• Vale anuncia fim das negociações para compra da Xstrata – Folha Online, em 25.03.2008.
Traz a nota ao mercado enviada pela Vale, comunicando o fim das negociações para a aqui-
sição da Xstrata.
169
Referências
Invista nas Pessoas Certas
170
IMAGENS E RECORDAÇÕES
172
Invista nas Pessoas Certas
173
Invista nas Pessoas Certas
174
Invista nas Pessoas Certas
175
Invista nas Pessoas Certas
176
Invista nas Pessoas Certas
177
Invista nas Pessoas Certas
178
Invista nas Pessoas Certas
179
Invista nas Pessoas Certas
180
Invista nas Pessoas Certas
181
Invista nas Pessoas Certas
182
Invista nas Pessoas Certas
183
Invista nas Pessoas Certas
184
Invista nas Pessoas Certas
185
Invista nas Pessoas Certas
186
Invista nas Pessoas Certas
187
Invista nas Pessoas Certas
188
Invista nas Pessoas Certas
189
Invista nas Pessoas Certas
190
TRIBUTO AO FUTURO
Tributo ao Futuro
192
Invista nas Pessoas Certas
A Lei 8069/90 permite a Destinação de parte do seu Imposto de Renda (IR) para
projetos sociais:
• Cidadão: pode escolher onde aplicar até 6% do IR pago todos os anos ao
governo. Utilizando o formulário completo na declaração, o valor da destinação
volta abatido do imposto a pagar, ou somado à restituição;
• Empresa: pode destinar até 1% do imposto devido, com base no lucro real.