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APRESENTAÇÃO
Nesta Unidade de Aprendizagem, você vai ve como ocorre a determinação das leis de
velocidade, tanto para a reação global quanto para o consumo/formação de cada um dos
componentes da reação. Além disso, também vão ser abordadas a ordem de reação e as
características que esses sistemas apresentam. Por fim, vão ser estudadas as reações reversíveis e
compostas, buscando mostrar um pouco mais a determinação das leis de velocidade em sistemas
mais complexos.
Bons estudos.
DESAFIO
A amônia é um dos compostos mais importantes produzidos pela indústria química, uma vez
que é utilizada como matéria-prima em
um grande número de processos. Entre as suas principais aplicações podemos destacar a síntese
de fertilizantes, os polímeros, o ácido nítrico, os produtos de limpeza, entre outros. Sua
produção industrial ocorre pelo processo Haber-Bosch, em que são misturados os gases
nitrogênio e hidrogênio.
Dessa forma, a compreensão da cinética química na formação desse composto é crucial para que
a planta industrial seja bem planejada e o processo de obtenção da amônia seja otimizado. Nesse
sentido, observe a situação a seguir.
INFOGRÁFICO
A temperatura é um importante fator para o aumento da velocidade nas reações químicas. Com
o aumento da temperatura, ocorre o aumento da velocidade de reação, uma vez que as moléculas
ganham mais energia cinética. Esse aumento na energia do sistema leva a um aumento na
frequência das colisões, acelerando assim a velocidade das reações. Sabendo dessa relação entre
a velocidade e a temperatura, o químico sueco Svante Arrhenius desenvolveu uma relação
matemática que correlaciona essas variáveis.
Confira, no Infográfico a seguir, uma relação matemática e a sua abrangência entre o aumento
da temperatura com a constante de velocidade de reação (k), de forma independente da
concentração dos reagentes. A equação apresentada é conhecida como equação de Arrhenius,
uma importante ferramenta para a determinação de parâmetros reacionais em transformações
elementares e compostas.
CONTEÚDO DO LIVRO
Dentro desse contexto, destaca-se o estudo para a obtenção das leis de velocidade, que fornecem
uma relação matemática entre a velocidade de uma reação e a concentração dos seus
componentes. Uma vez estabelecida a lei de velocidade de uma reação, ela permite uma melhor
projeção nos equipamentos necessários para a produção dos compostos de interesse, em maior
rendimento e menor custo.
Boa leitura.
CINÉTICA
E PROJETO
DE REATORES
HOMOGÊNEOS
Leis de velocidade
Lucas Loss Baldassari
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
Introdução
Cinética química é a área responsável por estudar a velocidade das reações. Para
isso, diversos parâmetros são analisados, como a temperatura, a pressão, a con-
centração e estequiometria de reagentes e o volume. Do ponto de vista industrial,
o engenheiro químico deve compreender a cinética das reações químicas, pois ela
permite planejar a produção de determinado composto e calcular as dimensões
necessárias de reatores e outros equipamentos. É necessário conhecer a velo-
cidade das reações globais e elementares, o que é possível com a determinação
das leis de velocidade.
Neste capítulo, você vai estudar os conceitos básicos sobre a cinética das rea-
ções, com foco na obtenção das leis de velocidade de reações em fase homogênea.
Além disso, vai conhecer o desenvolvimento das leis de velocidade para reações
de primeira e segunda ordem, bem como reações de ordem zero, também serão
abordados. Por fim, vai conferir o desenvolvimento das leis de velocidade para
reações reversíveis e compostas.
(1)
Leis de velocidade 3
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(3)
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Leis de velocidade 5
De modo geral, para uma dada reação química aA + bB → rR + sS (a, b,
c e d são os coeficientes estequiométricos dos reagentes e produtos), as
velocidades de consumo dos reagentes A e B e de formação dos produtos
C e D são dadas pela equação a seguir:+ sS (a, b, c e d são os coeficientes
estequiométricos dos reagentes e produtos), as velocidades de consumo
dos reagentes A e B e de formação dos produtos C e D são dadas pela
equação a seguir:
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(11)
(12)
A ordem global de uma reação química é dada pela soma dos coefi-
cientes estequiométricos dos reagentes. Já a ordem específica de cada
reagente é dada pelo seu coeficiente estequiométrico. Confira os dois
exemplos a seguir:
Exemplo 1
aA + bB → cC → cC
Exemplo 2
2CO(g) + O2(g) → 2CO2(g)
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12 Leis de velocidade
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(25)
(26)
kA = 2kB = 2k
Podemos concluir que, para reações de segunda ordem, as velocidades
variam com o quadrado da concentração do reagente A. Caso a concentração
do reagente seja triplicada, isso resultará em um aumento na velocidade
da reação em nove vezes (SILVEIRA, 2015). A Figura 5 apresenta o gráfico
que correlaciona a velocidade com a concentração, evidenciando que essas
variáveis estão correlacionadas em uma escala quadrática.
(27)
(28)
A B
A velocidade resultante da reação (consumo de um reagente ou formação
de um produto) é o obtida pela soma entre a reação direta e a inversa (SIL-
VEIRA, 2015). Essa situação é representada pela seguinte equação, na qual
um reagente j está sendo consumido ou um produto j está sendo formado:
(29)
14 Leis de velocidade
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(31)
(32)
(33)
Leis de velocidade 15
Exemplo 1
Confira como são feitas as equações cinéticas das seguintes reações
compostas:
Etapa 1
r1 = k1 · C2A
Substituindo na equação geral R = vr:
R1A/–2 = R1B = r1
Considerando as leis de velocidade:
(–R1A) = 2k1 · C 2A e R1B = k1· C 2A (Equações para o consumo de A e formação de B)
Etapa 2
r2 = k2·CB
R2B/–1 = R2A/2 = r2
(–R2B) = k2 · CB e R2A = 2k2 · CB (Equações para o consumo de B e formação de A)
Etapa 3
r3 = k3 · CB · CC
R3B/–1 = R3C/–1 = R3D/1 = r3
(–R3B) = (-R3C) = R3D = k3.CB.CC (Equações para o consumo de B e C e formação de D)
Etapa 4
r4 = k4 · CD
R4D/–1 = R4A/1 = R4B/1 = r4
(–R4D) = (R4A) = R4B = k4 · CD (Equações para o consumo de D e formação de A e B)
16 Leis de velocidade
Etapa 5
r5 = k5 · CD
R5D/–1 = R5E/2 = r5
(–R5D) = k5 · CD e R5E = 2k5 · CD (Equações para o consumo de D e formação de E)
onde R1C = R2C = R4C + R5C = 0, pois C não está envolvido nas etapas 1, 2, 4 e 5.
R3C = RC = – k3 · CB · CC
O reagente C é consumido na etapa 3, resultando na velocidade com sinal
negativo.
onde R1E = R2E = R3E = R4E 0, pois E não está envolvido nas etapas 1, 2, 3 e 4.
R5E = RE = 2k5CD
O reagente E é formado na etapa 5 e, por isso, sua velocidade está com
sinal positivo.
Referências
BADINO JUNIOR, A. C.; CRUZ, A. J. G. Reatores químicos e bioquímicos: um texto intro-
dutório. São Carlos: UFSCar, 2012.
OLIVEIRA, N. M. B. Fundamentos de cinética e introdução ao cálculo de reatores. Londrina:
Editora e Distribuidora Educacional, 2017.
SCHMAL, M. Cinética e reatores: aplicação na engenharia química. 3. ed. Rio de Janeiro:
Synergia, 2017.
SILVEIRA, B. I. Cinética química das reações homogêneas. 2. ed. São Paulo: Blucher, 2015.
WRIGHT, M. R. An introduction to chemical kinetics. West Sussex: John Wiley & Sons, 2004.
Muitas reações químicas têm sua velocidade determinada pelos dados experimentais. Nesses
casos, a evolução de uma reação pode ser acompanhada por meio de medidas da concentração
de algum componente ou de alguma propriedade física do sistema.Após a obtenção dos dados
experimentais, estes podem ser tratados por diferentes métodos, tais como o diferencial, o
integral e o das meias-vidas.
Nesta Dica do Professor, veja como é feita a determinação da velocidade de reação pelo método
diferencial.
EXERCÍCIOS
1) Para uma reação não elementar, a velocidade de uma reação química está diretamente
relacionada com a concentração de seus componentes, sendo possível prever a ordem da
reação mediante avaliação da influência da concentração que certos componentes têm na
lei de velocidade. A seguinte tabela apresenta as alterações na velocidade das reações
quando ocorre a alteração na concentração dos reagentes:
Sabendo que a reação estudada ocorre em mais de uma etapa para a formação dos
produtos, determine a sua lei de velocidade.
A) V = k×[A]2×[B]3×[C].
B) V = k×[A]2×[B]×[C]3.
C) V = k×[A]4×[B]3×[C]8.
D) V = k×[A]×[B]×[C].
E) V = k×[A]×[B]2×[C]3.
2) Na cinética química, uma reação de segunda ordem é aquela cuja velocidade varia
conforme o quadrado da concentração do reagente. Sabendo disso, determine as
velocidades de reação, consumo de A e formação de B da reação de segunda ordem
do tipo 2A → B, em que são dados os valores da constante de velocidade k (kA =
1,65×10-3L/mol×s) e de CA = 0,25mol/L.
A) (–RA) = 1,0312×10-4mol/L×s e RB = 0,5156×10-4mol/L×s.
Reações de combustão, por exemplo, são irreversíveis e formam como produto gás
carbônico e água. As reações __________ são aquelas que existe um equilíbrio na
formação de produtos pelos reagentes e a síntese de reagentes pelos produtos. Com
isso, é uma reação constituída por duas reações ____________. Já nas reações
___________ ocorre mais de uma etapa elementar para a formação de um
determinado composto, existindo diversas constantes de velocidade, uma para cada
componente.
Sobre essas reações são feitas as seguintes afirmativas. Marque (V) para as
verdadeiras e (F) para as falsas.
A ordem global para a reação da Equação 2 é 4, e sua lei de velocidade pode ser dada
pela seguinte equação: V = k×[H2]2×[NO]2.
A) F, V, V.
B) F, F, V.
C) V, F, F.
D) V, F, V.
E) V, V, F.
Reações elementares levam a formação do produto em apenas uma etapa. Para esse tipo de
reação, a ordem de velocidade pode ser obtida a partir da equação química cujos coeficientes
estequiométricos fazem parte da relação entre a concentração e a velocidade. Quando a reação
estudada não é elementar, ou seja, leva a formação do composto de interesse em mais de uma
etapa, a lei de velocidade da reação deve ser obtida mediante análise da etapa lenta, que é a
determinante para a velocidade desta.
Veja, Na Prática a seguir, como o engenheiro Marcelo utilizou seus conhecimentos sobre
cinética química para obter a lei de velocidade de uma reação não elementar a partir de dados
experimentais.
SAIBA +
Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do
professor:
Confira esta interessante videoaula sobre as leis de velocidade, explicada pelo professor Thiago,
do canal Explica Mais. Ele aborda a obtenção da lei de velocidade por meio da correlação entre
a concentração de reagentes de uma reação química e a sua influência na velocidade da
transformação química estudada.
Neste artigo, leia a influência de importantes parâmetros reacionais sobre a cinética das reações.
Veja com mais detalhes que o aumento da temperatura conduz ao aumento da colisão entre
moléculas, aumentando a energia cinética do sistema, acelerando as reações e facilitando a
formação de produtos.
Neste vídeo, confira a obtenção da velocidade média em transformações químicas. Esse tipo de
abordagem é importante quando é observada uma variação na concentração dos reagentes com o
passar do tempo, sendo estes consumidos em diferentes taxas.
Estude as leis de velocidade neste interessante livro, que reforça os conceitos mais importantes
de cinética química e apresenta exemplos de como esse tópico é estudado na indústria.