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INTRODUÇÃO .................................................................................................. 3
11 PSICOMOTRICIDADE .......................................................................... 40
BIBLIOGRAFIA ............................................................................................... 55
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INTRODUÇÃO
Prezado aluno!
Bons estudos!
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1 COMUNICAÇÃO AUMENTATIVA/ALTERNATIVA
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independência, qualidade de vida e inclusão social, através da ampliação de sua
comunicação, controle de seu ambiente, habilidades de seu aprendizado, trabalho e
integração com a família, amigos e sociedade.
A Comunicação Aumentativa e Alternativa - CAA é uma das áreas da TA que
atende pessoas sem fala ou escrita funcional ou em defasagem entre sua
necessidade comunicativa e sua habilidade em falar e/ou escrever. Busca então,
através da valorização de todas as formas expressivas do sujeito e da construção de
recursos próprios desta metodologia, construir e ampliar sua via de expressão.
Recursos como as pranchas de comunicação, construídas com simbologia gráfica
(desenhos representativos de ideias), letras ou palavras escritas, são utilizados pelo
usuário da CAA para expressar suas questões, desejos, sentimentos, entendimentos.
A alta tecnologia nos permite também a utilização de vocalizadores (pranchas
com produção de voz) ou do computador, com softwares específicos, garantindo
grande eficiência na função comunicativa. Desta forma, o aluno com deficiência,
passa de uma situação de passividade para outra, a de ator ou de sujeito do seu
processo de desenvolvimento.
Sendo assim, os recursos de comunicação de cada pessoa são construídos de
forma totalmente personalizada e levam em consideração várias características que
atendem às necessidades deste usuário. Não existe uma regra fundamental, é
necessário avaliar o método que melhor funciona para cada criança, escolhendo
sempre, com toda a certeza, técnicas que sejam embasadas por conhecimento e
pesquisas científicas.
Fonte: www.reab.me
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2 HISTÓRICO DA COMUNICAÇÃO ALTERNATIVA (CA)
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maneira informal e infelizmente sem registros. PELOSI (2008, P. 20, apud GROSKO,
2016, p 18) relata que, por volta de 1940, pais de crianças com paralisia cerebral
fundaram a New York State cerebral Palsy Association.
A Educação especializada dessa época tinha caráter assistencialista, e era
fragmentada no atendimento por deficiências, não sendo relevante às especificidades,
necessidades e diferenças individuais de cada aluno. O maior desafio era dar vez e
voz a essas crianças, proporcionando habilidades para estabelecimento de uma
comunicação significativa e eficaz, tornando-as agentes desse processo comunicativo
que deveria e deve ir muito além do contexto social, assegurando assim o direito pleno
de sua cidadania. Os estudos sobre comunicação alternativa para indivíduos não
verbais ou sem fala funcional são recentes e datam do pós-guerra com a criação do
Blissymbolics, por Charles Bliss. O sistema de símbolos Bliss foi desenvolvido para
ser utilizado como uma comunicação universal, conforme relata WOLF (2009, p. 73,
apud GROSKO, 2016, p 19): “Charles Bliss dedicou muito de sua vida para o
desenvolvimento desta língua internacional que, segundo ele, poderia ser
compreendida por todos ao redor do mundo. Ele desejava promover a paz mundial,
eliminando a falta de compreensão entre pessoas falantes de diferentes línguas”.
A discussão sobre a Comunicação Alternativa começa com a abordagem
oralista que era predominante nas intervenções pedagógicas dos sistemas
educacionais da época, sem uma metodologia específica para crianças com
limitações na fala. Esta forma de se comunicar foi principalmente utilizada com
pessoas surdas.
REILY (2009, p. 55, apud GROSKO, 2016, p 19), “(...) destaca a importância
que a língua de sinais teve para a mudança de paradigma da educação especial (...)
por intermédio de outros sistemas que não a oralidade”. Estes mesmos autores
complementam que “a aceitação da língua de sinais teve grande repercussão nos
processos educacionais de alunos não falantes sem alterações importantes, no final
da década de 1950”. Percebe-se um avanço na utilização de outras formas e
estratégias de comunicação que não a oralista, pois, nesse período, estratégias com
alternativas de comunicação para pessoas que não conseguiam se comunicar através
da fala ERAM POUCO CONHECIDAS.
WALTER (2000, p.1, apud GROSKO, 2016, p 21) ressalta que “foi na década
de 90 que a Comunicação Alternativa começa a ser questionada e implementada no
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campo cientifico, passando a compor a metodologia utilizada por pesquisadores de
programas de pós-graduação em educação especial”. Atualmente, em nosso país,
existem inúmeros artigos, trabalhos, pesquisas e teses publicadas que abordam a
Comunicação Alternativa em diferentes contextos. Sendo que a maioria apresenta
resultados positivos na sua aplicação, fornecendo caminhos e subsídios para sua
implementação, na perspectiva de uma inclusão responsável, numa visão
construtivista, transdisciplinar e multidisciplinar que valoriza a diversidade e busca
romper as barreiras existentes entra as dicotomias: ensino regular x ensino especial
na construção de estabelecimentos de sistemas educacionais com qualidade de
acordo com os preceitos constitucionais.
3 RECURSOS ALTERNATIVOS
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Segundo SOUZA, 2000, para aumentar a durabilidade, os símbolos são
protegidos por capa plástica, contact ou placa de acrílico. As pranchas de
comunicação têm a vantagem de serem relativamente de fácil transporte, dependendo
das condições de locomoção do usuário e do tamanho da prancha. Apresentam,
porém, a desvantagem de limitar o número de símbolos, em função do tamanho dos
próprios símbolos e da prancha ou dispositivo semelhante.
O uso de um avental que o interlocutor (professor, terapeuta, pais) veste, pode
ser um exemplo de outro tipo de suporte para colocação de símbolos é. Isso possibilita
à criança olhar ou mesmo tocar no símbolo desejado durante determinada atividade.
Em casos em que crianças que apresentam comprometimento motor mais
grave, o acesso aos símbolos pode ser possibilitado ou facilitado quando estes estão
dispostos em equipamentos eletrônicos, como comunicadores e computadores.
O computador é uma importante via de acesso aos símbolos, com ou sem uso
de adaptações, como protetor de teclado (keyboard), teclado expandido, mouse
adaptado e acoplado a acionadores.
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Fonte: educaoespecialeastic.blogspot.com
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Segundo CALADO et al. (2012, apud ALMEIDA, 2015, p 17), o método em
questão tem como objetivo principal fornecer um meio de comunicação a crianças
e/ou jovens com deficiência intelectual, auditiva, défice cognitivo e autistas. Mesmo
nos casos em que a capacidade intelectual para a aprendizagem e a memorização é
bastante fraca e, desse modo não se consigam verificar grandes evoluções para além
dos estados iniciais, este sistema permite à criança ter um sistema alternativo de
comunicação muito útil. Ao recorrer a gestos e a símbolos, em simultâneo com a fala,
permite desenvolver a comunicação funcional, a estrutura da linguagem oral e da
literária, facilitando o acesso aos significados do e no mundo, com os outros, o que
proporciona maior disponibilidade para a relação social.
No que diz respeito ao sistema Bliss, de acordo com GONÇALVES (2011),
CALADO et al. (2012) e PINHEIRO (2012), (apud ALMEIDA, 2015, p 18) é constituído
por símbolos que são traços negros sobre o fundo branco, com formas
essencialmente geométricas, básicas, de natureza pictográfica e ideográfica, que
podem ser organizados, sintaticamente, em tabelas de comunicação e representam
conceitos simples ou complexos. Os elementos básicos são usados em várias
combinações, para representar milhares de significados. Atualmente, há cerca de
2500 símbolos Bliss existentes.
Estes são exemplos de símbolos Bliss:
Fonte: http://alternativainclusiva.blogspot.com
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símbolos são para apreender e fixar. Entretanto, para haver uma boa aquisição deste
sistema é necessário que haja uma boa capacidade de discriminação visual (de forma
a distinguir o tamanho, a configuração e orientação dos símbolos). Desta forma, este
sistema é considerado adequado a indivíduos que, embora não estejam bem
preparados na ortografia tradicional, possuem potencial para aprender e desenvolver
um extenso vocabulário, com bom desempenho intelectual, mas com dificuldades na
fala e problemas de leitura (GONÇALVES, 2011, apud ALMEIDA, 2015, p 19).
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sendo quatro cadeirantes. Participaram também a professora da turma e quatro
assistentes de pesquisa.
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comunicação. As imagens foram impressas em uma folha de papel tamanho A4, em
duas colunas e três linhas e inseridas em páginas plastificadas de uma pasta catálogo.
5.2 Procedimentos
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pictogramas foram usados para descrever ações desempenhadas por um aluno, uma
assistente ou a professora.
Exemplo: CLAUDIA CAI DA CADEIRA, YAGO JOGA BOLA PARA
FERNANDO, para solicitar que um dos presentes realizasse alguma tarefa (ALZIRA
ESCREVE, PROFA IEDA DERRAMA ÁGUA, LEONARDO LÊ, FERNANDO PEGA
CHOCOLATE, etc.) e para informar sobre pessoas ausentes (INES DOENTE).
O álbum de comunicação foi usado, em três sessões, através do apontar cada
pictograma desejado ou através de varredura feita pelas assistentes para os alunos
que estavam impossibilitados de fazê-lo.
A atividade principal desenvolvida com os alunos com o recurso do álbum foi
interpretação de textos lidos. Nas duas primeiras sessões, as assistentes liam em voz
alta três pequenas histórias que tinham como personagens os próprios alunos da
turma e cada um deles era convidado a responder as perguntas sobre a história lida.
Na última sessão, uma das alunas contou oralmente sua própria história e os
colegas responderam as questões formuladas pelo ela. Em todas as sessões as
assistentes de pesquisa funcionavam como interlocutoras dos alunos, mas os
auxiliavam igualmente a construir suas sentenças pictográficas, através de varredura
simples dos pictogramas para que o aluno sinalizasse a figura desejada e varredura
verbalizada, quando além da varredura, a assistente verbalizava cada figura apontada
por ela.
Análise dos dados, as sessões de introdução e emprego dos recursos de
comunicação alternativa foram todas vide grafadas e. Assim foram identificados os
episódios interativos efetivados, o interlocutor que realizou a iniciativa de interação, o
que respondeu à iniciativa de interação, a extensão média dos episódios interativos,
a topografia das ações comunicativas e as funções comunicativas.
Abaixo seguem as definições dos termos.
a) Episódio interativo efetivado. O episódio é iniciado com um ato
comportamento comunicativo de uma pessoa claramente dirigido a outra pessoa,
produzindo um efeito sobre o interlocutor sob a forma de uma resposta verbal ou não
verbal. Um episódio interativo termina de duas formas:
1- Quando o foco comum de atenção dos interlocutores é substituído por outro
foco comum;
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2- Quando a iniciativa de interação, verbal ou não-verbal, não é seguida de
qualquer resposta do interlocutor, nem mesmo um olhar dirigido ao iniciador,
sendo, neste caso o episódio classificado como não efetivado;
3- Quando o aluno iniciador após a resposta do interlocutor, dirige sua atenção
para outra pessoa, excluindo o primeiro interlocutor da interação.
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Há uma diversidade de taxonomias, as quais variam quanto ao nível de análise
(dos enunciados simples, da relação entre enunciados, da conversação, do contexto
da interação social) e quanto à adequação à idade dos sujeitos e à forma da
comunicação (verbal ou não verbal) (CHAPMAN, 1981, apud TOGASHI, et al., 2007).
Assim, para classificar funções comunicativas em crianças pequenas e não
verbais, e para analisar comunicação de crianças no período pré-escolar.
5.3 Resultados
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Já a figura 2 é possível visualizar a frequência média das respostas às
iniciativas dos participantes utilizando os dois modelos de prancha de comunicação .
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As mensagens gráficas e verbais foram as mais frequentemente emitidas sob
ambas as condições. As gráficas, contudo, ocorreram com igual frequência nas duas
situações: emprego da caixa e do álbum de comunicação. As mensagens verbais
foram, contudo, mais numerosas quando se empregava o álbum de comunicação.
Na figura 4 abaixo está apresentada a freqüência das mensagens com
diferentes funções comunicativas por sessão sob as duas condições – caixa e álbum
de comunicação.
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Fonte: COMUNICAÇÃO ALTERNATIVA E A UTILIZAÇÃO DE DIFERENTES MODELOS DE
PRANCHAS DE BAIXA TECNOLOGIA –2007
Pode-se afirmar que a grande maioria dos episódios interativos teve entre um
e dois elos comunicativos em ambas as situações. Ou seja, a iniciativa de interação
foi respondida e a interação foi prolongada com nova iniciativa e nova resposta .
De acordo com o estudo que a equipe de TOGASHI, et al., 2007, bem como os
resultados, concluiu-se que:
- Os dois formatos de prancha de comunicação foram empregados em funções
comunicativas distintas: saudação, descrição de eventos e comandos mais frequentes
com a caixa e interpretação de texto com o álbum.
- Maior densidade de iniciativas e de respostas por parte dos alunos e das
assistentes com o uso do álbum.
- Mensagens gráficas emitidas com frequência similar com o uso de ambos os
formatos de prancha.
- Mensagens verbais emitidas mais frequentemente na situação de emprego
do álbum.
- Episódios interativos tiveram entre um e dois elos comunicativos em ambas as
situações
- Pouca participação da professora em ambas as situações.
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6 COMUNICAÇÃO AUMENTATIVA/ALTERNATIVA
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pode ser associado a uma infinidade de significantes: a ideia de "janela", por exemplo,
é representada de forma diversa nas várias línguas (janela, window, fenêtre...).
O esquema da comunicação refere-se a um código que é afinal o conjunto
desses signos. Consequentemente um código é um conjunto de signos e de regras
de utilização e para que haja comunicação é necessário que o emissor e o receptor
conheçam o código utilizado, os signos e as respetivas regras de utilização.
Então o que circula entre o emissor e o receptor é o significante. O significado
(conteúdo mental) que o emissor atribui a esse significante continua no interior do
emissor. O significante suscita no interior do receptor um outro significado,
semelhante, mas nunca idêntico ao do emissor.
Contudo, mediante fatores físicos, fisiológicos e psíquicos, individuais e sociais
a comunicação principalmente verbal pode vir a ser afetada. Por outras palavras, a
linguagem que é um processo cognitivo inerente a todo e qualquer ser humano pode
não sofrer qualquer tipo de constrangimento, mas a comunicação em si pode ser
condicionada.
Mediante tudo o que foi supracitado por FREIXO, (2013, p 28) uma criança que
apresente um forte défice na sua comunicação verbal pode requerer alguma forma de
comunicação alternativa ou aumentativa.
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Sem dúvida, existe um número significativo de pessoas que não consegue
comunicar através da fala. Elas podem ser completamente impossibilitadas de utilizar
a fala como forma de comunicação ou esta pode não ser suficiente para preencher
todas as funções comunicativas; podem ainda necessitar de uma forma de
comunicação não oral como complemento ou substituto da fala. Esta incapacidade
verifica-se em crianças, jovens e adultos devido a deficiência motora, mental, atraso
no desenvolvimento da linguagem e outras perturbações de linguagem adquiridas ou
de desenvolvimento. No entanto, podem verificar-se grandes diferenças entre as
perturbações de desenvolvimento de linguagem e de comunicação em indivíduos com
problemas congénitos ou precocemente adquiridos e as de indivíduos em que isto se
verifica mais tardiamente. Por exemplo, muitas das crianças com problemas motores
e da fala apresentam dificuldades na leitura e na escrita, no entanto, se estes
problemas se verificarem mais tardiamente, numa fase adulta, dificilmente o indivíduo
manifestará as mesmas dificuldades.
Em vista do crescimento do interesse pelas perturbações da linguagem e da
comunicação fez com que cada vez mais se desenvolvessem sistemas alternativos
de comunicação.
Observa-se assim, grandes diferenças entre as pessoas que têm necessidade
de um sistema alternativo de comunicação; pode ser uma fase transitória para
algumas, enquanto outras pessoas necessitam de um sistema de comunicação
alternativa durante toda a vida. Este segundo grupo de pessoas pode ser dividido em
dois subgrupos, o das pessoas que apesar de compreenderem tudo, ou quase tudo,
o que os outros dizem e partilharem de normas e valores da cultura em que estão
inseridas, não conseguem comunicar devido a problemas motores que as impedem
de falar ou mesmo de comunicar de uma outra forma; e o das pessoas que devido a
problemas ao nível de competências cognitivas ou sociais revelam muitas
perturbações ao nível da linguagem.
A dificuldade de comunicação tem consequências e afeta as pessoas em
qualquer situação por mais simples que seja e consequentemente toda a sua vida.
As crianças ao longo da infância aprendem essencialmente pela interação com
os que a rodeiam. Assim sendo, uma criança com perturbações ao nível da linguagem
e da comunicação estará sempre mais excluída desse processo de ensino natural que
ocorre em qualquer ambiente social e que tanta importância tem para o
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desenvolvimento de qualquer indivíduo. Por outro lado, é também necessário referir
que a capacidade de nos podermos expressar está intimamente ligada a sentimentos
de autonomia, autoestima e valorização pessoal; então as pessoas que devido à sua
deficiência motora não conseguem comunicar podem desenvolver uma atitude de
extrema passividade e grande dependência dos outros, devido às experiências
negativas e à sua incapacidade de transmitir os seus desejos, interesses e
sentimentos.
Ao proporcionar a crianças e adultos uma forma de comunicação alternativa
estamos proporcionando-lhes um maior controlo sobre a sua vida, uma maior
autoestima e uma maior igualdade na sociedade. Ao escolher um sistema alternativo
de comunicação deve-se considerar até que ponto aquele sistema permite à pessoa
uma melhor condição de vida, uma maior autonomia e lhe confere mais confiança para
dominar os problemas da vida, isto é, a escolha do sistema de comunicação deve ser
feita tendo em conta a situação global de cada pessoa. O ensino do sistema de
comunicação deve ser coordenado com outros serviços como a educação, a formação
e outras formas de intervenção por parte de técnicos especializados.
Tendo em conta que as pessoas com necessidade de meios de comunicação
alternativa têm diferentes características, precisam muitas vezes de sistemas de
comunicação diferentes. É então importante ter uma ideia de vários tipos de sistemas
de comunicação para mais facilmente se poder escolher o que melhor se adapta a um
caso concreto. Por outro lado, é também muito importante adaptar os sistemas à
necessidade de cada utilizador. (FREIXO, 2013, p 31)
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autor refere ainda que comunicação dependente significa que quem comunica
depende de outra pessoa que interpreta o significado do que é expresso e
comunicação independente significa que a mensagem é formulada na totalidade pelo
indivíduo.
Segundo (TETZCHNER & MARTINSEN, 2002, apud FREIXO, 2013, p 31), os
elementos que constituem os sistemas de comunicação aumentativa são signos
gestuais, gráficos e tangíveis (pode-se falar em sistema de signos se se referir um
conjunto de signos). Os signos gestuais incluem a língua gestual dos surdos e outros
signos realizados pelas mãos; os signos gráficos incluem todos os signos produzidos
graficamente (BLISS, SPC, PIC, etc.); os signos tangíveis são normalmente feitos em
madeira ou plástico e podem apresentar texturas diferentes
No que se refere mais concretamente aos sistemas de signos gráficos, estes
estão frequentemente ligados ao uso de tecnologias de apoio para a comunicação,
que vão desde as tabelas simples de apontar até aos equipamentos de suporte
informático. Tendo em conta a grande diversidade de sistemas de comunicação
gráficos, nomeadamente:
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Fonte: mattwyles.wordpress.com
Fonte: souautistaesoucapaz.com.br
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símbolos) capacidades cognitivas até ao último nível pré-operatório ou das primeiras
operações concretas, e haver boa ou moderada compreensão auditiva e boas
capacidades visuais. Tendo em conta que a ortografia tradicional está ligada a
símbolos, atualmente está a desenvolver-se investigação na influência deste sistema
na aquisição da leitura.
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apoio para a comunicação com sistemas de signos gráficos e fala sintetizada ou
digitalizada.
Segundo FREIXO (2013, p 34), a capacidade para usar os braços e as mãos
são também fatores importantes para a escolha da forma de comunicação mais
adequada. Uma diferença importante entre os signos gestuais e os signos gráficos é
o facto de os signos gráficos serem selecionados enquanto os signos gestuais terem
de ser produzidos.
Ao escolher um sistema de signos gráficos é importante a compreensão da
linguagem.
Por outro lado, as necessidades específicas de cada utilizador devem
determinar a decisão sobre os signos a constar nas tabelas de comunicação; se as
palavras necessárias não existem no sistema, devem ser usados novos signos
inventados. Estes novos símbolos, devido à sua função linguística devem ser
parecidos com os já existentes no sistema utilizado pelo indivíduo.
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Estes dois tipos de varrimento podem ser simples ou combinados; no simples
todas as opções são percorridas uma a uma e no combinado o percurso da luz ou
ponteiro é organizado em conjuntos de opções.
As tecnologias de apoio para a comunicação mais recentes baseiam-se em
dispositivos que utilizam tecnologia de computadores. Para uma pessoa que utiliza
símbolos gráficos puder escrever num computador, tem de existir um programa que
permita o uso desses símbolos e que se adapte às suas necessidades e capacidades.
Para além do apoio à comunicação, os computadores podem ser programados para
funcionar com tecnologia que lhes permita por exemplo abrir uma porta, ligar e desligar
o rádio, a televisão, acender luzes, virar as páginas de um livro, entre outras. Tal como
nas tecnologias tradicionais, as mais recentes baseiam-se na escolha direta e no
varrimento de opções embora de uma forma mais flexível. Estas tecnologias exigem
menos atenção por parte do interlocutor o que permite uma maior descontração entre
o utilizador e o ouvinte, melhorando a comunicação (FREIXO, 2013, p 35).
A fala artificial é talvez o progresso mais importante das tecnologias de apoio à
comunicação. Dentro da fala artificial distinguem-se dois tipos, a fala digitalizada e a
sintetizada. A primeira é uma fala gravada por uma pessoa, com a ajuda de um
digitalizador de som, a segunda compreende uma série de regras para passar da
escrita à fala e cada língua necessita do seu próprio sistema. A fala artificial permite
que o utilizador possa corrigir de imediato o que disse, facilita a comunicação entre
utilizadores de comunicação aumentativa e o seu utilizador pode interromper uma
conversa e tomar a palavra mais facilmente. Ainda neste ponto é importante referir
que a seleção direta não depende apenas de ações motoras de tocar com o dedo,
para além deste podem ser utilizados o pé, um ponteiro luminoso ou de cabeça ou até
mesmo o olhar. No caso dos comutadores utilizados no varrimento, estes podem ser
acionados pela mão, pelo pé ou até mesmo pela cabeça, o importante é que o
indivíduo consiga utilizar a tecnologia de apoio para a comunicação sem frustração.
De acordo com AVILA, (2011, p 50) vários sistemas computacionais podem ser
utilizados com a finalidade de desenvolver estratégias de CAA. Alguns desses
sistemas são softwares específicos para CAA e outros, apenas aplicativos que
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implementam estratégias pedagógicas de uso da mesma. A seguir são apresentados
alguns dos sistemas encontrados:
Amplisoft
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Tela para a construção de pranchas no Prancha Livre
Fonte: www.ler.pucpr.br
Boardmaker
O Boardmaker é um software proprietário, cuja sexta versão contém mais de
4500 símbolos (PCS) que são utilizados para a confecção de pranchas de
comunicação (MAYER-JOHNSON, 2010, apud AVILA, 2011, p.57).
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Tela principal do Boardmaker
Fonte:www.clik.com.br
Fonte:www.clik.com.br
HagáQuê
Este software foi desenvolvido pelo Núcleo de Informática Aplicada à Educação
(NIED) da Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP) com vistas a proporcionar
Fonte:www.clik.com.br
a criação de histórias em quadrinhos por crianças do primeiro e segundo ciclos do
ensino fundamental, ainda não familiarizadas com o computador14. Embora seu uso
não seja específico para CAA, o mesmo pode ser utilizado em função de que os
recursos que contém possibilitam o desenvolvimento de estratégias diversificas
voltadas para a comunicação e o letramento.
O software dispõe de um conjunto de personagens, objetos e cenários a serem
utilizados em suas histórias. Possibilita a inserção de novas imagens, o que permite
que o sistema seja adaptado às necessidades do aluno.
Bitstrips
O Bitstrips é uma ferramenta on line para a construção de charges animadas.
Não se trata de um software educativo, mas pode ser utilizado para tal fim.
Esta ferramenta oferece diversas opções de cenários e personagens, com
possibilidades de modificações dos mesmos, trabalhando-se elementos como a
aparência física das pessoas, suas vestimentas e estado de humor. Com isso, pode-
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se trabalhar com as crianças questões referentes a características (pessoais e de
outros), fazendo a montagem de personagens.
As histórias criadas são salvas num servidor e acessíveis ao público, sempre
que autorizado pelo criador das mesmas (AVILA, 2011, p.59)
Toon Doo
Assim como o Bitstrips, o Toon Doo é uma ferramenta on line para a criação de
histórias em quadrinhos. Esta ferramenta também oferece manipulação de objetos e
permite a criação de personagens, com diferentes formas e feições.
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O Power Point e o Impress também podem ser utilizados como recursos de alta
tecnologia para oferecer a CAA. Apresentações podem ser criadas com diferentes
níveis de pranchas, onde cada slide traz novas informações
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houver estratégias adequadas à situação. Assim, podemos dizer que todo o sistema
de Comunicação Alternativa e/ou Suplementar é composto por:
Recursos;
Estratégias
Todos os profissionais envolvidos na reabilitação e educação dos usuários da
Comunicação Alternativa e/ou Suplementar devem trabalhar de modo interdisciplinar,
de forma que essa interação favoreça o usuário da Comunicação Alternativa e/ou
Suplementar, para que possa se comunicar e interagir com o mundo ao seu redor.
A sala de recursos tem sido um espaço privilegiado para que se possa trabalhar
com crianças com problemas de comunicação devido aos recursos solicitados,
mediante comprovação da necessidade.
Os professores devem:
Encorajar e motivar os alunos com dificuldades na comunicação para que
sintam capazes;
Dar oportunidade para respostas orais para os exercícios propostos;
Deixar que as crianças aprendam a digitar, isso pode ser uma ótima estratégia
e útil para os alunos;
Colocar sobre a mesa da criança com dificuldade todo o alfabeto, em fichas.
A Comunicação Alternativa e/ou Suplementar pode possibilitar uma
aprendizagem significativa, fazendo conexão com os elementos da linguagem
(sintaxe, semântica e pragmática) e psiquismo frente à mediação de interlocutores.
Toda a movimentação estratégica transcorre através das possibilidades do usuário.
Pode diferir quanto aos símbolos e instrumentos utilizados adequando-se a cada
indivíduo. Destaca-se que a Comunicação Alternativa e/ou Suplementar não é um
fator inibidor da fala, pois estrutura o funcionamento linguístico do indivíduo.
A adoção de um sistema de Comunicação Alternativa e/ou Suplementar é
imprescindível, seja ele qual for, mas deve ser adquirido conforme a necessidade de
cada um. O trabalho em conjunto com as escolas, realiza-se na produção de práticas
continuadas de produção de novos sentidos e de facilitar o processo de ensino-
aprendizagem, possibilita interferir na construção da linguagem e no processo de
aprendizagem. Algumas vezes, no caso de crianças que não falam, é necessária a
implementação dos sistemas de Comunicação Alternativa e/ou Suplementar.
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Em relação ao ambiente escolar é importante ressaltar que a implementação
da Comunicação Alternativa e/ou Suplementar na escola é fundamental, pois, assim
pode oferecer meios, recursos e estratégias para que a criança com necessidades
especiais possa estar incluída nesse processo de ensino-aprendizagem como todas
as outras crianças.
Pode-se concluir que o desenvolvimento da Comunicação Alternativa e/ou
Suplementar é um processo onde todos estão envolvidos, o aluno, a escola, os
professores. Portanto, todos podem ser parceiros importantes e essenciais para a
comunicação.
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Fonte: psicomotricidade.com.br
11 PSICOMOTRICIDADE
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perceptivo; e para que a educação tenha resultado e o ensino funcione com mais
eficácia é preciso compreender como as crianças se desenvolvem e aprendem. A
maior parte do desenvolvimento psicomotor ocorre na fase do pré-escolar.
Diante disso, a faixa etária que compreende o nascimento até completar oito
anos é muito importante para trabalhar em todos os aspectos do desenvolvimento
motor, intelectual e sócio emocional.
Quanto à psicomotricidade, vários autores, estudiosos apontam como uma
ciência que toma como objeto de estudo o corpo e suas manifestações nas dimensões
motora, emocional e cognitiva, demonstrando assim, uma profunda relação entre a
atividade psíquica e atividade motora, bem como suas possibilidades de perceber,
atuar, agir com o outro, com os objetos e consigo mesmo. Está relacionada ao
processo de maturação e é, portanto, um termo empregado para uma concepção de
movimento organizado e integrado devido as experiências vividas, pois para crescer
e aprender a criança precisa conhecer seu meio e vivê-lo plenamente.
GONÇALVES (2009, apud TASSI, 2014, p 8) destaca que ”[...] sendo assim,
ela busca por meio da ação motora, estabelecer o equilíbrio desse ser, dando-lhe
possibilidades de encontrar seu espaço e de se identificar com o meio em qual faz
parte”. Desta forma, a psicomotricidade envolve toda a ação realizada pelo indivíduo
focando aspectos afetivos, motores e cognitivos, é a integração entre e o psiquismo e
a motricidade que leva o indivíduo à tomada de consciência do seu corpo por meio do
movimento.
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exercícios, mas será desenvolvida uma adaptação de toda a personalidade da
criança.
Como se estrutura?
No desenvolvimento do seu “eu” corporal;
Na sua localização e orientação no espaço;
Na sua orientação temporal.
Como se fundamenta?
Em Atividades:
Motoras - São as atividades globais de todo o corpo.
Sensório-motoras - É a percepção de diversas lições através da manipulação
dos objetos.
Percepto-motoras – É uma análise profunda das funções intelectuais, motoras,
tais como a análise perceptiva, a precessão de representação mental, determinação
de pontos de referência.
Destaca-se: percepção visual.
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o desenvolvimento psicobiológico da criança, na medida em que acompanha as leis
do amadurecimento do sistema nervoso através da mielinização.
A psicomotricidade não deve ser considerada como uma matéria entre outras.
Isto é, não deve dispor apenas de um momento ou um ambiente específico na
programação escolar. Qualquer que seja a atividade ou tema utilizado, a
psicomotricidade vai estar presente. O pensamento se constrói a partir da atividade
motora que permite à criança a exploração do ambiente externo, proporcionando-lhe
experiências concretas indispensáveis ao seu desenvolvimento intelectual. A
liberdade deve explorar e conhecer o espaço físico e o mundo é muito importante para
o seu desenvolvimento afetivo. Como fazer para oferecer condições que permitiam
esse desenvolvimento?
Antes de tudo a criança precisa ter um conhecimento adequado de seu corpo,
porque é o corpo o intermediário obrigatório entre a criança e o mundo. Esse
conhecimento abrange três aspectos que são: a imagem do corpo, o conceito do corpo
e a elaboração do esquema corporal.
De MEUR & STAES (1991, apud TASSI, 2014, p 8) esclarece que educação
psicomotora é uma técnica e deve seguir etapa por etapa como os da aprendizagem
natural. O autor relata que primeiramente a psicomotricidade fixou-se, sobretudo, no
desenvolvimento motor, depois estudou a relação entre o atraso no desenvolvimento
motor e atraso intelectual da criança e, em seguida estudos sobre o desenvolvimento
da habilidade manual e aptidões motoras em função da idade e por fim, o estudo
ultrapassa os problemas motores fazendo com que também se tome consciência das
relações existentes entre o gesto e a afetividade.
A imagem do corpo é a própria experiência que a pessoa tem de seu corpo e
se revela frequentemente através do desenho, da modelagem e que demonstra o nível
de elaboração do esquema corporal; O conceito do corpo desenvolve-se
posteriormente à imagem do corpo, sendo mais o conhecimento intelectual dele e de
cada função de seus órgãos.
Com o desenvolvimento e o amadurecimento do Sistema Nervoso, elabora-se
progressivamente a construção do Esquema Corporal e é, ao mesmo tempo, paralela
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à evolução sensória motora. A educação do Esquema Corporal é, então, o ponto
chave de toda prática educativa. Da idade de 02 anos aos 05 anos, toda educação é
uma E.P.M. baseada na estrutura do Esquema Corporal. Já da idade de 05 aos 07
anos a psicomotricidade passa a ser a base sobre a qual se constroem as primeiras
relações lógicas e a decorrente aprendizagem escolar. Toda aprendizagem deve ser
feita através de experiências concretas e vivenciadas com o corpo inteiro.
Esquema corporal
É fundamental que a criança tenha conhecimento adequado de seu corpo e, é
por meio das percepções e interiorização das sensações experimentadas, aliados ao
desenvolvimento cognitivo construído a partir da relação com o meio, que isso se
concretiza. Sendo assim, o esquema corporal é um elemento básico e fundamental
para a formação da personalidade da criança que se desenvolverá devido a uma
progressiva tomada de consciência de seu corpo, de seu ser, suas possibilidades de
agir e transformar o que existe em volta. É, portanto, a consciência do próprio corpo e
de suas mobilizações (movimentos, posturas, atitudes), e das partes que o compõem.
Para VAYER (1984, TASSI, 2014, p.9), todas as experiências da criança como
o prazer, a dor, o sucesso, o fracasso, são sempre vividas corporalmente e
complementa dizendo que se acrescentarmos valores sociais que o meio dá ao corpo
e a certas partes, esse corpo termina por ser investido de significações, sentido e
valores muito particulares e pessoais.
De acordo com DE MEUR & STAES (1991, TASSI, 2014, p.9) “excetuando-se
os casos referentes a problemas motores ou intelectuais, todas as perturbações na
definição do esquema corporal são de origem afetiva”.
Segundo COSTE (1978, TASSI, 2014, p.9) “nossa imagem do corpo é,
portanto, o resultado, em grande parte, da experiência vivida, por meio dos acasos e
das circunstâncias aleatórias da comunicação com o seu meio circundante." Com
frequência encontramos crianças com um conhecimento pobre sobre o seu corpo
sendo que algumas não tem consciência sobre o seu próprio corpo como, por
exemplo, a insuficiência de percepção ou do controle corporal; incapacidade do
controle respiratório, de coordenação e equilíbrio e para elas as denominações das
partes do corpo são geralmente difíceis, pois não se localizam, confundem as partes,
não percebem a posição de seus membros.
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De acordo com Le BOULCH (1987 TASSI, 2014, p.9), o esquema corporal
passa por três fases distintas, a saber: corpo vivido, corpo percebido e corpo
representado.
Corpo vivido
Nesta fase, o objetivo é de levar a criança a dominar seus movimentos e
perceber seu corpo globalmente; corresponde a fase sensório-motora de Piaget e
começa nos primeiros meses de vida. Nela o bebê ainda não tem noção do “eu”
confundindo-se com o meio e seus movimentos são atividades motoras que não são
pensadas.
Corpo percebido
Esta fase corresponde a organização do “esquema corporal”, ao período pré-
operatório de Piaget, começando por volta dos dois anos quando a criança passa a
perceber-se, e onde tem-se também o início da tomada de consciência do “eu”.
Diferencia-se do meio, a imagem visual de seu corpo tornar-se-á, então, a principal
referência. Começa assim, a constituir uma imagem mental dele. Os conceitos
espaciais como perto, longe, em cima, embaixo começam a ser discriminados; as
noções temporais relativas à duração, ordem e sucessão de eventos são
compreendidas.
Corpo representado
Começa aos sete anos aproximadamente e corresponde ao período operatório
de Piaget. Nesta fase, a criança já tem noção do todo e das partes de seu corpo,
assumindo e controlando seus movimentos com autonomia e independência. Aos
doze anos a criança já dispõe de uma imagem do “corpo operatório” a partir da qual
poderá exercer sua disponibilidade, tanto sobre o mundo exterior como sobre sua
própria motricidade.
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Seu desenho é pobre para a sua idade;
A criança executa seu desenho por meio de uma justaposição de
detalhes; como por exemplo, começa desenhando as orelhas, depois os
braços etc.;
Insuficiência de percepção ou de controle de seu corpo.
Incapacidade de controle respiratório;
Má equilíbrio e coordenação dos movimentos;
Dificuldade em se locomover em um espaço predeterminado e em
situar-se em um tempo;
Lentidão na realização de gestos harmoniosos simples, não consegue
vestir um casaco ou ainda precisa refletir para executar seus gestos ou
ainda, quer agir muito rapidamente, cogira o botão em todas as direções
e só por acaso consegue abotoar sua casa;
Falta de domínio de seu corpo em ação. Inicia bem o movimento, mas
sem perceber se distrai;
Impossibilidade de se adquirirem os esquemas dinâmicos que
correspondem ao hábito viso motor intervindo na leitura e escrita, como
por exemplo não se dispor bem e nem obedecer aos limites de uma
folha;
Confusão em relação as diversas coordenadas de espaço, como em
cima embaixo, ao lado, linhas horizontais e verticais, sentido de direção
entre a direita e a esquerda;
Não desenvolvimento dos instrumentos adequados para um bom
relacionamento com as pessoas e com seu meio ambiente.
12 APRENDIZAGEM E PSICOMOTRICIDADE
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crianças com nível mais alto de desenvolvimento psicomotor e conceitual são as que
apresentam os melhores resultados escolares.
Em outra pesquisa, identificou entre as dificuldades de aprendizagem às que
são relacionadas ao desenvolvimento psicomotor e, a partir disso, desenvolveu uma
investigação mostrando como o desenvolvimento adequado da psicomotricidade pode
auxiliar para que alguns dos pré-requisitos para a escrita sejam alcançados.
PETRY (1988) reafirma a importância do desenvolvimento dos conceitos
psicomotores, ressaltando que as dificuldades de aprendizagem em crianças de
inteligência média podem se manifestar quanto à caracterização de letras simétricas
ela inversão do “sentido direita-esquerda”, como, por exemplo, b, p, q ou por inversão
do “sentido em cima em baixo”, d, p, n, u, ou ainda por inversão das letras o ar, ora,
aro. De acordo com a autora, a compreensão de conceitos como perto, longe, dentro,
fora, mais perto, bem longe, atrás, embaixo, alto, mais alta será facilitada com série
de ações no espaço, com o corpo em movimento.
Os estudos citados acima mostram a importância de se estimular o
desenvolvimento psicomotor das crianças, pelo fato deste ser fundamental para a
facilitação das aprendizagens escolares, pois é por meio da consciência dos
movimentos corporais e da expressão de suas emoções que a criança poderá
desenvolver os aspectos motor, intelectual e soco emocional.
Segundo FÁVERO (2004), para escrever é preciso que se tenha orientação
espacial suficiente para situar as letras no papel, para adequá-las em tamanho e forma
ao espaço de que se dispõe. E, além disso, precisa-se dirigir o traçado da esquerda
para a direita, de cima para baixo, controlando os movimentos de maneira a não
segurar o lápis nem com muita força nem com pouca força, é necessário que a escola
ofereça condições para a criança vivenciar situações que estimulem o
desenvolvimento dos conceitos psicomotores.
Essas restrições podem levar a criança a dificuldades de aprendizagem,
repercutindo no desempenho escolar. Neste sentido, NEGRINE (1986, p. 61) afirma
que as dificuldades de aprendizagem vivenciadas pelas crianças “são decorrentes de
todo um todo vivido com seu próprio corpo, e não apenas problemas específicos de
aprendizagem de leitura, escrita, etc.” Assim, os aspectos psicomotores exercem
grande influência na aprendizagem, pois as limitações apresentadas pelas crianças
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na orientação espacial podem tornar-se um fator determinante nas dificuldades de
aprendizagem.
Para AJURIAGUERRA (1988), a escrita é uma atividade que obedece a
exigências precisas de estruturação espacial, pois a criança deve compor sinais
orientados e reunidos de acordo com as leis, depois deve respeitar essas leis de
sucessão que fazem destes sinais palavras e frases tornando a escrita uma atividade
espaço-temporal.
Para FONSECA (1995), um objeto situado a determinada distância e direção é
percebido porque as experiências anteriores da criança levam-na a analisar as
percepções visuais que lhe permitem tocar o objeto. É por meio dessas que resultam
as noções de distância e orientação de um objeto com relação a outro, e assim a
criança começa a transpor essas noções gerais a um plano mais reduzido, que será
de extrema importância quando na fase do grafismo. FONSECA (1983) destaca que
na aprendizagem da leitura e escrita a criança deverá obedecer ao tempo de sucessão
das letras, dos sons e das palavras, fato este que destaca a influência da estruturação
temporal para a adaptação escolar e para a aprendizagem.
COLELLO (1995) afirma que, além dessas dificuldades inerentes ao ato de
escrita, existe ainda a dificuldade que os professores têm em diagnosticar as
dificuldades de aprendizagem e relacioná-las ao desenvolvimento psicomotor. Em
sala de aula, os professores trabalham a motricidade infantil como uma atividade
mecanizada do movimento das mãos e as aulas de educação física parecem se
restringir a atividades de recreação nas quais o movimento parece ter um fim em si
mesmo. Para o autor, até mesmo o professor de Educação Física tem mostrado
dificuldades em perceber a importância do movimento para o desenvolvimento integral
da criança.
Segundo TOMAZINHO (2002, p. 50), o desenvolvimento corporal é possível
graças a ações, experiências, linguagens, movimentos, percepções, expressões e
brincadeiras corporais dos indivíduos. As experiências e brincadeiras corporais
assumem um papel fundamental no desenvolvimento infantil, pois enfatizam a
valorização do corpo na constituição do sujeito e da aprendizagem, assim a “[...] pré-
escola necessita priorizar, não só atividades intelectuais e pedagógicas, mas também
atividades que propiciem seu desenvolvimento pleno”.
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De acordo com OLIVEIRA (1996, p. 182), a psicomotricidade contribui para o
processo de alfabetização à medida que procura proporcionar ao aluno as condições
necessárias para um bom desempenho escolar, permitindo ao homem que se assume
como realidade corporal e possibilitando-lhe a livre expressão. A psicomotricidade
caracteriza-se como uma educação que se utiliza do movimento para promover
aquisições intelectuais. Para a autora, a inteligência pode ser considerada uma
adaptação ao meio ambiente e para que esta aconteça é necessário que o indivíduo
apresente uma manipulação adequada dos objetos existentes ao seu redor, “[...] está
educação deve começar antes mesmo que a criança pegue um lápis na mão [...]”.
O ponto de referência que os seres humanos têm para conhecer e interagir com
o mundo é o corpo. Este elemento serve como base para o desenvolvimento cognitivo
e conceitual, incluindo os presentes para a aprendizagem de conceitos na atividade
de alfabetização. Por essa razão, o desenvolvimento do movimento por meio da
psicomotricidade auxilia a criança a adquirir o conhecimento do mundo que as rodeia.
FÁVERO (2004) ressalta que o desenvolvimento psicomotor não é o único fator
responsável pelas dificuldades de aprendizagem, mas um dos que podem
desencadear ou agravar o problema. As dificuldades de aprendizagem relacionadas
à escrita alteram o rendimento escolar. Crianças com dificuldades de escrita podem
apresentar disfunção nas habilidades necessárias para uma aprendizagem escolar
efetiva, e estes fatores podem ser acentuados pelos déficits psicomotores.
Sabe-se que atualmente condições socioculturais fazem com que as crianças
sejam privadas do movimento, como bem lembra FÁVERO (2004, p. 55) “[...] a escola,
como responsável pela educação global deveria proporcionar através das suas aulas
atividades que levassem à criança condições para um desenvolvimento harmonioso
em termos psicomotores”.
A escrita exige o desenvolvimento de habilidades específicas e um esforço
intelectual proporcionalmente superior às aprendizagens anteriores da criança. Na
escrita ocorre a comunicação por meio de códigos que variam de acordo com a
cultura, e sua aprendizagem se dá pela realização da cópia, do ditado e na escrita
espontânea.
Segundo FÁVERO (2004), a escrita espontânea envolve um grau maior de
dificuldade, pois o modelo visual e auditivo está ausente e envolve a tomada de
decisões acerca do que vai ser escrito e como será escrito. Antes de se escrever algo
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é preciso gerar uma informação, organizá-la de forma coerente para posteriormente
escrevê-la e revisar o que foi escrito. É preciso diferenciar as letras dos demais signos
e determinar quais são as letras que devem ser empregadas, além disso, a escrita
pressupõe um desenvolvimento motor adequado, pois certas habilidades são
essenciais para que a atividade ocorra de maneira satisfatória.
AJURIGUERRA (1988), FERREIRO (1985) e CAGLIARI (2000), ao estudarem
a aquisição da escrita, constataram que esta aquisição não deve ser restrita a simples
decodificação de símbolos ou signos, pois o processo de aquisição da língua escrita
é complexo e anterior ao que se aprende na escola. A grande dificuldade que os
educadores enfrentam está em compreender os fatores que diferenciam as crianças
que conseguem dominar a linguagem escrita das que não conseguem.
Para GREGG (1992 apud GARCIA, 1998) as dificuldades encontradas no
processo de alfabetização vão desde o desenvolvimento das habilidades de escrita
(disgrafia) e erros de soletração até erros na sintaxe, estruturação e pontuação das
frases, bem como a organização de parágrafos. No começo do processo de
alfabetização o que mais se observa são: confusão de letras, lentidão na percepção
visual, inversão de letras, transposição de letras, substituição de letras, erros na
conversão símbolo-som e ordem de sílabas alteradas, essas dificuldades podem se
manifestar ao se soletrar ou escrever uma palavra ditada ou copiada. É possível
encontrar crianças com boa capacidade de expressão oral, mas com dificuldades para
escrever, alunos que se expressam oralmente com dificuldade e escrevem as
palavras mal e sujeitas que escrevem bem as palavras, mas se expressam mal.
Essas dificuldades, se consolidadas ao longo da infância, tornam-se mais
evidentes no ambiente escolar, onde o processo de aprendizagem é
institucionalizado. AJURIAGUERRA (1988) destaca que a escrita envolve, além de
habilidades cognitivas, as habilidades psicomotoras, pois o ato de escrever está
impregnado pela ação motora de traçar corretamente cada letra e constituir a palavra.
Quando se coloca em questão o desenvolvimento motor, é necessário, além da
maturação do sistema nervoso, a promoção do desenvolvimento psicomotor,
objetivando o controle, o sustento tônico e a coordenação dos movimentos envolvidos
no desempenho da escrita.
Segundo FERREIRA (1993, p.18), não existe aprendizagem sem que seja
registrada no corpo. Para a autora, a participação do corpo no processo de
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aprendizagem se dá pela ação do sujeito e pela representação do mundo. Todo
conhecimento apresenta um nível de ação (fazer os movimentos) e um nível figurativo
(dado pela imagem pela configuração) que se inscreve no corpo. Pensando no
desenvolvimento da criança de forma integrada e buscando entender aspectos físicos,
afetivos, cognitivos e sociais, é necessário o estudo do desenvolvimento psicomotor.
Estudos (SISTO et al, 1994; FINI et al, 1994) partem do pressuposto de que o
baixo rendimento escolar pode ser compreendido como uma manifestação das
dificuldades de aprendizagem. Mais especificamente, os estudos mostram a
procedência de identificar entre as dificuldades de aprendizagem às que são
relacionadas ao desenvolvimento psicomotor e, a partir desses dados, mostrar a
necessidade de se abordar os esquemas motores nas primeiras séries como
prevenção à dificuldade de aprendizagem de escrita.
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REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA
FINI, L.; OLIVEIRA G.; SISTO F.; SOUZA M.; BRENELLI R. Avaliação escrita de
matemática: em busca de explicação. Zetetiké, Campinas, v.4, n.6, p. 25-43, 1994.
53
GARCIA, J. N. Manual de Dificuldades de Aprendizagem – Linguagem, leitura,
escrita e matemática. Ed. Artes Médicas, Porto Alegre, 1998.
SISTO, F.; FINI, L.; OLIVEIRA, G.; SOUZA, M.; BRENELLI, R. Matemática e
Alfabetização: Mecanismos Psicológicos Subjacentes. Pró-posições, Campinas,
v.2, n. 14, p. 49-59, 1994.
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TASSI, S. R. C. F. T. Psicomotricidade: Por uma intervenção com crianças em
idade pré-escolar com necessidades educacionais especiais - Os Desafios da
Escola Pública Paranaense Na Perspectiva Do Professor de Produções Didático-
Pedagógicas - Versão Online, disponível em http://www.diaadiaeducacao.pr.gov.br
ISBN 978-85-8015-079-7.
BIBLIOGRAFIA
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