Toda ação humana visa uma finalidade; toda finalidade se identifica com um bem. Sempre miramos um bem – ou, ao menos, aquilo que nos parece um bem.
2. A pergunta fundamental, a partir daqui, é: qual o sumo bem? Qual o bem
maior, aquilo que todos desejam e que se mostrar como o fim último das ações humanas.
3. Aristóteles analisa as opiniões mais frequentes, passando pela riqueza, a
honra/fama e a felicidade, concluindo ser esta última a grande finalidade das ações humanas visto que trata-se de um fim em si mesma, e não um meio para outro fim (como é o caso das duas primeiras opções).
4. Mas o que seria felicidade? Aqui, há também uma grande flutuação de
opiniões. Aristóteles, entretanto, a define como “uma atividade racional em conformidade como com a virtude (ou excelência) perfeita. O que há em nós de mais excelente? Como Sócrates e Platão anteriormente, Aristóteles dirá que nada em nós é mais excelente que a racionalidade. E ela, a racionalidade, tem um óbvio uso prático. Construir uma vida boa, feliz (Eudaimonia, em grego), exige, neste caso, sabedoria prática.
5. Sabedoria prática, em Aristóteles, recebe o nome de Phronesis. É esta
sabedoria que nos leva ao que o filósofo grego chamou de justa-medida ou mediania: o caminho que se situa entre o excesso e a falta. Em cada caso, é preciso estar preparado para escolher bem, e escolher bem é justamente evitar tanto o excesso, quanto a falta. Por exemplo, a coragem, de maneira geral, é considerada uma virtude. Para Aristóteles, entretanto, isso depende: coragem demasiada, que coloca sua vida em risco, é burrice. O outro extremo, a covardia, também não é desejável, pois paralisa. O caminho para a construção de uma vida boa está, assim, na sabedoria prática que, em cada caso, sabe encontrar a justa medida. 6. Por fim, como esta é também uma ética das virtudes, cabe lembrar que, para Aristóteles, virtude é algo que se aprende; é um hábito. Ser virtuoso é perseverar na virtude, empenhar-se cotidianamente nas boas ações.