Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
subdesenvolvimento
1
Graduado em Direito e Mestre em Direito Econômico pela Faculdade de Direito da Universidade de São
Paulo, Professor da Faculdade de Direito da Universidade Presbiteriana Mackenzie, pesquisador do
Grupo de Pesquisa “Direito e Subdesenvolvimento: o desafio furtadiano”, vinculado ao Departamento de
Direito Econômico, Financeiro e Tributário da Faculdade de Direito da USP, sócio do escritório Braga &
Carvalho Advogados.
2
O Direito Econômico é caracterizado em obra clássica de Fabio Konder Comparato como a “disciplina
normativa da ação estatal sobre as estrutura s do sistema econômico”, disciplina capaz de “traduzir
normativamente os instrumentos da política econômica do Estado”.
seu desenvolvimento? Interessa à nação brasileira importar ou desenvolver tecnologia?
Como destacou Grau (2008, p. 266), quando debatemos desenvolvimento tecnológico a
partir da dimensão nacional “é necessário enfatizar que a situação de cada sociedade
diante do desafio tecnológico – situação de autonomia ou dependência – é que há de
determinar o seu papel, de sujeito ou objeto, no mercado internacional”.
3
De acordo com o Senado Federal, 16 Estados contam com Leis de incentivo à inovação, outros 4
possuem minutas elaboradas e o Distrito Federal possui Projeto de Lei em tramitação. Mais de 20
municípios brasileiros também possuem lei de incentivos à inovação tecnológica. Os projetos combinam
uma política de incentivos fiscais com instrumentos de parceria entre o poder público e a iniciativa
privada. Disponível em http://www.senado.gov.br/NOTICIAS/JORNAL/EMDISCUSSAO/inovacao/leis-
federais-estaduais-incentivo-ciencia-tecnologia-e-inovacao-no-brasil.aspx, acesso em 5.11.2014.
4
Em especial, destacamos o aumento do financiamento público da iniciativa privada interessada no
desenvolvimento de tecnologia (capitaneados pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e
Social – BNDES, e pela Financiadora de Estudos e Projetos – FINEP), além da criação de redes de
pesquisa colaborativas entre universidades públicas e o setor privado, organizadas principalmente em
torno dos Institutos Nacionais de Ciência e Tecnologia – INCTs.
a promoção dos comandos constitucionais, estes estão sendo capazes de tornar reais os
objetivos determinados pela Constituição.5 Desta perspectiva, verifica-se a centralidade
do apoio dado pelo Estado para o desenvolvimento da ciência e tecnologia brasileiras.
No entanto, não é possível a constatação deste protagonismo estatal sem que
coloquemos em destaque os seguintes questionamentos: desenvolvimento científico e
tecnológico para quem? A que finalidades e objetivos voltam-se nossa ciência e
tecnologia?
55
Para uma análise mais detida sobre o ordenamento da inovação tecnológica, ver OCTAVIANI, A.,
BRAGA, M. et ali. O ordenamento da inovação em ação: Lei 10.973/04, Lei 11.196/05 e Lei 11.487/07 -
pesquisa empírica sobre seus efeitos, mimeo; BARBOSA, Denis Borges. Direito da Inovação, 2ª. ed.,
Lumen Iuris, 2011; GARCIA B. V. Direito e Tecnologia: regime jurídico da ciência, tecnologia e
inovação. São Paulo: LTr, 2008.
caso, o Brasil, possui limitações e objetivos diferentes daqueles experimentados por
países do centro, que já gozam de estrutura social, econômica e tecnológica em
patamares superiores ao nosso. Ou seja, o referido dispositivo busca funcionalizar a
atuação do Estado e o desenvolvimento científico e tecnológico para as questões
oriundas de nosso desafio como nação, como determinam seus três primeiros
parágrafos.
6
Furtado discorre em praticamente toda sua obra sobre a caracterização e conceituação do
desenvolvimento, por vertentes e primas diversos. Para os fins deste artigo, utilizaremos uma de suas
reflexões que mais parece explicar este conceito em sua obra: “Sintetizando, o desenvolvimento tem lugar
mediante aumento de produtividade do conjunto econômico complexo. Esse aumento de produtividade (e
de renda per capita) é determinado por fenômenos de crescimento que têm lugar em subconjuntos, ou
setores, particulares. As modificações de estruturas são transformações nas relações e proporções internas
do sistema econômico, as quais têm como causa básica modificações nas formas de produção, mas que
não se poderiam concretizar sem modificações na distribuição e utilização da renda. O aumento de
produtividade física com respeito ao conjunto da força de trabalho de um sistema econômico só é possível
mediante a introdução de formas mais eficazes de utilização dos recursos, as quais implicam, seja
acumulação de capital, seja inovações tecnológicas, ou mais correntemente a ação conjugada desses dois
fatores. Por outro lado, a realocação de recursos que acompanha o aumento do fluxo de renda é
condicionada pela composição da procura, que é a expressão do sistema de valores da coletividade. Dessa
forma, o desenvolvimento é ao mesmo tempo um problema de acumulação e progresso técnico, e um
processo de expressão de valores.”
distorção quanto à interpretação da norma programática, Bercovici (2005, p. 40)
escreve: