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Manual de Formação

Saúde Mental na
Terceira Idade

UFCD 3553 ____ de __________ de 2018


Objetivos

• Identificar as questões relacionados com a saúde mental em geral e com a saúde mental da
pessoa idosa em particular.
• Enunciar as noções de psicopatologia da pessoa idosa.
• Diferenciar os recursos comunitários de apoio à pessoa idosa com doença mental.

Duração Formador/a
25 horas Ana Vieira

O Formador
Curso: Técnico de Apoio Familiar e de Apoio à Comunidade
UFCD: 3553 – Saúde Mental na 3.ª Idade(25h)

Índice

Objetivos........................................................................................................................................... 3
Conteúdos ......................................................................................................................................... 4
2. PSICOPATOLOGIA DA PESSOA IDOSA........................................................................... 8
2.1. O normal e o patológico ...................................................................................................... 8
2.1.1. Conceito de doença mental .................................................................................................. 8
2.2. Envelhecimento normal e patológico ................................................................................... 8
2.3. Depressão na pessoa idosa ................................................................................................... 9
2.4. Psicopatologia do delírio .................................................................................................... 11
2.5. Perturbações sensoriais e delírio ......................................................................................... 11
3. RECURSOS COMUNITÁRIOS DE APOIO ....................................................................... 24
3.1. Respostas sociais à velhice.................................................................................................. 24
3.1.1. Saúde e comunidade........................................................................................................... 24
3.1.2. O hospital e o seu papel face à pessoa idosa ....................................................................... 24
3.1.3. Outros recursos ................................................................................................................. 25
3.1.3.1. Família ........................................................................................................................... 25
3.1.3.2. Apoio domiciliário ......................................................................................................... 25
3.1.3.3. Lares .............................................................................................................................. 26
Bibliografia ...................................................................................................................................... 28

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Objetivos

✓ Identificar as questões relacionados com a saúde mental em geral e com a saúde mental da
pessoa idosa em particular.

✓ Enunciar as noções de psicopatologia da pessoa idosa.

✓ Diferenciar os recursos comunitários de apoio à pessoa idosa com doença mental.

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Conteúdos

✓ Saúde mental e recursos


o A saúde mental na 3.ª idade
▪ Definição
▪ Promoção
▪ Saúde mental e comunidade

✓ Psicopatologia da pessoa idosa


o O normal e o patológico
▪ Conceito de doença mental
o Envelhecimento normal e patológico
o Depressão na pessoa idosa
o Psicopatologia do delírio
o Perturbações sensoriais e delírio

✓ Recursos comunitários de apoio


o Respostas sociais à velhice
▪ Saúde e comunidade
▪ O hospital e o seu papel face à pessoa idosa
▪ Outros recursos
• Família
• Apoio domiciliário

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1. SAÚDE MENTAL E RECURSOS


1.1. A saúde mental na 3.ª idade
1.1.1. Definição

Segundo a OMS a Saúde Mental é “o estado de completo bem-estar físico, mental e social e não apenas a
ausência de doença”.

É sentirmo-nos bem connosco próprios e na relação com os outros. É sermos capazes de lidar de forma
positiva com a adversidades. É termos confiança e não temermos o futuro.

Causas da Saúde Mental:


✓ Doença mental resulta da combinação de diferentes fatores;
✓ Conjugação genética com o meio e os momentos ou períodos importantes;
✓ A doença pode surgir repentinamente ou de forma mais insidiosa.

Doenças de causa endógena (fatores hereditários e constitucionais)


Doenças de causa exógena (reativas aos acontecimentos do dia a dia)

❖ Seja qual for a causa existe sofrimento psicológico com repercussões a nível físico.

1.1.2. Promoção

Como se manifesta:
Neurose: indivíduo tem plena consciência dos seus atos, mas não consegue controlá-los:
✓ Maior intensidade do comportamento;
✓ Incapacidade de resolver os conflitos de forma satisfatória.

Psicose: quadro psicopatológico no qual se verifica “perda de contato com a realidade”. Podem ocorrer
alucinações ou delírios, desorganização psíquica que inclua pensamento desorganizado e/ou paranoico,
agitação psicomotora, sensações de angústia intensa e insónia severa.

1.1.3. Saúde mental e comunidade

Problemas de saúde mental:


✓ Ansiedade;
✓ Mal-estar psicológico ou stress continuado;
✓ Depressão;
✓ Dependência de álcool e outras drogas;
✓ Perturbações psicóticas, como a esquizofrenia (pessoa perde a noção da realidade e não consegue
distinguir o real do imaginário);

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✓ Atraso mental;
✓ Demências.

Em cada 100 pessoas 30 sofram, ou venham a sofrer de problemas de saúde mental.


Cerca de 12 pessoas têm uma doença mental grave
A depressão é a doença mental mais frequente

Falsos Conceitos sobre doença mental:


✓ Pessoas sentem-se incompreendidas, estigmatizadas, excluídas ou marginalizadas;
✓ As doenças mentais são fruto da imaginação;
✓ As doenças mentais não têm cura;
✓ As pessoas com problemas mentais são pouco inteligentes, preguiçosas, imprevisíveis ou perigosas.
Estes mitos, como o estigma e a discriminação, fazem com muitas pessoas tenham vergonha e medo de
procurar apoio ou tratamento. Outras pessoas não querem reconhecer os primeiros sinais ou sintomas da
doença.
Relativamente às doenças mentais, o tratamento deve ser sempre procurado, visto que a recuperação é tanto
mais eficaz quanto precoce este for. Mesmo nas doenças mais graves é possível controlar e reduzir os sintomas
e, através de medidas de reabilitação, desenvolver capacidades e melhorar a qualidade de vida. Todos podemos
ser afetados por problemas de saúde mental de maior ou menor gravidade.

Fases causadoras perturbações mentais:


✓ Entrada na escola;
✓ Adolescência;
✓ Menopausa;
✓ Envelhecimento;
✓ Perda de familiar próximo;
✓ Divórcio;
✓ Desemprego;
✓ Reforma;
✓ Pobreza;
✓ Fatores genéticos, infeciosos ou traumáticos.

Sinais de alerta de doença mental:


✓ Confuso;
✓ Evita as pessoas;
✓ Tem ideias que não estão de acordo com as de todas as outras pessoas;
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✓ Comporta-se de forma diferente do que seria de esperar.


Falar com um médico para ter orientação e ajuda

Pistas a ter em conta:


✓ Deixou de falar com familiares ou amigos;
✓ Perdeu a vontade e motivação para as atividades habituais;
✓ Começou a ficar com medo(s) ou com desconfianças sem motivo;
✓ Deixou de se alimentar ou come às escondidas;
✓ Dorme mal ou não consegue dormir toda a noite;
✓ Começou a ter ideias estranhas;
✓ Ouve vozes que mais ninguém consegue ouvir;
✓ Tem graves dificuldades de concentração;
✓ Diz ou escreve coisas que não fazem sentido;
✓ Abusa de álcool ou drogas.

Como ajudar doente mental:


✓ Incentivar a pessoa a procurar um médico/psicólogo;
✓ Oferecer suporte, acompanhando a pessoa ao médico/psicólogo;
✓ Se a pessoa recusa o tratamento, procure o técnico para o aconselhar e orientar.

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2. PSICOPATOLOGIA DA PESSOA IDOSA


2.1. O normal e o patológico
2.1.1. Conceito de doença mental

Normal é comportamento mais frequente e concordante com os valores estabelecidos e aceites em


determinada sociedade.
A norma ou o conceito de normalidade é limitativo para a existência individual, colocando de lado a
experiência de vida que cada um de nós tem e causadora de angústia para aqueles que não estão de acordo
com a suposta regra social
É impossível que pessoas com histórias de vida diferentes tenham os mesmos comportamentos e os
mesmos sentimentos
Normalidade está ligada ao conceito social e cultura (as sociedades não são todas iguais e cada uma tem
a sua própria noção do que é ou não aceite como normal). A avaliação de normalidade ou patologia tem
de ter em conta três aspetos fundamentais:
✓ Fase de desenvolvimento em que se encontra a pessoa;
✓ O local e a cultura:
✓ A época e a circunstância histórica em que ela se situa.

2.2. Envelhecimento normal e patológico

Com o envelhecimento o organismo passa por diversas alterações na estrutura e função. A senescência
(processo normal) ocorre de forma gradual e expressa-se com manifestações caraterísticas. As alterações
que ocorrem no sistema nervoso central são de uma importância fundamental, nomeadamente:
✓ Diminuição do volume de tecido cerebral de forma gradual e variável;
✓ Redução da quantidade ou do tamanho de algumas células que formam parte cérebro
(neurónios);
✓ Aumento do volume do líquido que se encontra dentro do sistema nervoso.

Modificações com o Envelhecimento:


✓ Alterações nas funções intelectuais:
o Diminuição da capacidade de todos processos mentais;
o Diminuição da capacidade de memorização, aquisição e retenção de nova informação.
✓ Perturbações do equilíbrio;
✓ Postura encurvada;
✓ Lentidão da marcha, com passos curtos;
✓ Maior sensibilidade à luz intensa e menor adaptação ao escuro;
✓ Surdez variável, especialmente para sons agudos;
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✓ Diminuição do gosto e do olfato;


✓ Redução da velocidade e potência musculares.

Envelhecimento Patológico:
Ocorre um declínio das funções cognitivas:
✓ Alteração e deterioração da memória para registar, armazenar e recuperar informação nova;
✓ Perda de conteúdos referentes à família e passado;
✓ Alteração e deterioração do pensamento e raciocínio com redução do fluxo de ideias e
diminuição da atenção, etc;
✓ Défice significativo nas diversas áreas que permitem a execução de tarefas da vida diária (vestir,
comer, etc);
✓ Alterações da linguagem;
✓ Alterações da “consciência clara”.

Para se considerar envelhecimento patológico é necessário que a


sintomatologia esteja presente no indivíduo durante pelo menos 6
meses.

2.3. Depressão na pessoa idosa

Embora a depressão possa afetar as pessoas em qualquer fase da vida, alguns estudos indicam que os
sintomas são altamente prevalentes nas fases tardias da vida. A depressão está muitas vezes associada a
outras doenças médicas, cuja evolução agravam ou complicam, motivo pelo qual são um importante
fator de mortalidade, levando em muitos casos ao suicídio.
Os cuidados consigo mesmo podem ajudar a pessoa a prevenir a depressão ou a contribuir para o
tratamento. A prática de atividade física, um sono regular e o não consumo de álcool e drogas ajudam a
minimizar os sintomas da doença. O relacionamento e interação com familiares e amigos torna-se
fundamental em todo o processo.

Sintomas:
• Diminuição da energia e da capacidade de concentração;
• Perda de interesse e prazer nas atividades quotidianas e nas interações sociais;
• Alterações do sono especialmente o despertar precoce pela manhã e múltiplos despertares
durante a noite;
• Sensação contínua de fadiga ou cansaço;
• Sentimento de reprovação ou culpabilidade;
• Sensação de abandono pelos familiares ou amigos próximos;
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• Estado de letargia ou agitação;


• Aumento ou diminuição do apetite, originando alterações de peso;
• Queixas somáticas (como dores pelo corpo e ansiedade);
• Pensamentos frequentes de morte ou suicídio.
Poderão existir dificuldades de memória em idosos deprimidos, o que se denomina síndrome demencial
da depressão que poderá ser confundida com a verdadeira demência. Além disso, a depressão poderá
estar associada a uma doença física ou ao uso de medicamentos.

Fatores de risco:
✓ Limitações funcionais;
✓ Doenças crónicas;
✓ Isolamento social;
✓ Problemas socioeconómicos;
✓ Perturbações de memória;
✓ Doença de Parkinson;
✓ Acidentes vasculares e cerebrais;
✓ Doenças crónicas ou cardiovasculares;
✓ Hipotiroidismo;
✓ Perda de parentes próximos;
✓ Excesso de medicamentos.
É possível encontrar vários tipos de depressão entre os idosos, desde a recorrência da depressão bipolar,
depressão maior crônica, distúrbio de humor agravado pelas condições de vida, distúrbios de
ajustamento a outros transtornos orgânicos.
Na velhice, a depressão pode surgir acompanhada de outros problemas físicos, como o cansaço e a
recusa de locomoção, o que acaba por, de certa forma, mascarar a doença e desviar a atenção das pessoas
desta patologia, focando-se nos sintomas físicos e não compreendendo o verdadeiro cerne da questão.
A atividade física regular e bem planeada, contribui para minimização do sofrimento psíquico do idoso
deprimido, uma vez que, oferece oportunidade de envolvimento psicossocial, elevação da autoestima,
implementação das funções cognitivas e, contribui para a saída do quadro depressivo com taxas de
recaída mais reduzidas.
Outros métodos de tratamento passam pela estimulação cognitiva, prática de jogos de memória, passeios
em família, discussões de temas, leitura e conversas, sempre com o intuito de aumentar a autoestima e
de proporcionar um sentimento de integração e utilidade à pessoa idosa.
O apoio familiar é de extrema importância para o idoso deprimido. Mesmo com o acompanhamento
psicoterapêutico que permite a complementação do tratamento medicamentoso e propicia a recuperação
da qualidade de vida, a família é o pilar e a chave para a recuperação, evitando assim que se sintam
desprezados e rejeitados.

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2.4. Psicopatologia do delírio


O delírio é:
✓ Crença falsa e firme em algo que não é um facto;
✓ Perturbação grave na capacidade mental de uma pessoa, o que resulta em uma diminuição da
consciência (inclusive do ambiente em que ela está) e pensamento confuso;
✓ Distúrbios psicológicos (esquizofrenia).
Por norma, os delírios surgem repentinamente, podem durar minutos, horas ou até semanas e, em muitos
casos, pode conduzir o doente a cometer suicídio, homicídio ou outros crimes.
Estas situações, são mais comuns em pacientes idosos, que podem mesmo ter episódios de delírios
recorrentes, considerando-se, neste caso, emergência geriátrica.
Durante os episódios de delírio, muitas vezes, a pessoa não está completamente ciente do local em que
está e pode agir de forma inesperada.
Os sintomas podem ser similares aos da demência, por isso a presença de alguém que passe bastante
tempo com o paciente pode ser essencial para o diagnóstico correto da doença, uma vez que, demência
não é a mesma coisa delírio

Causas:
✓ Acontece quando os sinais enviados e recebidos pelo cérebro se tornam comprometidos,
debilitados ou confusos; não se sabe a exata causa;

✓ Qualquer condição que faça com que o paciente fique internado no hospital aumenta o risco de
ele ter episódios de delírio;

✓ A falta de sono, o uso de certos medicamentos ou drogas, infeções e febre alta podem estar
relacionados ao sintoma.

2.5. Perturbações sensoriais e delírio


Condições ligadas ao delírio:
✓ Desidratação;
✓ Infeções trato urinário;
✓ Pneumonia;
✓ Demência;
✓ Esquizofrenia;
✓ Doenças graves ou em fase terminal;
✓ Período de abstinência de drogas.
Fatores risco:

✓ Pessoas com demência;


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✓ Idosos;

✓ Crianças com infeções que causem febre alta;

✓ Problemas de visão ou audição;

✓ Estar desnutrido ou desidratado;

✓ Tratamento com vários medicamentos;

✓ Uso excessivo de álcool e/ou drogas, ou estar período de abstinência;

✓ Ter realizado cirurgia recentemente.

Sintomas:
✓ Redução da consciência:
o Incapacidade de ficar focado em um tópico ou situação, ou em mudar de tópico;
o Atenção vaga;
o Ficar preso a apenas uma ideia ou tópico e não conseguir responder questões normais
de uma conversação;
o Ser “retirado” do ambiente em que se encontra com pouca ou nenhuma resposta às
situações ao seu redor;
o Ser facilmente distraído por coisas não importantes.

✓ Habilidade cognitiva comprometida:


o Memória fraca, principalmente dos eventos recentes;
o Desorientação incluindo não saber o local em que as coisas estão, quem é quem ou em
qual período do dia, mês ou ano está;
o Dificuldade para falar ou para se lembrar do que falou;
o Dificuldade em compreender as falas das outras pessoas;
o Dificuldade em ler ou escrever;
o Linguagem estranha ou sem sentido.

✓ Alterações comportamentais:
o Ter alucinações;
o Não conseguir descansar e ficar agitado;
o Irritabilidade e comportamento agressivo;
o Problemas para conseguir dormir e acordar nos horários normais;
o Estar com as emoções - como medo, ansiedade, raiva ou depressão - muito afloradas,
extremas.

Diagnóstico:

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Pessoas idosas que estão internadas em hospitais, ou com doenças que demandam tratamentos
constantes, são particularmente mais propensas em apresentar episódios de delírio. É importante ficar
atento a todos os sintomas que se podem apresentar, inclusive aqueles mais quietos, como isolamento
social e pouca interação com as pessoas ao seu redor.
O médico vai basear-se nas respostas que o acompanhante fornecer sobre o histórico médico do
paciente, da verificação do estado mental e da identificação dos possíveis fatores que contribuíram com
o quadro.

Testes:
✓ Avaliação do estado mental:
o O médico avalia a consciência, atenção e capacidade de raciocínio do paciente através
de uma conversa informal ou de testes mais formais, com o uso de listas e outros
instrumentos de avaliação.

✓ Exames físicos:
o O médico verificará a possibilidade de desidratação, infeção, abstinência de álcool ou
outros problemas de ordem física;
o Têm como objetivo encontrar condições de saúde que podem estar a causar o
problema, uma vez que o delírio pode ser o primeiro sinal (e, às vezes, o único) de uma
condição mais séria como insuficiência respiratória ou cardíaca.

✓ Exames neurológicos:
o Verificará a visão, equilíbrio, coordenação e reflexos do paciente, o que pode determinar
a presença de alguma doença neurológica que está ocasionando o delírio.

Cuidados para a orientação do doente:


✓ Manter relógios e calendários por perto;
✓ Manter o ambiente em que ele está o mais calmo o possível, com a presença dos seus pertences
e daquilo que é familiar para ele;
✓ Conversas regulares sobre lembranças do lugar e o tempo em que ele está;
✓ Manter os membros da família por perto e evitar a presença de estranhos;
✓ Não fazer barulhos nos momentos em que o paciente deve dormir e deixar o ambiente
iluminado fracamente;
✓ Manter uma nutrição e hidratação adequada;
✓ Suprir a necessidade de equipamentos que se fizerem necessários, como óculos ou aparelhos
auditivos;

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✓ Fazê-lo sair da cama nos horários normais e realizar atividades leves, como caminhadas em casa,
se possível
O grau de recuperação do doente, depois de tratado o delírio, dependerá muito da condição dele antes
do surgimento do problema. Doentes com demência normalmente apresentam uma pioria acentuada
nas habilidades de raciocínio e de memória depois dos episódios de delírio.

Prevenção:
✓ Manter o paciente hidratado e comendo normalmente;
✓ Fazer atividades que o estimulem, e levar objetos familiares para o hospital;
✓ Caso ele use óculos ou aparelhos auditivos, incentive que os use mesmo estando internado;
✓ Conte sobre as novidades das pessoas que ele conhece usando frases simples e lembrando de
situá-lo no tempo em que ele está vivendo e no lugar que está;
✓ Tente reduzir as interrupções durante a noite, além de diminuir a intensidade das luzes, se
possível.

2.6. Outras perturbações mentais frequentes no idoso


2.6.1. Perturbação bipolar

A perturbação bipolar é uma perturbação do humor caracterizada por episódios repetidos e/ou
alternados, de mania e depressão. Nos casos de bipolaridade as mudanças de humor são extremas e mais
duradouras que as experimentadas pela maioria de nós.
A pessoa que sofre de uma perturbação bipolar, vive num constante carrossel de emoções, estando
sujeita a episódios de extrema alegria, euforia e hiperatividade física e mental, em que se sente invencível
e cheia de ideias e planos (mania), que alternam com episódios de humor muito baixo em que sente
desespero, inibição e lentidão para conceber ou realizar ideias, associado a ansiedade ou tristeza profunda
(depressão).
Entre os episódios, é comum que a pessoa passe por períodos de normalidade, tendo uma vida como
outra qualquer. No entanto, alguns doentes apresentam leves sintomas entre as fases, não alcançando
uma recuperação plena.
A natureza e duração dos episódios variam muito de pessoa para pessoa, tanto em intensidade quanto
em duração.

Sintomas:
✓ Agitação, euforia e irritabilidade;
✓ Mau humor, tristeza, ansiedade e pessimismo;
✓ Sentimento de culpa, inutilidade e desamparo;
✓ Crença irrealista em suas habilidades;

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✓ Comportamento diferente do habitual;


✓ Perda de interesse por coisas que gostava;
✓ Sensação de fadiga;
✓ Necessidade de sono diminuída ou aumentada;
✓ Fácil distração/falta de concentração;
✓ Impulsividade;
✓ Fala muito rápida;
✓ Desejo sexual aumentado;
✓ Dores crónicas;
✓ Alterações no apetite e no peso corporal;
✓ Tendência para o consumo excessivo de álcool e abuso de drogas.

2.6.2. Perturbação de ansiedade

É normal sentirmo-nos ansiosos perante um novo desafio, é essa ansiedade que nos torna mais alerta
para avaliar a “ameaça” e conseguir agir rapidamente. É esse sentimento que nos faz ultrapassar um
desafio, procurar a solução, que nos torna mais atentos, ou que motiva a recusa de uma situação
potencialmente perigosa. No entanto, quando esse medo se instala, exacerbado, prolongando-se muito
além do que seria normal para cumprir essa função adaptativa, surgem diferentes tipos de problemas, as
denominadas perturbações de ansiedade.
Em idosos, a fragilidade do sistema nervoso central explica o desenvolvimento de ansiedade após um
acontecimento stressante (stresse pós-traumático).
As obsessões e compulsões podem aparecer pela primeira vez em idosos, embora seja mais comum em
pessoas que já eram mais organizadas, perfecionistas, pontuais.

Sintomas:
✓ Taquicardia;
✓ Falta de ar;
✓ Dificuldade em respirar;
✓ Suores repentinos;
✓ Evitar sítios ou pessoas;
✓ Dificuldades de regulação emocional (agressividade, impulsividade, ataques de pânico).

Tratamento:
A medicação alivia a sintomatologia, mas não resolve o problema. É aconselhável o acompanhamento
individualizado de psicoterapia, que permite o desenvolvimento de estratégias para gerir a ansiedade num
processo que passa por identificar as emoções para progressivamente passar a conseguir regulá-las de
forma a conseguir enfrentar as causas e tornar capaz de gerir o medo presente e em situações futuras.
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Cuidados diários:
✓ Dormir 7 a 8 horas por noite;
✓ Seguir uma alimentação cuidada;
✓ Praticar exercício físico;
✓ Implementar estratégias práticas como organizar as tarefas por ordem de prioridade logo de
manhã, permite começar o dia com uma maior sensação de controlo, evitando um dos medos
mais comuns, o de “não ser capaz”, de não conseguir estar à altura da exigência.

2.6.3. Perturbação por uso de álcool e outras substâncias

✓ Os idosos podem iniciar um quadro de dependência a uma droga ou um medicamento, devido


à automedicação;
✓ A dependência do álcool geralmente começa na idade adulta, e está associada a uma maior
incidência de quadros demenciais;
✓ A dependência de substâncias como hipnóticos, ansiolíticos e narcóticos é comum, uma vez
que, os idosos abusam de ansiolíticos para o alívio da ansiedade crónica ou para garantirem uma
noite de sono;
✓ O quadro clínico é variado e frequentemente inclui quedas, confusão mental, fraca higiene
pessoal, depressão e desnutrição
Tanto os medicamentos quanto o álcool estão relacionados com um maior número de quedas e fraturas,
o que reduz significativamente a expectativa de vida do idoso após o incidente.

2.6.4. Demências

Demência é o termo utilizado para descrever os sintomas de um grupo alargado de doenças que causam
um declínio progressivo no funcionamento da pessoa. A demência refere-se a um comprometimento
cognitivo geralmente progressivo e irreversível em que, as funções cognitivas anteriormente adquiridas
vão sendo gradualmente perdidas. É provocada pela presença de vários tipos de lesões cerebrais que
afeta essencialmente os idosos, no entanto, pode afetar a população adulta mais jovem.
A demência caracteriza-se por um declínio cognitivo que concebe uma dependência progressiva e
incapacidade atingindo a necessidade imprescindível de cuidadores ou de institucionalização e, hoje em
dia, fruto do aumento da idade média de vida, verifica-se também um aumento exponencial do número
de casos efetivos de demência.

Causas:
✓ Lesões e tumores cerebrais;
✓ Síndrome da imunodeficiência adquirida;
✓ Álcool;
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✓ Medicamentos;
✓ Infeções;
✓ Doenças pulmonares crónicas;
✓ Doenças inflamatórias;
✓ Doenças degenerativas primárias do sistema nervoso central;
✓ Doença vascular.

Sintomas:
✓ Alterações na memória, na linguagem e na capacidade de orientação;
✓ Modificações comportamentais: agitação, inquietação, raiva, violência e gritos;
✓ Desinibição sexual e social;
✓ Impulsividade;
✓ Alterações no sono;
✓ Pensamento ilógico;
✓ Alucinações.

2.6.5. Alzheimer

O Alzheimer é doença degenerativa atualmente incurável, mas que possui tratamento, sendo considerada
a demência mais comum no mundo. O tratamento permite melhorar a saúde, retardar o declínio
cognitivo, tratar os sintomas, controlar as alterações de comportamento e proporcionar conforto e
qualidade de vida ao idoso e família
Esta patologia provoca deficiência cognitiva, afetando principalmente a memória necessária para reter
novas informações. E, à medida que evolui, várias outras funções cognitivas, como a orientação, a
linguagem, julgamento, função social e habilidade de realizar tarefas motoras também se declinam. Existe
uma diminuição do tamanho geral do cérebro em resultado da perda de neurónios e, as áreas mais
afetadas são as associadas á memória, aprendizagem e coordenação motora.

Fatores risco:
✓ Idade (incidência é muito maior em pessoas com mais de 80 anos);
✓ História Familiar;
✓ Tabagismo;
✓ Inatividade física;
✓ Depressão;
✓ Hipertensão;
✓ Obesidade;
✓ Diabetes.

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Fase Inicial: (dura de 2 a 4 anos)


✓ Agnosia: dificuldade em reconhecer e identificar objetos;
✓ Apraxia: dificuldade de execução de movimentos;
✓ Incontinência urinária pode aparecer;
✓ Perda de memória, confusão e desorientação;
✓ Ansiedade, agitação, ilusão, desconfiança;
✓ Alteração da personalidade e do senso crítico;
✓ Dificuldades com as atividades da vida diária (cozinhar, fazer compras, conduzir, telefonar).

Fase Intermédia: (pode durar de 3 a 5 anos)


✓ São afetadas as atividades instrumentais e operativas;
✓ Dificuldade em reconhecer familiares e amigos;
✓ Perder-se em ambientes conhecidos;
✓ Alucinações, perda de peso, incontinência urinária;
✓ Dificuldades com a fala e a comunicação;
✓ Movimentos e fala repetitiva;
✓ Distúrbios do sono;
✓ Problemas com ações rotineiras;
✓ Início de dificuldades motoras.

Fase Final:
✓ Dependência total;
✓ Incontinência urinária e fecal;
✓ Tendência em assumir posição fetal;
✓ Ausência da linguagem voluntária ou não;
✓ Restrito a cadeira ou ao leito;
✓ Presença de úlceras por pressão;
✓ Perda progressiva de peso;
✓ Infeções urinárias e respiratórias;
✓ Término da comunicação.

Quarta fase: (Terminal)


✓ Paciente está completamente dependente das pessoas;
✓ Linguagem reduzida a simples frases ou até a palavras isoladas, eventualmente, em perda da fala;
✓ Apesar da perda da linguagem verbal, podem compreender e responder com sinais emocionais;
✓ Agressividade pode estar presente, apatia extrema, cansaço são comuns;
✓ Não conseguem desempenhar as tarefas mais simples sem ajuda;

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✓ Massa muscular e mobilidade degeneram-se a tal ponto que o paciente tem de ficar deitado
numa cama;
✓ Perdem a capacidade de comer sozinhos;
✓ A morte normalmente não é causada pela doença, mas por outro fator externo (ex.: pneumonia).

Manifestações clínicas:
As manifestações mais comuns são a apatia, irritabilidade e instabilidade emocional, chegando ao choro,
ataques inesperados de agressividade ou resistência ao cuidado.
✓ Um doente pergunta a mesma coisa várias vezes, mostrando a sua incapacidade de
fixar/memorizar algo novo;
✓ Palavras são esquecidas, frases são trocadas, muitas permanecendo sem finalização;
✓ Apesar da perda da linguagem verbal, os doentes podem compreender e responder com sinais
emocionais.

Diagnóstico:
O diagnóstico é difícil pois a doença não tem sintomas físicos específicos. Os sintomas são mentais e de
comportamento e, por isso, durante muito tempo as pessoas deixaram de encarar esse distúrbio como
uma doença que exige intervenção.
Numa fase inicial, a TAC e a RMN costumam não indicar alterações, mas numa fase mais avançada pode
indicar uma alteração no volume cérebro.
Ao notar sintomas de Alzheimer, o próprio portador tende a escondê-los por vergonha. A família precisa
estar atenta e, se identificar algo incomum, deve encaminhar o idoso É necessário diferenciar o
esquecimento normal de manifestações mais graves e frequentes, que são sintomas da doença. Não é
porque a pessoa está mais velha que não se vai lembrar do que é importante.

Testes Neuropsicológicos:
✓ São de difícil aplicação em pacientes idosos;
✓ Aplicados por profissionais especializados, sendo úteis em casos fronteiriços na diferenciação
de processos demenciais iniciais.
✓ Baterias de testes que incluem várias questões e requerem em média 30min para serem aplicados.

Tratamento:
✓ Tratamento dos sintomas de comportamento: irritabilidade, agitação, depressão, alucinação e
insónia;
✓ Tratamento específico: dirigido para tentar melhorar o déficit de memória, corrigindo o
desequilíbrio químico do cérebro. Algumas drogas funcionam melhor no início da doença, no
entanto, seu efeito é temporário, pois a doença continua a progredir;

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✓ O tratamento permite melhorar a saúde, retardar o declínio cognitivo, tratar os sintomas,


controlar as alterações de comportamento e proporcionar conforto e qualidade de vida ao idoso
e sua família.

Medicamentos Psiquiátricos:
Como a depressão e ansiedade são um problema constante no Alzheimer é comum que os médicos
prescrevem antidepressivos. Os antidepressivos além de melhorarem o humor, o apetite, o sono, o
autocontrole e diminuírem a ansiedade, tendências suicidas e agressividade tem demonstrado também,
significativamente retardar a degeneração do cérebro.
✓ Haloperidol (haldol) – reduz as alucinações, a agressividade, os distúrbios de humor, a apatia e
a disforia (angústia) que são comportamentos que ocorrem com a evolução da patologia.
✓ Diazepem (valium) – usado para insónia, ansiedade, agitação motora e irritabilidade.

Papel Cuidadores:
✓ Devem estar treinados para tarefas como a alimentação adequada, deglutição, incontinência
urinária, higiene corporal, cuidados físicos e com a pele;
✓ Responsáveis pela manutenção da segurança física;
✓ Redução da ansiedade e agitação;
✓ Controle dos distúrbios do padrão do sono;
✓ Auxílio na marcha;
✓ Promoção de independência nas atividades de autocuidado;
✓ Atendimento das necessidades de socialização;
✓ Melhoria da comunicação.

Apoio aos Cuidadores:


Conforme a doença avança, aumentam as dificuldades para os familiares tendo que cuidar, acompanhar
e ajudar no tratamento de um familiar que não reconhece as pessoas e, depende a maior parte do tempo
do auxílio de alguém, até para realizar as suas necessidades fisiológicas mais básicas.

Recomendações:
✓ Fazer o portador de Alzheimer usar uma pulseira, colar ou outro adereço qualquer com dados
de identificação e as palavras “memória Prejudicada”;
✓ Estabelecer uma rotina diária e ajudar o doente a cumpri-la;
✓ Espalhar lembretes pela casa (apague a luz, feche a torneira, desligue a TV) pode ajudá-lo
bastante;
✓ Encorajar a pessoa a vestir-se, comer, ir ao wc, tomar banho autonomamente;
✓ Limitar as suas opções de escolha. Em vez de oferecer vários sabores de gelados, ofereça apenas
dois tipos;
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✓ Certificar-se de que o doente está a ingerir uma dieta balanceada e praticar atividades físicas de
acordo com as suas possibilidades;
✓ Eliminar o álcool e o tabaco, pois agravam o desgaste mental;
✓ Estimular o convívio familiar e social do doente;
✓ Reorganizar a casa afastando objetos e situações que possam representar perigo.

Dicas de Prevenção:
Médicos acreditam que manter a cabeça ativa e uma boa vida social permite, pelo menos, retardar a
manifestação da doença.
Entre as atividades recomendadas para estimular a memória estão: leitura constante, exercícios de
aritmética, jogos inteligentes e participação em atividades.

2.6.6. Doença de Parkinson


O Parkinson é uma doença degenerativa, crónica de progressão lenta que afeta principalmente a
mobilidade e, geralmente, só se inicia após os 50 anos de idade.
Representa uma das doenças neurológicas mais frequentes e ocorre quando certos neurónios do sistema
nervoso central morrem ou perdem a capacidade na substância negra.
Esta doença ataca cerca de 20 mil portugueses, de ambos os sexos, com uma ligeira preponderância para
sexo masculino. E, estima-se que no mundo existam 10 milhões de doentes de Parkinson.

Manifestações Clínicas:
✓ Manifestações Motoras:
o Tremor em repouso:
▪ Sintoma inicial em cerca de 85% pacientes;
▪ Desaparece perante a ação, mas ressurge quando o membro mantém uma
postura;
▪ Movimento voluntário atenua o tremor e este desaparece completamente
durante o sono.
o Rigidez Muscular:
▪ Todo o corpo;
▪ Inexpressividade facial (diminuição do pestanejar, boca aberta, deglutição
difícil)

o Bradicinesia:
▪ Lentidão do movimento
✓ Dificuldade em realizar movimentos repetitivos;
✓ Depressão, ansiedade;
✓ Alteração do equilíbrio quando em movimento;

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✓ Instabilidade postural;
✓ Bradifrenia (pensamento lento);
✓ Normalmente começa num membro superior estendendo-se pelo resto do corpo;
✓ O doente fica suscetível e fraco, aumentando o risco de infeções e outros episódios com
potencial mortal.

Escalas:
A escala usada para avaliar a evolução da doença é a Escala de Hoehn e Yahr
✓ Estágio 0: nenhum sinal da doença
✓ Estágio 1: Doença unilateral
✓ Estágio 2: Doença bilateral sem déficit de equilíbrio
✓ Estágio 3: Doença bilateral leve e moderada, alguma instabilidade postural
✓ Estágio 4: Incapacidade grave, ainda capaz de permanecer de pé sem ajuda
✓ Estágio 5: Confinado a uma cama ou cadeira de rodas a não ser que receba ajuda

Diagnóstico:
É importante que quaisquer manifestações sejam levadas em consideração, principalmente para aqueles
com mais de 60 anos. O diagnóstico é basicamente clínico, baseado nos sinais e sintomas descritos. Os
exames complementares como TAC e RMN servem apenas para avaliação de outros diagnósticos
diferenciais (infeções, traumatismos cranianos)

Tratamento:
✓ Levodopa (exerce efeito sobre sinais e sintomas da doença, sendo o principal tratamento):
o No início da evolução da doença, à melhoria do tremor, da rigidez e da bradicinesia e
pode ser quase completo.
✓ Associa-se mais tarde com carbidopa para aumentar a eficácia e reduzir os efeitos secundários;
✓ Fisioterapia traz grandes benefícios para os parkinsonianos, principalmente no que diz respeito
à mobilidade, equilíbrio e respiração;
✓ Tratamento farmacológico isoladamente é ineficaz, por isso, é necessário a combinação do
tratamento fisioterapêutico com o medicamentoso.

2.6.7. Demência Vascular


A demência vascular representa a segunda causa mais comum de demência, sendo que, geralmente, o
início é mais precoce que a doença de Alzheimer apesar de, muitas vezes, serem confundidas.
Relativamente a esta patologia, os homens são mais afetados do que as mulheres e, surge de forma súbita,
seguido por um trajeto flutuante e gradual, caraterizado por rápidas alterações ao invés de uma
progressão lenta.
A demência vascular cerebral é muito mais comum do que se pensa e pode ser evitada Carateriza-se por
múltiplos AVC´s que vão ocorrendo no cérebro ao longo da vida do indivíduo que, muitas vezes, são
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pequenos episódios em que o indivíduo fica indisposto, mas vai melhorando e não chega a ter
conhecimento de que a causa da indisposição foi uma pequena isquemia (pequeno derrame cerebral).

Prevenção:
✓ Controle da tensão arterial;
✓ Controle dos níveis de colesterol;
✓ Evitar gorduras;
✓ Evitar o excesso de sal.

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3. RECURSOS COMUNITÁRIOS DE APOIO


3.1. Respostas sociais à velhice
3.1.1. Saúde e comunidade

Perante o envelhecimento progressivo da população. a sociedade civil e o Estado viram-se obrigados a


organizar e criar condições para acolher o número crescente de idosos.
As principais respostas para os idosos são na área da saúde (Hospitais, Unidade de Cuidados
Continuados) e na área social (Lares, Centros de Dia, Centros de Convívio. Serviços de Apoio
Domiciliário, etc.):
✓ O idoso sente necessidade de apoio da própria família, isto é, a prestação de cuidados por parte
do conjugue, descendentes ou parentes colaterais, ou por parte da intervenção conjunta de
vários membros da família.
✓ Instituições ao nível do serviço de apoio domiciliário, que consiste na prestação de serviços
diversificados como alimentação, higiene pessoal, higiene habitacional e/ou tratamento de
roupa.
✓ Serviço prestado permanentemente (lares e residências) ou parcialmente (centros de dia, centros
de convívio, universidades para a terceira idade).
✓ Prestação de cuidados informais, por parte dos vizinhos, amigos e/ou voluntários, sendo
pessoas que mostram disponibilidade e vontade
✓ Prestadores cuidados formais (profissionais e/ou família) apresentam maior utilidade para as
atividades de vida diária simples

Os prestadores de cuidados informais são uma mais valia para as atividades instrumentais (compras,
lazer, passeios). Idealmente estes dois eixos, a prestação de cuidados formais e informais, deviam
coexistir e serem desenvolvidos simultaneamente de forma a permitir ao idoso a escolha ideal.
Atualmente, as famílias não têm a capacidade de responder dignamente aos vários papéis para os quais
são chamadas, existindo uma interajuda, entre esta e as respostas sociais, no cuidado ao idoso. Entende-
se a família como a rede alargada de parentes (que podem ser de sangue, de direito, de aliança ou de
facto) com quem o idoso mantém relações e interações mais ou menos intensas. As famílias continuam
a ser chamadas à responsabilidade; é importante a união das famílias e dos elementos que as constituem,
no apoio prestado aos idosos, sendo estes a figura base das mesmas.

3.1.2. O hospital e o seu papel face à pessoa idosa

Durante o internamento a pessoa idosa passa a estar a cargo de uma equipa multidisciplinar, que tudo
faz para que a pessoa atinja um estado máximo de saúde
Com o internamento surgem dúvidas e insegurança em toda a família, é um momento de tomada de
decisões que podem ser fáceis ou não. A família necessita de ajuda, apoio moral, alguém com quem
possa esclarecer dúvidas para tentar ultrapassar este momento
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É importante existir uma boa relação entre a família e os técnicos de saúde com o objetivo melhorar o
estado emocional da pessoa internada, quer para aumentar a interação no processo de cura, bem como
a integração da família neste processo.
O hospital desempenha um papel importante na informação e preparação da doença, bem como a
melhor forma de lidar com a mesma.

3.1.3. Outros recursos


3.1.3.1. Família

A família deve contribuir dando suporte à pessoa mais velha, identificando quem vai ser o responsável,
ouvir o que ela pensa, compreender os seus argumentos e necessidades. A família proporciona conforto
e companhia e, á medida que a idade avança, os familiares mais próximos tornam-se o centro das suas
relações, ajudando tanto nos cuidados com a saúde como na companhia. Contudo, o excesso de cuidados
e intromissão indevida nas escolhas dos idosos, desestimula-os a agir ou a esforçarem-se a fazê-lo,
gerando uma sensação de inutilidade e dependência. O cuidado exacerbado também pode induzir à baixa
autoestima e é tão negligente quanto a falta dele.
O papel da família é de acolher, proteger e integrá-lo como membro participante e valorizado.
No entanto, nem todas as famílias possuem estruturas para tratar ou receber um idoso debilitado e
existem muitos idosos que não possuem família, criando novos elos (vizinhos e amigos acabam por se
tornar cuidadores).
O cuidador pode sofrer de um misto de sentimentos no seu dia a dia e que podem ser confusos, mas é
importante não esquecer que são reações normais e que está a dar o seu melhor nos cuidados ao doente.
Se o idoso partilhar as informações acerca da doença bem como os seus sentimentos com familiares e
amigos, vai contribuir para uma maior compreensão por parte destes o que lhes permitirá prestar o apoio
que tanto precisa.

3.1.3.2. Apoio domiciliário

Uma resposta social que visa prestar cuidados e serviços a famílias e pessoas que se encontrem no seu
domicílio, em situação de dependência física e ou psíquica e que não possam assegurar a satisfação das
suas necessidades básicas e ou a realização das atividades instrumentais da vida diária, nem disponham
de apoio familiar para o efeito.

Serviços prestados no apoio domiciliário:


✓ Cuidados de higiene e conforto pessoal;
✓ Higiene habitacional, estritamente necessária à natureza dos cuidados prestados;
✓ Fornecimento e apoio nas refeições, respeitando as dietas com prescrição médica;
✓ Tratamento da roupa do uso pessoal do utente;
✓ Atividades de animação e socialização, designadamente, animação, lazer, cultura, aquisição de
bens e géneros alimentícios, pagamento de serviços e deslocação a entidades da comunidade;
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✓ Serviço de teleassistência.
3.1.3.3. Lares

Constituem uma resposta social desenvolvida em alojamento coletivo de utilização temporária ou


permanente, para idosos em situação de maior risco de perda de independência e/ou de autonomia. Esta
valência social está destinada a facultar respostas a idosos no âmbito do acolhimento, alimentação,
cuidados de saúde, higiene, conforto, onde se propícia o convívio e a ocupação dos tempos livres dos
utentes.

3.1.3.4. Outras Instituições de apoio


✓ Centros de Convívio: são centros a nível local, que pretendem apoiar o desenvolvimento de um
conjunto de atividades sociais, recreativas e culturais destinadas aos idosos de uma determinada
comunidade. Estes promovem uma participação ativa do idoso;
✓ Centros de Dia: constituem um tipo de apoio dado através da prestação de um conjunto de
serviços dirigidos a idosos da comunidade, cujo âmbito assenta no desenvolvimento de
atividades que proporcionem a manutenção dos idosos no seu meio sociofamiliar. Os objetivos
do Centro de Dia focam-se na: prestação de serviços que satisfaçam as necessidades básicas;
prestação de apoio psicossocial; fomento das relações interpessoais ao nível dos idosos e destes
com outros grupos etários, a fim de evitar o isolamento. O Centro de Dia assegura, entre outros,
os seguintes serviços: refeições: convívio/ocupação; cuidados de higiene; tratamento de roupas;
férias organizadas;
✓ Residência: é a resposta social desenvolvida em equipamento constituído por um conjunto de
apartamentos, com serviços de utilização comum, para idosos com autonomia total ou parcial;
✓ Serviço de Apoio Domiciliário (SAD): é uma resposta social que consiste na prestação de
cuidados individualizados e personalizados no domicílio, a indivíduos e famílias que, por motivo
de doença, deficiência, velhice ou outro impedimento, não possam assegurar de forma
temporária ou permanente, a satisfação das suas necessidades básicas e/ou atividades da vida
diária. Este deve proporcionar os seguintes serviços: prestação de cuidados de higiene e
conforto; arrumação e pequenas limpezas no domicílio; confeção, transporte e/ou distribuição
de refeições; tratamento de roupas. O SAD pode ainda assegurar outros serviços,
nomeadamente: acompanhamento ao exterior; aquisição de géneros alimentícios e outros
artigos; acompanhamento, recreação e convívio; pequenas reparações no domicílio; contactos
com o exterior;
✓ Apoio Domiciliário: consiste na prestação de serviços, por ajudantes e/ou familiares no
domicílio dos utentes, quando estes, por motivo de doença ou outro tipo de dependência, sejam
incapazes de assegurar temporária ou permanentemente a satisfação das suas necessidades
básicas e/ou realizar as suas atividades diárias. É um tipo de apoio que conquistou muitos
adeptos, na medida em que se caracteriza pela prestação de um serviço de proximidade com
cuidados individualizados e personalizados. Além disso, é preservada a família e a casa que
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constituem para o idoso um quadro referencial muito importante para a sua identidade social;
✓ Acolhimento Familiar de Idosos (AFI): é a resposta social que consiste na integração, temporária
ou permanente, em famílias que prestem os cuidados necessários, quando ocorre uma
inexistência ou insuficiência de respostas sociais que possibilitem a integração do idoso ou na
ausência de família que assegure o pleno acompanhamento;
✓ Centro de Acolhimento Temporário de Emergência para Idosos: é a resposta social que consiste
no acolhimento temporário a idosos em situação de emergência social, perspetivando-se o
encaminhamento do idoso ou para a família ou para outra resposta social de carácter
permanente;
✓ Centro de Noite (CN): é a resposta social dirigida a idosos com autonomia que desenvolvem as
suas atividades da vida diária no domicílio, mas que durante a noite, por motivos de isolamento,
necessitam e acompanhamento. É uma estrutura cuja lógica de intervenção tem por base o apoio
temporário, que pretende dar resposta a situações de: isolamento geográfico ou social por,
respetivamente, residirem longe da comunidade local e pela ausência de redes de suporte
informal que possam dar apoio; Solidão, sentimento que pode advir de situações de isolamento;
Insegurança, traduzida pela incapacidade em lidar com situações perturbadoras como é por
exemplo, a morte ou afastamento da pessoa com quem se residia. Tendo em conta os objetivos
que presidem aos centros de noite e, pelo facto de não se dispor ainda de experiência significativa
do desenvolvimento desta resposta, as presentes orientações constituem, nesta fase, um quadro
referencial que permite enquadrar iniciativas que visem a sua implementação;
✓ Unidades de Cuidados Continuados: constituem respostas residenciais a idosos, que apresentam
um maior grau de dependência.

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