Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Saúde Mental na
Terceira Idade
• Identificar as questões relacionados com a saúde mental em geral e com a saúde mental da
pessoa idosa em particular.
• Enunciar as noções de psicopatologia da pessoa idosa.
• Diferenciar os recursos comunitários de apoio à pessoa idosa com doença mental.
Duração Formador/a
25 horas Ana Vieira
O Formador
Curso: Técnico de Apoio Familiar e de Apoio à Comunidade
UFCD: 3553 – Saúde Mental na 3.ª Idade(25h)
Índice
Objetivos........................................................................................................................................... 3
Conteúdos ......................................................................................................................................... 4
2. PSICOPATOLOGIA DA PESSOA IDOSA........................................................................... 8
2.1. O normal e o patológico ...................................................................................................... 8
2.1.1. Conceito de doença mental .................................................................................................. 8
2.2. Envelhecimento normal e patológico ................................................................................... 8
2.3. Depressão na pessoa idosa ................................................................................................... 9
2.4. Psicopatologia do delírio .................................................................................................... 11
2.5. Perturbações sensoriais e delírio ......................................................................................... 11
3. RECURSOS COMUNITÁRIOS DE APOIO ....................................................................... 24
3.1. Respostas sociais à velhice.................................................................................................. 24
3.1.1. Saúde e comunidade........................................................................................................... 24
3.1.2. O hospital e o seu papel face à pessoa idosa ....................................................................... 24
3.1.3. Outros recursos ................................................................................................................. 25
3.1.3.1. Família ........................................................................................................................... 25
3.1.3.2. Apoio domiciliário ......................................................................................................... 25
3.1.3.3. Lares .............................................................................................................................. 26
Bibliografia ...................................................................................................................................... 28
2
Curso: Técnico de Apoio Familiar e de Apoio à Comunidade
UFCD: 3553 – Saúde Mental na 3.ª Idade(25h)
Objetivos
✓ Identificar as questões relacionados com a saúde mental em geral e com a saúde mental da
pessoa idosa em particular.
3
Curso: Técnico de Apoio Familiar e de Apoio à Comunidade
UFCD: 3553 – Saúde Mental na 3.ª Idade(25h)
Conteúdos
4
Curso: Técnico de Apoio Familiar e de Apoio à Comunidade
UFCD: 3553 – Saúde Mental na 3.ª Idade(25h)
Segundo a OMS a Saúde Mental é “o estado de completo bem-estar físico, mental e social e não apenas a
ausência de doença”.
É sentirmo-nos bem connosco próprios e na relação com os outros. É sermos capazes de lidar de forma
positiva com a adversidades. É termos confiança e não temermos o futuro.
❖ Seja qual for a causa existe sofrimento psicológico com repercussões a nível físico.
1.1.2. Promoção
Como se manifesta:
Neurose: indivíduo tem plena consciência dos seus atos, mas não consegue controlá-los:
✓ Maior intensidade do comportamento;
✓ Incapacidade de resolver os conflitos de forma satisfatória.
Psicose: quadro psicopatológico no qual se verifica “perda de contato com a realidade”. Podem ocorrer
alucinações ou delírios, desorganização psíquica que inclua pensamento desorganizado e/ou paranoico,
agitação psicomotora, sensações de angústia intensa e insónia severa.
5
Curso: Técnico de Apoio Familiar e de Apoio à Comunidade
UFCD: 3553 – Saúde Mental na 3.ª Idade(25h)
✓ Atraso mental;
✓ Demências.
7
Curso: Técnico de Apoio Familiar e de Apoio à Comunidade
UFCD: 3553 – Saúde Mental na 3.ª Idade(25h)
Com o envelhecimento o organismo passa por diversas alterações na estrutura e função. A senescência
(processo normal) ocorre de forma gradual e expressa-se com manifestações caraterísticas. As alterações
que ocorrem no sistema nervoso central são de uma importância fundamental, nomeadamente:
✓ Diminuição do volume de tecido cerebral de forma gradual e variável;
✓ Redução da quantidade ou do tamanho de algumas células que formam parte cérebro
(neurónios);
✓ Aumento do volume do líquido que se encontra dentro do sistema nervoso.
Envelhecimento Patológico:
Ocorre um declínio das funções cognitivas:
✓ Alteração e deterioração da memória para registar, armazenar e recuperar informação nova;
✓ Perda de conteúdos referentes à família e passado;
✓ Alteração e deterioração do pensamento e raciocínio com redução do fluxo de ideias e
diminuição da atenção, etc;
✓ Défice significativo nas diversas áreas que permitem a execução de tarefas da vida diária (vestir,
comer, etc);
✓ Alterações da linguagem;
✓ Alterações da “consciência clara”.
Embora a depressão possa afetar as pessoas em qualquer fase da vida, alguns estudos indicam que os
sintomas são altamente prevalentes nas fases tardias da vida. A depressão está muitas vezes associada a
outras doenças médicas, cuja evolução agravam ou complicam, motivo pelo qual são um importante
fator de mortalidade, levando em muitos casos ao suicídio.
Os cuidados consigo mesmo podem ajudar a pessoa a prevenir a depressão ou a contribuir para o
tratamento. A prática de atividade física, um sono regular e o não consumo de álcool e drogas ajudam a
minimizar os sintomas da doença. O relacionamento e interação com familiares e amigos torna-se
fundamental em todo o processo.
Sintomas:
• Diminuição da energia e da capacidade de concentração;
• Perda de interesse e prazer nas atividades quotidianas e nas interações sociais;
• Alterações do sono especialmente o despertar precoce pela manhã e múltiplos despertares
durante a noite;
• Sensação contínua de fadiga ou cansaço;
• Sentimento de reprovação ou culpabilidade;
• Sensação de abandono pelos familiares ou amigos próximos;
9
Curso: Técnico de Apoio Familiar e de Apoio à Comunidade
UFCD: 3553 – Saúde Mental na 3.ª Idade(25h)
Fatores de risco:
✓ Limitações funcionais;
✓ Doenças crónicas;
✓ Isolamento social;
✓ Problemas socioeconómicos;
✓ Perturbações de memória;
✓ Doença de Parkinson;
✓ Acidentes vasculares e cerebrais;
✓ Doenças crónicas ou cardiovasculares;
✓ Hipotiroidismo;
✓ Perda de parentes próximos;
✓ Excesso de medicamentos.
É possível encontrar vários tipos de depressão entre os idosos, desde a recorrência da depressão bipolar,
depressão maior crônica, distúrbio de humor agravado pelas condições de vida, distúrbios de
ajustamento a outros transtornos orgânicos.
Na velhice, a depressão pode surgir acompanhada de outros problemas físicos, como o cansaço e a
recusa de locomoção, o que acaba por, de certa forma, mascarar a doença e desviar a atenção das pessoas
desta patologia, focando-se nos sintomas físicos e não compreendendo o verdadeiro cerne da questão.
A atividade física regular e bem planeada, contribui para minimização do sofrimento psíquico do idoso
deprimido, uma vez que, oferece oportunidade de envolvimento psicossocial, elevação da autoestima,
implementação das funções cognitivas e, contribui para a saída do quadro depressivo com taxas de
recaída mais reduzidas.
Outros métodos de tratamento passam pela estimulação cognitiva, prática de jogos de memória, passeios
em família, discussões de temas, leitura e conversas, sempre com o intuito de aumentar a autoestima e
de proporcionar um sentimento de integração e utilidade à pessoa idosa.
O apoio familiar é de extrema importância para o idoso deprimido. Mesmo com o acompanhamento
psicoterapêutico que permite a complementação do tratamento medicamentoso e propicia a recuperação
da qualidade de vida, a família é o pilar e a chave para a recuperação, evitando assim que se sintam
desprezados e rejeitados.
10
Curso: Técnico de Apoio Familiar e de Apoio à Comunidade
UFCD: 3553 – Saúde Mental na 3.ª Idade(25h)
Causas:
✓ Acontece quando os sinais enviados e recebidos pelo cérebro se tornam comprometidos,
debilitados ou confusos; não se sabe a exata causa;
✓ Qualquer condição que faça com que o paciente fique internado no hospital aumenta o risco de
ele ter episódios de delírio;
✓ A falta de sono, o uso de certos medicamentos ou drogas, infeções e febre alta podem estar
relacionados ao sintoma.
✓ Idosos;
Sintomas:
✓ Redução da consciência:
o Incapacidade de ficar focado em um tópico ou situação, ou em mudar de tópico;
o Atenção vaga;
o Ficar preso a apenas uma ideia ou tópico e não conseguir responder questões normais
de uma conversação;
o Ser “retirado” do ambiente em que se encontra com pouca ou nenhuma resposta às
situações ao seu redor;
o Ser facilmente distraído por coisas não importantes.
✓ Alterações comportamentais:
o Ter alucinações;
o Não conseguir descansar e ficar agitado;
o Irritabilidade e comportamento agressivo;
o Problemas para conseguir dormir e acordar nos horários normais;
o Estar com as emoções - como medo, ansiedade, raiva ou depressão - muito afloradas,
extremas.
Diagnóstico:
12
Curso: Técnico de Apoio Familiar e de Apoio à Comunidade
UFCD: 3553 – Saúde Mental na 3.ª Idade(25h)
Pessoas idosas que estão internadas em hospitais, ou com doenças que demandam tratamentos
constantes, são particularmente mais propensas em apresentar episódios de delírio. É importante ficar
atento a todos os sintomas que se podem apresentar, inclusive aqueles mais quietos, como isolamento
social e pouca interação com as pessoas ao seu redor.
O médico vai basear-se nas respostas que o acompanhante fornecer sobre o histórico médico do
paciente, da verificação do estado mental e da identificação dos possíveis fatores que contribuíram com
o quadro.
Testes:
✓ Avaliação do estado mental:
o O médico avalia a consciência, atenção e capacidade de raciocínio do paciente através
de uma conversa informal ou de testes mais formais, com o uso de listas e outros
instrumentos de avaliação.
✓ Exames físicos:
o O médico verificará a possibilidade de desidratação, infeção, abstinência de álcool ou
outros problemas de ordem física;
o Têm como objetivo encontrar condições de saúde que podem estar a causar o
problema, uma vez que o delírio pode ser o primeiro sinal (e, às vezes, o único) de uma
condição mais séria como insuficiência respiratória ou cardíaca.
✓ Exames neurológicos:
o Verificará a visão, equilíbrio, coordenação e reflexos do paciente, o que pode determinar
a presença de alguma doença neurológica que está ocasionando o delírio.
13
Curso: Técnico de Apoio Familiar e de Apoio à Comunidade
UFCD: 3553 – Saúde Mental na 3.ª Idade(25h)
✓ Fazê-lo sair da cama nos horários normais e realizar atividades leves, como caminhadas em casa,
se possível
O grau de recuperação do doente, depois de tratado o delírio, dependerá muito da condição dele antes
do surgimento do problema. Doentes com demência normalmente apresentam uma pioria acentuada
nas habilidades de raciocínio e de memória depois dos episódios de delírio.
Prevenção:
✓ Manter o paciente hidratado e comendo normalmente;
✓ Fazer atividades que o estimulem, e levar objetos familiares para o hospital;
✓ Caso ele use óculos ou aparelhos auditivos, incentive que os use mesmo estando internado;
✓ Conte sobre as novidades das pessoas que ele conhece usando frases simples e lembrando de
situá-lo no tempo em que ele está vivendo e no lugar que está;
✓ Tente reduzir as interrupções durante a noite, além de diminuir a intensidade das luzes, se
possível.
A perturbação bipolar é uma perturbação do humor caracterizada por episódios repetidos e/ou
alternados, de mania e depressão. Nos casos de bipolaridade as mudanças de humor são extremas e mais
duradouras que as experimentadas pela maioria de nós.
A pessoa que sofre de uma perturbação bipolar, vive num constante carrossel de emoções, estando
sujeita a episódios de extrema alegria, euforia e hiperatividade física e mental, em que se sente invencível
e cheia de ideias e planos (mania), que alternam com episódios de humor muito baixo em que sente
desespero, inibição e lentidão para conceber ou realizar ideias, associado a ansiedade ou tristeza profunda
(depressão).
Entre os episódios, é comum que a pessoa passe por períodos de normalidade, tendo uma vida como
outra qualquer. No entanto, alguns doentes apresentam leves sintomas entre as fases, não alcançando
uma recuperação plena.
A natureza e duração dos episódios variam muito de pessoa para pessoa, tanto em intensidade quanto
em duração.
Sintomas:
✓ Agitação, euforia e irritabilidade;
✓ Mau humor, tristeza, ansiedade e pessimismo;
✓ Sentimento de culpa, inutilidade e desamparo;
✓ Crença irrealista em suas habilidades;
14
Curso: Técnico de Apoio Familiar e de Apoio à Comunidade
UFCD: 3553 – Saúde Mental na 3.ª Idade(25h)
É normal sentirmo-nos ansiosos perante um novo desafio, é essa ansiedade que nos torna mais alerta
para avaliar a “ameaça” e conseguir agir rapidamente. É esse sentimento que nos faz ultrapassar um
desafio, procurar a solução, que nos torna mais atentos, ou que motiva a recusa de uma situação
potencialmente perigosa. No entanto, quando esse medo se instala, exacerbado, prolongando-se muito
além do que seria normal para cumprir essa função adaptativa, surgem diferentes tipos de problemas, as
denominadas perturbações de ansiedade.
Em idosos, a fragilidade do sistema nervoso central explica o desenvolvimento de ansiedade após um
acontecimento stressante (stresse pós-traumático).
As obsessões e compulsões podem aparecer pela primeira vez em idosos, embora seja mais comum em
pessoas que já eram mais organizadas, perfecionistas, pontuais.
Sintomas:
✓ Taquicardia;
✓ Falta de ar;
✓ Dificuldade em respirar;
✓ Suores repentinos;
✓ Evitar sítios ou pessoas;
✓ Dificuldades de regulação emocional (agressividade, impulsividade, ataques de pânico).
Tratamento:
A medicação alivia a sintomatologia, mas não resolve o problema. É aconselhável o acompanhamento
individualizado de psicoterapia, que permite o desenvolvimento de estratégias para gerir a ansiedade num
processo que passa por identificar as emoções para progressivamente passar a conseguir regulá-las de
forma a conseguir enfrentar as causas e tornar capaz de gerir o medo presente e em situações futuras.
15
Curso: Técnico de Apoio Familiar e de Apoio à Comunidade
UFCD: 3553 – Saúde Mental na 3.ª Idade(25h)
Cuidados diários:
✓ Dormir 7 a 8 horas por noite;
✓ Seguir uma alimentação cuidada;
✓ Praticar exercício físico;
✓ Implementar estratégias práticas como organizar as tarefas por ordem de prioridade logo de
manhã, permite começar o dia com uma maior sensação de controlo, evitando um dos medos
mais comuns, o de “não ser capaz”, de não conseguir estar à altura da exigência.
2.6.4. Demências
Demência é o termo utilizado para descrever os sintomas de um grupo alargado de doenças que causam
um declínio progressivo no funcionamento da pessoa. A demência refere-se a um comprometimento
cognitivo geralmente progressivo e irreversível em que, as funções cognitivas anteriormente adquiridas
vão sendo gradualmente perdidas. É provocada pela presença de vários tipos de lesões cerebrais que
afeta essencialmente os idosos, no entanto, pode afetar a população adulta mais jovem.
A demência caracteriza-se por um declínio cognitivo que concebe uma dependência progressiva e
incapacidade atingindo a necessidade imprescindível de cuidadores ou de institucionalização e, hoje em
dia, fruto do aumento da idade média de vida, verifica-se também um aumento exponencial do número
de casos efetivos de demência.
Causas:
✓ Lesões e tumores cerebrais;
✓ Síndrome da imunodeficiência adquirida;
✓ Álcool;
16
Curso: Técnico de Apoio Familiar e de Apoio à Comunidade
UFCD: 3553 – Saúde Mental na 3.ª Idade(25h)
✓ Medicamentos;
✓ Infeções;
✓ Doenças pulmonares crónicas;
✓ Doenças inflamatórias;
✓ Doenças degenerativas primárias do sistema nervoso central;
✓ Doença vascular.
Sintomas:
✓ Alterações na memória, na linguagem e na capacidade de orientação;
✓ Modificações comportamentais: agitação, inquietação, raiva, violência e gritos;
✓ Desinibição sexual e social;
✓ Impulsividade;
✓ Alterações no sono;
✓ Pensamento ilógico;
✓ Alucinações.
2.6.5. Alzheimer
O Alzheimer é doença degenerativa atualmente incurável, mas que possui tratamento, sendo considerada
a demência mais comum no mundo. O tratamento permite melhorar a saúde, retardar o declínio
cognitivo, tratar os sintomas, controlar as alterações de comportamento e proporcionar conforto e
qualidade de vida ao idoso e família
Esta patologia provoca deficiência cognitiva, afetando principalmente a memória necessária para reter
novas informações. E, à medida que evolui, várias outras funções cognitivas, como a orientação, a
linguagem, julgamento, função social e habilidade de realizar tarefas motoras também se declinam. Existe
uma diminuição do tamanho geral do cérebro em resultado da perda de neurónios e, as áreas mais
afetadas são as associadas á memória, aprendizagem e coordenação motora.
Fatores risco:
✓ Idade (incidência é muito maior em pessoas com mais de 80 anos);
✓ História Familiar;
✓ Tabagismo;
✓ Inatividade física;
✓ Depressão;
✓ Hipertensão;
✓ Obesidade;
✓ Diabetes.
17
Curso: Técnico de Apoio Familiar e de Apoio à Comunidade
UFCD: 3553 – Saúde Mental na 3.ª Idade(25h)
Fase Final:
✓ Dependência total;
✓ Incontinência urinária e fecal;
✓ Tendência em assumir posição fetal;
✓ Ausência da linguagem voluntária ou não;
✓ Restrito a cadeira ou ao leito;
✓ Presença de úlceras por pressão;
✓ Perda progressiva de peso;
✓ Infeções urinárias e respiratórias;
✓ Término da comunicação.
18
Curso: Técnico de Apoio Familiar e de Apoio à Comunidade
UFCD: 3553 – Saúde Mental na 3.ª Idade(25h)
✓ Massa muscular e mobilidade degeneram-se a tal ponto que o paciente tem de ficar deitado
numa cama;
✓ Perdem a capacidade de comer sozinhos;
✓ A morte normalmente não é causada pela doença, mas por outro fator externo (ex.: pneumonia).
Manifestações clínicas:
As manifestações mais comuns são a apatia, irritabilidade e instabilidade emocional, chegando ao choro,
ataques inesperados de agressividade ou resistência ao cuidado.
✓ Um doente pergunta a mesma coisa várias vezes, mostrando a sua incapacidade de
fixar/memorizar algo novo;
✓ Palavras são esquecidas, frases são trocadas, muitas permanecendo sem finalização;
✓ Apesar da perda da linguagem verbal, os doentes podem compreender e responder com sinais
emocionais.
Diagnóstico:
O diagnóstico é difícil pois a doença não tem sintomas físicos específicos. Os sintomas são mentais e de
comportamento e, por isso, durante muito tempo as pessoas deixaram de encarar esse distúrbio como
uma doença que exige intervenção.
Numa fase inicial, a TAC e a RMN costumam não indicar alterações, mas numa fase mais avançada pode
indicar uma alteração no volume cérebro.
Ao notar sintomas de Alzheimer, o próprio portador tende a escondê-los por vergonha. A família precisa
estar atenta e, se identificar algo incomum, deve encaminhar o idoso É necessário diferenciar o
esquecimento normal de manifestações mais graves e frequentes, que são sintomas da doença. Não é
porque a pessoa está mais velha que não se vai lembrar do que é importante.
Testes Neuropsicológicos:
✓ São de difícil aplicação em pacientes idosos;
✓ Aplicados por profissionais especializados, sendo úteis em casos fronteiriços na diferenciação
de processos demenciais iniciais.
✓ Baterias de testes que incluem várias questões e requerem em média 30min para serem aplicados.
Tratamento:
✓ Tratamento dos sintomas de comportamento: irritabilidade, agitação, depressão, alucinação e
insónia;
✓ Tratamento específico: dirigido para tentar melhorar o déficit de memória, corrigindo o
desequilíbrio químico do cérebro. Algumas drogas funcionam melhor no início da doença, no
entanto, seu efeito é temporário, pois a doença continua a progredir;
19
Curso: Técnico de Apoio Familiar e de Apoio à Comunidade
UFCD: 3553 – Saúde Mental na 3.ª Idade(25h)
Medicamentos Psiquiátricos:
Como a depressão e ansiedade são um problema constante no Alzheimer é comum que os médicos
prescrevem antidepressivos. Os antidepressivos além de melhorarem o humor, o apetite, o sono, o
autocontrole e diminuírem a ansiedade, tendências suicidas e agressividade tem demonstrado também,
significativamente retardar a degeneração do cérebro.
✓ Haloperidol (haldol) – reduz as alucinações, a agressividade, os distúrbios de humor, a apatia e
a disforia (angústia) que são comportamentos que ocorrem com a evolução da patologia.
✓ Diazepem (valium) – usado para insónia, ansiedade, agitação motora e irritabilidade.
Papel Cuidadores:
✓ Devem estar treinados para tarefas como a alimentação adequada, deglutição, incontinência
urinária, higiene corporal, cuidados físicos e com a pele;
✓ Responsáveis pela manutenção da segurança física;
✓ Redução da ansiedade e agitação;
✓ Controle dos distúrbios do padrão do sono;
✓ Auxílio na marcha;
✓ Promoção de independência nas atividades de autocuidado;
✓ Atendimento das necessidades de socialização;
✓ Melhoria da comunicação.
Recomendações:
✓ Fazer o portador de Alzheimer usar uma pulseira, colar ou outro adereço qualquer com dados
de identificação e as palavras “memória Prejudicada”;
✓ Estabelecer uma rotina diária e ajudar o doente a cumpri-la;
✓ Espalhar lembretes pela casa (apague a luz, feche a torneira, desligue a TV) pode ajudá-lo
bastante;
✓ Encorajar a pessoa a vestir-se, comer, ir ao wc, tomar banho autonomamente;
✓ Limitar as suas opções de escolha. Em vez de oferecer vários sabores de gelados, ofereça apenas
dois tipos;
20
Curso: Técnico de Apoio Familiar e de Apoio à Comunidade
UFCD: 3553 – Saúde Mental na 3.ª Idade(25h)
✓ Certificar-se de que o doente está a ingerir uma dieta balanceada e praticar atividades físicas de
acordo com as suas possibilidades;
✓ Eliminar o álcool e o tabaco, pois agravam o desgaste mental;
✓ Estimular o convívio familiar e social do doente;
✓ Reorganizar a casa afastando objetos e situações que possam representar perigo.
Dicas de Prevenção:
Médicos acreditam que manter a cabeça ativa e uma boa vida social permite, pelo menos, retardar a
manifestação da doença.
Entre as atividades recomendadas para estimular a memória estão: leitura constante, exercícios de
aritmética, jogos inteligentes e participação em atividades.
Manifestações Clínicas:
✓ Manifestações Motoras:
o Tremor em repouso:
▪ Sintoma inicial em cerca de 85% pacientes;
▪ Desaparece perante a ação, mas ressurge quando o membro mantém uma
postura;
▪ Movimento voluntário atenua o tremor e este desaparece completamente
durante o sono.
o Rigidez Muscular:
▪ Todo o corpo;
▪ Inexpressividade facial (diminuição do pestanejar, boca aberta, deglutição
difícil)
o Bradicinesia:
▪ Lentidão do movimento
✓ Dificuldade em realizar movimentos repetitivos;
✓ Depressão, ansiedade;
✓ Alteração do equilíbrio quando em movimento;
21
Curso: Técnico de Apoio Familiar e de Apoio à Comunidade
UFCD: 3553 – Saúde Mental na 3.ª Idade(25h)
✓ Instabilidade postural;
✓ Bradifrenia (pensamento lento);
✓ Normalmente começa num membro superior estendendo-se pelo resto do corpo;
✓ O doente fica suscetível e fraco, aumentando o risco de infeções e outros episódios com
potencial mortal.
Escalas:
A escala usada para avaliar a evolução da doença é a Escala de Hoehn e Yahr
✓ Estágio 0: nenhum sinal da doença
✓ Estágio 1: Doença unilateral
✓ Estágio 2: Doença bilateral sem déficit de equilíbrio
✓ Estágio 3: Doença bilateral leve e moderada, alguma instabilidade postural
✓ Estágio 4: Incapacidade grave, ainda capaz de permanecer de pé sem ajuda
✓ Estágio 5: Confinado a uma cama ou cadeira de rodas a não ser que receba ajuda
Diagnóstico:
É importante que quaisquer manifestações sejam levadas em consideração, principalmente para aqueles
com mais de 60 anos. O diagnóstico é basicamente clínico, baseado nos sinais e sintomas descritos. Os
exames complementares como TAC e RMN servem apenas para avaliação de outros diagnósticos
diferenciais (infeções, traumatismos cranianos)
Tratamento:
✓ Levodopa (exerce efeito sobre sinais e sintomas da doença, sendo o principal tratamento):
o No início da evolução da doença, à melhoria do tremor, da rigidez e da bradicinesia e
pode ser quase completo.
✓ Associa-se mais tarde com carbidopa para aumentar a eficácia e reduzir os efeitos secundários;
✓ Fisioterapia traz grandes benefícios para os parkinsonianos, principalmente no que diz respeito
à mobilidade, equilíbrio e respiração;
✓ Tratamento farmacológico isoladamente é ineficaz, por isso, é necessário a combinação do
tratamento fisioterapêutico com o medicamentoso.
pequenos episódios em que o indivíduo fica indisposto, mas vai melhorando e não chega a ter
conhecimento de que a causa da indisposição foi uma pequena isquemia (pequeno derrame cerebral).
Prevenção:
✓ Controle da tensão arterial;
✓ Controle dos níveis de colesterol;
✓ Evitar gorduras;
✓ Evitar o excesso de sal.
23
Curso: Técnico de Apoio Familiar e de Apoio à Comunidade
UFCD: 3553 – Saúde Mental na 3.ª Idade(25h)
Os prestadores de cuidados informais são uma mais valia para as atividades instrumentais (compras,
lazer, passeios). Idealmente estes dois eixos, a prestação de cuidados formais e informais, deviam
coexistir e serem desenvolvidos simultaneamente de forma a permitir ao idoso a escolha ideal.
Atualmente, as famílias não têm a capacidade de responder dignamente aos vários papéis para os quais
são chamadas, existindo uma interajuda, entre esta e as respostas sociais, no cuidado ao idoso. Entende-
se a família como a rede alargada de parentes (que podem ser de sangue, de direito, de aliança ou de
facto) com quem o idoso mantém relações e interações mais ou menos intensas. As famílias continuam
a ser chamadas à responsabilidade; é importante a união das famílias e dos elementos que as constituem,
no apoio prestado aos idosos, sendo estes a figura base das mesmas.
Durante o internamento a pessoa idosa passa a estar a cargo de uma equipa multidisciplinar, que tudo
faz para que a pessoa atinja um estado máximo de saúde
Com o internamento surgem dúvidas e insegurança em toda a família, é um momento de tomada de
decisões que podem ser fáceis ou não. A família necessita de ajuda, apoio moral, alguém com quem
possa esclarecer dúvidas para tentar ultrapassar este momento
24
Curso: Técnico de Apoio Familiar e de Apoio à Comunidade
UFCD: 3553 – Saúde Mental na 3.ª Idade(25h)
É importante existir uma boa relação entre a família e os técnicos de saúde com o objetivo melhorar o
estado emocional da pessoa internada, quer para aumentar a interação no processo de cura, bem como
a integração da família neste processo.
O hospital desempenha um papel importante na informação e preparação da doença, bem como a
melhor forma de lidar com a mesma.
A família deve contribuir dando suporte à pessoa mais velha, identificando quem vai ser o responsável,
ouvir o que ela pensa, compreender os seus argumentos e necessidades. A família proporciona conforto
e companhia e, á medida que a idade avança, os familiares mais próximos tornam-se o centro das suas
relações, ajudando tanto nos cuidados com a saúde como na companhia. Contudo, o excesso de cuidados
e intromissão indevida nas escolhas dos idosos, desestimula-os a agir ou a esforçarem-se a fazê-lo,
gerando uma sensação de inutilidade e dependência. O cuidado exacerbado também pode induzir à baixa
autoestima e é tão negligente quanto a falta dele.
O papel da família é de acolher, proteger e integrá-lo como membro participante e valorizado.
No entanto, nem todas as famílias possuem estruturas para tratar ou receber um idoso debilitado e
existem muitos idosos que não possuem família, criando novos elos (vizinhos e amigos acabam por se
tornar cuidadores).
O cuidador pode sofrer de um misto de sentimentos no seu dia a dia e que podem ser confusos, mas é
importante não esquecer que são reações normais e que está a dar o seu melhor nos cuidados ao doente.
Se o idoso partilhar as informações acerca da doença bem como os seus sentimentos com familiares e
amigos, vai contribuir para uma maior compreensão por parte destes o que lhes permitirá prestar o apoio
que tanto precisa.
Uma resposta social que visa prestar cuidados e serviços a famílias e pessoas que se encontrem no seu
domicílio, em situação de dependência física e ou psíquica e que não possam assegurar a satisfação das
suas necessidades básicas e ou a realização das atividades instrumentais da vida diária, nem disponham
de apoio familiar para o efeito.
✓ Serviço de teleassistência.
3.1.3.3. Lares
constituem para o idoso um quadro referencial muito importante para a sua identidade social;
✓ Acolhimento Familiar de Idosos (AFI): é a resposta social que consiste na integração, temporária
ou permanente, em famílias que prestem os cuidados necessários, quando ocorre uma
inexistência ou insuficiência de respostas sociais que possibilitem a integração do idoso ou na
ausência de família que assegure o pleno acompanhamento;
✓ Centro de Acolhimento Temporário de Emergência para Idosos: é a resposta social que consiste
no acolhimento temporário a idosos em situação de emergência social, perspetivando-se o
encaminhamento do idoso ou para a família ou para outra resposta social de carácter
permanente;
✓ Centro de Noite (CN): é a resposta social dirigida a idosos com autonomia que desenvolvem as
suas atividades da vida diária no domicílio, mas que durante a noite, por motivos de isolamento,
necessitam e acompanhamento. É uma estrutura cuja lógica de intervenção tem por base o apoio
temporário, que pretende dar resposta a situações de: isolamento geográfico ou social por,
respetivamente, residirem longe da comunidade local e pela ausência de redes de suporte
informal que possam dar apoio; Solidão, sentimento que pode advir de situações de isolamento;
Insegurança, traduzida pela incapacidade em lidar com situações perturbadoras como é por
exemplo, a morte ou afastamento da pessoa com quem se residia. Tendo em conta os objetivos
que presidem aos centros de noite e, pelo facto de não se dispor ainda de experiência significativa
do desenvolvimento desta resposta, as presentes orientações constituem, nesta fase, um quadro
referencial que permite enquadrar iniciativas que visem a sua implementação;
✓ Unidades de Cuidados Continuados: constituem respostas residenciais a idosos, que apresentam
um maior grau de dependência.
27
Curso: Técnico de Apoio Familiar e de Apoio à Comunidade
UFCD: 3553 – Saúde Mental na 3.ª Idade(25h)
Bibliografia
✓ Alves, A. (2013). Dimensões da privação na condição de vida dos idosos: desigualdades no meio rural e urbano.
Universidade do Minho.
✓ Bottino, C., Carvalho, I., Alvarez, A., Avila, R., Zukauskas, P., Bustamante, S., Andrade,
F.,Hototian, S., Saffi, F. & Camargo, C. (2002) Reabilitação cognitiva em pacientes com doença
de Alzheimer. Arq Neuropsiquiatr, 60 (1), 70-79.
✓ Cardoso, A. (2009). Particularidades dos idosos: uma revisão sobre a fisiologia do
envelhecimento. Revista Digital de Buenos Aires, nº 130.
✓ Castro-Caldas, A. & Mendonça, A. (2005). A doença de Alzheimer e outras demências em Portugal.
Lidel.
✓ Department of human health & human services (2009). Can Alzheimer´s disease be prevented?
Washington, DC: Author.
✓ Figueiredo, D. (2007). Cuidados familiares ao idoso dependente. Cadernos Climepsi de Saúde.
✓ Firmino, H. (2006). Psicogeriatria. Editora: Almedina.
✓ Marchand, H. (2005). Psicologia do adulto e do idoso. Editora Quarteto.
✓ Melo, M. (2012). Ser cuidador: um estudo sobre a satisfação do cuidador formal. Dissertação apresentada
à Escola Superior de Educação de Bragança para a obtenção do Grau de Mestre em Educação
Social. Instituto Politécnico de Bragança.
✓ Mugeiro, M. (2010). Qualidade de sono nos idosos. Tese de Especialização em Enfermagem de
Reabilitação. Escola Superior de Saúde de Viseu.
✓ Neves, C (2012). Estereótipos Sobre Idosos: Representação Social em Profissionais que trabalham com a
terceira idade. Dissertação de Mestrado em Gerontologia na Universidade da Beira Interior. Viseu.
✓ Pinhel, M. (2011). A solidão nos idosos institucionalizados em contexto de abandono familiar. Relatório de
Estágio apresentado à Escola Superior de Educação de Bragança para obtenção do Grau de
Mestre em Educação Social.
✓ Zaslavsky, C. & Gus, I. (2002). Manual de saúde do idoso. Arquivos Brasileiros de Cardiologia,
vol.79, nº 6. Porto Alegre.
28