OLIMPÍADA NACIONAL EM HISTÓRIA DO BRASIL ABERTA

PARA TODOS (ONHB-A)

QUESTÃO 1º:
DOCUMENTO Nº 1:

Reportagem:
Globo Repórter - Vala Clandestina de Perus (1995)

DOCUMENTO Nº 2:
Militante do Molipo
Fotografia:

Descrição: - Militante do Molipo, Frederico Eduardo Mayr, foi sepultado com o nome de Eugênio
Magalhães Sardinha, em fevereiro de 1972. A sobreposição da foto sobre o crânio encontrado na vala
clandestina ajudou na identificação.
 DOCUMENTO Nº 3:
A Formação do Grupo de Antropologia Forense para Identificação das Ossadas da Vala de Perus
Relatório:

"Em 2013, a Associação Brasileira de Anistiados Políticos (ABAP), a Comissão de Familiares de Mortos e
Desaparecidos Políticos, o Ministério Público Federal, com a participação da Polícia Federal, solicita à
Equipe Argentina de Antropologia Forense (EAAF) um diagnóstico, a partir de 21 caixas com suspeitas de
ser um desaparecido político, com base em amostra selecionada na etapa da Unicamp e refinada pela USP.
Além disso foi feita uma avaliação das fichas de análise originais produzidas pela Unicamp. O resultado fora
alarmante: muitos dos ossos nunca haviam sido limpos, estavam mofados e com fungos, as caixas molhadas,
a umidade gerada por inúmeros plásticos grossos que envolviam os conjuntos ósseos também causou
diversos danos, assim como sacos de tecidos que os envolviam acabaram por aderir aos fragmentos de ossos
afetando a integridade dos mesmos; nas 21 caixas havia uma mistura de ossos, representando, portanto, 22
indivíduos; do conjunto, onde estaria suspeito de ser um desaparecido do sexo masculino, havia quatro
mulheres e, na classificação etária havia pessoa com mais de 55 anos e um subadulto menor de 20 anos
(EAAF, 20135). Ainda em 2013, um dia depois de um ato inter-religioso em homenagem às vítimas da
ditadura, o columbário do Araçá fora invadido por pessoas até hoje não identificadas, o que evidenciou a
vulnerabilidade em que se encontravam os remanescentes ósseos."

A partir dos documentos e do tema abordado, escolha a melhor alternativa.

Alternativas

A) A vala de Perus foi parte da repressão e do desaparecimento de opositores políticos à ditadura civil-
militar. Essa estrutura não só envolveu militares, mas também outros agentes de diferentes setores da
sociedade, como médicos do Instituto Médico Legal.

(B) A identificação de 5 entre 1.047 ossadas, somada a interesses políticos, econômicos e ideológicos revela
um campo de disputas sobre a Vala de Perus e torna possível compreender a ditadura civil-militar como
passado sensível.
(C) Desde o fim da ditadura civil-militar, associações de familiares apoiados por estratos da sociedade civil
têm se organizado em prol do esclarecimento dos crimes cometidos pelo Estado entre 1964 e 1985 buscando
verdade, memória e justiça.
(D) Para o trabalho do historiador é de suma importância ouvir quem viveu no período, tornando as ossadas
localizadas na Vala de Perus mais importantes para a arqueologia e a antropologia.

QUESTÃO 2º:
DOCUMENTO Nº 1:
Povos pré-colombianos podem ter evitado extinção da araucária
Texto acadêmico

Há 2 mil anos, a espécie Araucaria angustifolia, símbolo do Sul brasileiro e conhecida como pinheiro-do-
paraná, estava (como hoje) ameaçada de extinção. As mudanças climáticas da época confinaram a espécie a
uma área bem restrita, da qual seria muito difícil sair não fosse pela ação humana. A conclusão é de
pesquisadores das universidades Federal de Santa Catarina (UFSC), do estado de Santa Catarina (Udesc) e
de São Paulo (USP). Para refazer o caminho trilhado pela araucária desde seu confinamento até a expansão
pela região Sul, os pesquisadores colheram amostras de 20 populações dessas árvores e utilizou a
filogeografia – área do conhecimento que analisa as relações entre as variações genéticas e a geografia onde
ocorrem – para traçar a rota da sua ancestralidade.
Em paralelo às análises genéticas, o grupo de pesquisadores reuniu registros arqueológicos de rotas de
migração indígena nas ocupações dos povos Jê do Sul, que abrangem os grupos étnicos Kaingaing e
Xokleng. O arqueólogo Paulo DeBlasis explica que “O local a partir do qual a floresta se expandiu, entre
1.410 e 900 anos atrás, é exatamente onde as populações de língua Jê também se espalharam – ou seja, a
expansão das araucárias acompanhou a humana”, conta. Os registros analisados indicam que a expansão da
floresta coincide com um período de mudanças demográficas e culturais na região.

Sobre o tema do excerto escolha a alternativa mais pertinente.

(A) A exploração das araucárias pelos indígenas cessou com a chegada dos portugueses à América do Sul,
sendo substituida pela extração de pau-brasil.
(B) As pesquisas interdisciplinares que reúnem saberes das ciências biológicas, arqueologia e da história
contribuem para explicar os modos de vida das populações pré-colombianas do Brasil.
(C) Além da madeira, os indígenas tinham várias utilizações para o pinhão das araucárias, como em sua
alimentação e como isca para caçar animais diversos.
(D) As rotas das araucárias explicitam o protagonismo histórico das populações de língua Jê na expansão da
espécie Araucaria angustifolia (pinheiro) e formação da paisagem no Sul do Brasil.
QUESTÃO 3º:
DOCUMENTO Nº 1:
Carta de achamento do Brasil
Carta
Esta terra, Senhor, me parece que da ponta que mais a sul vimos até a outra ponta que vai na direção norte,
avistada deste porto, será tão grande que haverá nela bem 20 ou 25 léguas de costa. Tem, ao longo do mar,
em algumas partes, grandes barreiras, algumas vermelhas e outras brancas, e a terra por cima é toda chã e
muito cheia de grandes arvoredos. De ponta a ponta, é toda praia parma, muito chã e muito formosa. Pelo
sertão adentro nos pareceu muito grande vista do mar, porque ao estender os olhos não víamos senão terra
com arvoredos, que nos parecia muito longa. Nela, até agora, não pudemos saber se há ouro ou prata, nem
aqui vimos sinais de metal ou ferro. Porém, a terra em si é de muito bons ares, tão frios e temperados como
os de Entre Douro e Minho, porque neste tempo de agora os sentimos exatamente como os de lá. As águas
são muitas, infinitas. Esta terra é de tal maneira graciosa que, querendo-a explorar, dar-se-á nela tudo em
virtude das águas que tem.

Sobre o documento em questão é correto afirmar que:

(A) É o relato de um integrante da expedição de Pedro Álvares Cabral, considerado a “carta de nascimento”
do que viria a ser o Brasil.
(B) Foi um elogio insuficiente para convencer D. Manuel I a tomar posse das novas terras, pois o interesse
era por ouro e prata.
(C) Insere-se no contexto do capitalismo mercantil e da concepção dos portugueses de que as riquezas da
natureza deveriam ser exploradas.
(D) É um texto detalhado das características da natureza e das pessoas que foram encontradas pelos
portugueses, em 1500.

QUESTÃO 4º:
Benguela… a Barroca Clama a Ti, Tereza!
Música
No caminho do amanhã
Obatalá
É a luz que vem do céu
Clareia
Vem de Benguela o clamor de liberdade
 Barroca pede tolerância e igualdade
Axé, Tereza
Divina alteza meu tambor foi te chamar
Sua luz nessa avenida
Incorpora a chama yabá
Da magia irmanada por odé
Não sucumbe a fé, traz a luta de Angola
E a corrente arrastou pro sofrimento
Um sentimento, valentia quilombola
Reluz o ouro que brota em seu chão
Desperta ambição, mas há de raiar o dia
Do Guaporé ser voz de preservação
Em plena floresta
Auê auê
Resistência na aldeia
Quariterê
Na mata, sou mestiço, guardião
O meu grito de guerra é por libertação
O nosso canto não é apenas um lamento
A coragem vem da alma de quem ergueu o parlamento
Do castigo na senzala à miséria da favela
O povo não se cala, oh Tereza de Benguela
Vem plantar a paz por essa terra
A emoção que se liberta
E a pele negra faz a gente refletir
Nossa força, nossa luta
De tantas Terezas por aí.

O samba enredo:
(A) aborda do protagonismo de Tereza de Benguela, que, no enredo, personifica a luta do povo negro contra
as diferentes formas de opressão de ontem e de hoje.
(B) narra a trajetória de uma personagem mítica, já que não existem documentos históricos que comprovem
a existência de Tereza de Benguela.
(C) tem como foco a narração da história de Tereza Benguela, líder do Quilombo do Quariterê, que existiu
no século XVIII, na zona mineradora da Capitania de Mato Grosso.
(D) apresenta a história de Tereza de Benguela e associa sua imagem à das Yabás, termo usado no
Candomblé para designar Orixás femininos.
QUESTÃO 5º:
Observe o anúncio de Modess, publicado no periódico Jornal das Moças, nº 2152 de 13 de setembro de
1956.
Sobre o tema abordado, escolha a alternativa mais adequada:
(A) Ao apresentar um produto relativamente novo no mercado (um absorvente menstrual descartável), o
extenso anúncio, dirigido às mães de “meninas moças”, reveste-se de uma linguagem simples e didática.
(B) Ao delegar às mães a função de orientar suas filhas acerca de questões tidas como próprias da intimidade
feminina, o anúncio corrobora uma interpretação binária do mundo, em que aos homens caberia temas
relacionados ao espaço público e, às mulheres, temas de âmbito privado.
(C) A partir de uma estimativa que revelou que uma em cada dez meninas perdem aulas quando estão
menstruadas, a Organização das Nações Unidas (ONU) reconheceu, em 1964, que o direito das mulheres à
higiene menstrual é uma questão de saúde pública e de direitos humanos.
(D) Enquanto a toalha sanitária não descartável é apresentada pelo anúncio de 1956 como algo ultrapassado,
na atualidade versões semelhantes vêm sendo consideradas mais sustentáveis e confortáveis.
RELATOS DA PANDEMIA

A cada semana cada participante registrará um acontecimento, uma memória, uma experiência, uma
vivência do período da pandemia em formato de carta escrita para alguém que ainda não nasceu, uma carta
escrita para o futuro. Ao todo teremos três cartas de cada participante. A proposta é a de pensarmos sobre o
último um ano e meio, aproximadamente, e registrar impressões que serão lidas por alguém que não viveu
esse momento. Os relatos devem envolver os participantes, ou seja, estamos interessados na vida cotidiana,
nas relações pessoais e sociais dos participantes e não em eventos maiores, ou seja, o que nos interessa é
você participante e sua experiência como sujeito histórico.

O formato de uma carta escrita para o futuro permite que a escrita seja mais fluida e mais personalizada.
Contudo, uma carta possui regras de escrita, então atente para as seguintes informações:

1) Sua carta deve ter:

a) uma datação [não é necessário datar, será preenchida automaticamente por nosso sistema];
b) uma saudação, por exemplo, “Querido leitor”, “Caro amigo do futuro”;
c) Começo, meio e fim;
d) Uma despedida e assinatura ao final e para preservar você, participante, pedimos que use um pseudônimo,
por exemplo, “Assim me despeço, com carinho, Olímpica Feliz”, “Espero que esse relato lhe seja útil,
abraços, Paciência Infinita”. Utilize o mesmo pseudônimo nas três cartas.

2) Sua carta não deve ter:

a) informações pessoais [seu e de sua família/amigos] como nome, endereço etc. Caso seja necessário,
utilize nomes fictícios e endereços genéricos [como seu estado ou cidade];
b) palavras de baixo calão, pornográficas, ofensivas;
c) discursos de ódio: que denotem preconceitos em qualquer uma de suas formas [de raça, de gênero,
geracional, xenofobia, regional etc.], que incitem a violência etc.;
d) piadas ou anedotas de mau gosto, ofensivas ou pejorativas.