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Livro IMPOTANTE
Livro IMPOTANTE
em Língua Brasileira de
Sinais Como L1
Prof. Nilma Moreira da Penha
2018
Copyright © UNIASSELVI 2018
Elaboração:
Prof. Nilma Moreira da Penha
P399p
Penha, Nilma Moreira da
Parâmetros de ensino em língua brasileira de sinais como
l1. / Nilma Moreira da Penha – Indaial: UNIASSELVI, 2018.
ISBN 978-85-515-0206-8
Impresso por:
Apresentação
Prezado acadêmico!
III
atuais no processo educacional das crianças surdas, refletindo sobre as práticas
atuais de ensino de língua de sinais, em que faremos uma introdução sobre o
contexto brasileiro atual, bem como traremos alguns esboços sobre o que as
pesquisas dizem em relação aos professores de língua de sinais e sua formação,
bem como sobre suas práticas pedagógicas e tudo levando em consideração o
processo de ensino e aprendizagem do surdo brasileiro.
Excelentes estudos!
IV
NOTA
Você já me conhece das outras disciplinas? Não? É calouro? Enfim, tanto para
você que está chegando agora à UNIASSELVI quanto para você que já é veterano, há
novidades em nosso material.
O conteúdo continua na íntegra, mas a estrutura interna foi aperfeiçoada com nova
diagramação no texto, aproveitando ao máximo o espaço da página, o que também
contribui para diminuir a extração de árvores para produção de folhas de papel, por exemplo.
Todos esses ajustes foram pensados a partir de relatos que recebemos nas pesquisas
institucionais sobre os materiais impressos, para que você, nossa maior prioridade, possa
continuar seus estudos com um material de qualidade.
UNI
V
VI
Sumário
UNIDADE 1 – AQUISIÇÃO DE PARÂMETROS SINTÁTICOS
EM LÍNGUA DE SINAIS COMPARADA ÀS LÍNGUAS ORAIS......................1
VII
3.3 BILINGUISMO................................................................................................................................69
3.4 PEDAGOGIA SURDA....................................................................................................................70
RESUMO DO TÓPICO 1......................................................................................................................71
AUTOATIVIDADE................................................................................................................................72
VIII
TÓPICO 3 – AQUISIÇÃO DE L2.........................................................................................................161
1 INTRODUÇÃO....................................................................................................................................161
2 LEITURA E ESCRITA – O ENSINO DE L2....................................................................................161
3 SISTEMAS DE TRANSCRIÇÃO PARA LIBRAS.........................................................................170
4 REFLEXÕES SOBRE A REALIDADE DO SURDO NO MUNDO OUVINTE........................174
RESUMO DO TÓPICO 3......................................................................................................................180
AUTOATIVIDADE................................................................................................................................181
REFERÊNCIAS........................................................................................................................................183
ANEXO 1...................................................................................................................................................190
ANEXO 2...................................................................................................................................................193
IX
X
UNIDADE 1
AQUISIÇÃO DE PARÂMETROS
SINTÁTICOS EM LÍNGUA DE SINAIS
COMPARADA ÀS LÍNGUAS ORAIS
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
A partir desta unidade você será capaz de:
PLANO DE ESTUDOS
Esta unidade está dividida em três tópicos e em cada um deles você encontrará
atividades visando à compreensão dos conteúdos apresentados.
1
2
UNIDADE 1
TÓPICO 1
1 INTRODUÇÃO
Prezado acadêmico! Sabemos que para as pessoas a comunicação é a
maneira mais importante para expressarmos nossos pensamentos, desejos,
opiniões, sentimentos e emoções. Podemos dizer que a linguagem é natural do
ser humano. Desde o nosso nascimento somos expostos à comunicação, e essa
comunicação se enraíza nos dando subsídios para dialogarmos com o mundo
à nossa volta, seja através do choro ou do sorriso, através das palavras ou dos
gestos. Além disso, é através do meio em que vivemos e no ambiente em que
nascemos que adquirimos a língua que nos é natural, pelo fato de pertencer ao
nosso cotidiano, para as pessoas ouvintes nascidas e que moram no Brasil, por
exemplo, a língua natural é PB (Português Brasileiro). Mas antes de qualquer
coisa é importante falarmos sobre língua e linguagem.
E
IMPORTANT
3
UNIDADE 1 | AQUISIÇÃO DE PARÂMETROS SINTÁTICOS EM LÍNGUA DE SINAIS COMPARADA ÀS LÍNGUAS ORAIS
Como a linguagem está sempre presente no sujeito, até quando não tem
a intenção de se comunicar com os outros, pois o nosso corpo fala, nossos olhos
falam e nesse ínterim somos constituídos enquanto sujeitos para nós mesmos
e para os outros, onde nos apresentamos e do modo como nos apresentamos;
assim, constitui o sujeito, a forma como este recorta, se percebe e atua no mundo
e em relação a si próprio, construindo assim sua identidade. Para alguns teóricos,
como Vygotsky (1989), por exemplo, a trajetória principal do desenvolvimento
psicológico da criança é uma trajetória de progressiva individualização, ou seja,
é um processo que se origina nas relações sociais, interpessoais e se transforma
em uma relação do sujeito consigo mesmo, ou seja, individual e intrapessoal.
Assim, vemos que a língua e a linguagem são importantíssimas na constituição
do sujeito, independentemente de ele ser surdo ou ouvinte.
DICAS
Sempre que nos referirmos à L1 para o surdo que é brasileiro, estaremos falando
da Libras (Língua Brasileira de Sinais), e L2 para esse como sendo o Português Brasileiro
(isso, porque o português falado no Brasil tem suas particularidades linguísticas que não
temos, por exemplo, no Português de Portugal).
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UNIDADE 1 | AQUISIÇÃO DE PARÂMETROS SINTÁTICOS EM LÍNGUA DE SINAIS COMPARADA ÀS LÍNGUAS ORAIS
6
TÓPICO 1 | AQUISIÇÃO DE LÍNGUAS DE SINAIS COMO PRIMEIRA LÍNGUA
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UNIDADE 1 | AQUISIÇÃO DE PARÂMETROS SINTÁTICOS EM LÍNGUA DE SINAIS COMPARADA ÀS LÍNGUAS ORAIS
8
RESUMO DO TÓPICO 1
No Tópico 1, da Unidade 1, você viu e estudou:
• Para Saussure (1987), a língua não se confunde com a linguagem, pois ela
é somente uma parte determinada, essencial dela; indubitavelmente, é, ao
mesmo tempo, um produto social da faculdade de linguagem e um conjunto
de convenções necessárias, adotadas pelo corpo social para possibilitar o
exercício dessa faculdade nos indivíduos.
• Já a linguagem é tida como tudo o que envolve significação, que tem valor
semiótico, não se restringindo apenas a uma forma de comunicação, e é nela
que o pensamento do sujeito é constituído (GOLDFELD, 1997).
9
AUTOATIVIDADE
10
UNIDADE 1
TÓPICO 2
1 INTRODUÇÃO
Caro acadêmico! Conforme nossos estudos, as línguas de sinais são
naturais às comunidades surdas dos países que as utilizam. Assim como as
línguas faladas, as línguas de sinais não são universais, sendo que geralmente
cada país apresenta a sua própria língua. No caso do Brasil, temos a Libras
e, além dela, tem-se também a língua de sinais usada por uma tribo indígena
brasileira chamada Urubu Kaapor, citada por Ferreira Brito (1993). As línguas
de sinais apresentam-se numa modalidade diferente das línguas orais auditivas;
são línguas espaço-visuais, ou seja, a realização dessas línguas não é estabelecida
através do canal oral-auditivo, mas através da visão e da utilização do espaço. A
diferença na modalidade determina o uso de mecanismos sintáticos específicos
diferentes dos utilizados nas línguas orais. As línguas de sinais são sistemas
linguísticos independentes dos sistemas das línguas orais e não são universais.
Até porque o fato de a criança ser surda não é empecilho para que não
possa se constituir como sujeito. Essa limitação não priva a criança de adquirir sua
linguagem, pode ocasionar um atraso no processo, mas não uma incapacidade.
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UNIDADE 1 | AQUISIÇÃO DE PARÂMETROS SINTÁTICOS EM LÍNGUA DE SINAIS COMPARADA ÀS LÍNGUAS ORAIS
enfatiza
Comportamento Social
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UNIDADE 1 | AQUISIÇÃO DE PARÂMETROS SINTÁTICOS EM LÍNGUA DE SINAIS COMPARADA ÀS LÍNGUAS ORAIS
Abordagem Cognitivista
faz
Pensamento
Assimilação do Conhecimento
base
faz
Aprendizagem
Adaptação ao Meio
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TÓPICO 2 | AQUISIÇÃO DA LINGUAGEM POR CRIANÇAS SURDAS
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UNIDADE 1 | AQUISIÇÃO DE PARÂMETROS SINTÁTICOS EM LÍNGUA DE SINAIS COMPARADA ÀS LÍNGUAS ORAIS
Teoria Sociocultural
Vygotsky
relaciona
outro
Professor por meio Instrumentos
mais capaz
envolve
corresponsável o conhecimento é
pelo desenvolvimento corre do adquirido pelas
Colega das Signos
Imaginar
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UNIDADE 1 | AQUISIÇÃO DE PARÂMETROS SINTÁTICOS EM LÍNGUA DE SINAIS COMPARADA ÀS LÍNGUAS ORAIS
FIGURA 8 - SUJEITO-OBJETO-CONHECIMENTO
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TÓPICO 2 | AQUISIÇÃO DA LINGUAGEM POR CRIANÇAS SURDAS
O contato que o indivíduo tem com o meio e com seus iguais, ou seja,
como outros que falam a sua língua, é mediado por um conhecimento e/ou
experiência assimilados anteriormente, uma vez que o indivíduo não tem contato
direto com os objetos, e sim mediado através da linguagem. Por isso, ele tem a sua
teoria como socioconstrutivista, pois percebe que interação é mediada por várias
relações, diferentemente do construtivismo, em que o sujeito age diretamente
com o objeto (MAGALHÃES, 2007).
2 PERÍODO PRÉ-LINGUÍSTICO
De acordo com Quadros (1997, p. 70):
Assim, Petitto & Marantette (1991 apud QUADROS 1997) nos apresenta
estudos realizados sobre o balbucio dos bebês, que independem. São um fenômeno
que ocorre em bebês, surdos e ouvintes, pois o balbucio é parte da linguagem,
destacando que essa capacidade inata é manifestada não só através de sons, mas
também através dos sinais, ou seja, através da língua de sinais, porém esse balbucio
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UNIDADE 1 | AQUISIÇÃO DE PARÂMETROS SINTÁTICOS EM LÍNGUA DE SINAIS COMPARADA ÀS LÍNGUAS ORAIS
3 ESTÁGIO DE UM SINAL
De acordo com Quadros (1997, p. 71),
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TÓPICO 2 | AQUISIÇÃO DA LINGUAGEM POR CRIANÇAS SURDAS
línguas orais iniciam esse período por volta dos 12 meses. Lillo-
Martin (1986) observa que as razões apontadas por esses estudos para
explicar tal diferença cronológica baseiam-se no desenvolvimento
dos mecanismos físicos (mãos e trato vocal). Entretanto, Petitto (1987)
argumenta que a criança simplesmente produz gestos que diferem dos
sinais produzidos por volta dos 14 meses, analisando essa produção
gestual como parte do balbucio, período pré-linguístico. As primeiras
produções na língua de sinais americana – ASL incluem as formas
chamadas congeladas da produção adulta. São sinais que não são
flexionáveis, tipo MOTHER na ASL. Quando um sinal apresenta
flexões no padrão adulto, a criança usa formas morfofonêmicas.
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UNIDADE 1 | AQUISIÇÃO DE PARÂMETROS SINTÁTICOS EM LÍNGUA DE SINAIS COMPARADA ÀS LÍNGUAS ORAIS
Crianças surdas, com menos de dois anos de idade, não fazem uso dos
dispositivos indicativos da ASL, e consequentemente da Libras, ou seja, não
utilizam pronomes nem mesmo quando imitando seus pais. Com menos de um
ano, usam a apontação assim como uma criança que adquire a língua oral, e este
processo desaparece quando inicia o estágio de um sinal.
22
TÓPICO 2 | AQUISIÇÃO DA LINGUAGEM POR CRIANÇAS SURDAS
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UNIDADE 1 | AQUISIÇÃO DE PARÂMETROS SINTÁTICOS EM LÍNGUA DE SINAIS COMPARADA ÀS LÍNGUAS ORAIS
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TÓPICO 2 | AQUISIÇÃO DA LINGUAGEM POR CRIANÇAS SURDAS
(DF (2:4)
a. AULA IR. '(Eu) vou à aula'.
b. TRÊS kBRINCAR AQUI. '(Eles) três brincam aqui'.
Exemplos como os ilustrados em (2) mostram que F já usa o sistema
pronominal com referentes presentes de forma adequada.
(2)
a. EU SAIR TCHAU! 'Eu estou saindo. Tchau!'
b. ELEk OLHAR ELEk. 'Elei olhou para ele/.
A língua de sinais vai ser adquirida por crianças surdas que tiverem
a experiência de interagir com usuários de língua de sinais. Se isso
acontecer, por volta dos dois anos de idade, as crianças estarão
produzindo sinais usando um número restrito de configurações
de mão [...]. As crianças nesta fase começam a marcar sentenças
interrogativas com expressões faciais concomitantes com o uso de
sinais [...]. Nesse período, também é verificado o início do uso da
negação não manual através do movimento da cabeça para negar,
bem como o uso de marcação não manual para confirmar expressões
comuns na produção do adulto.
O estágio das primeiras combinações surge por volta dos dois anos e a
ordem usada nas combinações frasais é: SV, VO ou depois SVO, havendo uma
limitação no que diz respeito às ligações lexicais e fonologias, além de não ocorrer
a flexão de alguns verbos. Devido a esta deficiência, as crianças surdas utilizam
duas estratégias para marcarem as relações gramaticais, são elas: a incorporação
dos indicadores e a ordem das palavras.
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UNIDADE 1 | AQUISIÇÃO DE PARÂMETROS SINTÁTICOS EM LÍNGUA DE SINAIS COMPARADA ÀS LÍNGUAS ORAIS
Por volta dos dois anos e meio aos três anos, a criança surda inicia o
processo de distinções derivacionais, de expansão do vocabulário e da formação
pronominal para indicar pessoas e objetos que não estejam presentes fisicamente
no espaço onde ela se encontra. De acordo com Quadros (1997, p. 74),
26
TÓPICO 2 | AQUISIÇÃO DA LINGUAGEM POR CRIANÇAS SURDAS
Para Meier (1980) surgem supergeneralizações, que são flexões de verbos que
não podem ser flexionados através da linguagem de sinais. As crianças utilizam os
verbos sempre direcionados, achando que somente eles fazem parte do vocabulário.
Aos quatro anos, a linguagem de sinais não é, ainda, correta, pois param de
empilhar os referentes e apresentam dificuldade em estabelecer associações entre
o local e as referências, e a partir dos cinco ou seis anos é que as crianças surdas
começam a corrigir os erros apresentados nestas associações.
Segundo Quadros e Schmiedt (2006, p. 20), "95% das crianças surdas são
filhas de pais ouvintes e, portanto, na maioria dos casos, não dominam uma
língua de sinais". No caso de crianças surdas filhas de pais surdos, esse processo
acontece naturalmente, mas as demais acabam por sofrer um grande atraso na
aquisição da linguagem, o que é muito prejudicial para criança. Sendo que a
maior parte das crianças surdas só terá contato com a língua de sinais no período
escolar. Desta forma, é imprescindível que o professor conheça e compreenda os
processos que envolvem a aquisição da linguagem pelo surdo, daí a importância
de uma formação de qualidade para esses docentes, a fim de se organizar no
sentido de trabalhar formas adequadas para facilitar a aquisição da língua de
sinais e, consequentemente, a apropriação do conhecimento pelo discente.
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TÓPICO 2 | AQUISIÇÃO DA LINGUAGEM POR CRIANÇAS SURDAS
29
RESUMO DO TÓPICO 2
Neste tópico, viu e estudou:
• Quanto aos aspectos estruturais das línguas de sinais, há dois fundamentais: (a)
o estabelecimento nominal e a pronominalização e (b) a concordância verbal.
31
32
UNIDADE 1
TÓPICO 3
1 INTRODUÇÃO
Acadêmico! A sintaxe é o estudo da estrutura interna da frase. Diferente
da Língua Portuguesa, a sintaxe da Libras é estudada a partir da organização dos
sinais no espaço. Em relação à aquisição da sintaxe nas línguas de sinais, temos
Rohrbacher (1999), entre outros teóricos, que diz que os estudos em aquisição da
sintaxe e da morfologia situam-se em um debate que se coloca teoricamente entre
os que sustentam que a sintaxe é guiada pela morfologia e aqueles que sustentam
que processos morfológicos sejam derivados da sintaxe, como Bobaljik (2001).
34
TÓPICO 3 | AQUISIÇÃO DA SINTAXE NAS LÍNGUAS DE SINAIS
por crianças surdas expostas à língua de sinais. Meier (2002) chama a atenção
para a questão do tratamento da direcionalidade nos verbos com apontação
apresentando uma série de argumentos que sugerem que a direcionalidade é
linguística e envolve mais do que, simplesmente, uma habilidade de apontar. O
autor apresenta os seguintes argumentos: Os verbos estão restringidos a algumas
entidades (sujeito, objeto direto ou indireto dependente das relações semânticas).
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UNIDADE 1 | AQUISIÇÃO DE PARÂMETROS SINTÁTICOS EM LÍNGUA DE SINAIS COMPARADA ÀS LÍNGUAS ORAIS
TELEFONAR-TELEFONE
SENTAR-CADEIRA
PERFUMAR-PERFUME
Verbos:
preparar - nomes: preparação
confiar - confiança
contar – contagem
pescar – pescador
participar – participante
beber – bebedouro
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TÓPICO 3 | AQUISIÇÃO DA SINTAXE NAS LÍNGUAS DE SINAIS
Verbos:
telefonar – substantivos: telefone
Sentar – cadeira
Perfumar – perfume
Pentear – pente
Processo de reduplicação:
EXEMPLO:
SENTAR – CADEIRA
ABRIR LIVRO – LIVRO
TURO S
ESTUDOS FU
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TÓPICO 3 | AQUISIÇÃO DA SINTAXE NAS LÍNGUAS DE SINAIS
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UNIDADE 1 | AQUISIÇÃO DE PARÂMETROS SINTÁTICOS EM LÍNGUA DE SINAIS COMPARADA ÀS LÍNGUAS ORAIS
Sendo a Libras dotada de uma gramática composta por itens lexicais, que se
estruturam a partir de mecanismos morfológicos, sintáticos e semânticos, os quais,
embora apresentem especificidade, seguem também princípios básicos gerais, estes
são usados na geração de estruturas linguísticas de forma produtiva, possibilitando
um número infinito de construções, a partir de um número finito de regras.
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TÓPICO 3 | AQUISIÇÃO DA SINTAXE NAS LÍNGUAS DE SINAIS
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UNIDADE 1 | AQUISIÇÃO DE PARÂMETROS SINTÁTICOS EM LÍNGUA DE SINAIS COMPARADA ÀS LÍNGUAS ORAIS
Exemplos de PA na testa:
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TÓPICO 3 | AQUISIÇÃO DA SINTAXE NAS LÍNGUAS DE SINAIS
III. Movimento: para que seja realizado, é preciso haver um objeto e um espaço.
Movimento é um parâmetro complexo porque, durante a realização do sinal,
engloba o deslocamento de uma ou ambas as mãos no espaço, abrangendo
também dedos, pulso, braço e antebraço. Podemos dizer que o movimento nas
línguas de sinais resulta da relação entre três elementos: mãos – espaço–tempo.
Isto é, o movimento resulta do deslocamento das mãos configuradas no espaço
de articulação do sinal, no decorrer do tempo gasto para executá-lo. Dentro deste
processo temos a direção, que é o sentido ou trajetória em que o sinal é realizado:
para cima ou para baixo, para a esquerda ou para a direita, para frente ou para
trás. O movimento pode conter uma ou mais direções (unidirecional, bidirecional
ou multidirecional). Em alguns casos, a inversão na direção do movimento pode
funcionar para expressar um sentido oposto, isto é, um antônimo.
Temos ainda a forma, que é modo pelo qual as mãos e dedos seguem
uma trajetória na execução do sinal. O movimento segundo sua forma pode
ser extenso ou curto, deslocando-se em linha reta ou curva. Algumas vezes as
linhas combinam suas formas para reproduzir a geometria do objeto, conceito
ou sentimento convencionado pelo sinal. E, também, a frequência ou repetição
do movimento na realização do sinal, sendo que essa repetição só acontece em
alguns sinais. Observamos repetição em sinais como PROFESSOR.
PROFESSOR
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UNIDADE 1 | AQUISIÇÃO DE PARÂMETROS SINTÁTICOS EM LÍNGUA DE SINAIS COMPARADA ÀS LÍNGUAS ORAIS
FURACÃO
IV. Orientação: os sinais podem ter uma direção ou não. Para realizarmos um
sinal de maneira adequada, isto é, da maneira como ele foi convencionado
pela comunidade surda, precisamos conhecer os parâmetros que o constituem.
Assim, enquanto a Configuração de Mão (CM) determina a forma que as
mãos e dedos devem assumir, a Orientação da Mão (OM) indica a posição da
palma das mãos para a execução do sinal, tendo o corpo do sinalizador como
referência. São basicamente sete tipos de orientação da palma das mãos: para
cima ou para baixo, para o corpo ou para a frente, para a direita ou para a
esquerda ou, ainda, em diagonal.
V. Expressão facial e/ou corporal: além dos parâmetros constituintes dos sinais,
outros elementos complementam sua formação. São as expressões não
manuais nas línguas de sinais. Por ser de caráter gestual visual, a expressão
facial e corporal na Libras referencia o contexto comunicativo e de interação
entre os interlocutores, sendo muitas vezes imprescindível na decodificação.
A expressão facial e corporal deve ser feita com a maior naturalidade possível,
e isso só acontece com a prática cotidiana. O sinal “alegre” e “triste” sem uma
expressão correspondente fica demasiadamente estranho, dificultando ou
impossibilitando sua compreensão. A expressão facial e corporal faz, ainda, a
marcação de construções sintáticas, imprimindo ideia de pontuação: afirmativa,
negativa, exclamativa, interrogativa, ou ainda de estados emocionais como
medo, raiva, alegria e outros.
1°- Pessoa
2°- Número
3°- Grau
4°- Modo
5°- Reciprocidade
6- Foco temporal
7- Aspecto temporal
8- Aspecto distributivo
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UNIDADE 1 | AQUISIÇÃO DE PARÂMETROS SINTÁTICOS EM LÍNGUA DE SINAIS COMPARADA ÀS LÍNGUAS ORAIS
Exemplos:
O menino pegou o carro novo.
O menino carro pegou novo.
Exemplos:
• NOME ME@ M-A-R-C-O-S
• EI@ PROFESSOR.
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TÓPICO 3 | AQUISIÇÃO DA SINTAXE NAS LÍNGUAS DE SINAIS
Exemplos:
• NOME QUAL? (expressão facial interrogativa feita simultaneamente ao
sinal QUAL).
• NOME? (expressão facial feita simultaneamente com o sinal NOME).
• VOCÊ CASAD@?
Exemplos:
• EU VIAJAR RECIFE, BO@I BONIT@ LÁ! CONHECER MUII@ SURD@.
• CARRO BONIT@!
Exemplos:
• BLUSA FEI@ COMPRAR NÃO.
• EU OUVIR NÃO.
•PODER / PODER-NÃO
•EU VIAJAR PODER-NÃO
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UNIDADE 1 | AQUISIÇÃO DE PARÂMETROS SINTÁTICOS EM LÍNGUA DE SINAIS COMPARADA ÀS LÍNGUAS ORAIS
HORAS/QUANTAS-HORAS
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TÓPICO 3 | AQUISIÇÃO DA SINTAXE NAS LÍNGUAS DE SINAIS
EXEMPLOS:
ADVÉRBIO DE TEMPO
Como podemos ver nos sinais acima sobre os advérbios de tempo, visto
que noções e relações temporais são expressas como movimento em uma linha
temporal, pode-se esperar que a estrutura dos sinais que denotam mudança no
tempo seria muito similar à dos verbos denotando mudança de localização, já
que mudança de tempo poderia ser expressa como uma mudança de localização
espacial numa linha de tempo imaginária. E, de fato, existem algumas similaridades
na estrutura dos verbos nesses dois domínios; em ambos o sinal consiste de um
movimento de trajetória cuja direção é variável.
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TÓPICO 3 | AQUISIÇÃO DA SINTAXE NAS LÍNGUAS DE SINAIS
1- CUMPRIMENTOS
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UNIDADE 1 | AQUISIÇÃO DE PARÂMETROS SINTÁTICOS EM LÍNGUA DE SINAIS COMPARADA ÀS LÍNGUAS ORAIS
OI PRAZER EM CONHECER
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TÓPICO 3 | AQUISIÇÃO DA SINTAXE NAS LÍNGUAS DE SINAIS
2- VERBOS
53
UNIDADE 1 | AQUISIÇÃO DE PARÂMETROS SINTÁTICOS EM LÍNGUA DE SINAIS COMPARADA ÀS LÍNGUAS ORAIS
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TÓPICO 3 | AQUISIÇÃO DA SINTAXE NAS LÍNGUAS DE SINAIS
3 PRONOMES
NÓS SE@/DEL@
55
RESUMO DO TÓPICO 3
Neste tópico, nós estudamos e aprendemos:
• Além disso, o fato dessa língua apresentar uma assimetria verbal determinada
pela diferença na morfologia verbal com repercussões na ordenação das
sentenças.
• O léxico não nativo contém também palavras em Português que são soletradas
manualmente.
56
AUTOATIVIDADE
1 2
3 4 5
57
Libras.
Assinale a sequência correta em relação aos sinais em Libras.
58
UNIDADE 2
ASPECTOS METODOLÓGICOS DO
ENSINO DA LÍNGUA DE SINAIS, POR
MEIO DE UM CONTEXTO
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
A partir desta unidade você será capaz de:
PLANO DE ESTUDOS
Esta unidade está dividida em três tópicos. Em cada um deles, você encontra-
rá atividades visando à compreensão dos conteúdos apresentados.
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60
UNIDADE 2
TÓPICO 1
1 INTRODUÇÃO
Prezado acadêmico! Seja bem-vindo a esta unidade que irá falar sobre
metodologias do ensino e aprendizagem das línguas. Como temos estudado no
decorrer desta disciplina, há alguns anos a Libras não existia como disciplina
escolar, nem mesmo era utilizada nas escolas como uma língua. A partir da
regulamentação da Lei nº 10.436/2002, e através do Decreto-Lei nº 5.626/2005,
essa disciplina é reconhecida e passa a fazer parte do contexto escolar. Diante
disso, novos profissionais surgiram no cenário educativo: o professor de
Libras, o intérprete de Língua de Sinais e o professor bilíngue, como figuras
imprescindíveis para que o acesso aos conhecimentos dos alunos surdos
usuários da Libras fosse possível.
O ensino da Libras é uma proposta com fins definidos, pois o aluno surdo
que adquire e aprende a Língua de Sinais, no início de sua escolarização, ou seja,
na Educação Infantil e na primeira etapa do Ensino Fundamental, é aquele que
terá experiências e competência linguística suficiente para, não somente acessar
o conhecimento, mas também transformar esse conhecimento de forma crítica
e ativa. E mais do que isso: a língua de sinais é a língua por meio da qual as
identidades surdas são constituídas e a cultura surda se manifesta.
61
UNIDADE 2 | ASPECTOS METODOLÓGICOS DO ENSINO DA LÍNGUA DE SINAIS, POR MEIO DE UM CONTEXTO
2 METODOLOGIA DE ENSINO
É importante começar este tópico entendendo o que é metodologia
e métodos. Por metodologia entendemos que ela estuda as possibilidades
explicativas de diferentes métodos e, por métodos, as formas, perspectivas ou
caminhos que indicam uma sequência de ações que serão utilizadas para alcançar
determinados objetivos. Assim, nós entendemos que os métodos auxiliam nos
processos de ensino-aprendizagem.
Apesar de esse tópico ter denominação metodologia de ensino, ela irá nos
fazer refletir sobre a didática, nos levando a pensar sobre a docência de um modo
geral e o ensino e aprendizagem de línguas de sinais. Vamos explicando, pouco a
pouco, tudo isso de forma que você perceba quanto pode ser envolvente o campo
da docência, mas, com certeza, você deve se envolver, pois caso não esteja, pelo
visto pretende envolver-se futuramente. Desta forma, pretendemos orientá-lo no
encontro ou reencontro do fazer docente.
62
TÓPICO 1 | SITUANDO O CAMPO DA METODOLOGIA DE ENSINO EM RELAÇÃO ÀS LÍNGUAS
63
UNIDADE 2 | ASPECTOS METODOLÓGICOS DO ENSINO DA LÍNGUA DE SINAIS, POR MEIO DE UM CONTEXTO
FIGURA 2 - MÉTODOS
Para Silva (2004, p. 2), “os métodos e as abordagens são apresentados como
soluções para problemas de ensino que podem ser aplicados em qualquer lugar e em
qualquer circunstância”. Todavia, nenhuma sala de aula, seja ela onde for, é igual a
outra, pois não tem os mesmos alunos, nem os mesmos objetivos, nem as mesmas
intenções, nem as mesmas expectativas, nem os mesmos professores, ainda que
o professor seja o mesmo, pois se mudamos os sujeitos, mudamos todo o resto.
Assim, além da simples escolha ou mudança de método, pode-se abrir uma
discussão para análise acerca das diferentes propostas que influenciam o ensino
das línguas de sinais.
64
TÓPICO 1 | SITUANDO O CAMPO DA METODOLOGIA DE ENSINO EM RELAÇÃO ÀS LÍNGUAS
Assim,
Para ensinar uma língua é preciso perceber e entender que a língua não
é apenas códigos, mas também envolve questões sociais e culturais, em relação
a cada indivíduo e grupo, é um ato criativo ensinar uma língua, em especial as
línguas de sinais, pois o conhecimento é uma junção de arte, de técnicas e de
vivências.
65
UNIDADE 2 | ASPECTOS METODOLÓGICOS DO ENSINO DA LÍNGUA DE SINAIS, POR MEIO DE UM CONTEXTO
E
IMPORTANT
No seu sentido mais amplo, educação significa o meio em que os hábitos, costumes e
valores de uma comunidade são transferidos de uma geração para a geração seguinte. A
educação vai se formando através de situações presenciadas e experiências vividas por
cada indivíduo ao longo da sua vida.
Educação (do latim educations) no sentido formal é todo processo contínuo de formação
e ensino-aprendizagem que faz parte do currículo dos estabelecimentos oficializados de
ensino, sejam eles públicos ou privados.
No Brasil, de acordo com a Lei de Diretrizes e Bases, a Educação divide-se em dois níveis, a
educação básica e o ensino superior. A educação básica compreende a Educação Infantil,
o Ensino Fundamental e o Ensino Médio. A educação nacional remete para o grupo de
órgãos que fazem a gestão do ensino público e fiscalização do ensino particular.
Há sempre uma relação estreita entre quem ensina e o que ensina, quando
diz respeito às línguas de sinais. O educador surdo organiza os conhecimentos
a partir da sua visualidade. A intencionalidade, ou seja, o objetivo claro, a
reciprocidade, sendo como o aluno se envolve no processo pedagógico e a
mediação dos significados, em relação a como os significados são construídos
com o aluno, exigindo uma criatividade na composição dos elementos de
uma pedagogia visual que serão determinantes para o êxito do processo de
aprendizagem dos discentes surdos.
66
TÓPICO 1 | SITUANDO O CAMPO DA METODOLOGIA DE ENSINO EM RELAÇÃO ÀS LÍNGUAS
67
UNIDADE 2 | ASPECTOS METODOLÓGICOS DO ENSINO DA LÍNGUA DE SINAIS, POR MEIO DE UM CONTEXTO
com esse sujeito no mundo em que ele vive, dando sentido através da língua,
sua forma de ver e viver, podendo assim expressar seus pensamentos se fazendo
entender em suas relações sociais.
68
TÓPICO 1 | SITUANDO O CAMPO DA METODOLOGIA DE ENSINO EM RELAÇÃO ÀS LÍNGUAS
3.3 BILINGUISMO
O bilinguismo consiste em trabalhar com duas línguas no contexto escolar
e, neste caso, as línguas em questão são a Língua Portuguesa (escrita) e a Língua
Brasileira de Sinais – Libras. A metodologia bilíngue é utilizada atualmente com
surdos em algumas instituições educacionais brasileiras, onde os estudantes
utilizam o português e a Libras no processo de ensino e aprendizagem.
69
UNIDADE 2 | ASPECTOS METODOLÓGICOS DO ENSINO DA LÍNGUA DE SINAIS, POR MEIO DE UM CONTEXTO
seus pares e com os professores bilíngues: “O surdo não precisa almejar uma
vida semelhante ao ouvinte, podendo assumir a sua surdez” (GOLDFELD, 1997,
p. 138).
70
RESUMO DO TÓPICO 1
Neste tópico, você estudou:
• Metodologias de ensino.
• Há sempre uma relação estreita entre quem ensina e o que ensina, quando diz
respeito às línguas de sinais.
a) ( ) Audiovisual e gestual-visual.
b) ( ) Áudio-oral e visuoespacial.
c) ( ) Visuoespacial e oral-auditiva.
d) ( ) Gestual-visual e oral-auditiva.
e) ( ) Visuoespacial e auditivo-oral.
a) ( ) Monolíngue.
b) ( ) Bilíngue.
c) ( ) Trilíngue.
d) ( ) Plurilíngue.
e) ( ) Multilíngue.
72
UNIDADE 2 TÓPICO 2
ALFABETIZAÇÃO E O ENSINO DA LÍNGUA
DE SINAIS
1 INTRODUÇÃO
Neste tópico iremos verificar a correlação entre a aquisição da morfologia
verbal e da ordem de palavras na frase. Dessa forma, estaremos colaborando para
o debate sobre a interface da morfologia e da sintaxe, esclarecendo a correlação
entre flexão de concordância e aquisição de ordem de palavras na frase através
dos estudos da aquisição da língua de sinais brasileira. Além disso, analisaremos
a produção de estruturas que envolvem categorias funcionais explícitas, como
construções interrogativas e com foco também podem contribuir para a discussão
e aquisição da linguagem.
2 ALFABETIZAÇÃO E LETRAMENTO EM
SINAIS E ESCRITA DE SINAIS
Para Rinaldi (1997, p. 24),
73
UNIDADE 2 | ASPECTOS METODOLÓGICOS DO ENSINO DA LÍNGUA DE SINAIS, POR MEIO DE UM CONTEXTO
DICAS
74
TÓPICO 2 | ALFABETIZAÇÃO E O ENSINO DA LÍNGUA DE SINAIS
O SignWriting foi criado em 1974 por Valerie Sutton. No início, ela criou
um sistema para escrever danças, para notar os movimentos de dança, o que
despertou a curiosidade dos pesquisadores da língua de sinais dinamarquesa
que estavam procurando uma forma de escrever os sinais. Foi registrada, na
Dinamarca, a primeira página de uma longa história: a criação de um sistema
de escrita de línguas de sinais. Conforme os registros feitos por Valerie Sutton,
no site do SignWriting, em 1974, a Universidade de Copenhagen solicitou a
Sutton que registrasse os sinais gravados em videocassete. As primeiras formas
foram inspiradas no sistema escrito de danças. A década de 1970 caracterizou
um período de transição de DanceWriting para SignWriting, isto é, da escrita de
danças para a escrita de sinais das línguas de sinais.
75
UNIDADE 2 | ASPECTOS METODOLÓGICOS DO ENSINO DA LÍNGUA DE SINAIS, POR MEIO DE UM CONTEXTO
76
TÓPICO 2 | ALFABETIZAÇÃO E O ENSINO DA LÍNGUA DE SINAIS
77
UNIDADE 2 | ASPECTOS METODOLÓGICOS DO ENSINO DA LÍNGUA DE SINAIS, POR MEIO DE UM CONTEXTO
• estabelecimento do olhar;
• exploração das configurações de mãos;
• exploração dos movimentos dos sinais (movimentos internos e externos, ou
seja, movimentos do próprio sinal e movimentos de relações gramaticais
no espaço), utilização de sinais com uma mão, duas mãos com movimentos
simétricos, duas mãos com movimentos não simétricos, duas mãos com
diferentes configurações de mãos;
• uso de expressões não manuais (interrogativas, topicalização, foco e negação);
• exploração das diferentes funções do apontar;
• utilização de classificadores com configurações de mãos apropriadas
(incluem todas as relações descritivas e preposicionais estabelecidas através
de classificadores, bem como as formas de objetos, pessoas e ações e relações
entre eles, tais como: ao lado de, em cima de, contra, em baixo de, em, dentro
de, fora de, atrás de, em frente de etc.);
78
TÓPICO 2 | ALFABETIZAÇÃO E O ENSINO DA LÍNGUA DE SINAIS
79
UNIDADE 2 | ASPECTOS METODOLÓGICOS DO ENSINO DA LÍNGUA DE SINAIS, POR MEIO DE UM CONTEXTO
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TÓPICO 2 | ALFABETIZAÇÃO E O ENSINO DA LÍNGUA DE SINAIS
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UNIDADE 2 | ASPECTOS METODOLÓGICOS DO ENSINO DA LÍNGUA DE SINAIS, POR MEIO DE UM CONTEXTO
82
TÓPICO 2 | ALFABETIZAÇÃO E O ENSINO DA LÍNGUA DE SINAIS
Mas você pode se perguntar: quais são as formas de registro que podemos
utilizar? Geralmente, as formas de registro iniciais são essencialmente visuais
e precisam refletir a complexidade da Libras e das línguas de sinais. Podemos
explorar a produção de vídeos de produções literárias de adultos, bem como das
próprias produções das crianças, é uma das formas mais eficientes de garantir
um registro da produção em sinais com qualidade.
Temos o livro “Tibi e Joca – uma história de dois mundos” (BISOL, 2001),
conta com a participação especial de um surdo, Tibiriçá Maineri. Na apresentação,
lemos: “Esta história de um menino surdo é parecida com a de muitas outras
crianças que nasceram ou ficaram surdas. Dúvidas, desespero, culpa, acusações,
sofrem os pais. Solidão, um imenso sem-sentido, um mundo que teima em não se
organizar, sobre a criança. O que fazer?” (BISOL, 2001, apresentação).
83
UNIDADE 2 | ASPECTOS METODOLÓGICOS DO ENSINO DA LÍNGUA DE SINAIS, POR MEIO DE UM CONTEXTO
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TÓPICO 2 | ALFABETIZAÇÃO E O ENSINO DA LÍNGUA DE SINAIS
Como podemos ver nos livros representados acima, a literatura surda tem
uma relação com a história e a cultura surda, através das histórias de vida que são
relatadas nos contos, nas lendas, nas fábulas, entre outros.
86
TÓPICO 2 | ALFABETIZAÇÃO E O ENSINO DA LÍNGUA DE SINAIS
Quando o patinho surdo encontra outros patos surdos, aprende com eles
a Língua de Sinais da Lagoa e descobre sua história de vida. O texto aborda as
diferenças linguísticas na família e na sociedade, além de apresentar a importância
do intérprete na comunicação entre surdos e ouvintes.
87
UNIDADE 2 | ASPECTOS METODOLÓGICOS DO ENSINO DA LÍNGUA DE SINAIS, POR MEIO DE UM CONTEXTO
Diz o texto:
88
TÓPICO 2 | ALFABETIZAÇÃO E O ENSINO DA LÍNGUA DE SINAIS
Débora Fogliatto
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UNIDADE 2 | ASPECTOS METODOLÓGICOS DO ENSINO DA LÍNGUA DE SINAIS, POR MEIO DE UM CONTEXTO
Alice em Libras
90
TÓPICO 2 | ALFABETIZAÇÃO E O ENSINO DA LÍNGUA DE SINAIS
deles. Então o plano é que seja tanto dentro de cena como não só uma mera
tradução, porque isso simplificaria muito o que está em cena”, justifica.
Mas a opção por esse tipo de narração também está sendo investigada
pelo grupo, que pesquisa qual a melhor forma de fazer um teatro que
seja acessível tanto para surdos quanto para ouvintes. “O pessoal até está
divulgando a peça como ‘espetáculo em Libras adaptado para ouvintes’,
porque na verdade o espetáculo nasce em Libras, é desenvolvido em Libras,
assim como as aulas, e depois adaptado para o português”, relata a diretora.
FONTE: <https://www.sul21.com.br/em-destaque/2013/11/em-o-ensaio-de-alice-atores-surdos-encenam-
em-libras-o-classico-de-lewis-carroll/>. Acesso em: 5 ago. 2018.
Santos (2016, p. 24) declara que a literatura surda: “[...] é uma forma de
produzir os textos dentro de um ambiente literário de língua, cultura e identidade
surdas, em que os artefatos culturais estão intrinsecamente relacionados
principalmente ao seu ambiente linguístico – Libras”.
91
UNIDADE 2 | ASPECTOS METODOLÓGICOS DO ENSINO DA LÍNGUA DE SINAIS, POR MEIO DE UM CONTEXTO
92
TÓPICO 2 | ALFABETIZAÇÃO E O ENSINO DA LÍNGUA DE SINAIS
LEITURA COMPLEMENTAR
INTRODUÇÃO DO RELATÓRIO
SOBRE OS MÉTODOS
A superioridade do Método Articulatório sobre o de Sinais, e vice-versa (do ponto de
vista do desenvolvimento mental sem ignorar a relação com o ponto de vista social).
Explicar em que consiste o método “Oral Puro” e mostrar a diferença entre este e
o sistema “Combinado”.
Definir exatamente o limite entre o que se chama de “Sinais Metódicos” e o que
se chama de “Sinais Naturais”.
Qual o mais natural e efetivo meio, através do qual o surdo-mudo poderá adquirir
o uso de uma linguagem própria?
Quando e como deverá a gramática ser usada no ensino da linguagem – se
articulação ou sinais são usados?
Quando deverão ser usados manuais ou livros com os alunos? Em quais áreas da
instrução poderão ser suprimidos?
A discussão desses vários assuntos resultou na adoção das seguintes resoluções:
I
O Congresso Considerando a incontestável superioridade da fala sobre os
sinais quanto a restituir o surdo-mudo à sociedade, e em dá-lo o mais perfeito
conhecimento da linguagem,
Declara que o método oral deve necessariamente ser preferido aos sinais para a
educação e instrução do surdo e mudo.
II
O Congresso Considerando que o uso simultâneo da fala e dos sinais tem a
desvantagem de prejudicar a fala, a leitura labial e a precisão das ideias,
Declara– O Método Oral Puro deve necessariamente ser preferido.
93
UNIDADE 2 | ASPECTOS METODOLÓGICOS DO ENSINO DA LÍNGUA DE SINAIS, POR MEIO DE UM CONTEXTO
III
O Congresso Considerando o grande número de surdos e mudos que não estão
recebendo o benefício da instrução e que essa condição é por impotência das
próprias famílias e das instituições.
Recomenda que os governos devem providenciar os passos necessários para que
todos os surdos e mudos sejam educados.
IV
O Congresso Considerando que ensinar o surdo a falar através do Método Oral
Puro precisa assemelhar-se o mais possível ao ensino daqueles que ouvem e falam,
declara que o mais natural e efetivo meio através do qual a fala do surdo pode
adquirir o conhecimento de linguagem é o método intuitivo, o qual consiste em
ensinar primeiro pela fala e depois pela escrita, os objetos e os fatos presentes aos
olhos dos alunos. Que é no primeiro período, ou no período maternal, que o surdo
mudo deve ser levado a observar as formas gramaticais, através de exemplos e
exercícios práticos; e que no segundo período ele deve ser assistido a deduzir
desses exemplos, as regras gramaticais, expressas com o máximo de simplicidade
e clareza. Que os livros, escritos com palavras e linguagem conhecida do aluno,
poderão ser usados a qualquer momento.
V
O Congresso Considerando o pequeno volume de livros elementares para atender
ao desenvolvimento gradual e progressivo da linguagem, recomenda que os
professores do sistema oral se dediquem à publicação de trabalhos especiais,
nessa área.
O Congresso Considerando os resultados obtidos através das inúmeras pesquisas
feitas a respeito do surdo e mudo de todas as idades e condições, os quais após
terem deixado a escola, foram interrogados sobre vários assuntos e apresentaram
respostas corretas com clareza de articulação e leitura labial feita com facilidade,
declara que o surdo e mudo ensinado através do Método Oral Puro não esquece
o conhecimento adquirido após deixar a escola, mas continua a se desenvolver
através da conversação e da leitura, que é facilmente feita por eles. Que durante
a conversação com pessoas ouvintes eles usem exclusivamente a fala. Que a fala e
leitura-labial, longe de se perderem, são desenvolvidas pela prática.
VII
O Congresso Considerando que a educação do surdo e mudo através da fala tem
peculiaridades; considerando também que a experiência dos professores de surdos
mudos é quase unânime, declara que a idade mais favorável para a admissão da
criança surda na escola é de oito aos 10 anos. Que a escolaridade deve ser de no
mínimo sete anos; mas oito anos será preferível. Que nenhum professor poderá dar
aulas numa classe com mais de 10 alunos no Método Oral Puro.
VIII
O Congresso Considerando que a aplicação do Método Oral Puro nas instituições
aonde ele ainda não vinha sendo usado – deve ser prudente, gradual e progressiva,
para evitar falhas ou fracassos, Recomenda– que os alunos mais novos devem
94
TÓPICO 2 | ALFABETIZAÇÃO E O ENSINO DA LÍNGUA DE SINAIS
ser agrupados em uma única classe, onde as instruções devem ser dadas através
da fala. Que esses alunos devem ser absolutamente separados dos outros
para desenvolver o máximo da instrução pela fala, podendo ser sua educação
complementada por sinais. Que, a cada ano, uma nova classe de fala deve ser
estabelecida, até todos os alunos mais antigos ensinados através dos sinais terem
completado sua educação.
[...]
PREFÁCIO DO APÊNDICE.
Os trabalhos que se seguem foram escritos para o Congresso, pelos membros
da “Sociedade para professores treinadores do surdo e difusão do Sistema
Germânico do Reino Unido”. A programação das questões (inseridas nas páginas
12-15) foi emitida em janeiro último, pelo Comitê de Organização, para que fosse
possível oferecer uma diretriz e delimitação para os trabalhos e discussões a
serem realizados durante o Congresso. Os autores dos trabalhos receberam a
programação antecipadamente, mas encaminharam seus trabalhos excedendo
aos vinte minutos permitidos, o que fez com que tivessem partes desses trabalhos
selecionadas. Para esta presente publicação, a sociedade agradece a gentileza do
grande amigo e o apoio generoso do representante do sistema “Alemão”, Mr. C.
E. Johnston (Messrs. W. H. Allen & Co., Waterloo Place), cujo desejo é de que a
opinião popular atual seja a favor do puro sistema da fala, que tem agora estado
fortemente presente, e pode, neste sentido, ter mais força e abrangência. O prazer
que ele olha para as manifestações de melhora do seu próprio filho pode se tornar
em felicidade para todas as outras famílias de crianças surdas, ricas ou pobres.
TRABALHOS
Contribuições dos Membros da “Sociedade para Treinadores de professores de
Surdo e Difusão do Sistema Germânico no Reino Unido.”
I Desenvolvimento Mental do Surdo sob o Sistema Germânico. Mrs. St. John
Ackers
II Minha Experiência com vários Métodos de Educação do Surdo Congênito.
Suzana E. Hull
III Sobre a Educação do Surdo. Arthur A. Kinsey – Diretor do Colégio de Treinamento.
IV As Vantagens para o Surdo do Sistema Germânico em sua Vida Futura. B. Sr.
J. Ackers, Hon. Secretário.
V Sobre a Saúde dos Surdos-Mudos. E. Symes – Thompson, M. D., Vice-Diretor
do Comitê.
VI Fala e Leitura Labial para o Surdo: o testemunho de um professor do Sistema
Alemão. David Buxton, Secretário.
95
UNIDADE 2 | ASPECTOS METODOLÓGICOS DO ENSINO DA LÍNGUA DE SINAIS, POR MEIO DE UM CONTEXTO
Assim, hoje os surdos, em vez de irem para as escolas especiais, eles são
levados para as escolas regulares. De acordo com Frias (2010, p. 13), a inclusão
96
TÓPICO 2 | ALFABETIZAÇÃO E O ENSINO DA LÍNGUA DE SINAIS
A inclusão deve ocorrer, ainda que existam desafios, ela precisa ter
como base a garantia de oportunidades aos alunos surdos iguais aos do aluno
ouvinte. A presença do aluno surdo em sala exige que o professor reconheça a
necessidade da elaboração de novas estratégias e métodos de ensino que sejam
adequados à forma de aprendizagem deste aluno surdo. O aluno surdo está na
escola, então cabe aos professores criar condições para que este espaço promova
transformações e avanços a fim de dar continuidade a um dos objetivos da escola,
ser um espaço que promove a inclusão escolar, porém o professor é uma ponta,
toda a escola precisa estar preparada para receber esse aluno surdo.
97
RESUMO DO TÓPICO 2
Neste tópico estudamos:
98
AUTOATIVIDADE
99
4 Neste tópico vimos diversos livros de literatura infantil ligados à surdez.
Quais são as criações poéticas, dramáticas e ficcionais de literatura surda
que você conhece? Faça uma lista dos livros e vídeos (ou DVD) que você
poderá usar durante suas aulas (no mínimo de dez opções). Você poderá
fazer essa pesquisa na biblioteca de sua comunidade, no polo onde você
estuda ou na internet.
100
UNIDADE 2 TÓPICO 3
1 INTRODUÇÃO
Falar do contexto atual da educação de surdos é, ao mesmo tempo,
mergulhar na história deste sujeito histórico, que ao longo do tempo tem lutado
por seus direitos de estar em sociedade, de pertencer a um processo no qual seja
reconhecido com sua cultura linguística, cultura essa marcada pela surdez.
Durante muito tempo, outros falaram em nome dos surdos, mas nas
últimas décadas sugiram pesquisadores que também são marcados pela surdez,
fazendo com que esses viessem a defender seus ideais em busca de uma escola
bilíngue. O ensino da língua de sinais nas escolas brasileiras é muito recente.
Embora existam professores surdos em algumas escolas de surdos já há alguns
anos, suas atividades nem sempre estão relacionadas ao ensino sistemático
da Libras, muitas vezes, atuam como coadjuvantes dos professores ouvintes
regentes, localizados em turmas de Educação Infantil, Ensino Fundamental e
Ensino Médio.
101
UNIDADE 2 | ASPECTOS METODOLÓGICOS DO ENSINO DA LÍNGUA DE SINAIS, POR MEIO DE UM CONTEXTO
Libras, mas estamos avançando, e isso só está sendo possível graças a faculdades
como a UNIASSELVI, que possuem cursos EAD, que levam a formação de
qualidade para o interior do Brasil, assim como para as capitais.
102
TÓPICO 3 | REFLETINDO SOBRE AS PRÁTICAS ATUAIS DE ENSINO DE LÍNGUA DE SINAIS
Kohan (2009, p. 75-76), tendo como base o pensamento socrático, nos diz que:
A filosofia nos faz pensar para além do que é óbvio, o surdo professor ao
ensinar a Libras não deve ficar preso à língua em si, deve ir além da língua. Ele
deve remeter o discente para novos horizontes do pensamento, e atravessamentos
da experiência do outro. Horizontes que perpassam a vida do outro.
103
UNIDADE 2 | ASPECTOS METODOLÓGICOS DO ENSINO DA LÍNGUA DE SINAIS, POR MEIO DE UM CONTEXTO
Para tanto, vamos utilizar o aforismo socrático “Só sei que nada sei”, para
ilustrar a importância do conhecer a si mesmo. Kohan (2009, p. 25-26) diz que:
Nada mais vazio que um ser humano que se considera sábio. Nada
mais impotente que os presumidos sábios. Nada mais potente e
afirmativo que um ser humano que se sabe ignorante. O gesto de
Sócrates é impressionante: nada é o que parece. Ao contrário, as coisas
são opostas ao que parecem: a ignorância sabe, o saber ignora; o
ignorante sabe; o sábio ignora. Tamanho sacrilégio. A ignorância não é
o que parece, somente uma negatividade, pode ser todo o contrário, a
afirmação que torna possível o saber, o pensamento, enfim, uma vida
digna para os seres humanos.
104
TÓPICO 3 | REFLETINDO SOBRE AS PRÁTICAS ATUAIS DE ENSINO DE LÍNGUA DE SINAIS
Entendemos, dessa forma, que é importante saber que não sabemos tudo
sobre tudo, que é importante a formação acadêmica, a formação continuada e a
observação cotidiana.
Alguns filósofos indicam que Sócrates usava dois passos no seu método: a
ironia e a maiêutica. O primeiro (a ironia) consistia em admitir a própria ignorância
para poder aprofundar na verdade e destruir o conhecimento ilusório. O segundo
passo (a maiêutica) é associado ao ato de esclarecer ou “dar à luz” ao conhecimento
na mente de uma pessoa. Todo professor só é professor porque profere algo, porém,
pelo viés filosófico, pois não basta apenas proferir algo, tem que se ter um porquê,
é necessário cuidar do que está abandonado, ou seja, a compreensão e a reflexão. O
surdo, assim como o aluno ouvinte, são sujeitos pensantes.
O leitor moderno está tão crente “de sua pessoa e sua cultura” que se
supõe a si mesmo “como uma medida segura e um critério de todas
as coisas”; é tal sua arrogância que se sente capaz de julgar – isso
sim, criticamente – todos os livros; ele é constitutivamente incapaz
de suspender o juízo, de guardar silêncio, de manter-se retirado, de
escutar. Será que é isso que se ensina nas escolas? Em nossas escolas,
incluindo as universidades, já não se ensina estudar. O estudo, a
humildade e o silêncio do estudo é algo que nem sequer se permite.
Hoje, já ninguém estuda. Mas todo mundo tem que ter opiniões
próprias e pessoais.
105
UNIDADE 2 | ASPECTOS METODOLÓGICOS DO ENSINO DA LÍNGUA DE SINAIS, POR MEIO DE UM CONTEXTO
Com este texto, em relação ao presente tópico não queremos dizer que a
identidade é tudo, ou que a experiência-surdez é o que basta para ser professor,
mas queremos pontuar que não dá para falar de formação do surdo que é
professor, sem levar em conta sua surdez, sua marca identitária.
3 PRÁTICAS PEDAGÓGICAS
Para falar sobre práticas pedagógicas é importante levar em consideração
que não iremos dar receitas mágicas, pois todo o processo de formação do
professor refletirá na sua linguagem cotidiana e, consequentemente, na sua
docência. Para Penha (2017, p. 45),
106
TÓPICO 3 | REFLETINDO SOBRE AS PRÁTICAS ATUAIS DE ENSINO DE LÍNGUA DE SINAIS
No Brasil, ainda não temos uma proposta curricular oficial para o ensino
de Libras. Entretanto, devemos considerar que as várias escolas e municípios,
por intermédio de suas secretarias de Educação, têm procurado solucionar
esta questão, construindo seus programas de forma a atender às necessidades
locais. Estas experiências devem ser socializadas para que seja possível elaborar
propostas e programas mais adequados ao ensino de Libras.
107
UNIDADE 2 | ASPECTOS METODOLÓGICOS DO ENSINO DA LÍNGUA DE SINAIS, POR MEIO DE UM CONTEXTO
108
TÓPICO 3 | REFLETINDO SOBRE AS PRÁTICAS ATUAIS DE ENSINO DE LÍNGUA DE SINAIS
1. Definir o tema/assunto.
2. Definir o objetivo.
3. Pesquisar o assunto.
4. Definir uma estratégia para atingir o objetivo.
5. Selecionar o material necessário.
6. Avaliar os resultados.
111
RESUMO DO TÓPICO 3
Neste tópico estudamos:
112
AUTOATIVIDADE
113
114
UNIDADE 3
DESENVOLVIMENTO
LINGUÍSTICO NO SURDO
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
A partir desta unidade, você será capaz de:
PLANO DE ESTUDOS
Esta unidade está dividida em três tópicos. Em cada um deles, você encontra-
rá atividades visando à compreensão dos conteúdos apresentados.
TÓPICO 3 – AQUISIÇÃO DE L2
115
116
UNIDADE 3
TÓPICO 1
1 INTRODUÇÃO
Olá! Estamos começando mais uma unidade e para início de conversa
é bom começar entendendo que todos nós estamos inseridos em um contexto
histórico, social e político, independentemente da sua classe social, você também
faz parte de um contexto histórico-social. Quando falamos da educação de
crianças surdas, precisamos entender o percurso histórico que está ligado ao
contexto atual desses sujeitos.
117
TÓPICO 1 | APONTAMENTOS INICIAIS A RESPEITO DO CONTEXTO HISTÓRICO E DO PERCURSO
DA EDUCAÇÃO DA CRIANÇA SURDA
utilizar qualquer sinal gestual, chegando a ficar com as mãos amarradas para
não gesticularem, inclusive era aconselhado manter distância de outros surdos,
para evitar que esses viessem a utilizar a língua de sinais, entendendo que estes
deveriam socializar apenas com pessoas ouvintes.
118
TÓPICO 1 | APONTAMENTOS INICIAIS A RESPEITO DO CONTEXTO HISTÓRICO E DO PERCURSO
DA EDUCAÇÃO DA CRIANÇA SURDA
Ou seja, a educação dos surdos nobres por meio da pedagogia oralista era
tão importante que tinha até mesmo fiscalização governamental para acompanhar
a educação privada destinada a estes surdos.
119
TÓPICO 1 | APONTAMENTOS INICIAIS A RESPEITO DO CONTEXTO HISTÓRICO E DO PERCURSO
DA EDUCAÇÃO DA CRIANÇA SURDA
120
TÓPICO 1 | APONTAMENTOS INICIAIS A RESPEITO DO CONTEXTO HISTÓRICO E DO PERCURSO
DA EDUCAÇÃO DA CRIANÇA SURDA
121
TÓPICO 1 | APONTAMENTOS INICIAIS A RESPEITO DO CONTEXTO HISTÓRICO E DO PERCURSO
DA EDUCAÇÃO DA CRIANÇA SURDA
122
TÓPICO 1 | APONTAMENTOS INICIAIS A RESPEITO DO CONTEXTO HISTÓRICO E DO PERCURSO
DA EDUCAÇÃO DA CRIANÇA SURDA
Além disso, outros estudos indicavam que crianças surdas, filhos de pais
surdos, teriam um desempenho escolar superior aos das crianças surdas, filhas de
pais ouvintes, o que reforçava a premissa anterior de que para o desenvolvimento
cognitivo o que importa é a comunicação e não o estilo que se usa.
124
TÓPICO 1 | APONTAMENTOS INICIAIS A RESPEITO DO CONTEXTO HISTÓRICO E DO PERCURSO
DA EDUCAÇÃO DA CRIANÇA SURDA
Como podemos ver na figura anterior, por volta do ano de 530 d.C., os
monges beneditinos utilizavam uma forma de sinais para se comunicarem entre
eles para não quebrarem seus votos de silêncio. Podemos observar que cada etapa
da história está constituída de altos e baixos, mais lutas do que qualquer outra
coisa. Essas lutas constituíram e constituem o sujeito surdo.
125
TÓPICO 1 | APONTAMENTOS INICIAIS A RESPEITO DO CONTEXTO HISTÓRICO E DO PERCURSO
DA EDUCAÇÃO DA CRIANÇA SURDA
126
TÓPICO 1 | APONTAMENTOS INICIAIS A RESPEITO DO CONTEXTO HISTÓRICO E DO PERCURSO
DA EDUCAÇÃO DA CRIANÇA SURDA
Rudolfo Agricola faz uma distinção entre surdez e mutismo e Leon, segundo
Bonet, desenvolveu um alfabeto manual que ajudava os surdos a soletrar as palavras.
127
TÓPICO 1 | APONTAMENTOS INICIAIS A RESPEITO DO CONTEXTO HISTÓRICO E DO PERCURSO
DA EDUCAÇÃO DA CRIANÇA SURDA
L´Épée aprendeu os sinais com suas alunas surdas. Também observou que os
surdos das ruas de Paris desenvolviam uma comunicação gestual bastante satisfatória,
levou-os para residir no convento e, com este conjunto de sinais estabelecido, adaptou-
os e acrescentou outros, desenvolvendo um método para aproximar os sinais à língua
francesa, que ficaram conhecidos como sinais metódicos.
128
TÓPICO 1 | APONTAMENTOS INICIAIS A RESPEITO DO CONTEXTO HISTÓRICO E DO PERCURSO
DA EDUCAÇÃO DA CRIANÇA SURDA
129
TÓPICO 1 | APONTAMENTOS INICIAIS A RESPEITO DO CONTEXTO HISTÓRICO E DO PERCURSO
DA EDUCAÇÃO DA CRIANÇA SURDA
130
TÓPICO 1 | APONTAMENTOS INICIAIS A RESPEITO DO CONTEXTO HISTÓRICO E DO PERCURSO
DA EDUCAÇÃO DA CRIANÇA SURDA
131
TÓPICO 1 | APONTAMENTOS INICIAIS A RESPEITO DO CONTEXTO HISTÓRICO E DO PERCURSO
DA EDUCAÇÃO DA CRIANÇA SURDA
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TÓPICO 1 | APONTAMENTOS INICIAIS A RESPEITO DO CONTEXTO HISTÓRICO E DO PERCURSO
DA EDUCAÇÃO DA CRIANÇA SURDA
133
TÓPICO 1 | APONTAMENTOS INICIAIS A RESPEITO DO CONTEXTO HISTÓRICO E DO PERCURSO
DA EDUCAÇÃO DA CRIANÇA SURDA
134
RESUMO DO TÓPICO 1
• Tudo tem um começo, bem como uma história por detrás desse começo.
135
AUTOATIVIDADE
136
UNIDADE 3
TÓPICO 2
1 INTRODUÇÃO
Prezado acadêmico! Neste Tópico 2 nos ateremos ao processo do
desenvolvimento cognitivo do sujeito surdo, e para início de conversa, é importante
entender que a linguagem e a aquisição da língua de sinais estão intrinsecamente
relacionadas a esse desenvolvimento. Assim como temos feito no decorrer desta
unidade, temos percebido que o desenvolvimento do surdo está relacionado ao
percurso histórico do sujeito surdo. Diante disso, entendemos que a comunicação
com as mãos não teve início com os surdos e nem é exclusividade deles.
Lopes (2007) nos diz que é no ambiente escolar que os movimentos políticos
ganham força política, pelo fato de a escola articular as questões relacionadas ao
poder e ao saber. Ainda segundo Lopes (2007, p. 55)
Não podemos negar que no decorrer da história dos surdos muitas coisas
mudaram, e isso é natural e real diante das lutas. Lopes (2007, p. 56) nos diz que:
139
UNIDADE 3 | DESENVOLVIMENTO
140
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UNIDADE 3 | DESENVOLVIMENTO
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UNIDADE 3 | DESENVOLVIMENTO
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TÓPICO 2 | DESENVOLVIMENTO COGNITIVO DO SUJEITO SURDO NO PROCESSO DE AQUISIÇÃO DA LÍNGUA DE SINAIS – LIBRAS
Em suma, proponho olhar a surdez não pela falta, mas por aquilo
que ela marca como diferente. A surdez, antes de qualquer outra
diferenciação que possa ser estabelecida, chama a presença do som
para o contraponto. Não aproxima o som para que uma relação de
oposição se estabeleça, mas para que uma relação de diferenciação
tenha condições de se colocar. Quem tem surdez parte de uma condição
narrada como diferenciada em relação a quem tem audição. Muito
além de um corpo, aqui estão implicadas formas de se relacionar,
formas de se identificar com alguns e se distanciar de outros, formas de
se comunicar e de utilizar a visão como elo aproximador entre sujeitos
semelhantes. A surdez nessa narrativa é marcada pela presença de um
conjunto de elementos que inscrevem alguns sujeitos em um grupo,
enquanto que outros são deixados de fora desse grupo. Assim, as
formas de comunicação advindas da condição surdez são um dos
elos mais fortes da própria comunidade, uma vez que nosso modo
de ver, entender e nos comunicarmos entre pares se dá efetivamente
segundo processos comum, para os quais as marcas identitárias são
uma condição radicalmente necessária (LOPES, 2007, p. 23).
145
UNIDADE 3 | DESENVOLVIMENTO
LEITURA COMPLEMENTAR
146
TÓPICO 2 | DESENVOLVIMENTO COGNITIVO DO SUJEITO SURDO NO PROCESSO DE AQUISIÇÃO DA LÍNGUA DE SINAIS – LIBRAS
fim de saber se aquelas são línguas naturais ou adquiridas; de acordo com essa
afirmativa, Quadros e Finger (2007, p. 144) afirmam que,
A CRIANÇA CODA
CoDA é a sigla para “Children of Deaf Adults”, ou seja, criança ouvinte com
pais surdos (SOUSA, 2012; STREIECHEN; KRAUSE-LEMKE, 2013; MELO, 2015;
VARGAS et al., 2016). Essa situação é classificada por Cruz e Finger (2013) como
uma aquisição bilíngue bimodal, por ter a aquisição de uma língua não oral e
uma oral.
147
UNIDADE 3 | DESENVOLVIMENTO
De acordo com Lopes e Leite (2011), quando o surdo utiliza a sua própria
língua – Libras – promove o seu desenvolvimento, construindo a partir dela
sua própria subjetividade. Por esse aspecto, existe uma concepção de que, entre
os surdos, a comunicação ocorre com maior liberdade de expressão. Por isso, é
importante que a aquisição da linguagem do surdo aconteça o mais cedo possível,
para que se tenha maior desenvolvimento. Se o contato com a Libras for tardio,
o surdo levará mais tempo para ter fluência na Libras e, consequentemente, para
seu desenvolvimento linguístico. Também é de extrema necessidade que ocorram
as interações com outros surdos.
OS CAMINHOS METODOLÓGICOS
148
TÓPICO 2 | DESENVOLVIMENTO COGNITIVO DO SUJEITO SURDO NO PROCESSO DE AQUISIÇÃO DA LÍNGUA DE SINAIS – LIBRAS
O nome da criança (que é menor de idade) será omitido; aqui ela é citada
como Luz. Assim fica garantida sua não identificação e dos demais participantes,
conforme determina a ética para pesquisas com seres humanos, de acordo com a
Resolução nº 510/16 do Conselho Nacional de Saúde; todos os envolvidos direta
ou indiretamente concordaram em participar do presente estudo (BRASIL, 2016).
A história de vida aqui relatada tem como foco a criança (ouvinte), a mãe
(surda) e a avó materna (ouvinte). A mãe tinha 25 anos, é surda congênita; o pai,
com 26 anos, era surdo por ter contraído catapora nos primeiros anos de vida, não
lembrando especificamente em que idade. A doença causou-lhe a perda auditiva
completa. Atualmente, os pais de Luz estão separados. A avó não é fluente em
Libras, mas conhece o alfabeto e faz datilologia para se comunicar com a mãe de Luz.
A mãe de Luz tem a Libras como L1 (primeira língua) e o português como L2
(segunda língua), porém mais na parte da escrita, que utiliza para se comunicar
com os ouvintes que não dominam Libras.
149
UNIDADE 3 | DESENVOLVIMENTO
A mãe deu um sinal para representar o nome de sua filha. Esse sinal é
uma forma de substituir o nome a partir da característica da pessoa; o surdo dá
um sinal para identificar a pessoa, ao invés de repetir a datilologia do nome para
dirigir-se a ela (GOLDFELD, 1997).
Luz iniciou a formação da sua linguagem como toda criança ouvinte, por
imitação das palavras que os adultos repetiam na sua presença, como foi relatado por
sua mãe. Quem teve papel fundamental no estabelecimento do português foi a avó
materna. Após o primeiro ano de vida, alguns sinais foram sendo ensinados a Luz.
150
TÓPICO 2 | DESENVOLVIMENTO COGNITIVO DO SUJEITO SURDO NO PROCESSO DE AQUISIÇÃO DA LÍNGUA DE SINAIS – LIBRAS
Quando completou dois anos e seis meses, a mãe fez um vídeo em que
ela sinaliza em Libras e Luz fazia a tradução, sem demonstrar dificuldade para
entender os seguintes sinais: papai, mamãe, vovó, água, trabalhar, eu te amo
[na ASL – American Sign Language (QUADROS; 1997)], eu amo você [em LSB –
Língua de Sinais Brasileira – Libras (QUADROS, 1997)] e tia.
Nesse período, Luz passou a ensinar o que sabia em Libras para a avó
materna e uma tia que residia com elas: sinais para diversos tipos de frutas e objetos
do cotidiano. A mãe acredita que isso funcionou como reforço na memorização
de Luz, ajudando-a a não esquecer Libras.
Quando Luz completou quatro anos, a mãe lembra que fez outro vídeo
dela sinalizando as cores dos “lápis de cor” que tinha na residência, enquanto
dessa vez sua filha indicava os sinais para cada cor e oralizava para o significado
de cada sinal.
Pelo fato de eu e o pai sermos surdos e nossa família ser ouvinte, minha filha
sempre conviveu em ambientes que tinham pessoas surdas e ouvintes, tornando-a, assim,
uma pessoa bilíngue; desenvolveu como CoDA as duas línguas de forma simultânea,
iniciando o processo linguístico das duas línguas no mesmo período (Mãe de Luz).
DE 4 A 5 ANOS: INPUT EM LIBRAS
151
UNIDADE 3 | DESENVOLVIMENTO
Quadros (1997) afirma que o indivíduo, quando nasce, passa pelo seu
primeiro processo: a faculdade da linguagem. Ele nasce com um dispositivo inato que
é acionado a partir do input familiar, com o estímulo dos adultos pela formação da
gramática das crianças. Desse modo, com a exposição da língua à criança, passando
pelo processo de aquisição, o indivíduo seleciona quais regras utilizará, criando uma
série de sequências adaptativas, assimilativas e mnemônicas, até a internalização
de sua gramática e estabelecimento completo da linguagem. Com isso, são obtidas
competências linguísticas – o conhecimento que o falante tem da gramática da sua
língua; o desempenho linguístico é o uso desse conhecimento adquirido.
152
TÓPICO 2 | DESENVOLVIMENTO COGNITIVO DO SUJEITO SURDO NO PROCESSO DE AQUISIÇÃO DA LÍNGUA DE SINAIS – LIBRAS
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UNIDADE 3 | DESENVOLVIMENTO
154
TÓPICO 2 | DESENVOLVIMENTO COGNITIVO DO SUJEITO SURDO NO PROCESSO DE AQUISIÇÃO DA LÍNGUA DE SINAIS – LIBRAS
CONCLUSÕES
REFERÊNCIAS
155
UNIDADE 3 | DESENVOLVIMENTO
GIL, A. C. Métodos e técnicas de pesquisa social. 6. ed. São Paulo: Altas, 2008.
156
TÓPICO 2 | DESENVOLVIMENTO COGNITIVO DO SUJEITO SURDO NO PROCESSO DE AQUISIÇÃO DA LÍNGUA DE SINAIS – LIBRAS
VYGOTSKY, L. S. A formação social da mente. 6. ed. São Paulo: Martins Fontes,
2003.
FONTE: CORREIA. Jamile Keller de Souza; CÓRDULA. Eduardo Beltrão de Lucena. Desafios na
comunicação da criança ouvinte filha de pais surdos. Disponível em: <http://educacaopublica.
cederj.edu.br/revista/artigos/desafios-na-comunicacao-da-crianca-ouvinte-filha-de-pais-surdos>.
Acesso em: 2 set. 2018.
157
RESUMO DO TÓPICO 2
• A surdez não torna a criança um ser que tem possibilidades a menos, mas com
possibilidades diferentes, e não menores.
158
• Para Jean Piaget (1986), a linguagem constitui fator imprescindível para a
comunicação, considerando a linguagem como fonte do pensamento e afirma
que a criança se torna capaz de evocar situações passadas e recorrer aos
significados das palavras.
159
AUTOATIVIDADE
a) ( ) É ágrafa.
b) ( ) Sinaliza uma língua oral.
c) ( ) Expressa conceitos abstratos.
d) ( ) É universal.
e) ( ) É exclusivamente icônica.
160
UNIDADE 3 TÓPICO 3
AQUISIÇÃO DE L2
1 INTRODUÇÃO
Neste Tópico 3 iremos nos ater à questão da aquisição da L2 (Segunda
Língua) para o surdo brasileiro. A língua de sinais brasileira (LSB ou Libras),
sendo a L1 (Primeira Língua) dos surdos, interfere na aquisição do português
escrito, que é a L2 desses sujeitos e o desempenho na L2 pode ser influenciado
pela forma e pelo período de aquisição da L1.
NOTA
161
UNIDADE 3 | DESENVOLVIMENTO
1974 Sign Writing foi criada por Valerie Sutton. Ela criou um sistema para escrever
danças e despertou a curiosidade dos pesquisadores de língua de sinais. Foi na
Dinamarca que foi registrada a criação de um sistema de escrita de LS12.
1977 Houve o primeiro workshop sobre Sign Writing.
1978 Foram editadas as primeiras lições em vídeo.
1979 Valerie Sutton e a equipe do Instituto Técnico Nacional para Surdos de Rochester
– NY – fizeram alguns livretos, em que usaram ilustrações em Sign Writing.
1980 Valerie Sutton apresentou uma forma de se analisar a LS, sem passar pela
tradução da língua falada. A escrita de sinais começou a se desenvolver a partir
de um sistema escrito a mão livre e depois passou a ser escrito pelo computador.
1996 A PUC do RS, em Porto Alegre, formou um grupo de trabalho para pesquisas
de Sign Writing.
NOTA
162
TÓPICO 3 | AQUISIÇÃO DE L2
Entretanto, nota-se que, nos anos iniciais da escolarização, boa parte das
crianças, sejam elas surdas ou ouvintes, é exposta a atividades artificiais de escrita
em sala de aula e, no caso dos surdos, a situação é ainda mais complexa, como
informa Karnopp (2005, p. 2):
163
UNIDADE 3 | DESENVOLVIMENTO
ATENCAO
Segundo Quadros (1997), a criança que nasce surda e tem acesso desde
os seus primeiros meses de vida à Língua de Sinais proporcionada por seus
pais também surdos desenvolverá uma linguagem sem nenhuma deficiência e,
portanto, isso refletirá na língua escrita e na leitura.
Como temos dito, é a partir da relação com o meio que as crianças vão
adquirindo conhecimento sobre a construção do léxico, a gramática e o uso de sua
língua. Desde a primeira infância, a criança surda adquire e usa gestos icônicos e
indicativos a fim de fugir do isolamento social e comunicar-se com os ouvintes,
pois como ser social busca se sentir pertencente ao meio em que vive e isso tudo
irá refletir no processo de escrita da L2.
164
TÓPICO 3 | AQUISIÇÃO DE L2
165
UNIDADE 3 | DESENVOLVIMENTO
Assim, reafirmamos aquilo dito por Gesser (2009), que temos que ter mais
professores sabendo Libras e desta forma teremos mais alunos aprendendo a
L2, na modalidade escrita, bem como na leitura, pois precisamos refletir sobre a
forma de ensino e aprendizagem que esses alunos estão adquirindo e como estão
correspondendo a esses estímulos através da produção escrita. Ao final deste livro,
traremos algumas dicas e ideias para se trabalhar com o ensino da L2 para o surdo.
166
TÓPICO 3 | AQUISIÇÃO DE L2
Cabe destacar, então, que para que haja movimento é preciso haver espaço.
Portanto, o movimento é indissociável do espaço. As variações do movimento
servem para diferenciar itens lexicais, por exemplo, nome e verbo, para indicar
a direcionalidade do verbo, por exemplo, o verbo “olhar” (e olhar para) é para
indicar variação em relação ao tempo dos verbos, por exemplo, olhe para, olhe
fixo, observe, olhe por um longo tempo, olhe várias vezes. Os movimentos se
diferenciam pela direcionalidade, tipo, maneira (tensão e velocidade) e frequência
do sinal (movimentos simples ou repetidos).
Orientação das Mãos (OM): é a direção para a qual a palma da mão aponta
na produção do sinal. É possível identificar seis tipos de orientações da palma da
mão em Libras: para cima, para baixo, para o corpo, para frente, para a direita
167
UNIDADE 3 | DESENVOLVIMENTO
Orientação das mãos (O): é a direção para a qual a palma da mão aponta
na produção do sinal. É possível identificar seis tipos de orientações da palma da
mão em Libras: para cima, para baixo, para o corpo, para frente, para a direita
e para a esquerda. Também pode ocorrer a mudança de orientação durante a
execução de um sinal, por exemplo, no sinal para montanha.
168
TÓPICO 3 | AQUISIÇÃO DE L2
Da mesma forma que nas línguas orais, em que uma palavra é polissêmica,
isto é, admite diferentes significados. Existem sinais em Libras que também
admitem diferentes significados e é o contexto em que são usados que estabelece
as diferenças.
169
UNIDADE 3 | DESENVOLVIMENTO
170
TÓPICO 3 | AQUISIÇÃO DE L2
Exemplos:
FONTE: A autora
FONTE: A autora
Exemplos:
FONTE: A autora
FONTE: A autora
Exemplos:
172
TÓPICO 3 | AQUISIÇÃO DE L2
FONTE: A autora
Exemplos:
FONTE: A autora
Exemplos:
FONTE: A autora
173
UNIDADE 3 | DESENVOLVIMENTO
174
TÓPICO 3 | AQUISIÇÃO DE L2
O sujeito surdo por muito tempo foi inferiorizado pelo fato de não se
expressar como a comunidade ouvinte, porém atual e tardiamente vê sua Língua
ser reconhecida como meio legal e adquirido de comunicação podendo assegurar
de todos os seus direitos como um cidadão, e principalmente o direito de ter uma
educação bilíngue, em que se priorize sua Língua.
175
UNIDADE 3 | DESENVOLVIMENTO
Essa ação pode vir de você agora mesmo. Ser fluente em Libras é um
desafio real para quem não convive com a língua diariamente, mas compreender
alguns aspectos básicos já ajuda e muito.
Gesser (2009, p. 59) vai mais além, ao considerar que “[...] a relação do
indivíduo surdo profundo com a língua oral é de outra ordem (dado que não
ouvem!), a incorporação da língua de sinais é imprescindível para assegurar
condições mais propícias nas relações intra e interpessoais” e, ainda segundo a
autora, na mesma página, seriam essas relações intra e interpessoais que “[...]
constituem o funcionamento das esferas cognitivas, afetivas e sociais dos seres
humanos”.
176
TÓPICO 3 | AQUISIÇÃO DE L2
mas para a vida do surdo. Finalizamos destacando alguns aspectos das línguas
de sinais de maneira geral e da Libras em particular:
177
UNIDADE 3 | DESENVOLVIMENTO
178
TÓPICO 3 | AQUISIÇÃO DE L2
Consideramos que pode até haver uma parceria entre professores surdos
e ouvintes, por exemplo, os ouvintes podem trabalhar a parte teórica, sobre os
aspectos sintáticos e morfológicos da Libras, os professores ouvintes que devem
ministrar aulas sobre interpretação e mesmo tradução em Libras, mas a prática
desta língua pertence aos professores surdos.
179
RESUMO DO TÓPICO 3
• Aprender a L2 para o surdo é mais do que uma questão de aprender por si só,
diz respeito à inserção deste no mundo ouvinte.
180
AUTOATIVIDADE
BISOL, C. Tibi e Joca: uma história de dois mundos. Porto Alegre: Mercado
Aberto, 2001.
BRITO, Lucinda F. Integração social & educação de surdos. Rio de Janeiro: Babel, 1993.
183
CHOMSKY, N. Bare phrase structure. In: WEBELHUTH, G. Government and
binding and the minimalist program. Blackwell. Oxford & Cambridge USA.
19957. 383-440.
FARIA. Evangelina Maria Brito de; ASSIS, Maria Cristina de. (ORG.). Língua
portuguesa e LIBRAS: teorias e práticas 5. João Pessoa: Editora Universitária
da UFPB, 2011. Disponível em: <http://biblioteca.virtual.ufpb.br/files/langua_
portuguesa_e_libras__teorias_e_praticas_v_1354198884.pdf>. Acesso em: 29 jul. 2018.
184
GERALDI, J. W. Concepções de linguagem e ensino de português. Cascavel:
Assoeste, 1986.
HESSEL, C.; ROSA, F.; KARNOPP, L. B. Cinderela surda. Canoas: ULBRA, 2003.
185
LACERDA, Cristina. B.F. Um pouco da história das diferentes abordagens na
educação de surdos. Cadernos CEDES, vol. 19, n. 46, Campinas, setembro, 1998.
LOPES. Maura Corcini. Surdez & educação. Belo Horizonte/ MG: Autêntica, 2007.
MANTOAN, Maria Teresa Eglér. Inclusão escolar: o que é? Por quê? Como
fazer? São Paulo: Moderna, 2006.
MOURA, M.C. O surdo: caminhos para uma nova identidade. Rio de Janeiro:
Reiventer, 2000.
PENHA, Nilma Moreira da. Surdo professor: formação por meio da filosofia e
da constituição de um espaço pedagógico. Dissertação (mestrado em educação).
Universidade Federal do Espírito Santo (Vitória-ES), 2017.
186
PIAGET, J. A linguagem e o pensamento da criança. Trad. Manuel Campos.
São Paulo: Martins Fontes, 1986.
RINALDI, Giuseppe et al. (Org.). Deficiência auditiva. Brasília DF: SEESP, 1997.
(Série Atualidades Pedagógicas; n.4).
187
ROCHA, Solange Maria da. Antíteses, díades, dicotomias no jogo entre
memória e apagamento presentes nas narrativas da história da educação de
surdos: um olhar para o Instituto Nacional de Educação de Surdos (1856/1961).
Tese (Doutorado em Educação) – Pontifícia Universidade Católica do Rio de
Janeiro, Rio de Janeiro, 2009.
SILVEIRA, C. H., ROSA, F., KARNOPP, L. B. Rapunzel surda. Canoas: ULBRA, 2003.
188
SOUZA, Juliana Campos Sabino; SOUZA, Edvaldo Alves. A importância da
escola na formação do cidadão: algumas reflexões para o educador matemático.
Partes, São Paulo, ago. 2009. Disponível em: <http://www.partes.com.br/
educacao/educadormatematico.asp>. Acesso em: 31jul. 2018.
189
ANEXO 1
190
ATIVIDADE DE CIÊNCIAS
FONTE: <https://i.pinimg.com/originals/fa/b5/a2/fab5a2a371261155998933c3d527ed14.jpg>.
Acesso em: 5 set. 2018.
191
ATIVIDADE SOBRE COMPLETAR PALAVRAS:
Esses são apenas modelos de ideias que podem ser utilizadas para se
trabalhar na alfabetização e letramento, principalmente com crianças surdas,
não deixando de observar a importância de trabalhar com contextualização e
diversos gêneros textuais e o uso da imagem, jogos e brincadeiras, pois ajudam no
processo de ensino e aprendizagem, em especial do surdo, pois tudo que envolve
as questões visuais facilita o processo de ensino e aprendizagem.
192
ANEXO 2
VESTUÁRIOS/ ACESSÓRIOS
193
CASACO/JAQUETA CINTO ESMALTE
194
SANDÁLIA SUNGA SUTIÃ
OBJETOS DE CASA
COZINHA
GELADEIRA JARRA
196
FÓSFORO LIQUIDIFICADOR
SALEIRO MESA
PIA AÇUCAREIRO
PANELA PENEIRA
FONTE: A autora
197
SALA
SOFÁ PORTA
CORTINA CHAVE
FONTE: A autora
198
BANHEIRO
199
QUARTO
ABAJUR LENÇOL
TRAVESSEIRO GUARDA-ROUPA
GAVETA COLCHÃO
COBERTOR ARMÁRIO
200
CAMA CAMA BERÇO
FONTE: A autora
LOCAIS DE COMPRAS
201
CINEMA SUPERMERCADO CADEIA PARQUE DE DIVERSÃO
ESCOLA CASA
FONTE: A autora
202
• A Cidade das Tristezas – City of Sadness (Beiqing chengshi
– Taiwan/1989, sobre uma família e seu filho mais novo surdo é
preso durante o massacre de 1947.)
203
• Amour Secret (Stille Liebe – Suíça/2001, romance entre casal de
surdos.)
• Ana (Brasil/2004, curta-metragem. Ana é surda e mora isolada com seu irmão e
sua mãe. Um dia, se aventura fora do mundo familiar.)
204
• À Procura de Mr. Goodbar (Looking For Mr. Goodbar – EUA/1977
professora de crianças surdas, à noite procura o prazer nos braços
de homens desconhecidos.
205
• A Vida de Alexander Graham Bell (The Story of Alexander Graham
Bell – EUA/1939.
Alexander Graham Bell se apaixona por garota surda e tenta
inventar meios para telegrafar a voz humana. Inventa o telefone,
casa-se e torna-se rico e famoso.)
206
• Big Little Person (EUA/1919, Homem surdo que recupera a
audição.)
207
• Bonanza – Trovão Silencioso – Volume 3 – 3º Episódio (Bonanza
– Silent Thunder –
EUA/1959-1973, seriado de TV, Joe encontra uma garota surda e
decide ensiná-la a linguagem dos sinais.)
208
• Cenas de Praia ou Um Lugar à Beira-Mar ou O mar mais
silencioso daquele verão (Ano natsu, ichiban shizukana umi –
Japão/1991, filme poético, história de um menino surdo e uma
menina; ele quer ser surfista.) Três títulos em português.
209