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SÉRIE ENERGIA - GERAÇÃO, TRANSMISSÃO E DISTRIBUIÇÃO

PROJETOS
ELÉTRICOS
PREDIAIS
VOLUME 2
CONFEDERAÇÃO NACIONAL DA INDÚSTRIA – CNI
Robson Braga de Andrade
Presidente

DIRETORIA DE EDUCAÇÃO E TECNOLOGIA – DIRET

Rafael Esmeraldo Lucchesi Ramacciotti


Diretor de Educação e Tecnologia

SERVIÇO NACIONAL DE APRENDIZAGEM INDUSTRIAL – SENAI

Conselho Nacional

Robson Braga de Andrade


Presidente

SENAI – Departamento Nacional

Rafael Esmeraldo Lucchesi Ramacciotti


Diretor Geral

Gustavo Leal Sales Filho


Diretor de Operações
SÉRIE ENERGIA - GERAÇÃO, TRANSMISSÃO E DISTRIBUIÇÃO

PROJETOS
ELÉTRICOS
PREDIAIS
VOLUME 2
© 2018. SENAI – Departamento Nacional

© 2018. SENAI – Departamento Regional da Bahia

A reprodução total ou parcial desta publicação por quaisquer meios, seja eletrônico, mecâ-
nico, fotocópia, de gravação ou outros, somente será permitida com prévia autorização, por
escrito, do SENAI.

Esta publicação foi elaborada pela Equipe de Inovação e Tecnologias Educacionais do


SENAI da Bahia, com a coordenação do SENAI Departamento Nacional, para ser utilizada por
todos os Departamentos Regionais do SENAI nos cursos presenciais e a distância.

SENAI Departamento Nacional


Unidade de Educação Profissional e Tecnológica – UNIEP

SENAI Departamento Regional da Bahia


Inovação e Tecnologias Educacionais – ITED

FICHA CATALOGRÁFICA

S491p
Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial. Departamento Nacional.
Projetos elétricos prediais / Serviço Nacional de Aprendizagem
Industrial, Departamento Nacional, Departamento Regional da Bahia. -
Brasília: SENAI/DN, 2018.
152 p.: il. - (Série Energia – Geração, Transmissão e Distribuição, v. 2).

ISBN 978-855050299-1

1. Instalações elétricas. 2. Pesquisa e análise técnica. 3. Normas técnicas.


4. Projeto. I. Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial. II. Departamento
Nacional. III. Departamento Regional da Bahia. IV. Projetos elétricos prediais.
V. Série Energia – Geração, Transmissão e Distribuição.

CDU: 621.3

SENAI Sede
Serviço Nacional de Setor Bancário Norte • Quadra 1 • Bloco C • Edifício Roberto
Aprendizagem Industrial Simonsen • 70040-903 • Brasília – DF • Tel.: (0xx61) 3317-9001
Departamento Nacional Fax: (0xx61) 3317-9190 • http://www.senai.br
Lista de ilustrações
Figura 1 -  Organização das informações..................................................................................................................18
Figura 2 -  Modelo de formulário para solicitação de ligação de energia.....................................................20
Figura 3 -  Etapa de análise.............................................................................................................................................23
Figura 4 -  Pesquisa e análise de informações.........................................................................................................29
Figura 5 -  Exemplo de pesquisa documental.........................................................................................................30
Figura 6 -  Pesquisa bibliográfica..................................................................................................................................31
Figura 7 -  Exemplo de pesquisa de campo..............................................................................................................31
Figura 8 -  Exemplo de pesquisa de laboratório.....................................................................................................32
Figura 9 -  Exemplo de pesquisa empírica................................................................................................................32
Figura 10 -  Entrevista com o cliente...........................................................................................................................33
Figura 11 -  Fontes de consulta.....................................................................................................................................35
Figura 12 -  Selecionando as informações................................................................................................................37
Figura 13 -  Analisando as informações.....................................................................................................................38
Figura 14 -  Equipe de projeto.......................................................................................................................................41
Figura 15 -  Ciclo de vida de um projeto....................................................................................................................44
Figura 16 -  Etapas básicas do planejamento...........................................................................................................46
Figura 17 -  EAP para elaboração de um projeto de instalações elétricas.....................................................47
Figura 18 -  Checando as atividades............................................................................................................................52
Figura 19 -  Estudo de viabilidade................................................................................................................................53
Figura 20 -  Cronograma físico-financeiro.................................................................................................................55
Figura 21 -  Plantas e detalhamentos..........................................................................................................................56
Figura 22 -  Exemplo de memorial de cálculo.........................................................................................................57
Figura 23 -  Eficiência energética..................................................................................................................................61
Figura 24 -  Condições de atuação contra sobrecarga.........................................................................................81
Figura 25 -  Detalhe IDR de alta sensibilidade.........................................................................................................87
Figura 26 -  Taxa de ocupação do eletroduto...........................................................................................................89
Figura 27 -  Parâmetros luminotécnicos................................................................................................................. 103
Figura 28 -  Distribuição das luminárias.................................................................................................................. 111
Figura 29 -  Iluminação em um dado ponto na horizontal e na vertical, respectivamente................. 112
Figura 30 -  Planta com a representação dos condutores................................................................................ 115
Figura 31 -  Destaque da planta com a divisão da instalação em trechos.................................................. 117
Figura 32 -  Planta com a divisão da instalação em trecho.............................................................................. 124
Figura 33 -  Planta com identificação dos condutores e eletrodutos........................................................... 128
Figura 34 -  Memorial descritivo................................................................................................................................ 131
Figura 35 -  Exemplo de memorial descritivo....................................................................................................... 133
Figura 36 -  Diagrama elétrico do quadro de distribuição............................................................................... 136
Figura 37 -  Planta de instalações elétricas............................................................................................................ 137
Figura 38 -  Especificação técnica.............................................................................................................................. 138
Figura 39 -  Exemplo de lista de materiais.............................................................................................................. 139
Figura 40 - Exemplo de anexo.................................................................................................................................... 141
Quadro 1 - EAP analítica..................................................................................................................................................48
Quadro 2 - Categoria de recursos.................................................................................................................................49
Quadro 3 - Cronograma . ................................................................................................................................................51
Quadro 4 - Número de condutores carregados .....................................................................................................67
Quadro 5 - Seção mínima dos condutores ..............................................................................................................77
Quadro 6 - Curva de atuação de disjuntores termomagnéticos.......................................................................83
Quadro 7 - Tipos de fornecimento e limites de tensão...................................................................................... 100
Quadro 8 - Especificação luminária LAA02-E - lumicenter . ............................................................................ 106
Quadro 9 - Gráfico de fotometria da luminária HLF 100 - Philips.................................................................. 113

Tabela 1 - Temperaturas características dos condutores.....................................................................................63


Tabela 2 - Tipos de linhas elétricas...............................................................................................................................65
Tabela 3 - Fatores de correção para temperaturas ambientes diferentes de 30°C ....................................68
Tabela 4 - Alguns fatores de correção de agrupamento para condutores....................................................69
Tabela 5 - Fatores de correção de resistividade do solo.......................................................................................70
Tabela 6 - Capacidade de condução de corrente para métodos de referência A1, A2, B1, B2, C e D de
condutores de cobre....................................................................................................................................72
Tabela 7 - Queda de tensão em V/A.km para cabo Superastic, Suoerastic flex, fio Superastic e
Afumex 750 V..................................................................................................................................................75
Tabela 8 - Seção reduzida do condutor neutro.......................................................................................................78
Tabela 9 - Seção mínima do condutor de proteção...............................................................................................79
Tabela 10 - Ocupação máxima dos eletrodutos de PVC por condutores de mesma seção....................91
Tabela 11 - Seção dos condutores................................................................................................................................93
Tabela 12 - Dimensões eletroduto de PVC e área útil ..........................................................................................94
Tabela 13 - Fatores de demanda para cargas de iluminação e tomadas........................................................97
Tabela 14 - Fatores de demanda para eletrodomésticos em geral..................................................................98
Tabela 15 - Fatores de demanda para chuveiros, torneiras, fornos, fogões e fritadeiras elétricas . .....99
Tabela 16 - Cálculo da potência instalada.............................................................................................................. 101
Tabela 17 - Iluminância média em escritórios....................................................................................................... 105
Tabela 18 - Fator de utilização luminária LAA02-E- lumicenter . ................................................................... 108
Tabela 19 - Fatores de manutenção para iluminação com lâmpadas fluorescentes.............................. 109
Tabela 20 - Divisão dos circuitos e suas cargas..................................................................................................... 116
Tabela 21 - Dimensionamento dos condutores do circuito............................................................................. 119
Tabela 22 - Dimensionamento dos dispositivos de proteção dos circuitos............................................... 121
Tabela 23 - Seção dos condutores e corrente nominal dos dispositivos de proteção dos circuitos.123
Tabela 24 - Dimensionamento dos eletrodutos dos circuitos......................................................................... 125
Tabela 25 - Exemplo de memória de cálculo......................................................................................................... 135
Sumário
1 Introdução.........................................................................................................................................................................13

2 Organização das informações....................................................................................................................................17


2.1 Coleta................................................................................................................................................................18
2.2 Seleção.............................................................................................................................................................22
2.3 Organização...................................................................................................................................................22
2.4 Análise..............................................................................................................................................................23
2.5 Formatação dos dados e informações (norma da ABNT)..............................................................25

3 Pesquisa e análise de informações...........................................................................................................................29


3.1 Técnicas de pesquisa...................................................................................................................................30
3.2 Fontes de consulta.......................................................................................................................................34
3.3 Seleção de informações.............................................................................................................................37
3.4 Análise das informações e conclusões.................................................................................................38

4 Projeto, organização de trabalho - gestão da rotina, planejamento e controle......................................41


4.1 Definição.........................................................................................................................................................42
4.2 Planejamento.................................................................................................................................................45
4.2.1 Etapas de planejamento: análise de cenários, formulação dos objetivos,
formulação das estratégias, cronograma, execução e avaliação.............................45
4.2.2 Execução e avaliação................................................................................................................52
4.3 Viabilidade técnica e econômica............................................................................................................53
4.4 Confiabilidade ..............................................................................................................................................54
4.5 Cronograma: físico e financeiro..............................................................................................................54
4.6 Apresentação do projeto...........................................................................................................................56

5 Projeto de instalações elétricas prediais, seguindo padrão de eficiência energética............................61


5.1 Dimensionamento de condutores . ......................................................................................................62
5.1.1 Máxima capacidade de condução de corrente...............................................................63
5.1.2 Máxima queda de tensão........................................................................................................73
5.1.3 Mínima seção normalizada....................................................................................................77
5.2 Dimensionamento de dispositivos de proteção . ............................................................................80
5.2.1 Proteção contra sobrecorrente ............................................................................................80
5.2.2 Proteção contra choques elétricos......................................................................................86
5.3 Dimensionamento de eletroduto .........................................................................................................89
5.3.1 Dimensionamento do eletroduto por meio de tabelas técnicas..............................90
5.3.2 Dimensionamento do eletroduto com base na seção dos condutores.................92
5.4 Cálculo de demanda ..................................................................................................................................96
5.4.1 Aplicando o fator de demanda fd e dimensionando o ramal alimentador....... 101
5.5 Cálculo de fator de carga........................................................................................................................ 102
5.6 Cálculo de iluminação (lâmpadas, luminárias e sistemas de iluminação,
iluminação interna, iluminação externa) . ...................................................................................... 103
5.6.1 Dimensionamento de iluminação interna..................................................................... 104
5.6.2 Cálculo de iluminação de exteriores................................................................................ 111
5.7 Planta elétrica ............................................................................................................................................ 115

6 Memorial descritivo.................................................................................................................................................... 131


6.1 Objetivo........................................................................................................................................................ 132
6.2 Estrutura....................................................................................................................................................... 132
6.3 Levantamento de dados......................................................................................................................... 134
6.4 Partes componentes: memória de cálculo, diagramas elétricos, plantas,
leiautes, especificações, lista de materiais, anexos (manuais de equipamentos
e instrumentos)...................................................................................................................................... 134

Referências......................................................................................................................................................................... 145

Minicurrículo da autora................................................................................................................................................. 147

Índice................................................................................................................................................................................... 149
Introdução

Prezado aluno,
É com grande satisfação que o Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI) apre-
senta o livro didático de Projetos elétricos prediais - Volume 2.
Este livro possui dois volumes cuja finalidade é levar o aluno a desenvolver os fundamentos
técnicos e científicos necessários para a elaboração e dimensionamento de projetos de instala-
ções elétricas, assim como desenvolver capacidade sociais, organizativas e metodológicas, de
acordo com a atuação do técnico no mundo do trabalho.
No Volume 1, estudamos sobre os fundamentos do desenho técnico, as normas técnicas
e legislações relacionadas à elaboração e apresentação dos projetos elétricos e conhecemos
ainda os dispositivos e elementos pertencentes a uma instalação, bem como a forma de repre-
sentá-los.
Mas em sua formação técnica não basta apenas aprender a interpretar as informações e re-
presentações presentes em um projeto de instalações elétricas, é fundamental também saber
como elaborar e dimensionar cada elemento representado, de acordo com as exigências do
cliente, atendendo às legislações e normas técnicas referente às instalações elétricas, assim
como as regulamentações das concessionárias de energia elétrica.
Sabendo disso, este volume apresenta importantes considerações sobre o dimensiona-
mento das instalações elétricas, definindo o conceito de projeto, planejamento e controle.
Aprenderemos a elaborar um projeto de instalações elétricas segundo o padrão da eficiência
energética, tendo em vista a importância da redução do desperdício da energia elétrica.
Além das habilidades citadas anteriormente, esta unidade curricular lhe auxiliará no desen-
volvimento de suas capacidades sociais, organizativas, metodológicas e técnicas que, associa-
das aos conhecimentos técnicos desenvolvidos ao longo dessa unidade curricular, contribui-
rão para o seu crescimento e desenvolvimento profissional.
PROJETOS ELÉTRICOS PREDIAIS - VOLUME II
14

Os estudos desta unidade curricular permitirão que você desenvolva:

CAPACIDADES SOCIAIS, ORGANIZATIVAS E METODOLÓGICAS

a) Demonstrar atitudes éticas;


b) Ser proativo;
c) Ser responsável;
d) Trabalhar em equipe;
e) Aplicar os procedimentos técnicos;
f) Ser organizado;
g) Estabelecer prioridades;
h) Ter responsabilidade socioambiental;
i) Cumprir normas e procedimentos;
j) Identificar diferentes alternativas de solução nas situações propostas;
k) Manter-se atualizado tecnicamente;
l) Ter capacidade de análise;
m) Ter senso crítico;
n) Ter senso investigativo;
o) Ter visão sistêmica.

CAPACIDADES TÉCNICAS

a) Identificar as necessidades do cliente;


b) Adequar os projetos de acordo com os recursos do cliente, respeitando as normas técnicas, de
saúde e segurança no trabalho e de preservação ambiental;
c) Analisar a pertinência e a adequação dos dados coletados no levantamento de campo;
d) Aplicar as regulamentações da concessionária local;
e) Aplicar legislações, normas técnicas, de qualidade, de saúde e segurança no trabalho e ambien-
tais;
f) Comparar o projeto com as exigências do cliente;
g) Compatibilizar o projeto com as exigências do órgão competente;
h) Consultar catálogos e manuais de fabricantes;
1 INTRODUÇÃO
15

i) Efetuar cálculos fundamentais e complexos de matemática;


j) Elaborar memorial descritivo do projeto de sistemas elétricos prediais (dimensionamento, especi-
ficação, quantificação, diagramas elétricos e quadro de cargas);
k) Identificar a documentação necessária à legalização do projeto de acordo com o órgão compe-
tente;
l) Identificar ponto de entrega de energia elétrica;
m) Levantar dados técnicos segundo padrões estabelecidos;
n) Localizar a posição das cargas;
o) Propor soluções de eficiência energética;
p) Realizar estudos de viabilidade técnica e econômica;
q) Realizar medições dimensionais e elétricas dos ambientes, locais, equipamentos e máquinas elé-
tricas, utilizando instrumentos de medidas;
r) Registrar os projetos nos órgãos competentes;
s) Seguir as regulamentações da concessionária local;
t) Selecionar as normas e regulamentações aplicáveis ao projeto;
u) Selecionar as normas e as regulamentações aplicáveis ao projeto.

Lembre-se de que você é o protagonista de sua formação profissional e isso inclui a realização de ações
indispensáveis, como:
a) Estudar e conhecer as normas técnicas vigentes;
b) Saber ler e representar as instalações elétricas.
A sua aprendizagem depende de sua dedicação, sendo assim, elabore um cronograma de estudo, re-
serve um tempo para estudar e revisar os conteúdos estudados, coloque em prática o que aprendeu e, em
caso de dúvidas, consulte o seu professor-tutor.

Bons estudos!
Organização das informações

Quando falamos em projetos, geralmente o associamos ao mundo da construção e logo


vem à memória um conjunto de plantas, cortes, cotas, que são os elementos necessários à
construção de um dado elemento e que estão presentes nos desenhos arquitetônicos, de ins-
talações elétricas, de instalações hidrossanitárias, entre outros. O que convencionalmente co-
nhecemos como projeto (conjunto de desenhos ou plantas) pode ser entendido como design,
termo em inglês cujo significado está associado ao desenvolvimento de desenhos, elementos
gráficos ou de comunicação.
O termo que melhor descreve a real ideia de projeto é project e pode ser entendido como
o esforço desprendido para criar um produto ou serviço diferenciado, sendo esse esforço tem-
porário, pois possui início e fim definidos. Ou seja, quando falamos em projeto, estamos falan-
do de um processo organizado e previamente definido que tem como objetivo chegar a um
resultado, seja ele a criação de um produto ou serviço, por exemplo, diferente do que conven-
cionamos chamar de projeto (o desenho das plantas baixas, cortes e detalhamentos), que nada
mais é do que elementos gráficos utilizados para representar partes de um projeto.
Sendo assim, para que um projeto seja elaborado e esteja pronto para ser materializado ou
executado, é necessário que sejam cumpridas determinadas etapas de um processo que é bem
definido, pois possui início e fim bem estabelecidos, objetivando ao final entregar a materiali-
zação do projeto.
Nesse capítulo, aprenderemos como as informações são organizadas a fim de que seja de-
senvolvido um dado projeto. Para isso, vamos dividi-las em etapas. São elas:
a) Coleta;
b) Seleção;
c) Organização;
d) Análise e formatação dos dados;
e) Informações coletadas.
PROJETOS ELÉTRICOS PREDIAIS - VOLUME II
18

Na sequência, veremos os elementos que compõem cada etapa aplicada ao desenvolvido de um pro-
jeto de instalações elétricas.

Coleta Seleção Organização Análise

Figura 1 -  Organização das informações


Fonte: SENAI DR BA, 2017.

2.1 COLETA

Podemos definir a etapa de coleta como a primeira etapa para a elaboração de um projeto. Essa etapa
consiste na coleta ou reunião de todas as informações e conhecimentos que serão fundamentais ao desen-
volvimento do projeto, cabendo ao projetista definir as informações necessárias para o desenvolvimento
do mesmo.
Podemos utilizar como meios de coleta de informações o estudo com o cliente, a visita ao local, con-
sulta aos projetos e a consulta às normas e legislações vigentes. Vale lembrar que podem ser utilizados
outros meios de coletas de informações, ficando a cargo do projetista avaliar as informações necessárias e
os meios em que se pode coletá-las para cada caso específico.

PROGRAMA DE NECESSIDADES OU QUESTIONÁRIO

Antes de sair projetando as instalações elétricas, é importante saber o que será projetado, e isso pode
ser feito mediante uma conversa ou entrevista com o cliente. Nessa entrevista, busca-se conhecer o cliente,
seus objetivos, expectativas e ideias referentes ao que será projetado. É comum os projetistas utilizarem a
técnica do brainstorming1 ou “tempestade de ideias” para estimular o surgimento de ideias criativas. Nesse
caso, consideram-se todas as ideias sem que haja pré-julgamentos ou críticas. Posteriormente, as ideias
levantadas serão avaliadas, refinadas e utilizadas no projeto.
Pode ser elaborado também um programa de necessidade ou um questionário simples para direcionar
a conversa com o cliente. Em ambos os casos, a ideia é de elaborar uma lista ou questionário com vários
pontos ou questões que serão verificados diretamente com o cliente, objetivando conhecê-lo, assim como
as suas necessidades e expectativas com relação ao serviço que será realizado.
Nesse estudo, é importante verificar as informações acerca da edificação e/ou instalações; qual será a
sua utilização; se será uma construção, reforma ou ampliação. No caso de um projeto elétrico, devem ser
listadas as máquinas e equipamentos que serão instalados e/ou utilizados, entre outros elementos que
serão importantes para o desenvolvimento do projeto.
1 Brainstorming: termo do inglês que significa chuva de ideias.
2 ORGANIZAÇÃO DAS INFORMAÇÕES
19

FIQUE Ao elaborar o seu questionário, lembre-se de colocar nele todas as questões que se-
rão fundamentais para o desenvolvimento do seu projeto, de forma que ele atenda
ALERTA às necessidades e expectativas do seu cliente.

Um exemplo clássico de questionário é o formulário utilizado para solicitar a ligação de energia elétrica
junto à concessionária de energia elétrica. Nele são preenchidos todos e dados e informações relevantes
ao cadastro do cliente e à prestação do serviço solicitado. Na figura a seguir, veremos um recorte de um
modelo de formulário.
PROJETOS ELÉTRICOS PREDIAIS - VOLUME II
20

Formulário para solicitação de ligação de energia elétrica


1. Dados do cliente
Nome completo:
CFP/ CNPJ: Data de nascimento: / / Nacionalidade:
Tipo de pessoa: Física Jurídica
RG: Órgão emissor: Data de emissão: / /
Telefones: Fixo: ( ) Celular: ( )
E-mail:

2. Dados da Unidade consumidora


Endereço Número:
Complemento: Bairro: CEP:
Cidade: Estado:
Localização: Rural Urbana
Já existe ligação no local ou já existiu anteriormente ligação para este imóvel: Sim Não
Atividade principal: Residencial Rural Comercial Industrial Outros: ______________
Ramo de atividade (obrigatória se não for residencial):

3. Caracterização ambiental
A unidade consumidora está localizada em:
Área Urbana;
Áreas protegidas pela legislação, tais como unidades de conservação, reservas legais, áreas de
preservação permanente, territórios indígenas e quilombolas, entre outros;
Áreas rural de baixo impacto ambiental.

4. Relação de cargas
Potência Potência Potência Potênci
Outros
Equipamento individual Quant total individua Quant a total
equipamentos
(kW) (kW) l (kW) (kW)
Lâmpada
Chuveiro
Geladeira
Televisão
Freezer
Micro-ondas
Ferro passar roupa
Microcomputador
Máquina de lavar
Potência total em kW Potência total em kW

5. Roteiro de verificação de padrão de entrada


Padrão de entrada
Já existe padrão de entrada? Sim Não
Está situado a menos de 40 m de um poste da concessionária? Sim Não
Tem poste pontalete bem engastado e na dimensão adequada? Sim Não
Padrão de entrada está pronto? Sim Não
Disjuntor solicitado ______A Monopolar Bipolar Tripolar

6. Observações

Figura 2 -  Modelo de formulário para solicitação de ligação de energia


Fonte: SENAI DR BA, 2017.
2 ORGANIZAÇÃO DAS INFORMAÇÕES
21

Observe que no modelo de formulário visto anteriormente, além dos dados do cliente e das informa-
ções referentes à localização e ao tipo de edificação, constam também informações referentes à finalidade
da edificação como, por exemplo, as cargas que se pretende instalar, entre outras.

COLETA DE DADOS EM CAMPO

Além do estudo com o cliente, é importante visitar o local a fim de conhecer a edificação ou futura edi-
ficação e verificar as condições existentes no local. No caso de um projeto elétrico, verificar a existência de
redes de energia elétrica, avaliar o posicionamento de uma máquina ou equipamento, verificar as caracte-
rísticas físicas da região, entre outros elementos.
Às vezes é necessário efetuar e/ou conferir as medidas. No caso de reformas e ampliações, deve-se ava-
liar as condições da edificação existente, assim como das instalações e padrões existentes. Nesses casos, é
importante registrar as informações por meio de fotografias, que podem ser utilizados na elaboração de
relatório técnico, por exemplo.

CONSULTAR OS PROJETOS ARQUITETÔNICOS E COMPLEMENTARES

Outra fonte importante para a coleta de dados são os projetos existentes. Nesse caso, devem ser con-
sultados os projetos arquitetônicos, estruturais, os de instalações hidrossanitárias, de gás, incêndio, entre
outros.
Os projetos serão utilizados como base para o dimensionemos das instalações elétricas, pois neles
constam informações sobre os ambientes, as máquinas e equipamentos que serão instalados. Eles de-
verão ser analisados a fim de não haver incompatibilidade entre as diversas instalações, evitando assim
interferências entre elas.

CONSULTAR LEGISLAÇÕES E NORMAS TÉCNICAS

Outra fonte utilizada na coleta de dados são as legislações e normas técnicas. São elas que orientam e
estabelecem os critérios a serem seguidos no desenvolvimento e/ou execução dos projetos.
Nesse caso, cabe ao projetista conhecer as legislações e normas técnicas necessárias para o desenvolvi-
mento dos projetos e, no caso dos projetos de instalações elétricas, é fundamental seguir as orientações da
concessionária local de energia elétrica, assim como o código de obras da região, pois em ambos os casos
as exigências podem ser diferentes a depender da região onde esteja sendo desenvolvido ou executado
um dado projeto.
PROJETOS ELÉTRICOS PREDIAIS - VOLUME II
22

2.2 SELEÇÃO

Após a coleta das informações, o próximo passo é a seleção. Nesse caso, será feita uma filtragem das
informações que foram coletadas, de forma que sejam selecionadas as que serão utilizadas para o desen-
volvimento do projeto.
Uma dica é separar as informações que serão importantes durante as etapas do dimensionamento e/
ou elaboração do projeto. Na sequência, veremos alguns exemplos de informações que devem ser sele-
cionadas:
-- Tipo de edificação (residencial, industrial, comercial, etc.);
-- Utilização da edificação (moradia, oficina mecânica, supermercado, etc.);
-- Relação das dimensões dos ambientes;
-- Relação das máquinas e/ou equipamentos que serão utilizados nos ambientes (máquina de lavar,
compressor, câmaras frias).
Após serem selecionadas as informações, elas devem ser organizadas em função das etapas que serão
utilizadas, conforme veremos no item a seguir.

2.3 ORGANIZAÇÃO

Na etapa de organização, as informações anteriormente selecionadas serão ordenadas seguindo a ló-


gica de utilização de cada uma. Essa ordenação não é padronizada, pelo contrário, depende da forma de
trabalhar de cada projetista. Na sequência, veremos um exemplo de organização das informações com
base em uma sequência de serviços que pode ser utilizada durante o dimensionamento das instalações:
a) Quantificar os pontos de iluminação e tomada de uso geral:
-- Tipo de edificação;
-- Utilização das edificações;
-- Área dos ambientes;
-- Perímetro dos ambientes.
b) Quantificar os pontos de tomadas de uso específicos:
-- Projeto arquitetônico;
-- Relação de máquinas e equipamentos que serão instalados e/ ou utilizados;
-- Projetos complementares (instalações hidráulicas, incêndio, ar-condicionados);
c) Dimensionar os condutores, condutos e dispositivos de proteção:
-- Normas técnicas e legislações existentes.
d) Dimensionar e especificar o padrão de entrada:
-- Normas técnicas e legislações existentes;
2 ORGANIZAÇÃO DAS INFORMAÇÕES
23

-- Orientações da concessionária de energia local.

Na etapa de organização, é importante atentar-se para a ordem lógica das atividades que serão desen-
volvidas. No exemplo listado anteriormente, a sequência apresentada foi a quantificação dos pontos, di-
mensionamento dos condutos, condutores e dispositivos e, por fim, a especificação do padrão de entrada.
As etapas de serviços não se limitam apenas às descritas anteriormente.
As informações bem organizadas facilitarão a etapa de análise das informações, conforme veremos na
sequência.

2.4 ANÁLISE

Na etapa de análise, todas as informações que foram coletadas, selecionadas e organizadas, de forma
que possibilitaram o desenvolvimento do projeto, serão examinadas e confrontadas com o que foi pro-
jetado, ou seja, essa etapa objetiva avaliar se o que foi projetado está dentro dos critérios definidos pelo
cliente, assim como pelas legislações e normas técnicas, avaliando se o que foi executado está em confor-
midade com o que foi solicitado.
Nessa etapa, deve ser verificada também a compatibilização2 entre o projeto criado e os demais ele-
mentos, avaliando se haverá interferências entre ele e as fundações, estruturas ou instalações, por exem-
plo. Negligenciar essa análise durante a etapa de desenvolvimento do projeto poderá gerar problemas
durante a fase da execução, que seriam mais facilmente resolvidos na fase de elaboração dos projetos.

Figura 3 -  Etapa de análise


Fonte: FREEPIK, 2016.

2 Compatibilização: consiste na sobreposição dos vários desenhos de modo a verificar incompatibilidades ou interferências entre
eles.
PROJETOS ELÉTRICOS PREDIAIS - VOLUME II
24

Você sabia que existem softwares que permitem verificar a compatibi-


lidade entre os projetos? Eles utilizam a tecnologia BIM3 e possibilitam
CURIOSIDADES uma fácil detecção de interferências entre projetos criados utilizando
essa tecnologia.

BIM3

Uma análise feita de forma criteriosa evita problemas decorrentes da falta de compatibilização dos
projetos que, se não avaliada e corrigida de forma antecipada, poderá ocasionar contratempos e atrasos
durante a execução dos mesmos, podendo encarecer o custo da obra e comprometer a qualidade e o cro-
nograma final da mesma.

CASOS E RELATOS

Falta de compatibilização dos projetos


Maria Luiza, técnica em eletrotécnica, trabalha na Project Engenharia, empresa que atua no ramo da
construção civil e fornece serviços desde a elaboração de projetos até a execução de obras.
A Project Engenharia foi contratada para elaborar os projetos para a construção de um shopping
popular, que atenderia aos comerciantes locais da região, buscando valorizar a cultura regional.
Estava envolvido na etapa de elaboração dos projetos um número muito grande de profissionais,
pois a empresa estava responsável tanto pelos projetos arquitetônicos como pelos projetos com-
plementares.
Durante a realização dos projetos elétricos, Maria Luiza observou que em um dos pavimentos os ele-
trodutos iriam cruzar com uma das tubulações da instalação de incêndio, porém, como não queria
atrasar o seu serviço, ela anotou essa informação para passar depois para o projetista responsável
pelo projeto de incêndio, mas acabou se esquecendo.
Após serem entregues os projetos e durante a execução da obra, a Project foi chamada para solucio-
nar vários problemas, um deles foi exatamente os cruzamentos de eletrodutos com tubulações de
incêndio, situação que havia sido observada anteriormente por Maria Luiza.
A Project precisou avaliar junto aos projetistas as soluções para resolver os problemas ocasionados
pela falta de compatibilidade dos projetos. Tal situação serviu de alerta a todos os profissionais en-
volvidos que passaram a adotar a compatibilização como etapa fundamental no processo de elabo-
ração dos projetos.

3 BIM: Building Information Modeling ou modelagem da informação da construção.


2 ORGANIZAÇÃO DAS INFORMAÇÕES
25

Na sequência, aprenderemos como devem ser formatados os dados e informações utilizadas.

2.5 FORMATAÇÃO DOS DADOS E INFORMAÇÕES (NORMA DA ABNT)

Todo o processo de coleta, seleção, organização e análise das informações, em nosso estudo, objetiva a
realização de um projeto, que como vimos logo no início do capítulo, consiste em um conjunto de elemen-
tos e processos que objetivam a materialização de algo, nesse caso, as instalações elétricas, e não apenas
no simples desenho delas.
Para formatar os dados e informações coletadas, faz-se necessário seguir as orientações e recomen-
dações técnicas referentes à organização dos dados e informações. No caso da organização do desenho,
estudamos no volume 01 desse livro, no capítulo Fundamentos de desenho técnico, as orientações norma-
tivas sobre a organização das informações dos desenhos em planta.
A norma da ABNT NBR 6023 busca orientar sobre a forma de referenciar os materiais utilizados como
fonte de pesquisa na produção de documentos técnicos ou acadêmicos. Essa norma apresenta as orien-
tações técnicas a serem seguidas no que se refere à disposição das referências utilizadas na elaboração de
relatórios, especificações, memoriais, entre outros, que devem conter a relação das referências utilizadas
para a sua elaboração.

SAIBA Para saber mais sobre como referenciar as fontes utilizadas na elaboração de relatórios,
MAIS especificações técnicas e memoriais, consulte a norma ABNT NBR 6023:2002.

Estudamos ao longo desse capítulo sobre a importância de se coletar, selecionar, organizar e analisar as
informações de forma correta, tendo em vista que essas são etapas importantes para se elaborar um proje-
to de forma eficiente. Em cada uma dessas etapas, o projetista deve estar atento às informações que serão
necessárias para o desenvolvimento do projeto, sendo importante, ao final de sua elaboração, efetuar a
sua análise, averiguando dessa forma a sua compatibilidade com os demais projetos elaborados.
PROJETOS ELÉTRICOS PREDIAIS - VOLUME II
26

RECAPITULANDO

Neste capítulo, estudamos sobre a organização das informações aplicadas às etapas de elaboração
de um projeto de instalações elétricas, que foram as de coleta, seleção, organização e análise.
Aprendemos que a coleta de informações pode ser feita consultando o cliente. Para isso, pode ser
utilizado o programa de necessidades ou um questionário, neles são coletadas as informações e
as necessidades do cliente referentes ao projeto. Podem ser coletadas também na visita ao local,
consultando os projetos da edificação e também consultando as legislações e normas técnicas per-
tinentes.
A etapa de seleção destina-se a filtrar as informações coletadas para que seja posteriormente orga-
nizada de forma que facilite a elaboração e/ou dimensionamento dos projetos. A última etapa do
processo é a análise. Essa etapa objetiva verificar se o projeto elaborado atende às necessidades do
cliente, assim como avaliar sua compatibilidade com os demais projetos.
2 ORGANIZAÇÃO DAS INFORMAÇÕES
27
Pesquisa e análise de informações

Atualmente, vivemos na era da informação, e informação é o que não falta em um mundo


tão ligado e antenado nas tecnologias. Dessa forma, as informações são facilmente divulgadas
e acessadas independente da hora e lugar. Apesar dessa facilidade de acesso ser benéfica,
torna-se preocupante, pois fica cada vez mais difícil avaliar a confiabilidade e veracidade das
informações.
Dada a variedade e a facilidade de acesso às informações, é importante saber pesquisar e
analisar. Ao longo desse capítulo, conheceremos algumas técnicas utilizadas para pesquisa,
cuja escolha é feita em função da informação a ser pesquisada. Conheceremos ainda os meios
existentes para pesquisar uma informação, meios estes que podem ser tanto impressos como
digitais.
Veremos ainda a importância de analisar as informações antes de utilizá-las, a fim de evitar
a utilização de informações incorretas, desatualizadas ou de fontes não confiáveis. Os conhe-
cimentos adquiridos ao longo desse capítulo serão fundamentais para a sua formação técnica,
tendo em vista que constantemente você estará pesquisando, selecionando ou analisando in-
formações.

Figura 4 -  Pesquisa e análise de informações


Fonte: SENAI DR BA, 2017.
PROJETOS ELÉTRICOS PREDIAIS - VOLUME II
30

3.1 TÉCNICAS DE PESQUISA

Quando falamos em pesquisa, logo nos lembramos das pesquisas feitas para a escola, ou pesquisa para
fazer compras no mercado, ou ainda nos lembramos dos recenseadores4 do IBGE5, entre outras situações.
A pesquisa geralmente objetiva reunir informações que levem a uma resposta, um resultado, a uma
melhor escolha ou decisão por exemplo.
No meio acadêmico, existem várias técnicas de pesquisas, conforme veremos na sequência:
a) Pesquisa documental: pesquisa cuja fonte de coleta de dados são os documentos, que podem
ser arquivos públicos (documentos oficiais, publicações parlamentares ou documentos jurídicos),
fontes estatísticas (dados do IBGE, IBOPE6), entre outros. Nesse tipo de pesquisa, o pesquisador
fica em contato com conteúdo “original”, ou seja, a fonte original de um dado assunto podemos
citar como exemplo a consulta a normas técnicas;

Figura 5 -  Exemplo de pesquisa documental


ABNT NBR 5410, 2008.

4 Recenseadores: quem executa o censo ou pesquisas.


5 IBGE: Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística.
6 IBOPE: Instituto Brasileiro de Opinião Pública e Estatística.
3 PESQUISA E ANÁLISE DE INFORMAÇÕES
31

b) Pesquisa bibliográfica: pesquisa cuja fonte de coleta dos dados abrange a bibliografia que já se
tornou pública com relação ao tema. São exemplos, os livros, revistas, jornais, monografias, teses,
meios de comunicação oral (rádios, gravações), meios de comunicação audiovisuais (filmes e te-
levisão). Nesse tipo de pesquisa, o pesquisador fica em contato com tudo o que foi escrito, falado
ou filmado sobre um dado assunto;

Figura 6 -  Pesquisa bibliográfica


Fonte: SENAI DR BA, 2018.

c) Pesquisa de campo: pesquisa que objetiva adquirir informações com relação a um problema
no qual se busca uma resposta ou hipóteses que se queira comprovar. Nesse tipo de pesquisa,
é feita a observação direta e registros relacionados ao fato observado que posteriormente serão
analisados;

Figura 7 -  Exemplo de pesquisa de campo


Fonte: FREEPIK, 2017.
PROJETOS ELÉTRICOS PREDIAIS - VOLUME II
32

d) Pesquisa de laboratório: é um procedimento de pesquisa mais exato e que exige o uso de


equipamentos, instrumentos específicos e precisos, assim como um ambiente adequado para tal;

Figura 8 -  Exemplo de pesquisa de laboratório


Fonte: PEXELS, 2016.

e) Pesquisa convencional empirista7: se baseia na coleta de informações relativas a um fato usan-


do para isso os sentidos (visão, audição, tato, olfato, paladar) e, com base nas informações coleta-
das e nas experiências vividas, chega-se a uma conclusão com relação ao fato analisado. A análise
das características do solo é um tipo de pesquisa empírica;

Figura 9 -  Exemplo de pesquisa empírica


Fonte: FREEPIK, 2014.

7 Empirismo: conhecimento que se baseia apenas em experiências vividas, fatos observados sem que haja um embasamento
científico.
3 PESQUISA E ANÁLISE DE INFORMAÇÕES
33

f) Entrevista: pesquisa realizada mediante o encontro entre duas pessoas, onde as informações
obtidas sobre um determinado assunto são feitas a partir de uma conversação de cunho profis-
sional. Essa é a técnica de pesquisa comumente utilizada na etapa que precede a elaboração de
um projeto. Nesse caso, consiste em uma entrevista junto ao cliente onde são feitas perguntas
relacionadas a um projeto ou obra, por exemplo. Essas perguntas são guiadas por um questio-
nário ou programa de necessidades que é composto por perguntas referentes ao que o cliente
pretende construir ou elaborar.

Figura 10 -  Entrevista com o cliente


Fonte: SENAI DR BA, 2018.

SAIBA Para saber mais sobre Técnicas de pesquisa, consulte: LAKATOS, Eva Maria; MARCONI,
Marina de Andrade. Fundamentos de metodologia científica. 5. ed. São Paulo: Atlas,
MAIS 2003.

As técnicas de pesquisa não se resumem apenas às descritas anteriormente, mas existem outras e den-
tre as citadas existem tipos diferentes, sendo responsabilidade do pesquisador analisar a técnica que me-
lhor se adeque à sua pesquisa específica. No próximo item, estudaremos sobre as fontes de consulta.
PROJETOS ELÉTRICOS PREDIAIS - VOLUME II
34

3.2 FONTES DE CONSULTA

As fontes de consulta são os meios destinados à coleta de informação. A escolha entre uma ou outra
fonte de consulta é feita em função do conteúdo ou da informação que se deseja obter.
Pacheco e Valentin (2010) afirmam que as fontes de pesquisa podem ser divididas em três tipos, são
elas: fontes primárias, secundárias e terciárias, conforme veremos em detalhes na sequência:
a) Fontes primárias: são as fontes de consulta que possuem informações de caráter original, ou
seja, aborda algo que é de cunho autoral. São exemplos dessa fonte de pesquisa:
-- Normas técnicas;
-- Legislações;
-- Periódicos;
-- Teses e dissertações;
-- Relatórios técnicos, entre outros.
Para a elaboração de um projeto elétrico, as fontes primárias comumente consultadas são as normas
técnicas. Temos como exemplo a NBR 54108, a NBR 86629, NR 1010, legislação ambiental de interesse do
setor elétrico federal, entre outras;
b) Fontes secundárias: diferentemente das fontes primárias, as fontes secundárias de consulta não
possuem o caráter original, pois são elaboradas buscando facilitar o acesso ao conhecimento des-
crito pelas fontes primárias. São exemplos dessa fonte:
-- Livros;
-- Manuais;
-- Dicionários e enciclopédias;
-- Biografia;
-- Fontes históricas, entre outros.
Para a elaboração de um projeto elétrico, as fontes secundárias comumente consultadas são os livros
técnicos (esse livro que você tem em mãos é um exemplo), os manuais para a instalação de equipamentos
elétricos, manuais de máquinas elétricas, entre outros.
c) Fontes terciárias: são fontes que buscam guiar ou apoiar o uso das informações presentes nas
fontes primárias e secundárias. São exemplos dessa fonte de pesquisa:
-- Revisões de literatura;
-- Guias bibliográficos, entre outros.
Essas fontes de consulta podem ser acessadas em bibliotecas, centros de informação ou ainda na
internet. A consulta a essas fontes pode ser feita nos locais ou através de uma busca em sites específicos.

8 NBR 5410: instalações elétricas em baixa tensão.


9 NBR 8662: identificação por cores de condutores elétricos nus e isolados.
10 NR 10: segurança em instalações e serviços em eletricidade.
3 PESQUISA E ANÁLISE DE INFORMAÇÕES
35

Figura 11 -  Fontes de consulta


Fonte: FREEPIK, 2017.

Além dessas fontes de pesquisa, não podemos deixar de destacar a internet como uma fonte de con-
sulta. Nela, é possível o acesso aos mais variados tipos de informação, devendo-se nesse caso ser avaliada
a confiabilidade e consistência das mesmas, pois assim como é fácil acessar as informações por esse meio,
também é fácil o acesso a informações incorretas e não confiáveis.

CASOS E RELATOS

A fonte adequada para consulta de informações


Após realizar uma visita técnica em um canteiro de obras, o professor de Antônio, da disciplina de
segurança em instalações elétricas, solicitou que a turma elaborasse uma pesquisa a fim de levantar
os índices de acidentes na construção civil envolvendo as instalações elétricas.
O estudante Antônio, empolgado com o trabalho, ao chegar em casa, ligou o computador e iniciou
a sua pesquisa. Logo que começou a pesquisar, se deparou com uma vasta quantidade de informa-
ções. Sem saber ao certo o que era ou não confiável, ele consultou seu professor a fim de verificar
como poderia selecionar as fontes confiáveis.
Em sala de aula, o professou instruiu os alunos sobre as fontes de consulta, lhes orientando a obser-
var se os sites pesquisados possuem dados de fontes de órgão técnicos como, por exemplo, dados
do Ministério do Trabalho, ou ainda dados estatísticos como, por exemplo, dados do IBGE.
Outra fonte indicada pelo professor são os dados provenientes de pesquisas efetuadas por institui-
ções de ensino como as universidades ou instituições de pesquisa.
PROJETOS ELÉTRICOS PREDIAIS - VOLUME II
36

Com base nessas informações, Antônio pôde concluir sua pesquisa e com ela observou que há um
grande índice de acidentes nos canteiros de obras, boa parte em função da execução das instalações
elétricas provisórias de forma improvisada e com mão de obra não qualificada, verificando, assim, a
importância de executar as instalações de acordo com as normas técnicas e com profissionais qua-
lificados.

Enquanto profissional da área técnica você estará constantemente consultando informações, por isso, é
importante saber a melhor fonte de consulta para a informação que deseja utilizar. Esse conhecimento evi-
ta que sejam utilizadas informações incorretas, imprecisas ou ainda desatualizadas, o que pode ocasionar
problemas no dimensionamento ou execução de uma instalação elétrica, por exemplo.

FIQUE Ao consultar as Normas Técnicas, verifique sempre se a mesma está em vigor ou se


foi substituída ou cancelada. Tal atitude evita a utilização de normas desatualizadas
ALERTA ou que não estão mais em uso no setor.

No próximo item, estudaremos sobre a seleção das informações.


3 PESQUISA E ANÁLISE DE INFORMAÇÕES
37

3.3 SELEÇÃO DE INFORMAÇÕES

Como vimos, a informação está ao alcance de todos e pode ser consultada através de várias fontes,
devendo, nesse caso, ser corretamente selecionada em função da sua utilização.
No caso do técnico em eletrotécnica, as informações a que ele constantemente terá acesso são de or-
dem técnica, por exemplo as normas técnicas, regulamentos técnicos, legislações, que podem ser facil-
mente procuradas através de ferramentas de busca na internet. Ao efetuar tal busca, será disponibilizada
uma vasta lista de informações referentes ao tema da pesquisa. Nesse momento, cabe ao técnico filtrar as
informações que lhe serão úteis, devendo-se ter o cuidado de avaliar a sua confiabilidade, veracidade e
atualidade.

Figura 12 -  Selecionando as informações


Fonte: SENAI DR BA, 2017.

A seleção de informações confiáveis começa com a escolha adequada da fonte de consulta, devendo-se
priorizar informações obtidas de livros, sites oficiais, ou ainda trabalhos acadêmicos, no lugar de informa-
ções obtidas em sites, blogs ou ainda em redes sociais que devem ser avaliadas criteriosamente antes de
serem consideradas como verdadeiras e confiáveis.
PROJETOS ELÉTRICOS PREDIAIS - VOLUME II
38

Você sabia que os sites mais confiáveis para a consulta de normas e le-
gislações são os sites oficias dos órgãos governamentais? Neles as infor-
CURIOSIDADES mações presentes são constantemente atualizadas sendo mais seguras
para serem utilizadas.

3.4 ANÁLISE DAS INFORMAÇÕES E CONCLUSÕES

Conhecidas as fontes de consulta e a importância de selecionar as informações consultadas, falaremos


agora sobre a análise das informações. A informação é imprescindível em qualquer que seja o meio de
trabalho. Por conta disso, a fonte utilizada para consulta assim como a prévia seleção da informação con-
sultada é tão importante quanto a análise.
Tendo em vista a vasta quantidade de informações disponíveis e a facilidade de acesso a elas (graças ao
avanço tecnológico, temos informação na palma da mão, em qualquer hora e lugar), faz-se necessária uma
análise criteriosa do que está sendo apresentado.

Figura 13 -  Analisando as informações


Fonte: SENAI DR BA, 2017.

Ao analisar as informações, atente-se para a coerência e veracidade das mesmas e se desconfiar que
ela não é correta, não utilize. Um conhecimento prévio com relação ao conteúdo da pesquisa possibilita
avaliar de forma mais precisa a veracidade das informações.
Chegamos ao fim de mais um capítulo e nele aprendemos a importância da pesquisa e seleção das in-
formações, sendo fundamental a utilização da fonte de consulta mais adequada além da análise das infor-
mações pesquisadas com a finalidade de avaliar a sua confiabilidade e veracidade. Continue se aplicando
aos estudos e até o próximo capítulo.
3 PESQUISA E ANÁLISE DE INFORMAÇÕES
39

RECAPITULANDO

Nesse capítulo, aprendemos sobre a pesquisa e seleção das informações, onde vimos que a pesquisa
nada mais é do que reunir informações com relação a algo, a fim de se obter uma resposta ou chegar
a um resultado, por exemplo.
Aprendemos também sobre as fontes de consulta e a importância de se escolher a fonte adequada
para a pesquisa que se deseja realizar. Além de escolher a fonte apropriada, é necessário saber sele-
cionar as informações de forma correta, filtrando-as a fim de não utilizar aquelas que não correspon-
dam à situação em questão.
Estudamos ainda sobre a importância de se analisar as informações, avaliando a sua confiabilidade,
veracidade e atualidade, prevenindo assim o uso de informações imprecisas ou incorretas.
Projeto, organização de trabalho -
gestão da rotina, planejamento e controle

O que vem à sua memória ao ouvir o termo “projeto”? Um conjunto de plantas que são
utilizadas durante a execução de uma obra? Não são raras as vezes em que o termo projeto é
resumido às plantas e desenhos utilizados para a execução de uma obra ou o desenvolvimento
de um produto.
Porém, o termo projeto é muito mais abrangente. Podemos dizer que ele é um documento
devidamente elaborado para comunicar o que se pretende criar, modificar, desenvolver ou
construir, sendo composto por desenhos, detalhes, cronogramas, orçamentos, especificações
técnicas, memórias descritivas, cálculos, entre outros, permitindo que a informação transmiti-
da por ele seja facilmente executada.

Figura 14 -  Equipe de projeto


Fonte: PEXELS, 2017.

Antes de elaborar qualquer projeto ou desempenhar qualquer trabalho de forma a obter


sucesso, é necessária uma prévia organização. O ato de organizar nos remete à ideia de plane-
jamento, ou seja, consiste na elaboração de um plano de ação onde são estabelecidos os obje-
tivos a serem atingidos, definidas as atividades a serem realizadas, dimensionadas as equipes,
calculados os custos e prazos, entre outras ações.
PROJETOS ELÉTRICOS PREDIAIS - VOLUME II
42

Se a organização do trabalho está relacionada à ideia de planejamento, a gestão da rotina está relacio-
nada a um conjunto de ações que objetivam atingir as metas estabelecidas ou manter os resultados alcan-
çados, por meio da melhoria contínua dos seus processos. Esse princípio estabelece que todo o processo
deve ter um controle permanente de modo que seja possível verificar constantemente o seu desempenho
e agir de modo a melhorá-lo quando necessário.
Veremos ao longo desse capítulo a definição mais aceita para o termo projeto, estudaremos o que é pla-
nejamento e qual a sua importância para o desenvolvimento, acompanhamento e gerenciamento de um
projeto. Além disso, aprenderemos sobre os estudos de viabilidade técnica e econômica e também sobre
os recursos (humanos, materiais e financeiros) necessários para seu desenvolvimento, compreendendo a
importância de defini-los corretamente.
Entenderemos também como representar todas essas informações no projeto. Ficou curioso? Então
vamos começar!

4.1 DEFINIÇÃO

Quando ouvimos o termo projeto geralmente somos levados a fazer uma associação com o mundo da
construção civil. Quem nunca ouviu um profissional da construção civil falar “fui eu que fiz o projeto dessa
casa” ao se referir às divisões dos ambientes da casa? Você pode estar se perguntando: “sim, e qual é o erro
nessa frase? ”
O termo projeto na maioria das vezes é associado a um conjunto de plantas com desenhos que orien-
tam a construção de algo, que pode ser uma peça, um equipamento ou uma construção, por exemplo.
Porém, esse termo possui uma definição muito mais abrangente, que segundo do guia do PMBOK11, que
apresenta um conjunto de diretrizes para o gerenciamento de projetos, pode ser considerado como “um
esforço temporário empreendido para criar um produto, serviço ou resultado exclusivo”.
Dessa forma, projeto é uma ação coordenada com prazos previamente definidos que objetiva a criação
de um produto novo, a execução de um serviço (a elaboração de um projeto elétrico, por exemplo) ou
ainda o alcance de um resultado exclusivo (a aprovação em concurso público, por exemplo).

Para saber mais sobre gerenciamento de projetos, consulte: PROJECT MANAGEMENT


SAIBA INSTITUTE. Um guia do gerenciamento em projetos (Guia PMBOK). 5. ed. São Paulo:
MAIS Saraiva, 2014., nele você encontrará as diretrizes para criar, planejar, gerenciar e con-
trolar os processos de um projeto.

De acordo com essa definição, projeto não se resume apenas a um conjunto de desenhos, mas compre-
ende todo o processo para a sua elaboração, podendo o desenho ser um dos seus resultados.
Dois pontos devem ser destacados na definição proposta pelo PMBOK:

11 PMBOK: Project Management Body of Knowledge ou conjunto de conhecimentos de gerenciamento de projetos.


4 PROJETO, ORGANIZAÇÃO DE TRABALHO - GESTÃO DA ROTINA, PLANEJAMENTO E CONTROLE
43

a) Temporário: significa que um projeto não é contínuo, possuindo um tempo definido para ser
iniciado e concluído. Consideramos um projeto concluído quando os seus objetivos são alcan-
çados ou quando o projeto é encerrado (no caso de os objetivos não serem possíveis de serem
atingidos ou quando o projeto se torna desnecessário, por exemplo);
b) Produto, serviço ou resultado exclusivo: esses termos estão associados à característica única
do projeto. Mesmo que se refira a elementos similares, cada projeto será único e exclusivo. A
construção de casas populares, por exemplo, possui uma mesma tipologia, podendo as casas se-
rem executadas com o mesmo material e podendo ser feitas com as mesmas equipes; entretanto,
cada projeto de casa será único, com uma localização diferente e circunstâncias diferentes para a
sua execução.

Um projeto também pode ser definido em função dos elementos que o compõe, como: anteprojeto,
projeto básico e projeto executivo.
a) Anteprojeto: é o esboço de um projeto ou o projeto preliminar. Ele é elaborado com base nas
informações obtidas no programa de necessidades, nos estudos técnicos e de viabilidade preli-
minar e nas orientações normativas; objetivando assim a melhor solução técnica. Após ser con-
cluído, ele é submetido à análise do cliente. O anteprojeto inclui, além dos elementos gráficos,
os memoriais descritivos, o orçamento estimado e os prazos para sua execução, antecedendo o
projeto básico;
b) Projeto básico: é o projeto que compreende o conjunto de informações e elementos neces-
sários para caracterizar uma obra ou serviço, de forma que todas as características básicas e de
desempenho estejam definidas, permitindo que sejam estimados os seus custos e prazos. Ele é
precedido por estudos de viabilidade, estudos técnicos preliminares e anteprojetos e precede os
projetos executivos;
c) Projeto executivo ou detalhamento: é o projeto que apresenta todos os elementos fundamen-
tais para a execução de uma obra ou serviço. Nele estão presentes os desenhos, memoriais des-
critivos e de cálculos, as planilhas orçamentárias e o cronograma físico-financeiro. Esse projeto
possui informações mais detalhadas do que o projeto básico, por isso leva o nome de projeto
executivo, sendo geralmente o projeto utilizado na execução efetiva de uma obra.

Você sabia que as obras e serviços de engenharia de órgãos da Adminis-


tração Pública, com exceção dos casos previstos em lei que permitem a
CURIOSIDADES contratação direta, podem ser licitados somente quando houver projeto
básico aprovado pela autoridade competente do órgão licitante?
(Fonte: BRASIL, 1993).

Assim como praticamente tudo na vida, os projetos também possuem um ciclo de vida. Em um projeto,
as etapas pelas quais ele percorre do seu início ao seu término fazem com que cada projeto tenha um ciclo
PROJETOS ELÉTRICOS PREDIAIS - VOLUME II
44

de vida diferente. Apesar dessa diferenciação de trajetória, todo projeto é composto por no mínimo quatro
etapas: concepção, planejamento, execução e etapa final, conforme podemos verificar na figura a seguir:

1 2 3 4
Concepção

Planejamento

Execução/ Controle

Final
Nível de Atividade

Tempo
Figura 15 -  Ciclo de vida de um projeto
Fonte: SENAI DR BA, 2017.

a) Concepção: nessa etapa ocorre o levantamento das necessidades do cliente, o estudo de viabili-
dade, o desenvolvimento de orçamentos e de cronogramas, assim como a definição das equipes
de trabalho. Neste primeiro processo, é elaborada a concepção preliminar do projeto a ser execu-
tado, ou seja, o anteprojeto;
b) Planejamento: etapa onde é feita a programação dos recursos necessários à realização do pro-
jeto, podendo ser materiais, financeiros ou humanos. Nessa parte, são feitos os estudos e análises
do anteprojeto, assim como a obtenção das aprovações para execução do projeto;
c) Execução/controle: etapa onde é realizada a execução propriamente dita do projeto, assim
como o acompanhamento, controle e ajustes necessários;
d) Finalização: é etapa de encerramento do projeto. Nessa etapa, são efetuados os testes para a
entrega do projeto, assim como os termos de recebimento e documentações necessárias.

Conhecer o ciclo de vida de um projeto é importante para planejar e gerenciar o andamento e execução
do mesmo, sendo possível assim controlar todas as suas etapas. No próximo item, aprenderemos sobre
planejamento.
4 PROJETO, ORGANIZAÇÃO DE TRABALHO - GESTÃO DA ROTINA, PLANEJAMENTO E CONTROLE
45

4.2 PLANEJAMENTO

Não podemos falar em projeto sem falar em planejamento, pois ele é a chave do sucesso no desenvol-
vimento ou gestão de um projeto. Mas o que vem a ser planejamento?
O planejamento é uma prática bastante comum nas mais diversas empresas e organizações (adminis-
trativas, financeiras, de construção civil, etc.) e consiste basicamente em definir com antecedência o que
será feito, como será feito e os meios utilizados para que sejam alcançados os resultados esperados.
Mas por que planejar? Como o velho ditado diz: “tempo é dinheiro”. Sendo assim, utilizar o recurso tem-
po de forma inadequada poderá gerar um prejuízo financeiro. Por conta disso, é necessário administrar de
forma adequada não só o recurso tempo, mas também os recursos humanos e materiais, e o planejamento
é uma das formas de se fazer isso, pois através dele é possível:
a) Ter o conhecimento do todo: seja de uma obra, um produto, um serviço ou um resultado. O es-
tudo dos projetos, orçamentos e memoriais permitem conhecer de forma detalhada e antecipada
o que será executado;
b) Determinar os pontos desfavoráveis: conhecer previamente o que será desenvolvido ou exe-
cutado permite não só identificar pontos desfavoráveis como também tomar decisões de forma
antecipada de modo a corrigir os problemas encontrados;
c) Tomar decisões de forma mais rápida: o planejamento e controle permitem um acompanha-
mento realista da obra, processo ou serviço, de forma que as decisões podem ser tomadas de
forma mais rápida, pois têm como base o seu real acompanhamento;
d) Definir metas: com base no planejamento, é possível definir um “plano de ataque” com o obje-
tivo de estabelecer as metas de como deverá ser cumprido o planejamento;
e) Otimizar a destinação dos recursos (financeiros, de pessoal, etc.): com base no planejamen-
to, é possível avaliar as atividades que demandarão mais ou menos tempo, mão de obra ou recur-
sos financeiros, possibilitando a otimização do uso desses recursos.

Como vimos, o planejamento permite conhecer a fundo a obra, processo ou serviço e agir de modo a
se utilizar os recursos (materiais, humanos, financeiros e o tempo) de forma adequada. Na sequência, vere-
mos as etapas básicas do planejamento.

4.2.1 ETAPAS DE PLANEJAMENTO: ANÁLISE DE CENÁRIOS, FORMULAÇÃO DOS OBJETIVOS,


FORMULAÇÃO DAS ESTRATÉGIAS, CRONOGRAMA, EXECUÇÃO E AVALIAÇÃO

Todo planejamento segue uma sequência de etapas bem definida, sendo cada etapa importante para
a elaboração das etapas seguintes. O roteiro básico do planejamento, que pode ser observado na figura
a seguir, é composto pelas seguintes etapas: análise de cenários, formulação dos objetivos e estratégias,
delimitação das atividades, previsão dos recursos, elaboração do cronograma, entre outros. Na sequência
veremos algumas dessas etapas:
PROJETOS ELÉTRICOS PREDIAIS - VOLUME II
46

Formulação
Análise dos Delimitação Previsão dos Elaboração do
dos objetivos
cenários das atividades recursos cronograma
e estratégias

Figura 16 -  Etapas básicas do planejamento


Fonte: SENAI DR BA, 2017.

Vivemos em um mundo que está em constantes mudanças e atualizações. Por conta disso, e dentro
desse contexto, é necessário realizar a análise de cenários, que configura a etapa de concepção do plane-
jamento, na qual elaboramos estratégias considerando um contexto futuro.
Ou seja, nesta etapa, observamos o contexto atual da empresa e analisamos tanto os fatores internos,
que são os fatores de dentro da própria organização como, por exemplo, as vantagens competitivas, os
melhores recursos, qualificação da mão de obra entre outros; como os fatores externos, que são os fatores
que podem prejudicar o andamento da empresa e que não dependem dela, como por exemplo os fatores
econômicos e sociais. A partir da avaliação das forças e fraquezas da organização, será realizado o direcio-
namento e precisão do planejamento.
Com o conhecimento dos cenários em que a organização está inserida, é possível formular os objetivos,
definindo as estratégias necessárias para que sejam alcançados. Tendo definido os objetivos e estratégias,
será possível delimitar as atividades, realizar a previsão dos recursos que serão necessários, assim como
elaborar o cronograma a ser seguido, conforme veremos em detalhes nos próximos itens.

DELIMITAÇÃO DAS ATIVIDADES

Essa etapa consiste em identificar ou definir todas as atividades que irão compor o cronograma do pro-
jeto, processo, serviço ou obra. A forma mais fácil de fazer essa identificação é elaborando uma Estrutura
Analítica de Projeto (EAP), que nada mais é do que listar e dispor as atividades de forma hierárquica, ou
seja, em ordem sequencial de execução, sendo possível dividir as atividades em pacotes menores e mais
fáceis de acompanhar.
A EAP deve ser completa, organizada e pequena, ou seja, ela deve possuir todas as atividades necessá-
rias ao projeto, que devem estar dispostas de forma sistematizada, seguindo uma ordem lógica de execu-
ção.
Para ficar mais clara a sua compreensão, vamos imaginar como seria a EAP que tem como produto final
a entrega de um projeto elétrico predial. De forma simples, poderíamos dividi-lo em três etapas: estudo
preliminar; dimensionamento das instalações e detalhamentos e especificações, conforme figura a seguir.
4 PROJETO, ORGANIZAÇÃO DE TRABALHO - GESTÃO DA ROTINA, PLANEJAMENTO E CONTROLE
47

Projeto de
instalações elétricas
prediais

Estudo Dimensionamento Detalhamentos


preliminar das instalações e especificações
elétricas

Elaborar
Elaborar Levantar as esquemas,
programa de cargas a serem diagramas e
necessidades instalada detalhamentos

Consultar os Elaborar as
projetos Definir os
especificações
(arquitetônicos e pontos e traçado
técnicas,
complementares) da instalação
materiais, etc.

Elaborar o
Dimensionar
orçamento
a instalação
detalhado

Figura 17 -  EAP para elaboração de um projeto de instalações elétricas


Fonte: SENAI DR BA, 2017.

Antes de elaborar o projeto, é necessário conhecer o cliente, suas necessidades e expectativas. Obser-
ve no exemplo anterior que cada uma das três etapas do projeto de edificação foi dividida em atividades
sequenciais e menores, em função da sequência executiva de cada uma. O estudo preliminar é conside-
rado a primeira etapa do planejamento, onde a instalação será dimensionada. Com base nas informações
colhidas na etapa anterior, na segunda etapa deverão ser levantadas as cargas a serem instaladas, locados
os pontos elétricos, efetuado o traçado e dimensionados todos os elementos das instalações. A terceira e
última etapa configura o detalhamento e especificações do projeto, que deve ser feito com base, também,
nas informações do dimensionamento feito na etapa anterior.
Outra forma de apresentar uma EAP é por meio de uma listagem. Esse formato é conhecido como EAP
analítica e nela as atividades são listadas em ordem sequencial de desenvolvimento ou execução, sendo
cada nível identificado por um número. Quando uma atividade é decomposta em tarefas mais simples,
ocorre a subdivisão da numeração dessa atividade dando a ideia de hierarquia, conforme veremos no
quadro abaixo.
PROJETOS ELÉTRICOS PREDIAIS - VOLUME II
48

DESENVOLVIMENTO DE PROJETO DE INSTALAÇÕES ELÉTRICAS

1 Estudo preliminar

1.1 Elaborar programa de necessidades


1.2 Consultar os projetos (arquitetônicos e complementares)

2 Dimensionamento das instalações elétricas

2.1 Levantar as cargas a serem instaladas


2.2 Definir os pontos e traçados das instalações
2.3 Dimensionar as instalações

3 Detalhamentos e especificações

3.1 Elaborar os esquemas, diagramas e detalhamentos


3.2 Elaborar as especificações técnicas, de materiais e memoriais de cálculo
3.3 Elaborar o orçamento detalhado e cronogramas

Quadro 1 - EAP analítica


Fonte: SENAI DR BA, 2017.

Observe que não há uma regra geral para definir as atividades que irão compor o planejamento, de-
pendendo do que será planejado. No caso de um projeto elétrico, depende do tamanho da edificação, dos
elementos que irão compor a instalação, do projetista, da equipe de projetos que irá elaborar o projeto,
entre outros.

A identificação das atividades que irão compor o planejamento pode ser feita de di-
FIQUE versas formas, dependendo não somente do tipo de projeto, serviço, processo, obra,
ALERTA entre outros, mas também da sequência executiva das atividades adotadas pelo pro-
jetista ou empresa.

No próximo item, aprenderemos sobre a previsão dos recursos, que podem ser humanos, financeiros
ou materiais. Vamos lá?

PREVISÃO DOS RECURSOS: HUMANOS, FINANCEIROS E MATERIAIS

A previsão dos recursos está relacionada com a definição de todos os recursos que serão necessários
para a execução do projeto, processo, produto ou serviço. Ou seja, nesta etapa, iremos selecionar tanto
os recursos materiais, que incluem os materiais, máquinas e equipamentos, como os recursos humanos e
financeiros.
Durante a elaboração do planejamento, são definidas as atividades e calculadas suas quantidades e
durações, sendo possível determinar a quantidade de recursos humanos, materiais e financeiros que serão
necessários para executar o projeto. O quadro a seguir exemplifica algumas categorias de recursos:
4 PROJETO, ORGANIZAÇÃO DE TRABALHO - GESTÃO DA ROTINA, PLANEJAMENTO E CONTROLE
49

CATEGORIA DO
EXEMPLO
RECURSO

Humanos (mão de obra) Projetista, desenhista, eletricista, engenheiro, ajudante

Material Eletrodutos, fiação, quadros, caixas, concreto, aço

Equipamento Caminhão, trator,

Investimento Reais (R$)

Quadro 2 - Categoria de recursos


Fonte: SENAI DR BA, 2017.

Os recursos humanos são as pessoas que fazem parte da empresa ou organização que, independen-
temente do nível hierárquico, são as responsáveis pela execução ou desempenho das atividades, sendo
considerados, portanto, recursos fundamentais na execução de qualquer projeto.
Já os recursos materiais estão relacionados aos materiais que serão necessários para o desenvolvimento
dessa atividade e os recursos financeiros estão relacionados à quantia financeira que será efetivamente
desembolsada para arcar com os recursos humanos, materiais, entre outros, para a execução do projeto.
Para definir os recursos que serão necessários para o projeto, processo, produto ou serviço, é necessário:
-- Conhecer o projeto;
-- Definir os serviços que serão realizados (a mesma ideia apresentada na identificação das atividades
de uma EAP);
-- Levantar os quantitativos de cada serviço. Os quantitativos podem ser em metros, unidades, metros
quadrados e outros;
-- Calcular as durações de cada atividade;
-- Calcular os recursos humanos necessários para desenvolver cada atividade, ou seja, dimensionar a
equipe para cada atividade;
-- Com base no quantitativo de cada serviço, calcular os recursos materiais, ou seja, as ferramentas, e-
quipamentos e materiais que serão necessários para executar cada atividade;
-- Com base nas informações referentes à mão de obra (recursos humanos) e aos materiais (recursos
materiais), é possível definir os recursos financeiros que serão necessários para o desenvolvimento do
projeto.
Dessa forma, percebemos que são necessários diversos conhecimentos prévios acerca do projeto a ser
elaborado para poder definir corretamente os recursos que serão utilizados. No próximo item, estudare-
mos sobre a elaboração de cronogramas.
PROJETOS ELÉTRICOS PREDIAIS - VOLUME II
50

ELABORAÇÃO DE CRONOGRAMA

Após serem delimitadas as atividades e buscando facilitar o acompanhamento do andamento do proje-


to, produto, serviço ou obra, é elaborado um cronograma. Ele é um recurso gráfico onde as atividades são
listadas e dispostas juntamente com o prazo necessário para a sua execução.
Um cronograma é composto basicamente pelos seguintes elementos:
-- Relação das atividades ou etapas a serem realizadas;
-- Indicação das unidades de tempo (dia, semana, mês, ano, etc.);
-- Duração prevista para cada atividade ou etapa;
-- Data de início da atividade, localizada na extremidade esquerda da barra e data que a atividade
termina; localizada na extremidade direita.

A elaboração do cronograma deve ser feita após a definição das etapas e do cálculo das suas durações
e recursos. Com ele é possível acompanhar o andamento e a execução das atividades, assim como o seu
prazo final.
Um tipo de cronograma bastante utilizado é o Gráfico de Gantt12. Nele estão dispostas na parte esquer-
da as informações referentes às atividades e na direita, as durações representadas em forma de barras
horizontais. Essas barras são desenhadas em escala de tempo que podem ser dia, semana, mês ou outros,
e são demonstradas na parte superior do gráfico. O quadro a seguir mostra o cronograma das atividades
listadas nos itens anteriores.

12 Gráfico de Gantt: gráfico representativo que apresenta as datas de início e fim dos serviços, sendo possível acompanhar o seu
avanço. Recebe esse nome em homenagem ao Engenheiro Henry Gantt que o criou.
4 PROJETO, ORGANIZAÇÃO DE TRABALHO - GESTÃO DA ROTINA, PLANEJAMENTO E CONTROLE
51

DIA
Dur.
ATIVIDADE
dias 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15

Elaborar programa
A 1
de necessidades

Consultar os
B 2
projetos

C Levantar as cargas 2

Definir os pontos e
D 2
traçado
Dimensionar a
E 4
instalação
Elaborar os
F 3
esquemas
Elaborar as
G 4
especificações
Elaborar
H orçamento 5
detalhado

Quadro 3 - Cronograma
Fonte: SENAI DR BA, 2017.

Observe que o comprimento da barra representa a duração da atividade. Assim, quanto maior o com-
primento da barra maior será a duração da atividade.
A vantagem desse tipo de gráfico está na simplicidade da representação e facilidade de acompanha-
mento do andamento das atividades, sendo possível visualizar seus prazos de início e término.

CASOS E RELATOS

A importância de analisar o cenário e planejar as ações


Ana Luiza, estagiária de eletrotécnica, estava saindo da sala de escritório que trabalhava quando
observou seu chefe próximo à máquina fragmentadora de papel com uma pasta de documentos
em suas mãos.
Seu chefe a chamou dizendo que sua secretária estava em horário de almoço e perguntou se ela
sabia usar aquela máquina. Ana Luiza, sem pensar duas vezes e sendo muito prestativa, respondeu
que sim.
Logo ligou a máquina, colocou o documento e apertou o botão. Após colocar o documento seu
chefe a agradeceu e falou que precisaria de 3 cópias perguntando por onde elas seriam retiradas.
PROJETOS ELÉTRICOS PREDIAIS - VOLUME II
52

Ana Luiza olhou-o com espanto, pois acabara de destruir o documento. A máquina em questão não
era uma máquina para cópias e sim para picotar papéis.
Com isso, ela aprendeu uma importante lição: antes de se realizar qualquer ação, é necessário enten-
der do que se trata e se programar para executá-la, pois uma execução sem prévia compreensão e
planejamento pode ser irreversível.

4.2.2 EXECUÇÃO E AVALIAÇÃO

Como sabemos, o planejamento é um plano de ação que depois de elaborado, tendo as atividades de-
limitadas, os prazos e equipes calculados e o cronograma definido, deverá ser posto em prática.
Nessa etapa final, os projetos deverão ser executados em conformidade com sua programação e espe-
cificações, ou seja: desenhos, memoriais, especificações e orçamentos. Nesse caso, as equipes responsá-
veis pela execução dos serviços deverão executá-los após serem orientadas sobre os métodos, técnicas e
programações relacionadas a cada atividade.
É importante observar que o planejamento não é algo fixo ou imutável, servindo como um guia ou
uma rota para execução dos serviços e podendo ser alterado e melhorado no decorrer da execução ou
em função das diferenças que podem acontecer entre o que foi planejado e o que está sendo executado.
Essas situações podem acontecer tanto devido a um planejamento mal elaborado, à falta de orientação da
equipe ou ainda por fatores externos e fora do controle humano.
Durante a execução do projeto e do planejamento, é importante avaliar o que está sendo executado.
Nessa etapa, deve ser verificado se o que foi realizado está em conformidade com o planejado e o proje-
tado. Nessa verificação, é feita uma comparação entre o previsto e o executado, objetivando observar as
diferenças relacionadas aos prazos, custos ou qualidade, por exemplo.

Figura 18 -  Checando as atividades


Fonte: SENAI DR BA, 2017

Essa é uma etapa muito importante também na organização e gerenciamento da rotina, pois nela são
feitos o acompanhamento e controle do projeto, sendo anotadas as diferenças observadas, a fim de serem
verificadas as suas causas e tomadas ações corretivas referentes a elas. No caso de desvios do planejamen-
to, as informações serão coletadas e utilizadas para correção do mesmo.
4 PROJETO, ORGANIZAÇÃO DE TRABALHO - GESTÃO DA ROTINA, PLANEJAMENTO E CONTROLE
53

4.3 VIABILIDADE TÉCNICA E ECONÔMICA

O desenvolvimento de qualquer projeto deve ser precedido de um estudo de viabilidade técnica e


econômica, que consiste em analisar se ele será viável, se poderá ser executado e se terá bons resultados,
ou seja, esse estudo consiste em avaliar antecipadamente se as ideias e técnicas aplicadas atenderão às
necessidades demandadas e trarão o retorno esperado.
O estudo de viabilidade técnica e o de viabilidade econômica buscam avaliar dois aspectos: a técnica
empregada e o retorno financeiro. No caso da viabilidade técnica, o estudo analisa se um determinado
projeto poderá ser desenvolvido, verificando se há recursos humanos, tecnologias ou técnicas que possi-
bilitem a sua execução.
Já o estudo de viabilidade econômica analisa se o projeto desenvolvido atenderá as expectativas finan-
ceiras do cliente, oferecendo suporte para escolha da melhor alternativa ou técnica a ser adotada em um
determinado projeto e avaliando se haverá condições financeiras para tal investimento ou se a alternativa
ou técnica escolhida apresentará o retorno econômico esperado.

Figura 19 -  Estudo de viabilidade


Fonte: FREEPIK, 2017.

Os estudos de viabilidade técnica e econômica são feitos a partir de um orçamento bem elaborado que
busca levantar os custos referentes às técnicas e tecnologias a serem adotadas no projeto, avaliando suas
vantagens técnicas e econômicas. Tomar decisões sem um prévio estudo de viabilidade pode tornar um
projeto economicamente inviável.
Mas o que seriam esses estudos de viabilidade técnica e econômica em termos práticos? Na elaboração
de um projeto de instalações elétricas prediais, os estudos de viabilidade técnica e econômica devem ser
feitos preferencialmente após a elaboração do programa de necessidades e antes do dimensionamento
do projeto. Nesses estudos, o projetista irá avaliar as melhores técnicas e alternativas a serem adotadas no
projeto, buscando economia, eficiência e outros aspectos.
PROJETOS ELÉTRICOS PREDIAIS - VOLUME II
54

Como exemplo de elaboração dos estudos de viabilidade técnica e econômica no desenvolvimento


de um projeto elétrico, o projetista pode sugerir ao cliente a adoção de lâmpadas LED em todo o circuito
de iluminação e a utilização de placas solares fotovoltaicas para alimentar o sistema de aquecimento de
água. Nesses estudos, podem ser apresentadas as vantagens ou desvantagens do uso das lâmpadas LED
em comparação com as lâmpadas fluorescentes tanto em termos técnicos, como rendimento e vida útil,
quanto em termos econômicos, como custo de aquisição e manutenção das lâmpadas. Também serão
demonstradas as vantagens ou desvantagens do uso de placas solares para alimentar o sistema de aque-
cimento de água em comparação aos chuveiros e torneiras elétricas.
É possível perceber que os estudos de viabilidade são fundamentais na etapa de desenvolvimento de
um projeto, tendo em vista que ela deve ser técnica e economicamente viável e esses estudos são a melhor
forma de avaliar tais aspectos.

4.4 CONFIABILIDADE

A confiabilidade, segundo a ABNT (1994), pode ser definida como a “capacidade de um item desempe-
nhar uma função requerida sob condições especificadas, durante um dado intervalo de tempo”, ou seja,
a confiabilidade está relacionada ao correto desempenho de um processo, produto ou serviço, nas condi-
ções para as quais eles foram especificados.
A análise da confiabilidade consiste na avaliação dos riscos de falha do projeto e nos impactos dessas
falhas, sendo um dos seus objetivos reduzir ao máximo as falhas ou a gravidade de suas consequências.
No que se refere à elaboração de projetos de instalações elétricas, a confiabilidade do projeto e conse-
quentemente das instalações elétricas parte do correto dimensionamento das instalações, com a adoção
de dispositivos adequados de segurança que diminuam o risco decorrente de contatos acidentais com
partes energizadas, do uso de aterramento e de outros procedimentos.
A confiabilidade é assegurada quando, além do correto dimensionamento, há também a correta exe-
cução das instalações, sua utilização adequada e manutenção periódica. Com isso, podemos dizer que
a confiabilidade de um projeto, processo, produto ou serviço, está relacionada à segurança, proteção e
qualidade assegurada por eles.

4.5 CRONOGRAMA: FÍSICO E FINANCEIRO

Aprendemos que planejar nada mais é do que programar as ações antes de executá-las e, como vimos,
uma das etapas do planejamento é o cronograma. Nele, as atividades e suas durações estão dispostas em
forma de um gráfico, sendo possível acompanhar o avanço da sua execução.
O cronograma físico-financeiro apresenta a mesma ideia do cronograma visto em tópicos anteriores e
é utilizado para realizar o acompanhamento físico e financeiro de qualquer projeto. Ele é chamado de cro-
nograma físico, pois apresenta o real avanço do projeto; e é financeiro pois, a partir dele, é possível prever
e acompanhar os gastos referentes à execução de cada atividade.
4 PROJETO, ORGANIZAÇÃO DE TRABALHO - GESTÃO DA ROTINA, PLANEJAMENTO E CONTROLE
55

Esse cronograma alia o planejamento ao orçamento do projeto, sendo possível ter o controle das suas
despesas, já que associa a execução de cada atividade ao valor das despesas referentes a ela. Dessa forma,
é possível saber exatamente quanto será gasto em cada etapa, evitando surpresas durante a execução do
projeto.
Além do controle financeiro, o cronograma permite o acompanhamento físico do projeto. Nesse caso, é
possível saber controlar e acompanhar o tempo necessário para execução de cada atividade, sendo possí-
vel identificar as atividades que demandam mais atenção e cujo atraso pode impactar no prazo final, sendo
possível ainda programar a melhor data para efetuar as compras e contratação de serviços, com base na
data que serão utilizados.
Na figura a seguir, veremos o exemplo de um cronograma físico e financeiro fictício para o desenvolvi-
mento de um projeto elétrico.

Atividade Total (R$) 1ª semana 2ª semana 3ª semana


400,00
Elaborar programa de necessidades 400,00
100%
500,00
Consultar os projetos 500,00
100%
750,00
Levantar as cargas 750,00
100%
375,00 375,00
Definir os pontos e traçados 750,00
50% 50%
1.500,00
Dimensionar as instalações 1.500,00
100%
500,00
Elaborar os esquemas 500,00
100%
500,00
Elaborar as especificações 500,00
100%
1.100,00
Elaborar orçamento detalhado 1.100,00
100%
Total geral 6.000,00
Total simples 2.025,00 1.875,00 2.100,00
Total acumulado 2.025,00 3.900,00 6.000,00

Figura 20 -  Cronograma fisico-financeiro


Fonte: SENAI DR BA, 2017.

Analisando o cronograma, é possível observar que:


-- A primeira coluna apresenta as diferentes etapas ou atividades do projeto seguindo a ordem
executiva;
-- A segunda coluna apresenta o custo total para a execução de cada etapa do projeto;
-- As colunas subsequentes, nomeadas como 1ª, 2ª e 3ª semana, mostram o andamento do projeto
tanto em custos como em percentual executado referente a cada semana. Essas colunas podem
ser divididas em dias, meses ou semanas, dependendo do grau de detalhamento que se deseja
adotar;
PROJETOS ELÉTRICOS PREDIAIS - VOLUME II
56

-- Na coluna de cada semana, é possível observar os serviços e percentuais que serão executados
assim como os gastos previstos para cada um deles;
-- O total geral representa o custo total para elaborar o projeto;
-- O total simples apresenta o total de gastos por semana para a execução do projeto. Por exemplo,
para a primeira semana, foi previsto um gasto total de R$ 2.025,00. Esses gastos são subdivididos
entre os serviços de elaboração do programa de necessidades, consulta aos projetos, levanta-
mento das cargas e a definição dos pontos e traçados;
-- O total acumulado apresenta os custos acumulados ao longo de cada semana. Por exemplo, até a
segunda semana estão previstos um total de R$ 3.900,00 em gastos.

Para elaborar o cronograma físico-financeiro, é necessário definir os serviços que serão executados,
levantar os quantitativos de cada serviço, definir as durações e os recursos que serão demandados (hu-
manos, materiais) e elaborar o orçamento. Observe que os quatro primeiros itens são os mesmos itens le-
vantados durante a elaboração do planejamento. A novidade aqui é unir essas informações ao orçamento.

4.6 APRESENTAÇÃO DO PROJETO

Toda a etapa de planejamento, estudos de viabilidade, previsão dos recursos e elaboração do crono-
grama têm como objetivo a entrega final de um projeto que, como sabemos, consiste em um conjunto
de elementos que serão utilizados para desenvolver um processo, produto ou serviço. Sendo assim, todas
essas informações serão organizadas para posteriormente serem apresentadas ao cliente onde serão de
fato executadas.
Um projeto é composto basicamente pelos seguintes documentos:
a) As plantas e detalhamentos: são a representação do projeto em uma linguagem gráfica padro-
nizada e de fácil entendimento que apresenta de forma detalhada as informações necessárias à
sua execução;

Figura 21 -  Plantas e detalhamentos


Fonte: FREEPIK, 2017.
4 PROJETO, ORGANIZAÇÃO DE TRABALHO - GESTÃO DA ROTINA, PLANEJAMENTO E CONTROLE
57

b) Memoriais de cálculo: é o documento que detalha todo o procedimento de cálculos utilizado


na elaboração do projeto. Nele constam detalhadamente os cálculos utilizados para dimensionar
cada elemento da instalação. A figura a seguir mostra um exemplo de memorial de cálculo de um
circuito de iluminação;

Relatório de dimensionamento
Circuito 1 - Iluminação Geral Quadro
Utilização: Iluminação e TUG's (Casas e apartamentos) QD1 (Pavimento)
FCA FCT
Alimentação Tensão FP Potência
(Tabela 42 da NBR5410/2004) (Tabela 40 da NBR5410/2004)
F+N (R) F-N: 127 V 0.81 673.51 VA
0.65 1.00
Corrente de projeto (Ip) Corrente de projeto (In) Corrente corrigida (In') (In' = In / (FCA*FCT))
5.30 3.21 4.94
Pontos inseridos
Classe Grupo Potência (VA) Quantidade
Lâmpada fluorescente Compacta longa - embutir (Philips) 47.37 9
61.80 4
Critérios de cálculo (Dimensionamento da fiação)
Seção mínima admissível Capacidade de condução de corrente Queda de tensão
(Item 6.2.6.1.1 da NBR5410/2004) (Item 6.2.5 da NBR5410/2004)
dV% parcial admissível: 4.00
Utilização: Iluminação Método de instalação: B1 1.5mm²
Seção: 1.5 mm² Seção: 0.5 mm² 1.07
dV% parcial
Cap. Condução (Iz): 9.00 A 3.92
dV% total
Dimensionamento da proteção (In) (Item 5.3.4 da NBR5410/2004) Condutor
Ip < In < Iz (1.5mm²) Cabo Unipolar (cobre)
5.30 < 10.00 < 11.38 Isol.PVC - 450/750V (ref. Pirelli Pirastic Ecoplus BWF Flexível)
Dispositivo de proteção Seção
Disjuntor unipolar termomagnético - DIN Fase Neutro Terra
Corrente de atuação: 10 A - 10 kA - C 1.5 mm² 1.5 mm² -
Capacidade de condução (Fase): 17.50 A

Figura 22 -  Exemplo de memorial de cálculo


Fonte: SENAI DR BA, 2017.

c) Memoriais descritivos: é o documento que apresenta detalhadamente todos os itens perten-


centes ao projeto, especificando os materiais a serem empregados em cada parte do projeto e
informando como deverá ser realizada cada atividade. Esse conteúdo será visto em detalhe no
capítulo Memorial Descritivo;
d) Orçamento detalhado: é o documento que apresenta detalhadamente os custos de cada eta-
pa do projeto. Esse documento geralmente inclui os custos relativos aos materiais, ferramentas,
equipamentos, mobiliários, mão de obra, entre outros elementos necessários à sua realização.

A apresentação do projeto deve ser clara e precisa, devendo representar a realidade do que foi pro-
jetado, pois esses documentos serão utilizados como base para sua execução. Dessa forma, devemos ter
bastante atenção para que os elementos que foram dimensionados, detalhados, representados e orçados
estejam corretamente indicados em cada um dos documentos.
Chegamos ao fim de mais um capítulo. Espero que você tenha aprendido todo o conteúdo que foi es-
tudado até aqui e que o esteja colocando em prática. Até o próximo capítulo!
PROJETOS ELÉTRICOS PREDIAIS - VOLUME II
58

RECAPITULANDO

Ao longo desse capítulo, estudamos sobre projeto, aprendendo seu conceito e conhecendo o ciclo
de vida e as etapas básicas que ele percorre desde a etapa de concepção até a sua conclusão.
Estudamos também sobre o planejamento e aprendemos o roteiro básico para elaborá-lo, sabendo
identificar as atividades, definir as durações e precedências e, por fim, gerar o cronograma.
Aprendemos ainda sobre a importância de elaborar um estudo de viabilidade técnica e econômica
antes da elaboração de qualquer projeto, buscando adotar alternativas que sejam técnica e econo-
micamente viáveis.
E, por fim, estudamos sobre os recursos humanos, financeiros e materiais que devem ser dimensio-
nados de modo a atender as necessidades do projeto. Todas essas informações são utilizadas para
elaborar o cronograma físico-financeiro que permite o acompanhamento e controle tanto físico
como financeiro do projeto.
4 PROJETO, ORGANIZAÇÃO DE TRABALHO - GESTÃO DA ROTINA, PLANEJAMENTO E CONTROLE
59
Projeto de instalações elétricas prediais,
seguindo padrão de eficiência energética

Conforme aprendemos nos capítulos anteriores, o termo projeto não nos remete apenas à
ideia da representação de uma edificação ou de suas instalações, mas está associado a todo o
processo de concepção, planejamento, dimensionamento e detalhamento do mesmo. Neste
capítulo, abordaremos a etapa de dimensionamento, que nada mais é do que definir, por meio
de cálculos embasados nas normas técnicas, as características físicas e funcionais dos elemen-
tos de uma instalação.
No que se refere ao processo de dimensionamento das instalações elétricas prediais, é im-
portante estar atento ao padrão de eficiência energética que está relacionado ao consumo efi-
ciente da energia elétrica, de forma que a energia solicitada pelos consumidores seja utilizada
(através dos eletrodomésticos e/ou máquinas) sem desperdícios.
A eficiência no uso da energia elétrica pode ser assegurada com a escolha adequada das
lâmpadas, eletrodomésticos e equipamentos elétricos. Ela é classificada com base no consumo
de energia em KWh/mês (quilowatts hora por mês), em uma escala que varia de A a G, de forma
que os equipamentos mais eficientes possuem a indicação de eficiência energética classe A e
conforme decresce na ordem das letras, o grau de eficiência diminui, podendo chegar até a
letra G.

Figura 23 -  Eficiência energética


Fonte: FREEPIK, 2017.
PROJETOS ELÉTRICOS PREDIAIS - VOLUME II
62

Além da correta escolha e uso adequado dos equipamentos elétricos, a eficiência é assegurada também
mediante o correto dimensionamento dos elementos presentes em uma instalação. Ao longo desse capí-
tulo, aprenderemos a dimensionar os condutores elétricos através do método da máxima capacidade de
condução; da máxima queda de tensão e também considerando a mínima seção dos condutores.
Aprenderemos ainda sobre o dimensionamento dos dispositivos de proteção, dimensionamento dos
condutos e também sobre o dimensionamento da iluminação interna e externa. Por fim, aplicaremos os
conteúdos aprendidos ao longo do capítulo no dimensionamento do projeto que foi estudado no capítulo
Desenho de instalações elétricas prediais, no primeiro volume desse livro.
Vamos começar?

5.1 DIMENSIONAMENTO DE CONDUTORES

No primeiro volume deste livro, estudamos como é feito o levantamento das cargas que estarão pre-
sentes na instalação, estudamos sobre a locação dos pontos, a divisão dos circuitos e a representação do
traçado dos eletrodutos na instalação e, por fim, aprendemos a representar os condutores em cada trecho
da instalação.
Nesse item, aprenderemos a dimensionar os condutores de uma instalação. Os condutores são os ele-
mentos responsáveis por transportar a energia elétrica, permitindo a ligação de máquinas e equipamen-
tos. Seu dimensionamento é feito após a análise detalhada das instalações e da carga a ser suprida por esse
condutor. Por conta disso, deve ser corretamente dimensionado de forma a atender a demanda de energia
de cada circuito, pois um condutor mal dimensionado poderá causar prejuízos tanto ao patrimônio quanto
às pessoas.
Mas por que dimensionar um condutor? Dimensionar um condutor nada mais é do que definir a sua
seção ou a sua “bitola”. Seu objetivo principal é assegurar que durante o funcionamento do circuito ele
atenda de forma simultânea a todas as seguintes condições, definidas na norma ABNT NBR 5410:2008:
a) Limite de temperatura, determinado pela máxima capacidade de condução de corrente do con-
dutor;
b) Limite de queda de tensão;
c) Seção mínima para condutor;
d) Capacidade dos dispositivos de proteção contra sobrecarga;
e) Capacidade de condução da corrente de curto circuito por tempo limitado.
Dentre as cinco condições vistas anteriormente, estudaremos o dimensionamento dos condutores com
base no critério da máxima capacidade de condução de corrente; a máxima queda de tensão; e a mínima
seção normalizada do condutor. Veremos cada um desses critérios em detalhes na sequência.
5 PROJETO DE INSTALAÇÕES ELÉTRICAS PREDIAIS, SEGUINDO PADRÃO DE EFICIÊNCIA ENERGÉTICA
63

5.1.1 MÁXIMA CAPACIDADE DE CONDUÇÃO DE CORRENTE

O dimensionamento do condutor pelo critério da máxima capacidade de condução de corrente deve


ser feito mediante consulta a tabelas específicas da norma ABNT NBR 5410:2008, levando em consideração
as seguintes informações:
a) Tipo de isolação dos condutores;
b) Maneira de instalar o circuito;
c) Corrente do circuito (corrente de projeto);
d) Número de condutores carregados do circuito;
e) Fatores de correção da corrente de projeto.
Na sequência, veremos em detalhes cada um dos elementos citados anteriormente e que são necessá-
rios para o dimensionamento dos condutores pelo método da máxima capacidade de condução de cor-
rente.

TIPO DE ISOLAÇÃO DOS CONDUTORES

No dimensionamento dos condutores, a escolha do tipo de isolação do condutor leva em consideração


as temperaturas limites suportadas pelo condutor, pois temperaturas superiores do que a isolação suporta
podem ocasionar a perda de suas propriedades físicas, químicas, elétricas, entre outros. Considerando isso,
a norma ABNT NBR 5410:2008 define os limites máximos de temperatura aos quais a isolação do condutor
pode ser submetida tanto nos casos de serviço normal (contínuo), como nos casos de sobrecarga e curto-
-circuito. Segundo a norma, essa temperatura não deve ser superior à apresentada na tabela a seguir.

TEMPERATURA TEMPERATURA TEMPERATURA


TIPO DE MÁXIMA PARA LIMITE DE LIMITE DE
ISOLAÇÃO SERVIÇO CONTÍNUO SOBRECARGA CURTO CIRCUITO
(CONDUTOR) °C (CONDUTOR) °C (CONDUTOR) °C

Policloreto de
vinila (PVC) até 70 100 160
300 mm²
Policloreto de
vinila (PVC) maior 70 100 140
300 mm²
Borracha etileno-
90 130 250
propileno (EPR)
Polietileno reticula-
90 130 250
do (XLPE)

Tabela 1 - Temperaturas características dos condutores


Fonte: ABNT NBR 5410, 2008.
PROJETOS ELÉTRICOS PREDIAIS - VOLUME II
64

Observe que o limite de temperatura está diretamente associado ao material de isolação do condutor
(PVC, EPR, XLPE). Ou seja, para escolher o tipo de isolação do condutor a ser adotado em um circuito, é ne-
cessário avaliar a temperatura à qual o condutor será submetido. Por exemplo, caso seja necessário instalar
um condutor que será submetido a uma temperatura de 80ºC durante um serviço contínuo, a isolação do
condutor mais adequada será EPR ou XLPE, cuja temperatura máxima para serviço contínuo é 90°C.

MANEIRA DE INSTALAR O CIRCUITO

O segundo elemento a ser analisado no dimensionamento das instalações é o método de instalação, ou


seja, a maneira como os condutores serão interligados na instalação. A norma ABNT NBR 5410:2008 define
uma relação de métodos de instalação conforme consta na tabela 33 da Norma. Na sequência, veremos
um trecho dessa tabela.

MÉTODO DE ESQUEMA MÉTODO DE


INSTALAÇÃO ILUSTRATIVO DESCRIÇÃO
REFERÊNCIA

Condutores isolados
ou cabos unipolares
Face em eletroduto de
1 interna seção circular embuti- A1
do em parede
termicamente
isolante.

Cabo multipolar em
Face eletroduto de seção
2 interna circular embutido em A2
parede termicamente
isolante.

Condutores isolados ou
cabos unipolares em
eletroduto aparente de
seção circular sobre
3 parede ou espaçado B1
desta menos de 0,3 vez
o diâmetro do
eletroduto.

Cabo multipolar em
eletroduto aparente de
seção circular sobre
4 parede ou espaçado B2
desta menos de 0,3
vezes o diâmetro do
eletroduto.

Condutores isolados ou
cabos unipolares em
5 eletroduto aparente de B1
seção não circular
sobre parede.
Condutores isolados ou
cabos unipolares em
eletroduto aparente de
5 PROJETO DE INSTALAÇÕES ELÉTRICAS PREDIAIS, SEGUINDO PADRÃO DE EFICIÊNCIA ENERGÉTICA
seção circular sobre 65
3 parede ou espaçado B1
desta menos de 0,3 vez
o diâmetro do
eletroduto.

Cabo multipolar em
eletroduto aparente de
seção circular sobre
4 parede ou espaçado B2
MÉTODO DE ESQUEMA desta menos de 0,3 MÉTODO DE
INSTALAÇÃO ILUSTRATIVO vezes DESCRIÇÃO
o diâmetro do REFERÊNCIA
eletroduto.

Condutores isolados ou
Condutores isolados
cabos unipolares em
5 ou cabos unipolares B1
eletroduto aparente de
Face em eletroduto de
seção não circular
1 interna sobre seção circular embuti- A1
parede.
do em parede
termicamente
Cabo multipolar em
isolante.
eletroduto aparente de
6 B2
seção não circular
Cabo multipolar em
sobre parede.
Face eletroduto de seção
2 interna circular embutido em A2
parede
Condutores termicamente
isolados ou
isolante.
cabos unipolares em
7 eletroduto de seção B1
Condutores isolados
circular embutido emou
cabos unipolares em
alvenaria.
eletroduto aparente de
seção circular sobre
3 parede ou espaçado B1
Tabela 2 - Tipos de linhas elétricas
Fonte: ABNT NBR desta menos de 0,3 vez
5410, 2008.
o diâmetro do
eletroduto.

O método de referência descrito na tabela apresenta a forma como os condutores estão dispostos na
Cabo
instalação. Além dos citados na tabela anterior (A1, A2, B1multipolar em
e B2), existem ainda os métodos listados na
eletroduto aparente de
sequência, como: seção circular sobre
4 parede ou espaçado B2
-- A1: condutores isolados em eletroduto de seção circular embutido
desta menos de 0,3em parede termicamente isolante;
vezes o diâmetro do
-- A2: cabo multipolar em eletroduto de seção circular embutido em parede termicamente isolante;
eletroduto.
-- B1: condutores isolados em eletroduto de seção circular sobre parede de madeira;
Condutores isolados ou
cabos
-- B2: cabo multipolar em eletroduto de seção circular unipolares
sobre paredeem
de madeira;
5 eletroduto aparente de B1
-- C: cabos unipolares ou cabo multipolar sobre parede
seçãodenão
madeira;
circular
sobre parede.
-- D: cabo multipolar em eletroduto enterrado no solo;
Cabo multipolar em
-- E: cabo multipolar ao ar livre; eletroduto aparente de
6 B2
seção não circular
-- F: cabo unipolar justapostos (na horizontal, na vertical, ou em
sobre parede. trifólio) ao ar livre;
-- G: cabos unipolares espaçados ao ar livre.
Condutores isolados ou
Uma das maneiras de instalar adotadas nas instalações elétricas
cabos prediais
unipolares em é a que os condutores isolados
são instalados no interior7de eletrodutos embutidos em paredes.deEssa
eletroduto seçãomaneira deB1
instalar é definida com
circular embutido em
base na tabela vista anteriormente como: método de instalação 7, método de referência B1. Essa informa-
alvenaria.
ção será posteriormente utilizada para consultar a tabela de máxima capacidade de condução de corrente.
PROJETOS ELÉTRICOS PREDIAIS - VOLUME II
66

CORRENTE DO CIRCUITO OU CORRENTE DE PROJETO

Para dimensionar os condutores seguindo o critério da máxima capacidade de condução de corrente,


é necessário calcular a corrente do circuito ou corrente de projeto (IP). O cálculo da corrente deve ser feito
em função do tipo de circuito. No caso de circuito monofásico (uma fase), bifásico (duas fases) e circuitos
trifásicos (três fases), as fórmulas para calcular a corrente de projeto são, respectivamente:

Pn Pn Pn
IP = IP = IP =
(Vf * cosϕ * η) (Vff * cosϕ * η) ( √ 3 * Vff * cosϕ * η)

(monofásico) (bifásico) (trifásicos)

Onde:
-- Ip = Corrente de projeto, em Ampères (A)
-- Pn = Potência nominal do circuito, em volt-ampères (VA) ou watts (W)
-- Vf = Tensão entre fase e neutro, em Volts (V)
-- Vff = Tensão entre fases, em Volts (V)
-- cosϕ = Fator de potência
-- η = Rendimento (relação entre potência mecânica e potência elétrica)

Para facilitar a sua compreensão sobre o cálculo da corrente de projeto, vamos calcular a corrente de
projeto de um circuito onde será instalado um chuveiro elétrico cuja potência é 5.500 W. Considere que
esse chuveiro será instalado em uma edificação cuja tensão é de 220 V (nesse caso, o fator de potência e
o rendimento é 1, pois o circuito é puramente resistivo). De posse dessas informações, vamos ao cálculo:
Dados para o cálculo:
-- Circuito bifásico (duas fases)
-- Vff = 220 V
-- Pn = 5.500 W
-- cosϕ = 1
-- η = 1
5 PROJETO DE INSTALAÇÕES ELÉTRICAS PREDIAIS, SEGUINDO PADRÃO DE EFICIÊNCIA ENERGÉTICA
67

Efetuando o cálculo teremos:

Pn 5.500
IP = = = 25 A
(Vff * cosΦ * η) (220 * 1 * 1)

Observe que para calcular a corrente de projeto, é necessário saber o valor da potência do circuito cujo
condutor está sendo dimensionado, a tensão do circuito, o fator de potência13 e o rendimento14, caso se
apliquem no circuito.
A corrente de projeto calculada (IP) será utilizada para definir a corrente de projeto corrigida (IPC), sendo
essa última utilizada para definir a seção do condutor, conforme veremos mais à frente.

NÚMERO DE CONDUTORES CARREGADOS DO CICUITO

Consideramos como condutor carregado aquele que efetivamente é percorrido por uma corrente elé-
trica durante o funcionamento normal do circuito. Nesse caso, os condutores fase e neutro são considera-
dos condutores carregados, porém, o condutor de proteção não, pois ele só é percorrido por uma corrente
elétrica quando ocorre uma falha no circuito que gere uma corrente de fuga à terra (tal situação não decor-
re do funcionamento normal do circuito). A quantidade de condutores carregados está relacionada ao tipo
de circuito, conforme veremos no quadro a seguir:

NÚMERO DE CONDUTORES CARREGADOS A SEREM


ESQUEMA DE CONDUTORES VIVOS
ADOTADOS

Monofásico a dois condutores 2

Monofásico a três condutores 2

Duas fases sem neutro 2

Duas fases com neutro 3

Trifásico sem neutro 3

Trifásico com neutro 3 ou 4

Quadro 4 - Número de condutores carregados


Fonte: ABNT NBR 5410, 2008.

A quantidade de condutores carregados será utilizada como parâmetro para consultar a tabela que
define a seção do condutor a ser adotado no circuito, conforme veremos mais à frente.

13 Fator de potência: relação entre a potência aparente (VA) e a potência ativa (W) de uma instalação.
14 Rendimento: relação entre a potência útil e a potência total.
PROJETOS ELÉTRICOS PREDIAIS - VOLUME II
68

FATORES DE CORREÇÃO DA CORRENTE DE PROJETO

A corrente de projeto calculada anteriormente deverá ter seus valores corrigidos em função dos seguin-
tes critérios: temperatura, agrupamento e resistividade do solo15. A seguir, veremos como cada um destes
critérios pode interferir no cálculo da corrente de circuito:
a) Fator de correção de temperatura (FCT): no dimensionamento dos condutores, a temperatura
do meio em que o condutor será instalado deve ser levada em consideração. Caso a temperatura
ambiente seja diferente 30ºC para linhas não subterrâneas ou a temperatura do solo seja dife-
rente de 20°C para linhas subterrâneas (enterradas), a norma da ABNT NBR 5410:2008 define os
fatores de correção em função da isolação do condutor, conforme veremos na tabela a seguir:

Isolação Isolação

EPR ou
Temperatura °C PVC PVC EPR ou XLPE
XLPE

Ambiente Do solo

10 1,22 1,15 1,10 1,07

15 1,17 1,12 1,05 1,04

20 1,12 1,08 0,95 0,96

25 1,06 1,04 0,89 0,93

35 0,94 0,96 0,84 0,89

40 0,87 0,91 0,77 0,85

45 0,79 0,87 0,71 0,80

50 0,71 0,82 0,63 0,76

55 0,61 0,76 0,55 0,71

60 0,50 0,71 0,45 0,65

65 - 0,65 - 0,60

70 - 0,58 - 0,53

75 - 0,50 - 0,46

80 - 0,41 - 0,38

Tabela 3 - Fatores de correção para temperaturas ambientes diferentes de 30°C


Fonte: ABNT NBR 5410, 2008.

Na tabela anterior, constam os fatores a serem adotados caso a temperatura no ambiente ou do solo,
onde será instalado o condutor, seja diferente de 30° C ou 20° C (respectivamente) para os condutores com
15 Resistividade do solo: resistência medida entre faces opostas do volume de solo.
5 PROJETO DE INSTALAÇÕES ELÉTRICAS PREDIAIS, SEGUINDO PADRÃO DE EFICIÊNCIA ENERGÉTICA
69

isolação em PVC, EPR e XLPE. Por exemplo, se um condutor com isolação de PVC for instalado em local cuja
temperatura ambiente seja 45° C, para o cálculo da corrente corrigida de projeto deve ser adotado um
fator de correção igual a 0,79. Caso esse mesmo condutor seja enterrado em uma região cuja temperatura
do solo seja 35° C, o fator de correção a ser adotado será 0,84.
b) Fator de correção de agrupamento (FCA): no dimensionamento dos condutores, a forma em
que os condutores estão agrupados deve ser levada em consideração, pois a quantidade de cir-
cuitos agrupados poderá influenciar na temperatura por conta do calor gerado durante a circu-
lação da corrente nos condutores. Por isso, a norma define fatores de correção de agrupamento
que dependem da disposição dos condutores nos dutos e do número de circuitos em um mesmo
duto, conforme veremos na tabela a seguir:

Forma de Número de circuitos ou cabos multipolares


Métodos
agrupamento
Ref. de
dos
1 2 3 4 5 6 7 8 referência
condutores

Em feixe:
ao ar livre
ou sobre
A até F
1 superfície; 1,00 0,80 0,70 0,65 0,60 0,57 0,54 0,52
embutidos;
em conduto
fechado

Camada única
sobre parede,
piso, ou em
2 1,00 0,85 0,79 0,75 0,73 0,72 0,72 0,71
bandeja não
perfurada ou C
prateleira

Camada única
3 0,95 0,81 0,72 0,68 0,66 0,64 0,63 0,62
no teto

Camada única
4 em bandeja 1,00 0,88 0,82 0,77 0,75 0,73 0,73 0,72
perfurada

EeF
Camada única
5 sobre leito, 1,00 0,87 0,82 0,80 0,80 0,79 0,79 0,78
suporte, etc.

Tabela 4 - Alguns fatores de correção de agrupamento para condutores


Fonte: ABNT NBR 5410, 2008.

Observe que quanto maior o número de circuitos agrupados menor será o fator de agrupamento a ser
adotado. Dessa forma, não é bom agrupar muitos circuitos, pois para compensar a redução do valor da
corrente será necessário superdimensionar os condutores.
PROJETOS ELÉTRICOS PREDIAIS - VOLUME II
70

SAIBA Para fatores de agrupamento superiores a 8 circuitos ou para o caso de agrupamento


de condutores organizados em camadas, consulte respectivamente a Tabela 42 e 43 da
MAIS norma ABNT NBR 5410: 2008.

c) Fator de correção de resistividade do solo (FCRS): o valor desse fator será diferente de 1,00
(um) quando a resistividade térmica do solo for diferente de 2,5 K.m/W. Nesses casos, a norma
ABNT NBR 5410:2008 estabelece que o valor da corrente seja adequadamente corrigido a partir
da adoção de um fator de correção conforme tabela a seguir:

Resistividade
1 1,5 2 3
térmica K. m/W

Fator de correção 1,18 1,1 1,05 0,96

Tabela 5 - Fatores de correção de resistividade do solo


Fonte: ABNT NBR 5410, 2008.

Sabendo quais são os fatores de correção, será possível calcular a corrente de projeto corrigida (IPC)
através da seguinte fórmula:

IP
IPC =
(FCT * FCA * FCRS)

Onde:
-- Ipc = Corrente de projeto corrigida (A);
-- Ip = Corrente de projeto calculada (A);
-- FCT = Fator de correção de temperatura;
-- FCA = Fator de correção de agrupamento;
-- FCRS = Fator de correção de resistividade do solo.

Vamos calcular a corrente de projeto corrigida (IPC) do circuito de chuveiro cuja corrente de projeto (IP)
calculamos anteriormente. Para isso, vamos considerar que os condutores desse circuito possuem isolação
de PVC e serão instalados dentro de um eletroduto juntamente com outros dois circuitos, sendo submeti-
dos a uma temperatura ambiente de 35° C. Nesse caso, não será necessário corrigir a resistividade do solo.
5 PROJETO DE INSTALAÇÕES ELÉTRICAS PREDIAIS, SEGUINDO PADRÃO DE EFICIÊNCIA ENERGÉTICA
71

De posse dessas informações, vamos calcular a corrente de projeto corrigida desse circuito, mas antes
vamos definir o FCT e o FCA:
a) Consultando a tabela “Fatores de correção para temperaturas ambientes diferentes de 30°C”,
para condutor com isolação de PVC submetido a uma temperatura ambiente de 35° C, temos que
o FCT = 0,94;
b) Consultando a tabela “Alguns fatores de correção de agrupamento para condutores” para con-
dutor em feixe em conduto fechado com 3 circuitos agrupados (circuito de chuveiro + 2 circuitos),
temos que o FCA = 0,70;
c) Sendo a corrente de projeto calculada anteriormente IP = 25 A, efetuando o cálculo teremos:

IP 25 25
IPC = = = = 37,99 A
(FCT * FCA * FCRS) (0,94 * 0,70 * 1) (0,658)

O valor da corrente de projeto corrigida (IPC) será utilizado para dimensionar a seção nominal dos con-
dutores. Sendo assim, com base nas informações referentes à quantidade de condutores carregados, o
método de instalação e a corrente corrigida é possível definir a seção nominal dos condutores consultando
as tabelas de capacidade de condução de corrente do condutor presentes na norma ABNT NBR 5410: 2008.
As tabelas são definidas em função do tipo de isolação do condutor (PVC, EPR, XPLE).
A seguir, veremos uma das tabelas presentes na norma. Ela apresenta as capacidades de condução de
corrente em ampères para condutores de cobre, com isolação em PVC, tendo como referência a tempera-
tura no condutor 70°C e as temperaturas do ambiente 30ºC (ar) e 20°C (solo), para os métodos de referência
A1, A2, B1, B2, C e D.
PROJETOS ELÉTRICOS PREDIAIS - VOLUME II
72

Tabela 6 - Capacidade de condução de corrente para métodos de referência A1, A2, B1, B2, C e D de condutores de cobre
Fonte: ABNT NBR 5410, 2008.
5 PROJETO DE INSTALAÇÕES ELÉTRICAS PREDIAIS, SEGUINDO PADRÃO DE EFICIÊNCIA ENERGÉTICA
73

A tabela vista anteriormente apresenta na primeira coluna a relação das seções nominais dos condu-
tores que pode ser encontrada mediante o cruzamento das informações do método de referência (A1,
A2, B1, B2, C e D), com o número de condutores carregados (2 ou 3) e com o valor da máxima capacidade
de condução de corrente do condutor, sendo que esse deve ser maior que o valor da corrente de projeto
corrigida (IPC).

FIQUE Ao consultar a tabela de capacidade de condução de corrente do condutor, atente-se


ALERTA ao método de referência, tipo e isolação do condutor ao qual ela se refere.

Para facilitar a compreensão do assunto, vamos dimensionar a seção nominal do condutor de alimenta-
ção do circuito de chuveiro elétrico cuja IPC calculamos no item anterior, lembrando que o chuveiro possui
uma potência nominal de 5.500 W com tensão de 220 V, e que os condutores desse circuito terão isolação
de PVC e serão instalados em eletroduto embutido em alvenaria. Dessa forma, temos as seguintes infor-
mações:
a) O método de referência adotado é o B1, condutores isolados em eletroduto de seção circular
embutido em alvenaria;
b) O número de condutores carregados é 2, pois o circuito do chuveiro é bifásico (fase + fase);
c) Corrente de projeto corrigida IPC = 37,99 A.

Com essas informações, vamos consultar a tabela “Capacidade de condução de corrente para métodos
de referência A1, A2, B1, B2, C e D de condutores de cobre”, com base no método de referência (B1) e na
quantidade de condutores carregados (2). Depois, vamos consultar a coluna 6 da tabela e verificar qual
condutor apresenta uma máxima capacidade de condução de corrente que seja maior que o valor da cor-
rente de projeto corrigida do circuito (IPC = 37,99 A). Nesse caso, o condutor a ser adotado nesse circuito é
o de 6 mm² cuja capacidade máxima de condução de corrente é de 41 A (conforme marcação na tabela
anterior).

5.1.2 MÁXIMA QUEDA DE TENSÃO

O condutor, além de ser dimensionado em função da capacidade máxima de condução de corrente,


deve ser dimensionado também em função da máxima queda de tensão, pois os valores de queda de
tensão devem estar dentro dos limites pré-definidos, de forma que os equipamentos possam funcionar de
forma adequada, evitando que ocorram falhas que podem causar efeitos, reduzindo a vida útil do equipa-
mento.
PROJETOS ELÉTRICOS PREDIAIS - VOLUME II
74

SAIBA Consulte a concessionária de distribuição de energia elétrica da sua região e saiba qual
MAIS o valor máximo de queda de tensão admissível para o ramal de entrada da edificação.

Por conta disso, a ABNT NBR 5410 estabelece limites de queda de tensão a serem observados no dimen-
sionamento dos condutores, sendo que o valor de queda de tensão em qualquer ponto da instalação não
deve ser superior aos seguintes valores, com relação ao valor da tensão nominal da instalação:
a) 7%, calculados a partir dos terminais secundários do transformador de média para baixa tensão,
podendo esse transformador ser de propriedade da unidade consumidora ou ainda da própria
empresa distribuidora de eletricidade. No caso de grupo gerador da própria empresa, esse per-
centual deverá ser calculado a partir dos terminais de saída do gerador;
b) 5%, quando as instalações são derivadas das redes secundárias de distribuição. Esse percentual
será calculado a partir do ponto de entrega, ou seja, do ponto de conexão da rede secundária com
o ramal de entrada do consumidor;
c) 4%, limite máximo de queda de tensão nos circuitos terminais.

Para calcular a seção do condutor seguindo o critério de queda de tensão serão necessárias as seguintes
informações:
a) Método de referência para a instalação;
b) Material do eletroduto (magnético ou não magnético);
c) Número de condutores carregados no circuito;
d) Corrente de projeto (Ip);
e) Fatores de potência do circuito;
f) Distância entre os pontos onde foi fixada a queda de tensão (L);
g) A isolação do condutor;
h) Tensão do circuito;
i) Queda de tensão admissível (e%).
Com base nas informações listadas anteriormente, é possível calcular o valor da queda de tensão em
cada trecho da instalação e verificar se ela está dentro dos limites definidos pela norma, utilizando a fór-
mula a seguir:

∆Vunit. * IP * l * 100
∆e(%) = (≤ limite definido em norma)
Vn
5 PROJETO DE INSTALAÇÕES ELÉTRICAS PREDIAIS, SEGUINDO PADRÃO DE EFICIÊNCIA ENERGÉTICA
75

Onde:
-- ∆e(%) = queda de tensão máxima admissível no trecho, em percentual (%);
-- ∆Vunit. = queda de tensão unitária, em Volt por Ampère x quilômetro (V/ A. Km);
-- IP = Corrente de projeto calculada (A);
-- l = Distância entre os pontos onde foi fixada a queda de tensão (Km);
-- Vn = Tensão nominal do circuito, em Volt (V).
O valor da queda de tensão unitária (∆ Vunit) deve ser consultado nas tabelas técnicas dos fabricantes de
condutores, com base na seção nominal do condutor definida mediante cálculo da corrente de projeto (IP).
Após ser calculada a queda de tensão máxima admissível no trecho (∆ e%), deve ser verificado se a mes-
ma está dentro dos limites estabelecidos pela norma ou pela concessionária de energia elétrica. Algumas
concessionárias definem limites de queda de tensão a serem adotados nos circuitos terminais inferiores ao
limite da norma.
A seguir, veremos parte de uma tabela que apresenta a seção nominal dos condutores em função da
queda de tensão em V/A.Km, calculada em cada trecho da instalação. A seção do condutor é encontrada
mediante o cruzamento das informações referentes ao eletroduto ou eletrocalha (se é de material mag-
nético ou não); tipo de circuito (monofásico ou trifásico); e do valor do fator de potência (FP = 0,8 ou 0,95).

Eletroduto e
Eletroduto e eletrocalha (material não –
eletrocalha (material
magnético)
magnético)
Seção nominal Circuito monofásico
(mm²) Circuito monofásico Circuito trifásico
e trifásico

FP = 0,8 FP = 0,95 FP = 0,8 FP = 0,95 FP = 0,8 FP = 0,95

1,5 23 27,4 23,3 27,6 20,2 23,9

2,5 14 16,8 14,3 16,9 12,4 14,7

4 9,0 10,5 8,96 10,6 7,79 9,15

6 5,87 7,00 6,03 7,07 5,25 6,14

10 3,54 4,20 3,63 4,23 3,17 3,67

16 2,77 2,70 2,32 2,68 2,03 2,33

25 1,5 1,72 1,51 1,71 1,33 1,49

35 1,12 1,25 1,12 1,25 0,98 1,09

50 0,86 0,95 0,85 0,94 0,76 0,82

70 0,64 0,67 0,62 0,67 0,55 0,59

95 0,50 0,51 0,48 0,50 0,43 0,44

Tabela 7 - Queda de tensão em V/A.km para cabo Superastic, Suoerastic flex, fio Superastic e Afumex 750 V
Fonte: SENAI DR BA, 2017.
PROJETOS ELÉTRICOS PREDIAIS - VOLUME II
76

Para ter acesso a tabelas dos fabricantes de condutores basta consultar os catálogos técnicos. Essa con-
sulta pode ser feita no próprio site dos fabricantes de condutores, como por exemplo Prysmian, Cobrecom,
Ficap, Condugel, entre outros.
Para facilitar a compreensão do assunto, vamos dimensionar a seção nominal do condutor de alimen-
tação de um circuito de chuveiro elétrico de 5.500 W em tensão de 220 V, sendo o FP = 1 e rendimento
igual 1. O chuveiro estará posicionado a 15 metros de distância do quadro de distribuição e o circuito será
instalado em eletroduto de PVC embutido em alvenaria a uma temperatura ambiente de 30ºC e não possui
nenhum circuito agrupado a ele.
Dados:
-- Vff = 220 V
-- L = 15 m = 0,015 km (distância do quadro de distribuição até o chuveiro)
-- FP = 1 e η = 1
O primeiro passo é calcular corrente de projeto do circuito, como vimos anteriormente:

Pn 5.500
IP = = = 25 A
(Vff * cosΦ * η) (220 * 1 * 1)

O segundo passo é definir a seção do condutor que atende a esse circuito. Essa informação será neces-
sária para definirmos a queda de tensão unitária (∆ Vunit) a ser considerada no cálculo da queda de tensão
máxima admissível no trecho.
Para definir a seção do condutor, deve ser consultada a tabela de “Capacidade de condução de corrente
para os métodos de referência A1, A2, B1, B2, C e D de condutores de cobre”. Nela, verificamos que para o
método de referência B1, dois condutores carregados e uma corrente Ip 25 A, o condutor de 4 mm² (limite
de condução de corrente 32 A) atende a corrente em questão.
O terceiro passo é consultar a tabela de “Queda de tensão unitária”. Sabendo que o eletroduto utili-
zado é não metálico (PVC), o circuito é monofásico, o fator de potência é 1,0 (nesse caso, consideramos o
FP = 0,95) e o condutor é 4 mm², temos que a queda de tensão unitária ∆ Vunit = 10,60.
O próximo passo é calcular a queda de tensão máxima admissível no trecho, sabendo que ∆ Vunit = 10,60,
Ip = 25 A, Vn = 220 V e l = 15 m ou 0,015 Km:

∆Vunit. * IP * l * 100 10,6 * 25 * 0,015 * 100


∆e(%) = = = 1,81% < 4%
Vn 220

Como a queda de tensão calculada (1,81%) é inferior ao limite definido em norma (4% circuitos termi-
nais), concluímos que o condutor para esse circuito de chuveiro terá seção de 4 mm².
5 PROJETO DE INSTALAÇÕES ELÉTRICAS PREDIAIS, SEGUINDO PADRÃO DE EFICIÊNCIA ENERGÉTICA
77

5.1.3 MÍNIMA SEÇÃO NORMALIZADA

Após dimensionarmos a seção dos condutores pelos critérios da máxima capacidade de condução de
corrente e da máxima queda de tensão, é necessário verificar se as seções calculadas atendem o critério
da mínima seção normalizada. A ABNT NBR 5410, estabelece as seções mínimas dos condutores a serem
adotadas em função da aplicação dos circuitos, conforme o quadro a seguir:

Seção mínima do
Tipo de linha Utilização do circuito condutor mm² -
material
1,5 Cu (cobre)
Circuito de iluminação 16 Al (alumínio)
Condutores e 2,5 Cu
cabos isolados Circuito de força 16 Al
Instalações Circuito de sinalização e circuitos
0,50 Cu
fixas em geral de controle
10 Cu
Circuito de força
16 Al
Condutores nus
Circuito de sinalização e circuitos
4 Cu
de controle
Como especificado na
Para um equipamento especifico
norma do equipamento
Linhas flexíveis com cabos
Para qualquer outra aplicação 0,75 Cu
isolados
Circuitos de extra baixa tensão
0,75 Cu
para aplicações especiais

Quadro 5 - Seção mínima dos condutores


Fonte: ABNT NBR 5410, 2008.

Nas instalações elétricas prediais, os condutores comumente adotados são os condutores isolados de
cobre (Cu). Analisando a tabela anterior, veremos que as seções mínimas a serem adotadas no dimensio-
namento dos condutores de cobre são: 1,5 mm² para circuito de iluminação e 2,5 mm² para circuitos de
força (circuitos de tomada).
Além de definir a seções mínimas dos condutores da instalação como um todo, a ABNT NBR 5410: 2008
estabelece também as seções dos condutores neutro e de proteção. No caso do condutor neutro, ele não
deve ser comum a mais de um circuito e sua seção (S) não pode ser inferior à seção do condutor fase, po-
dendo ter sua seção reduzida nos casos em que a seção do condutor fase for superior a 25 mm², conforme
mostra a tabela a seguir:
PROJETOS ELÉTRICOS PREDIAIS - VOLUME II
78

Seção dos condutores de fase mm² Seção reduzida do condutor neutro mm²

S ≤ 25 S

35 25

50 25

70 35

95 50

120 70

150 70

185 95

240 120

300 150

400 185

Tabela 8 - Seção reduzida do condutor neutro


Fonte: ABNT NBR 5410, 2008.

Observe que o condutor neutro terá a mesma seção do condutor fase quando a seção deste for igual ou
inferior a 25 mm². Quando superior a esse valor, o condutor neutro poderá ter a sua seção reduzida.

Objetivando facilitar a execução e manutenção das instalações elétricas, a ABNT


NBR 5410 define cores padronizadas para a identificação dos condutores: azul para
FIQUE identificar o condutor neutro, verde ou verde e amarelo para o condutor de proteção
ALERTA e cores diferentes destas para o condutor fase (comumente utiliza-se preto, branco,
vermelho ou marrom).
(Fonte: ABNT, 2008).

No caso do condutor de proteção, a ABNT NBR 5410 define que ele pode ser comum a mais de um cir-
cuito, desde que seja instalado em um mesmo conduto (eletroduto, eletrocalha, entre outros) e sua seção
poderá ser definida pela tabela a seguir:
5 PROJETO DE INSTALAÇÕES ELÉTRICAS PREDIAIS, SEGUINDO PADRÃO DE EFICIÊNCIA ENERGÉTICA
79

Seção mínima do condutor de proteção


Seção dos condutores de fase mm²
correspondente mm²

S ≤ 16 S

16< S ≤ 35 16

S > 35 S/ 2

Tabela 9 - Seção mínima do condutor de proteção


Fonte: ABNT NBR 5410, 2008.

Observe na tabela anterior que o condutor de proteção terá a mesma seção do condutor fase quando a
seção deste for igual ou inferior a 16 mm². Quando a seção do condutor fase for entre 16 e 35 mm², a seção
do condutor de proteção será 16 mm²; e quando a seção do condutor fase for superior a 35 mm², a seção
do condutor de proteção será metade da seção do condutor fase.
Analisando os exemplos anteriores e de acordo com a seção mínima estabelecida na norma, temos que:
a) Para o circuito de chuveiro dimensionado pelo método da máxima capacidade de condução de
corrente, cuja seção do condutor calculado foi de 6 mm², temos que os condutores fase, neutro e
proteção terão seção de 6 mm²;
b) Para o circuito de chuveiro dimensionado pelo método da máxima queda de tensão, cuja seção
do condutor calculado foi de 4 mm², temos que os condutores fase, neutro e proteção terão se-
ção de 4 mm².
Após ser definida a seção dos condutores através dos métodos da “máxima capacidade de condução
de corrente” e da “máxima queda de tensão”, a seção a ser adotada no circuito deve ser a seção que apre-
senta o maior valor dentre as calculadas a partir desses métodos, devendo essa seção ser igual ou superior
à mínima seção definida na norma.
Agora que já sabemos como dimensionar a seção dos condutores, aprenderemos a seguir a dimensio-
nar os dispositivos de proteção, pois um condutor só pode ser considerado completamente dimensionado
após ser verificada a coordenação dele com o dispositivo de proteção, conforme veremos no próximo item.
PROJETOS ELÉTRICOS PREDIAIS - VOLUME II
80

5.2 DIMENSIONAMENTO DE DISPOSITIVOS DE PROTEÇÃO

Conforme estudamos na unidade curricular Instalações Elétricas Prediais, os dispositivos de proteção


são responsáveis pela proteção das instalações contra acidentes que possam ocorrer tanto por contatos
diretos em partes energizadas da instalação como por contatos indiretos, quando ocorre uma falha nos
circuitos, sendo necessário garantir a segurança das instalações elétricas e das pessoas.
Os dispositivos de proteção variam em função do tipo de proteção que se deseja na instalação, poden-
do ser:
a) Proteção contra sobrecarga: relés térmicos ou bimetálicos;
b) Proteção contra curto-circuito: fusíveis e disjuntores magnéticos;
c) Proteção contra sobrecarga e curto-circuito: disjuntores termomagnéticos;
d) Proteção contra choques elétricos: disjuntores diferenciais residuais;
e) Proteção contra sobretensões: para raios, DPS - Dispositivo de Proteção contra Surto.

Dentre os dispositivos listados anteriormente, aprenderemos a dimensionar os dispositivos de prote-


ção contra sobrecarga e curto-circuito e o dispositivo de proteção contra choques elétricos, pois são os de
uso mais frequente em instalações elétricas prediais.

5.2.1 PROTEÇÃO CONTRA SOBRECORRENTE

Nos circuitos terminais devem ser instalados dispositivos que garantam a proteção contra sobrecorren-
tes, assegurando a interrupção de todos os condutores fase, ou seja, o dispositivo deve ter a quantidade
de polos equivalente à quantidade de fases do circuito que irá proteger, de forma que, ao ser acionado,
interrompa todas as fases.
Para o dimensionamento dos dispositivos de proteção contra sobrecargas, a ABNT NBR 5410:2008 de-
fine no item 5.3.4 os critérios a serem seguidos a fim de assegurar uma perfeita coordenação entre os con-
dutores e os dispositivos de proteção contra sobrecorrente (sobrecargas e curto-circuito).
5 PROJETO DE INSTALAÇÕES ELÉTRICAS PREDIAIS, SEGUINDO PADRÃO DE EFICIÊNCIA ENERGÉTICA
81

[I2Z

lP lP IZ 1,45 IZ

I(A)
IN I2
IN

I2

IZ Capacidade de Condução de corrente corrigida do condutor

lP Corrente de projeto do circuito

IN Corrente nominal do disjuntor

I2 Corrente convencional de atuação do disjuntor

Figura 24 -  Condições de atuação contra sobrecarga


Fonte: ABNT NBR 5410, 2008. (Adaptado).

Na figura anterior, vemos uma relação entre a corrente de projeto (Ip) e a capacidade de condução de
corrente do condutor (Iz), que são usadas como referência para definir a corrente nominal do dispositivo
de proteção (In), condição expressa pela inequação a) a seguir. Além disso, vemos também a relação entre
a corrente convencional de atuação do disjuntor (I2) e a capacidade de condução de corrente do condutor,
condição expressa pela inequação b) a seguir.

a)IP ≤ In ≤ IZ b)I2 ≤ 1,45 * IZ


Onde:
-- Ip: corrente de projeto do circuito;
-- In: corrente nominal do dispositivo de proteção;
-- Iz: capacidade de condução de corrente corrigida dos condutores;
-- I2: corrente convencional de atuação para disjuntores.
PROJETOS ELÉTRICOS PREDIAIS - VOLUME II
82

A primeira condição (a) está relacionada à coordenação contra correntes de sobrecarga. Analisando
essa condição temos:
a) A corrente nominal do disjuntor (In) não pode ser inferior à corrente de projeto (Ip), evitando
assim que o dispositivo atue durante o funcionamento normal do circuito;
b) A corrente nominal do disjuntor (In) não pode ser muito superior à capacidade de condução de
corrente corrigida do condutor (Iz);
c) A corrente de projeto (Ip) não pode ser superior à capacidade de condução de corrente corrigida
do condutor (Iz).

A ABNT NBR NM 60898 estabelece que os valores de correntes nominais convencionais que os disjun-
tores podem suportar a uma temperatura normalmente de 30°C são: 10 A, 13 A, 16 A, 20 A, 25 A, 32 A, 40
A, 50 A, 63 A, 80 A, 100 A e 125 A.
Esses valores não se aplicam a todos os disjuntores (monopolar, bipolar ou tripolar) nem a todas as
curvas (B, C e D), devendo, nesse caso, ser analisado o catálogo dos fabricantes e avaliado o disjuntor mais
adequado ao circuito que estiver sendo projetado.
A segunda condição de coordenação (b) está relacionada à corrente de atuação convencional do dispo-
sitivo (I2) contra sobrecarga. Analisando essa condição temos:
Primeiro é necessário calcular a corrente de atuação contra sobrecarga do disjuntor (I2) através da equa-
ção:

I2 = IN * α (A)

Sendo:
-- I2: corrente convencional de atuação para disjuntores;
-- In: corrente nominal do dispositivo de proteção;
-- α: valor do limite máximo com o qual o dispositivo deve atuar contra corrente de sobrecarga.

Após ser feito o cálculo da corrente convencional de atuação do disjuntor (I2), deve ser verificado se essa
corrente não é superior a 45% da capacidade de condução de corrente do condutor (Iz). Ou seja, verifica-se
o atendimento à inequação I2 ≤ 1,45 * IZ . O atendimento a essa condição evita o aquecimento dos condu-
tores no caso de uma sobrecarga no circuito.
No quadro a seguir, veremos as curvas de atuação ou de disparo térmico do disjuntor. Elas são indicadas
pelas letras B, C e D e são relacionadas ao disparo magnético do dispositivo. A faixa de atuação do disparo
varia de 3 a 20 vezes o valor da corrente nominal (IN), de forma que a escolha é feita em função do tipo de
carga do circuito que se pretende proteger, conforme o quadro a seguir:
5 PROJETO DE INSTALAÇÕES ELÉTRICAS PREDIAIS, SEGUINDO PADRÃO DE EFICIÊNCIA ENERGÉTICA
83

CURVA B CURVA C CURVA D


Para proteção de circuitos
Para proteção de circuitos Para proteção de circuitos
que alimentam cargas
que alimentam cargas que alimentam cargas
altamente indutivas
sensíveis, eletrônicas indutivas com picos de
com elevados picos de
ou resistivas (chuveiros, corrente no momento que
corrente no momento da
torneiras elétricas, tomadas são ligados (ar condicionado,
ligação (grandes motores,
de uso geral) motores, micro-ondas)
transformadores)
Atuação do disparo Atuação do disparo Atuação do disparo
magnético de 3 IN a 5 IN magnético de 5 IN a 10 IN magnético de 10 IN a 20 IN

Curva B Curva C Curva D

Quadro 6 - Curva de atuação de disjuntores termomagnético


Fonte: SIEMENS, 2016.

A corrente convencional de atuação do disjuntor contra sobrecarga é 45% acima do valor nominal do
dispositivo. Ou seja, quando passar pelo dispositivo uma corrente cujo valor seja 1,45 vezes a sua corrente
nominal, o dispositivo atuará em um tempo de 2,5 a 60 minutos (ver gráficos). Quando a corrente de sobre-
carga for de até 13% acima do valor nominal do dispositivo (quando passa pelo dispositivo uma corrente
cujo valor seja 1,13 vezes a corrente nominal), ele não atuará antes de 1 h.
Observe nos gráficos anteriores que o trecho que difere nas curvas é a corrente de disparo magnético
do dispositivo de proteção, sendo de 3 a 5 IN para a Curva B, de 5 a 10 IN para a Curva C e de 10 a 20 IN para
a Curva D. A faixa amarela dos gráficos mostram a atuação do disjuntor em função do disparador térmico
e a faixa azul em função do disparador magnético do dispositivo.
Uma definição incorreta da curva de disparo magnético do dispositivo de proteção pode gerar atuações
indesejadas em circunstancias normais de funcionamento como, por exemplo, a utilização de um disjuntor
Curva B em um circuito que alimente um motor. Nesse caso, o disjuntor poderá atuar no momento em que
o motor estiver sendo acionado (corrente de pico do motor é elevada), sendo indicado para circuitos que
alimentam motores os dispositivos Curva C que possuem corrente de atuação ente 5 a 10 IN.
PROJETOS ELÉTRICOS PREDIAIS - VOLUME II
84

DIMENSIONANDO O DISPOSITIVO DE PROTEÇÃO

O dimensionamento do disjuntor pode ser feito seguindo, respectivamente, os procedimentos abaixo,


que serão explicados através de um exemplo. Nesse caso, vamos efetuar o dimensionamento do circuito
de um chuveiro elétrico de 5.500 W em tensão de 220 V, sendo o fator de potência e o rendimento igual a 1.
O chuveiro estará posicionado a 15 metros de distância do quadro de distribuição, os condutores do cir-
cuito serão de cobre com isolação em PVC e serão instalados em eletroduto de PVC embutido em alvenaria
e estarão submetidos a uma temperatura ambiente de 30° C, não possuindo nenhum circuito agrupado a
ele. Considere ainda que o quadro onde será instalado o disjuntor não possui ventilação.
Dados:
-- Pn = 5.500 W
-- Vff = 220 V
-- FCA = 1, não há circuitos agrupados
-- FCT = 1, temperatura 30° C
-- cosϕ = 1 e η = 1

Método de referência B1, eletroduto de seção circular embutido em alvenaria.


a) O primeiro passo é calcular a corrente de projeto (Ip) do circuito. No caso do circuito de chuveiro,
temos que Pn = 5.500 W e V = 220 V, cosϕ = 1 e η = 1;

Pn 5.500
IP = IP = = 25 A
(Vff * cosϕ * η) (220 * 1 * 1)

b) O segundo passo é dimensionar a seção do condutor com base na corrente de projeto calculada
anteriormente, mediante consulta na tabela “Capacidade de condução de corrente para métodos
de referência A1, A2, B1, B2, C e D de condutores de cobre” (vista no item 5.1.1). Nesse caso, o
método de referência adotado é o B1 e o circuito possui dois condutores carregados (duas fases).
Assim, a seção que atende a corrente calculada de 25 A é o condutor de 4 mm²;
c) O terceiro passo é consultar a capacidade limite de condução do condutor (Ic) para o condutor
dimensionado no passo anterior na tabela de “Capacidade de condução de corrente para méto-
dos de referência A1, A2, B1, B2, C e D de condutores de cobre”. Para o condutor de 4 mm² temos
que o Ic = 32 A;
d) O quarto passo é calcular a corrente corrigida do condutor (Iz) em função dos fatores de tempe-
ratura e agrupamento conforme equação a seguir. No caso do circuito de chuveiro, temos que
Ic = 32 A, FCA e FCT = 1:
5 PROJETO DE INSTALAÇÕES ELÉTRICAS PREDIAIS, SEGUINDO PADRÃO DE EFICIÊNCIA ENERGÉTICA
85

IZ = IC * FCA * FCT IZ = 32 * 1 * 1 = 32 A

Onde:
-- Iz: corrente corrigida do condutor;
-- Ic: capacidade limite de condução de corrente do condutor;
-- FCA: fator de correção de agrupamento dos circuitos;
-- FCT: fator de correção de temperatura.

e) O quinto passo é corrigir a temperatura do disjuntor caso ele seja instalado em quadro de distri-
buição sem ventilação. Nesse caso, há um acréscimo de temperatura de 10°C a ser considerado,
conforme demonstra a sequência a seguir:

temperatura ambiente + 10º C (acréscimo de temperatura disjuntor)


30º C + 10º C = 40º C

Após calcular a temperatura na qual os disjuntores estarão submetidos, é necessário consultar na tabela
“Fator de correção de temperatura” o FCT em função da temperatura calculada do disjuntor, no caso da
temperatura de 40°C, o FCT = 0,87;
f) O sexto passo é calcular a corrente do disjuntor através da seguinte equação. No caso do circuito
do chuveiro, sabemos que Ip = 25 A e FCT = 0,87:

IP 25
Idisjuntor = Idisjuntor = = 28,74 A
FCT 0,87

g) O sétimo passo é analisar a coordenação entre o condutor e o dispositivo de proteção através


da inequação a seguir, e avaliar a corrente nominal do dispositivo de proteção que atende aos
critérios da inequação. No caso do circuito do chuveiro, temos que IP = 25 A, In = 28,74 e IZ = 32 A:

IP ≤ In ≤ IZ
25 A ≤ 28,74 ≤ 32 A
25 A ≤ 32 A ≤ 32 A (inequação atendida)

Caso a inequação não seja atendida, será necessário adotar uma nova seção do condutor imediata-
mente superior à que foi anteriormente definida e calcular a corrente corrigida do condutor (Iz) dessa nova
seção verificando novamente a inequação.
Caso a inequação seja atendida, será necessário definir a corrente nominal comercial do disjuntor (In)
que atenda a inequação anterior. Nesse caso, a corrente nominal comercial do disjuntor é In = 32 A.
PROJETOS ELÉTRICOS PREDIAIS - VOLUME II
86

h) O oitavo passo é calcular a corrente de atuação contra sobrecarga, considerando α = 1,45, através
da equação a seguir. No caso do circuito de chuveiro, temos que In = 32 A:

I2 = IN * α (A) I2 = 32 A * 1,45 = 46,4 A

i) Por fim, o nono passo é analisar a coordenação entre a corrente de atuação contra sobrecarga e a
corrente do condutor utilizando a seguinte expressão:

I2 ≤ 1,45 * IZ
46,4 A ≤ 1,45 * 32 A
46,4 A ≤ 46,4 A

Concluímos com isso que o disjuntor a ser utilizado nesse circuito é um disjuntor termomagnético
bipolar (duas fases) de 32 A, curva B (circuito de chuveiro elétrico).

5.2.2 PROTEÇÃO CONTRA CHOQUES ELÉTRICOS

Além de prever a proteção contra sobrecorrentes, a ABNT NBR 5410 estabelece ainda que sejam previs-
tas medidas de proteção contra choques elétricos, de forma que:
a) As partes vivas perigosas (energizadas) não sejam acessíveis;
b) As massas ou partes condutivas acessíveis não ofereçam perigo, tanto em condições normais,
como em caso de alguma falha que as tornem acidentalmente vivas.

Para assegurá-las, a norma apresenta dois tipos de proteção:


a) Básica: destina-se a impedir o contato com partes vivas perigosas;
b) Supletiva: destina-se a suprir a proteção contra choques elétricos quando as massas ou partes
condutivas se tornam acidentalmente vivas.

Uma das medidas utilizadas para assegurar esse tipo de proteção é o uso do dispositivo diferencial re-
sidual (DR) que, conforme estudamos na unidade curricular Instalações Elétricas, atua quando a corrente
diferencial residual (I∆n) atinge um determinado valor em condições especificadas. No caso do DR de alta
sensibilidade, ele irá atuar quando a corrente diferencial residual for 30 mA, sendo indicado para a prote-
ção de pessoas contra choques elétricos.
Já o DR de baixa sensibilidade irá atuar quando a corrente diferencial residual for 300 mA. Esse dispo-
sitivo não é recomendado para a proteção de pessoas, mas pode ser utilização na proteção da instalação
contra incêndios.
O dispositivo diferencial residual (DR) pode ser de dois tipos: disjuntor diferencial residual DDR, que
atua protegendo os condutores do circuito contra sobrecargas e curto-circuito e as pessoas contra cho-
5 PROJETO DE INSTALAÇÕES ELÉTRICAS PREDIAIS, SEGUINDO PADRÃO DE EFICIÊNCIA ENERGÉTICA
87

ques elétricos; ou interruptor diferencial residual IDR, que protege apenas as pessoas contra choques elé-
tricos, sendo necessário nesse último caso o uso de um disjuntor termomagnético para a proteção dos
condutores do circuito contra sobrecargas e curto-circuito.
Na figura a seguir, veremos um exemplo de interruptor diferencial residual (IDR) de alta sensibilidade.
Observe que no corpo do dispositivo estão descritas as informações referentes a ele como, por exemplo:
o valor da corrente nominal do dispositivo (nesse caso é de 40 A), a sensibilidade (0,030 A, indicando que
esse dispositivo é de alta sensibilidade), assim como a indicação de uso para circuitos de corrente alterna-
da.

Corrente nominal
do dispositivo

Sensibilidade
do dispositivo

Para uso em
corrente alternada

Figura 25 -  Detalhe IDR de alta sensibilidade


Fonte: SENAI DR BA, 2017.

A ABNT NBR 5410 determina a obrigatoriedade do uso do dispositivo de proteção diferencial residual
de alta sensibilidade (corrente diferencial residual I∆n igual ou inferior a 30 mA ou 0,030 A) nos seguintes
ambientes:
a) Circuitos que alimentem pontos de utilização situados em locais que contenham banheiras ou
chuveiros;
b) Circuitos que alimentem tomadas localizadas em áreas externas à edificação;
c) Circuitos de tomadas localizadas em áreas internas que podem alimentar equipamentos na área
externa;
d) Circuitos que alimentem pontos de utilização situados em cozinha, copas-cozinhas, áreas de ser-
viço, garagens e demais dependências internas molhadas ou sujeitas a lavagens.
PROJETOS ELÉTRICOS PREDIAIS - VOLUME II
88

O dimensionamento do dispositivo DR é feito com base na corrente de projeto do circuito onde o dis-
positivo será instalado e na sensibilidade do dispositivo, sendo que a corrente nominal do dispositivo DR
(INDR) não pode ser inferior à corrente nominal do disjuntor (IND) dimensionado, conforme demonstra a
expressão seguinte:

INDR ≥ IND (A)

Sendo:
-- INDR: corrente nominal dispositivo DR;
-- IND: corrente nominal do disjuntor.

Os valores de corrente nominal do dispositivo DR podem ser: 25, 40, 63, 80, 100 e 125 A e eles são en-
contrados em 2 e 4 polos (bipolar e tetrapolar), conforme estudamos em unidades anteriores.
Para facilitar a compreensão do assunto, vamos dimensionar o dispositivo DR para o circuito de chuvei-
ro elétrico de 5.500 W em tensão de 220 V, ou seja, utilizaremos os mesmos dados que estamos dimensio-
nando ao longo desse capítulo.
Nós dimensionamos no item “Dimensionado o dispositivo de proteção” a corrente nominal do disjun-
tor como sendo IND = 32 A bipolar. Assim, o próximo passo é definir a corrente do dispositivo DR de modo
a atender o critério visto anteriormente:

INDR ≥ IND (A)


INDR ≥ 32 A
INDR = 40 A

Sabendo que a corrente do disjuntor do circuito de chuveiro é IND = 32 A (bipolar) e analisando o critério
anterior, temos que a corrente do dispositivo DR (INDR) deve ser maior ou igual à corrente do disjuntor (IND),
sendo assim, a corrente do dispositivo DR será a corrente nominal comercial que atenda a esse critério.
Com base nas correntes nominais comerciais dos dispositivos DR vistas anteriormente (25, 40, 63, 80,
100 e 125 A), temos que o DR do circuito do chuveiro terá corrente nominal igual a INDR = 40 A e será bipolar
(duas fases), atendendo dessa forma ao critério definido.
5 PROJETO DE INSTALAÇÕES ELÉTRICAS PREDIAIS, SEGUINDO PADRÃO DE EFICIÊNCIA ENERGÉTICA
89

5.3 DIMENSIONAMENTO DE ELETRODUTO

Dimensionar um eletroduto nada mais é do que definir o tamanho ou a sua seção nominal em cada
trecho da instalação. O eletroduto deve ser dimensionado de forma que permita que os condutores sejam
instalados e retirados com facilidade após a sua instalação. Por conta disso, a ABNT NBR 5410 estabelece
alguns critérios a serem considerados em seu dimensionamento:
a) Taxa de ocupação do eletroduto: é o limite máximo a ser ocupado pelos condutores dentro do
eletroduto. Esse valor é definido em função da área da seção transversal dos condutores previstos
em comparação com a área útil do eletroduto, de forma que essa taxa não seja superior a:
-- 53% no caso de um condutor;
-- 31% no caso de dois condutores;
-- 40% no caso de três ou mais condutores.
Na figura a seguir, veremos a relação entre a taxa de ocupação dos condutores (40%) e o espaço asse-
gurado para a instalação e/ou manutenção dos condutores dentro do eletroduto (60%).

40% 60%

Diâmetro
interno

Condutores Diâmetro
interno

Figura 26 -  Taxa de ocupação do eletroduto


Fonte: SENAI DR BA, 2017.

b) Trechos contínuos: os trechos contínuos e retilíneos de uma instalação que não são interpostos
por caixas ou equipamentos devem ter o comprimento limitado a 15 m no caso de linhas internas
à edificação e 30 m, no caso de linhas externas à edificação. Caso os trechos possuam curvas, esses
limites de 15 e 30 m são reduzidos em 3 m para cada curva de 90º, podendo ser instaladas no má-
ximo 3 curvas de 90º, não sendo permitidas curvas com ângulos superiores a esse. Essa redução
das distâncias visa facilitar a passagem dos condutores durante a execução da instalação.
Os eletrodutos devem ser dimensionados após a definição do traçado das instalações e do dimensio-
namento dos condutores, pois assim é possível saber a quantidade e seção dos condutores que passarão
em cada trecho da instalação. De posse dessa informação, é possível realizar o dimensionamento do ele-
PROJETOS ELÉTRICOS PREDIAIS - VOLUME II
90

troduto, que pode ser feito de duas formas: com o uso de tabelas técnicas ou calculando as seções dos
condutores.

5.3.1 DIMENSIONAMENTO DO ELETRODUTO POR MEIO DE TABELAS TÉCNICAS

Uma das formas de realizar o dimensionamento dos eletrodutos é com o auxílio de tabelas técnicas.
Para isso, é necessário:
a) Definir o tipo de eletroduto que será utilizado na instalação (PVC, metálico, etc.);
b) Contar o número de condutores de cada trecho;
c) Dimensionar o eletroduto tendo como base o condutor de maior seção de cada trecho.
De posse dessas informações, o próximo passo é consultar as tabelas técnicas específicas do tipo de
eletroduto escolhido e verificar o diâmetro do eletroduto. A tabela a seguir apresenta o diâmetro dos ele-
trodutos de PVC em função da quantidade e seção dos condutores.
5 PROJETO DE INSTALAÇÕES ELÉTRICAS PREDIAIS, SEGUINDO PADRÃO DE EFICIÊNCIA ENERGÉTICA
91

Número de condutores no eletroduto

Seção nominal (mm²) 2 3 4 5 6 7 8 9 10

Tamanho nominal do eletroduto em mm

1,5 16 16 16 16 16 16 20 20 20

2,5 16 16 16 20 20 20 20 25 25

4 16 16 20 20 20 25 25 25 25

6 16 20 20 25 25 25 25 32 32

10 20 20 25 25 32 32 32 40 40

16 20 25 25 32 32 40 40 40 40

25 25 32 32 40 40 40 50 50 50

35 25 32 40 40 50 50 50 50 60

50 32 40 40 50 50 60 60 60 70

70 40 40 50 50 60 60 75 75 75

95 40 50 60 60 75 75 75 85 85

120 50 50 60 75 75 75 85 85 -

150 50 60 75 75 85 85 - - -

185 50 75 75 85 85 - - - -

240 60 75 85 - - - - - -

Tabela 10 - Ocupação máxima dos eletrodutos de PVC por condutores de mesma seção
Fonte: CERVELIN; CAVALIN, 2008.

A ocupação dos eletrodutos vai variar em função do tipo de material e também em função do fabrican-
te.
Vamos supor que você deseje saber a seção do eletroduto de PVC onde serão instalados dois circuitos
de tomadas com seção nominal 2,5 mm² (3 fios em cada circuito) e um circuito de chuveiro com seção 4,0
mm² (circuito com três fios), para isso faremos:
a) O primeiro passo é verificar a quantidade total de condutores:
-- 6 condutores de 2,5 mm²;
PROJETOS ELÉTRICOS PREDIAIS - VOLUME II
92

-- 3 condutores de 4,0 mm²;


-- Total de condutores: 9.
b) O segundo passo é adotar o condutor de maior seção, nesse caso o condutor de 4,0 mm²;
c) O terceiro passo é consultar a tabela de “Ocupação máxima dos eletrodutos de PVC” (tabela an-
terior), tendo como base 9 condutores de 4,0 mm². Logo, o eletroduto deverá ser de 25 mm,
conforme destaque da tabela.

5.3.2 DIMENSIONAMENTO DO ELETRODUTO COM BASE NA SEÇÃO DOS CONDUTORES

Outa forma de dimensionar um eletroduto é calculando a seção de todos os condutores que passam
em cada trecho da instalação, verificando a taxa de ocupação desses condutores com relação à seção dos
eletrodutos, de forma que não ultrapasse o limite estabelecido pela norma. Para isso, devemos seguir o
roteiro a seguir:
a) Definir a seção transversal externa (S) dos condutores que passam em cada trecho do eletroduto,
consultando os catálogos dos fabricantes de condutores. A tabela a seguir apresenta as dimensões
dos condutores com isolação de PVC e suas respectivas seções transversais:
5 PROJETO DE INSTALAÇÕES ELÉTRICAS PREDIAIS, SEGUINDO PADRÃO DE EFICIÊNCIA ENERGÉTICA
93

FIOS E CABOS

Diâmetro Espessura Seção


Seção nominal Diâmetro
externo nominal da transversal
(mm²) nominal (mm)
nominal (mm) isolação (mm) externa (mm²)

1 1,3 2,5 0,6 4,9

1,5 1,5 3 0,7 7,1

2,5 1,9 3,6 0,8 10,2

4 2,4 4,2 0,8 13,9

6 3 4,7 0,8 17,3

10 3,9 6 1 28,3

16 5,5 7,6 1 45,4

25 6,9 9,4 1,2 69,4

35 8,3 10,8 1,2 91,6

50 9,9 12,8 1,4 128,7

70 11,7 14,6 1,4 167,4

95 13,4 16,8 1,6 221,7

120 15,3 18,7 1,6 274,6

150 17,2 20,9 1,8 343,1

185 18,8 23 2 415,5

240 21,8 26,3 2,2 543,3

Tabela 11 - Seção dos condutores


Fonte: CERVELIN; CAVALIN, 2008.

b) Somar a seção de todos os condutores (ST) que passam em cada trecho do eletroduto. Nesse so-
matório deve ser incluída a camada de isolação do condutor, pois ela aumenta a seção externa do
condutor;
c) De acordo com a seção total dos condutores (ST), consultar a tabela de “dimensões do eletroduto e
área útil”, verificando qual área útil atenderá a seção total calculada. A área útil é definida em função
da taxa de ocupação a ser considerada na instalação (53% para 1 cabo, 31% para dois cabos, 40% para
três ou mais cabos). A tabela a seguir apresenta a relação das dimensões do eletroduto de PVC em
função da área útil:
PROJETOS ELÉTRICOS PREDIAIS - VOLUME II
94

Área Área útil Área útil Área útil


Diâmetro Espessura
Diâmetro total (mm²) (mm²) 2 (mm²) ≥
nominal da parede
interno (mm) aprox. 1 cabo cabos 3 cabos
(mm) (mm)
(mm²) (53%) (31%) (40%)

20 16 2,2 210,1 106,6 62,3 80,40

25 21 2,6 346,4 183,6 107,4 138,6

32 26,8 3,2 546,1 299,0 174,9 225,6

40 35,0 3,6 962,1 509,9 298,3 384,8

50 39,8 4,0 1244,1 659,4 385,7 497,6

60 50,2 4,6 1979,2 1049,0 613,6 791,7

75 64,1 5,5 3227,0 1710,3 1000,4 1290,8

85 75,6 6,2 4488,8 2349,1 1391,5 1795,5

Tabela 12 - Dimensões eletroduto de PVC e área útil


Fonte: CERVELIN; CAVALIN, 2008.

Utilizando esse método, vamos definir a seção do eletroduto de PVC onde serão instalados dois circui-
tos de tomadas com seção nominal 2,5 mm² (3 fios em cada circuito) e um circuito de chuveiro com seção
4,0 mm² (circuito com três fios):
a) O primeiro passo é consultar a tabela da “Seção dos condutores” e verificar a seção transversal
externa dos condutores de 2,5 mm² e 4,0 mm²:
-- Para o condutor de 2,5 mm² a Sint = 10,2 mm²;
-- Para o condutor de 4,0 mm² a Sint = 13,9 mm² (conforme destaque na tabela);
b) O segundo passo é somar a seção transversal de todos os condutores que passam no trecho do
eletroduto:
-- STC= 6*10,2 + 3*13,9 = 102,9 mm²
c) O terceiro passo é consultar a tabela “Dimensões eletroduto de PVC e área útil” na coluna que cor-
responde à taxa de ocupação de 40%, pois corresponde a trechos com três ou mais condutores, e
verificar qual eletroduto atende a seção transversal total calculada anteriormente.
-- Para a STC = 102,9 mm² o eletroduto a ser adotado será o de 25 mm – área útil 138,6 mm²
(conforme destaque na tabela).
Observe que utilizando ambos os métodos, chegamos a um mesmo resultado, ficando a critério do
projetista a escolha do método de dimensionamento do eletroduto.
5 PROJETO DE INSTALAÇÕES ELÉTRICAS PREDIAIS, SEGUINDO PADRÃO DE EFICIÊNCIA ENERGÉTICA
95

CASOS E RELATOS

Tem que dimensionar, Zé!


Seu José, cansado de tomar banho frio todos os dias no inverno, resolveu comprar um chuveiro elé-
trico. Foi à loja de material de construção mais próxima da sua residência e solicitou ao vendedor o
melhor chuveiro elétrico que ele tinha. O vendedor prontamente atendeu à solicitação de Seu José
e lhe entregou um chuveiro 6.500 W, informando que o equipamento iria requerer a utilização de
um disjuntor 50 A.
Sem entender muito bem o que o vendedor falou, Seu José pediu o chuveiro e também o disjuntor.
Como não era eletricista, chamou seu vizinho Antônio, que também não era eletricista, mas sabia
“mexer” na instalação. Antônio instalou o chuveiro e trocou o disjuntor do quadro de Seu José, que,
contente, resolveu tomar um belo banho quente.
Mas que banho quente, hein?!
Seu José ligou o chuveiro e após uns dois minutos um cheiro de queimado tomou conta do banhei-
ro. Sentindo o cheiro, ele pensou: “Que chuveiro elétrico potente este que eu comprei! Produz até
cheiro de queimado!”
Com medo de ser algo sério, desligou o chuveiro e resolveu chamar seu Antônio que, sem entender
o que poderia ser, falou que não era nada sério, mas, por precaução, Seu José resolveu chamar um
eletricista.
Quando o eletricista chegou e analisou as instalações, falou para Seu José que por pouco toda a casa
não havia pegado fogo, pois antes de instalar o chuveiro, era necessário verificar as instalações para
observar se era preciso dimensionar o circuito para o chuveiro.
Seu José, feliz por sua casa não ter queimado, aprendeu uma grande lição: antes de instalar, tem que
dimensionar correntemente a sua instalação.
PROJETOS ELÉTRICOS PREDIAIS - VOLUME II
96

5.4 CÁLCULO DE DEMANDA

Em uma instalação elétrica, é possível observar que as cargas instaladas não são utilizadas todas ao
mesmo tempo. Ao longo do dia, por exemplo, há o uso maior de carga em um determinado período do
que em outro. Com isso, observamos que a instalação solicita da rede elétrica uma potência e essa potên-
cia está diretamente associada ao efetivo uso das cargas instaladas.
Dessa forma, a carga demandada ou solicitada da rede elétrica nem sempre é igual à carga instalada e,
por conta disso, é necessário calcular a demanda de energia por parte da instalação elétrica. Considera-se
demanda a média das potências instaladas utilizadas por uma unidade consumidora em um dado período.
As concessionárias de energia elétrica possuem critérios próprios para calcular a demanda das instala-
ções e fornecem os fatores de demanda16 a serem utilizados no cálculo da demanda, que são encontrados
nas normas da própria concessionária. Em nosso estudo, adotaremos os padrões normativos definidos
pela COELBA17 através da norma SM04.14-01.00118.
Geralmente, a demanda é calculada com base na potência instalada multiplicada pelos fatores de de-
manda, representando a porcentagem das potências que são utilizadas simultaneamente no período de
maior solicitação da instalação. Utiliza-se esse fator a fim de não superdimensionar os circuitos de distri-
buição.
No caso do cálculo da demanda da instalação de unidades habitacionais (residências, hotéis, aparta-
mentos) a COELBA estabelece, através da norma SM 004.14-01.001, que deve ser utilizada a expressão a
seguir:

De = a + b + c + d + e + f + g

Onde:
-- De: demanda da instalação, em Volt-Ampère (VA);
-- a: soma das demandas de iluminação e tomadas de uso geral (TUG’s);
-- b: soma das demandas dos aparelhos eletrodomésticos e de aquecimento, calculado com base nas
tabelas de fatores de demanda para eletrodomésticos em geral e na tabela de fatores de demanda
para chuveiros, torneiras e fogões. O cálculo dessa parcela é feito através da fórmula: b = b1 + b2 + b3
+ b4 + b5 + b6. Nesse caso, os fatores de demanda devem ser aplicados de forma separada por grupos
similares de equipamento, sendo:
-- b1: chuveiros e torneiras com potência superior a 1kW (fd conforme tabela de demanda
para chuveiros, torneiras e fogões);
-- b2: aquecedores de água com potência superior 1kW (fd conforme tabela de demanda para
eletrodomésticos em geral);
-- b3: fornos, fogões e fritadeiras elétricas com potência superior a 1kW (fd conforme tabela

16 Fator de demanda: razão entre a demanda de utilização (máxima) e a potência instalada.


17 COELBA: Companhia de Eletricidade do Estado da Bahia.
18 SM04.14-01.001: norma da COELBA que define os critérios para o fornecimento de energia elétrica em tensão secundária de
distribuição a edificações individuais.
5 PROJETO DE INSTALAÇÕES ELÉTRICAS PREDIAIS, SEGUINDO PADRÃO DE EFICIÊNCIA ENERGÉTICA
97

de demanda para chuveiros, torneiras e fogões);


-- b4: máquinas de lavar/secar roupas, lavar louças e ferro com potência superior 1kW (fd con-
forme tabela de demanda para eletrodomésticos em geral);
-- b5: aparelhos não relacionados anteriormente com potência superior 1kW (fd conforme
tabela de demanda para eletrodomésticos em geral);
-- b6: aparelhos com potência até 1kW (fd conforme tabela de demanda para eletrodomésti-
cos em geral);
-- c: representa a demanda dos aparelhos de ar-condicionado;
-- d: representa a demanda dos motores monofásicos e trifásicos;
-- e: representa a demanda das máquinas de solda a transformador;
-- f: representa a demanda dos aparelhos de raio X;
-- g: representa a demanda para as bombas e banheiras de hidromassagem.

O fator de demanda (fd) a ser utilizado nas cargas de iluminação e tomadas de uso geral (TUG’s), parcela a,
estão dispostos na tabela a seguir. A escolha do fator de demanda a ser utilizado no cálculo de demanda
da instalação depende da potência dos circuitos de iluminação e tomadas de uso geral das instalações.

FATORES DE DEMANDA PARA ILUMINAÇÃO, PEQUENAS TOMADAS E


ELETRODOMÉSTICOS

Potência (W) Fator de demanda

0 a 1000 0,86

1001 a 2000 0,81

2001 a 3000 0,76

3001 a 4000 0,72

4001 a 5000 0,68

5001 a 6000 0,64

6001 a 7000 0,60

7001 a 8000 0,57

8001 a 9000 0,54

9001 a 10000 0,52

Acima de 10000 0,45

Tabela 13 - Fatores de demanda para cargas de iluminação e tomadas


Fonte: SM04.14-01.001, 2015.
PROJETOS ELÉTRICOS PREDIAIS - VOLUME II
98

No caso das tomadas de uso específico (TUE), parcela b, o fator de demanda a ser adotado no caso de
eletrodomésticos (parcela b2) está disposto na tabela que veremos a seguir, de “fatores de demanda para
eletrodomésticos em geral”. A escolha do fator de demanda a ser utilizado no cálculo de demanda da ins-
talação depende da quantidade de circuitos de TUEs para os aparelhos existentes na instalação.

FATORES DE DEMANDA PARA ELETRODOMÉSTICOS EM GERAL

Nº de aparelhos Fator de demanda Nº de aparelhos Fator de demanda

01 1,00 16 0,46

02 1,00 17 0,45

03 0,96 18 0,44

04 0,94 19 0,43

05 0,90 20 0,42

06 0,84 21 0,41

07 0,76 22 0,40

08 0,70 23 0,40

09 0,65 24 0,39

10 0,60 25 0,39

11 0,57 26 a 30 0,39

12 0,54 31 a 40 0,38

13 0,52 41 a 50 0,38

14 0,49 51 a 60 0,38

15 0,48 61 ou mais 0,38

Tabela 14 - Fatores de demanda para eletrodomésticos em geral


Fonte: SM04.14-01.001, 2015.

Essa tabela refere-se também às TUEs que alimentem aquecedores de água, máquinas de lavar/secar,
ferro elétrico (parcela b4), além de aparelhos cuja potência seja superior a 1 kW (parcela b6).
No caso de TUEs que alimentem chuveiros, torneiras elétricas, fornos, fogões, fritadeiras elétricas,
(parcelas b1 e b3,) cuja potência seja superior a 1 kW, o fator de demanda a ser considerado está na tabela
seguinte.
5 PROJETO DE INSTALAÇÕES ELÉTRICAS PREDIAIS, SEGUINDO PADRÃO DE EFICIÊNCIA ENERGÉTICA
99

FATORES DE DEMANDA PARA CHUVEIROS, TORNEIRAS, FORNOS, FOGÕES E


FRITADEIRAS ELÉTRICAS

Fator de demanda para Fator de demanda para


aparelhos aparelhos
Nº Nº
Aparelhos c/ potência Aparelhos c/ potência
c/ potência até c/ potência
acima de 3,5 acima de
3,5 kW até 3,5 kW
kW 3,5 kW

01 1,00 1,00 16 0,39 0,28

02 0,75 0,65 17 0,38 0,28

03 0,70 0,55 18 0,37 0,28

04 0,66 0,50 19 0,36 0,28

05 0,62 0,45 20 0,35 0,28

06 0,59 0,43 21 0,34 0,26

07 0,56 0,40 22 0,33 0,26

08 0,53 0,36 23 0,32 0,26

09 0,51 0,35 24 0,31 0,26

10 0,49 0,34 25 0,30 0,26

11 0,47 0,32 26 0,30 0,24

12 0,45 0,32 27 0,30 0,22

13 0,43 0,32 28 0,30 0,20

14 0,41 0,32 29 0,30 0,18

15 0,40 0,32 30 0,30 0,16

Tabela 15 - Fatores de demanda para chuveiros, torneiras, fornos, fogões e fritadeiras elétricas
Fonte: SM04.14-01.001, 2015.

Os métodos utilizados para o cálculo da demanda de uma instalação podem variar de região para re-
gião, conforme as exigências da concessionária de energia elétrica de cada região, assim como podem
variar de acordo com os fatores de demanda a serem adotados, em função do tipo de carga existente na
instalação.
No caso de uma instalação de unidades habitacionais, os fatores de demanda a serem adotados são
de cargas de iluminação e tomadas de uso geral e tomadas de uso específico, ou seja, as parcelas a e b da
PROJETOS ELÉTRICOS PREDIAIS - VOLUME II
100

equação de demanda da instalação. Caso haja na instalação aparelhos de ar-condicionado, motores elé-
tricos, bombas, entre outros (relativos às parcelas c, d, e, f e g), deve ser consultada a tabela de demanda
específica para cada caso.

FORNECIMENTO FORNECIMENTO FORNECIMENTO


MONOFÁSICO BIFÁSICO TRIFÁSICO
Até 9 kVA ou 9 kW Acima de 9 kVA Acima de 15kVA
até 15 kVA até 76 kVA

Dois condutores: Três condutores: Quatro condutores:


uma fase e neutro. duas fases e três fases e neutro.
neutro.

Tensão: 127 V Tensão: 220/ 127 V Tensão: 220/ 127 V

Quadro 7 - Tipos de fornecimento e limites de tensão


Fonte: COELBA, 2015; SENAI DR BA, 2017.

Com base na demanda da instalação (potência total demandada), é possível dimensionar a corrente de
projeto do circuito alimentador assim como os condutores a serem utilizados. É possível também definir
o tipo de fornecimento e a tensão a ser adotada na edificação com base na demanda máxima. No caso de
instalação em baixa tensão, o limite de fornecimento para a rede aérea é de 75 kW ou 76 KVA, sendo os
tipos de fornecimento e as tensões limites expressas no quadro anterior.
5 PROJETO DE INSTALAÇÕES ELÉTRICAS PREDIAIS, SEGUINDO PADRÃO DE EFICIÊNCIA ENERGÉTICA
101

5.4.1 APLICANDO O FATOR DE DEMANDA FD E DIMENSIONANDO O RAMAL ALIMENTADOR

Considere que um determinado consumidor deseja saber qual a demanda da instalação da sua residên-
cia, que possui os seguintes circuitos terminais:

POTÊNCIA TOTAL INSTALADA

Nº CIRCUITOS TIPO TENSÃO (V) POTÊNCIA (VA)

1 Iluminação 127 1.100

2 Iluminação 127 700

3 TUGs 127 1.200

4 TUGs 127 1.200

5 Chuveiro elétrico 220 5.400

6 Torneira elétrica 220 4.400

7 Máquina de lavar 220 2.500

8 Forno microondas 127 1.500

TOTAL 18.000

Tabela 16 - Cálculo da potência instalada


Fonte: SENAI DR BA, 2017.

Para calcular a demanda dessa instalação, primeiramente vamos agrupar os aparelhos, definir o fator de
demanda consultando as tabelas vistas anteriormente e calcular a demanda de cada grupo:
a) Grupo a: iluminação e tomadas de uso geral (TUG). O valor da potência desse grupo é:
Potência = 1.100 + 700 + 1.200 +1.200 = 4.200 VA. Consultando a tabela de fator de demanda
para cargas de iluminação e tomada, temos que o fd = 0,68. Assim, a demanda desse grupo será:

a = potência * fd a = 4.200 V A * 0,68 a = 2.856 V A

b) Grupo b1: chuveiro elétrico e torneira. O valor da potência desse grupo é:


potência = 5.400 + 4.400 = 9.800 VA. Consultando a tabela de fator de demanda para chuveiros,
torneiras, fornos e fogões, temos que o fd = 0,65 (dois aparelhos com potência acima de 3,5 KW),
assim a demanda desse grupo será:

b1 = potência * fd b1 = 9.800 V A * 0,65 b1 = 6.370 V A

c) Grupo b3: forno micro-ondas. O valor da potência desse grupo é: Potência = 1.500 VA. Con-
sultando a tabela de fator de demanda para chuveiros, torneiras, fornos e fogões, temos que o
fd = 1,00 (um aparelho com potência até 3,5 KW), assim a demanda desse grupo será:
PROJETOS ELÉTRICOS PREDIAIS - VOLUME II
102

b3 = potência * fd b3 = 1.500 V A * 1,00 b3 = 1.500 V A

d) Grupo b4: máquina de lavar. O valor da potência desse grupo é: Potência = 2.500 VA. Consultan-
do a tabela de fator de demanda para eletrodomésticos em geral, temos que o fd = 1,00. Assim,
a demanda desse grupo será:

b4 = potência * fd b4 = 2.500 V A * 1,00 b4 = 2.500 V A

Com base nessas informações, vamos calcular a demanda da instalação através da expressão a seguir:

De = a + b + c + d + e + f + g
De = a + (b1 + b3 + b4)
De = 2.856 + (6.370 + 1.500 + 2.500)
De = 13.226 V A

Observe que a carga instalada é de 18.000 VA e a carga que é efetivamente demandada da rede elétrica
é 13.226 VA. Por isso que no dimensionamento do circuito alimentador utilizamos a potência demandada
e não a instalada.
Calculada a potência demandada da instalação, é possível dimensionar a corrente de projeto do circui-
to alimentador (IBCA), com base na potência demandada PTD e na tensão nominal entre os condutores (VN).

PTD 13.226 V A
IBCA = = = 60,12 A
VN 220 V

Com base na corrente de projeto do circuito alimentador, é feito o dimensionamento dos condutores
e do dispositivo de proteção, conforme aprendemos nos itens anteriores. No próximo item estudaremos
sobre o fator de carga.

5.5 CÁLCULO DE FATOR DE CARGA

Segundo a ANEEL 2010, fator de carga (FC) é a razão existente entre a demanda média e a demanda
máxima de uma unidade consumidora que ocorre em um dado tempo, conforme expressão a seguir:

Demanda média
FC =
Demanda máxima

O fator de carga é sempre maior que zero e menor do que um. Ele mede o quanto a demanda máxima
foi mantida no intervalo de tempo considerado ou se a energia está sendo utilizada de forma racional.
5 PROJETO DE INSTALAÇÕES ELÉTRICAS PREDIAIS, SEGUINDO PADRÃO DE EFICIÊNCIA ENERGÉTICA
103

5.6 CÁLCULO DE ILUMINAÇÃO (LÂMPADAS, LUMINÁRIAS E SISTEMAS DE ILUMINAÇÃO,


ILUMINAÇÃO INTERNA, ILUMINAÇÃO EXTERNA)

Aprendemos no capítulo Desenho de instalações, no volume 01 desse livro, como é feita a previsão da
carga de iluminação para residências seguindo os critérios da ABNT NBR 5410:2008. Agora aprenderemos
a realizar o cálculo de iluminação seguindo dos critérios da ABNT NBR ISO/CIE 8995-1:2013 - Iluminação em
ambientes de trabalho.
Essa norma define critérios a serem considerados no dimensionamento da iluminação dos ambientes
de trabalho, objetivando assegurar além de uma boa visualização, o conforto durante a realização das ati-
vidades nesses ambientes.
De maneira geral, a iluminação em um ambiente deve assegurar:
a) Conforto visual, garantindo bem-estar durante o desempenho das atividades;
b) Desempenho visual, permitindo que o trabalhador desempenhe suas atividades visuais de ma-
neira rápida e precisa;
c) Segurança visual, na percepção de perigos ao seu redor.

Para assegurar tais benefícios, a iluminação deve ser corretamente projetada, através da elaboração de
um projeto luminotécnico, que consiste em dimensionar e escolher o tipo de iluminação, a quantidade e
disposição, assim como o tipo de luminária mais adequadas para cada ambiente.

Iluminância Fluxo Luminoso Intensidade Luminosa


Lux (lx) Lumens (lm) Candeias (cd)

1m

38°

2m

3m

Figura 27 -  Parâmetros luminotécnicos


Fonte: SENAI DR BA, 2017.
PROJETOS ELÉTRICOS PREDIAIS - VOLUME II
104

Mas, antes de aprendemos a dimensionar a iluminação, vamos conhecer alguns parâmetros técnicos
fundamentais para a elaboração de um projeto luminotécnico.
a) Luz: faixa de onda eletromagnética visível aos olhos humano;
b) Fluxo luminoso: é a radiação total de luz emitida por uma lâmpada, cuja unidade de medida é
o lúmen (lm);
c) Iluminância: é a quantidade de luz irradiada por uma lâmpada com relação à superfície sobre a
qual incide, sua unidade de medida é o Lux (lx).
d) Intensidade luminosa: é a quantidade de luz irradiada por segundo em uma determinada dire-
ção, sua unidade de medida é a candela (cd).

5.6.1 DIMENSIONAMENTO DE ILUMINAÇÃO INTERNA

Um dos métodos utilizados no dimensionamento de iluminação de interiores é o método dos Lúmens,


que leva em consideração as características físicas do ambiente, tais como cores da parede, piso e teto; o
tipo de luminária; altura da luminária em relação ao ambiente de trabalho; degaste do sistema em função
da poluição do ambiente; e o tipo de atividade desenvolvida nesse ambiente.
Para facilitar seu entendimento acerca desse conteúdo, vamos dimensionar a iluminação da sala de
reunião de um escritório, que funciona no período diurno e noturno, aplicando o método dos Lúmens,
conforme os dados a seguir:
a) Dimensões: comprimento 9,00 m; largura 5,45 m; altura 2,70 m;
b) Altura da mesa de reunião: 0,75 m;
c) Características do ambiente: teto claro, parede clara; piso escuro;
d) Carga de poluição do ambiente: normal.

1º PASSO - DEFINIR A ILUMINÂNCIA MÉDIA DO AMBIENTE - Em

A iluminância é a luz irradiada por uma lâmpada com relação à superfície sobre a qual ela incide. Ela
varia em função do ambiente e da atividade que será executada. A ABNT NBR ISO/CIE 8995-1:2013 define
a Iluminância média (Em) O E tem um traço acima e o m é subscrito., índice de ofuscamento19 unificado
(UGRL) e o índice de reprodução de cores20 (Ra), em função do tipo de ambiente, tarefa ou atividade desen-
volvida. Na tabela a seguir, veremos um trecho da tabela para ambientes de escritórios (a tabela completa
pode ser consultada na norma em questão).

19 Índice de ofuscamento: índice que avalia a interferência de outras fontes de luz no plano de trabalho.
20 Índice de reprodução de cores: índice que avalia a fidelidade assegurada pela iluminação na reprodução das cores dos objetos.
5 PROJETO DE INSTALAÇÕES ELÉTRICAS PREDIAIS, SEGUINDO PADRÃO DE EFICIÊNCIA ENERGÉTICA
105

Em
ESCRITÓRIOS UGRL RA OBSERVAÇÕES
(lux)

Arquivamento, cópia,
300 19 80
circulação, etc.

Escrever, teclar, ler,


500 19 80 Para trabalho com VDT
processar dados

Desenho técnico 750 16 80

Estações de projeto
500 19 80 Para trabalho com VDT
assistido por computador

Recomenda-se que
Salas de reunião e
500 19 80 a iluminação seja
conferência
controlável

Recepção 300 22 80

Arquivos 200 25 80

Tabela 17 - Iluminância média em escritórios


Fonte: ABNT NBR ISO/CIE 8995-1, 2013.

Para o dimensionamento da iluminação da sala de reunião, teremos que a Iluminância será:


Em = 500 Lux. Observe que deve ser assegurado um índice de ofuscamento < 19 e um índice de reprodu-
ção de cores > 80. Tal condição desse ser assegurada mediante a correta escolha da luminária.
PROJETOS ELÉTRICOS PREDIAIS - VOLUME II
106

2º PASSO - ESCOLHER A LUMINÁRIA

O tipo de luminária a ser utilizada é escolhido em função do tipo de atividade, tipo de lâmpada que será
utilizada, fatores de ofuscamento, índice de reprodução de cores, fatores econômicos e detalhes decorati-
vos. Sua escolha deve levar em consideração o tipo de ambiente onde será instalada, assegurando, assim,
que as lâmpadas sejam protegidas de sujeiras ou intempéries.
A luminária que utilizaremos em nosso exemplo é a luminária LAA02-E embutida no teto, cujas especi-
ficações estão descritas na tabela a seguir:

TIPO DE LÂMPADA

TIPO LUMINÁRIA Fluxo


TIPO luminoso Potência
(lm)

2 x 32W TL-D 2.650 32 W

TBS050

Quadro 8 - Especificação luminária LAA02-E- lumicenter


Fonte: LUMICENTER, [20--].

3º PASSO - CALCULAR O ÍNDICE DO LOCAL (K)

O índice do local é o fator que faz a relação entre as dimensões do ambiente e a altura entre o ponto
de instalação da luminária e a superfície de trabalho. Esse índice varia de acordo com os fabricantes de
lâmpadas. Em nosso estudo, será considerado o índice do local (K) definido pela Philips através da fórmula
a seguir:

(C * L)
K=
A * (C + L)

Sendo:
-- C: comprimento do ambiente, em metros (m);
-- L: largura do ambiente, em metros (m);
-- A: altura útil (distância entre a luminária e a superfície de trabalho), em metros (m).
5 PROJETO DE INSTALAÇÕES ELÉTRICAS PREDIAIS, SEGUINDO PADRÃO DE EFICIÊNCIA ENERGÉTICA
107

Para o dimensionamento da iluminação da sala de reunião, temos então que: C= 9,0 m; L= 5,45 m; A =
2,70 – 0,75 =1,95 (distância entre a luminária e a superfície de trabalho), sendo assim:

(C * L) (9,0 * 5,45)
K= = k = 1,80
A * (C + L) 1,95 * (9,0 + 5,45)

O índice do local calculado será utilizado para determinar o coeficiente de utilização, conforme vere-
mos no próximo passo.

4º PASSO - DETERMINAR O COEFICIENTE DE UTILIZAÇÃO (CU)

O coeficiente de utilização é a relação entre o fluxo luminoso que incide sobre o plano de trabalho e
o fluxo total que é emitido pelas lâmpadas. Esse coeficiente depende da cor da parede, teto e piso, pois,
a depender da cor dessas superfícies, o índice de refletância21 poderá ser diferente. A ABNT NBR ISO/CIE
8995-1:2013 define as faixas de refletâncias úteis que variam para o teto (0,6 - 0,9), paredes (0,3 - 0,8), para
superfícies de trabalho (0,2 - 0,6) e para pisos (0,1 - 0,5).
Para o dimensionamento da iluminação da sala de reunião, vamos adotar as seguintes refletâncias:
a) Teto claro: 70% de refletância;
b) Paredes claras: 30% de refletância;
c) Piso escuro: 20% de refletância.

Com base no índice local K (calculado no 3º passo) e nos índices de refletância do teto, parede e piso,
consulta-se a tabela de fator de utilização da luminária (disponibilizada pelo fabricante) e encontra-se o
coeficiente de utilização (Cu). Na tabela a seguir, encontraremos o coeficiente de utilização para o ambien-
te em estudo.

21 Refletância: é a relação entre a luminosidade refletida por uma superfície e um fluxo luminoso incide sobre essa superfície.
PROJETOS ELÉTRICOS PREDIAIS - VOLUME II
108

Teto (%) 70 50 30 0

Parede (%) 50 30 10 50 30 10 50 30 10 0

Chão (%) 20 20 20 0

Fator K Fator de utilização

0 1,17 1,17 1,17 1,12 1,12 1,12 1,07 1,07 1,07 1,00

1 1,06 1,03 1,00 1,02 1,00 0,97 0,98 0,96 0,94 0,90

2 0,95 0,91 0,86 0,91 0,88 0,84 0,89 0,85 0,82 0,79

3 0,86 0,80 0,75 0,83 0,78 0,73 0,80 0,76 0,72 0,69

4 0,78 0,71 0,65 0,75 0,69 0,64 0,73 0,68 0,64 0,61

5 0,70 0,63 0,57 0,68 0,62 0,57 0,66 0,61 0,56 0,54

6 0,64 0,56 0,51 0,62 0,56 0,51 0,61 0,55 0,50 0,48

7 0,58 0,51 0,46 0,57 0,50 0,45 0,56 0,50 0,45 0,43

8 0,54 0,46 0,41 0,52 0,46 0,41 0,51 0,45 0,41 0,39

9 0,50 0,42 0,37 0,48 0,42 0,37 0,47 0,41 0,37 0,35

10 0,46 0,39 0,34 0,45 0,38 0,34 0,44 0,38 0,34 0,32

Tabela 18 - Fator de utilização luminária LAA02-E- lumicenter


Fonte: LUMICENTER, [20--].

Sabendo que o índice local calculado no 3º passo foi K= 1,80 (aproximadamente 2,00) e com base nas
refletâncias da parede, teto e piso, temos que o coeficiente de utilização da luminária é Cu = 0,91.

5º PASSO - DETERMINAR O FATOR DE MANUTENÇÃO (Fm)

O fator de manutenção leva em consideração a tendência natural que as lâmpadas e as luminárias pos-
suem de acumular sujeiras ao longo da sua vida útil. Tal situação acaba diminuindo sua refletância inicial e,
por conta disso, utiliza-se o fator de manutenção para corrigir essa perda de eficiência luminosa.
Esse fator tem como base as características do ambiente no qual a iluminação será inserida, ou seja, se o
ambiente é limpo, com baixo acúmulo de poeiras, como laboratório e enfermarias; se é normal, com médio
índice de poeiras, como residências; ou se é sujo, com elevado índice de poeiras, como fábricas, por exem-
5 PROJETO DE INSTALAÇÕES ELÉTRICAS PREDIAIS, SEGUINDO PADRÃO DE EFICIÊNCIA ENERGÉTICA
109

plo. Além disso, o tempo e a manutenção periódica podem interferir no fator de manutenção. Na tabela
a seguir, veremos alguns fatores de manutenção presentes na ABNT NBR ISO/CIE 8995-1:2013 (consulte a
tabela D.2 dessa norma).

FATOR DE MANUTENÇÃO CARACTERÍSTICA DO AMBIENTE

0,80 Ambiente muito limpo

0,67 Carga de poluição normal no ambiente

0,50 Ambiente sujo

Tabela 19 - Fatores de manutenção para iluminação com lâmpadas fluorescentes


Fonte: ABNT NBR ISO CIE 8995-1, 2013.

No dimensionamento da iluminação da sala de reunião, consideraremos o ambiente como normal, sen-


do assim, o fator de manutenção a ser considerado é Fm = 0,67.

6º PASSO - CALCULAR A QUANTIDADE DE LUMINÁRIAS E SUA DISTRIBUIÇÃO

Com base nos fatores definidos anteriormente, vamos calcular o fluxo total de lúmens para o ambiente
através da fórmula:

Em * C * L
Φ Total =
Cu * Fm

Sendo:
-- ϕ: fluxo total de lúmens, em lúmens (lm);
-- Em : Iluminância média, em Lux (lx)
-- C: comprimento do ambiente, em metros (m);
-- L: largura do ambiente, em metros (m);
-- Cu: coeficiente de utilização;
-- Fm: fator de manutenção.

No dimensionamento da iluminação da sala de reunião, temos que:

Em * C * L 500 * 9,0 * 5,45


Φ Total = = Φ Total = 40.224,70 lm
Cu * Fm 0,91 * 0,67
PROJETOS ELÉTRICOS PREDIAIS - VOLUME II
110

Conhecendo o fluxo total de lúmens para o ambiente e com base no fluxo luminoso da luminária ado-
tada, é possível definir a quantidade de luminárias para o ambiente através da fórmula a seguir:

Φ Total
nº de luminárias=
Φ lâmpada

Sendo:
-- nº de luminárias: quantidade de luminárias do ambiente;
-- ϕ Total: fluxo luminoso total do ambiente, em lúmens (lm);
-- ϕ lâmpada: fluxo luminoso emitido por uma luminária, em lúmens (lm).

No dimensionamento da iluminação da sala de reunião temos:

40.224,70
nº de luminárias = = 11,83 = 12 luminárias
3.400

A distribuição das luminárias no ambiente deve ser realizada de forma que assegure uma iluminação
uniforme em todo o espaço, sem que haja pontos mais iluminados dos que outros. Para isso, algumas dicas
devem ser seguidas na hora de dispor as luminárias.

Você sabia que existem sites onde é possível efetuar o cálculo lumino-
CURIOSIDADES técnico on-line? Consulte o site da Revoluz e faça um teste.

A disposição das luminárias da sala de reunião será feita com a distribuição de 12 luminárias em três
colunas, com 4 luminárias em cada. Será preciso calcular, para isso:
a) A distância entre as luminárias ao longo do comprimento (X), que pode ser calculada através da
expressão:

comprimento 9
X= = = 3,0 m
quant. colunas 3

b) A distância entre as luminárias ao longo da largura (Y), que pode ser calculada através da expres-
são:

largura 5,45
Y= = = 1,36 m
quant. linhas 4
5 PROJETO DE INSTALAÇÕES ELÉTRICAS PREDIAIS, SEGUINDO PADRÃO DE EFICIÊNCIA ENERGÉTICA
111

c) A distância entre a luminária e a parede será metade das distâncias anteriormente calculadas, ou
seja, 1,50 m na horizontal e 0,68 m na vertical, conforme figura a seguir:

Figura 28 -  Distribuição das luminárias


Fonte: SENAI DR BA, 2017.

Na figura anterior, é possível observar a disposição das luminárias da sala de reunião conforme distân-
cias anteriormente calculadas. Aprendemos nesse item a calcular a iluminação de interiores. No próximo
item, aprenderemos a dimensionar a iluminação em áreas externas.

5.6.2 CÁLCULO DE ILUMINAÇÃO DE EXTERIORES

Aprendemos no item anterior a calcular a iluminação de ambientes internos. Nestes ambientes, as re-
fletâncias de teto, parede e piso são fatores importantes no cálculo da iluminação, diferentemente da ilu-
minação em áreas externas, que, por ser em ambientes abertos, torna estes fatores desnecessários. Sendo
assim, o método dos lúmens não pode ser utilizado, devendo ser adotado o método Ponto a Ponto no
cálculo de iluminação em áreas externas. Através desse método, é possível definir a iluminação em cada
ponto de uma determinada área, podendo ser utilizado tanto em ambientes internos como em ambientes
externos. Como utilizaremos para calcular a iluminação externa, as luminárias a serem utilizadas nesse
ambiente devem proteger as lâmpadas contra as intempéries.
PROJETOS ELÉTRICOS PREDIAIS - VOLUME II
112

O cálculo da iluminação pelo método ponto a ponto é feito através do cálculo do fluxo luminoso em
uma determinada direção, dividindo esse fluxo pelo quadrado da distância D, conforme a figura a seguir:

H
α

EH

Ev

Figura 29 -  Iluminação em um dado ponto na horizontal e na vertical, respectivamente


Fonte: SENAI DR BA, 2017.

Assim, a iluminação em um determinado ponto na horizontal será dada pela equação abaixo:

I * cos3 α
Eh =
H2

Sendo:
Eh: Iluminância horizontal no ponto, em lux (lx);
I: intensidade luminosa no ângulo, em candela (cd);
5 PROJETO DE INSTALAÇÕES ELÉTRICAS PREDIAIS, SEGUINDO PADRÃO DE EFICIÊNCIA ENERGÉTICA
113

H: distância vertical entre a fonte de luz e o plano, em metros (m);


α: ângulo de abertura do fluxo, em graus.

E na vertical será dado através da equação:

I * sen3 α
Ev =
D2

Sendo:
Ev: iluminância vertical no ponto, em lux (lx);
I: intensidade luminosa no ângulo, em candela (cd);
D: distância entre a luminária e o ponto localizado no plano vertical, em metros (m);
α: ângulo de abertura do fluxo, em graus.

Antes de determinar a iluminância através das equações vistas anteriormente, é necessário determinar
a distância e/ou altura e ângulo do ponto que se deseja calcular. Considere, por exemplo, que desejamos
determinar a iluminação horizontal de uma luminária que está instalada a 4 m com relação ao solo, a um
ângulo de 30º. Para isso, vamos observar os passos a seguir:

1º PASSO - DEFINIR A LUMINÁRIA

Antes de calcular a iluminância horizontal e vertical, é necessário definir o tipo de luminária que será
utilizada e, com base nessa informação, consultar a intensidade luminosa no catálogo do fabricante.

TIPO LÂMPADA DIAGRAMA POLAR

Vapor métalico:
MHN-TD

Potência:
70 W

Fluxo luminoso:
5.700 lm
HLF 100

Quadro 9 - Gráfico de fotometria da luminária HLF 100 - Philips


Fonte: SENAI DR BA, 2017.
PROJETOS ELÉTRICOS PREDIAIS - VOLUME II
114

Para o exemplo em questão, vamos utilizar a luminária externa HLF 100, lâmpada vapor metálico MHN-
-TD de 70 W, e fluxo luminoso 5.700 lm, cujo gráfico de fotometria está descrito na tabela anterior.

2º PASSO - CALCULAR A ILUMINÂNCIA

Consultar no catálogo do fabricante o gráfico de fotometria demonstrado na figura anterior. Esse gráfi-
co apresenta a Iluminância em candela/lúmens em função do ângulo e posição da luminária. Consultando
o gráfico para o ângulo de 30° teremos como valor de Iluminância: I30° = 180 cd/1000 lm.
Após consultar a Iluminância no gráfico, o valor encontrado deve ser multiplicado pelo fluxo luminoso
da luminária, pois a Iluminância encontrada no gráfico está em candelas/lúmens, convertendo-o então
para candelas (cd). No exemplo em estudo temos:

I para 30º = 180 cd/1000 lm = 5.700 lm x (180 cd/1000lm) = 1.026 cd

Com base no valor da intensidade luminosa calculada anteriormente, vamos calcular a Iluminância na
horizontal:

I * cos3 α 1.026 * cos3 30º 1.026 * 0,65


Eh = = = = 41,68 lx
H2 42 16

Dessa forma, obtemos que a Iluminância horizontal para o ângulo de 30° é de 41,68 lx.
5 PROJETO DE INSTALAÇÕES ELÉTRICAS PREDIAIS, SEGUINDO PADRÃO DE EFICIÊNCIA ENERGÉTICA
115

5.7 PLANTA ELÉTRICA

Antes de finalizarmos esse capítulo, vamos dimensionar as instalações elétricas da residência que es-
tudamos no capítulo Desenho de Instalações Elétricas, no volume 01 desse livro (figura a seguir). Lá, você
aprendeu a efetuar o levantamento das cargas, locar os pontos elétricos, dividir os circuitos, realizar o
traçado dos eletrodutos, assim como representar os condutores presentes em cada trecho da instalação.
Agora, aprenderemos a dimensionar os condutores, os eletrodutos e os dispositivos de proteção e a
dispor essas informações no quadro de cargas e no diagrama do quadro de distribuição. E aí, você está
ansioso para começar? Então vamos lá!

2 2 4

MED

600W

600W
2 2

4
4

4
2
2 4
QD1
Cozinha 5
600W
7.24 m²
4 5
1 1 1 4 5 6
1a 1a 1a 1b
100 a 60 a 60 a 100

1 5
a 1
1 4 5 6
1 a bg 4 5
4 5 6
a
1
Sala estar/ jantar

b
2

a g
2

18,25 m² QD1

g
5

a
2 2 2
2 3 7

1 2
6
2

2 1c
Dormit. 01 100
1
10,50 m² 1
c 1 3 Dormit. 02
1d d
1g
c

100 f 8,75 m² 600W


f 100
d 6
3

3
e 3
3 6
1 3 7
1 Área Serviço 600W
1 1f
100
3.24 m²
1 2 6
e 600W 1 3
d 3
3

2.5
1e
100 3
1d
60 7
2
4500W

7
2

Sanit.
3,18 m² CHG

Figura 30 -  Planta com a representação dos condutores


Fonte: SENAI DR BA, 2017.

A planta vista anteriormente é a mesma estudada no capítulo Desenho de Instalações Elétricas (volume
01). Observe que a residência em questão (ver figura anterior) é composta por uma sala de estar/jantar,
cozinha, dois dormitórios, sanitário e área de serviço. Mas antes de iniciarmos o dimensionamento das
instalações dessa residência é necessário definirmos algumas considerações importantes:
a) Os condutores serão do tipo condutores de cobre isolados e serão instalados no interior do ele-
troduto de seção circular embutido em alvenaria - Método de instalação 7 - Método de referência
B1;
b) Os condutores terão isolação de PVC;
c) O ambiente onde será realizada a instalação tem uma temperatura ambiente de 30º C;
PROJETOS ELÉTRICOS PREDIAIS - VOLUME II
116

d) Considere a resistividade do solo igual a 2,5 K.m/W;


e) Considere que o quadro de distribuição não possui ventilação.

Lá no capítulo Desenho de Instalações Elétricas, as instalações elétricas foram divididas em 7 circuitos,


cuja descrição, cargas e tensão estão dispostas na tabela a seguir. Caso queira recordar como foram efetua-
dos os cálculos para definir a quantidade de pontos de iluminação e tomadas, consulte o capítulo Desenho
de Instalações Elétricas.

Circuito Potência
Local Tensão (V)
Qtd x
nº Tipo Total (VA)
potência

Sala 1 x 220
Dorm 1 1 x 160
Iluminação Dorm. 2 1 x 100
1 127 780
geral Sanit. 1 x 100
Cozinha 1 x 100
A serviço 1 x 100

Sala 5 x 100
2 TUG’s 127 900
Dorm 1 4 x 100

Sanit 1 x 600
3 TUG’s 127 900
Dorm 2 3 x 100

4 TUG’s Cozinha 127 2 x 600 1.200

1 x 600
5 TUG’s Cozinha 127 800
2 x 100

6 TUG’s Área S. 127 2 x 600 1.200

7 TUE’s Chuveiro 220 1x4.500 4.500

Total 10.280

Tabela 20 - Divisão dos circuitos e suas cargas


Fonte: SENAI DR BA, 2017.

Com base nos conteúdos aprendidos ao longo desse capítulo e nas informações apresentadas na ta-
bela anterior e já definidas na planta (apresentada no início do tópico), vamos dimensionar a seção dos
condutores, o tipo de proteção e a seção dos eletrodutos conforme passo a passo já estudado.
Nesse caso, realizaremos o passo a passo dos cálculos do Circuito 01 - Iluminação geral (C1) da edi-
ficação que estamos estudando e você pode aplicar os mesmos passos para os demais circuitos e poderá
5 PROJETO DE INSTALAÇÕES ELÉTRICAS PREDIAIS, SEGUINDO PADRÃO DE EFICIÊNCIA ENERGÉTICA
117

verificar os resultados dos cálculos de todos os circuitos apresentadas de forma resumida em uma tabela
ao final de cada passo. Por isso, atente-se à sequência dos cálculos.

1º PASSO - CALCULAR A CORRENTE DE PROJETO CORRIGIDA - IPC

Para o cálculo da corrente de projeto corrigida (IPC) do circuito é necessário:


a) Calcular a corrente de projeto (IP) do circuito através da expressão a seguir, onde P é a potência e
V a tensão aplicada no circuito. No caso do circuito C1, temos que: Pn= 780 VA e Vf= 127 V:

Pn 780
IP = (A) IPC1 = = 6,14 A
Vf 127

b) Analisar a planta verificando no traçado dos eletrodutos a maior quantidade de circuitos agrupa-
dos ao circuito que está sendo dimensionado. No caso do circuito C1, o trecho com maior número
de circuitos agrupados é o trecho 5 em destaque, com 3 circuitos agrupados ao circuito 1;

1 4 5 6
a
2.5

2 2 4

2.5 2.5 2.5


MED
600W

600W

2 2
4

4
4
2

2 2.5
QD1
TRECHO 1 2.5
Cozinha 5
600W
6
7.24 m²
4 5
1 1 1 4 5 6
1a 1a 1a 1b 2.5
100 a 60 a 60 a 100
2.5

1 5
a
TRECHO 5 1
1 4 5 6
1 a bg 4 5 6 4 5 TRECHO 4
TRECHO 2 a 2.5
1 2.5
2.5
Sala estar/ jantar
b
2

a g
2

18,25 m² QD1
g

5
TRECHO 3
a

2 2 2
2 3 7
2.5 2.5 2.5
2.5 2.5 6
1 2
6
2

2 1c
Dormit. 01 2.5
100
1 2.5
10,50 m² 1

Figura 31 -  Destaque da planta com a divisão da instalação em trechos


Fonte: SENAI DR BA, 2017.

c) Consultar a tabela de “Alguns fatores de correção de agrupamento para condutores” (vista no


item 5.1.1), considerando a forma de agrupamento dos condutores “em feixe embutido”, o FCA
para cada circuito, com base na quantidade de circuitos agrupados. No caso do circuito C1, tere-
mos:
PROJETOS ELÉTRICOS PREDIAIS - VOLUME II
118

nºCircuitos Agrupados = C1 + 3 = 4 circuitos


FCT = 0,65

d) Consultar na tabela “Fatores de correção para temperaturas ambientes diferentes de 30°C” (vista
no item 5.1.1), o FCT para cada circuito, caso a temperatura ambiente seja diferente de 30ºC; caso
contrário, o FCT=1. No caso da edificação em estudo, a temperatura ambiente é 30°C, logo o FCT
= 1 para todos os circuitos;
e) Consultar na tabela “Fatores de correção de resistividade do solo” (vista no item 5.1.1), o FCRS,
para solos com resistividade diferente 2,5 K.m/W. Na caso da edificação em estudo, a resistividade
do solo é 2,5 K.m/W, logo o FCRS = 1 para todos os circuitos;
f) Com base nessas informações, calcular a corrente de projeto corrigida (IPC) de cada circuito atra-
vés da seguinte expressão. No caso do C1, sabemos que IPC1 = 6,14 A:

IP 6,14
IPC = (A) IPCC1 = = 9,45 A
(FCT * FCA * FCRS) (0,65 * 1 * 1)

2º PASSO - DIMENSIONAR OS CONDUTORES - SC

De posse do valor da corrente de projeto corrigida (IPC), basta consultar a tabela de “Capacidade de
condução de corrente para métodos de referência A1, A2, B1, B2, C e D de condutores de cobre” e adotar o
condutor cuja capacidade de condução seja igual ou imediatamente superior à corrente IPC.
Para isso, devemos considerar o método de referência utilizado na instalação que, no nosso caso, será o
método de referência B1; e a quantidade de condutores carregados na instalação, que serão 2 condutores
carregados, pois o circuito poderá ser monofásico (fase + neutro) ou bifásico (fase + fase).
É importante também estar atento às seções mínimas dos condutores estabelecidas pela ABNT NBR
5410:2008, sendo a seção mínima de 1,5 mm² para circuitos de iluminação e 2,5 mm² para circuito de força
(para condutores de cobre), assim como os critérios para a definição dos condutores neutros e de proteção.
No caso do circuito C1, consultando a tabela temos que:
Analisando a tabela para a corrente do circuito C1 (IPCC1 = 9,45 A), é possível observar que os condutores
de seção 0,75 mm² (11 A) ou 1,0 mm² (14 A) atenderiam a corrente do circuito C1. Porém, a seção mínima
a ser adotada nos circuitos de iluminação é 1,5 mm² (17,5 A), por isso o condutor do circuito C1 terá seção
de 1,5 mm².
5 PROJETO DE INSTALAÇÕES ELÉTRICAS PREDIAIS, SEGUINDO PADRÃO DE EFICIÊNCIA ENERGÉTICA
119

Fatores de IC (A)
Circuito IPC (A)
IP (A) correção Capacidade
Corrente SC (mm)
Potência Tensão Corrente N° cir. de
de Seção do
(VA) (V) de agrupados condução
nº Tipo FCA FCT FCRS projeto condutor
projeto do
corrigida
condutor

1 Ilum. 780 127 6,14 4 0,65 1 1 9,45 1,5 17,5

2 TUG’s 900 127 7,09 3 0,70 1 1 10,13 2,5 24

3 TUG’s 900 127 7,09 3 0,70 1 1 10,13 2,5 24

4 TUG’s 1.200 127 9,44 4 0,65 1 1 14,52 2,5 24

5 TUG’s 800 127 6,30 4 0,65 1 1 9,69 2,5 24

6 TUG’s 1.200 127 9,44 4 0,65 1 1 14,52 2,5 24

TUE -
7 4.500 220 20,45 3 0,70 1 1 29,21 4,0 32
CH

Tabela 21 - Dimensionamento dos condutores do circuito


Fonte: SENAI DR BA, 2017.

Na tabela anterior, vimos o resumo do dimensionamento dos condutores dos circuitos da edificação
que estamos estudando. Ela contém a relação dos circuitos e o tipo, a potência, tensão, o valor da corrente
de projeto (IP), o número de circuitos agrupados, os fatores de correção aplicados em cada circuito, assim
como o valor da corrente de projeto corrigida e a seção nominal do condutor dimensionado. Observe que
as informações referentes ao circuito C1 (calculada nos passos anteriores) consta na primeira linha da ta-
bela (em destaque).

3º PASSO - DIMENSIONAR OS DISPOSITIVOS DE PROTEÇÃO - DISJUNTORES

Para dimensionar o dispositivo de proteção contra sobrecarga e curto-circuito (disjuntor termomagné-


tico -DTM), é necessário verificar a coordenação entre o dispositivo de proteção e o condutor, mas antes é
preciso:
a) Calcular a corrente corrigida do condutor (IZ) conforme expressão a seguir, sendo IC a capacidade
limite de condução de corrente do condutor; FCA e FCT os fatores de correção já definidos ante-
riormente. No caso do circuito C1, temos que o condutor dimensionado foi 1,5 mm² cujo IC é 17,5
e o FCA e FCT do circuito é respectivamente 0,65 e 1,00, assim:
PROJETOS ELÉTRICOS PREDIAIS - VOLUME II
120

IZ = IC * FCA * FCT IZC1 = 17,5 * 0,65 * 1 = 11,37 A

b) Calcular a corrente do disjuntor (Idisj). Esse cálculo é feito com base na corrente de projeto e no
fator de correção de temperatura (FCT) no caso de o quadro não possuir ventilação (nesse caso,
há um acréscimo de 10ºC).

Temp. Ambiente + 10ºC FCT (ver tabela Fator de correção de temperatura)

No caso do circuito C1, sabemos que a temperatura ambiente é 30°C e que o quadro onde o disjuntor
será instalado não possui ventilação, sendo assim:

30ºC + 10ºC = 40ºC FCT40ºC = 0,87

Após ser definido o fator de correção de temperatura para o disjuntor, será necessário calcular a corren-
te do disjuntor conforme equação a seguir. No caso do circuito C1, temos que a corrente de projeto IPC1 é
6,14 (calculada no 1º passo), assim:

IP 6,14
Idisj = (A) IdisjC1 = = 7,06 A
FCT 0,87

c) Analisar a coordenação entre o condutor e o dispositivo de proteção (adotar corrente nominal


comercial do dispositivo) conforme inequação. Caso a inequação não seja atendida, deve ser alte-
rada a seção do condutor para uma seção imediatamente superior e ser recalculada a corrente IZ,
assim como verificada a inequação novamente:

IP ≤ IN ≤ IZ

No caso do circuito C1, temos IPC1 = 6,14 A, IZC1 = 11,37 A e IdisjC1 = 7,06 A, assim:

6,14 A ≤ 7,06 A ≤ 11,37 A


6,14 A ≤ 10 A ≤ 11,37 (inequação atendida)

O disjuntor de corrente nominal comercial adotado é o de 10 A, que atende a inequação anterior.

d) Calcular a corrente de atuação contra sobrecarga (I2) do disjuntor através da expressão a seguir,
sendo α = 1,45.

I2 = In * α (A)
5 PROJETO DE INSTALAÇÕES ELÉTRICAS PREDIAIS, SEGUINDO PADRÃO DE EFICIÊNCIA ENERGÉTICA
121

No caso do circuito C1, temos InC1 = 10 A, assim:

I2C1 = InC1 * 1,45 I2C1 = 10 * 1,45 I2C1 = 14,5 A

e) Analisar a coordenação entre a corrente de sobrecarga (I2) e a corrente corrigida do condutor (IZ)
através da seguinte expressão:

I2 ≤ 1,45 * IZ

No caso do circuito C1, temos IZC1 = 11,37 A e I2C1 = 14,5 A, assim:

I2C1 ≤ 1,45 * IZ 14,5 ≤ 1,45 * 11,37


14,5 < 16,49 A (atende)

Verifica-se que a coordenação entre o disjuntor e o condutor é atendida. Com isso, concluímos que o
disjuntor a ser utilizado no circuito C1 é o disjuntor termomagnético monopolar de 10 A.
A seguir, veremos a tabela com o resumo do dimensionamento dos disjuntores dos circuitos da edifica-
ção que estamos estudando. Ela contém a relação dos circuitos e o tipo, e os valores das correntes IP, IC, IZ,
Idij, In, I2; assim como a análise das inequações de cada um dos circuitos (conforme passo a passo efetuado
para o circuito C1, em destaque na tabela).

Circuito
Analisando Analisando
IZ *1,45
IP (A) IC (A) IZ (A) Idisj (A) In (A) IP≤In≤IZ I2 (A) I2≤ 1,45*IZ
(A)
nº Tipo

Iluminação
1 6,14 17,5 11,37 7,06 10 Atende 14,50 16,46 Atende
geral

2 TUGs 7,09 24 16,80 8,14 10 Atende 14,50 24,36 Atende

3 TUGs 7,09 24 16,80 8,14 10 Atende 14,50 24,36 Atende

4 TUGs 9,44 24 15,60 10,86 13 Atende 18,85 22,62 Atende

5 TUGs 6,30 24 15,60 7,24 10 Atende 14,50 22,62 Atende

6 TUGs 9,44 24 15,60 10,86 13 Atende 18,85 22,62 Atende

7 TUE - CH 20,45 32 22,40 23,50 25 Não atende 36,25 32,48 Não atende

Tabela 22 - Dimensionamento dos dispositivos de proteção dos circuitos


Fonte: SENAI DR BA, 2017.
PROJETOS ELÉTRICOS PREDIAIS - VOLUME II
122

Com base na tabela, observamos que o circuito 7 (C7) não atendeu à inequação: IP ≤ In ≤ IZ. Sendo assim,
deve ser alterada a seção do condutor para uma seção imediatamente superior e ser recalculada a corrente
corrigida do condutor (IZ) com base na capacidade limite de condução de corrente (IC) do condutor adota-
do e verificar novamente a inequação. Para isso, vamos:
a) Adotar a seção do condutor 6,0 mm² cuja capacidade limite de condução de corrente é Ic = 41 A,
e recalcular a corrente corrigida do condutor (IZC7) através da equação:

IZ = IC * FCA * FCT = 41 * 0,70 * 1


IZC7 = 28,70 A

b) A corrente do disjuntor não se altera: Idis C7 = 23,50 A.


c) Verificando novamente a coordenação entre o condutor e o dispositivo de proteção, com base na
nova seção adotada, sabendo que: IPC7 = 20,45 A, IZC7 = 28,70 A e Idis C7 = 23,50 A, temos:

IPC7 ≤ In ≤ IZC7
20,45 A ≤ 23,50 A ≤ 28,70 A
20,45 A ≤ 25 A ≤ 28,70 A
inequação atendida

Assim, o circuito C7 terá a seção 6 mm² e o disjuntor termomagnético (DTM) será 25 A, essa informação
deve ser corrigida na tabela.

4º PASSO - DIMENSIONAR OS DISPOSITIVOS DE PROTEÇÃO - IDR

O dimensionamento do dispositivo DR deve ser feito com base nas recomendações normativas obser-
vando a inequação a seguir:

INDR ≥ IND

No projeto em estudo, adotaremos o interruptor diferencial residual IDR apenas nos circuitos com áre-
as molhadas como: cozinha, área de serviço e chuveiro elétrico, cuja corrente nominal deve ser superior
ou igual a dos disjuntores dos respectivos circuitos. No caso do circuito da cozinha (C4) cujo disjuntor é
INDC4 =13 A, adotaremos um dispositivo IDR de corrente nominal INDRC4 = 25 A (em destaque na tabela a se-
guir), atendendo assim a orientação anterior.
5 PROJETO DE INSTALAÇÕES ELÉTRICAS PREDIAIS, SEGUINDO PADRÃO DE EFICIÊNCIA ENERGÉTICA
123

Circuito Proteção
SC (mm)
Seção do
IP (A)
condutor
Nº Tipo Local Tipo Nº polos In (A)

Iluminação
1 Todos 6,14 1,5 DTM 1 10
geral
Sala
2 TUGs 7,09 2,5 DTM 1 10
Dorm. 1

Sanit.
3 TUGs 7,09 2,5 DTM 1 10
Dorm. 2
DTM 1 13
4 TUGs Cozinha 9,44 2,5
IDR 2 25

DTM 1 10
5 TUGs Cozinha 6,30 2,5
IDR 2 25

DTM 1 13
6 TUGs Área S. 9,44 2,5
IDR 2 25

DTM 2 25
7 TUE - CH Chuveiro 20,45 6,0
IDR 4 25

Tabela 23 - Seção dos condutores e corrente nominal dos dispositivos de proteção dos circuitos
Fonte: SENAI DR BA, 2017.

Observe que na tabela anterior constam a seção dos condutores e o tipo, número de polos (1 monofási-
co e 2 bifásico) e a corrente nominal dos dispositivos de proteção, sendo DTM o disjuntor termomagnético
e o IDR o interruptor diferencial residual.

5º PASSO - DIMENSIONAR OS ELETRODUTOS

Para dimensionar os eletrodutos do projeto, vamos dividir o traçado da instalação em cinco trechos
conforme mostra a figura a seguir. Aplicaremos o passo a passo do dimensionamento dos eletrodutos
dimensionando o Trecho 02 (em destaque), e você pode seguir os mesmos passos para dimensionar os
demais trechos. Ao final do dimensionamento, teremos uma tabela resumindo-o.
PROJETOS ELÉTRICOS PREDIAIS - VOLUME II
124

2 3 7

2.5 2.5 6

2 2 4

2.5 2.5 2.5


MED

600W

600W
2 2

4
4

4
2
2 2.5
QD1
TRECHO 1 2.5
Cozinha 5
600W
6
7.24 m²
4 5
1 1 1 4 5 6
1a 1a 1a 1b 2.5
100 a 60 a 60 a 100
2.5

1 5
a
TRECHO 5 1
1 4 5 6
1 a bg 4 5 6 4 5 TRECHO 4
TRECHO 2 a 2.5
1 2.5
2.5
Sala estar/ jantar

b
2

a g
2

a
18,25 m² QD1

g
5
TRECHO 3

a
2 2 2
2 3 7
2.5 2.5 2.5
2.5 2.5 6
1 2
6
2

2 1c
Dormit. 01 2.5
100
1 2.5
10,50 m² 2.5 1
c 1 3 Dormit. 02
1d d
1g
c

100 f 8,75 m² 600W


f 2.5 100
d 6
2.5
3

3
e 3
3 6
1 3 7 2.5
1 Área Serviço 600W 2.5
2.5 6 1 1f
100
3.24 m²
1 2 6
e 600W 1 3
d 3
2.5
3

2.5
1e
2.5

100 3
1d
60 7 2.5
2
6
4500W
2.5
7
2

Sanit.
3,18 m² CHG

2.5

Figura 32 -  Planta com a divisão da instalação em trecho


Fonte: SENAI DR BA, 2017.

Na sequência, veremos o passo a passo do dimensionamento dos eletrodutos:


a) Contar o número de condutores e a seção de cada condutor em cada trecho da instalação. No
caso do Trecho 02 temos:
-- 4 condutores de 2,5 mm²;
-- 3 condutores de 6,0 mm².
b) Consultar a seção transversal externa (STexterna) de cada condutor na tabela “Seção dos conduto-
res” (vista no item 5.3.2) do fabricante. No caso do Trecho 02 temos:
-- ST externa condutor 2,5 mm² = 10,2 mm²;
-- ST externa condutor 6,0 mm² = 17,3 mm².
c) Somar a seção transversal (STC) de todos os condutores que passam no trecho do eletroduto:

STC = nºcond * SC1 + nºcond * SC2 + nºcond * SC3 + ... (mm2)


5 PROJETO DE INSTALAÇÕES ELÉTRICAS PREDIAIS, SEGUINDO PADRÃO DE EFICIÊNCIA ENERGÉTICA
125

No caso do Trecho 02 temos:

STC = 4 * 10,20 + 3 * 17,3 = 92,70 mm2

d) Consultar a tabela “Dimensões do eletroduto de PVC e área útil” (visto no item 5.3.2) e verificar
qual o diâmetro nominal do eletroduto (DE) que atende a seção total dos condutores (ST) calcu-
lada anteriormente. Ao consultar a tabela, atente-se para a taxa de ocupação considerada em
cada trecho da instalação. No caso do Trecho 02, temos que o eletroduto que atende a seção STC
92,70 mm² para uma taxa de ocupação de 40% (três ou mais condutores) é o eletroduto de 25
mm, cuja ocupação máxima é de 138,6 mm².

A tabela a seguir apresenta o dimensionamento dos eletrodutos dos trechos em destaque na planta
realizados conforme procedimentos descritos anteriormente. Observe que o trecho 02 (calculado no passo
a passo) está em destaque na tabela:

Quantidade de condutores
x seção transversal STC (mm²) DE (mm)
Seção transversal Diâmetro
Trecho
total dos nominal do
1,5 mm² 2,5 mm² 6,0 mm² condutores eletroduto

02 - 4 x 10,2 3 x 17,3 92,70 25

03 2 x 7,1 7 x 10,2 - 85,60 25

04 - 5 x 10,2 - 51,00 20

05 5 x 7,1 7 x 10,2 - 106,90 25

Tabela 24 - Dimensionamento dos eletrodutos dos circuitos


Fonte: SENAI DR BA, 2017.

Observe que no trecho 04 o eletroduto calculado é de 20 mm. Em casos assim, o projetista, caso ache
viável, pode optar por adotar um mesmo diâmetro para instalação, no caso 25 mm. O trecho 01, trecho do
ramal alimentador, será dimensionado no próximo item.

6º PASSO – DIMENSIONAR O RAMAL ALIMENTADOR

O alimentador é o trecho da instalação entre o quadro de medição (onde está instalado o medidor) e o
quadro de distribuição. O dimensionamento do alimentador é feito com base na carga demandada. A par-
tir dela, dimensionam-se os condutores, o dispositivo de proteção e o eletroduto. Veremos na sequência o
passo a passo para dimensionar o alimentador da edificação em estudo (Trecho 01):
PROJETOS ELÉTRICOS PREDIAIS - VOLUME II
126

a) O primeiro passo é dividir as cargas da instalação em grupos de carga e definir os fatores de de-
manda de cada grupo consultando a tabela específica para cada um. No caso da edificação em
estudo, teremos:
-- Grupo a: contém as cargas relativas aos circuitos de iluminação geral (780 VA) e os circuitos
de tomadas: sala e dorm. 1 (900 VA); sanit. e dorm. 2 (900 VA); cozinha (1.200 VA); cozinha
(800 VA); e área serviço (1.200 VA): cuja Potência totaliza = 780 + 900 + 900 + 1.200 + 800 +
1.200 = 5.780 VA.
Consultando a tabela “Fatores de demanda para cargas de Iluminação e tomadas” (vista
no item 5.4), para uma potência de 5.780 VA, temos que o Fd = 0,64. Assim, a demanda do
grupo a: 5.780 * 0,64 = 3.699,2 VA;

-- Grupo b1: contém a carga do chuveiro elétrico cuja potência é 4.500 VA.
Consultando a tabela “Fatores de demanda para chuveiros, torneiras, fornos, fogões e frita-
deiras elétricas” (vista no item 5.4), para 1 chuveiro com potência de 4.500 VA, temos que o
Fd = 1,00. Assim, a demanda do grupo b1: 4.500 * 1,00 = 4.500 VA.

b) Definida a demanda de cada grupo, o próximo passo é calcular a demanda da instalação através
da expressão a seguir e, com base na potência demanda, dimensionaremos o condutor, o disjun-
tor e o eletroduto, conforme veremos na sequência.

De = a + b + c + d + e + f + g
De = a + b1 = 3.699,2 + 4.500 = 8.199,2 V A

c) Dimensionar o condutor pelo critério da máxima capacidade de condução de corrente. No


caso da edificação em estudo, temos que a potência demandada é PDE = 8.199,2 VA e Vff = 220 V,
assim:

PDE 8.199,20
IP = = = 37,27 A
Vff 220

Consultando a tabela “Capacidade de condução de corrente para métodos de referência A1, A2, B1, B2,
C e D de condutores de cobre” (vista no item 5.1.1), para a corrente calculada anteriormente, considerando
ainda o método de instalação B1 e dois condutores carregados (parâmetros já definidos), veremos que o
condutor de 6 mm², cujo limite de condução de corrente é 41 A, é o condutor que atende a essa corrente
de projeto.
5 PROJETO DE INSTALAÇÕES ELÉTRICAS PREDIAIS, SEGUINDO PADRÃO DE EFICIÊNCIA ENERGÉTICA
127

d) Dimensionar o condutor pelo critério da queda de tensão, sabendo que a distância entre o
quadro de medição e o de distribuição é de 8,69 m (ou 0,00869 Km) através da equação a seguir:

∆Vunit. * IP * l * 100
∆e(%) =
Vn

Com base no condutor dimensionado, é necessário consultar na tabela “Queda de tensão em VA para ca-
bos” (vista no item 5.1.2) o limite de queda de tensão unitária (∆Vunit.), sabendo que o circuito é monofásico, o
FP = 0,95 e o eletroduto é não metálico. Assim, para o condutor de 6,0 mm² temos que o limite de queda de
tensão unitária é ∆Vunit. = 7,07 V/ A. Km. Sendo a corrente de projeto IP = 37,27 A (calculada anteriormente)
temos que a queda de tensão máxima admissível no trecho 01 é:

∆Vunit.* IP * l * 100 7,07 * 37,27 * 0,00869 * 100


∆e(%) = = = 1,04% < 4%
Vn 220

Como a tensão admissível calculada no trecho 01 é inferior ao limite definido pela norma, podemos
concluir que o condutor a ser adotado nesse trecho é o de 6 mm².

e) Dimensionar o disjuntor, lembrando que a seção do condutor é 6,0 mm² (Ic = 41 A), Ip = 37,27 A,
FCA = 1 e FCT = 1. Com isso a corrente corrigida do condutor (IZ) é:

IZ = IC * FCA * FCT = 41 * 1 * 1 = 41 A
IP 37,27
Idisjuntor = = = 37,27 A
FCT 1

f) Analisando coordenação entre o condutor e o dispositivo de proteção, temos:

IP ≤ In ≤ IZ
37,27 A ≤ In ≤ 41 A
37,27 A ≤ 40 A ≤ 41 A
inequação atendida

Como a inequação foi atendida, concluímos que o circuito alimentador terá seção dos condutores fases,
neutro e proteção 6 mm² e disjuntor termomagnético (DTM) bipolar de 40 A.
g) Dimensionar o eletroduto, considerando que passam no Trecho 01: 4 (quatro) condutores (duas
fases, neutro e proteção) de 6,0 mm² e que a seção transversal externa desse condutor é 17,3 mm²
(consultada na tabela “Seção dos condutores” no item 5.3.2), temos:

STC = nºcond * SC1 = 4 * 17,3 = 69,20 mm2


PROJETOS ELÉTRICOS PREDIAIS - VOLUME II
128

Consultando a tabela “Dimensões eletrodutos de PVC e área útil” para uma taxa de ocupação de 40%,
veremos que o eletroduto adequado para esse trecho da instalação (TRECHO 01) é de 20 mm.
Na figura a seguir, veremos a planta com a indicação dos condutores e eletrodutos dimensionados até
aqui. Comumente, os condutores de 1,5 mm² e os eletrodutos de 25 mm não são indicados em planta, mas
devem constar essa observação em nota.

2 2 4

2.5 2.5 2.5


MED

600W

600W
2 2

4
4

4
2
2 2.5
QD1
Cozinha 5
2.5
600W
6
7.24 m²
4 5
1 1 2 1 4 5 6
1a 1a 1a 1b 2.5
100 a 60 a 60 a 100
2.5 2.5

1 5
a 1
1 4 5 6
1 a bg 4 5
4 5 6
a 2.5 2.5
1 2.5
2.5
Sala estar/ jantar

b
2

a g
2

a
18,25 m² QD1

g
5

a
2 2 2
2 3 7
2.5 2.5 2.5
2.5 6
1 2
6
2

2 1c
Dormit. 01 2.5
100
1 2.5
10,50 m² 2.5 1
c 1 3 Dormit. 02
1d d
1g
c

100 f 8,75 m² 600W


f 2.5 100
d 6
2.5
3

3
e 3
3 6
1 3 7 2.5
1 Área Serviço 600W 2.5
2.5 6 1 1f
100
3.24 m²
1 2 6
e 600W 1 3
d 3
2.5
3

2.5
1e
2.5

100 3
1d
60 7 2.5
2
6
4500W
2.5
7
2

Sanit.
3,18 m² CHG

2.5

Figura 33 -  Planta com identificação dos condutores e eletrodutos


Fonte: SENAI DR BA, 2017.

Concluímos aqui mais um capítulo do nosso livro Projeto de Instalações Elétricas Prediais. Espero você
esteja assimilando bem todo o conteúdo visto até aqui.
Até o próximo capítulo!
5 PROJETO DE INSTALAÇÕES ELÉTRICAS PREDIAIS, SEGUINDO PADRÃO DE EFICIÊNCIA ENERGÉTICA
129

RECAPITULANDO

Ao longo desse capítulo, você aprendeu a dimensionar os condutores elétricos utilizando o método
da máxima capacidade de condução de corrente, o método da máxima queda de tensão (indicado
em trechos da instalação que não possuem circuitos agrupados) e a mínima seção do condutor.
Para o dimensionamento dos dispositivos de proteção, você aprendeu a importância de analisar a
coordenação entre o disjuntor e o limite de capacidade de condução de corrente do condutor, a fim
de que o dispositivo dimensionado proteja também os condutores da instalação. Além de analisar
o disjuntor, você estudou a importância da utilização do dispositivo DR, assim como os locais onde
sua utilização é obrigatória de acordo a norma ABNT NBR 5410:2008.
Por fim, você aprendeu a dimensionar os eletrodutos, sabendo que tal dimensionamento pode ser
feito consultando as tabelas técnicas, aprendeu também a calcular a demanda da instalação e quais
os critérios para o cálculo da iluminação.
Memorial descritivo

O memorial descritivo é um documento que tem a finalidade de comunicar de forma escrita


tudo que está representado no projeto. Ele detalha minunciosamente todo o projeto a ser exe-
cutado, especificando as técnicas executivas e os materiais que serão empregados.
O memorial possui caráter obrigatório definido na Lei nº 4.591/64. Segundo essa lei, tanto
o projeto como o memorial são partes integrantes do contrato firmado entre o contratante e o
contratado, de forma que ele deve ser elaborado juntamente com o projeto e apresentado ao
cliente antes da efetiva execução do mesmo.
Esse documento só tem validade se possuir a assinatura do proprietário da obra, do autor
do projeto e a ART19 do profissional que desenvolveu o projeto. Além de ser uma obrigação
legal, o memorial resguarda o contratado de cobranças além das definidas em contrato e pro-
tege o contratante (ou cliente) de problemas decorrentes da qualidade do projeto, produto ou
serviço entregue.

Figura 34 -  Memorial descritivo


Fonte: FREEPIK, 2017.

Esse documento deve descrever em detalhes todos os elementos referentes ao projeto e


à sua execução, as normas utilizadas para o dimensionamento do projeto, o detalhamento

19 ART: anotação de responsabilidade técnica.


PROJETOS ELÉTRICOS PREDIAIS - VOLUME II
132

dos materiais e as técnicas a serem utilizadas; assim como todas as informações necessárias para a correta
compreensão e execução do projeto.
Ao longo desse capítulo, conheceremos a estrutura de um memorial descritivo, seu objetivo e os dados
que deve conter. Veremos também as partes que o compõem como, por exemplo, os memoriais de cálcu-
los, diagramas, detalhamentos, entre outros.
Vamos começar!

6.1 OBJETIVO

O memorial descritivo tem como objetivo apresentar de forma escrita tudo o que foi dimensionado e
representado no projeto, demonstrando sua finalidade, as normas técnicas adotadas no seu dimensiona-
mento e elaboração e os procedimentos executivos básicos, além de especificar os materiais e/ou equipa-
mentos a serem utilizados ou instalados.
Esse documento tem também a finalidade de definir as orientações gerais acerca dos critérios de fisca-
lização e controle de execução dos serviços, além das obrigações a serem seguidas pelo contratado e pelo
contratante. O memorial também pode ser utilizado para verificar a conformidade da execução do projeto.

6.2 ESTRUTURA

Um memorial, de modo geral, deve conter em sua estrutura os seguintes elementos:


a) Os dados gerais com as informações referentes ao projeto, como: tipo de projeto, local, proprie-
tário, empresa contratada, contratante, entre outros;
b) Objetivo do memorial descritivo descrevendo a finalidade do memorial;
c) Relação dos profissionais envolvidos no desenvolvimento do projeto;
d) Relação das normas técnicas utilizadas para o desenvolvimento do projeto;
e) Descrição detalhada de cada elemento do projeto;
f) Memória de cálculo, como a relação dos cálculos utilizados no dimensionamento do projeto;
g) Especificação dos materiais;
h) Cronograma e os projetos que compõem a obra;
i) Lista de materiais;
j) Demais detalhes necessários à compreensão e/ou execução do projeto.

Esses elementos servem para descrever o projeto e orientar sobre a sua execução, sendo utilizados
como referência para a compra dos materiais, controle e acompanhamento de sua execução.
6 MEMORIAL DESCRITIVO
133

Você sabia que qualquer alteração feita no projeto deve ser automatica-
CURIOSIDADES mente alterada no memorial? Tal postura tem a finalidade de manter o
memorial atualizado e em conformidade com o projeto ao qual se refere.

Um memorial descritivo é uma espécie de histórico de projeto e deve ser corretamente elaborado e
constantemente atualizado, de acordo com as alterações que são feitas nos projetos, técnicas executivas,
entre outros; pois, quando elaborado de forma incorreta ou com poucos detalhes, pode gerar equívocos
ou até mesmo grandes erros na etapa executiva. A seguir, iremos mostrar um exemplo de memorial des-
critivo.

Figura 35 -  Exemplo de memorial descritivo


Fonte: SENAI DR BA, 2017.
PROJETOS ELÉTRICOS PREDIAIS - VOLUME II
134

No exemplo anterior de Memorial Descritivo, temos a descrição dos objetivos do memorial, a relação
das normas técnicas que foram utilizadas no desenvolvimento do projeto e uma parte da descrição do
projeto com a relação de alguns elementos como: tomadas, interruptores, eletrodutos e condutores.

6.3 LEVANTAMENTO DE DADOS

As informações a serem utilizadas para a elaboração do memorial descritivo devem ser retiradas dos
projetos, das normas técnicas e dos padrões executivos a serem empregados. Todo o memorial deve estar
corretamente respaldado nas normalizações, tanto no que diz respeito ao dimensionamento do projeto,
como na escolha dos materiais, na execução dos serviços e no acompanhamento, controle e fiscalização
das atividades executadas.

O memorial descritivo não é o projeto!


FIQUE
ALERTA Ele acompanha o projeto e descreve em detalhes toda a elaboração do projeto e dos
elementos necessário para a sua execução.

O memorial deverá ser constantemente utilizado e servirá como bússola para orientar a execução do
projeto. Por conta disso, os dados, além de serem respaldados pelas normas, devem estar de acordo com
as informações que constam nos projetos, sendo importante que esse documento seja atualizado na me-
dida em que ocorrem atualizações nos projetos.

6.4 PARTES COMPONENTES: MEMÓRIA DE CÁLCULO, DIAGRAMAS ELÉTRICOS, PLANTAS,


LEIAUTES, ESPECIFICAÇÕES, LISTA DE MATERIAIS, ANEXOS (MANUAIS DE EQUIPAMENTOS
E INSTRUMENTOS)

Como descrito anteriormente, o memorial descritivo pode ser composto de um conjunto de elementos
que objetivam detalhar os cálculos e procedimentos adotados na elaboração do projeto, como a memória
de cálculo. Na sequência, veremos alguns exemplos desses componentes:

MEMÓRIA DE CÁLCULO

É o documento que descreve em detalhes todos os procedimentos e cálculos utilizados para o desen-
volvimento do projeto. A memória de cálculo tem a finalidade de identificar problemas ou erros no projeto
que sejam decorrentes de cálculos mal elaborados. Na figura a seguir, veremos um exemplo de memória
de cálculo utilizado no dimensionamento das instalações elétricas do projeto do capítulo “Projeto de ins-
talações prediais seguindo o padrão de eficiência energética”.
6 MEMORIAL DESCRITIVO
135

Tensão Potência IPC Seção IC DISJ. IDR


Circuito Descrição FCA IP (A)
(V) (VA) (A) (mm²) (A) (A) (A)

1 Ilum. Ger. 127 780 0,65 6,14 9,45 1,5 17,5 10 -

TUG’s Sala/
2 127 900 0,70 7,09 10,13 2,5 24,0 10 -
dorm 1

TUG’s Sanit/
3 127 900 0,70 7,09 10,13 2,5 24,0 10 -
dorm 2

TUG’s
4 127 1.200 0,65 9,44 14,52 2,5 24,0 13 25
cozinha

TUG’s
5 127 800 0,65 6,30 9,69 2,5 24,0 10 25
cozinha

TUG’s
6 Área serviço 127 1.200 0,65 9,44 14,52 2,5 24,0 13 25

7 TUE 220 4.500 0,70 20,45 29,21 6,0 41,0 25 25

TOTAL 10.280 1,00 37,26 37,26 6,0 41,0 40 -

Tabela 25 - Exemplo de memória de cálculo


Fonte: SENAI DR BA, 2017.

Na tabela anterior, está representado de forma simplificada o dimensionamento das instalações elétri-
cas. Nela, está dimensionada a seção dos condutores e dispositivos de proteção a serem adotados em cada
circuito.

DIAGRAMAS ELÉTRICOS

Os diagramas elétricos são a representação de parte da instalação que objetiva detalhar de forma mais
clara os elementos presentes na instalação. Um exemplo comum de diagramas elétricos em projetos elé-
tricos é o diagrama do quadro de distribuição com o detalhamento dos dispositivos de proteção e os
circuitos aos quais se referem.
Na figura a seguir, veremos o diagrama elétrico do quadro de distribuição do projeto dimensionado no
capítulo “Projeto de instalações prediais seguindo o padrão de eficiência energética”.
PROJETOS ELÉTRICOS PREDIAIS - VOLUME II
136

QD1
Conduto ø1"
2#6(6)6mm²

40 A

10 A
1.5
Iluminação Geral 780 W 1
13 A
2.5
6 1200 W Tomada (área de serviço)
10 A
2.5
Tomadas (sala e dormitório 01) 900 W 2
25 A
6
7 4500 W Chuveiro elétrico
10 A
2.5
Tomadas (sanitário e dormitório 02) 900 W 3
10 A
2.5
8 0W Reserva
13 A
2.5
Tomadas (cozinha) 1200 W 4
10 A
2.5
9 0W Reserva
10 A
2.5
Tomada (cozinha) 800 W 5

Potência instalada (W)


Azul claro
Branco

R 5150
Preto

S 5130
Total 10280 R S N

Verde

Figura 36 -  Diagrama elétrico do quadro de distribuição


Fonte: SENAI DR BA, 2017.

Na figura anterior, estão representados os dispositivos de proteção e seção dos condutores de cada
circuito dimensionados anteriormente. Observe que esse diagrama é o esquema utilizado na instalação do
quadro de distribuição.

PLANTAS

São os desenhos com as representações das instalações. Nelas devem constar as informações referentes
às instalações dimensionadas, que deverão ser representadas com as simbologias padronizadas, deven-
do conter legenda, listas de simbologias, notas e observações, caso sejam necessárias. Na figura a seguir,
veremos a planta do projeto do capítulo “Projeto de instalações prediais seguindo o padrão de eficiência
energética”.
6 MEMORIAL DESCRITIVO
137

Legenda
Eletroduto embutido no piso

Eletroduto embutido na laje ou parede

Indicação de condutor neutro, fase, terra e retorno (respectivamente)

Interruptor simples 01 tecla a 1,20m do piso


c

a
Interruptor paralelo 01 tecla a 1,20m do piso
2 2 4
a g
2.5 2.5 2.5 b Interruptor de 02 teclas simples e 01 tecla paralela a 1,20m do piso
MED

600W

600W
2 2 Interruptor intermédiário 01 tecla a 1,20m do piso

4
a
4

4
2

2
2 2.5 Tomada baixa (NBR 14136) - 2P+T 10 A a 0,30m do piso
QD1
5
6
2.5
Cozinha
600W 3 Tomada média (NBR 14136) - 2P+T 10 A a 1,20m do piso
7.24 m²
4 5

1a
1
1a
1 2
1a
1 4 5 6
1b 2.5
5 Ponto 2P+T 20 A a 2,20m do piso p/ Chuveiro
100 a 60 a 60 a 100
2.5 2.5
CHG
1 5
Quadro de distribuição - embutir a 1,50m do piso
a 1
1 4 5 6
1 a bg 4 5
4 5 6 100
a 2.5 2.5
g 1 Ponto de luz no teto, com potência prevista de 100 VA
1 2.5
2.5
Sala estar/ jantar

b
2

a g
2

60
Ponto de luz no teto, com potência prevista de 60 VA

a
18,25 m² QD1

g
5 e 1

a
2 2 2
2 3 7 QM1
2.5 2.5 2.5
MED Quadro de medição - embutir a 1,50m do piso
2.5 6
1 2
6
2

2 1c
Dormit. 01 2.5
100
1 2.5
10,50 m² 2.5 1 NOTAS:
c 1 3 Dormit. 02
1d d
1g
c

100 f 8,75 m² 600W


f 2.5 100
d 6
2.5

1 - Eletrodutos e fios sem indicação serão, respectivamente, Ø 25 mm (3/4") e S=1,5 m².


3

3
e 3
3 6
1 3 7 2.5
2 - Pontos de luz e tomadas sem designação terão a potência de 100 VA.
1 Área Serviço 600W 2.5
2.5 6 1 1f
100
3.24 m²
6
1 2 e 600W 1 3
3 - Os circuitos de iluminação terão, no mínimo, fios de 1,5 mm².
d 3
4 - Os circuitos de tomadas terão, no mínimo, fios de 2,5 mm².
2.5
3

2.5
1e
5
2.

100 3
1d 5 - A instalação deverá seguir rigorosamente a NBR-5410:2004 e orientações da NR 10.
60 7 2.5
2
6
4500W 6 - O projeto foi desenvolvido conforme layout arquitetônico com diposição dos moveis.
2.5
7
2

Sanit.
3,18 m² CHG

2.5

QD1
(9936 W)
10 A
10 kA (780 W)
1 (Iluminação Geral)
S
1.5
10 A
10 kA (900 W)
2 (Tomadas (sala e dormitório 01))
S
2.5
13 A
10 kA (900 W)
3 (Tomadas (sanitário e dormitório 02))
R
2.5
16 A
10 kA (1200 W)
4 (Tomadas (cozinha 01))
S
4
QM1 40 A 10 A
4.5 kA 5 kA (800 W)
KW.h 5 (Tomada (cozinha 02))
R
6 2.5
13 A
5 kA (1200 W)
6 (Tomada (área de serviço))
R
2.5
25 A
DR 20 kA (4500 W)
7 (Chuveiro elétrico)
R+S
6
10 A
5 kA (0 W)
8 (Reserva)
R
2.5
10 A
5 kA (0 W)
9 (Reserva)
R
2.5

Quadro de Cargas (QD1)


Circuito Descrição Esquema Método
de inst.
V
(V)
Iluminação (W)
40 60
Tomadas (W)
100 100 600 4500
Pot. total.
(VA)
Pot. total.
(W)
Fases FCA Ip
(A)
Ipc Seção
(A) (mm2)
Ic
(A)
Disj
(A)
PROJETO RESIDENCIAL
1 Ilum. geral F+N+T B1 127 V - 3 6 - - - 780 780 S 0.65 6.14 9.45 1.5 17.5 10.0
2 TUG's dormitório 01 e sala estar/ jantar F+N+T B1 127 V - - - 9 - - 900 900 S 0.70 7.09 10.13 2.5 24.0 10.0 PROJETO ELÉTRICO
3 TUG's dormitório 02 e sanitário F+N+T B1 127 V - - - 9 - - 900 900 R 0.70 7.09 10.13 2.5 24.0 10.0
4 TUG's cozinha F+N+T B1 127 V - - - - 2 - 1200 1200 S 0.65 9.44 14.52 2.5 24.0 13.0 Planta Baixa
5 TUG's cozinha F+N+T B1 127 V - - - 2 1 - 800 800 R 0.65 6.30 9.69 2.5 24.0 10.0
6 TUG's área de serviço F+N+T B1 127 V - - - - 2 - 1200 1200 R 0.65 9.44 14.52 2.5 24.0 13.0 Cliente: xxxxxxxxxxx
7 TUE's chuveiro F+F+T B1 220 V - - - - - 1 4500 4500 RS 0.70 20.45 29.21 6.0 41.0 25.0
TOTAL 10.280 10.280 RS 1.00 37.26 37.26 6.0 41.0 40.0
Endereço: xxxxxxxxxxxx
ESCALA: Responsável Técnico DATA: FOLHA: FORMATO:
1:50 xxxxxxxxxxx xxxx 01/04 A3

Figura 37 -  Planta de instalações elétricas


Fonte: SENAI DR BA, 2017.

No exemplo anterior de planta de instalações elétricas constam, além da planta baixa com a represen-
tação das instalações elétricas, a representação do diagrama unifilar do quadro de distribuição. Abaixo
dele está o quadro de cargas com a relação de todas as cargas da instalação, assim como a legenda com as
simbologias utilizadas no desenho e as notas referentes ao projeto.

ESPECIFICAÇÕES

As especificações técnicas são os documentos que especificam e qualificam todos os elementos e ma-
térias que serão empregados na obra. Nelas também são definidos os métodos de ensaio e os critérios a
serem adotados para aceitação dos serviços e/ou materiais.
PROJETOS ELÉTRICOS PREDIAIS - VOLUME II
138

CADERNO DE ESPECIFICAÇÕES - SISTEMAS ELÉTRICOS


OBRA: xxxxxx
Contrato: xxxxx Revisão: x Data: dd/mm/aaaa

1. OBJETIVO

Este caderno de especificações tem por objetivo definir os materiais quanto ao tipo
a serem utilizados no Projeto Executivo de sistemas elétrico da Obra X.

2. ESPECIFICAÇÃO DE MATERIAS

2.1 ELETRODUTOS

Eletroduto em PVC rígido roscável preto, tipo antichama, nos diâmetros indicados
em projeto, conforme NBR 6150/80, com rosca paralela BSP, conforme norma
NBR 8133/83. As luvas de emenda devem ser do tipo roscável, assim como as
curvas a 90º devem ser do tipo roscável, fabricadas em PVC rígido, conforme a
norma NBR 6150/80 da ABNT.

Eletroduto em PVC semi-rígido, com características para suportar os esforços de


deformação decorrente de instalações embutidas, tipo ponta azul de alta
intensidade para instalações embutidas em laje e de média densidade para
instalação em alvenaria, seguindo NBR 5410/97. Referência: FORCON,
MGRSTIC, ICATUBOS.

2.2 INTERRUPTORES E TOMADAS

Interruptor com corpo e teclas em material plástico de alta resistência, com


contatos em prata e terminais de ligação em liga de cobre, para 10A/250V; placa
em material termoplástico auto extinguível, conforme NBR 6268/84 a NBR
6278/80. Referência: PIALPLUS,SIEMENS.

Conjunto de Tomadas 2P+T – 20A – 250V, Conforme NBR 14136, – Referência


PIALPLUS.

Espelhos cegos para utilização abrigada em material termoplástico para


fechamento de caixas estampadas, da mesma linha e acabamento dos
interruptores, tomadas, etc.. Referência: PIALPLUS,

Espelhos cegos em material termoplástico para utilização externa, grau de


proteção IP44, linha Acquatic. Referência: PIAL,

Figura 38 -  Especificação técnica


Fonte: SENAI DR BA, 2017.
6 MEMORIAL DESCRITIVO
139

A figura anterior apresenta um trecho de uma especificação técnica de materiais. Observe que nela há a
descrição e especificação dos materiais, destacando as normas técnicas que regulamentam sua fabricação,
além da referência de fabricantes que podem ser utilizados na instalação.

LISTA DE MATERIAIS

É a relação dos materiais presentes na instalação, sendo levantada no próprio projeto elétrico através
da quantificação dos elementos da instalação como, por exemplo, as caixas de passagens, os eletrodutos,
os condutores, os interruptores, as tomadas, os disjuntores, entre outros. Na figura a seguir, veremos par-
te da lista de materiais do projeto dimensionado no capítulo “Projeto de instalações prediais seguindo o
padrão de eficiência energética”.

PLANILHA LIS TA DE MATE R IAIS

ITE M S E R VIÇ OS Quant.


Unid.
INS TALAÇ ÕE S E LÉ TR IC AS E
1
E LE TR ÔNIC AS
1.1 Ins talações E létricas
1.1.1 QUADRO DE DISTRIBUICAO DE ENERGIA EM PVC Unid. 1,00
1.1.2 INTERRUPTOR SIMPLES 01 TECLA Unid. 4,00
1.1.3 INTERRUPTOR SIMPLES 02 TECLAS SIMPLES E 01 TECLA PARALELA Unid. 1,00
1.1.4 INTERRUPTOR PARALELO 01 TECLA Unid. 1,00
1.1.5 INTERRUPTOR INTERMEDIARIO (FOUR-WAY) Unid. 1,00
1.1.6 TOMADA SIMPLES 2P+T Unid. 20,00
1.1.7 CAIXA DE PASSAGEM 4X2" Unid. 28,00
1.1.8 CAIXA DE PASSAGEM OCTOGONAL 4X4" unid. 10,00
1.1.9 ELETRODUTO PVC FLEXÍVEL 25 mm m 50,00
1.1.10 ELETRODUTO PVC RÍGIDO 25 mm m 36,00
1.1.11 CONDUTOR DE COBRE 1,5 mm² (AZUL) pç 2,00
1.1.12 CONDUTOR DE COBRE 1,5 mm² (VERMELHO) pç 2,00
1.1.13 CONDUTOR DE COBRE 1,5 mm² (AMARELO) pç 1,00
1.1.14 CONDUTOR DE COBRE 2,5 mm² (AZUL) pç 3,00
1.1.15 CONDUTOR DE COBRE 2,5 mm² (VERDE) pç 3,00
1.1.16 CONDUTOR DE COBRE 2,5 mm² (VERMELHO) pç 3,00
1.1.17 CONDUTOR DE COBRE 6,0 mm² (VERDE) pç 1,00

Figura 39 -  Exemplo de lista de materiais


Fonte: SENAI DR BA, 2017.

No exemplo anterior, temos a relação de alguns materiais que serão necessários para a execução da
instalação dimensionada. Observe que os materiais listados estão especificados em conformidade com as
normas técnicas, a exemplo da especificação das cores dos condutores.
PROJETOS ELÉTRICOS PREDIAIS - VOLUME II
140

CASOS E RELATOS

A importância de seguir as especificações


Durante uma visita à construção do prédio comercial onde funcionará a sua empresa, Marcelo ob-
servou que, utilizando somente a força dos dedos, os eletrodutos utilizados na obra simplesmente
se rompiam, sendo produtos de péssima qualidade.
Chateado ao constatar tal situação, Marcelo solicitou ao engenheiro responsável pela construção
que lhe apresentasse o memorial descritivo da obra, pois ele não tinha sua cópia em mãos naquele
momento.
Ao consultar o memorial, Marcelo se assustou ao verificar que todo o material elétrico que estava
sendo utilizado na obra divergia das especificações descritas no memorial descritivo.
De imediato, Marcelo solicitou que os serviços fossem interrompidos e conversou com o responsá-
vel pela obra, solicitando a completa substituição dos materiais elétricos, inclusive os que já haviam
sido instalados.
O engenheiro tentou argumentar, mas não teve saída, pois o memorial descritivo era um documen-
to incontestável. Nele estavam especificados de forma detalhada todos os itens e procedimentos a
serem seguidos na construção.
Com isso, o engenheiro e sua equipe tiveram que refazer os serviços. Como os materiais já haviam
sido comprados há bastante tempo, não conseguiram trocar e tiveram além do retrabalho, um gran-
de prejuízo financeiro e tudo isso devido ao fato de não seguirem as orientações do memorial des-
critivo.

ANEXOS

Os anexos podem ser adicionados ao memorial com o objetivo de detalhar ou explicar a execução de
um determinado elemento. São exemplos de elementos que podem ser anexados ao memorial: um deta-
lhamento de um projeto ou manuais técnicos que orientam acerca do funcionamento de uma máquina,
instrumento ou equipamento específico que será utilizado na execução do projeto, no seu controle ou
fiscalização.
Podemos considerar como anexos também alguns elementos vistos anteriormente, como os memo-
riais de cálculos, listas de materiais, especificações técnicas e projetos.
6 MEMORIAL DESCRITIVO
141

Figura 40 -  Exemplo de anexo


Fonte: CELPE, [20--].
PROJETOS ELÉTRICOS PREDIAIS - VOLUME II
142

Na figura anterior, temos o detalhamento do padrão de entrada de instalação elétrica residencial com
a especificação dos elementos que o compõem e a sua forma instalação, segundo padrão definido pela
Companhia de Eletricidade do Estado da Bahia (COELBA).
Observe que o memorial é um importante documento para a execução de um projeto. Por conta disso,
ele deve descrever de forma correta o projeto elaborado e estar em conformidade com as suas informa-
ções. Ambos devem possuir uma linguagem similar e se referir a um mesmo objeto, pois de nada adianta
ter um projeto bem elaborado e um memorial mal escrito ou especificado, tal situação poderia gerar duvi-
das ou incompatibilidades durante a execução do projeto.
Sendo assim, é importante estar atento durante a elaboração do memorial descritivo para que ele re-
presente detalhadamente o projeto e esteja em conformidade com as normas técnicas.
Chegamos ao final de nosso livro, espero que tenha aprendido bastante, mas, não pare por aqui, conti-
nue estudando e se atualizando.
6 MEMORIAL DESCRITIVO
143

RECAPITULANDO

Estudamos neste capítulo sobre o memorial descritivo. Conforme aprendemos, ele é um documen-
to que descreve em detalhes o projeto elaborado, de forma que podemos dizer que o memorial é
como se fosse o projeto escrito.
Nele, devem constar todas as informações referentes ao projeto: os dados do proprietário, local do
projeto, as informações referentes aos projetistas, a descrição detalhada do projeto, a especificação
dos materiais a serem empregados, as técnicas executivas a serem adotadas, além de informações
referentes ao controle e fiscalização dos serviços, entre outros.
Aprendemos ainda sobre alguns elementos que compõem um memorial descritivo e que são anexa-
dos a ele, como, por exemplo, os memoriais de cálculo, lista de materiais, as especificações técnicas,
assim como os projetos e os manuais que podem ser necessários ao entendimento ou execução do
projeto.
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SIEMENS. Disjuntores 5SX, 5SL, 5SY e 5SP: a proteção adequada para cada tipo de
projeto. 2016. Disponível em: https://w3.siemens.com.br/automation/br/pt/download-
s-bt/Documents/Minidisjuntores/Cat%C3%A1logo/Catalogo-Minidisjuntores_2016_PT-
v1.pdf. Acesso em: 17 nov. 2017.
MINICURRÍCULO DA AUTORA

NAÍSE DA SILVA SANTOS


Naíse da Silva Santos é graduada em Engenharia Civil pela Universidade Estadual de Feira de
Santana (UEFS) e atua na execução de reformas e construção de obras de pequeno e médio por-
te. Iniciou sua carreira em 2014. No SENAI- BA, atuou como professora da unidade curricular de
Projetos Complementares - Instalações e Desenho Geométrico. Tem experiência na execução de
obras, elaboração de projetos estruturais em concreto armado, instalações hidrossanitárias e ins-
talações elétricas.
ÍNDICE

A
ART 131

B
BIM 24
Brainstorming 18

C
COELBA 96
Compatibilização 23, 24

E
Empirismo 32

F
Fator de potência 66, 67, 75, 76, 84
Fatores de demanda 96, 98, 99, 126

G
Gráfico de GANTT 50

I
IBGE 30, 35
IBOP 30
Índice de ofuscamento 104, 105
Índice de reprodução de cores 104, 105, 106

N
NBR 5410 34
NBR 8662 34
NR 10 34

P
PMBOK 42

R
Recenseadores 30
Refletância 107, 108
Rendimento 66, 67, 76, 84
Resistividade do solo 68, 70, 116, 118

S
SM04.14-01.001 96
SENAI – DEPARTAMENTO NACIONAL
UNIDADE DE EDUCAÇÃO PROFISSIONAL E TECNOLÓGICA – UNIEP

Felipe Esteves Morgado


Gerente Executivo

Luiz Eduardo Leão


Gerente de Tecnologias Educacionais

Fabíola de Luca Coimbra Bomtempo


Coordenação Geral do Desenvolvimento dos Livros Didáticos

Catarina Gama Catão


Apoio Técnico

SENAI – DEPARTAMENTO REGIONAL DA BAHIA

Ricardo Santos Lima


Coordenador do Desenvolvimento dos Livros no Departamento Regional da Bahia

Naíse da Silva Santos


Elaboração

Edeilson Brito
Revisão Técnica

Edeilson Brito
Coordenação Técnica

Marcelle Minho
Coordenação Educacional

André Luiz Lima da Costa


Igor Nogueira Oliveira Dantas
Coordenação de Produção

Paula Fernanda Lopes Guimarães


Coordenação de Projeto

Débora Maria Mangueira Gomes


Thaís Araújo Soares
Design Educacional
Daiane Amancio
Revisão Ortográfica e Gramatical

Alex Ricardo de Lima Romano


Antônio Ivo Ferreira Lima
Daniel Soares Araújo
Fábio Ramon Rego da Silva
Thiago Ribeiro Costa dos Santos
Vinicius Vidal da Cruz
Ilustrações e Tratamento de Imagens

Nelson Antônio Correia Filho


Fotografia

Alex Ricardo de Lima Romano


Antônio Ivo Ferreira Lima
Leonardo Silveira
Vinicius Vidal da Cruz
Diagramação, Revisão de Arte e Fechamento de Arquivo

Renata Oliveira de Souza CRB - 5 / 1716


Normalização - Ficha Catalográfica

Daiane Amancio
Renata Oliveira de Souza
Revisão de Diagramação e Padronização

Carlos Eduardo Gomes


Francisco Flávio Rocha Palácio
Thiago José Victor
Comitê Técnico de Avaliação

i-Comunicação
Projeto Gráfico

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