Você está na página 1de 68

Empreendedorismo

6º ao 9º ano
FICHA TÉCNICA

Prefeito Equipe de Coleta e Sistematização de Dados Organização da Proposta


Isaac Cavalcante de Carvalho Luzanilde Oliveira Aguiar
Ana Paula Santos Granja Ribeiro
Cristiana William Souza Pereira Digitação
Secretário de Educação Denise Simone Farias da Cruz Arielson Alves de Carvalho
Plínio José de Amorim Neto Gerlane Fernandes da Silva
Lindalva Gonçalves Cavalcanti de Souza Revisão
Diretoria de Gestão Educacional Neide dos Santos Barbosa
Luzanilde Oliveira Aguiar
Maéve Melo dos Santos Paula Solange Batista Araújo Alves
Maria Sônia do Nascimento Passos
Rôsemar Duarte Motta
Vera Lúcia Amaral
Gerência de Ensino Fundamental,
EJA e Educação Especial Equipe de Elaboração Ilustração
Maria Sônia do Nascimento Passos Paulo Marcus Ribeiro Vianna (Parlim)
Carlos Alberto Batista Santos
Gerência de Educação Infantil Clériston José da Silva Andrade Arte Final
Miranery Amorim de Souza Deranor Gomes de Oliveira
Sérgio Eduardo F. Silva
Gilmar Nery da Silva
Giovanna Lopes Gil de souza Ramos
Gerência de Gestão Escolar João Luiz dos Santos Souza
Lucinete Alves Silva Joelma Conceição Reis
Julianna Vasconcelos Barros Guimarães
Gerência de Dados Educacionais, Lucinete Alves Silva
Avaliação e Estatística Luzanilde Oliveira Aguiar
Edmundo Herculano da Silva Maéve Melo dos Santos
Maria Aparecida Freire
Mary Adriana dos Santos
Gerência de Valorização do Professor Paulo Marcus Ribeiro Vianna
e Formação Continuada Reginaldo Medrado Dias
Clériston José da Silva Andrade Sandra Regina Lopes Cavalcante de Miranda

Gerência Administrativa
Willames Chrisóstomo da Silva

Gerência Financeira
Jorge Duarte
PROPOSTA CURRICULAR
DIREITO DE APRENDER
(Módulo de Empreendedorismo)

Juazeiro/BA
2009
Carta ao (a) Educador (a)
Eis um grande momento em que, juntos, experiência e ciência, formatam o processo educacional desenvolvido no
município, através de um documento que exprime ação coletiva, planejamento eficiente e a inconteste profissionalização
requerida à educação: a primeira Proposta Curricular da Rede Municipal de Juazeiro. Um Marco. Fruto de um intenso e rico
debate acerca do direito de aprender dos alunos. Direito de aprenderem a conhecer, a fazer, a conviver e, principalmente, a
ser cidadãos mais conscientes e comprometidos na reconstrução de uma sociedade mais justa e feliz.
A Secretaria Municipal de Educação espera que este instrumento impulsione as escolas e, em especial, os educadores e
educadoras, na execução de um fazer, cada vez mais aprimorado, na sala de aula. A nossa motivação baseia-se na
convicção de que, o corpo docente da Rede Municipal de Juazeiro, tem demonstrado, paulatinamente, compromisso
pedagógico na busca por uma educação pública de qualidade.
Desejamos que a educação seja o processo através do qual o indivíduo toma a história em suas próprias mãos, a fim de
mudar o rumo da mesma. Como? Acreditando no educando, na sua capacidade de aprender, descobrir, criar soluções,
desafiar, enfrentar, propor, escolher e assumir as consequências de sua escolha; acreditando no professor, na sua
incomparável tarefa de facilitar a aprendizagem e promover o crescimento das pessoas.
Esta Proposta pode, com muita segurança, ser uma grande aliada na promoção do maior objetivo para a Rede Municipal de
Educação: SUCESSO PARA O ALUNO E SUCESSO PARA O PROFESSOR.

Um grande abraço,

Plínio José de Amorim Neto


Secretário de Educação .
Apresentação
O grande desafio do sistema público de ensino é assegurar a efetiva aprendizagem dos alunos. De nada adianta todos os esforços e investimentos se
o aluno não aprende.
Dados oficiais do governo brasileiro apontam índices alarmantes de crianças que concluem o ensino fundamental sem que tenham se apropriado,
de fato, da leitura, da escrita, do cálculo mental e de tantas outras habilidades necessárias à formação de cidadãos competentes e autônomos.
O olhar sobre os indivíduos que não conseguem aprender no mesmo ritmo de seus pares sofreu modificação ao longo dos últimos anos. Novos
estudos desviaram o foco da escola do ensinar para o aprender. Entendemos que eles têm um papel relevante na formação de atitudes – positivas ou
negativas – perante o estudo. O professor deve estabelecer uma nova relação com quem está aprendendo, tornando-se não mais alguém que
transmite conhecimentos, mas aquele que ajuda os seus alunos a encontrar, organizar e gerir o saber.
Para tanto, é necessário termos clareza para onde queremos ir. A Proposta Curricular da Rede Municipal de Ensino de Juazeiro objetiva dar um
direcionamento à prática pedagógica de cada escola, auxiliando os professores, coordenadores e gestores, busca por uma educação de qualidade,
onde todos possam aprender aquilo que lhe é de direito.
Neste documento estão materializadas as reflexões referentes à função da escola, sobre o quê, quando, como e para que ensinar e aprender,
possibilitando ao educador um direcionamento no fazer pedagógico e, consequentemente, ao educando a aquisição de competências e habilidades
necessárias à construção de autonomias.
A escola precisa encontrar novas formas de ensino e, principalmente, de aprendizagem; para isso, o currículo deve ser, segundo César Coll (2003) um
elo entre a teoria educacional e a prática pedagógica, entre planejamento e ação. Esta proposta curricular traduz a afirmativa acima em textos que
esclarecem os desafios da educação contemporânea e para que existe a escola, qual a relação entre o novo formato do ensino fundamental e a
vivência do currículo na instituição de ensino. Apresentam, também, a nova lógica curricular propondo um currículo por competências, expõem os
pressupostos que alicerçam as concepções aqui defendidas e apontam, de maneira estruturada e coerente, matrizes de referências contendo os
descritores e os blocos de conhecimentos, embasadas pelos textos que as antecedem onde são explanados a importância histórica,
interdisciplinaridade / transversalidade, objetivos da disciplina, eixos norteadores, orientações metodológicas, avaliação na perspectiva da
disciplina. O presente documento conta também com orientações para a gestão do currículo na escola, pois o direito de aprender deve ser
evidenciado através de ações coletivas, não se restringindo apenas à sala de aula.
Entendendo que a elaboração de programas escolares e de materiais pedagógicos deve ser feitos com a participação dos professores, este
documento é fruto de um trabalho coletivo. Inicialmente foi elaborada uma minuta por especialistas das áreas específicas e, posteriormente, foi
realizada a apreciação deste, por todos os professores da Rede Municipal em 2009 durante as formações continuadas, onde foram discutidos,
analisados e sugeridos os descritores e conteúdos considerados essenciais à formação das competências necessárias ao enfrentamento dos
desafios sociais, culturais e profissionais do mundo contemporâneo.
Esta iniciativa objetiva garantir a todos uma base comum de conhecimentos e competências, para que nossas escolas funcionem de fato como uma
rede, e, portanto, auxiliar a todas as escolas municipais na busca por uma educação pública de efetiva qualidade.
Compreendendo que o equilíbrio entre a competência na disciplina ensinada e a competência pedagógica deve ser cuidadosamente respeitado, a
presente Proposta Curricular pretende ser uma importante ferramenta pedagógica, favorecendo um reposicionamento diante do processo ensino-
aprendizagem e contribuindo na ressignificação e legitimação do papel do professor, como facilitador e gerenciador dessa aprendizagem.

Maéve Melo dos Santos


Diretora de Gestão da Educação
Sumário
Os desafios contemporâneos da educação brasileira ....................................................................................................................... 07
Para que existe a escola? .................................................................................................................................................................. 10
Ensino Fundamental de Nove Anos e a proposta curricular ............................................................................................................. 12
Pressupostos Teóricos de um currículo por competências ............................................................................................................... 14
A nova lógica curricular ..................................................................................................................................................................... 17
Eixos Norteadores da Proposta Curricular ........................................................................................................................................ 22
Matriz de Referência de Empreendedorismo ................................................................................................................................... 25
Educação Inclusiva e Currículo ......................................................................................................................................................... 42
Perfil do Educador ................................................................................................................................................................... 43
Perfil do Educando .................................................................................................................................................................. 44
Diretrizes para a Educação Inclusiva ........................................................................................................................................ 44
Roteiro do Trabalho na Perspectiva da Educação Inclusiva ...................................................................................................... 46
A Importância da avaliação no processo de ensino/aprendizagem .................................................................................................. 50
O papel do gestor escolar na organização curricular ......................................................................................................................... 56
O papel do Coordenador Pedagógico na gestão do currículo na escola ............................................................................................ 62
Assumindo posturas ........................................................................................................................................................................... 64
Referências ......................................................................................................................................................................................... 65
Os Desafios Contemporâneos da Educação Brasileira
Por Maéve Melo dos Santos

P lano de Desenvolvimento Educacional – PDE impõe a todos uma nova postura diante da problemática educacional,
atrelando os recursos financeiros aos resultados concretos da aprendizagem do aluno. Portanto, um dos grandes desafios das
secretarias municipais de educação é garantir a efetiva melhoria da qualidade da educação pública com base nos resultados da
avaliação educacional. O desafio consiste em promover a eficiência do sistema e a melhoria da qualidade do ensino. Para isto, é
necessário um novo padrão de gestão, alicerçado em agilidade, criatividade, compromisso, qualidade, ética e transparência.
O MEC aponta para financiamento associado a resultados, cujas metas a serem cumpridas têm como base 26 diretrizes e um
diagnóstico do município, esboçado no Plano de Ações Articuladas - PAR que servirá como referência do instrumento de convênio para
repasse de recursos e de assistência técnica, sendo, ainda, o Índice de Desenvolvimento da Educação Básica - IDEB o termômetro que irá
aferir o grau de melhoria da educação básica do município, antes e após o PAR.
O Compromisso, Todos pela Educação, preconiza cinco metas essenciais: (1) Toda criança e jovem de 4 a 17 anos estarão na escola; (2)
Toda criança de 08 anos estará plenamente alfabetizada; (3) Todo aluno aprenderá o que é apropriado para sua série; (4) Todo aluno

07
concluirá o Ensino Fundamental até os 16 anos de idade e o Ensino Médio até os 19 anos e; (5) O investimento em Educação deve ser
garantido e gerido de forma eficiente e ética.
Para evitar o improviso, considerado um dos responsáveis pela má qualidade da educação brasileira, as Secretarias Municipais de
Educação precisam investir em avaliação, gerenciamento de dados, planejamento, acompanhamento e, principalmente, na construção
da Proposta Curricular da Rede, definindo os descritores essenciais à formação do indivíduo competente e capaz de desenvolver
habilidades que lhes permitam o pleno exercício da sua cidadania.
A fim de garantir a observância dos outros princípios as Secretarias precisam construir, também, uma relação de cumplicidade com
todos os atores do processo educativo: professores, gestores, coordenadores, supervisores, pessoal de serviços administrativos e
comunidade.
A Secretaria Municipal de Educação de Juazeiro, em consonância com o MEC, desenvolve uma Política Educacional que tem como
premissa o sucesso do aluno. Todas as ações planejadas, executadas e avaliadas são pensadas acreditando que o aluno da escola pública
é capaz de aprender no tempo adequado.
E quando o aluno dá certo? Acreditamos que o aluno dá certo quando:
? Frequenta as aulas;

O Direito de Aprender
É assistido por professores presentes e que acreditam em seu potencial;
?
Estudo numa escola que cumpre as 800 horas aulas mínimas;
?
Faz as lições de casa;
?
Aprende a ler;
?
Dispõe de livros de literatura na sala de aula;
?
Sua família e a escola estão sempre em comunicação.
?

Fazer o aluno dar certo, implica em:

Compromisso político:
? Estabelecimento de política educacional com foco em resultados de qualidade, com prioridade para alfabetização.

Compromisso ético:
? Respeito aos direitos constitucionais e ao desenvolvimento da cidadania.
? Adesão à causa.

08 Competência técnica:

Garantia de equipes de profissionais corresponsáveis pelos resultados, alinhados à causa, aos conceitos, às estratégias e às
?
ações.

A Secretaria Municipal de Educação, enquanto centro administrativo do sistema educacional é responsável pelas intervenções de apoio
e de regulação, a fim de assegurar a efetiva igualdade de oportunidades no âmbito escolar e a correção das desigualdades existentes
entre as escolas.

O Direito de Aprender
Para que existe a escola
Por Cleríston Andrade

A escola existe para que o aluno aprenda. Por mais simplista que seja essa afirmação, não podemos fugir das conseqüências e
responsabilidades nela implícitas. Ou o aluno aprende ou a escola, enquanto instituição social, falha drasticamente em sua
função.
Ainda que pareça reducionismo, os profissionais que trabalham com educação, precisam lembrar do objetivo final do seu trabalho: o
aluno deve aprender. Essa premissa necessita ser assumida por todos que compõem cada unidade de ensino, caso contrário, a escola
corre o sério risco de desenvolver outros objetivos que nada contribuem para o cumprimento de sua missão.
Quando é a aprendizagem a assumir o protagonismo em todas as iniciativas, as decisões da gestão escolar, voltam-se para o
desenvolvimento do potencial do aluno; os funcionários trabalham para oferecer as condições que favoreçam o crescimento do
educando, os professores planejam e avaliam, na perspectiva de o aluno construir conhecimentos. Enfim, a escola caminha com
objetivos condizentes com a razão primeira da sua existência, tudo o mais será conseqüência dessa premissa.
Todavia, em meio a tantas atribuições que lhe foram impostas pela sociedade, a escola acabou perdendo o real enfoque do seu
trabalho. É preciso reafirmar, entretanto, que não existe construção de consciência cidadã sem que os alunos aprendam, não se nutrem
transformações sociais sem que os educandos desenvolvam saberes, não se forjam valores éticos sem que os estudantes construam
conhecimentos. Todo discurso, com a ausência desses aspectos, será vago, se não houver aprendizagem.
09
E o que fazer quando o aluno não aprende? Esta pergunta desencadeia uma série de respostas, demonstrando o que ocorre quando a
aprendizagem é a principal meta da escola. Não são os professores que se preocuparão com o fracasso escolar, com a não
aprendizagem.
Ora, se toda a instituição trabalhar, movida pelo desejo institucional de que o educando construa saberes, todos os seus membros
destinarão esforços para identificar as causas do insucesso e promoverão estratégias de superação do problema. Neste sentido,
iniciativas diversas, deverão ser tomadas, como, por exemplo: a escola envolvendo a família, ouvindo o aluno, revisando seus planos
iniciais, sem, entretanto, transferir responsabilidades ou culpas a outrem.
Na instituição que se mobiliza para favorecer a aprendizagem, até as decisões de ordem administrativa e financeira, caminham nessa
direção. Com tal expectativa, os recursos que nela chegam, são aplicados, prioritariamente, na viabilização de instrumentos e
ambientes, que cooperem com o trabalho do professor e com o sucesso do aluno. Atitudes desta natureza revelam que a escola não
abandonou seu papel.
Assumir, política e pedagogicamente, que a escola existe para que o aluno aprenda, desencadeia mudanças que vão, desde os

O Direito de Aprender
paradigmas da gestão, até a atuação de cada educador na sala de aula. De tão simples, esse entendimento foi colocado de lado em
muitos lugares e precisa ser retomado o quanto antes; caso contrário, fomentar-se-á uma educação excludente e alienante,
contrastante com o discurso crítico e politicamente correto.

10

O Direito de Aprender
Ensino Fundamental de Nove Anos e a Proposta Curricular
Por Luzanilde Oliveira Aguiar

A
educação é um direito de todos, sem distinção de raça, credo, classe social ou gênero. Partindo dessa afirmativa, constata-se a
necessidade da implementação de ações diversas que possibilitem a ressignificação do currículo, visando fomentar o
desenvolvimento de novas mentalidades e a mobilização de todos os envolvidos no processo educacional. Para tanto, faz-se
necessário refletir sobre as ações administrativas, educativas e seus resultados e fazer uma nova projeção curricular, pois se percebe
que nenhuma reforma ou lei, até então, conseguiu alcançar totalmente os verdadeiros fins e objetivos da educação. Esses objetivos
transformam-se dinamicamente, sobretudo, nos dias atuais, mediante significativas mudanças ocorridas no mundo contemporâneo
que caracterizam esta sociedade como sendo do conhecimento e da informação, determinando novas demandas para o sistema
educacional e pressionando a educação a assumir novos papéis.
Na perspectiva de garantir maior eficácia e eficiência dos sistemas de ensino, foi sancionada a Lei 11.274 de 06 de fevereiro de 2006,
alterando os artigos 29, 30, 32 e 87 da LDB 9394/96 (esta já idealizava a ampliação do tempo no ensino fundamental), estabelecendo
diretrizes e bases da educação nacional para a ampliação do Ensino Fundamental para nove anos – estruturado em duas etapas: séries
iniciais dos seis aos dez anos e séries finais dos onze aos catorze anos – buscando oferecer maiores oportunidades de aprendizagem e
assegurar que, ingressando mais cedo no sistema de ensino, o indivíduo prossiga seus estudos, alcançando maior nível de escolaridade.
Desse modo, o aluno deve ser matriculado na primeira série – agora chamada primeiro ano – com seis anos de idade.
11
A intenção não é trocar o nome do último estágio da Educação Infantil pelo nome da primeira série do Ensino Fundamental e sim,
considerar as especificidades, necessidades e potencialidades específicas da infância. Portanto, o primeiro ano deverá ter sua própria
identidade pedagógica, não representando ruptura com o processo anterior vivido pelas crianças em casa, instituições de Educação
Infantil ou outros espaços, mas uma forma de continuidade das experiências para que as crianças, gradativamente, sistematizem os
conhecimentos. Vale ressaltar, no entanto, que se a criança cursou o último ano da pré-escola com menos de 06 anos, o MEC orienta que
o ingresso no Ensino Fundamental seja feito na primeira série, visto que o trabalho desenvolvido no primeiro ano é uma ampliação do
que foi desenvolvido na Educação Infantil e não uma repetição. Segundo o parecer CNE/CEB nº 7 / 2007, os sistemas de ensino e as
escolas, nos limites de sua autonomia, têm a possibilidade de proceder às adequações que melhor atendam a determinados fins e
objetivos educacionais, tais como promoção da autoestima dos alunos, respeito às diferenças e diversidades, estabelecimento, por
parte dos gestores, de regras de bom senso e razoabilidade, bem como tratamento diferenciado sempre que a aprendizagem do aluno
exigir; entretanto, faz-se necessário perceber que essas orientações não devem ser consideradas somente nos anos iniciais do ensino

O Direito de Aprender
fundamental, como também nos anos finais para que, ao finalizar esta etapa da educação básica, seja possível vislumbrar pessoas mais
preparadas exercendo com propriedade sua cidadania.
Sendo o Ensino Fundamental o período escolar obrigatório e indispensável ao desenvolvimento de crianças, jovens e adultos e
entendendo que é nessa fase que estes adquirem o domínio da leitura, da escrita e do cálculo, além de outros conhecimentos essenciais
à vida em sociedade, torna-se necessário perceber a ampliação do tempo dessa etapa numa perspectiva de qualificação do ensino –
aprendizagem, garantindo o “direito de aprender”, pois até então, as indagações pairavam sobre como o professor deveria ensinar.
Hoje, percebe-se uma preocupação maior em relação ao como o aluno pode e deve aprender.
Com a mudança de foco surgiu a intenção de construir uma proposta curricular que compreendesse o contexto do Ensino Fundamental
de nove anos, evidenciasse os processos das diferentes linguagens, considerasse as particularidades e as formas de comunicação na
formação de conceitos desde o pensamento sincrético na infância até o domínio dos conhecimentos científicos na adolescência. A
proposta curricular não pode limitar suas orientações ao ensino de conhecimentos inúteis à ação, pois o currículo por competências,
conforme Perrenoud (1999), deve construir uma relação com o saber menos pautado em uma hierarquia baseada no saber erudito
descontextualizado, por entender que os conhecimentos sempre se ancoram, em última análise, na ação.
O termo competência é utilizado aqui como “saber em ação”, pressupondo conhecimentos fundamentais, não conhecimentos
memorizados. Denota sim, conhecimento, mas também a capacidade e a disposição para utilizá-lo. Sendo assim, projetar um novo
currículo significa buscar construir identidades, partindo de uma prática pedagógica coerentemente planejada e de profissionais
12 comprometidos em lidar com crianças, jovens e adultos, não apenas como estudantes, mas também como seres dialógicos, com
sentimentos, anseios e possibilidades de, através das suas concepções e construções, transformarem o individualismo em coletividade,
o conhecimento em ação.

Um sonho que se sonha só é só um sonho,


Mas um sonho que se sonha junto é realidade.
Raul Seixas

O Direito de Aprender
Pressupostos Teóricos de um Currículo por Competências
Por Luzanilde Oliveira Aguiar

A teoria curricular, segundo Kemmis (1988, p. 134), é elaborada na pluralidade de pontos de vista da linguagem e do discurso, das
relações sociais e da organização, da ação e das práticas. Portanto, faz-se necessário clarificar o que pressupõe a proposta
curricular do município de Juazeiro, visto que, para esta elaboração alguns aspectos foram considerados, desde o que está
legalmente instituído pelo MEC (Ministério da Educação) até as características da atuação dos profissionais da educação ao longo dos
anos.
Podem-se registrar na história do currículo as atribuições dadas ao currículo enquanto instrumento com finalidades funcionais e
utilitárias, sendo um modelo da eficiência social, associando disciplinas das diversas áreas do conhecimento com estratégias que
visavam desenvolver a capacidade de resolução de problemas cotidianos. Bobbit, professor de administração educacional da
Universidade de Chicago, publicou seu primeiro trabalho em 1913, onde defendia que deveria existir um documento em que fossem
fornecidos aos trabalhadores métodos, recursos e instruções bem definidos para garantir a eficiência educacional. No final dos anos
quarenta, surge um importante instrumento de orientação e definição das práticas curriculares, a partir da formulação de objetivos – o
Rationale Tyler, onde estabelecia uma relação entre os objetivos da educação e o controle da aprendizagem que verificaria a mudança
de comportamentos. Apresentava quatro características: as experiências, o modo pelo qual o conhecimento é reestruturado, as
seqüências efetivas de apresentação dos materiais a serem aprendidos, a natureza dos passos de recompensa e punição do processo de
13
ensino-aprendizagem. Este documento influenciou consideravelmente a educação brasileira nos anos setenta, pois nele encontra-se a
avaliação contínua dos alunos conforme objetivos anteriormente elencados, bem como o desenvolvimento de experiências de
aprendizagem onde tais objetivos poderiam ser alcançados (Pacheco, 2001).
As transformações curriculares no sistema educativo disseminaram os discursos de qualidade, eficiência e competitividade,
fragilizando a qualidade cognitiva das aprendizagens pela forma, como os órgãos educacionais oficiais e os docentes entendiam esses
discursos. Por outro lado, a ampliação das oportunidades educacionais e as exigências do mundo do trabalho, da sociedade e do
próprio indivíduo se constituíram na busca pelo desenvolvimento de competências mais amplas de sobrevivência e convivência,
demandando uma aprendizagem permanente e cotidiana. Dessa forma, não é esperado que a escola, como em outros tempos, apenas
transmita o essencial do saber, atualmente vastíssimo e acessível por muitos outros meios, mas que proporcione os referenciais de
conhecimento e de competências que habilitem os sujeitos a aplicarem e a gerirem os seus processos de formação na vida social e
profissional. Nessa perspectiva, a construção do conhecimento pressupõe a construção de competências.
Competências são modalidades estruturais da inteligência, isto é, ações e operações utilizadas para estabelecer relações com e entre

O Direito de Aprender
objetos, situações, fenômenos e pessoas que se deseja conhecer; operações mentais estruturadas em rede, que mobilizadas,
permitem a incorporação de novos conhecimentos e sua integração significada a esta rede, possibilitando a reativação de esquemas
mentais e saberes em novas situações, de forma sempre diferenciada. As habilidades decorrem das competências adquiridas e
referem-se ao plano imediato do saber-fazer. Há nos moldes atuais a necessidade de se ter estabelecido um instrumento definido como
um conjunto de conhecimentos, habilidades, atitudes consideradas importantes a serem trabalhadas na escola – um currículo por
competências.
O currículo por competências é entendido como uma organização de conteúdos sustentada pelo entrelaçamento estratégico e didático
de teoria, prática e pesquisa, no intuito de proporcionar ensino e aprendizagem interdisciplinarizados, partindo de uma
problematização real e necessária, ressignificando a linguagem educativa e conseqüentemente, as práticas curriculares. Segundo
Gagné (1976, p. 109 – 116), os campos de aprendizagem incluem a informação verbal, as habilidades intelectuais, as estratégias
cognitivas, as atitudes e as habilidades motoras, correspondendo a possibilidades de construção dos espaços culturais escolares
através do currículo. Sendo assim, o aprendente encontra na aprendizagem um dispositivo permanente de reconstrução de
identidades, cujos principais vetores dessa construção cultural são o tempo e o espaço. Fica perceptível que o centro do currículo e,
portanto, da prática pedagógica, neste sentido, é o processo de construção, apropriação e mobilização dos saberes para equacionar e
resolver as situações em que indivíduos e sociedade estão inseridos.
Uma proposta curricular por competências pressupõe a centralidade do educando e, todavia, da aprendizagem, a convergência na
14 qualidade e na autonomia, uma prática pedagógica diversificada, uma escola diferenciada, uma pedagogia ativa, implicando numa
modificação da função da escola e, conseqüentemente, de um novo formato de professor, cujo objetivo deve ser fazer aprender e não
ensinar, mas também, de um novo formato de aluno, que precisa ser o agente inegociável da aprendizagem. A constituição da referida
proposta defende a idéia de que se aprende também fora da escola e que, é papel da escola, conjugar o conhecimento produzido e
adquirido simultaneamente à escolarização com as competências já construídas pelo aprendente, sendo estes concebidos e
internalizados na instituição de ensino; defende também, que a educação escolar precisa instrumentalizar esse aprendente para uma
aprendizagem ao longo de toda vida. Portanto, a seleção dos conhecimentos a serem trabalhados na escola, a escolha dos contextos de
onde serão extraídos estes conhecimentos e para onde retornarão, gerando novos conhecimentos e as relações interdisciplinares que
serão estabelecidas diversificarão o currículo que, dessa forma, terá vivacidade em sala de aula.
A Lei de Diretrizes e Bases da Educação define como resultados de um trabalho voltado à construção dos alicerces para o exercício da
cidadania, bem como da igualdade de acesso aos bens econômicos e culturais, três grandes competências: o domínio das linguagens e
dos códigos com os quais se negociam os significados no mundo contemporâneo, o domínio dos princípios científicos e tecnológicos
que sustentam a produção em constante mutação e o domínio dos princípios da organização social e cultural, situadas no espaço e no
tempo. Tendo como base as três grandes competências aqui elencadas, cabe à proposta curricular disponibilizar uma estrutura que

O Direito de Aprender
garanta que o conjunto de competências elencadas em cada área do conhecimento possa formar a unidade, favorecendo a construção
de identidades. Nessa perspectiva, não é necessário renunciar ao estudo das disciplinas, pois como disse Perrenoud (1999, p.40):

[...] Alguns temem que desenvolver competências na escola levaria a renunciar às disciplinas de ensino e apostar tudo
em competências transversais e em uma formação pluri, inter ou transdisciplinar. Este temor é infundado: a questão é
saber qual concepção das disciplinas escolares adotar. Em toda hipótese, as competências mobilizam conhecimentos,
dos quais grande parte continuará sendo de ordem disciplinar [...].

As disciplinas servirão de instrumentos para o desenvolvimento de competências, aqui compartimentalizadas em descritores que
foram construídos por especialistas de cada área do conhecimento e pelos educadores que compõem o quadro funcional da Rede
Municipal de Educação. Vale ressaltar que essa organização está baseada nas orientações viabilizadas pelo Ministério da Educação e
nos estudos realizados sobre o que as crianças, jovens e adultos têm que adquirir para poder compartilhar da cultura econômica,
científica, tecnológica, audiovisual e letrada na sociedade. Para César Coll (2003), o currículo é o elo entre a declaração dos seus
princípios – ideológicos, pedagógicos e psicopedagógicos – e objetivos gerais, bem como uma prévia prescrição de sua aplicação
operacional; a teoria educacional e a realidade do aluno e do meio que o cerca, o que gerará a prática pedagógica observável no dia a
dia; o planejamento educativo e a ação pedagógica entre o que é prescrito e o que realmente acontece em sala de aula. Essa afirmativa
reforça a idéia de que, assim como está descrito nas diretrizes curriculares nacionais, a proposta curricular deve indicar os princípios da
estética da sensibilidade, da política da igualdade e a ética da identidade. Princípios estes, geradores de valores que precisam estar
15
presentes no cotidiano do trabalho escolar, nos procedimentos e nas atitudes dos educadores e dos educandos, indo além do estudo
puro e simples de conteúdos programáticos.
Como bem disse Perrenoud (1999), não se modifica uma prática de ensino da noite para o dia, por decreto, porém acredita-se que as
mudanças ocorrem no trilhar do caminho e que se o mapa estiver coerente com a racionalidade da transmissão de conhecimentos
dirigida, para a solução de problemas mediante a aquisição e o domínio de estratégias cognitivas, o direito de aprender – foco deste
documento – será viabilizado e os objetivos educacionais serão alcançados.

“Ensinar não é uma função vital, porque não tem o fim em si mesma; a função vital é aprender.” (Aristóteles)

O Direito de Aprender
A Nova Lógica Curricular Brasileira e Suas Implicações no Ensino
por Clériston José da Silva Andrade

C om a aprovação da Lei de Diretrizes e Bases da Educação (Lei 9.394/96), diversas mudanças foram introduzidas no
universo educacional brasileiro. Desde as concepções de ensino ao trato com os profissionais da educação, a nova
legislação implantou a transformação de paradigmas que deveriam ser superados, em prol de uma nova compreensão
pedagógica, sociológica e política do ato educativo.
O Artigo 32 é revelador dessa compreensão emergente. Nele, tornam-se patentes quais são os objetivos do ensino
fundamental:
“I - o desenvolvimento da capacidade de aprender, tendo como meios básicos o pleno domínio da leitura, da
escrita e do cálculo;
II - a compreensão do ambiente natural e social, do sistema político, da tecnologia, das artes e dos valores em que
se fundamenta a sociedade;
III - o desenvolvimento da capacidade de aprendizagem, tendo em vista a aquisição de conhecimentos e
habilidades e a formação de atitudes e valores.”
16 Algo novo permeia o currículo a partir da Lei. É sobre essa lógica, agora estabelecida, que esse texto convoca à reflexão.

UM BREVE HISTÓRICO DA TRANSFORMAÇÃO CURRICULAR

É evidente que, o período acima citado, não inaugura as revisões trazidas pela LDB. A história da educação nacional é ampla no
que diz respeito a movimentos, debates, concepções e iniciativas que influenciaram as alterações incorporadas pela Lei de
Diretrizes e Bases. Mas, a promulgação da nova legislação denota um marco importante para compreendermos, inclusive, a
organização curricular adotada em sua decorrência.
Um trecho, já citado anteriormente, acentua essa realidade nascente. É estabelecido como responsabilidade do ensino, “o
desenvolvimento da capacidade de aprendizagem, tendo em vista a aquisição de conhecimentos habilidades e a formação de
atitudes e valores.” (Art. 32, item III).
A estrutura curricular, até então vigente no país, não poderia atender a tal atribuição (atente para os termos em negrito). Era
marcada pelo seu caráter academicista e conteudista. Mesmo que nunca tenha atingido plena eficácia, nos seus propagados

O Direito de Aprender
intuitos, o ensino no Brasil objetivava a formação de educandos que acumulassem informações e conhecimentos. A herança européia
deixou como marca na nossa cultura escolar o ideal da erudição, tornando-a premissa do trabalho escolar.
Agora, entretanto, palavras como “habilidade” e “competência” penetram o discurso pedagógico do país. Era, então, inevitável
promover alterações na organização curricular.
Mais uma vez, as fontes européias nortearam essas alterações. Todavia, torna-se necessário frisar que a Europa já experimentara de
maneira efetiva, notadamente na Espanha, França e Suíça, o currículo firmado no desenvolvimento de competências.
Publicados em 1997, os Parâmetros Curriculares Nacionais – PCN – buscam incorporar as concepções a que nos referimos. O currículo
deixa de ser pautado nos conteúdos e o protagonismo passa a ser do desenvolvimento, pelo educando, de habilidades que, por sua vez,
se valem dos saberes transmitidos pela escola.
Esse breve histórico, trata de mudanças que se deram em documentos, leis, resoluções. Porém, o reflexo prático de toda essa lógica
ainda não pôde ser amplamente percebido na prática educativa brasileira. A educação persiste, em reproduzir, o caráter conteudista de
muitos anos atrás.
Tratar de uma nova organização curricular, envolve aspectos diversos. É preciso rever concepções de ensino, métodos, estratégias e
objetivos. O papel do professor, também, necessita atender ao novo modelo proposto. A escola e os sistemas de ensino, têm a tarefa de
compreender e incorporar as perspectivas coerentes com tais transformações.

UMA COMPREENSÃO DIFERENTE DO ENSINO


17
É recomendável revisitarmos o conceito de currículo. Permanece na mente de muitos educadores, a idéia de currículo como sendo
“uma lista de conteúdos, que devem ser ministrados em determinado ano/série”. Prevalece a concepção de que estes saberes,
enunciados, deverão ser transmitidos aos alunos que, por premissa, necessitam demonstrar o domínio da maior quantidade possível
das informações que lhes são repassadas.
Não são muitos os que compreendem a metodologia e a avaliação, por exemplo, como partes integrantes do currículo. Os saberes,
historicamente sistematizados, são elencados, distribuídos em unidades letivas e, a isso, se nomeia “proposta curricular”.
Modernamente, todavia, a idéia de currículo é ampliada para o envolvimento de todas as experiências formativas pelas quais passa o
aluno. A escola planeja e implementa um percurso, que é, também, integrado por objetivos de aprendizagens, mas que envolvem
experiências de várias espécies. Todos os elementos que compõem tal percurso, também, são reconhecidos como currículo (do latim,
“trajetória”.).
No momento em que se assume o pressuposto de que a escola deve priorizar o desenvolvimento de competências, a lógica ou
organização curricular é mudada. Não é o acúmulo de saberes que ocupa lugar proeminente, mas, as habilidades que mobilizam tais

O Direito de Aprender
conhecimentos. Os conteúdos passam a estar a serviço do incremento de capacidades, sem que percam a importância.

A ESCOLA E O CURRÍCULO ORGANIZADO POR COMPETÊNCIAS

Uma palavra começou a fazer parte do dia-a-dia dos professores, que já perceberam as mudanças no currículo: descritor. O termo
aparece em diversas matrizes de referências, que compõem as propostas curriculares mais recentes.
Conceitualmente, o descritor é uma associação, vinculação, entre conteúdos curriculares operações mentais desenvolvidas pelo aluno,
que revelam determinadas competências e habilidades. Aqui se estabelece a conexão entre o que pauta a nova organização do
currículo (justamente, desenvolver competências e habilidades) e os saberes, tão costumeira e isoladamente, trabalhados pela escola.
Observe o quadro abaixo, que ilustra essa conexão. Veja: a competência mobiliza habilidades para resolver problemas,
apresentar respostas. Tais habilidades, quando vinculadas aos conteúdos escolares, passam a ser chamadas de “descritores de
aprendizagem”:
Descritores

Inferir Informação

18 Inferir implícita no texto

Relacionar significado
Relacionar de palavras ao
regionalismo da fala

Competência
Ler e Interpretar
Distiguir opiniões
textos de forma
Habilidades Distinguir Conflitantes entre os
pertinente
personagens

identificar o tema
Identificar predominante no
texto.

Localizar Informações
Localizar explicitas no texto

O Direito de Aprender
Para o sociólogo suíço, Philippe Perrenoud, “competência é a faculdade de mobilizar um conjunto de recursos cognitivos (saberes,
capacidades, informações etc.) para solucionar com pertinência e eficácia uma série de situações” (Nova Escola). Essa definição, apesar
de restrita, traz uma série de conseqüências para o trabalho escolar. Mas, antes de falar sobre elas, detenhamo-nos também no
conceito de habilidade.
As habilidades referem-se ao plano imediato do saber fazer, do saber utilizar. Ser competente é, em síntese, saber mobilizar
capacidades eficazmente. As habilidades, no entanto, não existem sem o domínio dos conhecimentos ou, pelo menos, de experiências,
vivências que ofereçam subsídios para dar respostas diante de demandas ou problemas.
Um exemplo dado pelo próprio Perrenoud, em entrevista publicada no site da Revista Nova Escola: “saber orientar-se em uma cidade
desconhecida mobiliza as capacidades de ler um mapa, localizar-se, pedir informações ou conselhos; e os seguintes saberes: ter noção
de escala, elementos da topografia ou referências geográficas.”.

Tais habilidades (que se referem ao saber fazer) interagem e se articulam, dinamicamente, e constituem novas competências. É preciso
ressalvar que, uma habilidade não "pertence", exclusivamente, a determinada competência, posto que, uma mesma capacidade possa
vir a contribuir para várias outras.

APRENDIZAGENS SIGNIFICATIVAS

Na perspectiva curricular emergente, a busca é de dar sentido ao que é aprendido pelo aluno. Conhecer, induzir, classificar. Estes são
19
exemplos de habilidades que a educação deve trabalhar num link direto com o componente curricular (conteúdo). As habilidades
desenvolvidas, devidamente estimuladas e exercitadas, tendem a permanecer para qualquer outra situação em que elas forem
requeridas, dentro e fora da escola.
Ao invés de simplesmente memorizar o significado de uma palavra, por exemplo, o aluno é exposto a situações em que tenha que inferir
tal significado, conhecer o seu uso. Observe que não há habilidade, nem competência sem conhecimento. O desafio é o de estimular o
aluno para que ele possa mobilizar os saberes que domina, resolvendo situações, nas quais eles são pertinentes.
Quando perguntados sobre avaliação externa, é muito comum ouvir professores falarem sobre a importância de contextualizar, não
fragmentar o conhecimento, etc. Contudo, na prática, o trabalho pedagógico revela pouca sintonia entre as habilidades esperadas de
um educando, os conteúdos, e as maneiras pelas quais os saberes são trabalhados.
O descritor, enfim, explicita o conteúdo escolar que o aluno deve dominar em sua aplicabilidade. Esta utilização, frise-se, é o resultado
de como uma ou diversas habilidades são empregadas no trato com aquele conhecimento, de como a competência mobiliza os saberes
para apresentar respostas pertinentes.

O Direito de Aprender
A ilustração acima expõe, sinteticamente, a lógica da mobilização de habilidades. Estas, articuladas com conteúdos escolares, ganham o
caráter de descritor. As matrizes curriculares atuais estabelecem as aprendizagens pretendidas para os alunos, justamente, a partir de
descritores. Nesta perspectiva, também, se organizam as avaliações externas promovidas pelo MEC e secretarias de educação (SAEB,
Prova Brasil, SAEJ, etc.).

O QUE MUDA NO TRABALHO ESCOLAR

Voltemos, agora, para a definição de competência, dada por Perrenoud, acima, e as conseqüências, inerentes a ela, para o trabalho da
escola:
ü A Escola precisa rever suas prioridades e sua proposta pedagógica. Desenvolver habilidades deve anteceder, em ordem de
importância, ao mero cumprimento de programas. Aliás, nessa perspectiva curricular, não faz nenhum sentido avançar sem que os
alunos, de fato, saibam utilizar os saberes estudados. Saber utilizar é, no termo mais em voga, demonstrar a habilidade;
ü O perfil do professor passa a ser o de gestor de aprendizagens. Uma vez que trabalha para desenvolver habilidades, cabe ao
educador, viabilizar e utilizar estratégias que estimulem e exercitem as capacidades almejadas para os seus alunos. Para tanto, a
percepção dos estágios em que os educandos se encontram, antecede cada novo planejamento. A partir desse diagnóstico, as
situações de aprendizagem, são planejadas dentro de cada realidade constatada, objetivando-se que, as atividades, não se

20 configurem nem como desafios inatingíveis para os alunos, nem como tarefas aquém da sua condição e que, por conseqüência,
representem algo desestimulante. O olhar avaliativo acompanha todo o processo, haja vista o seu caráter formativo. Dele, dependem
ajustes nas situações e estratégias propostas;
ü Cada educador deve investir tempo e dedicação na sua própria formação, compreendendo o seu caráter de pesquisador. Novas
estratégias não são frutos do acaso. Elas são o resultado de pesquisa, leitura, busca constante e inventividade. Nenhum p ro f i s s i o n a l
terá esse caráter se acomodar-se com as aprendizagens da sua formação inicial;
ü As avaliações externas não são o alvo final do trabalho escolar. É ilusória a idéia de “preparar” para elas. Na verdade, verificam se a
escola trabalha para desenvolver habilidades, interligadas aos conteúdos, no sentido de que seus alunos, não somente a p r e n d a m
conceitos, mas também saibam aplicá-los. As referidas avaliações testam os educandos, levando-os a situações de aplicabilidade real
do que é aprendido. O alvo, portanto, é assegurar o desenvolvimento de competências. Sendo isso garantido, o bom resultado nas
avaliações estará muito bem encaminhado.
Enfim, as mudanças adotadas nos documentos legais da educação brasileira, ainda, precisam ganhar contornos práticos nas escolas. Por
enquanto, a nova lógica curricular não é uma realidade que possa ser percebida. Os velhos modelos, somente serão superados, a partir de
uma efetiva transformação nas formas de se conceber e fazer educação, em cada unidade escolar e em cada sala de aula:

O Direito de Aprender
EIXOS NORTEADORES DA PROPOSTA CURRICULAR DIREITO DE APRENDER

ASPECTO CONCEITUAL
CONHECER

ASPECTO PROCEDIMENTAL
FAZER

DIREITO APRENDER A:
21
ASPECTO ATITUDINAL
SER

ASPECTO ATITUDINAL
CONVIVER

O Direito de Aprender
Esta Proposta Curricular reconhece que a escola deve ter por objetivo a formação integral do educando, abarcando um trabalho que
busque desenvolver todas as capacidades do indivíduo. Para alcançar tal fim torna-se necessário trabalhar as diversas aprendizagens,
organizadas nos quatro pilares educacionais: APRENDER A CONHECER, APRENDER A FAZER, APRENDER A SER e APRENDER A
CONVIVER.

Aprender a Conhecer

Essa aprendizagem diz respeito não só a aquisição de um conjunto de saberes codificados, mas também a posse de agentes do
conhecimento, considerados como um meio e uma finalidade da vida humana. Dessa forma, espera-se que cada sujeito aprenda a
compreender o mundo que o rodeia, desenvolvendo suas capacidades, se comunicando.
Aprender a conhecer, como um aspecto conceitual, refere-se ao exercício da atenção, da memória e do pensamento. Portanto, se
tornar capaz de construir suas próprias histórias, fazer escolhas, trilhar caminhos reflexivos, críticos e criativos fazem parte deste pilar
da educação, pois a ação do olhar é um ato de estudar a si próprio, a realidade e o grupo social onde está inserido.
É necessário tornar prazeroso o ato de compreender, descobrir, construir e reconstruir o conhecimento para que não seja efêmero, para
que se mantenha ao longo do tempo e para que se valorize a curiosidade, a autonomia e a atenção permanentemente como processos
cognitivos por excelência. O objetivo de despertar no educando, não só estes processos em si, como também o desejo de desenvolvê-
22 los, a vontade de aprender, de querer saber mais e melhor, somente será alcançado por educadores competentes, sensíveis às
necessidades, dificuldades e potencialidades dos alunos.
A proposta curricular traz como um de seus eixos norteadores o pilar APRENDER A CONHECER a fim de contribuir com os educadores,
orientando-os para, através de metodologias adequadas, estimularem cada aluno a desenvolver as armas e dispositivos intelectuais /
cognitivos que lhes permitam construir suas próprias opiniões e o seu próprio pensamento crítico.

Aprender a Fazer

Aprender a conhecer e aprender a fazer são aprendizagens indissociáveis, porém a segunda está diretamente ligada à como ensinar o
aluno a pôr em prática os seus conhecimentos e, também, a adaptar a educação ao trabalho futuro. Para Silva e Cunha (2002) “Aprender
a fazer significa que a educação não pode aceitar a imposição de opção entre a teoria e a técnica, o saber e o fazer; a educação tem
obrigação de educar para a prática e a competência produtiva”. A noção de qualificação está sendo substituída pela noção de
competência pessoal, que inclui formação profissional, comportamento social, capacidade de trabalhar em equipe e iniciativa.

O Direito de Aprender
Em suma, não basta preparar-se com cuidados para inserir-se no setor do trabalho. A rápida evolução por que passam as profissões
pede que o indivíduo esteja apto a enfrentar novas situações de emprego e a trabalhar em conjunto, desenvolvendo espírito
cooperativo e de humildade na reconstrução conceitual e nas relações que são estabelecidas. Cabe a escola desenvolver um trabalho
pedagógico que oportunize ao aluno capacidades que o tornem sujeito criativo, crítico e pensante, preparado para agir e se adaptar
rapidamente às mudanças, seja do ponto de vista pessoal e/ou profissional.

Aprender a Ser

A educação deve contribuir para a formação total do indivíduo, em todos os seus aspectos - físico, espiritual, social, intelectual, etc.
Todo ser humano deve ser preparado para elaborar pensamentos autônomos e críticos, formulando os seus próprios juízos de valor, de
modo a decidir, por si mesmo, como agir nas diferentes circunstâncias da vida.
Esta aprendizagem exprime a importância de desenvolver sensibilidade, sentido ético e estético, responsabilidade pessoal,
pensamento autônomo e crítico, imaginação, criatividade, iniciativa e crescimento integral da pessoa em relação à inteligência. A
aprendizagem precisa ser integral, não negligenciando nenhuma das potencialidades de cada indivíduo. Conforme proposto neste
documento, à escola cabe formar sujeitos intelectualmente ativos e independentes, capazes de estabelecer relações interpessoais, de
evoluírem permanentemente, de intervirem de forma consciente e proativa na sociedade. Vale ressaltar que todas as atitudes e ações
da comunidade escolar – pais, professores, gestor, coordenador, agente de portaria, agente de disciplina, merendeira, serventes -
servem de parâmetro na educação do ser, pois, educa-se também pelo exemplo.
23
Aprender a Conviver

Esse pilar envolve, como exposto por Delors (1998, p. 98), duas vias complementares – descobrir o outro e participar de projetos
comuns. A primeira, diz respeito a educar para a diversidade da espécie humana, bem como de suas semelhanças; passa pela
descoberta de si, pois só conhecendo a si próprio, um indivíduo pode se colocar no lugar do outro, buscando compreender suas
atitudes. A segunda via é através de projetos cooperativos que ultrapassem as rotinas individuais (atividades esportivas, culturais,
sociais e humanitárias).
No mundo atual, este é um importantíssimo aprendizado, por se valorizar quem aprende a viver com os outros, a compreendê-los, a
desenvolver a percepção de interdependência, a administrar conflitos, a participar de projetos comuns e a ter prazer no esforço
comum. Portanto, o domínio desta aprendizagem consiste num dos maiores desafios para os educadores, pois atua no campo das

O Direito de Aprender
atitudes e dos valores. Este pilar foi definido como um dos eixos norteadores desta proposta por acreditar-se na educação como um
veículo de paz, tolerância e compreensão.

24

O Direito de Aprender
MATRIZ DE REFERÊNCIA DE EMPREENDEDORISMO
Deranor Gomes de Oliveira

Apresentação da Disciplina:
?

1. O Empreendedorismo
2. Importância do Empreendedorismo
3. Objetivos do Empreendedorismo
4. Os Eixos Temáticos
4.1. Auto-Conhecimento
5. Empreendedorismo Social
6. Economia Pessoal
7. Empreendedorismo De Negócio
8. Transversalidade e Interdisciplinaridade em Empreendedorismo
9. Como Avaliar Empreendedorismo
10. Descritores e Blocos de Conhecimentos
25

O Direito de Aprender
APRESENTAÇÃO DA DISCIPLINA
O EMPREENDEDORISMO

D esde sua origem, o termo empreendedorismo sempre foi, paralelamente, relacionado à área empresarial, contudo seu
significado não se limita a este fator, expande-se por todos os setores sociais. Há uma distinção clara entre o
empreendedorismo de negócio, ou privado, e empreendedorismo coletivo ou social. Inúmeros aspectos como: foco principal;
resultado final; medida de desempenho e público-alvo são levados em consideração no momento de distinguir uma ação da outra.
Embora o empreendedorismo apresente inúmeras vertentes, o empreendedor possui características próprias, independente da
área em que empreenda. O empreendedor se caracteriza, em qualquer área, pelo ato de sonhar e pela busca constante a fim de
transformar seu sonho em realidade (Dolabela, 2003). A criatividade, a capacidade de estabelecer e atingir objetivos e metas, além da
acentuada consciência em relação aos componentes do ambiente no qual se insere, são pontos fundamentais de um perfil
empreendedor (Filion, 1999). Traçar um perfil empreendedor a ser seguido é complexo, visto que inúmeras características podem ser
inerentes a ele.
Perseverança, iniciativa, criatividade, aversão a normas e padrões que possam restringir a liberdade de agir, comprometimento,

26 liderança, tolerância aos riscos, além da orientação para o futuro, são as peculiaridades mais comumente relacionadas ao
empreendedor, levando-se em conta a individualidade de cada um.
O empreendedor social deve ser alguém que gosta de, e que sabe, “pensar social”, subordina o econômico ao humano, o
individual ao coletivo e carrega consigo um grande “sonho” de transformação da realidade atual.
Empreendedores sociais têm características semelhantes aos empreendedores de negócios, mas possuem uma missão social
onde o objetivo final não é a geração de lucro, mas o impacto social; são os agentes de transformação no setor social. Não se contentam
em atuar apenas localmente. São extremamente visionários e pensam sempre em inspirar a sociedade com as suas ideias e como
colocá-las em prática. São persistentes e, ao invés de desistirem ao enfrentarem um obstáculo, os empreendedores sociais se
perguntam “como posso ultrapassar este obstáculo?” e seguem com determinação suas respostas.
Com a finalidade de despertar o protagonismo infanto-juvenil, trabalhando noções de liderança, estratégias, recursos
financeiros, afim de que esses jovens possam difundir estes conhecimentos dentro de seu meio social, estabelecendo uma maior
interação entre escola x comunidade e inspirados na “Pedagogia Empreendedora” de Fernando Dolabela, na metodologia “Setes
Passos” proposta por Laudinéia Santos e na junção de outras metodologias empreendedoras, a disciplina Empreendedorismo busca
trabalhar o “Mapa dos Sonhos” com alunos da 5ª série, “Empreendedorismo Social na escola e na comunidade” com os alunos da 6ª

O Direito de Aprender
série, “Economia Pessoal” com os alunos da 7ª série e “Empreendedorismo de Negócio” com alunos da 8ª série.
Sem abandonar os valores básicos, no sistema educacional deve ser possível encorajar estudantes a lidar de novas formas com o
mundo real. Empreendedores vêem possibilidades, e não problemas, para provocar mudanças na sociedade e não se limitam aos
recursos que têm num momento.
O empreendedorismo como processo que proporciona “o desenvolvimento de habilidades e conhecimentos capazes de subsidiar
atitudes que não só irão satisfazer às necessidades básicas, mas, principalmente, à auto-realização do indivíduo.”, é hoje, um caminho que
contribui na formação do homem. A escola espaço onde ocorre a prática educacional formal e intencional, como ambiente aberto para a
construção e o exercício das aptidões cognitivas e atitudinais necessárias para a compreensão do conhecimento, torna-se uma fonte
fundamental na disseminação do espírito empreendedor. (Laudinéia Santos.)
Dessa forma, o empreendedorismo trabalhado na escola possibilita e contribui para o desenvolvimento das habilidades de crianças e
adolescentes capazes de pensar, de fazer, de inovar através desses conhecimentos.
Para tanto, é necessário que o empreendedorismo na prática escolar seja composto por instrumentos didáticos e metodológicos que
permeiam o sistema educacional. Entretanto, as habilidades cognitivas e as competências sociais é que devem ser desenvolvidas,
preparando o indivíduo para a resolução de problemas e a elaboração de resultados. Nesse processo, a aprendizagem se expande, indo além
das fronteiras da sala de aula e dos livros didáticos. O aluno passa a aprender não só pela teoria como também pela prática e principalmente
pela interação com o meio, e com o contato com realidades.
E nesse momento o professor adquire papel fundamental na aprendizagem, ele será o vinculo do aluno, a ponte que possibilita
métodos de aprendizagem para o desenvolvimento de novas habilidades.
A necessidade de uma nova prática educativa também é apontada na proposta dos Parâmetros Curriculares Nacionais (1998), que
27
indica os quatro pilares da educação ao longo da vida;
a) Aprender a conhecer: pressupõe saber selecionar, acessar e integrar os elementos de uma cultura geral, suficientemente extensa e básica,
com o trabalho de alguns assuntos, com espírito investigador e visão crítica, em resumo, significa ser capaz de aprender ao longo da vida;
b) Aprender a fazer: pressupõe desenvolver a competência do saber se relacionar em grupo, saber resolver problemas e adquirir uma
qualificação profissional;
c) Aprender a viver com os outros: Consiste em desenvolver a compreensão das interdependências, na realização de projetos comuns,
preparando-se para gerir conflitos, fortalecendo sua identidade e respeitando a dos outros, respeitando valores de pluralismo, de
compreensão mútua e de busca de paz;
d) Aprender a ser: “para melhor desenvolver e poder agir com autonomia, expressando opiniões e assumindo as responsabilidades pessoais”

IMPORTÂNCIA DO EMPREENDEDORISMO

O Direito de Aprender
A aprendizagem dos conceitos de empreendedorismo é fundamental em todas as áreas da educação, principalmente se estiver
paralelamente ligado à orientação para a cidadania. É de total importância que estes conceitos sejam abordados desde a educação
básica, visto que auxiliam o jovem em todo o seu processo de desenvolvimento, não só na escola como também em qualquer outra fase
de sua vida.
No âmbito escolar, o conceito de empreendedorismo é tão importante para qualquer estudante, como qualquer outra disciplina
abordada.
A educação, um dos motores que mais contribui para o crescimento econômico do país deve preparar o indivíduo para as
mudanças no mundo do trabalho. Somente com o desenvolvimento de nova práxis o homem poderá fazer frente às novas exigências.
Estudos mostram que as instituições, como a escola, a família e a igreja têm servido para inibir as atitudes empreendedoras do
indivíduo (Filion, 2004).
Por outro lado, se existem dúvidas sobre a possibilidade de se ensinar alguém a ser empreendedor, sabe-se que é possível que
alguém aprenda a sê-lo em determinadas circunstâncias que sejam favoráveis ao autoaprendizado.
A sala de aula é transformada em um ambiente de alta disseminação da cultura empreendedora. Ali, o aluno que ainda não
despertou seu perfil empreendedor poderá aprender dentro dos mesmos padrões em que o empreendedor real aprende: de forma
autosuficiente, desenvolvendo o seu próprio método de aprendizagem, fazendo e errando, definindo visões, buscando o conhecimento
de forma pró-ativa, tudo isto dentro de uma cultura favorável em que o contexto emocional é importante.
28 Portanto, a identificação das características empreendedoras desde a mais tenra idade é fundamental para que a capacidade
empreendedora possa ser estimulada. Logo, o contato dos alunos de 5ª a 8ª séries com esta abordagem é significativo.

OBJETIVOS DO EMPREENDEDORISMO

A disciplina Empreendedorismo objetiva desenvolver habilidades empreendedoras em crianças e adolescentes do Ensino


Fundamental, gerando nos alunos comportamentos novos; incentivar e promover a criação, realização e adaptação de sonhos em todas
as etapas da vida dos estudantes; desenvolver a capacidade empreendedora coletiva e individual; preparar os estudantes para
participar ativamente da construção do desenvolvimento social sustentável, através da cooperação, cidadania e da geração de emprego
e da distribuição de renda, com vistas à propagação de valores humanos e familiares, melhoria de vida da população e redução da
exclusão social; utilizar os membros das comunidades locais para promover a discussão de temas que necessitam melhoria; estimular a
comunidade escolar a desenvolver projetos individuais e/ou coletivos que promovam o desenvolvimento sustentável da comunidade
local.

O Direito de Aprender
OS EIXOS TEMÁTICOS

AUTO-CONHECIMENTO

A estratégia didática aplicada aos estudantes da 5ª série é baseada em duas perguntas: Qual é o seu sonho? Como irá realizá-lo?
Essas perguntas são a base de todo o trabalho a ser desenvolvido por esses estudantes.
Através dessas duas questões pretende-se elaborar o Mapa dos Sonhos que é o registro do aluno, onde ele irá descrever seu
sonho e como irá transformá-lo em realidade. Nesse “mapa”, o estudante vai descrever todas as etapas que ele irá percorrer, desde a
concepção do sonho, o conceito de si, a rede de relações, o ambiente em que seu sonho está inserido, passando pela análise e
viabilidade desse sonho, de como conseguir, organizar e administrar recursos, até sua realização.
O empreendedor é alguém que sonha e busca transformar seu sonho em realidade. Este conceito contém basicamente dois
momentos:
? Sonhar: O individuo desenvolve um sonho e imagina um lugar no futuro onde deseja chegar ou a imagem do que gostaria de
ser no futuro.
? Buscar realizar o sonho: Ele busca a realização do sonho e, por exigência dessa ação, procura aprender tudo o que for
necessário para atingir seus objetivos.
A relação entre os dois momentos é que fará emergir o caráter empreendedor e irá determinar a necessidade do saber, do
conhecimento.
29
A caminhada em direção ao sonho é a fonte de geração e manutenção do nível emocional que dá ao individuo a capacidade de
persistir e de continuar sua trajetória, apesar de obstáculos, erros e fracassos. A habilidade de tentar, de aprender com os erros e,
portanto, de evoluir, constitui a própria construção do saber empreendedor.

EMPREENDEDORISMO SOCIAL

Os procedimentos metodológicos utilizados no desenvolvimento do Empreendedorismo Social na Escola e na Comunidade,


direcionado aos alunos da 6ª série são sintetizados em sete passos que convergem para um caminho: o do desenvolvimento de
habilidades empreendedoras em crianças e adolescentes, por meio do planejamento, organização e execução de projetos sociais.
A partir do levantamento das necessidades da escola e da comunidade realiza-se o primeiro passo. Nele, os problemas são
transformados em oportunidades e desafios estimulantes para atitudes criativas e inovadoras.

O Direito de Aprender
No segundo passo, inicia-se o processo de filtro em que ocorre a Validação de Ideias, de acordo com o mercado-alvo selecionado
para pesquisa. Nesse caso, o ambiente para o desenvolvimento de habilidades favorece, principalmente, a atitude de busca de
informação.
O Planejamento ou Plano de ação para a realização do processo produtivo é considerado como o terceiro passo. Nele, os sonhos
e as ideias tornam-se possíveis com ênfase na habilidade de discriminação de informações para o planejamento do “como fazer”.
Concretizando suas ideias por meio de Parcerias em que a exigência para o sucesso é proporcional ao desenvolvimento da
habilidade de negociar chega-se ao quarto passo.
A partir daí, o grupo está preparado para executar empreendimento, ou seja, resolver as necessidades da escola e da
comunidade neste quinto passo. A execução exige, entre outras, a habilidade de negociar, pois é no acontecer que as decisões e
avaliações devem ser rápidas e coerentes.
Embora a avaliação conste como sexto passo do procedimento metodológico junto com as habilidades de organização das
informações coletadas a partir do resultado final, é importante ressaltar que na sequência lógica dos passos e na didática da aplicação
os procedimentos são organizados de maneira a enfatizar a dialética da ação e/ou representação da realidade.
Por isso, o sétimo passo, o “Recomeçar” indica que o processo é interminável, ou que o final de um empreendimento caracteriza-
se pela percepção de oportunidades de novos desafios.

30 ECONOMIA PESSOAL

Para os alunos da 7ª série, é utilizada uma adaptação do programa desenvolvido pela Junior Achievement intitulado “Economia
Pessoal”. Suas atividades procuram ajudar os alunos a entenderem seus interesses e habilidades pessoais, a explorarem opções de
carreira e descobrirem o valor da educação. Os participantes também aprendem sobre orçamentos, gerenciamento financeiro pessoal
e familiar.
O primeiro encontro retrata a importância da “Primeira impressão” que causamos nas pessoas. Algumas reflexões são feitas,
ressaltando alguns aspectos negativos. No segundo encontro, os alunos percebem suas habilidades e interesses por meio de uma
atividade específica chamada “Inventário de interesses”. Neste inventário, eles identificam algumas áreas de atuação e aprendem que
as escolhas que fazem hoje têm consequências agora e no futuro. Utilizando uma “Estrada da Vida” retratam sua trajetória até o
momento e enfatizam quais são seus pontos fortes. No encontro seguinte, é trabalhado o “Baralho do Trabalho”. No jogo, os alunos
reconhecem que os indivíduos têm liberdade para escolherem suas carreiras e identificam ocupações que se relacionam com seus
interesses.

O Direito de Aprender
O quarto encontro é chamado de “As chaves para o meu sucesso”. Nele, é possível evidenciar a importância da educação e do
sonho. Em um primeiro momento, todas as fases educacionais são expostas para os alunos (desde o Ensino Fundamental até
Doutorado) e, depois, eles realizam uma “Estrada da Vida II”, expondo, dessa vez, os seus objetivos, o que querem para seu futuro. No
quinto encontro, os alunos apresentam a todos os seus objetivos utilizando o currículo e lhe são passadas instruções de como fazer tal
apresentação.
O sexto encontro trata de orçamento pessoal, onde os alunos são alertados a terem cautela nos seus gastos e orçamento familiar.
Neste, as famílias precisam administrar receitas e despesas para ter saúde financeira no lar.
O sétimo encontro chama-se “Gastando com sabedoria” e nele são tratados fatores que influenciam o nosso comportamento de
compra (mídia, referências, preço, garantia etc.). Os alunos percebem a importância de considerar “n” fatores no momento da compra
para que possam se sentir satisfeito posteriormente.
O último encontro trata da administração do dinheiro, dos cuidados necessários com empréstimos e das formas que temos de
poupar (aplicações, poupança etc.).

EMPREENDEDORISMO DE NEGÓCIO

O empreendedorismo de negócio, subdivisão mais conhecida, é trabalhada com os alunos da 8ª série. Alguns desafios estão
incorporados a esta metodologia, tais como a competitividade do negócio; a busca dos diferenciais competitivos; de vencer a
concorrência; e alcançar a lucratividade e a produtividade necessárias à manutenção do empreendimento.
31
Para a realização de tal metodologia, os alunos deverão criar uma microempresa onde os conceitos de empreendedorismo serão
utilizados.
Na primeira oficina, trabalha-se a importância do empreendedorismo de negócios para o desenvolvimento do país. Nela, os
cursistas terão noções básicas sobre o que é empreendedorismo de negócio.
Após o conhecimento dos conceitos que regem o empreendedorismo de negócio, busca-se, na segunda oficina, realizar a
identificação de “oportunidades”, realizando diferenciações entre mercado e mercado consumidor, definindo quem é seu consumidor
e que necessidade irá tentar solucionar com a venda de um produto (bem ou serviço), quais características esse produto deverá possuir.
Depois de ter identificado o público alvo (consumidores) e as oportunidades ou necessidades que serão atingidas, aplica-se a terceira
oficina com o intuito de identificar qual será o seu mercado fornecedor, ou seja, quais são os recursos necessários para a
produção.Nessa fase, também é avaliado o mercado concorrente no qual se verifica quais são as alternativas que este poderá utilizar
para adquirir uma fatia de mercado satisfatória.

O Direito de Aprender
Na quarta oficina, são abordados tópicos a respeito do marketing da empresa, definindo sua importância, aplicabilidade, as
diferenças entre marketing, publicidade e propaganda. Mostrando o marketing como ferramenta que liga a produção ao consumidor,
através do levantamento das características esperadas pelos consumidores e a descrição do produto na hora da venda.
A produção é considerada a quinta etapa da metodologia. Nela, ocorre a elaboração do produto como um todo. É necessário
fazer um fluxograma de todo processo produtivo (sequência lógica de atividades) de forma a identificar os procedimentos adequados às
etapas de produção. Estas etapas podem ser sintetizadas em três fases: diferenciação de produtos; forma de produção e distribuição de
produtos.
Depois das cinco etapas anteriores, é chegada a hora de trabalhar diretamente com dinheiro. Os estudos direcionados ao sistema
financeiro da empresa iniciam-se com o Planejamento. Em seguida, é feito o Levantamento de Custos Fixos e Variáveis, analisando sua
importância, através da elaboração de banco de dados, listas de produto, fichas com custos dos produtos, entre outras técnicas
administrativas. Para concluir esta sexta oficina, busca-se aplicar o conceito de Ponto de Equilíbrio, visando estabelecer a relação
demanda x oferta.
A penúltima oficina busca avaliar a situação financeira da empresa. A partir dos conceitos aplicados na etapa anterior pode-se
calcular os lucros e prejuízos.
Para culminar a metodologia da 8ª série, faz-se necessário fundamentar todas as ações da empresa, incluindo os estudos de
capital de giro e fluxo de caixa.
32 TRANSVERSALIDADE E INTERDISCIPLINARIDADE EM EMPREENDEDORISMO

A disciplina empreendedorismo funciona de forma altamente interdisciplinar, tendo um alto nível de relação de troca com as
outras disciplinas.
Dentro dos conteúdos disciplinares de Empreendedorismos, percebemos diversos assuntos que comungam com conteúdo das
outras disciplinas, fazendo-se necessário que haja uma relação direta entre essas disciplinas para que o processo de ensino-
aprendizado seja efetivo e que possamos desenvolver, ao máximo, os alunos nos aspectos trabalhados.
Então, na compreensão do que venha a ser mercado, fazemos um passeio na história das primeiras relações econômicas e
viajamos até as primeiras feiras e mercados da idade média, onde o conceito se forma e dissemina. Ao trabalharmos o mapa dos sonhos
incentivamos os alunos à prática da formação do autoconhecimento e consequentemente, levando-os a perspectiva da diferença de
formas de aprendizado. Assim, a metodologia empreendedora anda de mãos dadas com perspectivas mais contemporâneas da
pedagogia. Ao falarmos de economia pessoal e finanças, precisamos que os alunos tenham um bom entendimento matemático e ao

O Direito de Aprender
desenvolvermos esses conteúdos, demonstramos como se aplicar esses conteúdos aprendidos em sala de aula, como porcentagem e
juros, para melhorar e desenvolver práticas do cotidiano. Uma noção do espaço geográfico tanto no aspecto físico quanto populacional
é desenvolvido quando trabalhamos o mix do marketing, onde buscamos caracterizar o nosso cliente, fazendo um levantamento das
características etárias e econômicas do nosso público alvo, assim como as características do espaço que ocupam.
Assim, percebemos o quanto é necessário fazer uma construção do conhecimento do empreendedorismo através da
transversalidade desse com as outras disciplinas curriculares.

COMO AVALIAR EMPREENDEDORISMO

A avaliação é parte integrante do processo ensino/aprendizagem, e como tal é de grande importância. É no momento da
avaliação que é possível identificar o nível de aprendizagem do aluno, que é o foco de trabalho de todo professor, de toda instituição de
ensino, visando proporcionar um ensino de qualidade de modo que a aprendizagem aconteça de fato.
O processo avaliativo é permeado de vários fatores que devem ser analisados de forma coerente e eficaz. No momento da ação
de avaliar, é preciso ter em foco os critérios que serão avaliados e de que forma serão avaliados.
No ensino de empreendedorismo, o processo avaliativo diverge do tradicional, já que o enfoque da disciplina, além da teoria é
também a interação com o meio e com a prática. Dessa forma, o professor deve estabelecer parâmetros que se identifiquem com as
atividades aplicadas e com os critérios que serão avaliados. Esses critérios podem ser estipulados através da metodologia aplicada em
cada série do ensino Fundamental já que, como os enfoques são diferentes, o Professor pode dispor, também, de diferentes recursos de
33
avaliação para as diferentes séries.

Como avaliar?
A disciplina de Empreendedorismo permite uma gama de métodos avaliativos que podem ser escolhidos mediante cada
professor e cada realidade escolar. Algumas maneiras de avaliar podem ser: observação das atividades; avaliação em grupo; reflexão
sobre erros e acertos dos alunos e do próprio professor; autoavaliação (tem atingido grandes resultados); como também testes
avaliativos.
O ideal é que a avaliação aconteça de forma contínua possibilitando uma avaliação mais completa, identificando a evolução do
conhecimento aplicado, assim como dos objetivos da disciplina das habilidades empreendedoras , a interação com o meio, entre outros
critérios que podem ser estabelecidos através da metodologia de ensino e de cada realidade escolar.

O Direito de Aprender
6º ANO
MAPA DO SONHO
DESCRITORES BLOCO DE CONHECIMENTO
CONCEPÇÃO DO SONHO CONCEPÇÃO DO SONHO
1.Reconhecer a importância do Empreendedorismo 1.1. Empreendedorismo:
2. Identificar o sonho de acordo com as aptidões do indivíduo 1.2. Valores empreendedores
3. Distinguir e definir sonho estruturante e sonho periférico 2.1. O que é sonho?
4. Diferenciar e definir sonho individual e coletivo 3.1 Sonho estruturante
I BIMESTRE

3.2 Sonho periférico


CONCEITO DE SI 4.1.Sonho individual
Discutir acerca das necessidades inerentes ao ser humano. 4.2. Sonho coletivo
Conhecer suas habilidades e atributos com a finalidade de obter um
autoconhecimento e elevar a auto-estima CONCEITO DE SI
Necessidades humanas
? Autoconhecimento
? Auto-estima
? Espaço de Si

34
? Energia
REDE DE RELAÇÕES REDE DE RELAÇÕES
Identificar os parceiros e criar redes de contatos, tendo como objetivo o Parcerias para realização do sonho
?
benefício multilateral Sonho: benefício mútuo ou bilateral?
II BIMESTRE

AMBIENTE DO SONHO AMBIENTE DO SONHO


Fazer um estudo das entidades que influenciam o processo da concepção ? A influência do ambiente na concepção do sonho
do sonho ? O processo de mudança do ambiente
Buscar informações sobre o ambiente do sonho ? Ambiente do sonho

O Direito de Aprender
DESCRITORES BLOCO DE CONHECIMENTO
ANÁLISE E VIABILIDADE DO SONHO ANÁLISE E VIABILIDADE DO SONHO
III BIMESTRE Fazer uma análise da viabilidade e compatibilidade do sonho ? Conhecimento sobre o ambiente e características do sonho
Identificar os recursos necessários para realização do sonho ? Tempo necessário
? Recursos necessários para a realização do sonho
ESTRATÉGIA PARA CONSEGUIR RECURSOS E REALIZAR O SONHO
Formular estratégias para realização do sonho ESTRATÉGIA PARA CONSEGUIR RECURSOS E REALIZAR O SONHO
Definir como obter os recursos que ainda faltam Estratégias para realização do sonho
?
Obtenção de recursos
?
Recurso materiais e imateriais
?

COMO ORGANIZAR E USAR OS RECURSOS? COMO ORGANIZAR E USAR OS RECURSOS?


Compreender onde, como e em qual momento deve-se aplicar os recursos Análise dos recursos:
adquiridos. ? Onde Aplicar os recursos
? O momento de aplicar os recursos
IV BIMESTRE

NARRATIVA DO SONHO ? Como aplicar os recursos


Expor a trajetória de busca à realização do sonho
Avaliar o processo de concepção do sonho e a busca por sua realização NARRATIVA DO SONHO
Definir o próximo sonho Contextualização do sonho
?
eu
Ponderação da adequação do sonho, e tudo que o cerca e o seu próprio 35
? Qual é o próximo passo?

O Direito de Aprender
7º ANO
EMPREENDEDORISMO SOCIAL
DESCRITORES BLOCO DE CONHECIMENTO
EMPEENDEDORISMO SOCIAL EMPEENDEDORISMO SOCIAL
Relacionar as necessidades humanas no âmbito social. ? Necessidades Humanas
Conhecer as vertentes do empreendedorismo social, seu foco de atuação e ? Conceito de empreendedorismo social;
características. ? Diferença entre Empreendedorismo de Negocio e empreendedorismo
Social;
IDÉIA INICIAL ? Habilidades cognitivas (Piaget) e competências sociais.
I BIMESTRE

Desenvolver e explorar a criatividade, gerando idéias para um evento. ? Projetos sociais.


? Motivação.
? Avaliação diagnóstica;
- Avaliação diagnóstica do local;
- Avaliação diagnóstica do público especifico;
? Avaliação Formativa;

IDÉIA INICIAL

36
? Criatividade e inovação;
? Características individuais e coletivas do ambiente social;

VALIDAÇÃO DA IDÉIA VALIDAÇÃO DA IDÉIA


Procurar informações, conferindo as possibilidades de concretizar as idéias ? Busca de Informações.
geradas no grupo. ? Captação de recursos.
? Persistência;
COMO FAZER ? Atitude proativa e investigadora;
II BIMESTRE

Trabalhar habilidades para fixação de metas e planejamento. ? Viabilidade do projeto;

COMO FAZER
? Como realizar o evento?
? Organização de informações;
? Publico- alvo;
? Plano de ação.

O Direito de Aprender
DESCRITORES BLOCO DE CONHECIMENTO
PARCERIAS PARCERIAS
III BIMESTRE Estimular atitude de negociação. ? Parcerias;
? Trabalho em equipe;
EXECUÇÃO ? Técnicas de negociação;
Capacitar para a resolução de problemas com delimitação de tempo.
EXECUÇÃO
? Processo decisório;
? Ações preventivas;
? Divisão de tarefas;

AVALIAÇÃO AVALIAÇÃO
Organizar as informações sobre o evento realizado. Processos de avaliação;
?
Avaliação do projeto;
?
RECOMEÇAR Feedback de parceiros e participantes;
?
IV BIMESTRE

Sensibilizar os alunos para perceberem novas oportunidades. Desempenho do grupo;


?
Relatório final;
?
Avaliação qualitativa e quantitativa;
?

RECOMEÇAR
Divulgação dos resultados;
?
37
Replanejamento das ações;
?
Novas propostas de trabalhos.
?

O Direito de Aprender
8º ANO
ECONOMIA PESSOAL
DESCRITORES BLOCO DE CONHECIMENTO
O QUE É ECONOMIA PESSOAL O QUE É ECONOMIA PESSOAL.
I BIMESTRE Introduzir conceitos sobre economia pessoal. ? Apresentação Pessoal.
? Apresentação do conteúdo programático.
AÇÃO CIDADÃ ? Economia pessoal.
Enfatizar a importância da documentação para o desenvolvimento da
cidadania. AÇÃO CIDADÃ
? Documentos de identificação;
? Preenchimento de formulários;
? Conta bancária(Cheque, cartão de crédito, empréstimo);

INVENTÁRIO DE INTERESSES INVENTÁRIO DE INTERESSES.


Identificar interesses pessoais e habilidades que possuem. Carreiras.
?
Verificar opções de carreiras e profissões que exigem uso de um ou mais de Inventário de Interesses das profissões.
?
seus interesses ou habilidades pessoais. Pontos fortes e pontos fracos da pessoa.
?

38
Explicar como as escolhas de carreiras feitas hoje têm conseqüências agora Oportunidades interessantes de trabalho.
?
II BIMESTRE

e no futuro. Trajetória de vida (acadêmica e pessoal).


?
A importância de se pensar no futuro.
?
BARALHO DO TRABALHO
Reconhecer as diferenças entre o sistema de iniciativa privada e o sistema BARALHO DO TRABALHO
de iniciativa pública no Brasil. ? Avaliações de Carreiras.
Identificar ocupações – dentro de um grupo de carreiras – que relacionam ? O que o futuro reserva.
seus interesses e habilidades. ? Encontrando suas metas.
Descrever a educação geral e outros requerimentos para uma ocupação de ? Traçando metas “Mapa da Vida”
interesse.

O Direito de Aprender
DESCRITORES BLOCO DE CONHECIMENTO
A UM PASSO DO EMPREGO A UM PASSO DO EMPREGO
Descobrir os passos envolvidos na busca de empregos. ? Onde e como procurar emprego (classificados, agências de emprego)
Utilizar ferramentas para identificar oportunidades de emprego. ? Compatibilidade com a vaga de emprego (que características ele deve
Discutir as características que o mercado quer dos profissionais potenciais. possuir).
? Como montar um currículo.
III BIMESTRE

ORÇAMENTO PESSOAL E FAMILIAR ? Como não agir numa entrevista de emprego.


Reconhecer a importância de se fazer um orçamento e os aspectos e ? Como proceder numa entrevista de emprego.
características básicas de diferentes orçamentos.
Compreender a importância dos orçamentos ORÇAMENTO PESSOAL E FAMILIAR
Como as pessoas podem evitar gastar mais dinheiro do que ganham.
?
Planejar um orçamento pessoal.
?
Despesas domésticas.
?
Planejamento de Orçamento Mensal familiar dispondo todas as despesas
essenciais.

GASTANDO COM SABEDORIA GASTANDO COM SABEDORIA


Avaliar quais as formas disponíveis para se gastar com sabedoria. Por que as pessoas compram?
?

ESTABELECENDO METAS FINANCEIRAS


Conhecer as vantagens e desvantagens de usar o crédito para fazer
Analisar propagandas de revistas, jornais, TV, rádio e internet que
?
chamem a atenção dos alunos.
Questionar e criticar as propagandas, falar sobre elas e os recursos que
?
39
compras. elas usam para vender.
Aprender as diferentes oportunidades de investimento. Como fazer uma Boa Compra – Conceito “QPP” (Quero, preciso e
?
IV BIMESTRE

posso).
Consumo consciente.
?

ESTABELECENDO METAS FINANCEIRAS


? Como gastar dinheiro com sabedoria, saber o que é um cartão de
crédito, quais vantagens e desvantagens de usar crédito.
? Funcionamento de uma fatura de cartão de crédito.
? Explanação sobre Investimentos.
? Revisão sobre o conteúdo dos módulos.
? Relação entre os assuntos apresentados durante o programa.

O Direito de Aprender
9º ANO
EMPREENDEDORISMO DE NEGÓCIOS
DESCRITORES BLOCO DE CONHECIMENTO
CONCEITO E IMPORTÂNCIA, DO ENSINO DE EMPREENDEDORISMO DE CONCEITO E IMPORTÂNCIA, DO ENSINO DE EMPREENDEDORISMO DE
NEGÓCIO. NEGÓCIO
Apresentar o conceito de empreendedorismo de Negócio. ? Uma história sobre o ensino de empreendedorismo.
Mostrar a importância dessa disciplina na matriz curricular de ensino. ? Um país de empreendedores
Demonstrar a utilidade, para o desenvolvimento sócio-econômico, criação ? Importância do ensino de empreendedorismo de negócios
de novos empreendimentos, e praticas empreendedoras no Brasil. ? Para fazer sucesso não existe uma receita infalível
I BIMESTRE

? Características comportamentais comuns em empreendedores.


DESCOBRINDO OPORTUNIDADE E O MERCADO.
Mostrar mecanismos de identificação de oportunidades de negócio. DESCOBRINDO OPORTUNIDADE E O MERCADO
Refletir acerca do que vem a ser mercado, seus principais componentes, e a ? Como identificar a oportunidade.
melhor forma de exploração do mesmo. ? O que é mercado
? Tipos de mercado: atacadista e varejista.
? Mercado consumidor
? Mercado concorrente

40
? Mercado fornecedor
? Feiras (FENAGRI, FEJEM...)

A RELAÇÃO DA EMPRESA COM O MERCADO: MARKETING A RELAÇÃO DA EMPRESA COM O MERCADO: MARKETING
Apresentar os conceitos de marketing, assim como sua importância no O que é marketing
?
desenvolvimento da relação com o mercado. Marketing x Propaganda ou publicidade
?
Através dos seus mecanismos de identificação de características ? Os 4Ps do Marketing
valorizadas pelos clientes, desenvolver produtos e políticas de preço, Processo de Decisão de Compra
?
II BIMESTRE

distribuição e praça. Ferramentas de diferenciação


?

A PRODUÇÃO A PRODUÇÃO
Apresentar o conceito do sistema de produção, e as diferentes forma que ? Etapas gerais do sistema produtivo
ele se apresenta, assim como a diferenciação dos termos bens e serviços de ? INPUTS
forma a complementar as oficinas anteriores. ? PROCESSO DE TRANSFORMAÇÃO
? OUTPUTS
? Escolha do processo produtivo
? Métodos de avaliação da qualidade

O Direito de Aprender
DESCRITORES BLOCO DE CONHECIMENTO
AS FINANÇAS DA EMPRESA. AS FINANÇAS DA EMPRESA.

01 - OS NÚMEROS DA EMPRESA. 01 - OS NÚMEROS DA EMPRESA.


Conhecer com detalhes os números e os conceitos de finanças que vão ? Definição de alguns conceitos financeiros
ajudar no gerenciamento de sua organização. ? Custo fixo
? Custo Variável
02 - CAPITAL E FLUXO DE CAIXA. Lucro;
III BIMESTRE

?
Trabalhar as necessidades financeiras da empresa assim como o controle ? Prejuízo;
das finanças. ? Pró-labore
? Planejamento e monitoramento sistemático

02 - CAPITAL E FLUXO DE CAIXA.


? Capital de giro
? Calcular o capital de giro
? Entradas financeiras
? Fluxo de caixa
? Saídas financeiras e outras despesas.

ANALISE DOS RESULTADOS


Apresentar os métodos de avaliação de resultados, assim como as formas
? Montagem do fluxo de caixa.

ANALISE DOS RESULTADOS


? Avaliação dos métodos empregados no desenvolvimento de um
41
ideais para sua implementação. empreendimentos
? Avaliação da satisfação dos clientes e dos envolvidos no processo
ELABORANDO PLANO DE NEGÓCIO. ? Levantamento dos resultados financeiros
Exemplificar a importância do planejamento antes da abertura de um
IV BIMESTRE

empreendimento, através da elaboração de um plano de negócios. ELABORANDO PLANO DE NEGÓCIO.


Transmitir a estruturação e elaboração de um plano de negócios. Importância do planejamento antes da antes da abertura de um
?
empreendimento.
O que é um plano de negócios? Como é sua estrutura?
?
Descrição do empreendimento
?
Apresentação dos produtos e serviços
?
Análise de Mercado
?
Plano de Marketing
?
Plano Financeiro
?

O Direito de Aprender
EDUCAÇÃO INCLUSIVA E CURRÍCULO
CARACTERIZAÇÃO

A Constituição Federal elegeu como fundamentos da República a cidadania e a dignidade da pessoa humana(art. 1º, inc. II e III), e
como um dos seus objetivos fundamentais a promoção do bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor , idade e
quaisquer outras formas de discriminação (art. 3º, inc. IV).
Garante, ainda, expressamente, o direito à igualdade (atr. 5º) e trata, nos artigos 205 e seguinets, do direito de todos à educação. Esse
direito deve visar ao “pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho”
(art. 205).
A Educação Inclusiva é uma abordagem que procura responder às necessidades de aprendizagem de todas as crianças, jovens e adultos,
com foco específico nas pessoas ou grupo de pessoas que estão excluídas da efetivação do direito à educação, estão fora da escola, ou
enfrentam barreiras para a participação no processo de aprendizagem escolar.

42 As expressões integrado e inclusivo são, comumente, utilizadas como se tivessem o mesmo significado. No entanto, em termos
educacionais representam grandes diferenças a nível da filosofia a qual cada termo serve. O ensino integrado refere-se às crianças com
deficiência para aprenderem de forma eficaz, quando frequentam as escolas regulares, tendo como instrumento a qualidade do
ensino. No ensino integrado, a criança é vista como sendo portadora do problema e necessitando ser adaptada aos demais estudantes.
Por exemplo, se uma criança com dificuldades auditivas é integrada numa escola regular, ela pode usar um aparelho auditivo e,
geralmente, espera-se que aprenda a falar de forma a poder pertencer ao grupo. Em contrapartida, não se espera que os professores e
as outras crianças aprendam a língua de sinais. Em outras palavras, a integração pressupõe que a criança problemática se reabilite e
possa ser integrada, ou não obterá sucesso. O ensino inclusivo toma por base a visão sociológica de deficiência e diferença, reconhece,
assim, que todas as crianças são diferentes e que as escolas e sistemas de educação precisam ser transformados para atender às
necessidades individuais de todos os educandos – com ou sem necessidade especial. A inclusão não significa tornar todos iguais, mas
respeitar as diferenças. Isto exige a utilização de diferentes métodos para se responder às diferentes necessidades, capacidades e níveis
de desenvolvimento individuais. O ensino integrado é algumas vezes visto como um passo em direção à inclusão, no entanto, sua maior
limitação é que se o sistema escolar se mantiver inalterado, apenas algumas crianças serão integradas.

O Direito de Aprender
PERFIL DO EDUCADOR

O professor da sala de recursos multifuncionais e atendimento educacional especializado deverá ter curso de graduação em
Pedagogia, pós-graduação e ou formação continuada que o habilite para atuar em áreas da educação especial para o
atendimento às necessidades educacionais especiais dos alunos. A formação docente, de acordo com sua área específica,
deve desenvolver conhecimentos acerca de: Comunicação Aumentativa e Alternativa, Sistema Braille, Orientação e Mobilidade,
Soroban, Ensino da Língua Brasileira de Sinais – Libras, Ensino de Língua Portuguesa para Surdos, Atividades de Vida Diária, Atividades
Cognitivas, Aprofundamento e Enriquecimento Curricular, estimulação Precoce, entre outros.
O professor da sala de recursos multifuncionais tem como atribuições:
? Atuar, como docente, nas atividades de complementação e suplementação curricular específica que constituem o
atendimento educacional especializado dos alunos com necessidades educacionais especiais;
? Atuar de forma colaborativa com o professor da classe comum para a definição de estratégias pedagógicas que favoreçam o
acesso do aluno com necessidades educacionais especiais ao currículo e a sua interação no grupo;
?
?
Promover as condições para a inclusão dos alunos com necessidades educacionais especiais em todas as atividades da escola;
Orientar as famílias para o seu envolvimento e a sua participação no processo educacional;
43
? Informar a comunidade escolar acerca da legislação e normas educacionais vigentes que asseguram a inclusão educacional;
? Preparar material específico para uso dos alunos na sala de recursos;
? Orientar a elaboração de materiais didático-pedagógicos que possam ser utilizados pelos alunos nas classes comuns de
ensino regular;
? Indicar e orientar o uso de equipamentos e materiais específicos e de outros recursos existentes na família e na comunidade;
? Articular, com gestores e professores, para que o projeto pedagógico da instituição de ensino se organize, coletivamente,
numa perspectiva de educação inclusiva.

O Direito de Aprender
PERFIL DO EDUCANDO

A sala de recursos multifuncionais e de atendimento educacional especializado é um espaço para a realização do atendimento
educacional especializado de alunos que apresentam, ao longo de sua aprendizagem, alguma necessidade educacional
especial, temporária ou permanente, compreendida, segundo as Diretrizes Nacionais para a Educação Especial na Educação
Básica, em três grupos:

? Alunos com dificuldades acentuadas de aprendizagem ou limitações no processo de desenvolvimento que dificultam o
acompanhamento das atividades curriculares: aquelas não vinculadas a uma causa orgânica específica ou aquelas relacionadas a
condições, disfunções, limitações ou deficiências;

Alunos com dificuldades de comunicação e sinalização diferenciadas dos demais alunos;


?

? Alunos que evidenciem altas habilidades/superdotação e que apresentem uma grande facilidade ou interesse em relação a
algum tema ou grande criatividade ou talento específico.

44
DIRETRIZES ALICERÇADAS NOS REFERENCIAIS NACIONAIS

O caminho histórico para o rompimento com a prática da exclusão tem sido muito longo, embora acontecendo com formas e
com intensidade diversas nas diferentes regiões do mundo. Entretanto, tem apontado para novas possibilidades, discussões,
elaboração e implantação de políticas voltadas para a inclusão.
A Constituição da República Federativa do Brasil de 1988, além das garantias fundamentais gerais da pessoa humana, assegurou
também alguns direitos específicos das pessoas portadoras de deficiências, cujo atendimento educacional especializado deve ser
preferencialmente, na rede regular de ensino (art. 208, III).
Com o objetivo de atender às necessidades específicas dos educandos no processo ensino-aprendizagem, documentos
nacionais (LDB) e internacionais (Declaração de Salamanca), passaram a utilizar a terminologia “pessoas portadoras de necessidades
educacionais especiais”.

O Direito de Aprender
Na parcela da população escolar entendida como “pessoas com necessidades educacionais especiais” – estão os alunos com
deficiências (físicas, sensoriais e mentais) e alunos com condutas típicas e superdotados, que necessitam de acompanhamento
especializado após passarem pela avaliação diagnóstica, realizada por profissionais qualificados, orientando o processo de ensino, o
atendimento interdisciplinar e as adaptações curriculares necessárias à escolarização desses alunos, criando, na sala de aula e na
Escola, um espaço de possibilidades diante da diversidade.
Assim, a Legislação brasileira garante o atendimento dos alunos com necessidades educacionais especiais em Escolas comuns,
indistintamente, em todos os níveis, etapas e modalidades de Educação e Ensino. As políticas do setor indicam possibilidades de
atendimento em classe comum, classe especial e escola especial, sendo que esta última pode ser alternativa educacional, quando as
necessidades dos alunos assim o indicarem.
Outra alternativa complementar de atendimento especializado são as Salas de Recursos além das classes comuns, serviço
itinerante e outras que se fizerem necessárias. A identificação das necessidades educacionais especiais e os encaminhamentos
realizados através da avaliação pedagógica e/ou psico - educacional definem os atendimentos e os recursos específicos para cada caso.
Embasado nas Diretrizes Curriculares Nacionais, ao elaborar sua proposta pedagógica, o Estabelecimento de Ensino, respaldado
em sua autonomia, deverá prever ações que assegurem um currículo dinâmico, voltado às necessidades do alunado, prevendo,
também, adaptações, inclusive no processo avaliativo, considerando as peculiaridades e a flexibilidade da aprendizagem.
Neste sentido, a formação acadêmica e a formação continuada dos professores são fatores preponderantes para o
desenvolvimento de um ensino de qualidade, melhorando não só a prática pedagógica, mas gerando benefícios a todo o sistema
educacional.
45
Para atingir esse objetivo, faz-se necessário prever e propiciar a capacitação continuada dos profissionais da educação,
desmistificando a questão das deficiências e possibilitando oportunidades de atendimento das necessidades educacionais especiais
em todas as Escolas. É indispensável criar mecanismos para que o professor busque, em sua formação, cursos que contemplem na
matriz curricular as áreas de deficiência e a Educação Inclusiva, para que possa desenvolver uma prática pedagógica de qualidade a
todos os alunos.
É preciso democratizar o acesso aos avanços científicos e tecnológicos para oportunizar a inserção no mercado de trabalho.
Neste sentido, é necessário somar esforços, produzir tecnologias e aplicá-las à educação.
Para que tais diretrizes cumpram os seus objetivos, é necessário buscar maior articulação entre o Poder Público e as organizações
da sociedade civil, visando à efetivação do acesso e permanência da pessoa com deficiência/ necessidade especial no Ensino, conforme
preconizam os documentos oficiais e os princípios filosóficos da Educação para Todos.

O Direito de Aprender
ROTEIRO DO TRABALHO NA PERSPECTIVA DA EDUCAÇÃO INCLUSIVA

Atendimento aos alunos com Deficiência Intelectual

O atendimento educacional especializado em sala de recursos e/ou Atendimento Educacional Especializado deve caracterizar-
se como complemento curricular, de modo que atenda as necessidades educacionais de alunos com deficiência intelectual, priorizando
o desenvolvimento dos processos intelectuais, oportunizando atividades que permitam a descoberta, inventividade e criatividade.
Nessa perspectiva, o professor da sala de recursos multifuncionais deve:
? Realizar atividades que estimulem o desenvolvimento dos processos mentais: atenção, percepção, memória, raciocínio
imaginação, criatividade, linguagem, entre outros;
? Proporcionar ao aluno o conhecimento de seu corpo, levando-o a usá-lo como instrumento de expressão consciente na busca
de sua independência e na satisfação de suas necessidades;

46
? Fortalecer a autonomia dos alunos para decidir, opinar, escolher e tomar iniciativas, a partir de suas necessidades e
motivações;
? Propiciar a interação dos alunos em ambientes sociais, valorizando as diferenças e a não discriminação;
? Preparar materiais e atividades específicas para o desenvolvimento da aprendizagem dos alunos.

Vygosty(1989) afirma que uma criança com deficiência mental não é simplesmente menos desenvolvida
que outra da sua idade ,mas é uma criança que se desenvolve de outro modo.

Atendimento aos alunos com deficiência auditiva

As salas de recursos para alunos surdos ou com deficiência auditiva são espaços educacionais destinados à realização da
complementação curricular específica, em turno contrário ao da classe comum. O objetivo da organização dessas salas é viabilizar

O Direito de Aprender
condições para o acesso aos níveis mais elevados de ensino, considerando que esses alunos têm condições de comunicação
diferenciada.
Nessas salas de recursos, o professor, preferencialmente bilíngüe, com conhecimentos acerca da metodologia para o ensino de
línguas deve:
? Complementar os estudos referentes aos conhecimentos construídos nas classes comuns do ensino regular;
? Ofertar suporte pedagógico aos alunos, facilitando-lhes o acesso a todos os conteúdos curriculares;
? Promover o aprendizado das libras para o aluno que optar pelo seu uso;
? Utilizar as tecnologias de informação e comunicação para a aprendizagem das Libras de Língua Portuguesa;
? Desenvolver a Libras como atividade pedagógica, instrumental, dialógica e de conversação;
? Promover a aprendizagem da Língua Portuguesa para alunos surdos, como segunda língua.
? Aprofundar os estudos relativos à disciplina de Língua Portuguesa, principalmente na modalidade escrita;
? Produzir materiais bilíngues, (Libras-Português-Libras);
?
?
Favorecer a convivência entre os alunos surdos para o aprendizado e o desenvolvimento da Língua Brasileira de Sinais;
Utilizar equipamentos de amplificação sonora e efetivar interface com a fonoaudiologia para atender alunos com resíduos
auditivos, quando esta for a opção da família ou do aluno.
47
Atendimento aos alunos com deficiência Visual

As salas de recursos são espaços onde professores operacionalizam as complementações curriculares específicas necessárias à
educação dos alunos com deficiência visual, realizando o atendimento educacional especializado e confecção de materiais adaptados .
Nessas salas de recursos, os professores devem:
? Promover e apoiar a alfabetização e o aprendizado pelo Sistema Braille;
? Realizar a transcrição de materiais, braille/tinta, tinta/braille e produzir gravação sonora de textos;
? Realizar adaptação de gráficos, mapas, tabelas e outros materiais didáticos para uso de alunos cegos;

O Direito de Aprender
Promover a utilização de recursos ópticos, (lupas manuais e eletrônicas) e não ópticos, (cadernos de pauta ampliada),
?
iluminação, lápis e canetas adequadas);
? Adaptar material em caracteres ampliados para uso de alunos com baixa visão,além de disponibilizar outros materiais
didáticos;
? Desenvolver técnicas e vivências de orientação e mobilidade e atividades da vida diária para autonomia e independência;
? Desenvolver o ensino para o uso do soroban;
? Promover adequações necessárias para o uso de tecnologias de informação e comunicação.

Atendimento aos alunos com deficiência Física

Cabe ao professor da sala de recursos, atuar, conjuntamente com o professor da sala comum, para orientá-lo acerca da
participação efetiva do aluno com deficiência física nas atividades recreativas, esportivas e culturais da escola, trabalhando,

48 fundamentalmente, os aspectos relacionados ao desenvolvimento da autoestima, autovalorização e autoimagem, devendo buscar,


ainda, estimular a independência e a autonomia, bem como a socialização desse aluno com outros grupos.
Nesse contexto, no atendimento educacional especializado para alunos com deficiência física, é necessário que os professores
conheçam a diversidade e a complexidade dos diferentes tipos de deficiência física, para definir estratégias de ensino que desenvolvam
o potencial dos alunos. De acordo com a limitação física apresentada, é necessário utilizar recursos didáticos e equipamentos especiais
para a sua educação, buscando viabilizar a participação do aluno nas situações práticas vivenciadas no cotidiano escolar, para que o
mesmo, com autonomia, possa otimizar suas potencialidades e possibilidades de movimento e venha interagir e transformar o
ambiente em busca de uma melhor qualidade de vida.
O desenvolvimento de ajudas técnicas e de tecnologias assistivas nas salas de recursos faz-se necessário para promover
modificações nos ambientes e currículos, considerando as diferenças e as capacidades físicas. Assim, os recursos só adquirem
funcionalidade quando permitem que as potencialidades possam ser expressas.
A escola, no atendimento aos alunos com deficiência física, deverá promover condições de acessibilidade por meio da

O Direito de Aprender
adequação do mobiliário escolar, da eliminação de barreiras arquitetônicas, da disponibilidade de recursos, materiais escolares e
pedagógicos adaptados e de equipamentos de informática acessíveis que os habilitem para o uso independente do computador, que
lhes garantam formas alternativas de acesso à produção do conhecimento.

Atendimento aos alunos com altas habilidades/superdotação

As salas de recursos multifuncionais para os alunos com altas habilidades/superdotação constituem espaços para atendimento
às suas necessidades educacionais especiais, uma vez que apresentam características diferenciadas de aprendizagem ao longo de sua
vida escolar. O atendimento educacional especializado nessas salas tem a função de viabilizar a suplementação curricular para que os
alunos explorem áreas de interesse, aprofundem conhecimentos já adquiridos e desenvolvam habilidades relacionadas à criatividade,
à resolução de problemas e ao raciocínio lógico. Também são espaços para o desenvolvimento de habilidades sócio-emocionais, de
motivação, de aquisição de conhecimentos referentes à aprendizagem de métodos e técnicas de pesquisa e de desenvolvimento de
projetos.

?
Dessa forma, a sala de recursos multifuncionais para alunos com altas habilidades/superdotação deve oferecer:
Estratégias de ensino planejadas para promover altos níveis de aprendizagem, produção criativa, motivação e respeito às
49
diferenças de cada aluno;
? Oportunidades para a descoberta do potencial dos alunos nas diversas áreas de ensino;
? Identificação e realização de projetos do interesse, áreas de habilidades e preferências dos alunos;
? Atividade de enriquecimento, incluindo estudos independentes, pequenos grupos de investigação, pequenos cursos e
projetos, envolvendo métodos de pesquisa científica;
? Desenvolvimento de projetos de acordo com as necessidades sociais da comunidade, com a finalidade de contribuir para o
desenvolvimento local por meio de sugestões para a resolução de problemas enfrentados pela população;
? Procedimentos de aceleração que possibilitem o avanço dos alunos nas séries ou ciclos.

O Direito de Aprender
A IMPORTÂNCIA DA AVALIAÇÃO NO PROCESSO ENSINO-APRENDIZAGEM
Luzanilde Oliveira Aguiar

A s ideias iniciais de avaliação estão vinculadas aos conceitos de medida e verificação. A necessidade de medir surgiu tão cedo,
que o homem utilizou o próprio corpo para criar as primeiras unidades de medida (pé, palmo, etc...). Fica perceptível que avaliar
tornou-se algo natural e presente na vida do ser humano, pois, em todas as realizações, há a necessidade de projetar, agir,
refletir e redimensionar a ação.
Até o século XIX com o uso da prova escrita tornou-se possível avaliar diversos aspectos e economizar tempo, pois, todos eram
avaliados da mesma maneira seguindo um mesmo padrão. Com o decorrer do tempo passou-se a questionar a forma como se avaliava.
Atualmente a avaliação tem sido objeto de pesquisa nos variados enfoques: sociológicos, filosóficos, políticos e culturais, trazendo à
tona as diversas visões defendidas sobre a prática desenvolvida nas escolas brasileiras.
Lukesi refere-se à avaliação como juízo de valor sobre dados relevantes para a tomada de decisão e acrescenta afirmando que o
juízo de qualidade é produzido por processos comparativos em que o objeto é ajuizado em determinado padrão ideal de julgamento.
Muitas são as discussões em torno dessa temática, que levam a uma reflexão sobre os mitos criados e vigentes nos dias atuais na práxis
docente. Um dos mitos mais presentes no cotidiano escolar é de que a avaliação classificatória poderá garantir o nível de conhecimento
50 do aluno. Em contraposição a este mito surge a defesa pela avaliação mediadora que inclui além da própria avaliação, a auto-avaliação e
hétero-avaliação possibilitando a participação de todos os envolvidos no processo educacional.
Jussara Holffmam afirma que a polêmica que se cria hoje, numa perspectiva de avaliação inovadora está atrelada à melhoria da
qualidade de ensino, pois para que o professor possa avaliar corretamente precisa ter um aprofundamento nas teorias do
conhecimento e ampla visão da disciplina e dos fundamentos teóricos que permitam confrontar as hipóteses levantadas pelos alunos e
a base científica do conhecimento. Espera-se que o aluno seja capaz de saber mais sobre si, refletir sobre a realidade que o cerca, ter
discernimento do justo e tornar-se coerente e conseqüente. Para isso faz-se necessário ressignificar a prática avaliativa e investigar
como o professor ensina, como o aluno estuda e, conseqüentemente, como aprende; com essa pesquisa feita em cada espaço escolar
em mãos poder-se-á rever os percursos, melhorar e reencaminhar o trabalho desenvolvido.
O processo ensino-aprendizagem pode ser considerado uma via de mão dupla em que não só o aluno aprende e precisa ser
avaliado, mas também o professor, a escola, a comunidade, visto que não é concebível a avaliação em separado do projeto pedagógico
da escola, por ser ela um instrumento didático-pedagógico capaz de mobilizar e integrar ações, sem caracterizar ameaça, terror ou
pressão. Apesar dos muitos debates, o sistema de avaliação no Brasil tem obtido poucos avanços pela cultura errônea de avaliação
como instrumento de coersão por parte do educador. Infelizmente não se atentou para o fato de que o que pode causar o fracasso ou

O Direito de Aprender
sucesso escolar não está no poder e sim no convencimento através de práticas saudáveis de convivência e das metodologias inovadoras
a serem utilizadas. Isso não quer dizer que testes e provas bem elaboradas, em princípio, não possam ser utilizadas, porque o problema
não se instala no instrumento e sim na forma de condução do mesmo. A eficiência está no estabelecimento criterioso de objetivos e
expectativas que se tem na execução do trabalho.
Estudos apontam que alunos bem avaliados obtêm melhores resultados, a pesquisa revela que quando o educador toma uma
postura de mediador, discutindo com os alunos sobre os objetivos e metas a serem alcançados, sobre o caminho a ser trilhado e as
responsabilidades de cada ator no processo de aquisição do conhecimento, os estudantes por sua vez entendem qual o seu papel e
buscam possibilidades de vencer seus limites e dificuldades.
O mundo vem passando por diversas transformações complexas e contraditórias, causando medo e insegurança, mas, ao
mesmo tempo novidade e esperança, por isso a escola não pode ficar distante desta realidade, precisando rever seus mecanismos de
atuação, incorporando um novo modelo de educação para a construção de uma sociedade justa e igualitária, sem perder de vista as
características individuais e coletivas, como afirma Boaventura: “As políticas de igualdade devem estar vinculadas às políticas de
identidade. Temos que ser iguais, quando a diferença nos inferioriza e temos que ser diferentes quando a igualdade nos descaracteriza”.
Neste contexto, onde a avaliação está inserida?
A partir do momento em que a avaliação é tida como uma arma de exclusão e discriminação, ela pode interferir negativamente
no andamento do processo social, porém quando é tida como algo detonador de reflexão-ação-reflexão a interferência torna-se
positiva, pois neste ir e vir questões sobre o que, como, quando ensinar são respondidas ao tempo em que são respondidas também as
questões de o que, como e quando aprender. Essa prática remete a produção de conhecimento e a participação ativa na formatação do
51
meio social no qual se está inserido.
A avaliação deve ser considerada um elemento que perpassa dinâmica e continuamente o processo de ensino-aprendizagem
onde o erro seja utilizado para a aquisição de competências e habilidades, pois, segundo Demo o erro não pode ser visto como um corpo
estranho. Ninguém acerta sem errar. A estrutura cerebral do homem está ligada ao erro que com a intervenção significativa transforma-
se em conhecimento.
A avaliação da aprendizagem deve ser concebida como uma perspectiva do trabalho pedagógico que valoriza o questionamento,
a crítica, contribuindo dessa forma, para a superação da cultura instalada tradicionalmente, que imprime conformismo, individualismo
e o espírito competitivo e tornando a escola um espaço de reconstrução do conhecimento, considerando as experiências anteriores e o
contexto do qual os indivíduos fazem parte. Uma avaliação participativa e dialógica exige clareza de objetivos a atingir (o que avaliar),
relações de confiança e respeito mútuo, a existência de efetivo interesse e investimento no desenvolvimento de cada aluno: avaliar para
conhecer e fazer crescer. A verificação do rendimento escolar deverá observar o critério de avaliação contínua do desempenho do

O Direito de Aprender
aluno, o predomínio da avaliação diagnóstica, que deve servir para alimentar, sustentar e orientar a permanente intervenção
pedagógica, subsidiando a prática do professor. Assim, devem ser considerados na análise do desempenho escolar:
? A aprendizagem do aluno, o investimento que ele faz nos estudos e o seu compromisso com a escola;
? O ritmo do aluno, suas especificidades no processo de aprendizagem, e as metodologias adequadas às suas necessidades;

Sendo assim, é preciso estar atento para a escola que se quer, refletindo sempre sobre práticas autoritárias, a serviço da exclusão
e da dominação, reforçando a lógica da sociedade. Não é preciso questionar apenas o acesso à escola, mas a permanência nela e, um
bom relacionamento entre professor-aluno representa um bom início para as mudanças dessas práticas excludentes.

52

O Direito de Aprender
AVALIAÇÃO NA PERSPECTIVA DE UM NOVO FORMATO EDUCACIONAL

A forma como se avalia, segundo Luckesi (2002), é crucial para a concretização do projeto educacional. É ela que sinaliza aos
alunos o que o professor e a escola valorizam. Na tabela abaixo, traça-se uma comparação entre a concepção tradicional de
avaliação com uma mais adequada a objetivos contemporâneos, relacionando-as com as implicações de sua adoção.

Modelo tradicional de avaliação Modelo adequado


Foco na promoção - o alvo dos alunos é a promoção. Nas primeiras aulas, se Foco na aprendizagem - o alvo do aluno deve ser a aprendizagem e o que de proveitoso e
discutem as regras e os modos pelos quais as notas serão obtidas para a prazeroso dela obtém.
promoção de uma série para outra.
Implicação - neste contexto, a avaliação deve ser um auxílio para se saber quais objetivos foram
Implicação - as notas vão sendo observadas e registradas. Não importa como atingidos, quais ainda faltam e quais as interferências do professor que podem ajudar o aluno.
elas foram obtidas, nem por qual processo o aluno passou.

Foco nas provas - são utilizadas como objeto de pressão psicológica, sob Foco nas competências - o desenvolvimento das competências previstas no projeto educacional
pretexto de serem um “elemento motivador da aprendizagem”, seguindo ainda devem ser a meta em comum dos professores.
a sugestão de Comenius em sua Didática Magna criada no século XVII. É comum
ver professores utilizando ameaças como “Estudem! Caso contrário, vocês Implicação - a avaliação deixa de ser somente um objeto de certificação da consecução de
poderão se dar mal no dia da prova” ou “Fiquem quietos! Prestem atenção! O
dia da prova vem aí e vocês verão o que vai acontecer...”
objetivos, mas também se torna necessária como instrumento de diagnóstico e
acompanhamento do processo de aprendizagem. Neste ponto, modelos que indicam passos
para a progressão na aprendizagem, como a Taxionomia dos Objetivos Educacionais de
Implicação - as provas utilizadas como um fator negativo de motivação, Os Benjamin Bloom, auxiliam muito a prática da avaliação e a orientação dos alunos.
53
alunos estudam pela ameaça da prova, não pelo que a aprendizagem pode lhes Observância dos domínios cognitivo (aprendizagem intelectual), afetivo (abrange aspectos de
trazer de proveitoso e prazeroso. Estimula o desenvolvimento da submissão e sensibilização e gradação de valores) e psicomotor (habilidades de execução de tarefas que
de hábitos de comportamento físico tenso (estresse). envolvem o organismo muscular.

Os estabelecimentos de ensino estão centrados nos resultados das provas e Estabelecimentos de ensino centrados na qualidade - os estabelecimentos de ensino devem
exames - eles se preocupam com as notas que demonstram o quadro global preocupar-se com o presente e o futuro do aluno, especialmente com relação à sua inclusão
dos alunos, para a promoção ou reprovação. social (percepção do mundo, criatividade, empregabilidade, interação, posicionamento,
criticidade).
Implicação - o processo educativo permanece oculto. A leitura das médias
tende a ser ingênua (não se buscam os reais motivos para discrepâncias em Implicação - o foco da escola passa a ser o resultado de seu ensino para o aluno e não mais a
determinadas disciplinas). média do aluno na escola.

O Direito de Aprender
O sistema social se contenta com as notas - as notas são suficientes para os Sistema social preocupado com o futuro - já alertava o ex-ministro da Educação, Cristóvam
quadros estatísticos. Resultados dentro da normalidade são bem vistos, não Buarque: "Para saber como será um país daqui há 20 anos, é preciso olhar como está sua escola
importando a qualidade e os parâmetros para sua obtenção (salvo nos casos de pública no presente". Esse é um sinal de que a sociedade já começa a se preocupar com o
exames como o ENEM que, de certa forma, avaliam e "certificam" os diferentes distanciamento educacional do Brasil com o dos demais países. É esse o caminho para
grupos de práticas educacionais e estabelecimentos de ensino). revertermos o quadro de uma educação "domesticadora" para "humanizadora".

Implicação - não há garantia sobre a qualidade, somente os resultados Implicação - valorização da educação de resultados efetivos para o indivíduo.
interessam, mas estes são relativos. Sistemas educacionais que rompem com
esse tipo de procedimento tornam-se incompatíveis com os demais, são
marginalizados e, por isso, automaticamente pressionados a agir da forma
tradicional.

ACOMPANHAMENTO, AVALIAÇÃO DA APRENDIZAGEM E CRITÉRIOS DE AVALIAÇÃO

54 N a aprendizagem do aluno a avaliação desempenha um papel fundamental como elemento regulador das ações. É necessário
que a escola discuta a avaliação e que os alunos tenham conhecimento de seu processo de aprendizagem, dos critérios
utilizados na avaliação e recebam constantes orientações para superar as dificuldades apresentadas.

Coerente com essa visão de avaliação, o trabalho do professor a ser elaborado deve seguir algumas etapas.São elas:
Definição do propósito ou objetivo da atividade avaliativa
?
Definição do conteúdo (ou conteúdos) a ser (em) avaliado (os)
?
Escolha da estratégia (atividade através da qual a avaliação será realizada).
?
Realização da atividade avaliativa.
?
? Análise dos resultados face aos objetivos inicialmente definidos e com os padrões estabelecidos no sistema de
avaliação utilizado;
Replanejamento da ação pedagógica.
?

O Direito de Aprender
Desta forma, pretende-se uma mudança da avaliação de resultados para uma avaliação de processo, indicando a possibilidade
de realizar-se na prática pela descrição e não pela prescrição da aprendizagem. Nessa perspectiva, o educador deverá adotar:
O registro de desempenho do aluno, no qual o professor e aluno anotam os progressos e dificuldades apresentados;
?
A investigação como diagnóstico em todas as atividades em sala de aula;
?
As provas, para verificar a aprendizagem e também para acompanhamento e organização de estudos. A correção das
?
provas e sua discussão com os alunos, oferecem informações para novas orientações de aprendizagem;
Reuniões periódicas do “Conselhos de Classe” para discutir as anotações contidas no registro e buscar alternativas
?
para minimizar dificuldades dos alunos;
Outras atividades avaliativas definidas com a participação do aluno. A avaliação deve ser para o aluno um
?
instrumento de tomada de consciência de suas conquistas, dificuldades e possibilidades. Portanto, alunos e professores, tendo clareza
dos objetivos e dos resultados obtidos nos trabalhos realizados, planejarão formas alternativas de suprir falhas diagnosticadas em
relação ao cumprimento destes objetivos, como, por exemplo: desenvolvimento monitorado de atividades diversificadas, para
atendimento às necessidades diferenciadas de alunos ou grupos de alunos, em classe. O monitoramento poderá ser feito por alunos da
própria classe, que apresentem maior domínio do tema abordado, pelo professor ou através de orientações de estudo, ocupando
tempos e espaços definidos coletivamente (início da aula / final da aula), realização de atividades acordadas entre o aluno e o professor,
a fim de atender necessidades e dificuldades específicas. 55
O registro dos resultados deverá ser, preferencialmente, dentro de uma dinâmica coerente com a proposta de ensino-
aprendizagem responsável e participativa, levando em consideração os valores ou padrões utilizados para tomar decisões e estabelecer
julgamentos acerca do objeto de estudo.
Os critérios são parâmetros de avaliação que definem padrões de sucesso por relação aos quais se orienta a reflexão avaliativa
sobre todo o processo de planejamento e intervenção e são estabelecidos em função de cada uma das fases de planejamento
(diagnóstico, linhas orientadoras, plano de ação, realização). É importante ressaltar que os critérios expressam o desempenho tanto do
aluno quanto do professor no desenvolvimento da capacidade de aprendizagem, por ser um dos instrumentos pelos quais podemos
avaliar as competências adquiridas, capacidades e atitudes desenvolvidas, permitindo detectar dificuldades e estabelecer meios para
superá-las.

O Direito de Aprender
O PAPEL DO GESTOR ESCOLAR NA ORGANIZAÇÃO CURRICULAR
Por Lucinete Alves Silva

FUNÇÕES ADMINISTRATIVAS DO GESTOR ESCOLAR

O Diretor é o responsável pelo funcionamento administrativo e pedagógico da escola, portanto precisa de conhecimentos tanto
administrativos quanto pedagógicos.
Mas não deve esquecer que todas as ações dentro da escola devem favorecer o pedagógico. Nenhuma atividade-meio pode
atropelar esse caminho.
Nas funções de cunho administrativo estão incluídas as tarefas voltadas para dar o apoio necessário ao trabalho do professor em
sala de aula. Envolvem as atividades-meio que asseguram o atendimento dos objetivos e funções da escola:

56 1- Compreender e aplicar a legislação escolar e as normas administrativas


O diretor não pode ignorar as leis e os regulamentos oficiais, relacionados à escola. Ele precisa ter à sua disposição esses documentos
que vêm das várias instâncias do sistema escolar. Por exemplo: do Mec, das secretarias, e dos conselhos de Educação e os elaborados na
própria escola. Além disso, ele deve divulgar o conteúdo desses documentos à equipe escolar e assegurar seu cumprimento.Vejamos
alguns destes documentos:
Documentos jurídicos sobre a vida funcional de funcionários e professores, regimento interno; organograma, Proposta Curricular,
Projeto Político Pedagógico planos de trabalho e controles financeiros, Parâmetros Curriculares Nacionais, a LDB e outros.

2- Gerir os recursos físicos, materiais didáticos e financeiros.


Este aspecto está relacionado primeiramente à gestão da infra-estrutura porque envolve as ações de manutenção e conservação do
edifício e suas instalações e a garantia de adequação destes aos objetivos escolares. É o diretor quem deve dar garantia aos alunos, aos
serviços administrativos e pedagógicos e aos professores, das condições necessárias para desenvolvimento do trabalho e garantia da

O Direito de Aprender
qualidade, através da adequação e suficiência do mobiliário e material didático. Em outras palavras o diretor é quem vai zelar pela
disponibilização de equipamentos e materiais que os alunos vão precisar para aprender, que o professor vai precisar para ministrar suas
aulas e que o pessoal técnico- administrativo vai usar em suas tarefas.
Dentro desta função também está a responsabilidade sobre a previsão das despesas e receitas da escola, escrituração, avaliação e
controle dos recursos recebidos e gastos efetuados.
As escolas públicas recebem recursos para os quais existem regras de aplicação. Com os recursos o diretor pode adquirir bens e
contratar serviços que atendam ao interesse coletivo. Ele é o responsável pela supervisão e organização financeira e o controle das
despesas da escola, mas isso deve ser feito em comum acordo com o Conselho Escolar e os membros de sua equipe, além de seguir as
normas que determinam o que podem comprar ou contratar e como prestar contas, priorizando inclusive, os materiais necessários para
a implementação da Proposta Curricular.

3- Direção e administração das rotinas organizacionais e administrativas


Refere-se a todas as atividades de coordenação e de acompanhamento do trabalho das pessoas envolvendo o cumprimento das
atribuições de cada membro da equipe, a realização do trabalho em equipe, a implementação da Proposta Curricular, a manutenção do
clima de trabalho e a avaliação do desempenho. Ao diretor cabe aplicar diretrizes de funcionamento na instituição.
Dentro desta atribuição também está a responsabilidade pelo desenvolvimento do grupo.
57
4- Administrar a secretaria escolar e os serviços gerais
O diretor deve coordenar as ações da secretaria escolar que entre outras reúne as funções de recepção, e de contato com as pessoas e
as atribuições administrativas propriamente ditas relativas ao registro escolar de alunos e professores, registros, arquivos, e outros).
Neste papel de coordenador, o diretor deverá proceder a conferência e assinatura de documentos escolares, encaminhamento de
processos, correspondências ou expedientes da escola.
Deve coordenar os serviços gerais zelando pela qualidade das atividades da: zeladoria que é realizada pelos auxiliares de serviços gerais
e cuida da manutenção, conservação e limpeza do prédio, da guarda das dependências, instalações e equipamentos, da cozinha e da
preparação e distribuição da merenda escolar; da execução de pequenos consertos e outros serviços rotineiros da escola.

O Direito de Aprender
Do agente de portaria que cuida do acompanhamento dos alunos em todas as dependências da escola, menos na sala de aula,
orientando-os quanto às normas disciplinares, atendendo-os em caso de acidente ou outros.
E do serviço de multimeios que compreende a biblioteca, os laboratórios, os equipamentos audiovisuais, e outros recursos didáticos.
O gestor deve fazer reuniões com seus funcionários para acompanhamento e avaliação sobre o que cada um realiza no
estabelecimento, como o executa e quais problemas e sugestões têm para a melhoria do serviço.

FUNÇÕES PEDAGÓGICAS DO GESTOR ESCOLAR


O pedagógico responde pela viabilização do trabalho pedagógico-didático e por sua integração e articulação com os professores em
função da qualidade do ensino.
Na escola as funções pedagógicas estão relacionadas à atividades-fim, enquanto as administrativas estão relacionadas à atividades-
meio, mas ambas estão impregnadas do caráter educativo, formativo, próprio das instituições educacionais.

11- Acompanhar, organizar e coordenar as atividades do planejamento e do projeto pedagógico curricular é responsabilidade do
58 diretor.
Ele é responsável pelo planejamento de ações e procedimentos orientados para o alcance dos objetivos declarados nos documentos da
escola. Esses documentos são: O Projeto Político Pedagógico da Escola e a Proposta curricular. São eles que dão a direção política e
pedagógica para o trabalho escolar e o desenvolvimento do currículo, que é o referencial concreto da proposta pedagógica. Neles estão
sistematizados os objetivos a alcançar, os métodos de ensino, a sistemática de avaliação, a estrutura organizacional, enfim, os
propósitos, os valores, princípios e regras da escola , então é responsabilidade do diretor dar vida a este projeto cuidando para que
esteja bem definido, que os professores e toda a equipe estejam preparados para desenvolvê-lo. Para que não aconteça da escola ter
documentos engavetados que dizem uma coisa enquanto na prática o rumo seguido é outro bem diferente. Cabe ao diretor articular os
propósitos e ações contidos nestes dois documentos. É a atuação dele que fará com que o projeto e a proposta curricular sejam levados
a efeito.

Portanto,como o diretor deve fazer:

O Direito de Aprender
* Propor e supervisionar a elaboração de diagnósticos para o projeto curricular da escola e para outros planos e projetos. Na prática o
diretor vai organizar momentos para que a equipe escolar cheque a coerência entre o que diz a proposta curricular e outros
documentos e o que está sendo praticado na escola.
* Orientar a organização curricular e o desenvolvimento do currículo. Neste ponto, a atuação do diretor deve ser no sentido de tomar
atitudes para atualizar o currículo em consonância com os parâmetros nacionais e locais e as demandas da realidade para atender
melhor às necessidades do aluno e da comunidade;
*Estimular a realização de projetos conjuntos entre os professores: o diretor deve fazer isto para evitar que os professores trabalhem
em separado e não pratiquem a interdisciplinaridade o que prejudicará a compreensão de mundo dos alunos.
* Diagnosticar problemas de ensino e aprendizagem estimulando a adoção de medidas pedagógicas preventivas, a adequação de
conteúdos, metodologias e práticas avaliativas. Alguns diretores acham que cuidar dos problemas de aprendizagem dos alunos não é
tarefa sua, mas esta é imprescindível. É claro que ele não deve tomar para si o papel do professor, mas ele tem responsabilidades sobre a
questão e deve ter sempre em mãos relatórios que digam como está o desempenho de todos os alunos da escola para organizar o grupo
para tomarem as medidas cabíveis. Esta função deve ser exercida juntamente com a coordenação pedagógica, porém nas escolas onde
não existe essa figura, o diretor deve buscar o apoio direto dos professores para executá-las.
Para acompanhar a aprendizagem de todos os alunos da escola o diretor precisa ter relatórios organizados em forma de fichas, tabelas ,
quadros ou gráficos constando informações gerais sobre o desempenho das turmas. Por exemplo, ele pode ter um quadro
constantemente atualizado que lhe mostre o percentual de alunos alfabetizados nas turmas de 2º ano. Assim saberá como está
59
evoluindo o processo de apropriação da leitura e escrita e chamará os professores e a coordenação quando algo não estiver bem para
que investiguem as causas e juntos decidam o que fazer e quem vai fazer.
Juntamente com a coordenação pedagógica deve acompanhar também outros processos do ensino aprendizagem como a elaboração e
execução do planejamento de ensino, o uso de metodologias e procedimentos adequados aos conteúdos e as condições de
aprendizagem dos alunos, as práticas avaliativas, o relacionamento professor-aluno, a organização dos níveis escolares, os horários, a
distribuição dos alunos por turma, a evasão, a distorção idade-série. Deve acompanhar também o desenvolvimento das ações
educativas realizadas fora da sala de aula que também estão direcionadas para a formação dos alunos.

2- Dar assistência pedagógica sistematizada aos professores

O Direito de Aprender
O diretor deve fazer o acompanhamento de todos os processos e processos pedagógicos da escola, mas não basta o diagnóstico.
O diretor deve apoiar o professor através do desenvolvimento de um sistema de assistência pedagógico-didática que forneça subsídios
para a concepção, construção e administração de situações de aprendizagem adequadas às necessidades educacionais dos alunos e
que ajude o professor a cumprir o programa de ensino, dando apoio para que ele consiga um melhor envolvimento dos alunos, sua
participação ativa, o desenvolvimento de habilidades, capacidades intelectuais e valores.

3- Desenvolver ações de formação continuada


Visto que a realidade altamente dinâmica e mutável exige que os profissionais e as instituições se atualizem constantemente. Trata-se
do aprimoramento profissional do pessoal docente, técnico e administrativo de preferência no próprio local de trabalho. A idéia de que
a própria escola é local de formação profissional, por ser no contexto de trabalho, que os professores e demais funcionários podem
reconstruir suas práticas, resulta em mudanças pessoais e profissionais.
Há vários formatos que a escola pode optar para compor seu programa de formação continuada: cursos, grupos de estudo, seminários,
palestras, oficinas e outros .

60 Embora pesquisas revelem que o melhor tipo de formação seja aquele que acontece na própria escola, as redes e sistemas de ensino
também oferecem oportunidades de formação que não podem ser descartadas pela escola .
O gestor escolar não deverá decidir sozinho o tipo de formação ou o conteúdo dela. Deve decidir com o conjunto dos profissionais e
baseados nas informações sobre as necessidades da escola. Se um levantamento feito na escola aponta que a conduta dos funcionários
está marcada por desentendimentos ou descortesias entre eles mesmos ou entre funcionários e alunos, esta é uma evidência de que o
tipo de curso que precisam é um que favoreça as relações humanas no trabalho. Ou ainda, se os resultados de matemáticas não são
bons nas turmas de 5ª série, uma medida acertada é promover cursos ou outro tipo de formação voltados para esta área.
O diretor não precisa ser profundo conhecedor de temas pedagógicos para administrar pedagogicamente a escola. O que ele precisa é
ter visão, ter clareza e firmeza de objetivos, inspirar o grupo, escutar as idéias, conhecer as necessidades e expectativas de alunos e
professores e liderar as pessoas para fazerem o que lhes cabe da maneira mais eficiente e humana possível.
Em algumas escolas o diretor conta com o apoio do coordenador pedagógico para desenvolver estas funções, mas quando isso não é
possível ele deve trabalhar diretamente com os professores e jamais ignorar este aspecto da gestão. Seria um grande risco para a escola.

O Direito de Aprender
FUNÇÃO SOCIAL DO GESTOR ESCOLAR
1. Organizar atividades que assegurem a relação entre escola e comunidade
Implica em desenvolver ações que envolvam a escola e suas relações externas, tais como os níveis superiores de gestão do sistema
escolar, os pais, as organizações políticas e comunitárias, a cidade e os equipamentos urbanos. Ao desempenhar este papel o diretor
está buscando as possibilidades de cooperação e apoio, oferecidas pelas diferentes instituições, que contribuem para o aprimoramento
do trabalho da escola. O diretor deve favorecer a participação dos pais na gestão escolar mediante canais de participação bem definidos
e estreitar o relacionamento, especialmente no que se refere ao funcionamento pedagógico-curricular e didático da escola, à
comunicação das avaliações dos alunos e a interpretação que se faz delas.

Considerações finais
Na complexidade do contexto atual, é muito difícil para o diretor assumir sozinho a direção de uma escola. Então ele tem que cercar-se
de uma equipe competente e com ela estabelecer um processo de gestão compartilhada, baseada num planejamento estratégico
aberto às inovações necessárias e com foco no sucesso do aluno.
Deve entender que a escola é um sistema, então deve haver um equilíbrio permanente entre o pedagógico e o administrativo.
Para o gestor conseguir este equilíbrio o primeiro passo é ter em mente com bastante precisão: O OBJETIVO DA ESCOLA. Embora pareça
óbvio na maioria das vezes a escola não sabe o que quer, não sabe o porquê de sua existência. Dar rumo à escola é a maior
61
responsabilidade do diretor.
O segundo passo é considerar que TODAS AS DECISÕES SÃO INTERDEPENDENTES na escola. Uma mudança implica numa avalanche de
alterações.
Se o diretor não compreender esta interdependência entre os componentes passa grande parte de seu tempo apagando incêndios;
O terceiro e último passo que o diretor deve seguir para manter o equilíbrio entre o pedagógico e o administrativo é reconhecer que AS
FALHAS DECORREM FUNDAMENTALMENTE DAS AÇÕES GERENCIAIS. Se uma escola não vai bem, é possível encontrar muitas
justificativas, mas nenhuma exime a direção da responsabilidade.
Portanto entender a escola nesta abordagem de que ela é um SISTEMA, evita que o diretor abandone um dos aspectos e assim faça uma
administração de baixa qualidade, prejudicando os resultados da instituição, impactando negativamente na vida da comunidade.

O Direito de Aprender
O PAPEL DO COORDENADOR PEDAGÓGICO NA GESTÃO DO CURRÍCULO NA ESCOLA
Mary Adriana dos Santos

inegociável o DIREITO DE APRENDER. Diante disso, a Secretaria Municipal de Educação de Juazeiro propõe as linhas norteadoras

É das concepções educacionais que irão garantir, aos alunos, a aquisição das competências e habilidades necessárias à construção
de autonomias.
Para garantir a implementação da Proposta Curricular, todas as ações administrativas e pedagógicas da escola deverão ter, como
premissa, a vivência do currículo nas novas formas de ensinar, na construção dos saberes, no acompanhamento sistemático dos
indicadores de sucesso.
O Coordenador Pedagógico, no exercício de sua função, precisa promover a articulação entre professores e seu contexto; entre
teoria educacional e prática educativa; entre o ser e o fazer educativo, num processo que seja, ao mesmo tempo, formativo e
emancipador, crítico e compromissado. Precisa, também, organizar espaços, tempos e processos formativos, considerando que as
práticas educativas e pedagógicas só poderão ser transformadas, a partir da compreensão dos pressupostos teóricos essenciais à
concretização do Currículo por competências, possibilitando o direcionamento e o redirecionamento do fazer pedagógico.
Dessa forma, o Coordenador Pedagógico atua como articulador, formador e tansformador das práticas escolares.
62 1. O Coordenador Pedagógico como articulador

O Coordenador Pedagógico é uma figura essencial, nesse processo integrador e articulador dos tempos de ação e tempos de espera,
descortinando uma postura interdisciplinar de escuta, acolhimento, confronto, ruptura, diálogo, proposições, avanços e recuos,
buscando promover a consciência crítica da sincronicidade dos componentes políticos, humano-interacionais e técnicos da ação dos
professores. Essa perspectiva permite um movimento que produz novas compreensões do processo educativo, uma reestruturação
entre esses componentes e a (re)definição da Proposta pedagógica coletiva.

2. O Coordenador Pedagógico como formador

O esteio da formação continuada é a experiência que os professores constroem sobre a docência e a reflexão sobre essa experiência é
que faz diferença nesse processo, possibilitando aos professores explicita sua compreensão da realidade. A escola, como locus de

O Direito de Aprender
produção de conhecimento, passa a ser valorizada e os professores asseguram-se como sujeitos que constroem conhecimentos e
saberes, refletindo sobre a prática e assumindo o papel de transformadores da realidade.
Como agente responsável pela formação continuada dos professores, cabe ao Coordenador Pedagógico oportunizar momentos de
ação-reflexão-ação através da construção de hipóteses explicativas para as situações problemáticas com que se defrontam na relação
didática com os alunos, favorecendo, imediatamente, a leitura da realidade, o que, de certa forma, reflete os referenciais teóricos que,
de fato, orientam seu trabalho educativo, ratificando o que afirmou Paulo Freire (1997), “a prática de pensar a prática é a melhor
maneira de pensar certo”.
A Formação Continuada dinamiza as ações da escola, proporciona um ambiente transformador e dá subsídios a momentos de
conhecimentos, promovendo a reflexão e a vivência nas relações escolares, conduzindo mudanças dentro da sala de aula e na dinâmica
da escola.

3. O Coordenador Pedagógico como transformador

Como agente de transformação da prática pedagógica, o Coordenador Pedagógico precisa estar aberto a transformar-se
continuamente, a partir dos anseios produzidos, dos projetos pressentidos e dos saberes elaborados.
O Coordenador Pedagógico deve estar atento à transformação de atitudes da comunidade escolar para não deixar de perceber o
direcionamento que anuncia a configuração de uma nova visão da escola, de currículo pensado a partir das diferentes competências, de
educador e de educação, para fazer dos vários caminhos, uma única rota rumo à formação de verdadeiro cidadão crítico, participativo e
63
solidário.

“Há um tempo em que é preciso abandonar as roupas usadas, que já têm a forma do nosso corpo,
e esquecer os nossos caminhos, que nos levam sempre aos mesmos lugares.
É o tempo da travessia: e, se não ousarmos fazê-la, teremos ficado a margem de nós mesmos”.
Fernando Pessoa

O Direito de Aprender
ASSUMINDO POSTURAS
Clériston José da Silva Andrade

T odas as decisões que tomamos na vida causam impactos diretos em nós mesmos e naqueles com os quais convivemos. Não
importa se o que decidimos diga respeito à nossa vida pessoal ou profissional, a consequência será resultado de algo antes
assumido anteriormente.

Em educação, toda decisão de um professor afetará positiva ou negativamente a vida dos seus educandos. Assumir que somos
responsáveis diretos pelo sucesso ou insucesso de um aprendiz trará implicâncias altamente positivas sobre aquilo que planejamos,
executamos e avaliamos. Esta consciência antecede a qualquer outro esforço. Aliás, todo esforço será originado desta tomada de
decisão.

A Proposta Curricular é uma ferramenta a ser assumida como referencial da rede municipal. Todavia, cada educador precisará tê-la
como uma referencial seu, do seu trabalho, da sua sala de aula. Assim, as expectativas de uma educação melhor serão confirmadas
como resultado da postura abraçada por todos os professores.
64
“Haverá poucas possibilidades que o nosso ensino tenha impacto a menos que conheçamos porque os alunos pensam assim”.
(Osborne e Freyberg, 1985)

O Direito de Aprender
REFERÊNCIAS
PERRENOUD, Philippe. Construir competência desde a escola. Porto Alegre: Artmed, 1999.
SAVIANI, N. Origem do currículo e a tradição escolar brasileira. 2003. Disponível em:
http://ead.senacdf.com.br/moodle/mod/resource/view.php?id=7001
ZABALA, Antoni. A prática educativa. Porto Alegre: Artmed, 2000
PERRENOUD, Philippe. A prática reflexiva no ofício do professor: profissionalização e razão pedagógica. Porto Alegre, Artmed, 2002.
JOHNSON JR. Martins. Definições e Modelos na Teoria do Currículo IN: MESSICK, Rosemary; PAIXÃO, Lyra; BASTOS, Lilia da Rocha.
Currículo: Análise e Debate. Rio de Janeiro, Zahar Editores, 1980.
ALARCÃO, Isabel. Escola reflexiva e nova racionalidade. Porto Alegre: Artmed. 2001.
MORIN, Edgar. Problemas de uma epistemologia complexa. In O Problema Epistemológico da complexidade. Portugal: Publicações
Europa-América. 1989
SALVADOR, César Coll. Psicologia e Currículo. São Paulo-SP. Editora Ática, 1999.
KRAMER, Sonia. Propostas Pedagógicas ou Curriculares: subsídios para uma leitura crítica. In: MOREIRA, Antonio Flavio Barbosa. (org.)
Currículo: Políticas e Práticas. Campinas, SP: Papirus, 1999.
Caderno da Prova Brasil 2009: ww.mec.gov.br
Martins Garcia, Lenise Aparecida. Artigo: Competências e Habilidades: Você Sabe Lidar com Isso? www.escola2000.org.br
CARVALHO, Fabrícia Gonçalves de. A Formação Empreendedora por meio da Educação a Distância: Uma Alternativa para o Profissional
65
do Conhecimento. 2003. 79f. Dissertação (mestrado em Engenharia de Produção) Programa de Pós-graduação em Engenharia de
Produção, UFSC, Florianópolis.
DOLABELA, Fernando. Empreendedorismo: uma forma de ser. Brasília: AED, 2003a.
DOLABELA, Fernando. A Ponte Mágica: como Luísa, aos 11 anos, cria sua primeira empresa para realizar seu sonho. São Paulo: Mirian
Paglia Editora de Cultura, 2004.
DOLABELA, Fernando. Pedagogia Empreendedora. São Paulo: Editora de Cultura, 2003b.
DOLABELA, Fernando. Oficina do empreendedor. São Paulo: Cultura, 2000.
DOLABELA, Fernando. O segredo de Luísa. São Paulo: Cultura, 1999.
DRUCKER, P.F., Sociedade pós-capitalista, Ed: Pioneira, 4. ed., São Paulo, 1995.
FARAH, Oswaldo Elias. Gestão Estratégica de Negócios – Evolução, Cenários, Diagnóstico e Ação. São Paulo: Pioneira, 2001.
FILION, Louis Jacques. Empreendedores e Proprietários de pequenos negócios. Revista USP – Revista da Administração, São Paulo. 1999

O Direito de Aprender
FILION, L.J., Visão e Relações: elementos para um meta modelo de atividade empreendedora. International Small Business Journal,
1991.
FILION, L. J. Um roteiro para desenvolver o empreendedorismo. III Encontro Nacional de Empreendedorismo. IEL/FIEP, 2004.
LIBÂNEO, José Carlos. Didática. São Paulo: Cortez, 1994.
MELO NETO, Francisco de Paulo de; FROES, César. Empreendedorismo Social: a transição para a sociedade sustentável. Rio de Janeiro:
Qualitymark, 2002.
SANTOS, Laudinéia de Souza. Empreendedorismo no ensino Fundamental: Uma aplicação. Florianópolis: UFSC, 2000
DOLABELA, Fernando. Ensino de empreendedorismo na Educação Básica como instrumento do desenvolvimento local sustentável.
Disponível em: <http://aplicaciones.icesi.edu.co/ ciela/anteriores/Papers/edem/7.pdf> Acesso em 12 de fevereiro de 2008.

66

O Direito de Aprender

Você também pode gostar